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Cristãos do mundo inteiro se preparam para celebrar a Páscoa de uma maneira sem precedentes, como os judeus e a Pessach, devido ao confinamento que os priva de igrejas, templos e sinagogas.

- Pessach -

Para a Páscoa judaica, que começa na quarta-feira à noite (e termina em 16 de abril), as famílias são convidadas a ser reunirem apenas em casa.

É para "se proteger", explica em Nova York à AFP Yigel Niasoff, que ficará em sua casa no Brooklyn com sua esposa e filhos, mas sem sua mãe, ou os sogros.

"Pessach confinado, Pessach seguro", diz o rabino francês Haim Korsia.

Ele questiona, porém: "É possível ignorar a regra geral de não usar eletricidade? Um aplicativo de videoconferência pode ser usado excepcionalmente, pelo menos durante o jantar?".

Em Jerusalém, 14 rabinos emitiram uma opinião favorável, argumentando que se trata de estar em contato com os "anciãos". Já o rabino-chefe de Israel se opõe, defendendo que não se pode "profanar um feriado".

Na França, onde vive a maior comunidade judaica da Europa, Haim Korsia concorda que "a regra não pode ser revogada".

- Páscoa católica e protestante -

A Semana Santa que acaba de começar e continua com o "Tríduo Pascal" (Quinta-feira Santa, Sexta-feira da Paixão e Domingo de Páscoa) também é muito especial.

Em muitas dioceses ao redor do mundo, os ofícios serão realizados a portas fechadas. Este será o caso no Vaticano, onde o papa Francisco celebrou a Missa de Ramos na Basílica de São Pedro, deserta.

Todas as celebrações litúrgicas serão realizadas sem os fiéis, incluindo as bênçãos Urbi e Orbi na Praça de São Pedro no domingo.

Em Iztapalapa, leste do México, a procissão muito popular da representação da Paixão de Cristo ocorrerá sem público.

Canais de televisão e a Internet servirão de suporte para acompanhar os ofícios. A missa pronunciada pelo arcebispo de Sevilha (sul da Espanha) poderá ser vista por 120.000 pessoas, segundo autoridades religiosas.

O Patriarcado Latino de Jerusalém pediu aos fiéis que orassem em casa, conectados às redes.

A "Páscoa em privacidade" também será observada no Marrocos, com missas no Facebook.

No culto protestante, propostas para leituras bíblicas, meditações e cultos são regularmente divulgadas.

A Igreja Anglicana da África do Sul fez recomendações em um manual de instruções, incluindo "identificar um lugar para orar" e comer "peixe marinado na sexta-feira".

Também na África do Sul, a igreja cristã de Sião (evangélica) adiou sua peregrinação anual à província de Limpopo, a maior reunião de cristãos da África Austral.

- Semana Santa ortodoxa -

Respeitando o calendário juliano, esta festa ocorrerá em 19 de abril. Também neste caso, os serviços serão realizados em igrejas fechadas e serão transmitidos por vários meios de comunicação, decidiu o patriarcado greco-ortodoxo de Antioquia.

O mesmo acontecerá na Grécia, onde o governo teme que as pessoas nas áreas rurais e nas ilhas não respeitem as restrições.

"Certamente celebraremos a Páscoa, embora não seja possível ir à igreja", disse na Rússia o metropolita Ilarion, um dignitário religioso.

Na Grécia, na Síria e no Líbano, se as circunstâncias permitirem, as autoridades religiosas esperam poder reunir os fiéis nas igrejas em 27 de maio, dia que marca o fim da Páscoa.

A Áustria planeja suspender de maneira progressiva a partir de 14 de abril as restrições em vigor para lutar contra o novo coronavírus, começando pela reabertura do pequenos comércios e, de acordo com um calendário, de diversas atividades, um cronograma de vários meses, anunciou o governo.

"O objetivo é que a partir de 14 de abril comece a reabertura dos pequenos estabelecimentos comerciais de até 400 metros quadrados, tudo sob rígidas condições de segurança", afirmou o chanceler Sebastian Kurz em uma entrevista coletiva, na qual pediu que população mantenha a "grande disciplina".

"Nosso objetivo é uma retomada por etapas", completou o chefe de Governo austríaco.

Ele explicou que os estabelecimentos comerciais maiores devem reabrir as portas no dia 1 de maio. Em meados do próximo mês será a vez dos hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos do setor de serviços.

Kurz recordou que as restrições contra a COVID-19 permanecem em vigor na Áustria e pediu aos compatriotas que não celebrem a Páscoa com pessoas fora de casa.

As escolas permanecerão fechadas até meados de maio e os eventos públicos continuarão proibidos até o fim de junho, completou Kurz.

Se a epidemia retornar ou piorar, o governo "sempre tem a possibilidade de ativar o freio de emergência" para reintroduzir as restrições, advertiu o chanceler.

A Áustria, com 8,8 milhões de habitantes, registra 12.058 infecções confirmadas, com 204 mortes.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fez um apelo mundial para pedir proteção às mulheres em suas próprias casas, no momento em que as medidas de confinamento provocadas pela pandemia de COVID-19 exacerbam a violência de gênero e nas famílias

"A violência não se limita ao campo de batalha", disse em um vídeo em inglês, com legendas em francês, árabe, espanhol, chinês e russo, em uma referência a seu recente apelo por um cessar-fogo em todas as zonas de conflito para um combate mais eficiente contra a doença.

Para muitas mulheres e meninas, a ameaça é maior justamente onde deveria estar mais seguras. Em suas próprias casas. Assim, hoje faço um novo apelo à paz nos lares de todo o mundo", afirmou o secretário-geral da ONU.

"Nas últimas semanas, com o aumento das pressões econômicas e sociais e do medo, observamos um chocante aumento global da violência doméstica", completou Guterres.

"Peço a todos os governos que a prevenção e a reparação nos casos de violência contra as mulheres sejam um parte vital de seus planos nacionais de resposta contra a COVID-19.

Guterres exigiu especialmente a implementação de "sistemas de alerta de emergência em farmácias e supermercados", os únicos estabelecimentos comerciais que permanecem abertos em muitos países.

"Devemos garantir que as mulheres possam pedir ajuda de maneira segura, sem que aqueles que as maltratam percebam", insistiu.

Metade da população mundial está confinada em suas casas, devido às medidas implementadas pelos governos para frear a pandemia do coronavírus.

Desta maneira, muitas mulheres estão presas dentro de casa com seus agressores e o fenômeno poderia afetar todos os países, destacou a ONU.

Nos Estados Unidos, por exemplo, várias cidades registraram um aumento nos casos de violência doméstica. Na Índia, o número de casos dobrou durante a primeira semana de restrições de movimento, segundo a Comissão Nacional para a Mulher.

"Juntos podemos e devemos prevenir a violência em todas as partes, das zonas de guerra às residências das pessoas, enquanto trabalhamos para vencer a COVID-19", completou Guterres.

A secretária Especial de Cultura do governo federal, Regina Duarte, compartilhou em seu Instagram, neste domingo (5), um vídeo do deputado Osmar Terra. O conteúdo vai de encontro às recomendações do Ministério da Saúde no que diz respeito ao combate à Covid-19, uma vez que Terra, em seu discurso, critica o confinamento das pessoas. Por outro lado, especialistas e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) defendem que o isolamento social é uma das principais formas de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

“Algumas medidas que estão sendo propostas, entre elas o confinamento das pessoas em geral, não têm efeito prático nenhum. As epidemias, quando elas aparecem, com diagnósticos e casos comprovados, já estão se disseminando. Quando aparecem os primeiros casos comprovados, já tem milhares de pessoas contaminadas pelo vírus”, disse o deputado no vídeo postado por Regina Duarte.

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A posição de Terra dividiu opiniões. “Mandetta tem razão, fiquem em casa”, escreveu um internauta em defesa das orientações do ministro da Saúde para que a população mantenha o isolamento social. Outro usuário criticou concordou com Osmar Terra: “Bom ouvir esse relato”.

A Santa Sé anunciou nesta sexta-feira que as medidas de confinamento decididas para evitar a propagação do coronavírus no Vaticano foram estendidas até 13 de abril, como na Itália.

Em uma breve declaração, a assessoria de imprensa do Vaticano confirma a medida "em coordenação com as medidas adotadas pelas autoridades italianas em 1º de abril de 2020".

No dia anterior, o Vaticano confirmou o sétimo caso de coronavírus, a maioria funcionários que trabalham nas entidades e ministérios da Santa Sé.

Para coibir a disseminação do vírus no Vaticano, onde residem cerca de 500 pessoas, foram adotadas as mesmas medidas que na Itália, e o teletrabalho e turnos foram promovidos para proteger a saúde dos funcionários.

Por seu lado, o papa está há um mês cercado por um "cordão sanitário anti-contágio", que o acompanha em todos os seus deslocamentos.

Francisco parou de comer na sala comunal da residência Santa Marta, onde mora no Vaticano, e o faz em seu apartamento, e as pessoas que estão em contato com ele têm produtos desinfetantes.

O papa concelebrará com apenas dois prelados os ritos da primeira Semana Santa (de 5 a 12 de abril) sem fiéis da história moderna, segundo fontes da imprensa italiana.

O cardeal Angelo Comastri, arcipreste da Basílica de São Pedro e o arcebispo Vittorio Lanzani, delegado da fábrica de São Pedro, concelebrarão com Francisco e serão as únicas pessoas que poderão acompanhar o papa em todas as cerimônias, de acordo com o vaticanista Francesco Grana no Twitter.

O papa teve que se adaptar à situação e agora está se dirigindo aos fiéis por vídeo: ele celebra a missa diária da pequena capela da residência de Santa Marta ou fala de sua biblioteca particular no Palácio Apostólico, onde recebe poucas pessoas e se mantém sempre a distância.

O Vaticano especificou que todos os ritos da Semana Santa ocorrerão na Basílica de São Pedro, no altar, com exceção da Via Crucis da Sexta-feira Santa, que ocorrerá na esplanada da basílica.

A missa do Crisma não será celebrada em 9 de abril e será adiada para uma data posterior.

Um dos momentos mais importantes da tradição católica, que recorda a morte de Jesus na cruz, acontecerá pela primeira vez sem a presença dos fiéis e sem a tradicional lavagem dos pés.

Quando o confinamento terminar, é quase inevitável que ganhemos alguns quilos a mais, dizem os especialistas, embora também acreditem que estar em casa seja uma oportunidade de ouro para começar a cozinhar.

"Não sei se sairemos melhores dessa experiência, mas ficaremos mais gordos", alerta a nutricionista Béatrice de Reynal, para quem é necessário agir sem demora... comendo menos.

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"Todos vamos passar por isso", acrescenta Julian Mercier, consultor de culinária em esporte e saúde. "Mesmo eu, costumo recorrer ao chocolate em vez de uma maçã. Isso pode nos fazer mal", comenta.

O estilo de vida sedentário, a atividade física reduzida a quase nada e a proximidade com a geladeira e suas tentações são um coquetel explosivo para a silhueta, uma situação sem precedentes em um período tão longo.

"Nós já tínhamos medo de uma escassez [por causa do consumo desenfreado] durante a Guerra do Golfo, ou nos períodos em que as pessoas ficavam em casa após atentados, mas as pessoas tinham que ir trabalhar. Agora, temos uma parte da população que não trabalha e não se move", ressalta o diretor do Centro de Pesquisa Francês para Estudo e Observação das Condições de Vida (Credoc), Pascale Hébel.

- Comer menos -

A questão do ganho de peso é principalmente matemática: na ausência de quase qualquer atividade física, um adulto gasta de 200 a 400 a menos calorias por dia, diz a nutricionista Jennifer Aubert. Daí a necessidade de reduzir porções e continuar em movimento.

O período atual também cria muito estresse - medo da morte e da doença, problemas financeiros -, e a comida serve como refúgio. E, "passando tanto tempo em casa, é fácil comer mais do que deveria", diz a Fundação Britânica de Nutrição.

As condições de vida, o isolamento e o confinamento familiar também afetam a maneira como comemos.

"Para quem tem filhos, para evitar preocupações, é mais fácil fazer macarrão à bolonhesa, que todo mundo gosta, em vez de lutar para fazê-los comer espinafre", diz Mercier.

Outro parâmetro é o fato de que nem todo mundo cozinha, explica Hébel, além da falta de um bom espaço para cozinhar em algumas casas.

Daí uma tendência já observada em recorrer a pratos preparados, que desapareceram das lojas no início do confinamento, imediatamente após o macarrão e o arroz.

Que recomendações os especialistas dão para evitar peso extra na balança? Todos concordam: organizar o dia e os horários das refeições para evitar comer a qualquer hora, fazer atividade física e cozinhar o máximo possível.

- Comida caseira -

O contexto também pode ajudar, afirma Jennifer Aubert. "Você não pode sair, por isso há menos brechas e também mais tempo para praticar esportes em casa", acrescenta.

Como resultado, muitos perdem peso desde o início do confinamento, assegura.

Para o chef confeiteiro francês Cyril Lignac, que organiza durante o confinamento um programa muito popular na televisão - o "Tous en cuisine" -, esse período de confinamento também é uma oportunidade de "comer de forma saudável e equilibrada".

"Entre todas as filmagens em que como doces, os restaurantes em que provo pratos, ou a preparação de meus bolos, aproveito a oportunidade para cozinhar em casa e comer levemente, sem muito açúcar", admite à AFP.

"Entendo que nos sentimos à vontade em casa: assistimos à televisão, lemos livros e gostamos de comer alguma coisa, principalmente eu. Mas gosto muito da ideia de fazer as coisas em casa (...) Esse período é uma oportunidade para ensinar crianças e adolescentes a cozinhar coisas simples", insiste.

O Google publicará a partir desta sexta-feira estatísticas procedentes dos dados de localização de seus usuários em todo o mundo, para ajudar os poderes públicos a avaliar a eficácia das medidas de distanciamento social contra a COVID-19.

Os dados, disponíveis em site que pode ser acessado em 131 países, revelarão as "tendências gerais de movimentação no tempo e por zona geográfica, em diferentes categorias de locais, como espaços de lazer, áreas de alimentação, farmácias, parques, pontos de transporte, centros de trabalho e residências", informa um artigo publicado em um blog da empresa americana.

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"Mostraremos as tendências durante várias semanas, sob a forma de aumento ou redução do percentual de visitas", afirma o artigo assinado pela diretora de produtos geográficos do Google, Jen Fitzpatrick, e a diretora médica do Google Health, Karen DeSalvo.

"Esperamos que os relatórios ajudem na tomada de decisões sobre a forma de gerir a pandemia de COVID-19", destaca o texto.

"Para proteger a vida privada das pessoas, nenhuma informação pessoalmente identificável, como a localização, os contatos ou os movimentos de uma pessoa, será disponibilizada", garante a gigante da tecnologia.

Para impedir qualquer tentativa de identificação de uma pessoa no conjunto de dados, a empresa implementou uma técnica estatística chamada "confidencialidade diferencial" que agrega "ruído" aos dados brutos, conservando ao mesmo tempo as estatísticas reais.

Recentemente foram lançados diferentes projetos tecnológicos no mundo para lutar contra a epidemia, em especial com o uso dos dados de localização das operadoras de telecomunicações para prever a propagação do vírus e traçar o percurso das pessoas enfermas. Também foram criados aplicativos para alertar os usuários sobre a aproximação de pessoas contaminadas.

 A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, prorrogou para 19 de abril o fim das medidas de confinamento no país por conta da pandemia do novo coronavírus.

Com isso, as restrições à circulação no país irão - inicialmente - além das proibições adotadas na Itália, previstas para terminar no dia 13. "Uma pandemia não sabe o que é feriado", disse Merkel em reunião com governadores, segundo a agência DPA. "A dinâmica da difusão do coronavírus na Alemanha ainda é muito alta, devemos fazer de tudo para impedir uma velocidade de contágio excessiva e garantir a operacionalidade de nosso sistema sanitário", afirma o decreto do governo.

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O país tem mais de 73 mil casos do novo coronavírus e 821 mortos. Na Europa, a Alemanha está atrás em números absolutos apenas da Itália (105,8 mil casos e 12,4 mil óbitos) e da Espanha (102 mil casos e 9 mil óbitos).

Em uma coletiva de imprensa, Merkel acrescentou que só será possível ter uma ideia melhor sobre a duração definitiva das medidas de confinamento depois da Páscoa. 

Da Ansa

O ministro da Saúde da Itália, Roberto Speranza, confirmou nesta quarta-feira (1º) que as medidas de confinamento, previstas para terminar em 3 de abril, serão prorrogadas até o dia 13, que cai na segunda-feira após a Páscoa, feriado no país.

    No início da semana, Speranza já havia indicado que as restrições impostas devido à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) seriam estendidas ao menos até a Páscoa, mas, nesta quarta, em audiência no Senado, anunciou oficialmente a data de 13 de abril.

"A decisão do governo é de prorrogar até 13 de abril todas as medidas de limitação às atividades e aos deslocamentos individuais adotadas até o momento", disse. Desde o dia 10 de março, os cidadãos da Itália só podem sair de casa por comprovados motivos de trabalho, saúde ou familiares, para comprar alimentos ou para praticar exercícios físicos, desde que seja individualmente e nos arredores da própria residência.

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Além disso, o governo decretou na semana passada o fechamento de todas as atividades produtivas que não sejam estratégicas para o país. A curva de contágios da pandemia do novo coronavírus vem desacelerando na Itália, que já registra 105.792 casos e 12.428 mortes.

As autoridades sanitárias locais dizem que o país atingiu o "pico" das infecções, mas explicam que este se mostrará na forma de um "platô", ou seja, a curva de contágios ainda levará um tempo para começar a cair.

    A prorrogação das medidas de confinamento deve ser formalizada por um novo decreto do primeiro-ministro Giuseppe Conte.

Da Ansa

A Itália, o país mais atingido no mundo pela pandemia do novo coronavírus, decidiu nesta segunda-feira (30) manter o confinamento até o próximo 12 de abril, apesar dos sinais de melhora com a diminuição do número de infectados.

As medidas de confinamento para os 60 milhões de italianos que estavam vigentes até a última sexta-feira foram prolongadas até o domingo de Páscoa, no dia 12 de abril, anunciou o ministro da Saúde, Roberto Speranza.

A decisão foi tomada pelo comitê científico que assessora o governo, informou o ministro.

"As medidas estão dando resultados", reconheceu Silvio Brusaferro, diretor do Instituto Superior da Saúde (ISS).

"Devemos respeitar as diretrizes do governo e prestar muita atenção ao isolamento dos positivos e dos seus familiares", insistiu.

Por sua vez, o governador da Lombardia, Attilio Fontana, a região mais castigada da pandemia, teme que a população comece a relaxar.

"Infelizmente, tenho visto mais pessoas e carros nas ruas, como se já não tivessem que respeitar as regras", lamentou, durante uma coletiva de imprensa.

Segundo as autoridades, muitas medidas deverão ser mantidas "por muitos meses", inclusive quando a incidência do vírus tiver caído, porque o risco de que se propague de novo é "muito alto".

Uma luz de esperança foi percebida nesta segunda quando os serviços de Proteção Civil comunicaram o balanço do dia. O aumento dos infectados foi de 4%, frente aos 8,3% de alguns dias.

O número de falecidos, no entanto, chegou a 812 nas últimas 24 horas, o que aumenta o número total de mortes por coronavírus na Itália para 11.500.

Pela primeira vez desde o início da pandemia, o número de pessoas infectadas na Lombardia diminui e passou de 25.392 para 25.006.

Essa tendência deverá se repetir para ser considerada de fato uma tendência.

Além disso, o número de pessoas que se recuperaram desde o domingo, um total de 1.590, nunca foi tão alto.

"Esperamos alcançar o pico em sete ou dez sias, logo, os contágios diminuirão", explicou nesta segunda o vice-ministro da Saúde, Pierpaolo Sileri.

"Na Lombardia percebe-se uma diminuição do número de casos e principalmente da demanda pelas emergências e pedidos de ambulância. Há como uma mudança, é um sinal de que o grande esforço que estamos fazendo, funciona", ressaltou Giulio Gallera, assessor da Saúde na Lombardia.

Os moscovitas ficarão sob rigoroso confinamento a partir de segunda-feira, anunciou o prefeito da capital russa neste domingo, à medida que crescem os casos do novo coronavírus.

Os moradores de Moscou só poderão sair de casa devido a uma emergência médica, trabalhar, se necessário, comprar mantimentos ou farmácias, disse o prefeito Sergéi Sobyanin em comunicado.

O anúncio de Sobyanin se soma às medidas já aplicadas em âmbito nacional. Desde quinta-feira os idosos são proibidos de sair de casa e desde sábado os restaurantes e lojas estão fechadas.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também pediu aos russos que fiquem em casa na quarta-feira e decretou uma semana de folga remunerada aos trabalhadores.

Como parte de sua luta para impedir o Covid-19, a Rússia fechará completamente suas fronteiras a partir de segunda-feira.

A Europa teme que o confinamento imposto às famílias para coibir a disseminação do novo coronavírus aumente os casos de violência doméstica.

De Paris a Berlim, passando por Madri, Roma ou Bratislava, as associações alertam para o fenômeno desde que a Europa se tornou, depois da China, o epicentro da pandemia.

"Para muitos, o lar não é mais um lugar seguro", diz a federação alemã de centrais de aconselhamento e chamadas de emergência para mulheres.

O estresse associado ao isolamento social exacerba as tensões e aumenta "a ameaça de violência doméstica e sexual para mulheres e crianças", alerta a federação.

Além do confinamento familiar forçado, preocupações relacionadas à perda de emprego ou dificuldades financeiras causadas pela crise são propícias a conflitos. "Isso aumenta a tensão nos lares", declara Florence Claudepierre, responsável pelos pais de estudantes de uma região no leste da França, uma das mais afetadas pela pandemia.

Ela cita testemunhos de "pais que estão desmoronando, que não conseguem mais lidar" em famílias geralmente sem problemas.

Na China, foco da epidemia, emergindo lentamente de uma quarentena de várias semanas, a associação de direitos das mulheres de Weiping relata que a violência contra as mulheres triplicou.

Na Espanha, o país europeu mais afetado pelo vírus depois da Itália, uma mãe de dois filhos, com 35 anos, foi morta por seu parceiro na semana passada.

Vários centros de emergência europeus indicam que os pedidos de ajuda estão diminuindo, o que é um mau sinal.

Para crianças, adolescentes ou mulheres vítimas de violência - psicológica ou física - a atual situação de confinamento significa "estar continuamente disponível" para a pessoa responsável por esses atos, destaca a federação alemã.

"Quem vê e ouve hoje crianças abusadas e confinadas?", questiona Rainer Rettinger, que dirige uma associação alemã para a proteção de crianças.

"Agora a violência também está confinada. E é isso que tememos", concorda em Paris a presidente da Voix de l'Enfant (A voz da criança), Martine Brousse.

Os governos que gastam bilhões de euros em economia e saúde "nunca devem perder de vista a necessidade de garantir igualdade e direitos humanos fundamentais", disse recentemente Béatrice Fresko-Rolfo, relatora geral de violência contra as mulheres na assembleia parlamentar do Conselho da Europa.

Atualmente, as associações enfrentam uma dupla dificuldade: prestar ajuda adequada às vítimas à distância, uma vez que os assistentes sociais também devem recorrer ao teletrabalho, e garantir às vítimas um local seguro, quando há poucos lugares nos abrigos.

"Há mulheres que ligam dizendo que há violência em suas casas e perguntam: 'Para onde eu posso ir?'", relata Canan Gullu, da Federação das Associações de Mulheres da Turquia.

Na Alemanha, a ministra da Família, Franziska Giffey, instou os municípios a organizarem abrigos alternativos, enquanto a vizinha Áustria garante um lugar nos centros femininos ou a exclusão do membro violento de famílias confinadas.

Em países onde o confinamento é muito rigoroso, como na Itália, as vítimas são isentas das formalidades em vigor se quiserem ir para os centros de acolhimento.

"A situação atual é sem precedentes", resume Adriana Havasova, psicóloga na Bratislava, enquanto espera que o confinamento seja limitado a duas a três semanas.

Se durar muito mais tempo, "não consigo imaginar o quanto a violência doméstica poderá aumentar", alerta.

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Diante da situação emergencial provocada pela pandemia do Coronavírus (Covid-19), muitas pessoas idosas têm desobedecido à recomendação de entidades internacionais e nacionais, para que se mantenham no isolamento social e não saiam de casa, salvo em casos excepcionais ou de extrema necessidade, quando não houver ninguém para auxiliá-las.

O Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência Contra a Pessoa Idosa (CIAPPI), órgão ligado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), informa que este tipo de atitude configura a violação de autonegligência. Não há punição para os casos, mas o Centro alerta aos familiares para que tentem pacificamente orientar essa camada da população.

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Caso haja uma resistência em não acatar a orientação, o programa informa que os familiares e amigos busquem a ajuda de psicólogos ou assistentes sociais, de preferência nas residências, os quais farão uma escuta humanizada com a pessoa idosa, buscando auxiliar na conscientização. O CIAPPI recomenda, ainda, que os parentes fortaleçam os vínculos de afeto e se aproximem das pessoas idosas nesse momento de isolamento social, para que não se sintam sozinhas.

Também é essencial que reforcem os cuidados e chamem à atenção dos entes, esclarecendo-os de todos os riscos aos quais ficarão expostos ao sair de casa. “Estamos passando por um momento delicado, que exige cuidados especiais à pessoa idosa. Daqui a pouco tudo isso irá passar, mas, agora, é preciso rigor, é preciso cuidar de si e ficar em casa” explica o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico.

Denúncias: Mesmo diante da pandemia do Coronavírus (Covid-19), o CIAPPI continua atuando. Denúncias de qualquer tipo de violação contra uma pessoa idosa podem ser feitas através dos telefones 3182-7649 / 3182-7607, no horário das 9h às 13h, ou no e-mail ciappi2016@gmail.com.

 

Mais de 3 bilhões de pessoas estavam nesta quarta-feira sob medidas de confinamento ao redor do mundo para conter a propagação do novo coronavírus, que, segundo a ONU, ameaça a humanidade.

Um total de 450 mil casos da doença foram declarados oficialmente no planeta, e a cifra de mortos superava 20.600, a maioria na Europa, segundo um balanço feito pela AFP.

A Espanha se somou à Itália ao superar o número de mortos da China, e os Estados Unidos são o país onde o contágio avança mais rapidamente.

A pandemia de coronavírus "ameaça toda a humanidade", disse nesta quarta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres, lançando um plano de resposta global que vai até dezembro e que inclui doações de até US$ 2 bilhões.

Os mercados de ações se recuperaram em nível global e os preços do petróleo subiram, ante a expectativa de que o Congresso americano aprove um pacote histórico de estímulo de 2 trilhões de dólares.

Com mais de 60 mil casos confirmados, os Estados Unidos são o terceiro país em número de infectados, atrás da China e Itália. O presidente Donald Trump espera que o país possa se reativar em meados de abril, mas parece estar sozinho entre os líderes mundiais.

Cerca de 40% dos 7,8 bilhões de habitantes do planeta foram convocados a permanecer em casa. A maioria dos países e territórios, entre eles Índia, Argentina, França, Itália e Reino Unido, bem como muitos estados americanos, impuseram medidas de confinamento obrigatórias. O Panamá foi o mais recente a se somar a esta lista.

Outros países anunciaram toque de recolher, como Chile e Equador, bem como quarentenas e outras recomendações de distanciamento de pessoas. A França anunciou o lançamento da operação militar Resiliência para contribuir com a luta contra a pandemia.

Na Rússia, o presidente Vladimir Putin decretou feriado na próxima semana e propôs uma votação sobre reformas constitucionais polêmicas.

As principais economias do G20 farão uma videoconferência de emergência amanhã para discutir uma resposta global para a crise, bem como os 27 líderes da União Europeia, novo epicentro da pandemia.

Na China, as restrições drásticas impostas por vários meses na província de Hubei, primeiro foco da pandemia, foram levantadas hoje. Não foi detectado nenhum caso de contágio local em 24 horas naquele país, mas foram registrados 47 casos "importados" do exterior.

Com mais de 3.400 mortos, a Espanha se tornou hoje o segundo país com mais vítimas fatais do novo coronavírus, à frente da China, com a qual fechou um contrato de 432 milhões de euros para adquirir material sanitário.

A situação na capital espanhola piorou tanto que uma pista de gelo foi transformada em necrotério e o Exército está desinfetando os lares de idosos.

A Itália, onde o número de doentes desacelerava, continua sendo o país mais afetado pela pandemia, com 7.503 mortos, 683 nas últimas 24 horas.

Espanha e Itália se uniram à França e a outros seis países da UE para pedir à Alemanha e Holanda que permitam a emissão de bônus europeus para estabilizar a economia da eurozona.

- Príncipe Charles infectado -

O número de doentes também aumentou no Oriente Médio, onde mais de 2 mil pessoas já morreram no Irã, e na África, onde o Mali registrou o primeiro caso e vários países anunciaram estado de emergência.

No Reino Unido, o príncipe Charles, 71, infectou-se, e, segundo um comunicado oficial, "permanece com boa saúde". No Japão, o governador de Tóquio alertou para uma possível explosão de infectados neste fim de semana.

A Colômbia, terceiro país mais populoso da América Latina, iniciou um confinamento obrigatório de 19 dias para conter o avanço da doença, para a qual não há tratamento.

Já o presidente Jair Bolsonaro fez um chamado para "manter os empregos e preservar o sustento das famílias". No Brasil, as deficiências no sistema de saúde, a pobreza e as condições insalubres em que vive boa parte da população ameaçam agravar a epidemia na maior economia da América Latina.

Na próxima sexta-feira (27), Victor Almeida, 20 anos, aterriza em Brasília depois de uma breve temporada na Itália. A mãe e o pai já organizaram como será o retorno e como o jovem cumprirá as orientações sanitárias para proteger parentes, amigos e a população do Distrito Federal em geral. Apesar da saudade, ele sabe que não poderá abraçar os pais. Apesar de jovem e expansivo, sabe que terá de ficar recolhido de quarentena devido à pandemia de coronavírus.

Voltar em março não estava nos planos do rapaz, que cursa o 7º semestre de administração na Universidade de Brasília (UnB). Victor foi selecionado para fazer intercâmbio de seis meses na Universidade de Parma, na região da Lombardia, norte da Itália, onde o novo coronavírus passou a ameaçar o lado ocidental do planeta.

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Apesar do azar de estar no lugar certo para se qualificar profissionalmente - mas na hora errada, Victor retorna para casa sereno. “A expectativa é de voltar agora para a minha rotina. É triste! Era um sonho para mim, não quer dizer que não vá acontecer depois.” Ele se conforma, mas não deixa de lamentar. “Essa é minha primeira vez na Europa. É a primeira vez que moro sozinho, me planejei muito para isso. Eu abri mão de muitas coisas para estar aqui. É muito ruim depois de apenas dois meses.”

Victor chegou em Parma no dia 2 de fevereiro. No dia seguinte, uma segunda-feira, começou a ter aula. Passados 20 dias, no sábado de carnaval, foi informado, via rede social, que as atividades acadêmicas seriam interrompidas pelos próximos dias. “Coronavirus: I’Universitá di Parma sospende le ativività didattiche”, disse a mensagem, em italiano, via Instagram com foto da fachada de um dos prédios da universidade fundada no século 11.

A decisão de voltar para o Brasil não foi imediata. Novos adiamentos das aulas ocorreram e os cursos presenciais se tornaram a distância. Num quarto de apartamento, Victor tocou os estudos, se inscreveu em pequenos cursos, se impôs uma rotina de exercícios físicos entre quatro paredes. Fez “tudo para aproveitar o tempo” e foi percebendo que tão cedo “a situação não vai voltar ao normal”.

Apesar de sentir-se “seguro” e de “não ter ficado com medo de morrer”, o estudante passou a ponderar, “mas se pegar a doença? E tiver de ficar em casa? Não poder sair? Ou não poder voltar para o Brasil?”

Rotina de quarentena

O universitário, junto com os pais, decidiu pelo retorno. Opção que não teve o adolescente secundarista, Bernardo Griesinger, de 17 anos. Ele voltou do interior da Holanda para Brasília no dia 18 de março, antecipando em quatro meses o retorno que só deveria ocorrer no fim de julho.

Bernardo viajou em agosto do ano passado pela AFS Intercultura Brasil, uma organização não governamental global com mais de 70 anos de funcionamento– a sigla AFS é do antigo American Field Service. Por causa da covid-19, a instituição decidiu encerrar o programa de intercâmbio da temporada 2019-2020 para jovens do mundo todo.

“Ele estava lá sem ter aula”, conta a administradora Angelica Griesinger, mãe de Bernardo. Angelica pôs o filho de quarentena no quarto de casa, isolou o banheiro social do apartamento para uso exclusivo do filho. Jovens na mesma faixa etária de Bernardo no mundo todo estão voltando para casa. Enquanto o filho estava fora, Angelica recebia pela AFS um estudante da mesma idade, que regressou para a sua cidade na Hungria.

O desenlace tranquilizou a mãe, mas trouxe uma série de dúvidas do dia a dia sobre como lidar com isolamento do filho dentro de casa. Em sua opinião, falta detalhamento de como manipular objetos, cuidar da louça e da roupa do filho, que não apresentou sintomas associados ao novo coronavírus.

Os jovens Julia Lozzi (22), estudante de design, e Victor Landim (23), do curso de engenharia da computação, ambos da UnB, não querem antecipar as voltas previstas para setembro e agosto, respectivamente. Ela está em Roma, sul da Itália, estagiando no World Food Programme (programa de alimentos das Nações Unidas). Ele está no sul de Portugal fazendo curso na Universidade do Algarve.

“Eu não estou muito afetado com essa situação, a minha vida segue normal. Eu estudo e trabalho. Só não saio de casa”, descreve Victor Landim que, além das aulas a distância, trabalha remotamente com o desenvolvimento de aplicativos.

Julia diz ter “perfil mais caseiro e introvertido” e está tranquila fazendo home office. Começou a trabalhar depois do carnaval (26). Poucos dias depois recebeu a mensagem que deveria ficar de quarentena no seu apartamento, durante o período de 8 de março a 3 de abril e fazer teletrabalho.

“Não é problema ficar em casa. Os problemas são as situações que a gente não controla. O que me deixa ansiosa são as incertezas. De quanto tempo isso vai durar, de como vai chegar ao Brasil. A gente vê as notícias e é realmente desanimador”, desabafa Julia, cujo pai tem mais de 70 anos.

As notícias do Brasil também preocupam a aluna de comunicação organizacional, da mesma UnB, Beatriz Roscoe (21), que está fazendo intercâmbio na Universidade de Navarra, em Pamplona, na Espanha. “Acho que as coisas vão ficar piores aí do que aqui. O momento é de incerteza.” Em princípio, a estudante volta no final do ano, mas se preocupa com custo elevado das despesas em euro para os pais e com a saúde de toda a família.

Otimismo e esperança

Além de Beatriz Roscoe, Julia Lozzi, Victor Landim, e Victor Almeida, a UnB tinha 120 estudantes de graduação no exterior. França, Espanha, Portugal e Itália eram os principais destinos. Segundo a assessoria de comunicação da universidade, desse total, seis alunos já voltaram ou estão com passagem marcada.

A UnB tem indicado aos graduandos que estão no exterior que sigam a orientação das universidades de destino. Se optarem por retornar ao Brasil, devem informar aos cursos originais para reabrir a matrícula. A UnB criou um grupo em rede social para dar apoio aos alunos que estão fora do país. Nesta segunda-feira (23), o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UnB suspendeu o primeiro semestre letivo da universidade.

A crise provocada pelo coronavírus assusta até quem está há mais de 30 anos no mercado de cursos no exterior e intercâmbios. “Eu nunca vi isso antes”, disse Maura Leão, que fez intercâmbio para os Estados Unidos durante as guerras do Vietnã e do Iraque e hoje preside a associação de operadoras de intercâmbio Belta (sigla em inglês de Brazilian Educational & Language Travel Association), que reúne quase 50 empresas (com total de 600 pontos) em todo o país (75% do mercado).

O segmento, que cresceu regularmente nos últimos anos, sendo mais de 5% no ano passado, poderá sofrer em 2020. A atividade que já penava com a elevação do dólar e com a depreciação do real viu o cenário piorar com o alastramento do coronavírus. “Não temos como fugir dessa flutuação cambial”, disse Maura, que aguarda melhoria do quadro epidemiológico no verão do hemisfério norte (a partir de junho). “Temos que ter esperança. Nem é otimismo.”

Para a presidente da Belta, a atividade de intercâmbio será retomada em algum momento, pois é realização particular de muitas pessoas e uma demanda para qualificação e de empregabilidade. “Eu acredito que as pessoas vão ser melhores, quanto mais estiverem expostas a outras culturas.”

A lista de países que decidem confinar seus cidadãos cresce a cada dia, o último deles foi o Reino Unido nesta segunda-feira (23), mas apesar de haver mais de 1,8 bilhão de pessoas no mundo submetidas a uma gigantesca quarentena, a pandemia do coronavírus continua matando e avançando.

"A partir desta noite, devo dar aos britânicos uma instrução muito simples: devem ficar em casa", anunciou nesta segunda o primeiro-ministro, Boris Johnson, confinando o país por pelo menos três semanas para tentar conter o novo coronavírus, após 335 mortes e 6.650 casos confirmados, embora os possíveis infectados se estimem em pelo menos 55.000.

A pandemia "acelera" mas é possível "mudar sua trajetória", disse nesta segunda o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pedindo mais exames de diagnóstico e mais quarentenas para contê-la.

O novo coronavírus provocou mais de 16 mil mortes no mundo desde que surgiu em dezembro passado na China, mais de 10 mil delas na Europa, segundo cálculos feitos pela AFP com base em números oficiais.

Além disso, mais de 360 mil pessoas foram infectadas, segundo os casos diagnosticados, embora a cifra real seja, sem dúvida, muito mais elevada.

A pandemia não respeita fronteiras. Do outro lado do Atlântico, o balanço aumentou tragicamente nas últimas horas nos Estados Unidos e é grande a preocupação em Nova York.

"Avança tão rápido...", pensava em voz alta o prefeito da cidade, Bill de Blasio, que pediu urgentemente "centenares de respiradores" e "milhões de máscaras" para salvar as vidas de pessoas que têm saúde mais delicada.

Nova York tem até agora 12.300 casos diagnosticados e 99 mortos. Está longe dos 6.000 mortos registrados na Itália, um espelho no qual ninguém quer se refletir, mas poderia "se aproximar" daquela realidade, segundo as autoridades sanitárias americanas.

Na Itália foram registrados 600 mortos nas últimas 24 horas, um balanço desolador, mas inferior aos registrados no sábado e no domingo. O país se agarra a estes dados e quer acreditar que pode ser o início do recuo da pandemia.

"Ainda não é o momento de cantar vitória, mas vemos uma luz no fim do túnel", comentou com um sorriso tímido Giulio Gallera, encarregado de Saúde do governo regional da Lombardia (norte).

- Pista de patinação no gelo vira necrotério -

Em Itália, França e outros países do mundo foram decretadas medidas mais estritas para o confinamento da população, com o convencimento de que são o melhor antídoto contra a pandemia.

Quem não respeitar as restrições é punido, multado e em alguns países, preso.

"Chega!", disse o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, nesta segunda, indignado com a falta de civismo de alguns de seus compatriotas.

O mesmo ocorreu na Bolívia, onde as autoridades mostraram-se preocupadas ao ver que os cidadãos continuavam saindo às ruas quase normalmente apesar da quarentena decretada.

"Se os bolivianos não levarmos isto a sério, o que vai nos matar não será o vírus, mas a estupidez", disse o ministro boliviano de Obras Públicas, Iván Arias.

Na Espanha, o segundo país mais afetado da Europa pela COVID-19 depois da Itália, a epidemia não recua e o número de mortos já passa dos dois mil. Deste total, 462 foram registrados nas últimas 24 horas o dia mais letal desde o início da epidemia. O governo repete que os dias mais difíceis ainda estão por vir.

"Parece que vai abrandando progressivamente o aumento de casos que vemos a cada dia. No entanto, ainda não temos certeza de ter chegado ao pico", disse o diretor de emergência sanitária, Fernando Simón.

As autoridades transformaram uma pista de patinação no gelo de um shopping center de Madri em um necrotério para armazenar corpos de falecidos por causa do novo coronavírus. Por outro lado, a ministra da Defesa, Margarita Robles, anunciou que o Exército tinha encontrado em casas de idosos "idosos absolutamente abandonados, quando não mortos em suas camas".

- "Silenciem as armas" -

De Nova York, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo nesta segunda "a um cessar-fogo imediato e global" para preservar os civis dos países em conflito durante a pandemia do novo coronavírus.

"A fúria do vírus revela claramente que a guerra é uma loucura", ressaltou, sem citar nenhum país em particular.

A Síria reportou o primeiro caso de COVID-19 em um país que já sofreu dez anos de uma guerra brutal e foram registrados contágios em outros locais conflituosos como a República Democrática do Congo e o Afeganistão.

"Silenciem as armas; detenham a artilharia; ponham fim aos ataques aéreos", pediu Guterres.

Um a um, os países parecem se render às evidências: esta crise sanitária será longa e a primeira vacina, segundo os grandes grupos farmacêuticos, não estará disponível antes de 12 a 18 meses.

Enquanto isso, o remédio mais eficaz parece ser lavar as mãos com água e sabão e manter distância dos demais, dois requisitos complicados nos locais mais pobres do mundo.

"Nos dizem que temos que lavar as mãos o tempo todo, mas como podemos fazê-lo se falta água corrente o tempo todo?", perguntava Vania Ribero, encarregada de uma associação de uma comunidade no Rio de Janeiro.

Na África, outra causa de preocupação para os especialista sanitários, a pandemia ainda não causou estragos, mas a cada dia mais países anunciam casos ou mortes por coronavírus. Nesta segunda, a África do Sul decretou três semanas de confinamento e países como Senegal e Costa do Marfim impuseram toque de recolher e decretaram estado de emergência.

Na China, para prevenir uma segunda onda de contágios por casos "importados" (39 só nesta segunda), os passageiros de voos internacionais com destino a Pequim terão que fazer uma escala prévia em outra cidade chinesa para se submeterem a exames.

- Isolamentos, quarentenas e toques de recolher na América Latina -

Na América Latina, onde há 4.900 infectados e 65 mortos, segundo dados da AFP, muitos países impuseram restrições severas à circulação. Cuba decidiu isolar todos os turistas em hotéis e o México anunciou o fechamento, a partir de hoje, de museus, teatros, cinemas e zonas arqueológicas.

Brasil e Uruguai acordaram fechar suas passagens terrestres por pelo menos 30 dias e o Chile começou a aplicar toque de recolher noturno, somando-se a medidas similares adotadas em Bolívia, Peru e Equador.

Na Venezuela, a luta contra a pandemia virou batalha política e o presidente Nicolás Maduro e o opositor Juan Guaidó se enfrentaram por causa das cifras de pessoas infectadas no país.

Nos Estados Unidos, apesar do aumento de casos - 573 mortos e 41.000 infectados - os democratas e os republicanos do Senado não conseguiram chegar a um acordo no domingo sobre um plano de incentivos, que pretendia mobilizar quase 2 trilhões de dólares para ajudar a economia.

Consequentemente, a grande maioria dos mercados operaram em baixa nesta segunda-feira.

Nesta segunda, os países da União Europeia (UE) deram sinal verde à proposta da Comissão Europeia (braço executivo do bloco) de suspender as regras de disciplina orçamentária para permitir aos governos aumentar seus gastos públicos para enfrentar o novo coronavírus.

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, advertiu que o dano econômico do coronavírus para a economia mundial poderia provocar uma "recessão pelo menos tão ruim" quanto a da crise financeira de 2009.

Por fim, a pandemia poderia levar ao adiamento dos Jogos Olímpicos, previstos para julho no Japão, uma possibilidade que, em vista da situação, parece um fato, mas que não foi oficializada ainda pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

burs-bl/erl/mvv

As medidas de contenção estão aumentando na América Latina, onde quase todas as fronteiras terrestres já estão fechadas, na esperança de conter a propagação da epidemia de coronavírus. De acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais, a América Latina possui 3.760 casos de contaminação, incluindo 45 mortes. O Brasil, com seus 210 milhões de habitantes, é o país mais afetado, registrando 1.128 casos, incluindo 18 mortes.

Depois da Venezuela - o primeiro país latino-americano a decretar uma contenção geral a partir de 17 de março - e a Argentina confinada desde sexta-feira, a Bolívia entrou em quarentena obrigatória neste domingo, seguida na terça-feira pela Colômbia.

"Temos que ficar em casa 24 horas por dia" porque "esse é o caminho para derrotar o coronavírus", disse a presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, enquanto o país contabiliza 19 casos de coronavírus, sem nenhuma morte.

Outra consequência para o país andino, abalado desde o final de outubro por uma grave crise pós-eleitoral, o adiamento sine die das eleições gerais de 3 de maio, que permitiriam aos bolivianos escolher o sucessor do ex-presidente Evo Morales.

O referendo constitucional previsto para o final de abril no Chile, também agitado por uma grave crise social, já foi adiado para 25 de outubro.

A Colômbia, que anunciou sua primeira morte no sábado, já havia colocado em confinamento mais de 25 milhões dos 48 milhões de habitantes desde sexta-feira para testar o dispositivo. A medida será aplicada a partir de terça-feira, e até meados de abril, para toda a população. Mas, esta madrugada, houve rebeliões em várias prisões do país.

No Twitter, o presidente Iván Duque garantiu sua "determinação em garantir a tranquilidade do país e a da população privada de liberdade. Protegeremos suas vidas, mas não podemos aceitar rebeliões".

A pandemia na América Latina, onde o primeiro caso foi declarado em 26 de fevereiro no Brasil, continua seu avanço inexorável, alimentando temores sobre a capacidade dos sistemas de saúde de lidar com a propagação do vírus.

Praias movimentadas

No Brasil, onde o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro minimiza constantemente a epidemia e denunciou a "histeria" em torno da Covid-19, os governadores dos dois estados mais afetados, São Paulo e Rio de Janeiro, tomaram a iniciativa de medidas restritivas.

O estado de São Paulo, 45 milhões de habitantes, que já conta com 15 mortos, ficará em "quarentena por quinze dias entre (terça-feira), 24 de março, e até 7 de abril", anunciou o governador João Doria no sábado.

Ele explicou que a medida "implica o fechamento de todas as lojas e serviços não essenciais", incluindo bares e restaurantes, principalmente na cidade de São Paulo, de 13 milhões de habitantes e o pulmão econômico do Brasil e da região.

No estado do Rio de Janeiro, praias, bares e restaurantes já foram fechados após decisão do governador Wilson Witzel, que anunciou na sexta-feira que suspenderia as ligações terrestres, marítimas e aéreas com outros estados.

No Chile, o segundo país mais afetado, com 537 casos relatados, incluindo um octogenário que morreu no sábado, a primeira morte registrada no país, nenhuma medida oficial de quarentena foi anunciada.

Os espaços públicos foram, no entanto, esvaziados pelos moradores de Santiago, a região mais afetada pela epidemia, e as manifestações na Plaza Italia foram paralisadas.

Mas a alta frequentação das praias, a cem quilômetros de Santiago, nos últimos dias suscita a preocupação das autoridades que poderiam endurecer as restrições.

Embora quase todas as fronteiras terrestres já estejam fechadas e os voos dos países mais afetados suspensos em um número muito grande de países, vários governos também reforçaram as medidas de contenção parcial.

Na Guatemala, o toque de recolher foi declarado ou prorrogado, e o Paraguai prorrogou a suspensão das aulas e de todos os eventos culturais e esportivos até meados de abril.

A crise também perturba o cenário político: no Equador, o segundo país a registrar o maior número de mortes (7) na região, atrás do Brasil, os ministros da Saúde e do Trabalho renunciaram neste fim de semana.

A primeira, Catalina Andramuño, deixou o cargo devido a divergências sobre o orçamento destinado à luta contra a epidemia.

Seu colega do Trabalho, Andrés Madero, deu positivo para o vírus, disse em sua carta de despedida.

Famílias que desistem de ir ao funeral de seus entes queridos, multas por ter participado de uma procissão fúnebre, enterros em vídeo... diante do coronavírus, muitos europeus confinados não podem mais prestar uma última homenagem ao falecido.

"Relutantemente, desisti com minha irmã de ao ir ao funeral", explica Emmanuelle Caradec, que vive em Paris e cuja avó morreu em Nantes, 400 quilômetros a oeste.

Porque, além das restrições de viagem, a França limita a 20 o número de pessoas que acompanham o falecido no cemitério ou crematório.

"O que vou dizer é terrível de ouvir (...) precisamos limitar os deslocamentos o máximo possível e, mesmo sob essa circunstância, não devemos nos desviar da regra", disse o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe.

Bênçãos rápidas ainda podem ser dadas no cemitério ou no crematório, privados de um registro de condolências pelas mesmas razões sanitárias, sem mencionar que os participantes não podem se confortar com beijos ou abraços.

Também não há exceções para as "estrelas": a família da cineasta Tonie Marshall, recentemente falecida, teve que desistir de organizar uma missa, assim como a da atriz Suzy Delair. Todas as religiões estão envolvidas, como o Islã, que tem milhões de seguidores na França.

O Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM) convida, por exemplo, a limitar "a 5 o número de pessoas presentes" nos velórios. A Itália, o primeiro país europeu a confinar sua população, foi ainda mais longe suspendendo cerimônias religiosas, "incluindo enterros".

Quarta-feira, em Bergamo, uma cidade italiana particularmente afetada pelo vírus, os carros funerários aguardavam em fila, em frente aos portões fechados do cemitério Monumental.

"Fechamos o cemitério para que as pessoas não usem o ônibus entre a cidade e o cemitério para uma despedida final de seus entes queridos", disse Giorgio Gori, prefeito da cidade. "Mas reabrimos a câmara funerária e a capela para guardar os muitos caixões", continua ele.

Somente uma bênção rápida é dada ao falecido. Na Sicília, 48 pessoas foram multadas por terem participado de uma procissão fúnebre.

Para atenuar a dor, empresas como a francesa Advitam, oferecem "serviço gratuito de transmissão de vídeo das cerimônias fúnebres para todas as famílias".

Mas essa situação atrapalha inevitavelmente o trabalho essencial do luto.

"Não nego de forma alguma os méritos das medidas, nem a urgência delas, mas não sem consequências humanas", destaca Christian de Cacqueray, funcionário francês do Serviço Funerário Católico. "O trauma de certas famílias para quem o evento será estragado será terrível".

Denis Malvy, especialista em doenças infecciosas e consultor do ministro da Saúde da França, acredita que "serão tomadas medidas para apoiar o luto e as lágrimas, é obrigatório".

"Para um familiar ou amigo, não poder acompanhar o falecido até o final pode representar um choque duradouro", confirma a psicóloga Marie-Frédérique Bacqué, professora de psicopatologia da Universidade de Estrasburgo e autora de livros de referência sobre o luto.

"A única solução é fazer uma substituição em pensamento. Acender uma vela é o símbolo mais simples e sugestivo, pensar na pessoa que amamos, instalar fotos ou flores. É o melhor enquanto aguarda para visitar o túmulo mais tarde".

Os cidadãos da Bélgica deverão permanecer em suas casas a partir do meio-dia de quarta-feira até o dia 5 de abril para conter a propagação do novo coronavírus, anunciou nesta terça-feira a primeira-ministra belga, Sophie Wilmès.

As únicas saídas permitidas serão para ir ao médico, a determinados comércios, como supermercados, ou para fazer esporte ao ar livre, informou em coletiva de imprensa Wilmès, que acompanha outros países europeus, como Itália, Espanha e França.

Entre a necessidade de se cancelar eventos culturais, devido à pandemia de coronavírus, e a de se continuar fazendo e compartilhando arte, músicos portugueses tiveram a ideia de criar um grande festival com transmissão on line. O #EuFicoEmCasaFestival começa nesta terça (17), e segue até o domingo (22), com a transmissão de apresentações musicais via Instagram. O line up do evento conta com 78 artistas que vão garantir 40 horas de música. 

Um dos objetivos do festival é tentar minimizar o impacto que a crise de saúde mundial instalada pelo coronavírus está causando na vida cultural dos profissionais de arte e dos consumidores. A ideia é transmitir concertos musicais, a partir da casa de cada um dos artistas, tanto para que estes possam continuar compartilhando seu trabalho, como para que o público possa continuar consumindo música. Outro intuito do evento é ratificar a importância de se fazer o isolamento social, uma das medidas consideradas mais relevantes no combate ao vírus. 

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Estão escalados para participar do festival 78 artistas. Até o domingo, eles vão garantir 40 horas de música. Entre os participantes, estão Bárbara Tinoco, Buba Gonçalves, Domi, Samuel Úria, Branko, Bossa AC, João Pedro Pais, The Legendary Tiger Man, Xinobi, Valas, Sara Correia e João Só. 

 

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