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O que fazer com as milhares de toneladas de batatas ou leite que não forem vendidas na Europa durante os dois meses de confinamento, em um contexto de comoção social e de ameaça de crise alimentar em alguns países do sul?

Com todos os restaurantes e cantinas fechados, parte da matéria-prima destinada a esses setores foi enviada aos supermercados, mas uma grande quantidade ainda não foi consumida, apesar do aumento nas compras de alimentos pelos confinados em casa.

Um dos casos mais emblemáticos é o das batatas: 450.000 toneladas de excedente na França, o maior exportador mundial deste tubérculo e fornecedor de gigantes industriais como o grupo canadense McCain, cujas fábricas estão localizadas no norte da França, Holanda e Bélgica.

Com a crise da Covid-19, existem "entre 3 e 4 milhões de toneladas de batatas sem processar na Bélgica, Holanda, Alemanha e França", estima o Grupo Interprofissional da Batata (GIPT).

As montanhas de batatas devem desaparecer antes da próxima colheita. Caso contrário, "existe o risco de haver depósitos silvestres... na natureza, vetores de focos infecciosos de doenças fúngicas ou contaminação por fermentação", explica à AFP Bertrand Ouillon, delegado do GIPT.

A indústria gostaria de poder redirecionar seus estoques para a fabricação de alimentos para o gado. "Se pudesse haver ajuda pública para o transporte, poderia ser de fato uma ajuda indireta aos agricultores que agora passam apuros", sugere.

- "A crise láctea na Europeia ameaça a África Ocidental" -

Na semana passada, Oxfam e uma dezena de associações de agricultores ou de solidariedade alertaram sobre os riscos de uma "grave crise" para o mercado lácteo na África Ocidental.

Isso se deve ao armazenamento de leite em pó decidido pela Comissão Europeia para aliviar os produtores de leite europeus que não sabem o que fazer com seu leite, manteiga ou queijo.

Entre 2018 e 2019, as exportações de leite em pó da UE para a África Ocidental aumentaram 19%, e agora representam 20% das exportações mundiais da UE, segundo as associações.

Os produtores de leite da África Ocidental tentam desesperadamente ampliar sua produção local para apoiar a agricultura, reduzir a emigração e combater a violência.

No entanto, surge uma solução para os milhares de hectolitros de vinho excedentes nos três principais países produtores do mundo, Itália, França e Espanha: os produtores de vinho pediram e obtiveram permissão de Bruxelas para destilar uma parte... para fabricar álcool em gel.

No terraço de um bar, dois amigos conversam sobre futebol e uma família toma um café ao sol. Depois de oito semanas confinadas, Tarragona tenta recuperar a cotidianidade com pequenos gestos que agora parecem extraordinários.

"É muito emocionante, quase como se estivéssemos inaugurando hoje", reconhece com um sorriso Raffa Olivier, proprietário da sorveteria que leva seu nome e que, pela primeira vez em dois meses, colocou suas mesas em uma grande praça em Tarragona (nordeste da Espanha).

Esta cidade mediterrânea de 135.000 habitantes, com algumas ruínas romanas declaradas Patrimônio Mundial pela Unesco, é uma das áreas da Espanha que avançou no plano de desconfinamento nesta segunda-feira, com terraços e lojas abertas e reuniões para até dez pessoas.

Mais da metade dos 47 milhões de espanhóis pôde usufruir desses privilégios nesta segunda-feira, embora cidades importantes como Madri e Barcelona, afetadas pela pandemia, ainda precisem esperar.

Na parte mais antiga de Tarragona, muitos comerciantes limpam suas lojas para receber os clientes novamente.

Os garçons montaram os terraços que, ao meio-dia, sob o sol escaldante. Cervejas e tapas, famosos tira-gostos espanhóis, são pedidos por grupos de amigos que tentam não se abraçar depois de semanas sem se verem.

"Depois de ficarmos trancados em casa por tanto tempo, estamos aqui desfrutando de uma reunião ao sol", conta Marcos Maimó, um rapaz de 29 anos que comemora a reunião com três amigos com um copo de cerveja.

- É preciso voltar a viver -

Em seu café, Raffa Olivier recebe acenos e os parabéns de muitos vizinhos, embora poucos acabem se sentando.

"Decidimos arriscar. Sabemos que nos primeiros dias os números não aumentarão, mas estamos convencidos de que temos que ir em frente", diz Olivier.

O terraço, com metade da capacidade habitual, não fica cheio. Protegido com uma máscara, Marcos Rodríguez conversa com um amigo sobre futebol e sobre o rei da Espanha, também atingido pelo coronavírus.

"Depois de tanto tempo de privação, algo rotineiro se torna extraordinário. Faz muito bem para a mente poder voltar às ruas, tomar um café com um amigo e conversar sobre futebol", diz o homem de 41 anos.

Para ele, o confinamento foi "muito difícil". Desempregado, ele mora com os pais e tentou sair somente quando era indispensável para não colocá-los em risco. Além disso, ele não poderá ver sua companheira por semanas, porque ela mora em Barcelona e levará mais tempo para sair de casa.

"Ainda há medo de pegar o vírus, de infectar as pessoas que você ama. Mas você precisa sair, viver novamente", avalia.

"As pessoas querem ir ao terraço, querem consumir, voltar a uma certa normalidade, embora não seja a mesma coisa", comemora Raffa Olivier.

Nesta nova normalidade, as mesas de dentro não são usadas e o terraço tem apenas 50% da sua capacidade, com uma grande separação entre os clientes. Os funcionários usam luvas e máscaras e o balcão é protegido por uma lâmpada de metacrilato.

Após cada serviço, os garçons desinfetam as mesas e cadeiras e os pratos são lavados em alta temperatura. Nesse "novo normal", também não há cardápios, substituídos por quadros-negros com pratos ou menus lidos com QR code.

Nem tudo é alegria nesse retorno. Na rua de paralelepípedos que leva à imponente catedral, uma das áreas mais visitadas desta cidade portuária, poucas são as lojas abertas.

A loja de souvenirs de Núria Gironès funciona, mas apenas porque ela foi verificar se tudo estava em ordem. "Não abriremos até junho. Agora não é rentável. Teremos que esperar a abertura das fronteiras, dos hotéis e as pessoas", lamenta essa mulher de 45 anos.

"Isto fazia muita falta", diz Jesús Vázquez. No primeiro dia do desconfinamento em metade da Espanha, a população voltou às ruas, e muitos retomaram o hábito de tomar uma bebida no terraço.

Depois de mais de dois meses sob um dos mais rígidos confinamentos da Europa para o coronavírus, "você valoriza ainda mais esses pequenos prazeres", disse Vázquez, um trabalhador de 51 anos que pediu um sanduíche e uma cerveja no terraço de Tarragona, na Catalunha (nordeste).

Há quatro pessoas na mesa, sentadas nos cantos para manter a devida distância. O filho dele, Alejandro, diz que está esperando o fim do dia de trabalho para reencontrar seus amigos.

Cidade costeira da Catalunha, Tarragona está incluída na metade da Espanha que foi autorizada, nesta segunda-feira, a passar para a fase 1 do desconfinamento. A previsão do governo é que esta etapa vá até o final de junho.

Madri e Barcelona, as duas maiores cidades do país e as mais atingidas pela nova epidemia de coronavírus, não conseguiram entrar na primeira fase.

A passagem de uma fase para a outra em cada região depende da evolução da epidemia, que no país deixou mais de 26.700 mortos, assim como de mostrar que seu sistema de saúde é capaz de responder a uma nova onda de contágios.

De acordo com o boletim do Ministério da Saúde divulgado hoje, nas últimas 24 horas, houve 123 mortes no país, 20 a menos do que no dia anterior, e bem abaixo do máximo registrado no início de abril de 950 em um único dia.

Com 373 novas infecções, os casos relatados de coronavírus na Espanha estão em 227.436, incluindo 48.320 profissionais de saúde, acrescenta o Ministério.

Nas áreas autorizadas a entrar na fase 1, nesta segunda, reuniões sociais de até dez pessoas são permitidas. Pequenos negócios, igrejas, museus e terraços de bares e restaurantes podem reabrir, mas com capacidade limitada.

Laia Sabaté, de 27 anos, aproveitou essas liberdades recuperadas para se encontrar com duas amigas e irem comprar um bolo de aniversário para um outro amigo.

"Fomos a uma padaria, tomamos café e pegamos um bolo para levar e fomos para a casa dele antes que ele fosse trabalhar", contou Laia, na praça da prefeitura em Tarragona.

Quando a data do casamento de Sushen Dang e Keerti Narang foi marcada, os noivos nunca imaginaram que trocariam seus votos a milhares de quilômetros um do outro e diante de aproximadamente 16.000 "convidados" virtuais, todos confinados em suas casas.

Em uma Índia famosa por seus casamentos gigantescos, o confinamento nacional deu fim às grandes recepções. Ansiosos para se casar na data que considerada um bom presságio, alguns casais optam agora pelo matrimônio por videoconferência.

"Nunca imaginamos que nosso casamento on-line seria tão grande", confessa Sushen Dang, analista de dados de 26 anos, que se casou com Keerti Narang através do aplicativo Zoom em 19 de abril.

Com turbante e túnica tradicionais, o noivo se conectou na megalópole de Bombaim, enquanto sua futura esposa, com vestes em roxo e ouro, sentou-se junto com seus pais em um salão de Bareli, cidade de Uttar Pradesh, situada a 1.200 quilômetros ao norte.

O sacerdote hindu, que comandava a cerimônia e cantava os ritos religiosos, estava de pé diante de uma fogueira em sua casa no estado de Chhattisgarh, centro da Índia.

"Uma centena de convidados se uniu à celebração pelo aplicativo (Zoom). Ao mesmo tempo, transmitimos a cerimônia no Facebook, que foi acompanhada ao vivo por mais 16.000 pessoas", comenta o noivo.

- 10 milhões de casamentos -

Houve alguns pequenos incidentes técnicos, mas o ambiente foi festivo e terminou com uma coreografia de dança bollywoodiana realizada por primos do outro lado da tela.

O confinamento nacional imposto desde o final de março para conter a propagação do coronavírus neste país de 1,3 bilhão de habitantes começou na alta temporada de casamentos.

No estado do Rajastão (oeste), 23.000 cerimônias programadas para coincidir com o festival hindu Akshaya Tritiya em 26 de abril foram canceladas, devido à pandemia.

"Pensamos: por que não sermos os pioneiros e propor casamentos on-line?", explica Adhish Zaveri, diretor de marketing do Shaadi.com, site que organizou a união de Sushen Dang e Keerti Narang.

"Um casamento provavelmente é o dia mais importante da vida de alguém e pensamos em como torná-lo mais especial e próximo a um verdadeiro", conta à AFP.

Os casamentos on-line podem se tornar uma opção barata para os casais que vão se casar em pouco tempo, em um contexto de incertezas sobre a duração e a evolução da pandemia, considera.

Shaadi.com já organizou duas cerimônias pela Internet e prepara mais dez. Os casais pagam 100.000 rupias (cerca de 1.330 dólares) por este serviço, muito distante dos enormes gastos que normalmente movem os casamentos na Índia.

Todos os convidados recebem login e senha para se conectar. Para dar um toque profissional a estas cerimônias confinadas, maquiadoras e especialistas em sari (vestido tradicional) são enviadas até a noiva. Um cantor também anima os participantes.

Kirti Agrawal, que casou na varanda com seu prometido Avinash Singh Bagri em 14 de abril, enquanto seus familiares e amigos acompanhavam a cerimônia por vídeo, aprecia o lado intimista desses casamentos on-line. E comemora do que escapou: "A família (do noivo) havia previsto uma lista de convidados de 8.000 a 10.000 pessoas", comenta ela.

A pandemia de coronavírus, que ultrapassou 300.000 casos na América Latina nesta quinta-feira (7), continua causando estragos na economia e no turismo mundial, levando vários países como a França a acelerar o fim do confinamento.

A pandemia causou mais de 268.000 mortes em todo o mundo, incluindo mais de 150.000 na Europa, onde os países mais afetados são: Reino Unido (30.615 óbitos), Itália (29.958), Espanha (26.070) e França (25.987) .

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou nesta quinta que a fase de desconfinamento que começará em 11 de maio na França será mais rigorosa em Paris, fortemente atingida pela Covid-19.

"O país está dividido em dois", descreveu Philippe. Nas áreas "vermelhas", onde fica Paris, crianças acima de 11 anos não retornam à escola, enquanto bares, restaurantes e parques serão fechados e serão necessárias máscaras nos transportes públicos durante o mês de maio, além de que será proibido viajar para mais de 100 km.

Em todo o Canal da Mancha, o governo britânico deverá suspender algumas de suas medidas de quarentena neste fim de semana

A Itália, que foi o primeiro foco europeu da epidemia, também iniciou uma tímida abertura das medidas de confinamento, e nesta quinta a Igreja Católica e o governo assinaram um acordo para a celebração das missas a partir de 18 de maio.

Na Espanha, esperando o desconfinamento, o governo diz que permanece muito vigilante.E na Grécia, a icônica Acrópole de Atenas e todos os sítios arqueológicos do país serão reabertos em 18 de maio

Ao contrário desses países europeus, a Rússia (177.000 casos e cerca de 1.600 mortos) está em pleno andamento do surto. Moscou, o foco principal, estendeu o confinamento da população na quinta-feira até 31 de maio.

- "Empobrecimento geral" -

A pandemia também foi devastadora para a economia e atingiu de forma dura o turismo.

O volume de turistas internacionais pode cair entre 60% e 80% em 2020, "a pior crise" em "um dos setores da economia que emprega mais mão-de-obra", disse o secretário-geral da Organização Mundial de Turismo (OMT), Zurab Pololikashvili.

Como muitas outras potências, o Reino Unido verá sua economia entrar em colapso a níveis sem precedentes: o Banco da Inglaterra previu nesta quinta uma queda histórica de 14% do PIB este ano.

Na França, quase meio milhão de empregos evaporaram desde o início da crise, segundo o escritório nacional de estatística, e o primeiro-ministro disse que um "empobrecimento geral" é esperado no país.

E nos Estados Unidos, o país mais afetado pela doença, com mais de 75.500 mortes, cerca de 33,5 milhões de pessoas estão desempregadas desde o início da pandemia.

No geral, "os efeitos mais devastadores e desestabilizadores serão sentidos nos países mais pobres", onde os estados não podem sequer ajudar financeiramente a população, alertou a ONU na quinta-feira, buscando levantar 4,7 bilhões dólares para "proteger milhões de vidas".

"Se não agirmos agora, teremos que nos preparar para um aumento significativo de conflitos, fome e pobreza. O espectro de várias fomes está surgindo", disse o representante do órgão, Mark Lowcock.

- Desigualdades históricas -

A América Latina e o Caribe passaram na quinta-feira dos 319.000 casos do novo coronavírus, que matou mais de 17.000 pessoas na região, de acordo com um relatório da AFP com dados oficiais.

O Brasil, com 210 milhões de habitantes, é o país que mais registra casos, com 135.106 infectados e 9.146 mortes. O Peru segue com 58.526 infecções e 1.627 falecimentos.

A mortalidade no Brasil atinge especialmente os mais pobres, principalmente a população negra. "A pandemia aprofunda as desigualdades históricas herdadas da escravidão", disse Emanuelle Goes, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro.

Esperando que o pico da pandemia seja atingido nos próximos dias em diferentes partes da região, vários países vizinhos do Brasil estão observando com preocupação a evolução da doença no gigante latino-americano, enquanto o presidente Jair Bolsonaro incentiva a população a não respeitar as medidas de distanciamento social impostas pelos governadores em diferentes estados do país.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) instou os governos a serem "cautelosos" ao facilitar as medidas de contenção e alertou que a transmissão "ainda é muito alta" no Brasil, Equador, Peru, Chile e México.

- Imigrantes detidos -

Em meio a essa complexa situação internacional, milhares de imigrantes estão presos em todo o mundo, incapazes de se mover devido ao fechamento de fronteiras e barreiras, alertaram as Nações Unidas na quinta-feira.

A situação é especialmente difícil no sudeste da Ásia, na África Oriental e na América Latina, regiões onde milhares de pessoas não conseguem retornar ao seus países de origem, explicou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Nos Estados Unidos, muitos imigrantes ilegais se recusam a ir ao hospital até o último minuto por medo de serem detidos ou receberem uma conta exorbitante.

As pessoas "têm medo de ir ao hospital por causa das políticas anti-imigração implementadas pelo governo Donald Trump desde o primeiro dia", disse Francisco Moya, legislador do Queens em Nova York.

Apesar de um forte aumento de casos de coronavírus na Nigéria, o país mais populoso da África, a maioria dos 20 milhões de habitantes de Lagos, sua capital econômica, se declararam "aliviados" de poder voltar ao trabalho após cinco semanas de confinamento rígido.

No bairro de negócios de Victoria Island, as pessoas foram até os bancos para sacar dinheiro e retomar suas atividades econômicas. Todos os comércios voltaram a abrir e os estacionamentos estavam cheios, constataram jornalistas da AFP.

"Acabamos de passar um mês de fome e dor. Agora posso voltar a ganhar dinheiro e alimentar minha família" comentou Ganiyu Ayinla, ao convidar os passageiros para subir em seu "Danfo", como são chamados os micro-ônibus amarelos de Lagos.

Policiais foram mobilizados em toda a cidade para tentar sensibilizar a multidão sobre os gestos de proteção e as regras contra o vírus adotadas pelo Estado de Lagos.

"Autorizamos somente passageiros com máscaras" explicou um policial à AFP. "A capacidade dos ônibus não deve exceder 60%, e podem circular apenas os motoristas que podem distribuir água, sabão ou álcool em gel", explica.

Mas a tarefa é imensa nesta megalópole e as forças de segurança não serão grandes o suficiente para fazer cumprir os princípios de distanciamento de pelo menos 1,5 metro imposto pelas autoridades.

Muitos se preocupam com este desconfinamento na maioria dos estados da Nigéria, mas diante da pressão social - em um país de 200 milhões de pessoas, onde 80 milhões vivem abaixo do limite da extrema pobreza - o governo federal decidiu facilitar as medidas, e impor um toque de recolher das 19h00 às 6h00 da manhã.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou os governos da África Subsaariana contra a tentação do desconfinamento, encorajada pelo fato de que grande parte de suas populações dependem do setor informal para sobreviver.

A Europa, com a Itália à frente, iniciou nesta segunda-feira (4) a flexibilização das restrições impostas a milhões de habitantes para frear a propagação do coronavírus, mas outras regiões, como a América Latina, sofrem os efeitos do combate à doença.

As autoridades italianas suavizaram o confinamento com a esperança de reativar uma economia devastada pela Covid-19.

Mas o país adota uma abertura muito prudente: sem comércio varejista, sem bares ou restaurantes - autorização apenas para vendas de refeições com retirada dos clientes -, com estímulo ao teletrabalho, a proibição de festas de família - mas com possibilidade de encontrar os parentes que vivem na mesma região -, a manutenção do distanciamento físico e social, inclusive nos transportes público, entre uma série de medidas.

O governo continua preocupado com o risco de uma segunda onda de infecções, assim como vários italianos. "As novas regras são bem mais vagas. Temo que para muitos será uma desculpa para fazer o que desejam e encontrar todo mundo, primos, namoradas...", comenta Alessandra Coletti, uma professora de 39 anos.

- Em busca de uma vacina -

O cenário deve permanecer assim, exceto em caso de confirmação das previsões do presidente dos Estados Unidos. "Acreditamos que teremos uma vacina até o fim do ano", declarou Donald Trump em um programa especial do canal Fox News no Lincoln Memorial, em Washington.

"Os médicos dirão 'você não deveria dizer isso', mas vou dizer o que penso", completou. Atualmente estão em desenvolvimento mais de 100 projetos de vacinas contra a Covid-19 ao redor do mundo, 10 deles já na fase de testes clínicos, de acordo com os dados da 'London School of Hygiene & Tropical Medicine'.

Os principais líderes europeus devem participar em um evento de arrecadação de fundos para ajudar o desenvolvimento de uma vacina e de tratamentos contra o novo coronavírus. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que organiza a grande conferência on-line, espera arrecadar 7,5 bilhões de euros.

À espera da vacina, muitos governantes se preparam para o grande desconfinamento da população. Na Espanha (mais de 25.200 mortos), os cidadãos começaram a voltar às ruas no sábado.

Em Portugal, o governo autorizou nesta segunda-feira a reabertura de pequenos estabelecimentos comerciais, salões de beleza e concessionárias de automóveis, mas as pessoas precisam usar máscaras nas ruas e nos transportes públicos.

Na França, que se aproxima de 25.000 mortes, a flexibilização do confinamento começará em 11 de maio e acontecerá por regiões. O governo anunciou que não vai impor uma quarentena aos passageiros procedentes de países da UE, do espaço Schengen ou do Reino Unido.

O fim das restrições também começou na Alemanha, com a reabertura progressiva das escolas em algumas regiões a partir desta segunda-feira. Na Áustria, as lojas das ruas comerciais de Viena retomaram as atividades no sábado, algo que também aconteceu nos países escandinavos.

Em outro sinal de normalização, o ministro alemão do Interior e dos Esportes se mostrou favorável à retomada da liga de futebol, a Bundesliga. Seria o primeiro grande campeonato europeu a dar o passo.

No leste da Europa, cafeterias e restaurantes reabrem a partir desta segunda-feira na Eslovênia e Hungria, exceto na capital Budapeste. Na Polônia, hotéis, centros comerciais, bibliotecas e alguns museus retomam as atividades.

- Mais de 246.000 mortos -

No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Jonhson prometeu um plano de desconfinamento

Desde que a pandemia surgiu em dezembro na China, mais de 3,5 milhões de casos do novo coronavírus (com 246.893 mortes) foram declarados oficialmente em todo o mundo, mais de 75% deles na Europa e Estados Unidos, de acordo com um balanço da AFP estabelecido com base em fontes oficiais até 3H00 GMT (0H00 de Brasília).

O número de casos diagnosticados reflete apenas uma parte da quantidade real de infecções, porque muitos países contabilizam apenas pessoas em estado grave. Enquanto na Europa o número de casos registra uma desaceleração, em outros países e regiões, como Rússia (1.280 falecidos) ou América Latina, não param de aumentar.

A América Latina já supera 250.000 casos e se aproxima de 15.000 mortes, em particular no Brasil, Peru e Equador, que concentram 86% das mortes na região e 77% dos casos diagnosticados.

O presidente Jair Bolsonaro reiterou diante de seguidores em Brasília o discurso contra o confinamento, no momento em que o país supera 100.000 casos e mais de 7.000 mortes.

O Brasil ocupa o nono lugar na lista mundial de pessoas infectadas. No Equador, mais de 100 municípios decidiram ampliar o confinamento ordenado pelo governo há sete semanas.

Nos Estados Unidos (mais de 67.600 mortos), apesar dos balanços diários trágicos (+1.450 vítimas fatais nas últimas 24 horas), mais de 35 dos 50 estados flexibilizaram as medidas de restrição para estimular a economia.

No programa de TV de domingo, Trump afirmou que "vamos perder "70.000, 80.00 ou 100.000 pessoas". "É horrível, não deveríamos perder nenhuma pessoa por isto".

-Washington contra Pequim-

Washington voltou a elevar o tom contra a China. "Há uma enorme quantidade de provas de que foi ali que começou", insistiu o secretário de Estado, Mike Pompeo, em referência ao laboratório de virologia de Wuhan, cidade onde foram detectados os primeiros casos.

Em Israel, alunos do ensino básico voltaram às aulas, exceto nas denominadas zonas "de risco".

Mas o desconfinamento também pode registrar recuos em caso indisciplina, como aconteceu na Argélia, onde muitas lojas que reabriram as portas há vários dias foram obrigadas a fechar no fim de semana em várias regiões devido ao descumprimento das normas de higiene e de distanciamento social.

Os espanhóis saíram para passear ou praticar esportes neste sábado (2), após 48 dias trancados em suas casas, enquanto o desconfinamento da população em outras partes da Europa e dos Estados Unidos começou com cautela, à medida que a pandemia do novo coronavírus começa a perder força.

Em Madri, perto do grande parque do Retiro, que ainda está fechado, muitos habitantes foram dar uma volta, alguns em grupos, segundo a AFP.

"Depois de tantas semanas confinado, estava louco para sair e correr e ver as pessoas. Ontem, eu parecia uma criança no Dia de Reis", disse Marcos Abeytua, um consultor financeiro de 42 anos que mora no bairro de Chueca, centro de Madri.

A Espanha planejou um confinamento progressivo, que vai até o fim de junho. Além disso, o chefe de governo, Pedro Sánchez, anunciou a obrigatoriedade do uso de máscara de proteção nos transportes públicos a partir desta segunda-feira.

"A partir de segunda, dia 4, quem for usar transporte público será obrigado a usar máscara", afirmou Sánchez, acrescentando que o governo distribuirá 6 milhões de unidades no país na própria segunda-feira e dará outros 7 milhões para prefeituras e províncias, para que sejam distribuídas.

Em outros países europeus, como Itália, França e Alemanha, os governos também vão relaxando, gradualmente, as medidas de confinamento - uma decisão que continua subordinada à evolução do número de mortos e dos casos de contágio, e que exige medidas de proteção e distanciamento social dos cidadãos. O objetivo é evitar uma segunda onda de infecções.

"A partir de segunda-feira, depende de vocês", advertiu na Itália o chefe da Defesa Civil, Domenico Arcuri, pedindo à população que "não baixe a guarda" durante a saída do confinamento.

Do dia 4 em diante, os italianos poderão passear pelos parques e visitar seus familiares, após dois meses de quarentena.

Nos Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia no mundo, os estados também estão avançando na suspensão das medidas de confinamento.

Em meio a isso, a Agência Americana de Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) aprovou com urgência um antiviral experimental, o remdesivir. Segundo a FDA, o remédio contribui para uma recuperação mais rápida dos pacientes com Covid-19.

- "Uma pequena caminhada" -

"Vou sair pela primeira vez para uma pequena caminhada", disse à AFP Amalia García Manso, 87 anos, usando máscara e luvas, enquanto descia lentamente a Calle Mayor, no centro de Madri, apoiada em sua bengala e no braço da filha.

Até então, os espanhóis podiam sair de casa apenas para ir trabalhar - caso o trabalho remoto fosse impossível -, comprar comida, ir à farmácia, ao médico ou fazer pequenos passeios com cães.

A partir de agora, os espanhóis devem respeitar faixas de horário, para evitar multidões e manter distantes crianças e idosos, que não poderão sair nos mesmos intervalos. A tarde é reservada para os menores de 14 anos, que podem sair acompanhadas por um adulto.

A suspensão das restrições está bem avançada na Alemanha, na Áustria e em países escandinavos, que continuam impondo, porém, "medidas de barreira" e distanciamento social. Enquanto isso, França e Itália se preparam para iniciar este processo em alguns dias.

Neste sábado, em Viena, o clima era de animação nas ruas, com a reabertura de todas as lojas. Já a França decidiu prorrogar o estado de emergência de saúde até 24 de julho, considerando que, antes disso, "seria prematuro".

O Reino Unido, onde o pico da pandemia foi atingido, de acordo com o primeiro-ministro, Boris Johnson, prometeu um plano de desescalada para a próxima semana. O país é o segundo mais afetado na Europa em número de mortes, depois da Itália.

No total, a nova pandemia de coronavírus causou mais de 240.000 mortes no mundo e 3,3 milhões de casos de contágio desde o seu surgimento, na China, em dezembro passado, conforme um balanço da AFP feito com base em fontes oficiais.

O país mais atingido no número de mortes ainda é os Estados Unidos, com mais de 65.000, à frente de Itália (28.710 mortos), Reino Unido (28.131), Espanha (25.100) e França (cerca de 24.600).

Com 1.222 óbitos, a Rússia anunciou um recorde de cerca de 10.000 mortos nas últimas 24 horas. Em torno de 2% dos residentes de Moscou - mais de 250.000 pessoas - sofrem da doença, disse o prefeito da capital russa, Sergey Sobianin, neste sábado, citando os resultados dos testes de detecção.

Segundo uma pesquisa internacional do Instituto Ipsos publicada hoje, os cidadãos dos países europeus mais afetados pela Covid-19 são os mais pessimistas e os menos satisfeitos com a ação de seus governos diante da crise.

De acordo com a sondagem, 62% dos franceses, 45% dos italianos e 39% dos britânicos estão insatisfeitos com a gestão da pandemia em seus países.

- "E daí?" -

Na América Latina e no Caribe, 12.197 pessoas morreram e 231.039 casos foram registrados. No Brasil, cujo presidente, Jair Bolsonaro, defende a recuperação da atividade econômica a todo custo, o pior está por vir.

Segundo estimativas do grupo de pesquisadores Covid-19 no Brasil, o país teve mais de 1,3 milhão de casos de coronavírus na quinta-feira.

Isso é entre 15 e 20 vezes mais do que os 91.500 casos confirmados até agora, no país de 210 milhões de habitantes, onde quase não existem testes e onde vivem diferentes populações vulneráveis, como povos indígenas e moradores de favelas.

O Brasil também possui o maior índice de contágio do mundo (2,8), de acordo com a Imperial College London.

Dentro e fora do país, a controvérsia também continua, após a resposta dada por Bolsonaro, na terça-feira, a uma pergunta sobre o aumento de mortes no país - então em 5.000. "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?", indagou o presidente.

Atualmente, o número de mortos no país passa de 6.300.

- "Abram a Califórnia!" -

Nos Estados Unidos, que continuam com uma média de cerca de 2.000 óbitos por dia (1.883 na sexta-feira), foi o presidente Donald Trump que anunciou o uso da droga remdesivir antiviral para pacientes graves nos hospitais americanos.

O remdesivir é um antiviral experimental de amplo espectro produzido pela empresa farmacêutica americana Gilead Sciences. Inicialmente, foi desenvolvido para tratar o Ebola, uma febre hemorrágica viral.

Desde meados de março, em meio à pandemia, os Estados Unidos registraram mais de 30 milhões de pedidos de seguro-desemprego - um recorde. Para revitalizar a economia, mais de 35 dos 50 estados do país começaram a suspender - ou estão prestes a fazê-lo - as medidas de confinamento.

O estado do Texas, por exemplo, reabriu lojas, restaurantes e bibliotecas na sexta-feira, desde que operem com 25% da capacidade.

Para exigir a suspensão do confinamento há seis semanas em vigor em seu estado, milhares de pessoas se manifestaram na Califórnia nesta sexta-feira.

"Abram a Califórnia!", gritaram perto das praias fechadas de Huntington Beach. "Todos os trabalhos são essenciais", ou "A liberdade é essencial", diziam cartazes. Também houve manifestações em Los Angeles, Nova York e Chicago.

Em Nova York, milhares de inquilinos, que temem perder suas casas após ficarem desempregados e travam uma "guerra dos aluguéis", foram às ruas.

Na China, onde quase não há mais infecções locais, começaram, ontem, as primeiras férias desde o surgimento da pandemia. Em Pequim, foi reaberta a Cidade Proibida, embora de uma maneira mais limitada do que o habitual.

Confinados em apartamentos pequenos e dominados pelo medo do coronavírus e seu impacto econômico, muitos russos estão preocupados com o retorno de um velho demônio: o alcoolismo.

"Quando me encontrei em casa sozinha, a primeira coisa que pensei foi 'ah, é um bom momento para ficar bêbada'", diz Tatiana, 50 anos, que está sóbria há quase sete anos e está confinada na região de Moscou.

"Nem todo mundo pode resistir durante o confinamento", comenta ao se conectar a uma reunião on-line dos Alcoólicos Anônimos. Desde a primeira semana de isolamento, as vendas de álcool aumentaram 65% na Rússia, de acordo com o instituto de pesquisa de mercado GFK.

Segundo uma investigação da associação Rússia Sóbria, 75% dos entrevistados compram mais álcool do que o habitual, tanto quanto nas festas de final de ano.

Esse aumento se deve em parte ao acúmulo de provisões, mas também a crenças populares perigosas: "80% dos entrevistados pensam que o álcool imuniza contra a COVID-19, quando é o contrário, reduz a imunidade e agrava as doenças crônicas", diz Sultan Khamzaev, chefe da organização Rússia Sóbria.

O consumo de álcool no país caiu mais de 40% entre 2003 e 2016, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), graças a uma campanha agressiva das autoridades.

Os russos agora bebem em média menos que os franceses ou os alemães. Os estragos do álcool, exacerbados em tempos de crise, permanecem na mente de todos.

"No confinamento, o nível de ansiedade em pacientes frágeis aumenta" e a população de risco "começa a beber" para relaxar, diz Vasili Shurov, psiquiatra especializado em vícios. Ele afirma que a clínica particular que ele administra em Moscou tem recebido uma avalanche de ligações.

Nos corredores do estabelecimento, onde todas as camas estão ocupadas ou reservadas, os pacientes vão para um quarto onde podem fumar. É o caso de um homem na casa dos trinta que chegou há três dias e garante, sob anonimato, que "é melhor assim para todos em casa".

Associações de combate à violência de gênero têm visto um aumento nas agressões desde o início do confinamento.

- "O álcool desperta o diabo" -

Embora seja muito cedo para estabelecer uma correlação com o aumento do consumo de álcool, Anna Rivina, diretora do centro "Não à violência", afirma que "o álcool desperta o diabo". Mari Davtian, advogada de direitos humanos, observa um aumento nas reclamações relacionadas ao álcool.

Como a que recebeu de Irina, uma mulher de 32 anos com um filho de dois anos, da região de Moscou: "Meu marido foi demitido, começou a beber e a bater em nós. Queria ir para a casa dos meus pais, mas ele ameaçou me denunciar às autoridades e dizer que coloco a criança em perigo saindo de casa".

O mesmo aconteceu com Ksenia, de 26 anos, e seu filho de 8 meses: "Meu marido começou a beber todos os dias e me bate por qualquer coisa. Eu não sei o que fazer, os tribunais estão fechados e eu nem consigo me divorciar", diz.

"O álcool e a pobreza aumentam a violência doméstica", afirma Aliona Popova, ativista que apoia a adoção de uma lei de emergência durante o confinamento, que descriminaliza as mulheres agredidas que fogem de casa, enquanto o deslocamento é proibido.

Enquanto isso, a Rússia Sóbria pede às autoridades que limitem a venda de álcool por pessoa ou fechem lojas especializadas.

"Um imenso trabalho foi realizado nos últimos anos. Mas agora estamos em uma situação de emergência. Corremos o risco de perder o que alcançamos se as pessoas estiverem desempregadas, deprimidas. E quando a quarentena terminar, uma longa e profunda crise econômica nos espera", diz Khamzaev.

Shurov também teme o desconfinamento: "As pessoas perderam a Páscoa, o Primeiro de Maio. E de repente poderão sair, beber (...) como se não houvesse amanhã".

Na Suíça, onde a epidemia de coronavírus perdeu força, salões de cabeleireiros, lojas de material de construção, estabelecimentos de tatuagens e consultórios médicos reabriram após seis semanas de fechamento.

Salões de beleza e floriculturas também podem abrir, e pessoas de fora da família imediata podem participar de funerais. Em várias cidades suíças, longas filas se formaram em frente às lojas de bricolagem, de acordo com a agência de notícias suíça ATS.

Assim como as lojas de alimentos já fazem, os centros de jardinagem e outros setores de atividade autorizados a reabrir nesta segunda-feira adotaram medidas para garantir o respeito do distanciamento social e condições de higiene.

Em Genebra, região suíça onde o número de casos é o mais alto em relação a sua população, os buquês de flores reapareceram.

Phillippe Wuillemin, florista, está "bastante feliz" em abrir a loja. "Mas é um novo desafio, não sabemos se vamos fazer negócios", disse à AFP.

Até o momento, vários clientes apareceram. "Todos estavam felizes, porque faz falta não ter flores em casa", comentou Wuillemin.

Como em todo o país, os cabeleireiros de Genebra se preparavam há vários dias para esse retorno.

No "Mod's hair", a equipe está ocupada, o telefone toca constantemente. "Os clientes esperavam na porta antes mesmo da abertura. Respeitamos todas as regras: dois metros entre os clientes e desinfetamos cada cadeira após cada cliente", explica a cabeleireira Ines.

Usando máscara de tecido e uma viseira de acrílico, Anita Ayma, dona do salão Anita Coiffure, marca os clientes das 7h às 19h.

Na loja, uma placa lembra: "Por favor, limpe as mãos e coloque uma máscara". "Estamos mantendo distância e não podemos cumprimentá-los com um beijo", disse Ayma à AFP.

"Estou feliz em poder trabalhar. Se não trabalharmos, estamos acabados", disse ela, acrescentando que recebia ajuda financeira das autoridades para sobreviver.

Seu cliente Sergey Ostrovsky, professor de violino na Haute École de Musique de Genève, diz que está "muito feliz" por poder voltar ao cabeleireiro, indicando que marcou hora assim que as medidas de flexibilização foram anunciadas em 16 de abril.

- Avós -

A COVID-19 já matou mais de 1.350 pessoas na Suíça, onde cerca de 29.000 apresentaram resultado positivo.

Este país alpino não confinou sua população tão estritamente quanto a França, mas escolas, restaurantes e lojas foram fechadas e qualquer reunião com mais de cinco pessoas foi proibida.

Em meados de abril, o governo suíço anunciou uma flexibilização em três etapas dessas medidas. Escolas, lojas e mercados devem poder reabrir em 11 de maio e, a partir de 8 de junho, será a vez das escolas de ensino médio e profissionalizantes, universidades, museus, bibliotecas e zoológicos.

O governo não recomenda o uso obrigatório de máscara, mas as empresas, que precisam implementar planos de proteção, estão autorizadas a fazê-lo.

Enquanto as atividades são retomadas timidamente no país, as autoridades de saúde suíças disseram nesta segunda-feira que crianças menores de 10 anos podem ter contato físico com os avós.

"As crianças praticamente não estão contaminadas e não transmitem o vírus", disse um funcionário do Escritório Federal de Saúde Pública, Daniel Koch, em entrevista coletiva.

Um estudo realizado pela empresa de tecnologia Royal Philips, em 2019, com cerca de 11.000 pessoas de 12 países revela que, apesar de 69% dos brasileiros entenderem que dormir bem tem um impacto importante sobre a saúde e o bem-estar, 36% dizem sofrer de insônia de maneira recorrente. De acordo com a pesquisa, 44% da população global sente que o seu sono piorou nos últimos cinco anos.

Para a professora do curso de Psicologia da PUCPR Câmpus Londrina, Maria Clara Godoy, a qualidade do sono depende de uma série de fatores. Eles podem ser tanto comportamentais – da rotina diária, imunidade e alimentação -, como psicológicos.

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Segundo a especialista, cada pessoa tem uma programação biológica que regula os melhores horários e a quantidade de sono esperada. Além disso, também são considerados influenciadores os fatores emocionais, como processos avaliativos, uma viagem muito esperada ou alguma situação nova.

Para Maria Clara, nesse novo cenário de isolamento social e quarentena pelo qual o país passa, há uma soma de todos esses elementos. “Estamos vivenciando uma mudança de rotina para quase 100% das pessoas, muitas pessoas trabalhando em casa, fazendo home office e por isso o dia a dia de todos está sofrendo mudanças”. Ela afirma, ainda, que fatores como o estresse gerado pelo confinamento agravam ainda mais os problemas de sono de quem já com sofria antes da quarentena.

A mudança de rotina também pode influenciar as relações interpessoais e gerar impactos na hora de dormir, de acordo com a professora. “A adaptação e a tensão do momento, aliadas à convivência constante, podem levar a problemas de relacionamento, agravamento do estresse, gerar ansiedade, e prejudicar a boa qualidade do sono”, explica.

O que fazer para solucionar o problema?

Dormir bem, além de ser fundamental para a produtividade, tem função importante para a imunidade e aprendizado. A baixa qualidade do sono está associada, a longo prazo, a doenças como hipertensão e problemas na regulação de funções biológicas. Transtornos psicológicos como ansiedade e depressão também podem ser agravados, caso o indivíduo não durma bem.

A especialista afirma que algumas atitudes diárias e mudanças de pequenos hábitos podem colaborar para manter uma rotina saudável, reduzir o impacto do estresse no sono e manter a imunidade:

   – Vitamina D: Expor-se à luz do sol pela manhã por pelo menos 10 minutos para otimizar a absorção da vitamina D;

   – Exercícios físicos: Manter uma rotina, mesmo que mínima, de exercícios físicos para melhorar a produção de endorfina e serotonina (hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar);

   – Cuidar do ambiente em que você dorme: Não trabalhar ou comer na cama, pois o corpo precisa entender que esse é um ambiente de relaxamento;

   – Alimentação balanceada: Tentar manter uma alimentação balanceada para garantir que os nutrientes cumpram com suas funções no nosso organismo;

   – Evitar bebidas estimulantes no período da noite: café, chá preto, mate e chimarrão são bebidas que estimulam o sistema nervoso por meio da cafeína, o que não é interessante para um sono regulado;

   – Evitar o uso de aparelhos eletrônicos na hora de dormir: Os aparelhos eletrônicos são inimigos do sono, pois impedem a produção de melatonina – hormônio responsável pelo relaxamento e que nos faz dormir;

   – Luz branca vs luz amarela: Dispositivos móveis, celulares e tablets, têm o que os especialistas chamam de “luz branca”. Ela afeta diretamente o sistema nervoso central, fazendo com que tenhamos a sensação de estarmos sempre “ligados”, acordados e em alerta. Por isso, a maioria dos dispositivos já possuem a configuração do modo noturno que, a partir de um certo horário, troca a luz branca pela luz amarela, promovendo a sensação de relaxamento.

Da assessoria da PUC-PR

As autoridades de Singapura anunciaram nesta terça-feira (21) que prolongarão por mais um mês o período de confinamento, que já está válido desde o início de abril e continuará até o início de junho.

A medida ocorre depois de um aumento de casos da COVID-19 na região nesta semana.

Singapura inicialmente conseguiu conter a epidemia devido a uma estratégia muito rígida no que se refere ao controle e o contato com pessoas contaminadas.

Porém, enfrenta uma segunda onda do vírus desde o início de abril, por causa dos trabalhadores migrantes.

Nesta terça-feira, as autoridades locais da Saúde registraram 1.111 novos casos de COVID-19, aumentando o total para 9.125 infectados e 11 mortes.

O confinamento durará pelo menos até 1º de junho e será reforçado. Práticas esportivas estão autorizadas somente se realizadas sozinhas, e não mais em grupos.

Não. Essa é a resposta categórica da pequena Júlia, de 6 anos, quando questionada se a mãe está sendo boa professora. A menina se divide e diz que gosta de conversar com a professora da escola por vídeo, mas que prefere fazer as atividades impressas pela mãe do que as disponíveis na plataforma online. Essa situação é vivida por muitas crianças dos anos inciais do ensino fundamental que levaram a escola para dentro de casa em meio à suspensão de aulas por causa da pandemia do novo coronavírus.

A mãe de Júlia, Daniela Gaudia, conta que as primeiras semanas de aulas a distância foram mais difíceis, até a filha entender que não estava de férias e precisava se concentrar nos estudos. A escola também ajustou melhor o conteúdo e agora, em cerca de uma hora, as duas conseguem terminar as atividades propostas para o dia. “Eles estão priorizando agora português, inglês e matemática, as outras disciplinas eles fazem uma tarefa multidisciplinar, por exemplo, e está bem mais tranquilo”, disse, explicando que há também 15 minutos diários de encontro online com a professora e os coleguinhas de turma.

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De acordo com a educadora Juliana Diniz, é importante estabelecer essa rotina diária de encontros síncronos entre a turma e o professor para manter o vínculo, respeitando o tempo da criança em frente à tela, que não ultrapasse 20 minutos entre intervalos. Criar um ambiente favorável, apoiar o acesso às plataformas e manter uma rotina estruturada também são estratégias que podem potencializar o aprendizado”, disse a diretora pedagógica da Saber, empresa que presta serviços de educação para o ensino básico.

dir="ltr">Bases curriculares

Em relação ao conteúdo didático, segundo ela, é hora de ser simples, realinhar as expectativas de aprendizagem e privilegiar aquilo que é fundamental para apoiar as crianças nesse processo de aprendizagem, que são as competências da leitura, escrita e raciocínio lógico-matemático. “Essas duas frentes são âncoras para o desenvolvimento dos demais componentes curriculares”, explicou.

Mesmo para aquelas famílias que não têm acesso à tecnologia, Juliana ressalta que é importante estimular o desenvolvimento intelectual com estratégias simples e com as ferramentas que a família tem mãos. “Se conseguir estabelecer para as crianças uma rotina de leitura e produção escrita e onde eles possam, na brincadeira, desenvolver o raciocínio lógico-matemático, já temos grandes ganhos”, disse.

Sem aulas regulares, os estabelecimentos de ensino têm adotado a educação a distância (EaD), com uso de computadores, aplicativos e atividades complementares, para dar continuidade à aprendizagem das crianças. Na rede pública, estados e municípios adotaram ainda aulas pela TV aberta para levar conteúdos aos estudantes. Para aquelas que não tem acesso à tecnologia, secretarias de educação estão adaptando kits pedagógicos impressos para enviar às famílias.

Para o professor Luiz Miguel Garcia, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), as aulas online na primeira etapa do fundamental devem ter caráter complementar e é importante que a reposição de conteúdo seja feita com o máximo de aulas presenciais, em sábados letivos e horários estendidos. Atividades de contraturno também podem ser enviadas para casa, mas depois que o professor tiver retomado o contato com o aluno.

“Isso vai dar uma qualidade muito maior de aprendizagem, do que encaminhar um material impresso agora para a família ter que lidar com aquilo em casa. Além de não gerar o resultado esperado, pode jogar a autoestima lá embaixo em famílias que ainda estão fazendo o ingresso no mundo da educação formal”, argumentou, ao participar de uma videoconferência organizada pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca), nessa semana. Para ele, na fase dos anos iniciais no ensino fundamental, no ciclo de alfabetização, não se deve usar o EaD pois o aluno não está pronto para esse processo, além de outras questões como a exposição a telas.

Passado o período de isolamento social, pós-pandemia, as escolas que adotarem o EaD precisarão fazer um diagnóstico do que foi assimilado e bem aprendido nessa modalidade, e, segundo Juliana Diniz, se necessário, retomar o conteúdo e a prática para preencher possíveis lacunas de aprendizagem. “Por exemplo, as turmas que estão em alfabetização são turmas que demandam uma mediação importante do professor, na aquisição do letramento”, disse. “Dado que esse modelo [de aula online] nunca foi amplamente testado, precisamos ter muita responsabilidade e diligência para aferir aquilo que conseguimos alcançar”, explicou à Agência Brasil.

Dosagem do conteúdo

Para Sara Salenave, mãe de duas crianças, uma de 6 anos e outra de 4 anos, o processo de início das aulas online “foi péssimo”. “Deixei acumular 45 atividades de diversas disciplinas, em duas semanas. Não consigo, não tenho esse tempo livre, estou no meu ritmo de trabalho normal desde que tudo começou”, desabafou, dizendo que se empenharia para colocar as atividades em dia.

Segundo ela, a escola da filha está com um regime mais pesado, com uma grade horária em que os professores ficam online no horário regular de aula, de 7h30 ao meio-dia. “As atividades ficam disponíveis, mas qualquer dúvida, para conversar com o professor, você tem que estar no horário de aula. Eu acho que poderia deixar isso mais simples”, disse. As várias plataformas e senhas para acessar os livros online e as atividades também só confundiram Sara.

Juliana Diniz destaca que a dosagem de conteúdo é importante e que a escolarização continua sendo responsabilidade da escola, não da família. “Uma coisa é a família atuar como mediadora e facilitadora de acesso, outra é vir um volume e demanda de atividades que inviabilize esse trabalho”, disse. Além disso, segundo a educadora, é dever da escola ajudar as famílias a cuidarem da saúde mental e emocional das crianças. “Quando tudo isso passar precisamos estar mais inteiros do que nunca para conseguir reconstruir esse novo normal”, destacou.

Já o presidente da Undime é taxativo: “reproduzir o modelo de aula presencial em uma situação à distância não funciona”, disse Garcia. A entidade é favorável ao uso de tecnologias da informação, mas avalia que é importante respeitar as formas do estudante aprender.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional o ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. Para o ensino médio, poderá acontecer por meio de convênios com instituições de educação à distância. E para a educação infantil, não há essa previsão, mas há a expectativa, em meio às ações de enfrentamento da pandemia, de que o ensino a distância seja estendido também a essa etapa para validação da carga horária obrigatória.

Educação infantil

O governo federal determinou que as instituições de ensino estão isentas de cumprirem o mínimo de 200 dias letivos, mas manteve a carga horária, de 800 horas, necessária para completar o ano de estudo. Entretanto, para o presidente da Undime é preciso flexibilizar essa regra na educação infantil, que inclui creches e pré-escolas, e discutir a medida com os conselhos de educação, já que não se sabe quanto tempo vai durar a suspensão das aulas. Essa etapa também precisa ficar de fora da regulamentação de educação à distância, segundo Garcia.

“A educação infantil é o cartão de entrada dessa criança na vida escolarizada. Se não formos eficazes agora, nós estamos condenando uma criança a uma vida inteira de uma impressão ruim da escola. A escola é interação, troca de experiência, é aprendizagem constante uns com os outros. Vamos assumir esse papel, essa pandemia é um momento de aprendizagem, não vamos atropelar e colocar a frieza da lei acima do bom senso”, ressaltou o professor.

Também durante a videoconferência da Jeduca, a educadora Carolina Velho, da Rede Nacional pela Primeira Infância, corroborou os argumentos de Garcia e disse que a aprendizagem nessa etapa é pautada pela brincadeira e interação humana, ligada ao desenvolvimento atual da criança, e deve acontecer em espaço institucional e coletivo. Por isso, não há possibilidade de reposição. “É a única parte da educação básica em que a idade é o processo de educação. A gente não pode voltar para fazer a educação infantil como em outras etapas educacionais”, explicou.

Para Carolina, o uso de EaD nessa fase também pode comprometer o desenvolvimento por causa do tempo de exposição às telas. Ela citou as orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre como lidar com as crianças durante a quarentena. O tempo de tela deve respeitar os limites para cada faixa etária e é preciso evitar a exposição de crianças menores de dois anos às telas, mesmo que passivamente. Outro documento da entidade, Menos Telas Mais Saúde, descreve as alterações de comportamento e saúde que a exposição excessiva à celulares, tablets e computadores pode provocar nas crianças.

Por isso, segundo Caroline, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem tantos dispositivos dizendo que, na educação infantil, as experiências concretas são fundamentais. “A atividade em frente às telas leva à passividade e ao isolamento. Existe uma distração passiva, por isso precisa da mediação do adulto”, disse.

Juliana Diniz, diretora pedagógica da Saber, disse que a orientação para a educação infantil é garantir o contato com a professora em encontros online, de duas a três vezes por semana, e disponibilizar um conjunto de atividades, brincadeiras, orientações em artes e atividades corporais para as crianças realizarem ao longo da semana. “A nossa grande conquista é conseguir garantir um roteiro de trabalho junto das famílias que ajuda as crianças a manterem uma rotina que seja leve e saudável, mais uma rotina de produção intelectual e saúde mental para poder passar por essa fase”, explicou.

Para Luciana Heringer, mãe de crianças de 6 anos e de 12 anos, as aulas online são importantes para manter o vínculo com a escola e colegas e manter a rotina da casa, de dormir e acordar cedo. “A parte mais difícil é fazer as tarefas, vai muito tempo. Não é fácil e creio que, na volta à normalidade, veremos o trabalho da escola e principalmente dos professores com outro olhar”, destacou.

A epidemia do novo coronavírus no estado de Nova York, o epicentro americano, entrou em uma fase descendente pela primeira vez, o que poderia alimentar a controvérsia entre o presidente Donald Trump e os governadores estaduais sobre a necessidade de manter ou não as medidas de confinamento.

"Passamos o pico e tudo indica que estamos em declínio neste momento", disse Andrew Cuomo durante sua entrevista coletiva diária.

À medida que aumenta a pressão para retomar as atividades nos Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia, com mais de 740.000 casos confirmados e 40.000 mortes, Cuomo pediu cautela "para não comprometer" os progressos realizados.

"Continuar com esse declínio dependerá do que fizermos", insistiu o governador, que recentemente prolongou as medidas de confinamento em seu estado até 15 de maio.

Outros estados começaram a relaxar as medidas de distanciamento. Algumas praias da Flórida foram autorizadas a reabrir neste domingo e foram rapidamente ocupadas com pessoas.

Os governadores do Texas e Vermont também planejam reabrir algumas atividades, cautelosamente, a partir de segunda-feira.

A pressão para retomar as atividades econômicas é forte, principalmente devido ao aumento significativo do desemprego causado pela paralisia.

Manifestações contra uma quarentena considerada excessiva se multiplicaram nos últimos dias em vários estados do país.

A maioria desses protestos reuniu apenas algumas centenas de pessoas, e a realizada neste domingo em Chicago não reuniu mais de três carros com manifestantes. Mas um protesto na quarta-feira em Lansing, Michigan, teve cerca de 3.000 participantes.

Trump incentivou esses protestos com algumas de suas declarações. Na sexta-feira, ele pediu a "libertação" de alguns estados liderados por governadores democratas.

No sábado, após uma dúzia de protestos contra o confinamento em várias regiões do país, ele considerou que "alguns governadores haviam ido longe demais". Comentários criticados por vários governadores, incluindo republicanos.

Larry Hogan, governador republicano de Maryland, que foi palco de uma manifestação no sábado, considerou que "não há sentido em incentivar as pessoas a se manifestarem contra um plano sobre o qual acabamos de fazer recomendações".

- Disputa sobre os testes -

Trump e os governadores mantêm outro ponto de desacordo: os testes de detecção de vírus necessários para poder retomar as atividades econômicas sem arriscar uma recuperação na epidemia.

O governo federal garante que os estados já possuem kits suficientes para atingir esse objetivo, mas vários governadores discordam.

"Da mesma forma que estava certo sobre os respiradores (nosso país agora é o 'rei dos respiradores', os outros países nos pedem ajuda e vamos dar), tenho razão com os testes: os governadores devem aumentar seus esforços e fazer o trabalho. Estaremos com eles até o fim", escreveu Trump neste domingo no Twitter.

"Atualmente, existe capacidade de teste suficiente no país para que qualquer estado possa entrar na fase 1" da reabertura da economia, disse o vice-presidente, Mike Pence, à Fox News.

Entre as recomendações dadas pela Casa Branca aos estados para decidir sobre o fim progressivo do confinamento, esta primeira fase prevê a reabertura parcial de algumas empresas.

Mas o governador democrata da Virgínia, Ralph Northam, muito criticado por Donald Trump nos últimos dias por ter adotado restrições às armas, classificou essas alegações de "ilusórias" e "irresponsáveis".

"Como governadores, fomos convidados a travar essa guerra sem o material necessário", disse em entrevista à CNN.

Gretchen Whitmer, governadora democrata de Michigan, também falou da falta de material. Mas como Cuomo, reconheceu, no entanto, os acertos do governo.

De fato, ela disse que a colaboração entre o governo federal e os estados para conter a epidemia é "um feito fenomenal" e Washington foi "um parceiro extraordinário" quando teve que aumentar a capacidade dos hospitais de Nova York em março.

Mas o governador disse que o próximo desafio é testar o coronavírus. "Podemos trabalhar melhor juntos do que separadamente", declarou. "

Temos que trabalhar juntos e fazer o melhor que pudermos. Estou confiante de que teremos sucesso porque já tivemos no passado".

O confinamento doméstico imposto pela pandemia do novo coronavírus é uma excelente oportunidade para aproximar pais e filhos em torno da leitura. Esta é visão de especialistas ouvidos pela Agência Brasil pela passagem do Dia Nacional do Livro Infantil, comemorado neste sábado (18).

A data lembra o nascimento dos escritores Hans Christian Andersen e de Monteiro Lobato, respectivamente. Estórias e personagens do escritor dinamarquês e do escritor brasileiro permitiram a diversas gerações de crianças abrir as portas da imaginação, conhecer o mundo, partilhar experiências, estimular o senso crítico e até superar adversidades, como a de ter de ficar em casa, em distanciamento social, para evitar a propagação uma doença que pode ser fatal.

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“Quem lê amplia o olhar, torna-se mais tolerante ao perceber na visão do outro formas de alargar a sua própria visão das coisas. Quem lê, escreve melhor, consegue ter uma percepção mais crítica de tudo”, diz a escritora Alessandra Roscoe, que também desenvolve em Brasília o Projeto Uniduniler para incentivo à leitura, de mulheres grávidas a idosos.

O livro pode ser uma ótima distração para os dias de Covid-19, recomenda Sandra Araújo, poetisa e doutora em literaturas de língua portuguesa. “A atividade de leitura pode ser enriquecedora inclusive para preenchimento do tempo, que pode ficar ocioso. Quando contamos estórias, conversando, todo mundo fica encantado”, afirma Sandra.

Para Dianne Melo, fonoaudióloga e especialista em linguagem, o encantamento das letras pode ser uma terapia muito oportuna contra o estresse do presente. “Em um momento como este, em que somos bombardeados com notícias sobre a pandemia, [é bom] ter acesso a livros que nos permitem entrar em contato com outras realidades, fantasias, personagens, elaborar algumas situações e até mesmo nos conectar com outras formas de ver o mundo.”

Livro e afeto

Dianne Melo é coordenadora de Engajamento Social e Leitura do Itaú Social, que desenvolve com voluntários projetos de leitura para crianças de até 6 anos em pré-escolas de redes públicas. “É maravilhoso ler para as crianças. A carinha delas prestando atenção às histórias não tem preço”, conta Catarina Tomiko Yamaguchi, leitora voluntária em escolas nos bairros do Braz, Mooca e Bom Retiro (na região da Luz, em São Paulo).

“É interessante como as crianças se identificam com as histórias que você vai lá contar”, complementa José Fernandes Alves Santos, que é voluntário no mesmo projeto e periodicamente visita escolas no Jabaquara. Catarina e José Fernandes  sentem-se emocionalmente recompensados pela atividade de ler livros para pequenos nas escolas.

A leitura cativa e provoca afeição entre quem conta  e quem ouve estórias. “Quando o adulto lê em casa, geralmente pega a criança no colo, fica bem perto, lê para a criança dormir. Ele fica muito perto da criança e com a atenção voltada para ela. Isso é o que a criança mais deseja: a atenção dos pais para ela”,ressalta Norma Lúcia Neris de Queiroz, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.

A fonoaudióloga Dianne Melo destaca também a oportunidade dos pais de usufruir desse momento, conhecendo melhor a criança, identificando seus gostos, medos e aflições.

“Ler com as crianças é um ato de afeto. A leitura abre as portas da imaginação, estmula a linguagem e a expressão próprias da criança e, no caso da leitura partilhada, em família, é também uma forma de se estabelecer um vínculo”, testemunha Alessandra Roscoe, mãe de três filhos com diferentes idades.

“Aqui em casa, até jogos são criados a partir das leituras. Inventamos personagens e enredos que um começa e outro termina”, diz.

Leitura e internet

A escritora assinala que é possível cultivar o gosto pela leitura aproveitando as possibilidades abertas pela tecnologia da informação. “Muita gente resolveu ler para crianças e adultos em vídeos e intervenções ao vivo pelas redes sociais. Alguns autores, mais talentosos com os novos meios, estão animando os próprios poemas e livros”, comenta a autora.

Para a poetisa Sandra Araújo, há interface entre livros e jogos eletrônicos na internet ou em dispositivos sem conexão. “Nos jogos tem narrativas contadas ali. O encadeamento das ideias, como o jogo é organizado, desperta o interesse das crianças e desenvolve habilidades. Há um universo de estórias que dialogam e se relacionam com jogos. Há livros que falam dos personagens dos jogos, e isso, de alguma forma, pode estimular a leitura das crianças.”

A disponibilidade dos recursos trazidos pela internet e dos aparelhos eletrônicos reforça a necessidade de as famílias lerem precocemente para suas crianças, opina a pedagoga Norma Lúcia. “As famílias têm de começar bem cedo com o livro. As crianças maiores têm lido também nos tablets, computadores e outros. Quando  já desenvolveram o gosto [pela leitura], as crianças leem em todos os ambientes, inclusive os livros indicados pela escola.”

Além de ler desde tenra idade, os pais precisam dar exemplo. “A criança tende a imitar o comportamento dos pais. Se os pais ficarem o dia todo no celular, certamente esse dispositivo terá maior apelo para a criança”, pondera Dianne Melo, que recomenda manter sempre por perto um livro para que as crianças tenham acesso.

“Podemos e devemos usufruir dessas ferramentas, ainda mais em tempos de isolamento, mas tudo deve ser dosado, como qualquer outra atividade. O importante é que o livro físico também tenha espaço nessa rotina. Que todos possam ter um tempo para manusear.”

A dosagem das atividades também é prescrita por Sandra Araújo, que recomenda a negociação com os filhos para que tenham disciplina e “não leiam por hábito, e sim por vício. Vício é aquilo que toma conta da gente, que não conseguimos dominar”, finaliza citando o escritor carioca Alberto Mussa.

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As medidas de confinamento para conter a pandemia do novo coronavírus são difíceis de suportar para alguns americanos que realizaram nesta semana manifestações contra as restrições e em apoio ao presidente Donald Trump, ansiosos por reativar a economia do país.

Dezenas de opositores das medidas de quarentena se reuniram nesta quinta-feira (16) em frente ao Capitólio de Richmond, sede do governo do estado da Virgínia. Eles estavam protestando contra a extensão até 8 de maio de um decreto de emergência sanitária que fechou muitas empresas e proibiu as reuniões de mais de dez pessoas para impedir a epidemia do novo coronavírus.

No dia anterior, cerca de 3.000 pessoas fizeram uma carreata em Lansing, capital do estado de Michigan, desafiando o decreto de confinamento emitido pela governadora democrata Gretchen Whitmer. A iniciativa, organizada por uma coalizão de grupos conservadores chamados "Residentes de Michigan contra quarentena excessiva", causou um congestionamento no centro da cidade.

Centenas de pessoas se reuniram do lado de fora do prédio do governo, exibindo placas "Fim ao confinamento", "Queremos trabalhar" ou "Viva livre ou morra". Grupos carregando armas automáticas e coletes à prova de balas se misturavam com famílias que vieram protestar contra as medidas implementadas até 30 de abril.

Eles criticaram, em particular, o fechamento de negócios considerados "não essenciais", que mergulharam os proprietários e funcionários dessas lojas na crise. Outros compararam Whitmer a Adolf Hitler. Duas queixas foram apresentadas aos tribunais por violação da Constituição.

"Podem ficar bravos", disse a governadora democrata na CNN na quinta-feira. "Se eles se sentem bem em me atacar, tudo bem", afirmou Whitmer, dirigindo-se aos manifestantes. Ela declarou que entende aquelas pessoas que "ficam um pouco loucas por ficar em casa" e que se preocupam "com o trabalho ou como pagar as contas".

"O lamentável é que estar do lado de fora tem mais chances de espalhar a Covid-19", que deixou 1.900 mortos neste estado industrial, que possui um dos maiores numeros de falecimentos no país. A maioria dos residentes de Michigan acredita, no entanto, que Whitmer está administrando bem a crise.

Outros protestos para encerrar o confinamento ocorreram nos últimos dias na Carolina do Sul, Kentucky e Ohio. Iniciativas semelhantes foram convocadas para sábado em Concord, New Hampshire e Austin, Texas.

As forças policiais nigerianas mataram 18 pessoas que violaram o confinamento pela pandemia de coronavírus, anunciou a Comissão Nacional de Direitos Humanos.

A comissão registrou 105 atos de violações de direitos humanos "perpetrados pela polícia" e "18 pessoas mortas" em execuções extrajudiciais, segundo relatório divulgado na noite de quarta-feira.

Esse órgão oficial de monitoramento de direitos humanos acusou as forças de segurança de "uso desproporcional da força, abuso de poder, corrupção e violação das leis nacionais e internacionais".

Desde 31 de março, vários estados nigerianos adotaram medidas de contenção, especialmente rigorosas em Lagos, Abuja e no estado de Ogún, onde a população tem a obrigação de ficar em casa, exceto para comprar alimentos a cada dois dias.

Os vídeos de violência policial publicados nas redes sociais, nos quais agentes aparecem destruindo barracas ou espancando a população, são um escândalo no país, onde as forças de segurança são regularmente acusadas de abuso de poder e corrupção.

O presidente francês, Emmanuel Macron, prorrogou até 11 de maio as estritas medidas de confinamento para combater a epidemia do novo coronavírus, que já deixou 15.000 mortos na França.

"Em 11 de maio próximo será o início de uma nova etapa. Será progressiva e as regras poderão ser adaptadas em função dos resultados", disse Macron em discurso televisionado nesta segunda-feira (13).

A partir de 11 de maio, a França reabrirá "progressivamente" creches e escolas do país, mas universidades, restaurantes e cafés vão permanecer fechados.

As fronteiras da França com países não europeus permanecerão fechadas "até segunda ordem".

Há quatro semanas, os 67 milhões de franceses vivem confinados em suas casas e só podem sair para trabalhar quando não é possível fazê-lo à distância ou realizar atividades básicas como comprar comida, remédios ou fazer uma hora de exercício físico diário.

A França beira os 15.000 mortos por COVID-19 desde o início da pandemia e nas últimas 24 horas registrou 574 óbitos.

No entanto, o número de pessoas em cuidados intensivos registrou uma diminuição, com "24 pacientes a menos", segundo cifras da direção geral de Saúde, que destaca que a epidemia se situa em um "platô elevado".

O governo italiano planeja estender as medidas de confinamento e fechamento de atividades não essenciais até 3 de maio, com algumas exceções a partir de 14 de abril, como papelarias e livrarias, segundo informações da mídia do país, nesta sexta-feira, 10.

Apesar dos pedidos dos empregadores italianos de reabrir as empresas, o governo de Giuseppe Conte pretende, nas próximas horas, apresentar outro decreto que estenda as medidas em vigor, atualmente até 14 de abril.

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O governo britânico estuda, nesta quinta-feira (9), a necessidade de prolongar o confinamento após as primeiras três semanas, uma decisão que deve ser tomada nos próximos dias sem o primeiro-ministro Boris Johnson, ainda em tratamento intensivo, embora "melhorando".

O núcleo duro do Executivo e seus consultores médicos e científicos vão se reunir no comitê governamental de resposta a crises, conhecido como COBRA, presidido pelo ministro das Relações Exteriores, Domic Raab, que substitui Johnson interinamente.

O "COBRA determinará o caminho para a revisão (do confinamento), mas no momento estamos tendendo a manter as recomendações", declarou o ministro da Cultura, Oliver Dowden, à BBC.

No entanto, ele alertou, que não se deve esperar um resultado imediato: "a revisão ocorrerá na próxima semana".

"Quando tivermos a oportunidade de realizar mudanças, o faremos, mas agora não é a hora", disse, começando a conscientizar os britânicos de que a situação, iniciada há quase três semanas, provavelmente continuará, como está acontecendo em outros países europeus.

O confinamento no Reino Unido é menos rigoroso do que em outros países vizinhos. Seus habitantes estão autorizados a sair para trabalhar - caso seja absolutamente necessário -, fazer compras, ir ao médico e fazer exercícios físicos, algo totalmente proibido, por exemplo, na Espanha.

O exercício físico é teoricamente limitado a uma vez por dia, mas, diferentemente da França, não exige uma justificativa por escrito, não há controle policial eficaz e os parques estão lotados de pessoas correndo.

Com a chegada do feriado de Páscoa, as autoridades multiplicaram as mensagens nos meios convencionais e redes sociais insistindo para que as pessoas "fiquem em casa".

- Johnson, "se senta" e "conversa" -

Único líder de uma grande potência doente com COVID-19, Johnson, de 55 anos, está há quatro dias na unidade de terapia intensiva do Hospital St Thomas de Londres, perto de Westminster.

"Está estável, melhorando, consegue se sentar e conversou com o pessoal médico", afirmou o ministro das Finanças Rishi Sunak. "Acredito que as coisas estão melhores", acrescentou.

O governo insistiu que o primeiro-ministro não necessitou de respirador e que mantém o ânimo.

Ele foi diagnosticado com COVID-19 em 27 de março e imediatamente colocado em quarentena em seu apartamento em Downing Street. Mas dez dias depois, enquanto outros pacientes como o príncipe Charles - herdeiro do trono de 71 anos - haviam se recuperado, continuou a ter sintomas, incluindo febre.

Seus médicos decidiram hospitalizá-lo no domingo para exames, mas um dia depois sua condição piorou e ele teve que ser transferido para terapia intensiva.

Ele deixou instruções muito claras sobre o caminho a seguir na luta contra a pandemia, segundo seu governo.

Mas, nos últimos dias, cresceram as perguntas sobre quanto poder Raab realmente tem à frente de um gabinete que toma decisões coletivamente, a menos que haja disparidade de opinião; nesse caso, seu chefe decide.

Muito criticado por demorar em adotar medidas de distanciamento social, Johnson mudou sua estratégia inicial aparentemente destinada a obter uma imunidade coletiva e, em 23 de março, ordenou o confinamento.

Uma "medida excepcional para circunstâncias excepcionais", disse ele em um discurso solene na televisão.

O Reino Unido está se tornando o novo ponto quente da pandemia na Europa. O país já contabiliza mais de 7.000 mortes por coronavírus, com um balanço diário de 938 mortes na quarta-feira.

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