Ponto de partida para muitos viajantes, destino final para outros, local de reencontros e também de desencontros, a Rodoviária do Recife, também conhecida como TIP (Terminal Interestadual de Passageiros) recebe mais de dez mil pessoas diariamente e registra cerca de 300 saídas e chegadas de ônibus para diversas rotas do Brasil. Apesar da efemeridade nas relações de alguns passageiros com o terminal, algumas pessoas fazem da rodoviária a sua morada, temporária ou permanente. Elas nem sempre estão à espera de um ônibus, mas de esperança por dias melhores e oportunidades.
Para entender os motivos da rodoviária servir de moradia para muitos, a reportagem do LeiaJa.com foi até o Terminal Interestadual de Passageiros da capital pernambucana e ouviu histórias da presença desses moradores do TIP. A estação fica localizada há 6 km do centro da capital, na BR-232, no bairro da Várzea.
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A rodoviária de Recife é integrada ao sistema de metrô local, pela Estação de Metrô Rodoviária. A ligação física é feita através de uma passarela com cerca de 300 metros. Em um trecho um pouco mais íngreme da estrutura de concreto, Daniel Nunes de Freitas, 51 anos, colocou seus poucos pertences e fez do espaço sua nova casa.
Do encarceramento às passarelas do TIP
A rodoviária não permite que as pessoas se deitem dentro da estação, mas Daniel garante que na passarela ele não é obrigado a se retirar pelos funcionários. Foto: Brenda Alcântara/LeiaJáImagens
Daniel, mais conhecido como 'Coroa' entre os funcionários do TIP, chegou ao local há 14 anos e se divide entre as ruas do Grande Recife e a passarela. Deitado em um colchão azul rasgado nas laterais e que já não tem tantas espumas para diminuir o impacto com o chão, o morador dorme ao lado de tudo que lhe restou: sua mochila, um cobertor e as mercadorias para garantia do seu sustento.
A rodoviária não permite que as pessoas se deitem dentro da estação, mas Daniel garante que na passarela ele não é obrigado a se retirar pelos funcionários. Apenas quando há chuva de vento, que molha o chão. Ele conta que procura por um local mais protegido por causa do frio. Coroa foi morar na rua desde a perda da mãe e do pai. Ele casou com uma moça moradora de Serra Talhada, município do Sertão de Pernambuco, e teve três filhos, mas ela o abandonou e levou as crianças.
“Sinto muita saudade dos meus três filhos, principalmente no Dia das Crianças. Já não tenho como entrar em contato com eles porque não sei onde moram e nem tenho telefone. Ela levou tudo e nem fotos me sobraram”, relembra. Daniel diz que também já prestou queixa no Departamento de Polícia da criança e do Adolescente (DPCA), mas há algum tempo perdeu as esperanças.
Apesar de ser um dos únicos que têm um colchão, Daniel conta que dormir não é uma tarefa fácil e só fecha os olhos quando o corpo já não aguenta. “Eu vivo aqui, mas enquanto estou dormindo estou morto, não vejo nada. Queria arrumar um cantinho entre quatro paredes longe do frio e protegido da chuva, tá ligado?”.
Em suas unhas, restou um fungo, adquirido quando ele trabalhava limpando as canaletas do esgoto de um cemitério. Foto: Brenda Alcântara/LeiaJáImagens
O chapéu é o companheiro inseparável de Daniel. Tem vergonha da falta de cabelos. Na mochila, ele carrega duas mudas de roupa que variam de acordo com o dia mais frio ou mais quente e seus documentos. Nas mãos, marcas de quem trabalhou intensamente durante um período da vida. Em suas unhas, restou um fungo, adquirido quando ele trabalhava limpando as canaletas do esgoto de um cemitério. O morador mostra uma pomada que recebeu do posto de saúde, mas o remédio não parece fazer efeito.
Apesar de não se dizer uma pessoa triste, o Coroa nunca teve vida fácil. “Nunca fui santo”, afirma. Preso pela primeira vez aos 15 anos, não se recorda bem o motivo, mas acha que foi por uma confusão de rua. “Eu tinha fugido de casa porque a minha mãe de criação não acreditava no que eu falava”, diz. Trabalhando na rua desde muito novo, Daniel vendia picolé na Praça do Derby. Certo dia, um casal prometeu levá-lo embora, mas nunca voltaram. “Eu ia trabalhar todo dia e ficava chorando, esperando por eles porque eu não queria viver com a minha família”.
Aos 21 anos, diz ter escolhido o caminho mais fácil pela falta de perspectiva e entrou no mundo das drogas. Foi preso quando estava transportando maconha com um amigo. “A polícia chegou, ele pulou no rio e eu fiquei sozinho. Não sabia nadar”, fala. Na prisão, Coroa relembra que sua pena não era tão alta, mas ficou lá por nove anos porque se envolveu ainda mais com as drogas. Na pele, tatuagens desfiguradas e feitas de forma improvisada durante o período encarcerado.
Por volta dos 30, ele saiu da prisão e as perspectivas de vida eram quase nenhuma. Abandonado pela família, ele encontrou na rua uma forma de sobreviver. “Tento conseguir alguma coisa pra mim, ando procurando emprego, mas ninguém me dá trabalho porque sou ex-presidiário. Eu me viro vendendo um saco de pipoca e água no ônibus. Já fui operado três vezes com hérnia e úlcera e estou na luta pelos meus direitos no INSS”, diz.
Morar na rua não é fácil. Durante a conversa, Daniel foi comprimentado várias vezes por funcionários do TIP, mas apesar de ser conhecido por muitas pessoas, ele diz se sentir invisível muitas vezes. “Às vezes me bate aquele desespero, fico pensando em fazer maldades comigo porque ando pra todo canto com documento e currículo mas nunca dá certo”.
Além dos pertences que restaram, Daniel também carrega o sonho de conseguir alugar uma casa para sair da rodoviária. “Meus irmãos de criação não me deixam voltar pra casa da minha mãe, mesmo eu tendo direitos. Me deixam entrar tomar banho, mas não posso dormir, Me sinto abandonado, sabe?”, lamenta. Ele diz que já passou por tanta coisa na vida que atualmente não tem mais medo de nada. “Por mim tanto faz, como tanto fez. Minha vida é essa. Quem tem fé em Deus tem tudo. Eu acredito nisso. Meu sonho mesmo é voltar ao que eu era, eu andava como quem pisa em isopor. Hoje eu carrego bem dizer uns 200 quilos em cada pé porque tudo que eu planejo dá errado”.
O dia em que o operador parou as máquinas
Pai de cinco filhos e avô, ele diz não presenciar o crescimento dos seus descendentes e não tem perspectiva de sair da rodoviária. Foto: Brenda Alcântara/LeiaJáImagens
Do outro lado da rodoviária, na entrada do piso térreo, embaixo do ponto de ônibus que serve de desembarque dos coletivos municipais que chegam ao TIP, o lavador de carros Giovane Francisco, de 42 anos, diz estar com fome porque já se aproxima da hora do almoço e ele ainda não conseguiu nenhum dinheiro para se alimentar. Morador da estação há quatro anos e seis meses, ele diz que rua nunca foi e não será lugar para ninguém morar.
Pai de cinco filhos e avô, ele diz não presenciar o crescimento dos seus descendentes e não tem perspectiva de sair da rodoviária. “Já fui tratada muito mal, feito ladrão e maloqueiro. Eu sofro, não durmo direito, não como direito e sou muito descriminado. Eu lutei para ter meu espaço aqui, mas não foi fácil. Há seis meses queimaram todos os meus pertences e fiqueiapenas com a roupa do couro. A gente que vive na rua, tem muitos inimigos e a nossa aparência é o nosso documento principal”, disse.
Giovane era morador do bairro do Curado II, em Jaboatão dos Guararapes. Da rodoviária, ele aponta para o morro onde vivia com a família. “Era bem alí, moça”, diz. Fez cursos e aprendeu a operar máquinas de indústria. Na época, trabalhava como operador em um fábrica de papel em Jaboatão Velho. “Eu tinha uma vida muito boa, era casado, tinha uma casa excelente e uma família presente”, recorda. Ele se lembra exatamente o dia em que tudo mudou e a sensação que sentiu.
“Eu estava operando a máquina três e fui avisado que tinha uma ligação de urgência pra mim na recepção. Retirei os equipamentos e quando atendi o telefone. Disseram que o meu filho estava internado no Hospital Otávio de Freitas. Ele tinha dois anos”, conta. Aos 21 anos, Giovane perdeu seu primogênito. “Ele morreu por causa de uma pessoa que não gostava de mim e quis se vingar”. O morador da rodoviária não deixa claro como aconteceu a morte da criança, mas as consequências foram um divisor de águas em sua vida.
“Eu abandonei o emprego, fui parar no manicômio e surtei. Eu tinha 21 anos e isso me chocou”. A rua foi o único lugar que ele conseguiu o amparo que precisava na época. Uma pausa na conversa. Giovane chora ao relembrar das feridas do passado. “Hoje em dia vivo na rua e sinto falta da minha mãe, dos meus outros filhos. Eu passo fome, dificuldade, mas tudo poderia ter sido diferente”, lamenta.
A rotina como morador da rodoviária é dura, apesar de ser melhor do que viver nas ruas. Giovane diz que há uma série de regras a serem seguidas para evitar problemas com os “homens de branco”, referindo-se aos funcionários da Socicam, empresa administradora do TIP. Eles também tiveram de se habituar a uma espécie de toque de recolher. Às quatro da manhã são obrigados a acordar e levantar do chão. Parar nos papelões que servem de apoio para não encostar no chão sujo, só é permitido a partir das 18h.
Atualmente, o sonho dele é conseguir um emprego dentro da rodoviária porque ele já mora lá e conhece muito bem o local. Foto: Brenda Alcântara/LeiaJáImagens
O ex-operador de máquinas diz que ganha alguns trocados lavando carros dentro da rodoviária de forma escondida. “Eles não me deixam lavar na frente do TIP porque dizem ficar muita lama e uma nojeira. Muitas vezes, os clientes não deixam eu levar carro para longe porque não confiam em mim. Aí, eu sem ter como ganhar nenhum dinheiro, é muito triste”, lamenta.
Roubar ou furtar são pensamentos que já passaram na cabeça dele por alguns momentos por causa do desespero, mas é momentâneo e passa no instante em que ele olha a situação do Brasil. “Na situação da gente, se formos roubar e cair na cadeia, vai ser pior ainda. Vamos mofar lá”, conta. Em uma breve aula sobre a vida na rua, Giovane elenca três tipos de moradores de rua: “existe o ladrão, o morador de rua sujo que não toma banho, e o mangueador, esses somos nós. A gente não pede por pedir. Contamos histórias, e mesmo se ninguém quiser nos ajudar, desejamos o bem”, explica.
O dinheiro arrecadado nos bicos serve para se alimentar diariamente. “Os comerciantes daqui preferem jogar os restos da comida no lixo, numa coleta daqui. Agora, se a gente pedir às pessoas que estão comendo, alguns dão um trocado ou pagam um lanche”, fala. Para tomar banho, ele diz que a ficha na rodoviária custa três reais e raramente faz uso do banheiro lá porque a água é pouca e dura apenas um minuto. “Eu procuro um rio, riacho ou alguma bica perto daqui e me limpo”, diz.
Atualmente, o sonho dele é conseguir um emprego dentro da rodoviária porque ele já mora lá e conhece muito bem o local . “Eu sei que muitos moradores de rua roubam e não são de confiança. Mas eu sou uma pessoa boa e trabalhadora. Pelo tempo que estou aqui já poderia estar empregado ou fazendo qualquer bico como vigia. Mas eles não me querem simplesmente porque eu moro na rua e não tenho um CEP”, atesta.
A 48 horas do reencontro com a felicidade
Ao contrário dos que buscam a rodoviária do Recife como residência fixa, Ivan, de 43 anos, diz que sua estadia no local é apenas passageira. Natural de São Paulo, mas com família em Pernambuco, o programador de web desembarcou na capital pernambucana há mais de mais de dez anos. Ele morava em SP e conheceu a prima. Casaram e vieram morar em Caruaru. Ele relembra que trabalhou por muitos anos no Ibope. “Evoluí na empresa, saí da parte de coleta e ganhei espaço na área de programação. Tenho cursos de Java, Excel, também conserto computador e celular.
Ivan diz que morou na casa do pai durante um tempo após a separação, também se apaixonou de novo, mas a depressão, o vício e a falta de autoestima o levaram ao mesmo caminho. Foto: Brenda Alcântara/LeiaJáImagens
Quando ainda morava em São Paulo, Ivan já travava uma luta contra o vício nas drogas. Ele viu na prima caruaruense uma chance de recomeçar a vida em outro estado e buscar um tratamento para ficar limpo. Morando em Caruaru, a vida parecia traçar um rumo correto. Ele teve dois filhos com a prima e conta que sabia do risco de engravidar uma familiar de primeiro grau, mas o amor falou mais alto e eles tentaram arriscar.
A probabilidade dos nenéns nascerem com alguma doença congênita existia e o destino foi cruel. Os dois filhos foram diagnosticados ainda jovens com cistinose nefropática. Doença rara genética que afeta principalmente os rins, mas que pode afetar negativamente todo o corpo. O primeiro filho faleceu em 2007 com oito anos. A filha morreu aos 15. Para Ivan, com uma vida relativamente estruturada, o choque foi muito grande e o vício nas drogas e no álcool voltou a tona.
Morando há cinco dias na rodoviária, mas há um tempo na rua, o programador tem o entendimento racional do que o levou para a rua. “Muita gente acaba na rua por diversos fatores. Por causa de desilusão amorosa, perda de filho ou um choque grande. A droga também é muito presente em nossas vidas. Às vezes a pessoa tem dinheiro, uma vida boa, estudo, mas em um determinado momento da vida, tomou uma pancada e não teve o poder de reação para aquela situação. E aí a gente acaba sendo acolhido pela rua”, explica.
Ivan diz que morou na casa do pai durante um tempo após a separação, também se apaixonou de novo, mas a depressão, o vício e a falta de autoestima o levaram ao mesmo caminho. “Passei um tempo em Olinda, Pau Amarelo e fiz bicos como pedreiro, até que não aparecia mais nada. Eu não tinha opção. Sem endereço e sem telefone ninguém vai querer me contratar para nada”, diz.
Ivan mal havia chegado a rodoviária e enquanto dormia em um papelão emprestado foi furtado. Levaram todos os seus documentos. A ele restou apenas as roupas que veste e um exemplar do dia anterior de um jornal. “Gosto de ler os editoriais, meu pai é jornalista e sou interessado pela política do Brasil”. Durante a conversa, o Giovane, um de seus “vizinhos” da rodoviária, chega com um pote cheio de restos de comida que conseguiu com um dos restaurantes da rodoviária. “Vou dividir com meus amigos”.
Ivan não sabe quanto tempo vai ficar morando nas instalações do TIP, mas faz de sua passagem um aprendizado diário. Foto: Brenda Alcântara/LeiaJáImagens
Ivan agora tenta conseguir algum dinheiro para retornar à São Paulo e colocar sua vida no eixo em sua terra natal. A sua felicidade está a 48 horas e depende do embarque no ônibus Itapemirim, que segue rumo à capital paulista. “Estou esperando o retorno de um assistente social. Ele ficou de vir aqui e me falar sobre um auxílio que estou esperando. Enquanto isso, a gente se ajuda aqui. É tipo uma família passageira. Quando a gente junta dois papelões e quatro maloqueiros juntos nos familiarizamos”, conta.
Para ele, uma das maiores dificuldades é dormir no chão. “No papelão até conseguimos cochilar, mas é muito duro. Tenho saudades de uma cama. É uma soma de diversos fatores e você acaba dando uma pirada. É um quadro de depressão grande", diz.
"Querem te levar pra um abrigo e lá não tem bebida nem drogas. E muitas vezes o álcool distrai a sua realidade porque se não você fica maturando aqueles problemas e a droga ameniza o sofrimento”, explica. Ivan não sabe quanto tempo vai ficar morando nas instalações do TIP, mas faz de sua passagem um aprendizado diário.
O destino final sem volta
O colecionador de fotos já viajou o país inteiro e conheceu parte da América do Sul. Foto: Brenda Alcântara/LeiaJáImagens
Peço licença para sentar em seu papelão e ele logo cede todo o espaço para a minha acomodação. Nem o sono de uma noite mal dormida faz com que o aposentado Antônio Lisboa Cavalcanti, 76 anos, fique entusiasmado em contar sua história.
O pernambucano nato diz que o destino não colaborou e o tratou de mandar para as ruas de São Paulo há trinta anos. Apesar da situação de rua, Antônio cheira a alfazema, perfume muito utilizado por avós e avôs. As poucas roupas que carrega estão bem conservadas e nos pés, uma sandália de dedos feita com couro.
Atualmente, o idoso vive em um albergue na capital paulista, que são espécies de casa de acolhimento para moradores em situação de rua. Ele foi viver na rua após a sua esposa o trair com o seu melhor amigo.
“Não aguentei, eu era jovem e fiquei desiludido. Fui parar no mundo”, lembra. Antônio tinha uma vida boa. Se orgulha em dizer que sua profissão de metalúrgico é a mesma do Lula, ex-presidente do Brasil.
Ele chegou na rodoviária há vinte dias por não ter onde ficar no Recife. Antônio conta que viajou de São Paulo até a capital pernambucana para visitar os filhos e os netos. A missão foi cumprida e os filhos “doutores”, como ele mesmo define, não o acolheram bem. “Um é oficial de justiça e o outro é advogado e vive viajando pelo mundo”, diz.
Antônio, então, decidiu retornar à São Paulo, mas não tinha mais dinheiro para comprar a passagem. “Eu não peço nada a ninguém, nunca fui de pedir. Eu conto a minha história e as pessoas me ajudam porque se emocionam”, diz.
Foto: Brenda Alcântara/LeiaJáImagens
Para o aposentado, sua vida é um livro aberto de sofrimento. “No momento em que minha mãe morreu, eu nunca mais tive paz”, diz. Mulherengo, apaixonado por fotografia, e amante de viagens podem resumir 'Toninho', como gosta ser chamado. Ele também é batuqueiro de escola de samba, diz orgulhoso. “Eu sou apaixonado por forró, mas o samba também faz parte da minha vida”, conta.
Morando na rodoviária, o idoso conta que sofre com constantes dores nas costas por causa do chão duro e não vê a hora de voltar para São Paulo. O colecionador de fotos já viajou o país inteiro e conheceu parte da América do Sul.
“Agora estou esperando receber a minha aposentadoria para retornar ao meu lar comunitário em São Paulo e não quero voltar mais. Lá eu tenho amigos”, fala. Sem tomar café da manhã ou almoçar, o aposentado diz que passa por uma das maiores vergonhas da vida dele, mas que vai superar e faz da fé em Deus seu guia de voltar ao seu destino final.