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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) protocolou, na última segunda-feira (3), no Supremo Tribunal Federal (STF), uma ação contestando a regra trabalhista que dá estabilidade a pessoas que vivem com o vírus HIV. A CNI é contrária a uma súmula editada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) em 2012, que impede a demissão de funcionários soropositivos. 

"Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração do emprego", diz a súmula 443.

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Para a confederação, o documento cria instabilidade jurídica porque "o empregado se vê obrigado a provar que demitiu por razão que não a doença, o que, na prática, acaba por transformar toda e qualquer demissão em discriminatória".

De acordo com o superintendente jurídico da CNI, Cassio Borges, a regra seria um excesso. "É um excesso, uma inversão descabida do ônus da prova que torna abusiva toda e qualquer demissão, praticamente afastando o direito do empregador de demitir sem justa causa", ele disse ao jornal BBC. 

A CNI pede que a norma seja declarada inconstitucional. A relatora é a ministra Cármen Lúcia. 

Fala do presidente

Na quarta-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro defendeu a campanha de abstinência sexual proposta pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Durante a fala, Bolsonaro disse que o portador do HIV é "uma despesa para todos no Brasil". "Uma pessoa com HIV, além do problema sério para ela, é uma despesa para todos aqui no Brasil. Agora, essa liberdade que pregaram ao longo de PT, tudo, de que vale tudo, se glamouriza certos comportamentos que um chefe de família não concorda, chega a esse ponto. Uma depravação total. Não se respeita nem sala de aula mais", falou.

O presidente também citou o caso de uma mulher que teve o primeiro filho aos 12 anos e contraiu o vírus HIV posteriormente. A fala gerou críticas e notas de repúdio de associações que combatem o preconceito contra quem convive com o vírus.

Um concurso realizado pela Base Aérea de Porto Velho, em Rondônia, prevê a exclusão de candidatos soropositivos. O certame teve edital lançado em março deste ano com o objetivo de recrutar tenentes temporários para a área. De acordo com o documento, serão excluídos da seleção os profissionais que forem portadores de HIV.

Segundo o item 16.2.2 do edital que oficializa o concurso, "os inspecionados com exames Anti-HIV positivos serão julgados 'incapaz para o fim que se destina na inspeção de saúde". Isso significa que os candidatos soropositivos terão eliminação automática mesmo se forem aprovados em outras etapas do concurso.

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Ministério recomenda não realização do exame Anti-HIV

Na última segunda-feira (9), o Ministério Público Federal (MPF) realizou uma recomendação formal à Base Aérea de Porto Velho alertando sobre a ilegalidade da solicitação de teste de HIV em candidados do certame bem como da eliminação automática de soropositivos. 

Uma das argumentações aplicadas na recomendação é o fato de que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) combate a discriminação de pessoas em razão de seu estado sorológico relativo ao HIV. Os testes devem ser voluntários e livres de qualquer coerção, não podendo ser exigidos.

Outro ponto citado pelo procurador da República responsável pela recomendação, Raphael Bevilaqua, é uma nota técnica emitida pelo Ministério da Saúde, em que afirma não haver justificativas científicas apontando necessidade de testes de HIV para aferir aptidão ao trabalho. O órgão salienta que o risco de contaminação é apenas quando há infecção por contato com fluídos corporais do soropositivo (sangue, esperma ou secreção vaginal).

O MPF ainda cita uma portaria interministerial que proibiu a exigência de teste de HIV em todo o serviço público federal. "O entendimento é que as pessoas soropositivas no caso do HIV e de outras doenças infectocontagiosas podem não manifestar a doença e estão aptas a trabalhar”, expõe o procurador, segundo informações da assessoria de imprensa. A Base Aérea tem um prazo de 15 dias para pronunciamento, informando se irá acatar ou não a recomendação do MPF.

À Veja, o Comando da Aeronáutica informou que foi notificado pelo Ministério Público Federal em Rondônia no dia 3 de julho e a recomendação está em análise.

A Justiça do Rio de Janeiro condenou o empresário Renato Peixoto Leal Filho a sete anos de prisão por contaminar mulheres com o vírus HIV de propósito. Soropositivo, o morador da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, foi acusado de manter relações sexuais sem preservativo com duas pessoas com o objetivo de transmitir o vírus. As informações são do Jornal Extra.

Na sentença da juíza Lúcia Regina Esteves de Magalhães, da 19ª Vara Criminal, é colocado que "não restam dúvidas quanto ao dolo do acusado em manter relações sexuais com as vítimas, a fim de lhes transmitir enfermidade incurável sendo certo que o elemento subjetivo pode ser constatado através do modus operandi utilizado, o qual consistia em conhecer as vítimas através de sites de relacionamentos, seduzir as mesmas por meio de falsa promessa de um relacionamento estável e as atrair ao seu apartamento, onde as surpreendia, abordando-as rispidamente, com elas mantendo relações sexuais de forma extremamente violenta, que incluía a prática de sexo anal, prática que facilita em muito o contágio do vírus, não as informando ser soropositivo”.

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Durante a investigação do caso, a Polícia Civil coletou vídeos de Renato praticando sexo com as vítimas sem preservativo e depoimentos de testemunhas que relataram ter mantido relações sexuais com o acusado sem serem informadas de que ele era soropositivo. Renato está preso desde julho de 2017, através de um mandado de prisão preventiva.

O caso começou a ser investigado no fim de agosto de 2015, quando a primeira vítima fez a denúncia. Uma jovem de 23 anos que morou com o empresário chegou a procurar outras mulheres que teriam se envolvido com ele para alertá-las. Foram reunidos áudios com ameaças feitas pelo homem e os vídeos em que ele aparece transando sem preservativo. 

Em uma entrevista para o Jornal Extra, Peixoto admitiu ser soropositivo e ter transmitido a doença para as duas ex-companheiras. Ele, entretanto, negava a insistência para manter relações sexuais sem preservativo e sem avisar sobre sua condição.

A travesti austríaca Conchita Wurst, vencedora do concurso Eurovisión em 2014 vestida de mulher e com barba, revelou neste domingo (15) à noite ser portadora do vírus HIV. "Chegou o dia de me libertar para o resto da minha vida de una espada de Dâmocles: sou positivo ao HIV", explicou a diva barbuda de 29 anos em sua página no Instagram.

"Isso não tem interesse para a opinião pública, mas um ex-amigo ameaça revelar publicamente essa informação pessoal (...) Não dou a ninguém o direito de influenciar minha vida assim", acrescentou.

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Conchita Wurst, que depois de ganhar o concurso se transformou em um ícone da causa homossexual no mundo, disse ainda "esperar dar coragem e fazer um novo gesto contra a estigmatização das pessoas" portadoras do HIV.

Conchita, cujo nome de batismo é Tom Neuwirth, afirmou que sua família sabe "desde o primeiro dia" sobre sua soropositividade. "Estou bem de saúde e estou mais forte, mais motivado e mais livre do que nunca", assegurou, acrescentando que contraiu o vírus "há vários anos".

Renato Peixoto Leal Filho, 43, teve o pedido de prisão domiciliar negado pela Justiça do Rio de Janeiro. De acordo com as vítimas, ele marcava encontros pelas redes sociais e depois disso insistia para manter relacionamento sexual sem proteção. Algumas das mulheres que se apresentaram no 16º Distrito Policial (Barra da Tijuca) para depor apresentaram áudios com ameaças feitas por Renato. Ele responde pelos crimes de lesão corporal gravíssima e tentativa de lesão corporal.

A denúncia foi feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e, na ocasião, a prisão preventiva foi negada pela Justiça. Os promotores recorreram da decisão e conseguiram reverter a determinação com base no argumento de que ele poderia repetir o ato. Os desembargadores alegaram haver “conduta reiterada de, através de redes sociais, conhecer as vítimas para posterior relação sexual, sem proteção com o risco de contaminá-las”.

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O caso aconteceu em 2015 e ele chegou a postar um vídeo nas redes sociais negando o ocorrido “Eu nunca fiz isso (transar sem comunicar ser portador do HIV). E ninguém veio pra mim, falar comigo, que foi contaminada”, afirmou o acusado.

O preconceito que fala alto e faz calar. Mesmo depois de tantas lutas e campanhas de conscientização, a discriminação continua a rodear os portadores do vírus HIV, em pleno ano de 2014. Se personalidades como Freddie Mercury, Renato Russo e Michel Foucault – vítimas da Aids – assumiram a infecção e ampliaram o debate sobre o tema, anônimos se fecham em suas próprias realidades e convivem lado a lado com a doença e o silêncio. 

Há oito anos, a aposentada que pediu para ser identificada apenas pelas iniciais - J.D. - descobriu-se soropositiva. Sem ter certeza de como contraiu a doença, J.D. suspeita fazer parte do grupo de mulheres que é infectado pelo próprio parceiro. Mesmo após a morte do marido, decorrente de um transplante de fígado, a mulher de 47 anos continuou com a incerteza, mas nunca comentou em casa sobre a enfermidade. 

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“Uma vez contei para uma amiga que pensei ser confiável. Em outro dia, a encontrei num restaurante e percebi os olhares diferentes, dela e  das pessoas que a acompanhavam”, relatou, enquanto aguardava a medicação entregue na Policlínica Lessa de Andrade, no bairro da Madalena. Ao pegar o remédio, J.D. retirou os comprimidos da embalagem e os depositou em outro recipiente, sem nenhuma inscrição, totalmente branco, para evitar o conhecimento dos familiares. 

Segundo a mulher, a vida de um portador de HIV é normal como a de qualquer outra pessoa. “Precisa, claro, respeitar os horários dos remédicos, não pode passar de jeito nenhum. Mas as pessoas desconhecem demais a doença e falam muito”. Enquanto conversava com a equipe do Portal LeiaJá, um parente de J.D. chegou ao local e a entrevista precisou ser interrompida. “Eu disse que vim ao nutricionista. Me desculpem, preciso ir”, falou em voz baixa a senhora, em despedida.

Política do sigilo - O paciente Cícero dos Santos se mostrou mais aberto e até aceitou ser fotografado enquanto pegava os comprimidos, sem o rosto à mostra. Para ele, que descobriu ter o vírus HIV há 10 anos, quebrar o silêncio poderia prejudicar suas relações profissionais. “Trabalho em comércio. Se as pessoas descobrem, se afastam, perco clientes. Só dois amigos sabem, não contei pra ninguém da família. Não sei se vale a pena. Alguns amigos soropositivos dizem que foi melhor, já outros perderam contato para sempre”, revela. 

Mensalmente, ele vai ao Lessa de Andrade para garantir os remédios. São três de uma só vez, à noite, antes de dormir. “Me sinto normal. Nunca tive efeito colateral ou algo do tipo”. Perguntado sobre relacionamentos afetivos, Cícero se esquivou e disse que não “tem mais tempo para isso”. Outro rapaz, que exigiu anonimato, foi incisivo: “se as namoradas descobrem, saem correndo”. 

Números – De acordo com o último balanço da Divisão de Atenção às DST/Aids da Prefeitura do Recife, de 1984 a maio de 2013, 7.704 casos da doença foram notificados. 

Segundo o chefe da Divisão, Ewerton Marinho Pedrosa, a epidemia no Brasil é concentrada em grupos específicos, sendo os mais vulneráveis mulheres e homens que fazem sexo com homens (HSH). “As doenças sexualmente transmissíveis estão muito ligadas à população das periferias, de baixa escolaridade, onde o nível de desemprego é alto. Estes determinantes sociais influenciam, por isso promovemos intervenções de conscientização principalmente nestas áreas”, explicou Pedrosa, ao citar que a população negra ainda é a mais atingida.

Estudantes da Escola Estadual Delmiro Gouveia saíram, na manhã deste quarta (4), em caminhada pelo combate a Aids. Os alunos seguiram da escola, que fica na Avenida Conselheiro Aguiar, no Pina, até a comunidade do Bode, localizada no mesmo bairro, na Zona Sul do Recife. 

Este é o terceiro ano que a escola promove o evento em parceria com o Programa Mais Educação do Ministério da Educação (MEC). A gestora da instituição, Deusenir Tavares, 45, diz que mais da metade dos 400 alunos que estudam na Delmiro Gouveia compareceram à caminhada. 

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A estudante Mariana Souza, 13, conta que apoia a ação. "É importante para os alunos aprenderem sobre contaminação e como a gente pode se prevenir", explica. Durante toda a semana, alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental realizaram atividades de pesquisa sobre como contrair e prevenir o vírus, além de questões sociais como o preconceito. 

A caminhada foi bem recebida pela comunidade. Segundo uma moradora que não se identificou, o Bode possui grande número de soropositivos. A gestora da escola conta, no entanto, que não há casos conhecidos de alunos da instituição contaminados com o vírus HIV. 

A aparente "cura" de um bebê soropositivo tratado menos de 30 horas depois de seu nascimento provocou esperança, mas ainda falta confirmação, alertam os especialistas que apontam que o acesso à prevenção e ao tratamento ainda é ilusório em muitos países.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) comemorou esta novidade que, sujeita a confirmação, "permite esperar que uma cura da Aids é possível para as crianças", enquanto a cada ano 330.000 crianças nascem contaminadas, principalmente na África sub-saariana.

Mas para a OMS, ainda são necessárias pesquisas complementares.

Ainda estamos longe de poder afirmar que tratar mais cedo e de forma mais agressiva os bebês com alto risco de nascerem infectados permitirá evitar um tratamento para a vida inteira, ressaltaram especialistas entrevistados pela AFP.

"É preciso prudência", destaca o professor Stéphane Blanche, pediatra especialista em Aids, que considera "o termo cura não pertinente".

A criança, nascida nos Estados Unidos, foi infectada pelo vírus HIV no ventre materno. O bebê foi tratado com antirretrovirais até seus 18 meses de idade, quando o tratamento foi suspenso. Dez meses depois, os exames não detectaram qualquer presença do HIV no sangue.

A pesquisa é original porque a criança foi tratada muito cedo, desde os primeiros dias de vida, enquanto geralmente os portadores são tratados após algumas semanas (de 15 dias a um mês), revela Blanche.

Esta cura é chamada de "funcional" porque o vírus não é totalmente erradicado do organismo. Neste estado ela se apresenta mais como uma "remissão", que deve ser acompanhada por mais tempo para verificar se o vírus se reativa, observa por sua vez John Frater da universidade de Oxford.

"Esta mãe descapou da detecção e da prevenção. É preciso evitar esta situação", indicou Blanche.

Na França, nos último anos, com o tratamento preventivo da transmissão do vírus da mãe para a criança (um coquetel como o administrado ao bebê americano), apenas 0,5% dos recém-nascidos são contaminados.

Mas em alguns países pobres, apenas 60% das mulheres infectadas pelo HIV se beneficiam de uma terapia com antirretrovirais.

Para a cientista Deborah Persaud, do Centro de Crianças do Hospital Universitário Johns Hopkins de Baltimore (Maryland), principal autora do estudo, o tratamento precoce e intensivo do bebê teria impedido que o vírus se instalasse em estado adormecido nos "reservatórios", de onde poderia ressurgir.

Ela deseja conduzir teste clínicos em um número suficiente de crianças para verificar se este tratamento radical em bebês nas primeiras horas de vida permitirá confirmar o resultado apresentado.

"Será que isso é válido para outras crianças? É preciso esperar para poder dizer", ressalta Blanche.

"Nós não estamos certos de que este resultado é generalizável e reprodutível", ressalta o Dr. Harry Moultrie (University the Witwatersrand, África do Sul). Para este especialista sul-africano um caso único não constituiu uma estratégia aplicável a todos.

Nos países pobres e endêmicos de HIV, pensar que faremos testes e trataremos bebês em seus primeiros dias de vida é "ilusório", acredita Blanche. Quanto a ideia de tratar sistematicamente todo recém-nascido de mãe soropositivo privada de tratamento preventivo durante a gravidez, significaria tratar 80% das crianças, afirma ironicamente.

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