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A 3ª turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) reconheceu, nesta quarta-feira (15), o vínculo de trabalho entre o aplicativo de transporte particular Uber e seus motoristas cadastrados. Essa compreensão abre o debate para que os condutores recebam direitos trabalhistas como 13º salário, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), entre outros benefícios.

A decisão foi tomada por votação de dois a um, na qual os ministros Maurício Godinho Delgado, relator do processo, e Alberto Luiz Bresciani foram a favor do reconhecimento. Outros processos já haviam sido verificados por outras turmas do TST, mas sempre foram favoráveis à Uber não reconhecer o vínculo de subordinação. O atual julgamento foi aberto em dezembro de 2020, e o ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte pediu a suspensão novamente para analisar o processo com mais tempo.

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Ações como essa já foram feitas em outros países, como no Reino Unido e nos Estados Unidos, no estado da Califórnia. O LeiaJá entrou em contato com a Uber com pedido de posicionamento, mas a empresa não respondeu até o fechamento desta matéria.

O que querem os motoristas

O Instituto Datafolha publicou também nesta quarta-feira (15) uma pesquisa que aponta que 62% dos motoristas preferem não ter vínculo empregatício com o aplicativo. Entre as justificativas mais escolhidas, estão a flexibilidade de horário, a autonomia no trabalho e a possibilidade de gerar renda independente.

O levantamento ainda aponta que uma parcela significativa prefere não ter registro formal para poder trabalhar meio período, podendo se dedicar à família e a outras questões pessoais, e também para poder procurar um emprego formal em outra área de atuação.

Neste sábado, 18 de agosto, é celebrado o Dia do Estagiário como forma de conscientizar instituições de ensino, empresas e estudantes sobre as diferenças que o estágio tem em relação a empregos formais, quais os direitos dos estagiários, os deveres das empresas e as possíveis punições que são previstas em caso de irregularidades.

Para isso, o LeiaJá procurou uma agência intermediadora de estágios e o Ministério Público do Trabalho de Pernambuco (Procuradoria Regional do Trabalho da 6ª Região), além de ouvir pessoas que foram vítimas de fraudes trabalhistas no estágio.

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Regras

De acordo com a coordenadora da Agência Brasileira de Estágio e Emprego (Abre), Carla do Carmo, o estagiário não é um profissional de baixo custo e sim um aprendiz, sendo necessário, portanto, atentar para certas peculiaridades que têm o objetivo de salvaguardar o caráter pedagógico do estágio. “A carga horária máxima é de 30 horas semanais, seis por dia, não gera vínculo empregatício e tem que ser supervisionado por causa da condição de aprendizado do estágio”, explica. 

No que diz respeito às atividades que são permitidas, ela explica que é preciso atentar para tudo que está determinado no contrato, respeitando o que está lá. É importante lembrar que por ser proibido ultrapassar o limite de jornada de trabalho, estagiários não recebem hora extra.

Carla também esclarece que os estagiários têm direito a férias remuneradas de 15 ou 30 dias a cada seis meses ou um ano, respectivamente, sendo de dois anos o período máximo de permanência do estudante na mesma empresa. Ao final desse período (ou mesmo antes) é permitida a efetivação do estagiário como funcionário contratado com carteira assinada, mesmo que o estudante ainda não tenha se formado.

Irregularidades

A Lei 11.788 de 25 de setembro de 2008 determina todos os deveres legais de universidades, empresas e estagiários, mas não é raro ver estagiários se queixarem de diversas formas de exploração de sua mão de obra ao ponto de não apenas o estágio perder o caráter pedagógico como também prejudicar o rendimento do estudante na universidade. 

Os relatos de irregularidades que prejudicam os estudos e o futuro profissional de estudantes que fazem estágio também são tão comuns quanto as “brincadeiras” feitas com a condição de estagiário. E isso, infelizmente, não é uma novidade. 

Há 30 anos, Solange Araújo, que hoje é uma dona de casa com 48 anos de idade, sofreu com todo tipo de problema durante o seu estágio como técnica em contabilidade no Banco da Amazônia, em Brasília. 

O ano era 1988 quando ela foi sexualmente assediada pelo próprio chefe na saída do trabalho e repetiu de ano, perdendo o estágio em decorrência da reprovação, devido ao excesso de atividades e jornadas de trabalho exaustivas em seu estágio. 

“O pessoal mais antigo deixava todas as ordens de pagamento em cima de mim para ficar mais folgado para eles e eu tinha que fazer todas as coisas em um período só. Era difícil, era corrido e tinha dias em que eu saía depois do horário estabelecido. Acabei não passando de ano e perdi o estágio e, depois disso, eu mudei de colégio. Passei a estudar a noite em uma instituição particular e formei entre os primeiros de classe”, contou ela. 

O estudante de engenharia civil Leonardo Barbosa tem 23 anos, mora no Recife e relata problemas semelhantes. Além de ser pressionado a trabalhar mais horas do que o que o contrato previa e perder aulas, ele também recebia ligações do patrão a noite, em finais de semana e durante o horário em que estava na universidade. 

“Meu antigo chefe às vezes não podia ir à tarde, ligava e dizia que ia deixar a obra na minha mão pela tarde. O aprendizado era bom, mas eu perdia aula e depois de um tempo começou a ficar chato. A única coisa boa é que me pagava direito, no dia certo”, explicou ele. 

Devido aos problemas na condução do trabalho, o estudante de engenharia foi prejudicado nos estudos, chegando perto de ser reprovado na graduação porque o estágio estava pesado. 

“Eu tenho que trabalhar em dobro sem receber dobrado. Já contestei porque certas coisas aconteciam de um jeito se meu contrato previa algo diferente, mas não deu em nada. Vou conversar sobre esses problemas e se não resolver eu vou sair, avisando que buscarei meus direitos na justiça porque tenho como provar os atrasos e o dinheiro que a empresa me deve”, afirma o estagiário.

Subnotificação

O procurador José Adilson explica que o Ministério Público do Trabalho (MPT) atua no combate às fraudes de estágios intermediando a retirada do estudante da empresa ou pleiteando, junto à justiça, o reconhecimento do vínculo empregatício. No entanto ele aponta que o maior problema é a falta de denúncias dos casos de fraude, que geram uma forma de impunidade baseada na subnotificação. 

“Quase não se denuncia porque as [instituições] privadas não estão nem aí uma vez que a bolsa do estudante o faz pagar a mensalidade, aí a universidade se omite e o aluno que precisa [da bolsa] e tem medo de perder [o estágio] caso denuncie, também não fala. Ou simplesmente não sabe que está sendo explorado”, pontuou ele.

A formação de grupos de trabalho para fiscalização ativa e punição de universidades e empresas envolvidas em fraudes a estágios em Pernambuco, de acordo com o procurador, está sendo feita e já gerou resultados através da assinatura de Termos de Ajuste de Conduta (TAC) e da abertura de processos abertos na justiça. O próximo passo, segundo o procurador, será convocar representantes de universidades e das principais empresas de ramos áreas de atuação onde o MPT está percebendo cenários mais graves para buscar soluções.

Fiscalização e punição por fraude

José Adilson Pereira da Costa é procurador do Ministério Público do Trabalho em Caruaru - PE há 11 anos e, atualmente, também atua no Recife coordenando um grupo de trabalho que realiza fiscalizações e investigações a possíveis fraudes trabalhistas por descumprimento de contratos.

Ele explica que os estágios devem entendidos como um modo de as empresas ajudarem estudantes e instituições de ensino na formação prática e mercadológica desses estudantes e futuros profissionais graduados. Nesse sentido, temos dois tipos de estágios, o facultativo, pelo qual o estudante deve receber bolsa-auxílio e vale-transporte e que não é requisito para se formar, e o obrigatório, previsto na grade curricular da graduação e pelo qual a empresa não paga. 

Em ambos os casos, segundo José Adilson, a empresa está ganhando ao ajudar a universidade, que precisa fornecer experiências práticas, e o estudante, que aprende, se torna um profissional mais capacitado e, a depender do caso, é remunerado. Assim sendo, todas as partes são igualmente beneficiadas pelo estágio, mas é a universidade a maior responsável por zelar pelo caráter pedagógico do contrato de estágio, que é um ato educativo.

Cabe à instituição de ensino reconhecer a carga horária curricular cumprida nos estágios não-obrigatórios e supervisionar o estágio. Segundo o procurador, é necessário designar um professor orientador que deverá acompanhar as atividades dos estudantes e o contrato de estágio também deve ser assinado por um representante da instituição de ensino. 

A universidade também precisa verificar se as instalações da empresa, os horários e atividades condizem com a idade e o curso do estudante e exigir um relatório de atividades do estagiário na empresa a cada seis meses, pontuou José Adilson. Em caso de constatar alguma irregularidade, é dever da universidade informar ao órgão de fiscalização, no caso o Ministério de Trabalho e Emprego ou o Ministério Público do Trabalho, para que as devidas providências sejam adotadas. 

O procurador explica que a lei desonera o contrato de estágio para estimular as empresas a oferecer vagas. Ele explica que a entidade concedente do estágio, no caso a empresa, abre a porta para o estudante aprender e ganha mão de obra, mas como esta é limitada em termos de atividades e horários, a lei permite que o estágio seja feito sem criar vínculo empregatício, devido às peculiaridades que são destinadas a resguardar o caráter pedagógico do estágio. 

Apesar disso, caso a empresa desrespeite o contrato, o estágio passa a ser considerado como emprego, com vínculo empregatício, uma vez que a empresa está fazendo o estudante trabalhar como um profissional efetivo e pagando pouco, fazendo um instrumento pedagógico de forma de exploração de mão de obra barata, o que configura fraude com previsão de multa e proibição de contratar estagiários durante dois anos em caso de reincidência. 

José Adilson explicou o motivo de existir um entendimento legal de que um contrato mal executado significa a criação de vínculo: no estágio, há a subordinação do estagiário a seus chefes e supervisores, a escolha do estudante se faz através de uma seleção baseada em seu perfil, as atividades são prestadas de forma contínua e não eventual, além de gerar um custo para o empregador, tudo igual a um emprego.

Se não são observadas as particularidades que caracterizam o estágio, não há motivo para não reconhecer o estudante como profissional, uma vez que ele estaria trabalhando como um funcionário efetivo sem receber como tal.

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A falta de médicos nas cidades do interior é um problema antigo que atinge milhares de pessoas em todo o Brasil. O problema dificulta o atendimento em municípios pequenos e contribui para a lotação de hospitais regionais e das capitais, devido à necessidade de transferência de pacientes que não têm como se tratar no lugar onde residem. 

No Brasil, o cenário é de concentração de médicos nas capitais e regiões metropolitanas. De acordo com um estudo divulgado em 2015 pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo, há 399 mil médicos em todo o país e 55% deles estão nas capitais, onde vive 24% da população. 

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Trazendo a situação para o cenário pernambucano, a situação não é muito diferente. Um levantamento realizado pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), a pedido do LeiaJá, aponta que existem, atualmente, 14.488 médicos no estado. Deste,  apenas 2.479, cerca de 17,11% do total, residem em cidades do interior. Enquanto isso, a Região Metropolitana do Recife (RMR) concentra aproximadamente 82,88% de todos os profissionais de medicina, totalizando 12.009 médicos.

Nos últimos anos, o poder público tem tentado reverter esse quadro através da abertura de mais universidades de medicina em cidades do interior, da realização de seleções e concursos com bons salários e do programa Mais Médicos, que levava médicos brasileiros e estrangeiros para locais onde havia déficit no número de profissionais. No entanto, como mostram os números, ainda não é o suficiente. 

O LeiaJá entrevistou médicos, gestores públicos de saúde e o presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Tadeu Calheiros, para entender quais são as razões para a escassez de médicos no interior do estado e como essa situação poderia ser revertida. 

Fortalecimento dos planos de carreira

O presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Tadeu Calheiros, discorda da ideia muitas vezes difundida na sociedade de que os médicos que não vão para o interior preferem as capitais por razões financeiras. De acordo com ele, uma das razões para que muitos médicos prefiram trabalhar nas capitais é a precariedade dos vínculos empregatícios dos médicos com as prefeituras nas cidades do interior. “A maioria dos municípios não investe em concursos, contrata médicos sem carteira assinada, sem nenhum vínculo contratual, por acordos de boca, o que favorece muitos calotes”.

Segundo ele, essa situação se torna mais recorrente quando se aproximam as eleições municipais. “Muitas vezes quando os prefeitos não se reelegem ou não conseguem eleger um candidato que eles apoiam, os médicos não são pagos”, afirma. 

O presidente do sindicato também destaca a existência de pressão política interferindo no atendimento. “Os políticos muitas vezes ficam querendo favorecimento, passar outros pacientes na frente, e aí sem um vínculo trabalhista formal, o médico pode ser perseguido ser desfavorecido”, explica Calheiros.

A estrutura dos hospitais, clínicas e ambulatórios também é um problema na opinião do presidente do Simepe, que coloca a falta de equipamentos e déficit de profissionais dificultam o trabalho. “ É comum que um só médico trabalhe no único hospital da cidade fazendo todas as funções. Isso aumenta riscos para pacientes e para o médico por termos um clínico fazendo um parto, um psiquiatra atendendo pediatria. Às vezes não tem laboratório para fazer um simples hemograma, não dá pra fazer raio-x. As pessoas cansam desse risco de viver sempre lutando para conseguir ajudar seus pacientes”. 

A falta de hospitais-escolas nas cidades do interior, na visão dele, também é um fator que cria dificuldades de atração de médicos, uma vez que a maioria dos profissionais faz residência nas capitais. “Os médicos se fixam muito no local onde estudaram então isso também pesa para a concentração nas capitais. Centros formadores, a residência na capital ajuda. Você tem que ter um hospital capacitado, um hospital escola para receber médicos residentes, então isso interfere, os hospitais no interior têm que ser melhorados para isso”, complementa. 

Como presidente do sindicato de médicos, Tadeu Calheiros vê a falta de médicos nas cidades do interior como um problema grave que poderia ser sanado através de vínculos de trabalho regulares, de concursos públicos que deem segurança e um plano de carreira no qual os médicos jovens comecem trabalhando em cidades que enfrentam dificuldades de atração de profissionais e possam migrar para perto de grandes cidades, caso queiram, com o passar do tempo e da progressão da carreira. 

Calheiros também coloca a ampliação do número de nomeações em concursos, da acessibilidade de médicos ao concurso público por meio de contratações e do reajuste de salários que acabe com a discrepância da remuneração entre diferentes regiões do país. Conforme ele mesmo explica, o sindicato “Sugere que tenha uma carreira federal para médicos” como solução para a concentração de profissionais nas capitais e grandes centros urbanos.

“Aliviar a dor e salvar vidas é o maior prazer que a gente tem”

João Genú é ginecologista, atualmente está aposentado do serviço público devido a problemas em seu ombro que o impedem de fazer ultrassonografias, mas ainda trabalha em ambulatório. Com 38 anos de carreira, dos quais apenas dois passou trabalhando no Recife, doutor João, como é conhecido, dedicou a maior parte da sua vida profissional a exercer a medicina no município de Pesqueira, localizado no agreste pernambucano, que tem 62.931 habitantes de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos quais apenas 29 são médicos, de acordo com o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe).

Quando perguntado sobre as condições de trabalho na cidade, Genú afirma que a estrutura hospitalar e o baixo número de médicos são dificuldades que exigem uma grande qualificação do profissional de medicina para exercer diversas funções e pode afastar muitos médicos das cidades pequenas. 

“No interior você tem que ser mais profissional, pois não tem outros colegas, não tem muitos recursos. Você tem que ser muito preparado para trabalhar em hospital, em média complexidade. Eu já cheguei a fazer 10 cesarianas num plantão sozinho”, explica ele. 

Doutor João aponta as vantagens de exercer a medicina em cidades interioranas. "Eu vejo a tranquilidade, não ter tanta violência, trânsito. Mas lazer também é ruim. Quem quer ir pro interior querendo tranquilidade, tudo bem, quem quer mais especialidades, melhor as capitais, mas dá para trabalhar, tem uma estrutura mínima básica”. A relação de proximidade com os pacientes também é, para ele, um ponto positivo. 

Questionado se, em sua visão, há alguma razão além das dificuldades de atendimento que causa o afastamento de médicos das cidades do interior, João Genú aponta o desejo de status, grandes salários e a falta de disposição para prestar um atendimento humanizado como motivos. 

“Também tem gente que não quer trabalhar bem, que não tem a visão de querer atender ao paciente independentemente das condições. Alguns médicos se formam mas não vestem o juramento de Hipócrates e só pensam em status e dinheiro, e aí mal olham pro paciente. Todo paciente tem que ser entrevistado, ouvido e entendido, pois maioria dos diagnósticos se descobrem ouvindo o paciente, precisa levantar hipóteses a confirmar com exames mas muitos não fazem nem isso”, critica o médico. 

Na opinião do Doutor João Genú, para profissionais que escolhem a medicina por amor à profissão, todas as dificuldades valem a pena pela sensação de ajudar as pessoas e aliviar suas dores. “A atuação tem que ser boa em qualquer lugar, o problema é estrutural no interior, mas o médico tem que ser médico de verdade em qualquer canto, Aliviar a dor e salvar vidas é o maior prazer que a gente tem. É preciso que médicos jovens se desarmem, saiam da vaidade pois alguns se formam e acham que são semi deuses mas são só seres humanos mais informados, não são melhores nem piores que ninguém”. 

“Para a saúde tem que sangrar de algum lado, não importa”

Roberto Monteiro é médico há 40 anos e atualmente atua pela terceira vez como diretor do hospital Doutor Lídio Paraíba, também em Pesqueira, além de já ter trabalhado em outras cidades próximas. Ao analisar a situação do hospital, Roberto afirma que a situação ainda não é ideal, mas que já foi pior tanto em Pesqueira quanto em outras cidades onde já trabalhou, no que diz respeito às contratações e atração de médicos para a cidade.

“Hoje a situação está relativamente regular, tem gente na fila esperando por vaga para trabalhar, mas já houve épocas em que foi difícil e muita gente saiu por problemas com pagamento, estrutura, entre outras coisas. Quando cheguei era só um médico por plantão, tinha que fazer anestesia, cesariana, tudo sozinho, era um sufoco, depois foi melhorando, quando você tem um colega é mais fácil”, afirma Monteiro, que também coloca o sucateamento estrutural do hospital como um problema. “Nós recebemos um hospital sucateado onde quebra muita coisa, o material é antigo, obsoleto e muito usado. Recentemente quebrou o equipamento de esterilização de roupas do hospital e demora para comprar um novo pois equipamento hospitalar é sempre muito caro”, explica o diretor. 

A relação entre a direção do hospital e a gestão municipal, de acordo com Roberto Monteiro, também pode gerar problemas quando não flui bem. “Gestão pública é difícil, demora e em hospital tem que ser tudo urgente, ‘para ontem’, pois doença não espera, a vida é para hoje, o atendimento é de imediato. Às vezes a gestão não paga certo e em dia, mas é importantíssimo manter um salário que dê para o profissional sobreviver. Seguridade salarial é muito importante para médicos, enfermeiros, auxiliares, já que o médico se completa com a equipe. Médico sozinho nada funciona”, afirma o diretor, que também explica que o salário pago no município é baixo e precisa ser elevado, mesmo já estando difícil para a prefeitura manter os salários no patamar em que estão hoje. 

“Aqui em Pesqueira o que nós pagamos é pouco e sangra o bolso o município mas para saúde tem que sangrar de algum lado, não importa, ainda pode melhorar, já cheguei a ver a cidade ter problemas com o limite de gastos com pessoal sendo ultrapassado, ao mesmo tempo em que o hospital necessitava muito de médicos”, diz Monteiro. 

“Os recursos que vem do Governo não são suficientes”

O município de Sanharó tinha em torno de 25.521 habitantes em 2016 de acordo com o IBGE e apenas dois médicos residem na cidade. De acordo com o enfermeiro e secretário de saúde, Hérico Costa, a cidade tem muitos problemas para atrair médicos pois “Eles só são atraídos pelo salário” e “Os municípios passam por dificuldades financeiras, sem receber reajustes nos repasses do Ministério da Saúde desde 2011”. 

Costa também vê a diferença de salários entre o que o município pode oferecer e o salário que é pago, por exemplo, pelo Programa Mais Médicos do Governo Federal como um fator negativo. Em sua visão, o programa ajuda, mas a demora para que os médicos cheguem até a cidade gera a necessidade de contratar por fora. 

“O mais médicos ajuda, mas demora até o médico do programa chegar e aí temos que contratar alguém que às vezes acha o salário baixo, até que o médico do programa chegue. O médico brasileiro do Mais Médicos recebe R$ 10 mil, o que não é do programa recebe R$ 6 mil, aí eles reclamam. Se o repasse do Ministério da Saúde fosse igual ao valor pago pelo Mais Médicos, isso ajudaria, mas os recursos que vem do Governo não são suficientes”, explica Hérico Costa. 

Uma outra consequência gerada pela necessidade de elevar a remuneração para conseguir atrair os médicos é a dificuldade da prefeitura para se manter dentro dos limites de gastos com pagamento de pessoal determinados pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). 

Quando uma cidade ultrapassa os limites de gastos e isso é constatado na prestação de contas, prefeitos e secretários podem sofrer processos no Tribunal de Contas, por usar o dinheiro da prefeitura de forma irresponsável. 

Hérico explica que a constante necessidade de elevar os salários dos médicos, a fim de atraí-los, deixa a gestão em uma situação difícil. “Sem reajustes de repasses do ministério da saúde desde 2011, e ficamos com dificuldades de cumprir a LRF e pode dar problema com o Tribunal de Contas”, diz o secretário.

"Tudo se analisa pelo caso concreto"

Cristiano Pimentel é procurador do Ministério Público de Contas, órgão vinculado ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), para onde são enviadas e onde são julgadas as contas de todos os municípios do Estado. Sobre a questão do salário dos médicos gerar descumprimento aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), ele afirma que por ser uma questão delicada o tribunal pondera esse tipo de problema desde que ele seja justificado. 

“O TCE reconhece que há uma dificuldade dos municípios, especialmente do Agreste e Sertão, para atrair médicos. O tribunal pondera justificativas em vista dessas circunstâncias, pois é notório que os médicos não querem, via de regra, ir para o interior das cidades do Nordeste. Em todas essa questões o prefeito tem que apresentar justificativas como concursos que não tiveram inscrições, processos seletivos que ninguém quis. Tudo se analisa pelo caso concreto através das justificativas apresentadas pela prefeitura”, disse o procurador.

Quando questionado se os altos salários pagos a médicos podem prejudicar a saúde financeira dos municípios pequenos, do interior, Pimentel afirma que mesmo em casos de cidades que registram salários de médicos que ultrapassam o teto de gastos da prefeitura, o fato de ter poucos postos de atendimento e poucos médicos faz com que o total gasto com os salários não comprometam o equilíbrio das contas da cidade.

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Presente desde outubro de 2016 no Estado de Pernambuco, a empresa norte-americana Uber tem sido motivo de polêmicas envolvendo motoristas e passageiros. Após três assassinatos na Região Metropolitana do Recife, de condutores e usuários vinculados à organização, apenas na primeira semana de março de 2017, e o aumento nos números de roubos, o LeiaJá foi em busca de respostas para saber qual a relação trabalhista que a Uber tem com os associados e quais os direitos dessas famílias que perderam o ente querido.

Só em Pernambuco, a empresa possui mais de 27 mil condutores. Assustados com a violência, os profissionais têm realizado vários atos pelas ruas da capital para exigir que a empresa ofereça mais segurança e proteção a quem usa o aplicativo, como melhorias no atendimento, reconhecimento de vínculo empregatício e um posicionamento quando à questão de roubos. “Nós não temos nenhuma assistência da Uber, não há nenhuma segurança. Por não termos a carteira assinada, a Uber alega que somos independentes e não temos nenhum vínculo empregatício”, desabafa Rogério Ferreira, que trabalha desde o primeiro dia que o app foi disponibilizado no Recife.

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Procurada, a Uber declarou não ter nenhuma relação trabalhista com os condutores. “Os motoristas parceiros da Uber são empreendedores que escolhem usar a Uber porque, além da renda, buscam independência no seu dia a dia, em vez de uma relação empregatícia de subordinação a uma empresa ou a um chefe. Como são independentes, os motoristas parceiros da Uber podem, por exemplo, recusar viagens, ou determinar por quantas horas e em quais horários querem trabalhar. Mais que isso, é importante ressaltar que não é a Uber que contrata os motoristas, mas os motoristas que contratam a Uber - eles escolhem usar o aplicativo, de forma não exclusiva, para encontrar usuários na sua região e fornecer seus serviços de transporte individual privado”, afirmou a empresa, por e-mail, ao LeiaJá.

Ainda segundo o Ministério Público do Trabalho, não há nenhuma regulamentação para essas empresas de aplicativos tecnológicos e também não há nenhuma lei que regulamente se essas organizações devem ou não possuir vínculo empregatício com os motoristas. O que existe é um grupo de estudos formado no final do ano passado por procuradores do trabalho, com objetivo de tentar entender com profundidade como se desenvolve tudo e como é a relação do app com os motoristas. 

“A Coordenadoria de Combate às Fraudes nas Relações de Trabalho (Conafret) criou o grupo para analisar como essas empresas de aplicativos se relacionam com os motoristas. Estamos estudando para saber até que ponto o MPT pode proteger os condutores, mas ainda não temos nada concreto sobre o assunto. Ainda estamos estudando e investigando tudo”, explica Renan Kalil, que é procurador do trabalho e faz parte do grupo de estudos.

Em 2016, o Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG) reconheceu o vínculo de emprego entre o aplicativo Uber e um de seus motoristas associados. Conforme a decisão, Rodrigo Leonardo Silva Ferreira deverá ter sua carteira de trabalho assinada e receber as horas extras, o adicional noturno, verbas rescisórias pelo fim do contrato sem justa causa, valores gastos com combustível e também com água e balas oferecidas aos passageiros.

Essa foi a primeira vez no Brasil que se reconhece o vínculo de empregado entra o Uber e um motorista. A sentença foi proferida no dia 13 de fevereiro de 2017 pelo juiz Márcio Toledo Gonçalves. Na época, o magistrado argumentou que, embora o Uber se apresente apenas como uma plataforma de tecnologia, existem fatos objetivos de sua relação com os motoristas e clientes que fazem dela sim uma empresa de transportes. Já a Uber argumentou que iria recorrer da decisão. 

Outra decisão que gerou dúvidas quanto ao assunto foi em Belo Horizonte, onde a Justiça do Trabalho negou pedido de reconhecimento de vínculo empregatício entre um motorista do Uber e a empresa. O juiz substituto Filipe de Souza Sickert entendeu que é oferecido um serviço de tecnologia e não de transporte, e que há eventualidade na prestação do serviço. A ação foi movida por um ex-motorista, no início de dezembro do ano passado, pedindo direitos trabalhistas por ter sido dispensado sem motivos, segundo ele, depois de pouco mais de cinco meses como colaborador.

Os dois casos seguem na Justiça. No momento, os procuradores do trabalho estão usando ambas as decisões para subsidiar os estudos e entender ter alguma conclusão sobre as obrigações da organização.

Segurança dos condutores

Questionada sobre a segurança dos motoristas, a empresa diz que hoje os condutores parceiros e usuários são cobertos por um seguro acidentes pessoais de passageiros (APP) da Uber em cada viagem. Esta cobertura tem início no momento que os motoristas parceiros estão a caminho para buscar um usuário. Já para o usuário, a cobertura tem início no momento em que ele ingressa no veículo em uma viagem. Em caso de acidentes o seguro cobre: R$ 100 mil por pessoa para morte acidental; R$ 100 mil por pessoa para invalidez permanente total /parcial; e até R$ 5 mil por pessoa para despesas médicas.

No site oficial da Uber, há uma página específica que explica aos condutores sobre as condições de segurança asseguradas pela empresa. Além disso, no procedimento de cadastro do veículo no Uber, o motorista deve apresentar documento de contratação de cobertura para acidentes pessoais de passageiros. Esse documento é obrigatório. O seguro do carro não é obrigatório, mas a empresa garante que a maioria dos parceiros têm carros assegurados.

O motorista Rogério confirma a existência da cobertura. “Existe um seguro que pagamos assim que nos cadastramos, o Seguro APP, que é parceiro da Uber. Eu paguei assim que entrei esse seguro, e agora ela está cobrando R$ 0,75 aos passageiros para cobrir o seguro do motorista e passageiro. Mas ele não cobre roubos”, desabafa.

Em nota, a organização se manifestou e explicou que a empresa tem trabalhado em vários produtos específicos para o Brasil. “Lançamos, recentemente, uma ferramenta de verificação de identidade que exige que usuários que fizerem o pagamento de suas viagens em dinheiro insiram o seu CPF antes de ter acesso ao aplicativo. Isso vai se juntar às demais medidas de prevenção de risco que implementamos no ano passado para aprimorar o mapeamento de usuários suspeitos antes de fazerem viagens”.

A nota diz ainda que a tecnologia da Uber agrega camadas de segurança antes, durante e depois de cada viagem para os motoristas parceiros: “Antes de iniciar qualquer viagem, todos os usuários da Uber devem necessariamente se cadastrar na plataforma. Não existe viagem anônima na uber. Durante a viagem os motoristas parceiros contam com um número de telefone 0800 para casos de emergência. Além disso, na Uber não existem viagens anônimas - todas as viagens são rastreadas utilizando GPS. E depois, tanto para o motorista parceiro quanto para o usuário, a 'avaliação mútua' após cada viagem é um ponto importante. Lembrando que o usuário também pode ser desconectado da plataforma se tiver uma média baixa de avaliações ou conduta que viole os termos de uso. Os parceiros contam também com uma equipe de suporte que analisa todos os incidentes, caso a caso. Mais que isso, em casos de investigações policiais colaboramos com as autoridades nos termos da lei, fornecendo dados e informações de viagens e usuários”.

Mas não é isso que dizem alguns condutores. “Os motoristas estão desistindo por causa da falta de assistência da empresa. Nós não estamos tendo nenhuma segurança. Eles acham que a plataforma é perfeita, mas ela está sendo omissa. A Uber não tem um número de emergência para entrarmos em contato. A nossa cobrança é para ela dar uma assistência em caso de assaltos também”, reclama um dos empreendedores que não quis ser identificado.

Gilberto Filho é condutor da Uber e conta que já foi assaltado duas vezes. “Na primeira vez roubaram meu carro e meus pertences, quanto ao carro a seguradora me ressarciu o valor, mas os meus pertences eu não pude fazer nada. A única coisa que a Uber fez foi bloquear minha conta para que os bandidos não a usassem, mas não tive nenhuma ajuda de custo, nem jurídica, nem nada. No segundo perdi só meus pertences”.

Para ele, não se pode confundir a segurança pública com a do Uber, mas seria importante que a empresa prestasse algum atendimento. Gilberto ainda reclama da fragilidade do aplicativo “Qualquer pessoa pode baixar o app e chamar o uber. O app tem muita fragilidade”. Ele ainda reforça que quando mais dados a Uber tiver, será mais fácil evitar esses acidentes.

Melhorias no aplicativo

O passageiro poderá ter que ceder, além do CPF, identidade e comprovante de residência para poder andar de Uber. Essa foi uma das possibilidades de segurança apresentadas em uma reunião entre alguns motoristas e dois representantes da empresa ocorrida no dia 10 de março, no escritório da empresa localizado em Santo Amaro, Centro do Recife.

Dentre as outras possibilidades anunciadas para evitar colocar em risco a vida do motorista, há também o mapeamento de áreas de risco pela cidade. Assim, o motorista poderá recusar/cancelar a corrida sem sofrer penalidades - como já acontece no Rio de Janeiro. "A gente só quer que haja segurança", conta Gilmar Rodrigues, 39, de um grupo ligado aos parceiros do serviço.

Para Rogério, essas medidas são necessárias e ele concorda que devem ser acatadas. “Mesmo que não passe para o motorista todas as informações do usuário, a gente precisa confiar que a Uber pelo ao menos saiba quem essa pessoa é. Quando entramos, nós precisamos comprovar a certidão negativa de antecedentes criminais, documento do carro, seguro do app, habilitação com atividade remunerada e ainda passamos por todo um processo seletivo que ela faz com seus dados.Não que eu ache que eles devam comprovar tudo isso também, porque seria bastante abusivo, mas o cadastro deveria ser mais rígido”, desabafa o motorista. 

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A partir da próxima terça-feira (15) até o dia 8 de março, as empresas brasileiras podem fazer a entrega da declaração da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), ano-base 2012. As informações sobre como fazer a declaração e fazer o download do aplicativo estão disponíveis no site do Ministério do Trabalho e Emprego e na página da Rais.

Essa declaração é obrigatória para todos os estabelecimentos inscritos no CNPJ, independentemente de terem empregados ou não. As empresas que não possuem funcionários e aquelas que tiveram as atividades paralisadas em 2012 são obrigadas a entregar a Rais Negativa.

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O preenchimento também é exigido para todos os empregadores, conforme definidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT); para pessoas jurídicas de direito privado; para empresas individuais, inclusive as que não possuem empregados; para cartórios extrajudiciais e consórcios de empresas; para empregadores urbanos pessoas físicas (autônomos ou profissionais liberais); para órgãos da administração direta e indireta dos governos federal, estadual e municipal; para condomínios e sociedades civis; para empregadores rurais pessoas físicas; e para filiais, agências, sucursais, representações ou quaisquer outras formas de entidades vinculadas à pessoa jurídica domiciliada no exterior.

A declaração é importante no fornecimento de diversos benefícios ao trabalhador. Entre eles, destaca-se a identificação dos trabalhadores com direito a receber o Abono Salarial. Também presta subsídios ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e à Previdência Social, além de ajudar no registro da nacionalização da mão de obra e às pesquisas domiciliares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outras utilidades.

A partir de 2013, todos os estabelecimentos e arquivos que possuem 20 vínculos empregatícios ou mais, deverão transmitir a declaração da RAIS ano base 2012, utilizando um certificado digital válido padrão ICP Brasil. A obrigatoriedade também se estende aos órgãos da Administração Pública.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) recebeu informações sobre o mercado de trabalho em 2011 de 8,3 milhões de empresas. Ao longo do ano, foram registrados 73,6 milhões de vínculos empregatícios, considerando o balanço mais recente, feito pela Pasta para a Agência Estado. Este não é, porém, o saldo total de trabalhadores do setor privado e de órgãos públicos do ano passado. Trata-se somente da quantidade de contratações feitas em 2011.

Muitos trabalhadores passam por mais de uma empresa por ano e, por isso, o estoque de empregados com carteira assinada deverá ser conhecido apenas no final de maio, quando o MTE divulgará a Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Esses dados sobre o mercado de trabalho divulgados agora pelo ministério são parte da Rais. Levando-se em conta o levantamento de 2010 mais o estoque de trabalhadores formais contabilizados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 2011, do Ministério do Trabalho, esse total deve estar próximo de 37 milhões de pessoas.

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O volume de empresas que passaram informações ao governo até a última sexta-feira, prazo final para isso, foi maior do que o observado no ano passado, em um total de 7,7 milhões de estabelecimentos. Com os dados em mãos, o MTE fará agora a análise das informações. A Rais é o único instrumento do governo para identificação, por exemplo, dos trabalhadores ao Abono Salarial.

Todos os estabelecimentos devem declarar a Rais. A entrega é isenta de tarifas até o prazo final. A partir desta segunda-feira, ficam sujeitas a multas a partir de R$ 425,64, que podem subir mais R$ 106,40 por bimestre de atraso.

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