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A primeira edição do UFC (Ultimate Fight Championship), maior evento de MMA (sigla em inglês para Artes Marciais Mistas) do mundo, na região Norte do Brasil foi um sucesso. Quase 11 mil pessoas lotaram a Arena Guilherme Paraense, o Mangueirinho, na noite de sábado (3), em Belém. Após o evento, o diretor executivo do UFC, David Shaw, prometeu trazer novas edições ao Pará.
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A estreia do UFC no norte do Brasil rendeu elogios. Os torcedores, que lotavam a arena, fizeram um show à parte. No domingo (4), o diretor executivo do UFC, David Shaw, avaliou positivamente a estrutura, o desempenho dos atletas e a participação da torcida paraense. “Estamos muito satisfeitos com a grandiosidade que o evento tomou. Pudemos observar isso pelo número de pessoas que compareceram aos treinos abertos, à pesagem, e aos combates dessa noite. Essa foi uma das melhores e mais estruturadas arenas que já vimos, e com certeza planejamos voltar”, afirmou.
No octógono, a noite foi do "Dragão". Após mais de três anos, Lyoto Machida voltou a vencer. O lutador ganhou do americano Eryk Anders em uma luta equilibrada, por decisão dividida dos juízes, e levou a torcida paraense ao delírio.
Lyoto entrou na arena Guilherme Paraense ao som de “cheguei”, da cantora Ludmilla. Todos gritavam o nome do ex-campeão dos meio-pesados. Após um embate disputado, a maioria dos juízes deu vitória para o baiano radicado no Pará. Ao vencer Anders, que nunca havia perdido, o “Dragão” mostrou que pretende voltar ao topo, e desafiou, ao vivo, o britânico Michael Bisping, 6º no ranking do UFC. “Estou aqui, Michael”, disse.
A luta começou com Lyoto saindo na frente, adotando a postura clássica do caratê e aplicando chutes baixos. No segundo round, o jogo virou. O americano já se defendia melhor e conseguiu desferir mais golpes. Já no terceiro round, Eryk deu uma joelhada na cara de Lyoto, que abriu um corte profundo. A partir daí, Anders passou a dominar o jogo. Porém, nos últimos dois rounds, Lyoto mostrou ainda estar na luta e conseguiu contra-atacar o americano algumas vezes, deixando o resultado final em aberto.
Após o anúncio inesperado da vitória, Lyoto comemorou. "Não tem preço, galera. Muito obrigado, estou muito feliz. É a minha volta. Isso aqui representa muito para mim. Anders é um cara muito duro. Grande atleta, mas hoje saímos com a vitória, Pará”, falou emocionado, ainda dentro do octógono. Sua última vitória havia sido em dezembro de 2014, quando ganhou de C.B Dollaway por nocaute técnico. De lá para cá, foram três derrotas seguidas.
Além de Lyoto, os outros brasileiros que lutaram no UFC Fight Night 125 também fizeram bonito. No card preliminar, todos os brasileiros venceram. Já no card principal, apenas dois dos seis participantes brasileiros não saíram do Mangueirinho com a vitória. O paulista peso-pesado Marcelo Golm perdeu por decisão unânime do americano Timothy Johnson.
Já a carioca Priscilla “Pedrita” foi derrotada em um combate polêmico, na segunda luta mais importante da noite. Ex-usuária de crack, Priscila encontrou no MMA uma oportunidade de viver novamente de maneira digna. Era sua estreia no UFC, e Priscila tinha pela frente ninguém menos que a quirguistanesa Valentina Shevchenko, segunda no ranking peso-mosca do UFC.
Foi um massacre. Priscila acertou três golpes, e recebeu 230 de Valentina. A brasileira saiu do Mangueirinho direto para um hospital no centro de Belém, e vai precisar fazer cirurgia no joelho. O presidente do UFC, Dana White, afirmou que foi um erro imperdoável, uma “atuação de dar nojo” do árbitro brasileiro Mario Yamasaki, que deveria ter interrompido a luta logo no primeiro round.
Em uma postagem no Instagram, Dana White elogiou a brasileira e fez duras críticas ao árbitro da luta. “Priscilla Cachoeira, você mostrou muito coração e coragem nessa luta. Estou honrado em tê-la lutando no UFC. Infelizmente, o árbitro está lá para protegê-la, e Mário NÃO fez isso. Esta não é a sua primeira atuação de dar nojo no octógono” escreveu. “Outra coisa triste é que nada posso fazer sobre isso, somente a Comissão Brasileira (de MMA) pode e eu espero que após essa assombrosa e incompetente demonstração ele nunca mais coloque os pés de novo no octógono”, finalizou.
Também houve luta cancelada. O brasileiro Pedro Munhoz não bateu o peso limite da categoria dos pesos-galos e o seu adversário, John Dodson, se recusou a subir no octógono. Outros dois lutadores não bateram o peso. O paraense Michel “Trator" Prazeres excedeu em 2,2kg o limite de 70,8kg da categoria peso leve, e foi multado pela CABMMA (Comissão Atlética Brasileira de MMA) em 20% do valor da bolsa, além de ter dado 40% do prêmio da vitória para o seu adversário, Desmond Green.
O adversário de Lyoto na luta principal, Eryk Anders, foi salvo pela “hora extra”. O americano excedeu em 800g o limite da categoria, e teve uma hora a mais para tentar atingir o peso. Na segunda chance, Anders, pelado, conseguiu bater os 84,4kg necessários para não ser punido.
Resultados
Card principal
Lyoto Machida venceu Eryk Anders por decisão dividida;
Valentina Shevchenko venceu Priscilla Cachoeira por nocaute no segundo round;
Michel “Trator” venceu Desmond Green por decisão unânime;
Timothy Johnson venceu Marcelo Golm por decisão unânime;
Douglas D’Silva venceu Marlon Vera por decisão unânime;
Thiago “Marreta” venceu Anthony Smith por nocaute no segundo round.
Card preliminar
Serginho Moraes venceu Tim Means por decisão dividida;
Alan “Nuguette” venceu Damir Hadzovic por decisão unânime;
Polyana Viana venceu Maia Stevenson por finalização (mata-leão) no primeiro round;
Iuri “Marajó” venceu Joe Soto por nocaute no primeiro round;
Deiveson Figueiredo venceu Joseph Morales por nocaute no segundo round.
Por João Paulo Jussara (com informações de Bruno Amâncio, da Rádio Unama FM, e fotos de Filipe Bispo).
