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O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, disse ao Estadão/Broadcast Político que "a democracia saiu fortalecida" com a decisão de Evo Morales renunciar à presidência da Bolívia. O general exaltou ainda a importância do papel das Forças Armadas neste episódio, de "apoio à democracia" e na "defesa da lisura das eleições".

Segundo ele, os ministérios das Relações Exteriores e da Defesa estão "acompanhando atentamente" a evolução de todo esse processo no país vizinho. Na avaliação do ministro, a tendência é que com a renúncia "a situação se acalme". O ministro, que defendeu a necessidade de todas as eleições seres auditadas e fiscalizadas, observou ainda o papel da Organização dos Estados Americanos (OEA), que estava lá fiscalizando o processo, e que "com certeza" ajudou no desenrolar da situação.

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Entre interlocutores diretos do presidente e integrantes da cúpula das Forças Armadas, a renúncia foi classificada como "um alívio". A renúncia, comentou um deles, ajuda a diminuir a pressão que estava sendo sentida na América Latina, com vários países em conflagração, e a possibilidade de respingar no Brasil, principalmente depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a prisão e, na visão dos militares, passou a incitar os militantes petistas a confrontos.

"Já vai tarde", disse um dos integrantes do Alto Comando das Forças Armadas, consultado pela reportagem. Para este oficial-general, o ideal é que este episódio sirva de "incentivo" a Nicolás Maduro, para que ele deixasse também o poder na Venezuela e libertasse dos venezuelanos da ditadura imposta pela esquerda naquele País.

Para outro oficial-general, esse episódio na Bolívia deixa claro que houve fraude no processo eleitoral e ajuda a enfraquecer o discurso da esquerda, principalmente no Brasil, que acusará o golpe, em um momento em que Lula estava buscando apoio internacional para o seu discurso de tentativa de volta ao poder.

Na reunião do presidente Jair Bolsonaro ontem, com ministros militares e comandantes de forças armadas, já havia uma preocupação grande com a subida da temperatura da Bolívia, que ontem teve agravadas manifestações e confrontos. A cúpula do governo mostrou-se, também preocupada com a possibilidade dessas manifestações transbordarem para o Brasil com a nova onda criada pela soltura de Lula.

Por enquanto, ainda não há sinais de que protestos violentos possam ocorrer no Brasil. Mas o governo acompanha atentamente a evolução dos fatos.

No caso da Bolívia, neste momento, a avaliação é a de muita cautela sobre os posicionamentos, porque ainda não se sabe exatamente o que acontecera lá. No entanto, não há como negar que a comemoração era grande pelo fato de ajudar a enfrentar o discurso da esquerda e o arco que os esquerdistas estavam tentando ampliar na América Latina, ao redor do Brasil.

A avaliação é de que o episódio serve também de contraponto à eleição de Alberto Fernando e Cristina Kirchner na Argentina.

A agora ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral da Bolívia, Maria Eugenia Choque, e o ex-vice-presidente da Corte, Antonio Costas, foram presos neste domingo pela polícia boliviana após um relatório preliminar da Organização dos Estados Americanos (OEA) ter encontrado irregularidades na eleição presidencial de 20 de outubro.

O comandante da Polícia, Yuri Calderón, informou que outros 36 funcionários do TSE boliviano também foram detidos por supostos delitos eleitorais e fasificação.

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O promotor do departamento de La Paz, Williams Alave, explicou que a medida foi tomada para tranquilizar as manifestações antigovernamentais nas ruas, em uma jornada agitada em que o presidente Evo Morales renunciou ao cargo.

"Ela (Maria Eugenia Choque) estava vestida de homem, (o que) nos fez pensar que estava tentando distrai a atenção da nossa equipe", disse Calderón.

A ex-presidente do TSE havia apresentado sua renúncia depois de ser revelado o relatório preliminar da OEA. Fonte: Associated Press

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo, 10, no Twitter que houve um "golpe de Estado" na Bolívia. Lula afirmou que o presidente Evo Morales foi obrigado a renunciar. O ex-presidente disse que é "lamentável" que a América Latina tenha uma elite econômica que "não saiba conviver com a democracia e com a inclusão social dos mais pobres".

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Após pedido das Forças Armadas e protestos no país, Evo Morales anunciou neste domingo a renúncia à Presidência da Bolívia.

"Estou renunciando, apenas para que meus irmãos, líderes, autoridades do MAS não sejam perseguidos, perseguidos e ameaçados", disse Morales em uma transmissão de vídeo no canal estadual.

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A renúncia vem em meio a uma crise política e revolta social após o relatório preliminar da OEA que apontou possíveis irregularidades e fraudes nas Eleições Gerais de 20 de outubro.

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O comandante das Forças Armadas da Bolívia, Williams Kaliman, pediu ao presidente Evo Morales que renuncie ao cargo para que se recupere a paz no país, depois que a questionada eleição de 20 de outubro resultou em semanas de protestos violentos.

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Antes, o Alto Comando Militar da Bolívia ordenou operações militares aéreas e terrestres para neutralizar grupos armados irregulares, supostamente alinhados ao governo, que estão atacando manifestantes opositores que se deslocam a La Paz para aumentar a pressão social contra o governo.

Pela manhã, Morales anunciou a convocação de um novo pleito eleitoral, depois que a Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou em um relatório preliminar ter observado sérias irregularidades nos resultados da eleição de outubro.

Além disso, a Procuradoria-Geral da Bolívia anunciou hoje o início de ações legais contra juízes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do país por supostos "atos eleitorais ilícitos" e dois ministros de Morales renunciaram dizendo que suas decisões buscam ajudar na pacificação do país. Fonte: Associated Press

O Partido dos Trabalhadores (PT) apoiou a decisão do presidente da Bolívia, Evo Morales, de convocar novas eleições no País. "Apoiamos a decisão do Presidente Evo de convocar novas eleições no intuito de pacificar o país e dirimir qualquer dúvida quanto à vontade popular na escolha de suas autoridades", disse a Executiva Nacional, em nota divulgada neste domingo, 10. "Desejamos que o diálogo, a paz e o respeito à Constituição do Estado Plurinacional da Bolívia prevaleçam", acrescenta o comunicado titulado como "Nota do PT em solidariedade e defesa da democracia na Bolívia".

Na nota, o partido afirma que acompanha com "preocupação" as manifestações do país. "E a tentativa das forças de direita de afastar, por meios violentos, o Presidente, Evo Morales Ayma, de sua posição de chefe de governo legitimamente eleito e cujo mandato constitucional segue em vigência", continuou.

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O PT também comentou, no documento, que o resultado do primeiro turno foi questionado pela oposição, auditado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), mas alvo de pedido de renúncia pela oposição. "Aliás, atualmente este movimento sequer é dirigido pelo segundo colocado e sim por forças da extrema direita que, a exemplo de outras situações na América Latina, almejam promover um golpe de Estado na Bolívia", cita a nota.

O Partido escreveu também que o não reconhecimento do resultado eleitoral, independentemente de haver auditoria ou não, é uma "tentativa da direita de assaltar o poder para retornar o neoliberalismo" na Bolívia. "Repudiamos com veemência a atitude antidemocrática e violenta da direita, a ingerência externa e a omissão de parcelas das forças policiais em proteger as autoridades e o patrimônio público e cumprir seu papel para assegurar sua integridade física, bem como a das organizações sociais e da população que reivindica o respeito à normalidade democrática", observou a nota do PT.

Por fim, o partido declarou apoio à decisão de Evo Morales de convocar novo pleito eleitoral. "Não aos golpes de Estado! Pela soberania do povo boliviano!", concluiu a Comissão Executiva Nacional do PT.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou neste domingo a convocação de novas eleições na Bolívia e uma mudança total do corpo eleitoral, pouco depois de tomar conhecimento sobre um relatório preliminar da Organização dos Estados Americanos (OEA) que encontrou irregularidades nas eleições.

"Decidi renovar o Supremo Tribunal Eleitoral e convocar novas eleições", disse Morales em comunicado à imprensa, sem mencionar o relatório da OEA. O presidente solicitou a todos os órgãos do governo uma mobilização para pacificar o país. "Todos temos que pacificar a Bolívia", disse.

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A comissão de auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) recomendou a realização de novas eleições com um novo tribunal eleitoral, depois de encontrar irregularidades nas eleições presidenciais de 20 de outubro. "O processo estava em desacordo com as boas práticas e os padrões de segurança não foram respeitados", disse a comissão em comunicado divulgado pelo secretário da OEA, Luis Almagro, em sua conta no Twitter. "Por conta das irregularidades observadas, não é possível garantir a integridade dos dados e dos resultados".

Fonte: Associated Press.

A Bolívia vive dias de confrontos constantes entre opositores e aliados do presidente Evo Morales. O último episódio, registrado nesta quinta-feira (7), foi contra a prefeita da cidade de Vinto, Patricia Arce, do partido governista Movimento ao Socialismo (MAS). 

Aliada de Morales, ela foi retirada à força da sede da prefeitura local e humilhada por opositores, por ter transportado camponeses pró-Morales para confrontar os manifestantes.

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De acordo com informações da AFP, ela teve o cabelo cortado, foi suja de tinta e obrigada a andar descalça pela cidade enquanto ouvia gritos de “assassina”. Horas depois, Patricia Arce foi resgatada pela polícia.

Em entrevista à imprensa, depois do episódio, ela disse que não se calaria. “Sou livre e não vou me calar. E se quiserem me matar, que me matem. E como disse um dia: por esse processo de mudança vou dar minha vida”, disse. 

Os grupos opositores protestam contra a vitória de Evo Morales na eleição que aconteceu no último dia 20 de outubro. Morales parte para o quarto mandato consecutivo. Os protestos já resultaram em dois mortos e 170 feridos.

Caminhoneiros começaram a fechar as estradas que cruzam as fronteiras da Bolívia, em apoio à proposta de paralisação das atividades econômicas por 15 dias. "Amanhã terminaremos de fechar a Bolívia com o bloqueio nas fronteiras de Desaguadero e Tambo Quemado", declarou Marcelo Cruz, diretor da Associação de Transporte Pesado Internacional.

Violentos enfrentamentos entre governistas e opositores foram registrados ontem em diversas cidades da Bolívia, incluindo a capital La Paz, e deixaram 22 feridos. Em Vinto, Departamento de Cochabamba, manifestantes colocaram fogo na prefeitura e mantiveram a prefeita Patricia Arce como refém - ela foi libertada mais tarde pela polícia.

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Os protesto contra a reeleição de Evo Morales, considerada fraudulenta, chegaram ontem ao 15º dia. Todos os nove departamentos da Bolívia enfrentavam bloqueios nas ruas, protestos diante de edifícios estatais e confrontos entre opositores e partidários do chefe de Estado, no poder desde 2006.

Cochabamba, uma das principais cidades da Bolívia, também foi palco de violentos confrontos, que deixaram 20 feridos. Segundo a defensora pública Nadia Cruz, alguns feridos estão em estado grave. Ambos os lados se enfrentaram com pedras e pedaços de pau. Um grupo de estudantes chegou a disparar foguetes de lançadores artesanais.

Evo acusa a oposição de "tramar um golpe de Estado" e convocou seus simpatizantes a ocupar as ruas, aumentando o risco de violência. Ontem, em muitos locais, de um lado havia marchas de sindicatos, organizações de mulheres e de produtores de folhas de coca, partidários de Evo. Do outro lado estavam trabalhadores de fábricas e outros setores, pedindo a renúncia do presidente.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) prometeu realizar uma auditoria da votação, mas a oposição rejeita e agora exige a realização de novas eleições sem a participação de Evo, que venceu em primeiro turno após a apuração ser paralisada e depois retomada. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder opositor regional boliviano Luis Fernando Camacho pretende desafiar novamente o presidente Evo Morales e chegar a La Paz nesta quarta-feira (6) para entregar uma carta de renúncia para que ele a assine.

La Paz estava com bloqueios nas ruas da zona sul, onde vive a classe média alta e alta, assim como em vias do centro, como a Avenida Camacho, a poucas quadras da sede de governo, na terceira semana de protestos contra a questionada reeleição de Morales nas eleições de 20 de outubro.

Manifestantes opositores ocuparam também nesta quarta-feira prédios públicos no sul de La Paz, enquanto que na cidade central de Cochabamba houve violentos choques entre leais e rivais de Morales, segundo a imprensa local.

O presidente liderou nesta quarta-feira no Lago Titicaca o ato de 193 aniversário da Armada boliviana, onde declarou que os militares devem "prestar serviço ao povo boliviano".

"As Forças Armadas sempre têm que garantir a soberania do povo boliviano, à margem do papel constitucional de garantir o território nacional", declarou Morales, em uma aparente resposta a Camacho, que no sábado pediu aos militares que fiquem do lado da oposição nessa crise política.

Os militares se mantiveram à margem da controvérsia eleitoral.

Em La Paz cresce a tensão pela iminente chegada de Camacho de seu reduto de Santa Cruz (900 km a leste), a cidade mais rica da Bolívia. O líder cívico disse que chegará a La Paz "todos os dias" até que Morales assine sua carta de renúncia.

"A história se repete", afirmou Morales na terça-feira, lembrando que há quatro décadas o general golpista Luis García Meza levou uma carta de renúncia à presidente Lidia Gueiler (1979-1980), instaurando uma ditadura.

Em Santa Cruz os opositores mantêm ocupadas as sedes de entidades e empresas públicas, e também há bloqueios de ruas e greves parciais em outras cidades da Bolívia.

Morales, primeiro governante indígena da Bolívia, convocou seus apoiadores para defender a democracia e o resultado eleitoral, que está sob auditoria de uma missão da Organização de Estados Americanos (OEA).

- Tentativa frustrada -

Camacho, um advogado de 40 anos, se tornou o rosto mais visível da oposição depois das eleições, embora não tenha sido candidato à presidência, ofuscando o ex-presidente centrista Carlos Mesa (2003-2005), segundo na votação.

O líder cívico tentou na terça-feira chegar a La Paz para ir ao palácio de governo, mas não conseguiu sequer sair do aeroporto, cercado por manifestantes pró-governo.

Camacho voltou para Santa Cruz em um pequeno avião militar e culpou as autoridades e funcionários do aeroporto por não ter podido sair do terminal.

A frustrada visita foi a ação mais desafiadora da oposição contra Morales, que acusam de cometer uma "fraude" eleitoral.

Os protestos violentos ocorridos no Chile nas últimas semanas estão tendo consequências no futebol. Com o campeonato nacional paralisado e na expectativa de perder a organização da primeira final única da história da Copa Libertadores, o país não terá mais a realização de um amistoso de sua seleção. Nesta terça-feira, as federações chilena e da Bolívia anunciaram o cancelamento do jogo marcado para o próximo dia 15, na cidade de Concepción.

Este seria o primeiro dos dois testes da equipe comandada pelo treinador colombiano Reinaldo Rueda, ex-Flamengo, agendados na última Data Fifa de 2019. Assim, os dois países só entrarão em campo no dia 19 - o Chile contra o Peru, no estádio Nacional, em Lima, e a Bolívia contra o Panamá.

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A expectativa das seleções é que voltem a se enfrentar no ano que vem, antes do meio do ano, como preparação para a Copa América de 2020, com sede dividida entre Argentina e Colômbia. Antes, em março, Chile e Bolívia jogarão as suas duas primeiras partidas pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, que será disputada no Catar.

"A primeira coisa a se fazer diante desta situação (protestos) é a segurança dos principais atores dos eventos esportivos: os torcedores e os jogadores", disse Sebastián Moreno, presidente da Associação Chilena de Futebol (ANFP, na sigla em espanhol), em entrevista coletiva nesta terça-feira, em Santiago.

"Nossa intenção é não forçar qualquer situação. O futebol (no Chile) só voltará quando tiver totais condições de ser realizado", completou o dirigente.

O governo da Bolívia disse nessa segunda-feira (4) ter "absoluta confiança" nas Forças Armadas, dois dias após um líder opositor convocar os militares a intervir na crise política causada pela questionada reeleição do presidente Evo Morales.

"Confiamos absolutamente nas Forças Armadas. Aquele que bater às portas das Forças Armadas está em busca de sangue", disse o ministro do Interior, Carlos Romero. A declaração coincide com a feita por Evo no fim de semana, quando disse que seus rivais "buscam mortos".

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No sábado (2), o líder do poderoso Comitê Cívico de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, deu um ultimato a Evo, exigindo sua renúncia até as 19 horas de ontem (20 horas em Brasília) e pedindo aos militares que ficassem "ao lado do povo" nesta crise. As Forças Armadas, que permanecem à margem do conflito político, não emitiram nenhum comunicado.

Durante uma sessão extraordinária da Organização dos Estados Americanos, o chanceler boliviano, Diego Pary, denunciou ontem um golpe de Estado em curso em seu país impulsionado pela oposição, que pediu o levante das Forças Armadas.

O principal rival de Evo, o ex-presidente Carlos Mesa, acusou ontem o presidente de levar a Bolívia a uma situação drástica por não querer renunciar em meio às denúncias de fraude eleitoral. "Evo Morales tem em suas mãos a pacificação do país e a saída democrática para a crise. Ele não tem valor para fazer isso e está provocando o pedido de sua renúncia, levando o país a uma situação limite", advertiu.

A Bolívia entrou ontem na terceira semana consecutiva de protestos após o contestado resultado da eleição presidencial dar uma apertada vitória a Evo no primeiro turno. O dia de ontem foi marcado pelo bloqueio de ruas, estradas e pontes nos arredores de La Paz, enquanto a região de Santa Cruz, a mais rica do país e reduto da oposição, se manteve em greve geral pela renúncia de Evo. As aulas permaneceram suspensas de La Paz, enquanto o centro da cidade teve atividade normalizada. As Forças Armadas usaram bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para conter focos de distúrbios.

Evo é acusado pela oposição de fraude eleitoral, após ter sido reeleito para um quarto mandato consecutivo no dia 20. A OEA realiza uma auditoria para investigar se houve fraude eleitoral. Mesa, porém, pede a realização de novas eleições, com um novo tribunal eleitoral.

Pouso forçado

Ainda ontem, o helicóptero em que Evo viajava teve de fazer um pouso de emergência, minutos depois de decolar da região de Oruro, onde ele havia se reunido com líderes sindicais e participado da inauguração de uma estrada. A Força Aérea Boliviana disse que houve uma falha mecânica no rotor da cauda e divulgará mais detalhes após uma investigação. Ninguém ficou ferido. (Com agências internacionais)

O presidente Evo Morales derrotou o opositor Carlos Mesa no primeiro turno das eleições realizadas no domingo na Bolívia, segundo resultados do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) divulgados nesta quinta-feira (24), após a apuração de 99,81% dos votos.

De acordo com o site do TSE, Morales obteve 47,06% dos votos, contra 36,52% para Mesa, o que garante sua reeleição. Os números incluem os votos válidos dos eleitores na Bolívia e dos bolivianos disseminados em 33 países do mundo.

Morales já tinha se declarado vencedor das eleições em entrevista coletiva, mas admitiu a possibilidade de disputar um segundo turno, caso o resultado final do TSE assim o determinasse, o que finalmente não ocorreu.

O resultado confirmado pelo TSE já era seriamente questionado por diversos setores bolivianos, que paralisaram várias cidades do país. Uma aliança opositora formada em torno de Carlos Mesa exige a convocação "imediata" de um segundo turno eleitoral.

A chamada Coordenação de Defesa da Democracia também convocou os cidadãos e outras lideranças "a se somar" à causa e manter a mobilização pacífica "até se conseguir o respeito à vontade popular".

O grupo é integrado pelo governador de Santa Cruz, Rubén Costas, o candidato de direita Óscar Ortiz, o empresário Samuel Doria Medina, líder de Unidade Nacional (UN, centro-direita), Fernando Camacho, executivo do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, da direita radical, o ex-presidentes Jorge Quiroga (direita) e Waldo Albarracín, líder da plataforma civil Conade (centro esquerda).

As denúncias de fraude surgiram após um primeiro resultado do sistema de apuração rápida (TREP), sobre 84% dos votos, que indicava um segundo turno entre Morales e Mesa. Após a divulgação destes números, o sistema foi paralisado durante várias horas e retornou indicando uma vitória direta do presidente.

Na quarta, os observadores eleitorais da OEA defenderam a realização de um segundo turno diante das diversas irregularidades no processo.

"Devido ao contexto e às problemáticas evidenciadas neste processo eleitoral, continuaria sendo uma opção melhor convocar um segundo turno", disse o diretor do Departamento para a Cooperação e Observação Eleitoral da OEA, Gerardo Icaza.

- Pressão internacional -

Também nesta quinta, Brasil, Estados Unidos, Argentina e Colômbia defenderam a realização de um segundo turno caso a OEA não consiga ratificar os resultados da votação de domingo passado.

No caso da Missão de Observação Eleitoral da OEA "não estar em condições de verificar os resultados do primeiro turno, apelamos ao governo da Bolívia a restaurar a credibilidade de seu sistema eleitoral através da convocação de um segundo turno eleitoral", destaca um comunicado conjunto.

Os quatro países declararam que estão "profundamente preocupados com as anomalias" nas eleições de 20 de outubro, e destacaram que o segundo turno deve ser "livre, justo e transparente".

"Argentina, Brasil, Colômbia e Estados Unidos, junto à comunidade democrática internacional, só reconhecerão resultados que reflitam realmente a vontade do povo boliviano".

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que a Bolívia deve aguardar a conclusão de uma auditoria do bloco para declarar os resultados, e destacou que foi o próprio Morales que solicitou - por telefone - a verificação do processo.

Almagro acrescentou que a secretaria-geral da OEA concordou com o pedido na terça-feira, depois que o chanceler boliviano, Diego Pary, emitiu uma solicitação para "verificar a transparência e legitimidade" do processo.

"A secretaria-geral entende que, se o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) convida essa organização a realizar trabalhos para verificar a legitimidade desses resultados, esses resultados não deverão ser considerados legítimos até que o processo de auditoria solicitado seja concluído", afirmou Almagro.

União Europeia (UE) e OEA defendem um segundo turno para restabelecer a confiança no processo eleitoral.

"A União Europeia compartilha plenamente da avaliação da OEA no sentido de que as autoridades bolivianas deveriam concluir o processo de contagem em curso e que a melhor opção seria realizar um segundo turno para restabelecer a confiança e assegurar o respeito pleno à escolha democrática do povo boliviano", declarou em um comunicado a porta-voz da diplomacia europeia, Maja Kocijancic, distribuído em La Paz.

Bruxelas lembrou que o informe preliminar da missão eleitoral da OEA identificou "falhas importantes no processo".

O presidente Evo Morales se proclamou nesta quinta-feira (24) vencedor no primeiro turno das disputadas eleições presidenciais na Bolívia, depois de alcançar uma diferença de 10 pontos sobre seu adversário Carlos Mesa, apesar de abrir a porta para a realização de um segundo turno caso a apuração final assim determine.

"Boas notícias ... Nós já vencemos no primeiro turno", disse Morales em entrevista coletiva, baseando-se no cômputo oficial da apuração de 98,42% das urnas que concede a ele 46,83% dos votos frente aos 36,7% de Mesa.

Esse resultado permite a ele evitar a segunda votação, já que a lei estabelece que, para vencer no primeiro turno, o candidato deve obter 40% dos votos e uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo competidor.

Ainda é preciso examinar mais de 1% dos votos, de acordo com o portal do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), e, logo após reivindicar sua vitória, Morales disse estar disposto a disputar um segundo turno. Evo está no poder desde 2006.

"Se o resultado final disser que vamos para o segundo turno, iremos, (mas) se o cálculo oficial disser que não há segundo turno, respeitaremos e vamos defendê-lo", afirmou o presidente, lembrando que é necessário concluir em 100% da contagem de votos e que os números podem variar.

Enquanto a apuração prossegue, a tensão continua a crescer no país após as eleições de domingo. Setores da oposição estão em greve parcial desde quarta-feira, e Mesa reivindicou o segundo turno, denunciando fraude eleitoral.

Nesta quinta, Morales também questionou o papel da Missão de observação da Organização dos Estados Americanos (OEA), que considerou como "melhor opção" para resolver a crise a realização de uma nova votação.

O presidente reclamou que tenham feito essa proposta antes que a apuração oficial terminasse.

"Não quero acreditar que a missão da OEA esteja do lado do golpe de estado", alfinetou, insistindo na tese que a greve e os protestos são um levante contra ele.

A respeito das denúncias de irregularidades, Morales pediu que "a fraude seja provada".

- "Evo nunca mais" -

Na véspera, Mesa anunciou a formação de uma "Coordenação de Defesa da Democracia" para pressionar pela realização de um segundo turno.

O objetivo da aliança com os partidos da direita e com líderes centristas é "conseguir que se cumpra a vontade popular de definir a eleição presidencial no segundo turno", destacou uma nota publicada no Twitter.

A aliança articulada por Mesa é formada pelo governador de Santa Cruz, Rubén Costas, o candidato de direita Óscar Ortiz, o empresário Samuel Doria Medina, líder da Unidade Nacional (UN, centro direita), e Fernando Camacho, executivo do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, da direita radical, entre outros.

A Conferência Episcopal Boliviana (CEB) também defendeu a realização de "um segundo turno, com uma supervisão imparcial, como a melhor saída democrática para o momento que o país vive".

Os confrontos explodiram em La Paz entre a polícia e centenas de manifestantes em uma vigília cívica perto do hotel onde se encontram os membros do TSE.

"Evo munca mais!" era o slogan mais utilizado pelos manifestantes.

Em Santa Cruz (leste), reduto da oposição e onde a greve nacional começou, os manifestantes bloquearam as principais ruas da cidade, a mais populosa da Bolívia.

"Essa greve vai durar até confirmarmos o segundo turno", disse o líder do influente Comitê Pró-Santa Cruz, Luis Fernando Camacho.

Esta organização conservadora da sociedade civil reúne representantes de bairro, comércio, transporte e líderes empresariais.

Denunciando uma "autocracia", os setores bolivianos rejeitaram a decisão de Morales de buscar um quarto mandato, uma opção à qual os cidadãos se opuseram em um referendo em 2016, não reconhecido por Morales.

O candidato presidencial boliviano Carlos Mesa, adversário do presidente Evo Morales nas eleições de domingo passado, anunciou nessa quarta-feira (23) a formação de uma "Coordenação de Defesa da Democracia" visando pressionar para que haja um segundo turno.

O objetivo da aliança com os partidos da direita e líderes centristas é "conseguir que se cumpra a vontade popular de definir a eleição presidencial no segundo turno", destaca uma nota publicada no Twitter.

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A aliança articulada por Mesa é formada pelo governador de Santa Cruz, Rubén Costas, o candidato de direita Óscar Ortiz, o empresário Samuel Doria Medina, líder da Unidade Nacional (UN, centro direita), e Fernando Camacho, executivo do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, da direita radical, entre outros.

Mesa acusa Evo de orquestrar uma fraude para vencer no primeiro turno, com o auxílio das autoridades eleitorais. O comunicado convoca os bolivianos à "mobilização pacífica até que se consiga o objetivo democrático da declaração do segundo turno eleitoral".

Uma missão de observadores da OEA já recomendou que, diante da desconfiança sobre o processo eleitoral, "continua sendo uma melhor opção convocar o segundo turno".

Ainda na quarta-feira, a Conferência Episcopal Boliviana (CEB) defendeu a realização de "um segundo turno, com uma supervisão imparcial, como a melhor saída democrática para o momento em que vivemos". "Nos preocupa o risco de confrontação entre os bolivianos diante de um processo eleitoral que, apesar do comportamento exemplar dos eleitores, perdeu a credibilidade pelas irregularidades", destacaram os bispos.

Faltando menos de 2% dos votos para a conclusão da apuração, Evo se declarou "quase seguramente" vencedor da eleição. "Estou quase certíssimo de que, com os votos de áreas rurais, vamos vencer no primeiro turno", disse o presidente.

O site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostrava às 2h07 desta quinta-feira (3h07 em Brasília) que Evo tinha 46,32% dos votos válidos, contra 37,08% para o ex-presidente Mesa, pouco mais de nove pontos de diferença. Evo vencerá no primeiro turno se obtiver ao menos 10 pontos de vantagem sobre Mesa.

O ministro da Justiça, Héctor Arce, declarou que é preciso esperar o resultado oficial final do TSE antes de qualquer decisão, pois convocar o segundo turno diretamente "seria ignorar" a Constituição, "o que é pior que ignorar a vontade popular".

Pressão

Uma greve geral indefinida começou na quarta-feira. Grupos leais e opositores ao presidente entraram em confronto na cidade de Santa Cruz. Evo denunciou que "está em processo um golpe de Estado", em aparente referência aos protestos e à greve indefinida. "Quero que o povo boliviano saiba que até agora suportamos humildemente para evitar a violência e não entramos em confronto", disse.

As declarações foram acompanhadas por seu aliado venezuelano Nicolás Maduro, que afirmou: "é um golpe de Estado anunciado, cantado e, posso dizer, derrotado. O povo boliviano derrotará a violência".

Mesa, por sua vez, pediu "a mobilização permanente" de forma "democrática e pacífica" em defesa do voto, até que o tribunal eleitoral "reconheça que o segundo turno deve ser realizado". "Não vamos permitir que nos roubem uma eleição pela segunda vez", acrescentou, referindo-se ao resultado de um referendo que não foi reconhecido por Evo para se candidatar a um quarto mandato.

A greve convocada por um coletivo de organizações civis dos nove departamentos do país começou a tomar corpo em Santa Cruz, onde manifestantes queimaram parte da sede do tribunal eleitoral na noite de terça-feira. A greve também avança na rica região mineradora de Potosí e em outras áreas.

Prisões

Um juiz da Bolívia determinou na quarta a prisão preventiva de seis acusados de incendiar uma sede do tribunal eleitoral do país durante os protestos contra a suposta fraude na apuração de votos.

Os seis detidos são suspeitos de ter ateado fogo na sede do órgão eleitoral na região de Pando, na Amazônia boliviana, segundo a Promotoria-Geral do Estado da Bolívia. Eles serão acusados pelos crimes de roubo agravado, destruição e deterioração de bens do Estado, associação criminosa e instigação pública para delinquir.

De acordo com os procuradores, o grupo levou "paus, pedras, foguetes e outros objetos" para atacar o escritório do órgão eleitoral em Cobre, capital de Pando. Eles teriam, segundo o Ministério Público da Bolívia, invadido o local, roubado computadores e destruído três veículos.

A Polícia Nacional da Bolívia deteve 25 pessoas. Mais tarde, 16 delas foram libertadas pela Justiça porque os promotores não conseguiram provar que havia vínculo entre elas e os fatos registrados na sede do órgão.

Três das pessoas detidas eram menores de idade e foram levadas a um juizado especial. Os outros seis tiveram a prisão preventiva decretada por um juiz boliviano. (Com agências internacionais).

O presidente boliviano Evo Morales disse nesta quarta-feira que seus oponentes estão tentando encenar um golpe contra ele, à medida que crescem os protestos sobre o resultado da eleição presidencial que ele afirma ter vencido.

As suspeitas de fraude eleitoral começaram quando autoridades pararam abruptamente de divulgar os resultados da contagem rápida dos votos, horas depois que as pesquisas mostravam Morales à frente dos outros oito candidatos, mas vários pontos percentuais aquém do necessário para evitar um segundo turno, que seria inédito em seus quase 14 anos no poder.

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O presidente, no entanto, reivindicou uma vitória definitiva na noite de domingo, dizendo aos apoiadores que os votos a serem contados - principalmente das áreas rurais, onde ele é mais popular - seriam suficientes para dar a vitória direta a ele.

O adversário de Morales, Carlos Mesa, alegou fraude e os observadores internacionais da eleição expressaram preocupação com a inexplicável diferença de um dia no relatório de resultados.

Autoridades bolivianas disseram, nesta quarta-feira, que a contagem foi interrompida novamente porque houve ataques a centros de contagem de votos em três regiões, impedindo a tabulação final dos resultados.

"Quero denunciar diante do povo boliviano e do mundo inteiro: um golpe de Estado está em andamento, mas quero dizer que já sabíamos anteriormente. "A direita preparou um golpe de Estado com apoio internacional", disse Morales em entrevista coletiva, em La Paz. Ele não especificou de onde vem o suposto apoio internacional ao golpe, mas costuma se opor ao imperialismo dos Estados Unidos na América Latina.

Os observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) pediram explicações. A União Europeia e a Organização das Nações Unidas expressaram preocupação e pediram calma. Os Estados Unidos e o Brasil, entre outros, também mostraram preocupação.

Em Caracas, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, demonstrou apoio ao seu aliado boliviano. "É um golpe de Estado predito, cantado e, pode-se dizer, derrotado", afirmou Maduro. Fonte: Associated Press.

Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) se reuniu nesta manhã para debater a situação das eleições presidenciais da Bolívia.

Responsável pelo departamento para observação eleitoral da OEA, Gerardo de Icaza afirmou que vários princípios que regem uma eleição democrática foram violados e que, diante da margem apertada indicada até agora nas urnas, a melhor opção é assegurar um segundo turno eleitoral.

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"Toda eleição deve ser regida pelos princípios de certeza, legalidade, transparência, equidade, independência e imparcialidade. A Missão verificou que vários desses princípios foram violados por diferentes causas ao longo deste processo eleitoral", afirmou Icaza.

Protestos contra o presidente Evo Morales e a Justiça eleitoral da Bolívia se espalharam pelo país e a comunidade internacional aumentou as críticas à condução da apuração dos votos.

Com 97% das urnas apuradas, Evo tem uma margem de pouco mais de nove pontos porcentuais sobre o seu maior opositor, Carlos Mesa. Se a diferença passar de dez pontos porcentuais, Morales ganharia ainda no primeiro turno.

"Devido ao contexto e aos problemas evidenciados neste processo eleitoral, continuaria sendo a melhor opção convocar um segundo turno", afirmou Icaza nesta quarta-feira.

Ele afirmou ainda que a renúncia do vice-presidente da Corte eleitoral da Bolívia, Antonio José Costas Sitic, é "particularmente alarmante". Ao deixar o cargo, na terça-feira, Sitic classificou como "irracional" a decisão de suspender a publicação dos resultados preliminares da eleição e disse que a medida resultou no descrédito de todo o processo eleitoral.

A renúncia, segundo a missão de observação da OEA, "enfraquece ainda mais a institucionalidade" do processo eleitoral. "O clima de polarização, a desconfiança do juiz do processo eleitoral e a falta de transparência gerou alta tensão política e social", afirmou Icaza.

Verificação dos votos

A OEA realizará uma auditoria no resultado do primeiro turno eleitoral. A análise da integridade eleitoral foi solicitada pelo governo Evo, depois de a organização subir o tom nos comunicados sobre a situação do país e anunciar a convocatória para a reunião do Conselho Permanente.

Em carta enviada ao secretário-geral da OEA, Luis Almagro, a Bolívia solicitou que, o mais rapidamente possível, a organização estabelecesse uma comissão que faça uma auditoria em todo o processo de contagem oficial dos votos das eleições de 20 de outubro.

A sessão do Conselho Permanente da OEA, que se reuniu nesta quarta-feira em Washington, foi convocada pelas delegações do Brasil, Canadá, Estados Unidos e Venezuela - representada pela oposição a Maduro no órgão.

"Nos preocupa o quadro de questionamentos e incertezas que levanta dúvidas fundadas sobre credibilidade e transparência do processo eleitoral na Bolívia. Fazemos eco às preocupações manifestadas pela missão de observação da OEA, sobretudo à mudança de ritmo e tendência na divulgação dos resultados, a interrupção imprevista da contagem de votos e a falta de respostas das autoridades bolivianas", afirmou o embaixador do Brasil na OEA, Fernando Simas, durante a sessão.

O Brasil disse apoiar plenamente os termos estipulados por Almagro na carta de resposta ao governo boliviano sobre a realização da auditoria. Almagro estabeleceu que a auditoria teria caráter vinculante às partes envolvidas no processo.

Enquanto o conselho se reunia, um grupo protestava contra Evo Morales na porta da sede da OEA, em Washington. O representante do governo boliviano na sessão afirmou que solicitou que a reunião fosse adiada, para que o chanceler tivesse tempo hábil de chegar aos Estados Unidos para fazer uma explicação mais alongada sobre a situação do processo eleitoral.

O chanceler, Diego Pary, deve estar em Washington na quinta-feira. Uma das explicações dadas na sessão da OEA pelo governo boliviano para a interrupção da transmissão dos resultados parciais é o fato de existirem áreas rurais sem acesso a internet, onde era necessário deslocamento para continuação da transmissão dos resultados.

O presidente boliviano Evo Morales denunciou nesta quarta-feira que um "golpe de Estado" promovido pelos setores de direita está em andamento e disse que executará medidas para defender a democracia, no momento em que os resultados das eleições confirmarem sua vitória.

"Um golpe de Estado está em andamento. Quero que o povo boliviano saiba que até agora humildemente sofremos para evitar a violência e não entramos em confronto", disse o presidente em comunicado à imprensa.

Além disso, Morales declarou ter certeza de que vencerá o pleito no primeiro turno. "Estou quase certo de que, com os votos nas áreas rurais, venceremos no primeiro turno", disse o atual presidente que busca seu quarto mandato consecutivo.

Morales apareceu diante da mídia pela primeira vez desde as eleições de domingo e fez declarações no momento em que se inicia uma greve nacional que pede um segundo turno com o adversário Carlos Mesa.

Na terça-feira, centenas de opositores enfrentaram a polícia no centro de La Paz, perto da sede do OEP, aos gritos de "fraude".

Morales registrava na quarta-feira 46,4% dos votos, contra 37,07% de Mesa, após a apuração de 95% dos votos válidos, uma leve queda na vantagem do chefe de Estado.

De acordo com os resultados das eleições presidenciais de domingo, publicados pelo site do Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP) da Bolívia, Morales, que tenta o quarto mandato, foi o candidato mais votado.

A Constituição boliviana estipula que um candidato a presidente consegue a eleição no primeiro turno se conquistar 50% mais um dos votos ou se superar a barreira de 40% e registrar 10 pontos de vantagem para o segundo colocado.

No momento, a vantagem de Morales para Mesa é inferior a 10%, o que significa que deve ser realizado um segundo turno.

O presidente Evo Morales ficou muito perto de conquistar a reeleição no primeiro turno na Bolívia, mas seu rival Carlos Mesa denunciou uma fraude, em meio a protestos violentos após a divulgação de uma surpreendente mudança de tendência na apuração dos votos em favor do atual governante.

A missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) manifestou "preocupação e surpresa" com a mudança "drástica" na contagem dos votos - que permaneceu suspensa por 20 horas após o fim da votação no domingo -, depois a tendência inicial antecipava o segundo turno.

Após a guinada inesperada e a denúncia da oposição, milhares de pessoas protestaram em cinco das nove regiões da Bolívia. Os incidentes mais graves foram os incêndios em centros eleitorais de Sucre (sudeste) e Potosí (sudoeste).

Uma multidão enfurecida incendiou a fachada da sede do Tribunal Eleitoral de Sucre, a capital administrativa boliviana, aos gritos de "fraude".

Um protesto similar foi registrado na sede eleitoral de Potosí.

A oposição também protestou e entrou em conflito com a polícia em Oruro (sul), Cochabamba (centro) e La Paz, enquanto simpatizantes do governo reivindicavam a reeleição do presidente, de 59 anos, no primeiro turno.

Alguns sectores da oposição defenderam uma "rebelião" em caso de vitória de Morales no primeiro turno, em um clima de grande suspeita.

A A apuração rápida de atas (TREP), retomada no fim da tarde de segunda-feira, mostrou de modo surpreendente Morales com 46,87% dos votos e Mesa com 36,73%, após a apuração de 95,30% das urnas, o que significa que o presidente está muito próximo de evitar o segundo turno com o principal rival.

Um clima de suspeita domina a Bolívia desde que o Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP) suspendeu a apuração na noite de domingo.

"Não vamos reconhecer estes resultados, que são parte de uma fraude consumada de maneira vergonhosa e que está colocando a sociedade boliviana em uma situação de tensão desnecessária", declarou Mesa a meios de comunicação de Santa Cruz, no leste do país.

Em um comunicado, a missão de observadores da OEA expressou sua "profunda preocupação e surpresa pela mudança drástica e difícil de justificar na tendência dos resultados preliminares conhecidos após o fechamento das urnas".

Mesa, que presidiu o país entre 2003 e 2005, denunciou algumas horas antes aos observadores da OEA que o organismo eleitoral "interrompeu arbitrariamente" a contagem dos votos e repetiu que acredita no segundo turno.

O OEP suspendeu a divulgação da apuração no domingo, após um único boletim da contagem rápida de 84% das atas que mostrava 45,28% para Morales e 38,16% para Mesa, resultado que antecipava o segundo turno em 15 de dezembro.

Segundo a Constituição boliviana, para vencer no primeiro turno o candidato deve obter mais de 50% dos votos votos válidos ou aos menos 40% com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado.

Diversos países, incluindo Estados Unidos, Argentina, Brasil e Colômbia, também manifestaração preocupação com a situação na Bolívia.

Os resultados parciais na Bolívia estão a ponto de confirmar nesta terça-feira (22) a vitória do presidente Evo Morales em primeiro turno nas eleições, mas a oposição denuncia fraude e protesta nas ruas do país, enquanto os observadores internacionais questionam a repentina vantagem do chefe de Estado.

Após uma segunda-feira (21) violenta, quando manifestantes atearam fogo em urnas de votação e sedes eleitorais, a oposição, sindicatos, organizações empresariais e cidadãos organizavam novos protestos para esta terça-feira.

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As mobilizações nas ruas começaram quando as autoridades eleitorais, sem explicação alguma, retomaram na noite de segunda-feira a recontagem de votos que foi interrompida no dia anterior.

A recontagem rápida (TREP - Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares) deu a Evo 46,87% dos votos e a seu rival, Carlos Mesa, 36,73%, com cerca de 95,30% das urnas apuradas.

Segundo a lei boliviana, um candidato vence no primeiro turno se obtiver 50% mais um dos votos ou superar os 40% com dez pontos porcentuais de diferença do segundo colocado.

Para esta terça, a mobilização deve ser maior e mais organizada. O sindicato de médicos, que manteve greve de mais de um mês por reivindicações trabalhistas, anunciou ações em todo o país.

Fernando Camacho, presidente do poderoso Comité Pro-Santa Cruz, um coletivo que reúne de empresários a associações de bairros, pediu um "bloqueio do país".

A influente plataforma civil Conade, que agrupa comitês cívicos bolivianos, anunciou também uma "resistência civil" ante a possível vitória de Evo. O líder Waldo Albarracín, que recebeu um golpe na cabeça durante uma briga de rua com oficiais, denunciou uma "fraude monumental" e convocou "o povo a ficar em alerta".

Ante o clima de violência, a Igreja Católica pediu "paz e serenidade" e pressionou o tribunal eleitoral do país "a cumprir com seu dever de árbitro imparcial".

Suspeitas de fraude

O Tribunal Eleitoral da Bolívia retomou nesta segunda-feira, 21, a apuração preliminar e indicou uma vitória de Evo Morales no primeiro turno. A contagem havia sido interrompida no domingo (20), sem explicação, provocando suspeitas de fraude e reclamações de opositores e da Organização dos Estados Americanos (OEA). O anúncio desencadeou confrontos em La Paz.

Com o anúncio, milhares de pessoas ocuparam as ruas nas principais cidades do país. Em Sucre, uma multidão enfurecida incendiou a fachada da sede do tribunal eleitoral da cidade, fazendo a polícia de choque recuar, e ocupaou o prédio, segundo o jornal Correo del Sur. Em Oruro, no sul do país, centenas de jovens tentaram ocupar a sede do tribunal eleitoral, mas foram dispersados pela polícia, revelou o portal Doble Impacto.

Em Cochabamba, na região central, os manifestantes romperam o perímetro de isolamento do local de apuração, mas foram contidos pela polícia, informou o Opinión.

Em La Paz, grupos de opositores protestavam nas ruas e acusavam o tribunal eleitoral de fraudar a apuração para beneficiar Morales, enquanto partidários do presidente comemoravam sua reeleição no primeiro turno.

Os resultados preliminares TREP são um procedimento estatístico criado para tentar prever o resultado das eleições. O TSE havia suspendido a contagem com o argumento de que a apuração oficial havia começado e não fazia sentido investir tempo na apuração provisória.

Na noite de domingo, um primeiro boletim da contagem rápida, com 84% dos votos apurados pelo TREP, dava 45,28% a Evo e 38,16% a Mesa, mas o escrutínio foi paralisado até a tarde desta segunda-feira, provocando protestos de Mesa e dos observadores da OEA. Além disso, países como Brasil, Argentina e Estados Unidos pediram a reativação do TREP.

Mesa disse mais cedo nesta segunda que os resultados do TREP garantiriam um segundo turno contra Evo em dezembro, e denunciou que a situação, em cumplicidade com o TSE, estava tentando manipular os votos. Por este motivo, convocou militantes e a população a se mobilizarem para que seja respeitada a vontade popular.

Na segunda, após quase 24 horas de silêncio, o órgão leu o novo boletim dentro do hotel Radisson Plaza. Imediatamente, lá fora, militantes do partido de Mesa, Comunidad Ciudadana (CC), gritavam "Fraude, Fraude!", enquanto os governistas respondiam gritando "Assassinos! Assassinos!!"

'Resistência democrática'

A polícia foi obrigada a usar gás lacrimogêneo para conter os manifestantes. Enquanto isso, Mesa assegurou que não reconhecerá os resultados e convocou os bolivianos para uma "resistência democrática". O opositor disse que o resultado foi "uma fraude escandalosa" e "uma vergonha".

"Não aceitaremos essa votação. Foi um resultado arranjado", disse Mesa, que criticou a paralisação e pediu uma mobilização popular para exigir transparência. "Quero denunciar que o governo está tentando evitar um segundo turno."

A oposição garante que apurações independentes mostravam um resultado diferente. "A partir de todas as contagens rápidas independentes, estamos no segundo turno com uma diferença inferior a 5 pontos porcentuais. O que está acontecendo é grave, ao ponto de observadores da OEA fazerem um alerta, perguntando por que a recontagem tinha sido interrompida. Não podemos aceitar que se manipule um resultado que nos leva ao segundo turno, que deve ser realizado de qualquer maneira", disse Mesa.

O que aumentou a suspeita de fraude foi a paralisação de quase 24 horas na apuração preliminar, quando parecia que a eleição seria definida no segundo turno. O presidente, há 14 anos no poder, nunca disputou um segundo turno. Hoje, o governo da Bolívia aceitou uma missão de acompanhamento da apuração de observadores da Organização dos Estados Americanos.

A missão "rechaçou" a interrupção da apuração de votos na região de Potosí, no sudoeste da Bolívia, onde foram registrados protestos contra o órgão eleitoral diante dos temores de fraude em benefício de Evo.

Os protestos obrigaram o Tribunal Departamental a suspender a apuração de votos na cidade, e veículos de comunicação locais revelaram que policiais se deslocavam da vizinha Sucre a Potosí, sem que o governo tenha confirmado ou informado as razões deste deslocamento.

"A Missão de Observação Eleitoral da #OEAnaBolivia rejeita a interrupção da contagem definitiva no Tribunal Eleitoral Departamental (TED) de Potosí e faz um apelo a que se retome para dar certeza à cidadania. Urgimos que estes processos se realizem de forma pacífica", destacou a organização no Twitter.

O tuíte foi publicado horas depois de o Ministério das Relações Exteriores informar, pela mesma rede social, que o chanceler Diego Pary e os observadores da OEA "acordaram estabelecer uma equipe de acompanhamento permanente no processo de contagem oficial de votos".

A missão da OEA celebrou uma reunião "com o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) e transmitiu-lhe a necessidade de manter informada a cidadania sobre os passos seguintes na entrega dos resultados". (Com agências internacionais).

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