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Durou uma hora e meia a reunião entre o presidente Michel Temer e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

O encontro foi fechado à imprensa. Apenas a NBR, emissora estatal, fez imagens para distribuir aos veículos de comunicação.

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Temer e Alckmin conversaram no dia em que o governador fez um gesto político de apoio à permanência do peemedebista na presidência. Alckmin se reuniu nesta sexta-feira com seis prefeitos aliados de cidades importantes do Estado para tentar barrar o movimento de lideranças mais jovens do PSDB, que querem o desembarque do partido do governo. O assunto será discutido pelo diretório estadual do PSDB em São Paulo na próxima segunda-feira (5).

Segundo a assessoria do presidente da República, Temer seguiu para Brasília ainda na noite desta sexta-feira.

Preocupado com as intensas movimentações de parlamentares do PSDB, principalmente da ala mais jovem do partido, que prega o rompimento com o governo, o presidente Michel Temer vai nesta sexta-feira (2) a São Paulo para reunião com o governador do Estado, o tucano Geraldo Alckmin. Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo" apurou, Temer embarca para a capital paulista no fim da tarde e o encontro com Alckmin deve ser nesta noite ou no final de semana.

Temer, que, na semana passada, havia se reunido com o ex-presidente Fernando  Henrique Cardoso e o presidente interino do partido, Tasso Jereissati, e ouviu deles apoio ao seu governo, viu crescer esta semana a pressão de vários tucanos, o que chegou a levar Jereissati a agendar para terça-feira, 6, mesmo dia do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), reunião para a tomada de decisão sobre romper ou não com o governo.

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O presidente foi aconselhado a marcar um jantar com Alckmin, o mais rápido possível, para que o governador de São Paulo tenha tempo, durante o fim de semana, de articular junto com seus correligionários a permanência no apoio ao Planalto. Foi marcada para segunda-feira, 5, na capital paulista, uma reunião do PSDB local e esse encontro pode decidir pelo afastamento das relações com o presidente Temer. Com isso, o presidente se apressou e, se antecipando à reunião, vai pedir ajuda a Alckmin para conter a bancada paulista. O medo é que esse movimento antecipe o que poderá ocorrer na terça-feira e sirva para contaminar o resto do partido.

Temer está convencido de que Alckmin poderá ajudar a segurar essa possível sangria, que não tem só apoio de alguns paulistas, mas da ala mais jovem da legenda. O PSDB hoje é considerado um fiel da balança para o governo. O partido tem quatro ministros e um deles com assento no Palácio do Planalto: Antonio Imbassahy, ministro-chefe da Secretaria de Governo, responsável pela articulação com o Congresso.

O próprio presidente Temer já tem feito movimentações e tem chamado para conversas parlamentares não só do PSDB, como de outros partidos, para assegurar apoio não só para votações, como também para barrar uma possibilidade de aprovação de pedido, pela Procuradoria-Geral da República, no plenário do Congresso, de abertura de inquérito contra ele. Um racha na bancada tucana, neste momento, seria mais um problema para Temer, que na quinta-feira, 1, viu uma ala de seu partido, o PMDB, cobrar uma postura "mais rígida" do Palácio do Planalto em relação aos tucanos.

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha nesta sexta-feira, 2, que o governo tem "convicção absoluta" de que vai chegar até o final de 2018 com Michel Temer (PMDB) na Presidência. Padilha disse ainda que a crise política "vem perdendo força" e que acredita que o Planalto continuará contando com o PSDB na base aliada.

"Nós vamos chegar de qualquer forma lá no final de 2018, temos convicção absoluta", disse o ministro, que justificou que o governo está tendo "vitórias e vitórias no Congresso" e citou as aprovações das sete medidas provisórias na semana passada. "Não posso admitir que não haja nenhuma crise, mas que ela já foi muito mais forte e vem perdendo força é absolutamente indiscutível."

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Sobre o apoio do PSDB, Padilha disse que "no processo político, sempre temos variáveis", mas que a sigla é governo. "Acreditamos, sim, que vamos contar com o PSDB. Aliás, nós já estamos contando com o PSDB."

Questionado sobre uma eventual apresentação de denúncia contra Temer por parte da Procuradoria Geral da República (PGR), Padilha lembrou que é preciso que 2/3 da Câmara dos Deputados aprove esta denúncia antes que ela chegue ao Supremo Tribunal Federal (STF).

"Enquanto isso não acontecer, não se discute essa questão de legitimidade", disse Padilha, que lembrou que a gravação apresentada por Joesley ainda passa por perícia. "Essa denúncia se baseará nesses elementos desta fita e vamos dizer, mais uma vez, que a fita ainda se encontra sob perícia por determinação do STF."

Encontro

Padilha também comentou, na entrevista, o encontro fora da agenda entre o presidente Michel Temer (PMDB) e o empresário Joesley Batista, da JBS, e disse que considera a prática "normal".

"Eu participei de jantares com dirigentes de grandes empresas, grandes grupos empresariais, inclusive de comunicação, que não estavam na agenda do presidente. Chegava de última hora, foi feito contato e foram recebidos. E essa recepção vai até tarde da noite", justificou o ministro.

Ainda segundo o ministro, o governo não teme eventual delação do deputado suplente Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor de Temer. Nesta sexta-feira, o presidente também afirmou, em entrevista à revista Istoé, que não teme qualquer delação por parte do ex-assessor.

"Ele (Temer) acha que o deputado Rodrigo Rocha Loures vai manter esse perfil ético em relação a ele, Michel, que teve durante todo esse tempo. Não há qualquer tipo de preocupação", disse o ministro, lembrando que o presidente conhece o ex-deputado há 10 anos, inclusive sua "origem familiar".

Padilha disse que não teria como opinar o motivo pelo ex-assessor ter recebido uma mala com R$ 500 mil. Rocha Loures chegou a ser flagrado, em vídeo, correndo com a quantia até um táxi. "Ele é um aliado do Palácio do Planalto, mas o Palácio do Planalto não pode sair atrás de busca de explicação pelos atos de cada uma daquelas pessoas que trabalham no governo, e atos que não dizem respeito à sua atuação como representante do governo."

Para o ministro da Casa Civil, Rocha Loures "caiu em um engodo" ao ser filmado com a mala de dinheiro. "A versão que nos chegou é que ele caiu em um engodo, que havia a necessidade de gravar ele com essa mala, com esse dinheiro."

Ministro. Sobre a Medida Provisória que confere status de ministro a Moreira Franco, alvo de investigação da Lava Jato, Padilha afirmou que o caso é "completamente diferente" de quando a presidente cassada Dilma Rousseff nomeou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil. "O ministro Moreira Franco já estava dentro do governo, praticando ações como se ministro fosse. No caso do presidente Lula, ele estava fora e iria entrar no governo."

Padilha afirmou, ainda, que "o fato de nomear alguém ministro de forma alguma significa obstrução de justiça". Com a MP, Moreira Franco mantém a prerrogativa de foro.

O presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), declarou que o partido deve fazer uma reunião na próxima terça-feira, 6, durante o primeiro dia do julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para definir se a sigla permanecerá ou não na base aliada do governo.

"Durante o período da votação (julgamento) nós temos que tomar uma posição definitiva. Nós vamos formar a nossa opinião e qualquer decisão que venha a ser tomada vai ser definitiva", disse Tasso à imprensa. Ele avaliou que um eventual pedido de vista no julgamento, que adiaria o resultado por tempo indeterminado, não seria bom.

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"O País não pode ficar nesse suspense. A economia fica parada em função dessa falta de decisões políticas. É necessária que seja logo, qualquer seja a decisão", avaliou. Questionado sobre a ausência de integrantes da legenda na posse do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, ontem, Tasso disse que foi apenas uma "coincidência". "Não tem nenhum sentido político. Eu não recebi nenhum convite, fiquei sabendo agora. Não é sinalização de falta de apoio", respondeu.

Em meio à crise política, o clima no Congresso deve continuar tenso nesta semana. Partidos de oposição prometem obstruir as votações em protesto contra o Governo Michel Temer e as reformas propostas pelo presidente. Eles cobram a saída de Temer, investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas delações de executivos da JBS.

Na semana passada, a reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado destinada à leitura do relatório sobre a reforma trabalhista terminou em confusão e empurra-empurra entre aliados do Palácio do Planalto e oposicionistas. Os senadores devem tentar votar a proposta nesta semana. Na Câmara, também houve tumulto generalizado no plenário após a oposição questionar a convocação das Forças Armadas para conter a manifestação contra Temer na Esplanada dos Ministérios na quarta-feira passada.

Em protesto, deputados de PT, PSOL, PDT, PCdoB, Rede e PMB se retiraram do plenário.  Ainda em reação à situação política no País, senadores e deputados da oposição vão continuar pressionando para que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) de cada uma das casas legislativas vote uma alteração na Constituição a fim de mudar o prazo para a realização de eleições diretas nem caso de vacância de presidente e vice.

A Constituição prevê que, na hipótese de presidente e vice deixarem o comando do país nos últimos dois anos do mandato, deve ser realizada eleição indireta, em até 30 dias, pelo Congresso Nacional. Tanto as propostas em debate na Câmara quanto no Senado reduzem esse prazo. No caso da Câmara, ocorreria eleição indireta apenas quando o cargo ficasse vago nos últimos seis meses do mandato. No texto que está no Senado, à escolha indireta aconteceria no último ano de mandato.

Antes de votar a PEC do fim do foro, os senadores precisarão analisar seis medidas provisórias que “trancam a pauta” e precisam ser votadas antes de outros temas. Entre as propostas, está a que impõe regras para regularização fundiária urbana e rural. A medida estabelece, por exemplo, que o proprietário de uma casa poderá construir uma laje no andar superior ou no andar inferior e registrar escrituras separadas, o chamado "direito de laje". Com isso, a pessoa poderá continuar morando em um dos pavimentos e vender os outros.

DEGOLA DE RENAN – A permanência de Renan Calheiros (PMDB-AL) na liderança da legenda será discutida pela bancada na próxima terça-feira. Vários peemedebistas relatam desconforto com a postura que Renan tem assumido, contrária às reformas trabalhista e da Previdência que foram propostas pelo governo federal. Na última quarta (24), o descontentamento com Renan ficou explícito durante sessão do Senado. O parlamentar alagoano bateu boca com o correligionário Waldemir Moka (MS) e houve troca de ofensas.

Tucana lamenta equívoco – A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), não gostou de ver o município excluído da relação que o Governo decretou estado de emergência em razão das chuvas que desabaram no fim de semana. “Entendemos a preocupação do governo com as cidades da Mata Sul, mas estamos numa situação emergencial aqui em Caruaru. Estive na reunião com o governador Paulo Câmara e com o presidente Michel Temer, solicitamos a inclusão da cidade nesse decreto e esperamos que esse equívoco seja resolvido”, desabafou.

Medidas provisórias – Antes de votar a PEC do fim do foro, os senadores precisarão analisar seis medidas provisórias que “trancam a pauta” e precisam ser votadas antes de outros temas. Entre as propostas, está a que impõe regras para regularização fundiária urbana e rural. A medida estabelece, por exemplo, que o proprietário de uma casa poderá construir uma laje no andar superior ou no andar inferior e registrar escrituras separadas, o chamado "direito de laje". Com isso, a pessoa poderá continuar morando em um dos pavimentos e vender os outros.

Derrubada de veto – Está prevista para, hoje, uma sessão conjunta de deputados e senadores. Na pauta, 17 vetos presidenciais a projetos importantes aprovados pelo Congresso Nacional. Um dos vetos é a um trecho da proposta que atualiza as regras para a cobrança do Imposto sobre Serviços (ISS). O trecho vetado determinava que a arrecadação do imposto acontecesse no local de consumo de serviços e não na cidade em que a empresa está sediada. A derrubada desse veto é cobrada por prefeitos que enfrentam dificuldades financeiras em seus municípios.

Em colapso – Símbolo de um Brasil que tentou repetir o crescimento dos anos 70, o setor naval entrou em colapso. De um conjunto de 40 estaleiros instalados no País, 12 estão totalmente parados e o restante está operando bem abaixo da capacidade instalada. Sem encomendas, com o caixa debilitado e, em alguns casos, com sócios envolvidos na Operação Lava Jato, cinco desses estaleiros entraram em recuperação judicial ou extrajudicial. Dos tempos de euforia, sobraram uma dívida bilionária para pagar no mercado e quase 50 mil trabalhadores demitidos, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria Naval (Sinaval).

CURTAS

TABAJARA – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, disse na manhã desta segunda-feira, 29, que "coloca as mãos na cabeça" quando ouve ideias vindas de São Paulo, estado que liderou a Revolução Constitucionalista de 1932, sugerindo mudanças da Constituição. Gilmar criticou, ainda, a falta de lideranças no País e disse que costuma brincar que “o Brasil está se tornando uma grande organização Tabajara”.

SÃO JOÃO DE GRAVATÁ– O prefeito de Gravatá, Joaquim Neto (PSDB), transferiu o lançamento do São João e das suas atrações, que estava marcado para hoje no Recife, para a próxima quinta-feira. Está previsto para começar por volta das 9 horas no restaurante Spettus, no Derby.

 

Perguntar não ofende: Temer vai conseguir sancionar o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical? 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, disse nesta segunda-feira, 29, após palestra magna do 2º Congresso Jurídico da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), em São Paulo, que há muita especulação na mídia sobre possíveis pedidos de vista no julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE, marcado para começar no dia 6 de junho.

"Há muita especulação na mídia sobre pedidos de vistas. Se houver pedido de vistas, é algo absolutamente normal. Ninguém fará por combinação com este ou aquele intuito", disse o ministro. Também não cabe, segundo Gilmar Mendes, ao TSE resolver a crise política. "Isso é bom, que se diga. O Tribunal não é instrumento para solução de crise política. O julgamento será jurídico e judicial. Então não venham para o Tribunal dizer: vocês devem resolver uma crise que nós criamos. Resolvam as suas crises", bradou o ministro.

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Mendes mostrou irritação ao ser questionado sobre esta eventual postergação do julgamento durante rápida entrevista que concedeu após a palestra. E depois se alterou novamente quando perguntado se o que acabara de dizer era a confirmação do que havia falado pouco antes ao jornal "Folha de S.Paulo", de que o TSE não seria joguete do governo. "O TSE não é joguete de ninguém", gritou novamente o ministro.

Sobre a troca de Osmar Serraglio por Torquato Jardim como ministro da Justiça, anunciada no domingo, 28, pelo Palácio do Planalto, Mendes negou que a aproximação de Torquato com os tribunais poderia facilitar as conversações do Judiciário com o Poder Executivo. "A questão não é essa. A rigor, escolhas de ministros de Estado é de competência do presidente da República", disse acrescentando que conhece o ministro Serraglio, o qual vê como um homem competente .

Mendes disse também que conhece bem o ministro Torquato Jardim, que foi seu colega na Justiça Eleitoral. "É uma figura muito reconhecida, um professor que está há muitos anos em Brasília e certamente desempenhará bem essa função", afirmou.

Com relação ao questionamento feito pelo novo ministro da Justiça sobre a abertura de inquérito contra Temer pelo ministro Edson Fachin, Mendes disse que é uma questão a ser estudada. "Acho que já foi questionada pelos advogados do presidente Temer e será devidamente examinada", completou. Torquato questionou o uso de prova não periciada - a gravação do empresário Joesley Batista de conversa com o presidente Temer - para o pedido de abertura de inquérito.

A empresa de fachada usada pela JBS para camuflar recursos na Suíça também aparece nas investigações sobre a transferência de dinheiro ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. No ano passado, áudios divulgados de conversas do ex-executivo levaram à queda de Romero Jucá, na época, ministro do Planejamento do governo Michel Temer.

A empresa fundada no Panamá, Lunsville International, era controlada pela JBS e, conforme revelou o Estado, mantinha suas contas no banco Julius Baer como forma de distribuir pagamentos de propinas.

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Com base em Zurique, a empresa de fachada usava três contas – em euro, dólar e franco suíço – para fazer as movimentações. Procurado pelo Estado, o nome oferecido pela JBS como o gerente da conta na Suíça, o brasileiro Fernando Marques, não se pronunciou. Entre os documentos apresentados ao Ministério Público, estava um cartão de visitas do gerente de contas.

No caso de Machado, o nome da empresa de fachada também aparece em sua delação premiada. É seu filho, Expedito Machado da Ponte Neto, que explica aos procuradores como seu pai recebia o dinheiro da propina no exterior. Uma das empresas que fazia o depósito era a Lunsville International.

Segundo Expedito Machado, existia uma planilha que ele usava para "prestar contas" a seu pai. Nela, aparecia o nome Lunsville International. Essas transferências teriam ocorrido em 2007 e 2008. O que se busca saber agora é o motivo pelo qual o mesmo nome de empresa aparece tanto no caso da Transpetro como no caso da JBS.

Machado fechou um acordo de delação premiada e indicou que repassou propina a mais de 20 políticos de seis partidos.

Os seis ex-governadores de Pernambuco fizeram, nesta sexta-feira (26), um comunicado à nação defendendo o respeito e cumprimento da Constituição Federal diante do cenário político nacional e o “rigor da punição a corruptos e corruptores”. Na carta, capitaneada por João Lyra Neto (PSDB), os ex-gestores do Executivo estadual dizem que as investigações devem ser levadas “às últimas consequências”. 

Além disso, eles ponderam também que “só uma ação integrada e harmônica entre os três poderes constituídos garantirá uma solução para o impasse político que o País enfrenta neste grave momento da nacionalidade”.

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Em conversa com o LeiaJá, Lyra Neto disse que as propostas expostas pelos ex-governadores podem ajudar o país a recuperar a estabilidade. “Tive esta iniciativa exatamente por causa do quadro que vive o país e em relação a nossa participação na história brasileira, vivemos um momento de instabilidade e grande crise econômica, ética e política, temos que em primeiro lugar obedecer a Constituição, trabalhar pela punição dos corruptos e restabelecer o entendimento entre os poderes”, declarou.

Segundo o tucano, as articulações para a construção do manifesto iniciaram na última segunda-feira (22). A carta será encaminhada ao Congresso Nacional, ao presidente Michel Temer (PMDB) e ao Poder Judiciário. 

Apesar de já terem sido citados nas investigações da Lava Jato, maior esquema de corrupção do país, os ex-governadores Jarbas Vasconcelos e Mendonça Filho, atuais deputado federal e ministro da Educação, respectivamente, também assinaram a carta. 

Jarbas está na lista do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, por ter recebido doações da Odebrecht para a campanha, mas ele afirma que tudo aconteceu “dentro da lei”. Enquanto Mendonça, teve o pedido de abertura de inquérito negado pelo então ministro Teori Zavascki. Ele era acusado de receber propinas da UTC. 

Mesmo com estas ressalvas, nos bastidores, os ex-governadores consideram que compõem o único grupo de ex-gestores dos estados do país sem acusações formais de corrupção e com legitimidade para se posicionar sobre o assunto. 

Alguns, inclusive, acreditam que o Brasil precisa passar por uma operação igual a Mãos Limpas que aconteceu na Itália e reorganizou a política no país, dissolvendo até os partidos políticos. 

Veja a carta na íntegra:

Aos Brasileiros

Pernambuco deu, ao longo de sua história, notáveis exemplos de compromissos com as lutas pela liberdade, pela democracia e pelo respeito aos direitos humanos.

Desde a Revolução Pernambucana de 1817, a Confederação do Equador de 1824 e a Revolução Praieira de 1848 que estamos na vanguarda das melhores causas nacionais.

Nós, ex-governadores de Pernambuco, firmamos posição - neste momento de grave crise política, ética e econômica - em defesa dos princípios democráticos e do mais absoluto respeito à Constituição em vigor, fruto da luta de milhões de brasileiros.

Defendemos irrestrito apoio as ações desenvolvidas pelo Ministério Público e o Poder Judiciário no sentido que seja aplicado o rigor da punição a corruptos e corruptores. As investigações de desvios de recursos públicos devem ser levadas às últimas consequências.

Só uma ação integrada e harmônica entre os três poderes constituídos garantirá uma solução para o impasse político que o País enfrenta neste grave momento da nacionalidade.

A Nação clama por respeito à Constituição, aos princípios democráticos, punição aos corruptos e corruptores, como premissa básica para estabilidade da economia e retomada da geração de empregos.

Gustavo Krause

Jarbas Vasconcelos

João Lyra Neto

Joaquim Francisco

Mendonça Filho

Roberto Magalhães

Avaliando o clima de instabilidade política vivenciado no país, o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), afirmou, nesta sexta-feira (26), que o partido está fazendo um monitoramento “instante a instante” do agravamento da crise que envolve o presidente Michel Temer (PMDB) e ponderou que mesmo diante de 13 pedidos de impeachment contra o peemedebista, o processo ainda é “muito inicial”.  

Mesmo tendo ensaiado que deixaria o governo na semana passada, o PSDB decidiu esperar o julgamento do processo da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Indagado se concordava com a postura, Bruno Araújo disse que três ministros tucanos conversaram com Michel Temer e concordam com a postura. Além disso, ele ponderou que o monitoramento do cenário será feito pelo presidente Tasso Jereissati (CE), um dos tucanos cotados para uma eventual eleição indireta. 

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“Tomamos a decisão de delegar ao presidente, Tasso Jereissati, para fazer todo o acompanhamento deste momento da vida nacional. Nosso compromisso, maior do que com qualquer governo, é com o Brasil. O monitoramento de todo este momento vai ser feito instante a instante pelo Tasso Jereissati”, observou Araújo, após participar da abertura do Feirão da Caixa Econômica, no estacionamento do Shopping Rio Mar. 

Já sobre as articulações no PSDB para uma eventual substituição do peemedebista, o ministro negou que já haja conversas neste sentido. “Não, o momento no partido é de avaliação de cada momento que estamos vivendo, das notícias e como tudo se consolida. Estamos confiantes que o presidente Tasso, com as informações que são trocadas com os integrantes do partido ao longo de todo este processo, vai nos permitir ter alguém credenciado para conduzir esse processo”, declarou. 

Quanto às especulações de que o senador Armando Monteiro (PTB) poderia ser um dos nomes, ele frisou que “como ministro não vou fazer qualquer especulação de algo que não seja o caminho do governo do qual hoje faço parte”.

Impeachment ‘é muito inicial’

Indagado se acreditava na contundência dos 13 pedidos de impeachments impetrados na Câmara contra o presidente, o tucano disse que o quadro ainda era “muito inicial” e lembrou da responsabilidade do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na abertura de um eventual processo. 

“Nós temos que lembrar que a crise que levou à mudança da presidente Dilma [Rousseff] se deu desde o final da eleição de 2014 e se arrastou até 2016. Foram dois anos. O processo de impeachment, para se dar, depende exclusivamente de um movimento monocrático do presidente da Câmara. Então, tudo isso está contido nesse momento sobre a autoridade do presidente da Câmara, que é quem tem os elementos para decidir", frisou.

"O que o País não pode é, depois de ter saído de um ciclo, encerrado um ciclo da sua crise econômica mais grave da história, deixar de perder esse momento para devolver a quem mais interessa a possibilidade de voltar a melhorar sua qualidade de vida e renda. São 200 milhões de brasileiros", acrescentou. 

O ambiente conturbado provocado pela crise política deve ter repercussões na confiança dos empresários e consumidores e, se persistir, pode até prolongar a recessão, segundo avaliação de executivos de bancos.

O risco político é o principal determinante para a economia nos próximos trimestres, afirmou o Credit Suisse em relatório. "A incerteza política e econômica aumentou substancialmente com os eventos das últimas semanas, dificultando ainda mais uma retomada consistente dos investimentos."

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Por enquanto, contudo, o banco mantém as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,2% em 2017 e 2,0% em 2018. Para a instituição, o prolongamento da crise poderia afetar, de forma mais relevante, a aceleração da economia por meio da maior expansão dos investimentos. Assim, há chance de o País ter três trimestres de contração, após o PIB subir 0,8% de janeiro a março, conforme projeção do banco.

"A crise tem potencial de risco de atrasar a consolidação fiscal, reduzir as chances de aprovação da reforma da Previdência e diminuir o ritmo de corte dos juros", segundo o economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos. "A esperada recuperação da economia pode parar. O cenário para a economia real se tornou muito mais incerto."

Ramos avalia que o ciclo de corte de juros vai prosseguir no curto prazo. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na semana que vem e deve cortar os juros, no máximo, em 1 ponto porcentual. Antes da crise, crescia o consenso para uma redução maior, de 1,25 ponto.

No lado fiscal, uma das consequências é que o Brasil só pode voltar a ter superávit primário após 2020. "No médio prazo, pode ficar muito difícil, sobretudo se as reformas forem adiadas, que o governo cumpra o teto para os gastos", diz Ramos.

A crise política, no entanto, não alterou o interesse e o comprometimento pelo Brasil do CPPIB, maior fundo de pensão do Canadá, com cerca de US$ 230 bilhões de ativos e 20 milhões de cotistas, afirma o diretor e chefe para a América Latina, Rodolfo Spielmann.

O executivo mencionou que as instituições do Brasil têm funcionado, ao contrário de outros emergentes. O CPPIB investe na América Latina desde 2006. Ele ressaltou, em evento em São Paulo, que o fundo deve expandir investimentos no País.

Para ele, a paralisação das reformas causaria problemas na trajetória de crescimento do País. "O Brasil precisa resolver a questão fiscal", disse. "Haverá atraso, mas não sabemos por quanto tempo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em reação às incertezas políticas provocadas pelas denúncias contra o presidente Michel Temer, a equipe econômica traçou uma ofensiva para tirar o "carimbo" da crise da reforma da Previdência e das demais medidas econômicas. A avaliação é que há ainda uma base política relevante para dar continuidade à agenda, mesmo que isso signifique atrasar um pouco mais a votação, como já indicou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

A estratégia é manter as negociações para a aprovação das reformas da Previdência e trabalhista, mesmo sem uma definição de qual será o destino de Temer. O secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, por exemplo, disse que a reforma previdenciária vai além das questões de governo.

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A equipe econômica também está correndo para mandar ao Congresso projetos nas áreas de energia e de petróleo e gás, que devem ficar prontos num prazo entre 40 e 60 dias.

Há uma percepção que, se Michel Temer deixar o cargo, o próximo presidente terá o apoio da mesma base política atual e já terá prontas as medidas para serem encaminhadas. "Trabalhamos com o cenário de que Temer é o presidente da República e ele continuará. Mas temos de ir à luta independentemente do cenário político, para dar continuidade à agenda econômica", disse um integrante da equipe econômica.

O que mais preocupa é a reforma da Previdência. O governo tentará votar a proposta na Câmara em junho. Um alerta importante foi dado na segunda-feira pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, que colocou a nota do Brasil em observação e condicionou um não rebaixamento ao prosseguimento das reformas.

Recomposição

Outro ponto que vem sendo dito aos investidores é que a nova rodada de leilões do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) está marcado para setembro. Assim, ainda há tempo de recompor a base política de tal forma que não atrapalhe a agenda de privatização.

O cronograma de votação da reforma trabalhista foi mantido e a votação está marcada para a próxima semana. Essa movimentação foi considerada um avanço. O governo, no entanto, não conseguiu avançar na votação da MP do novo Refis e do projeto de convalidação dos incentivos fiscais que visa a acabar com a guerra fiscal entre os Estados. A votação dessas medidas é considerada um teste importante.

"Teremos de avaliar como será a votação de medidas importantes, em especial, medidas provisórias, nesta semana e na próxima. Só depois disso, teremos uma ideia da fidelidade da base política do governo", disse fonte da área econômica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Governo Temer entra para a história como o que mais abriu espaços para Pernambuco. O Estado tem quatro ocupantes de cadeiras na Esplanada dos Ministérios: Educação, com Mendonça Filho; Defesa, entregue a Raul Jungmann; Minas e Energia, ao deputado Fernando Bezerra Coelho Filho; e, por fim, Cidades, comandado pelo tucano Bruno Araújo. Atuando hoje na política de São Paulo, Roberto Freire, que abandonou a Cultura na explosão da crise, poderia ser o quinto.

Como se comportam diante da maior crise da República dos últimos 30 anos? Embora já com sotaque e DNA paulista, Roberto Freire teve uma recaída de esquerdista e foi o primeiro a cair fora. Entregou o Ministério da Cultura antes mesmo de saber que diabos havia nos áudios gravados pelo moleque e pilantra do frigorífico JBS. O PPS de Roberto Freire sofre dificuldades de crescer porque não é imune a chiliques moralistas.

Antes de Roberto Freire jogar a toalha, o tucano Bruno Araújo se precipitou, não ouviu o PSDB e revelou que estava saindo no dia seguinte ao estouro da boiada. Voltou atrás, diferentemente de Freire. O que se diz em Brasília, entretanto, é que Araújo resolveu abandonar Temer, a quem vivia elogiando e servindo como ministro, porque é acusado pelo Ministério Público Federal. Seu inquérito, dentro da operação Lava-Jato, de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro, já foi aceito.

Dois delatores da Odebrecht deixaram claro que lhe repassaram dinheiro de caixa dois, mas que não houve contrapartida. “Bruno deveria ser mais cuidadoso e menos ligeiro nessas matérias. Se pensa em abandonar o Governo contribui para a sua reputação, está cometendo um erro adicional. Isso vale, aliás, para o conjunto dos tucanos”, escreveu em seu blog o jornalista Reinaldo Azevedo.

Fernando Filho não se manifestou até o momento. Como está em Minas e Energia por indicação da corrente minoritária do PSB, liderada pelo seu pai, o senador Fernando Bezerra Coelho, não depende da manifestação da executiva do seu partido, que em reunião, sábado passado, em Brasília, rompeu com o Governo. Na verdade, isso nem pode ser considerado um rompimento, porque 16 dos 30 deputados socialistas já vinham votando contra as reformas de Temer.

Por fim, restam Raul Jungmann e Mendonça Filho, que ocupam áreas poderosas e estratégicas do Governo. O primeiro, numa decisão corajosa e louvável, enfrentou o próprio partido, o PPS, mantendo-se no Governo. Deixar à deriva os comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, num momento em que se especula até a possibilidade de um golpe militar, seria uma tremenda covardia.

Mendonça Filho, por sua vez, se manteve no Governo, mas calado. Até que saia a manifestação pública do seu partido, o DEM, que estava com encontro agendado ontem em Brasília, não abriu o bico. Foi visto despachando normalmente no seu gabinete e há noticias de que agiu com absoluta firmeza e lealdade a Temer, diferentemente de Freire e Bruno Araújo.

ORDEM É VOTAR – Em reunião, ontem, no Palácio da Alvorada com os principais aliados, presidentes de partidos e líderes, o presidente Temer pediu que o Congresso retome, amanhã, a votação das medidas econômicas que estão pendentes, antes do julgamento de quarta-feira no Supremo Tribunal Federal que vai analisar a perícia nos áudios da JBS. A ideia de Temer é dar uma resposta nas votações para mostrar que seu trunfo ainda existe em meio à crise política: fazer o Congresso andar. Temer pediu a Maia que vote o PLC da convalidação dos incentivos fiscais e as MPs do Refis e do INSS. Em outra ponta, Temer avalia como retaliar a JBS economicamente. O presidente discutiu o assunto com auxiliares.

Temer continua– Do marqueteiro Marcelo Teixeira, da Makplan, ontem, em artigo neste blog: “A saída de Collor tinha uma grande articulação para Itamar. A de Dilma também para Temer. E, agora, para quem ser Presidente? Falar em Carmem Lúcia ou Gilmar é a prova da ausência de quadros políticos para a sucessão e ainda assim, um grande desconhecimento da Constituição. Eles não podem ser candidatos. Falar em diretas remete a mesma questão: e a Constituição? Trabalhei na campanha das "Diretas Já", num palanque cheio de lideranças, artistas e a imprensa presente contra a ditadura, as ruas cheias de entusiasmo. Diversos nomes de peso para a disputa da Presidência: Ulisses, Brizola, Covas e não passou no Congresso. Imagine agora, com que liderança? Temer continuará na Presidência da República, aprovará as reformas. Os Tribunais tanto o eleitoral como o da justiça preservarão o Brasil”.

TSE seria a saída – Aliados já avaliam que a solução de julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral pode ser a mais rápida para a crise política instalada no País diante dos sinais de resistência do presidente Michel Temer em renunciar, depois da divulgação do conteúdo da delação premiada dos donos da JBS. A percepção entre lideranças de partidos que dão sustentação ao governo é que, depois do pronunciamento de sábado, Temer transmitiu todos os sinais de que pretende resistir no cargo. Mas há o reconhecimento de que a fala do presidente não estancou a sangria.

OAB surpreende – O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse, ontem, que a decisão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de protocolar na Câmara pedido de impeachment do presidente Michel Temer, diante da gravidade das delações da JBS, surpreendeu o Governo. “É algo que surpreende porque a OAB, tradicionalmente, é uma entidade que tem sido sustentáculo da institucionalidade e da legalidade no exercício do poder no Brasil”, afirmou. Na busca de um contraponto, o Palácio do Planalto também tenta arregimentar a adesão de outras entidades favoráveis à permanência do presidente. “Temos recebido muitos telefonemas de apoio de várias organizações da sociedade civil, especialmente empresariais”, acrescentou.

Em ação no Agreste– O mundo não acabou e a vida continua. Pensando assim, o deputado federal Zeca Cavalcanti (PTB) passou o fim de semana em articulações em suas bases políticas. Em Arcoverde, teve uma reunião com vereadores e agricultores sobre o perímetro irrigado de Itaparica, contando também com a participação da presidente da Codevasf, Kênia Marcelino, e o superintendente da 3ª Regional, Aurivalter Cordeiro. Em Garanhuns, esteve com a ex-candidata a prefeita de Terezinha, Nadir Ferro, e seu grupo político, quando acertou uma visita em breve ao município para uma reunião sobre as demandas mais urgentes do município.

CURTAS

EM PAULISTA– Enquanto o País atravessa uma profunda crise política, ética e financeira, em Paulista o prefeito Júnior Matuto (PSB) segue trabalhando normalmente e até entregando obras. Sábado passado, entregou as chaves de 196 apartamentos no Conjunto Habitacional Nossa Prata, em Maranguape II. “O País está parado, mas Paulista anda”, disse, em discurso para os familiares contemplados pelas habitações.

BRAGA SÁ– O procurador Braga Sá, embaixador de Caruaru no Recife, recebe mais uma justa homenagem: a medalha Eduardo Campos, em reconhecimento ao elevado espírito público prestado, através de apoios às causas da Defensoria Pública de Pernambuco. A solenidade está marcada para a próxima quinta-feira, às 19h30m, no Teatro Santa Isabel.

Perguntar não ofende: Teremos a semana mais quente de Brasília dos últimos anos?

As delações dos tubarões do Frigorífico JBS são avassaladoras para a classe política brasileira. Atingem tanta gente que a impressão que dá é que não escapa ninguém. Mas deixam também a constatação de que PSDB, PT, PMDB e PSB, além de outros partidos, recorreram aos mesmos canais de obtenção de dinheiro sujo para financiar suas campanhas.

Se um dia antes, o PT comemorou a derrocada de Temer, que virou um zumbi no Palácio do Planalto com o vazamento da gravação do empresário Joesley Batista, a liberação dos novos áudios do mesmo delator, ontem, deixou os petistas em polvorosa. O dono da JBS disse que transferiu para contas no exterior US$ 70 milhões destinados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais US$ 80 milhões em conta, também no exterior, em benefício da ex-presidente Dilma Rousseff.

Joesley Batista afirmou ter sido procurado por João Bacelar (PR) para comprar votos contra o impeachment de Dilma. Segundo o empresário, o deputado apresentou uma lista com 30 deputados que poderiam ser "comprados" por R$ 5 milhões cada um. O empresário diz ter "comprado" cinco deputados por R$ 3 milhões cada. Perguntado pelos investigadores, ele diz que não se lembrava dos nomes dos que foram comprados e não tinha a lista.

Na delação, Joesley contou que pagou R$ 30 milhões em propina para eleger Eduardo Cunha (PMDB) na Câmara. Segundo empresário, peemedebista “saiu comprando deputados Brasil a fora”. Na mesma delação, Joesley Batista relata pagamento de R$ 6 milhões em notas frias a José Serra. Em um dos vídeos que integram a delação, Joesley Batista detalha como funcionava a corrupção e como se aproximou de Temer. Ele conta que muitas vezes, a propina era disfarçada de doação política.

Segundo Joesley, a empresa pagou, nos últimos anos, cerca de R$ 400 milhões em propina a políticos. O diretor do frigorífico JBS, Ricardo Saud, afirmou à Procuradoria-Geral da República que pagou R$ 35 milhões em propina a cinco atuais e ex-senadores do PMDB para garantir o apoio de todo o partido à reeleição de Dilma Rousseff nas eleições de 2014.

Joesley Batista também entregou ao Ministério Público Federal gravação na qual Aécio Neves (PSDB-MG) pede a ele R$ 2 milhões para pagar as despesas com advogados que o defendem em processos na Lava Jato. Com base no que os delatores informaram, o ministro Luiz Edson Fachin determinou o afastamento de Aécio do mandato de senador.

No caso específico de Pernambuco, Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da JBS, revela, em sua delação, que a empresa negociou propina de R$ 15 milhões com Eduardo Campos, Paulo Câmara e Geraldo Julio. “Ficamos muito empolgados com a candidatura do Eduardo Campos. E tivemos com ele em alguns jantares, em conversas, com ele o Paulo Câmara e o Geraldo Júlio. A gente resolveu investir nele”.

“Nós pusemos um limite pra ele, pra iniciar, pra ter as coisas e tal. Vamos deixar aqui pra você uns R$ 15 milhões de propina. Se você continuar a crescer, nós vamos te alimentando. Depois a gente acerta quando você ganhar. E isso foi feito” explicou Saud.

ARTICULAÇÃO CONJUNTA– O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que o presidente Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) agiram "em articulação" para impedir o avanço da Lava Jato. A afirmação consta da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, que determinou a abertura de inquérito para investigar Temer, Aécio e o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) por corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa. O inquérito está relacionado ao acordo de delação de executivos do frigorífico JBS. A decisão foi divulgada ontem.

Tucanada não debanda– O PSDB não deixará o Governo “a não ser que surjam fatos novos que justifiquem esta atitude”, disse, ontem, o novo presidente do partido, Tasso Jereissati. “Conversamos muito, ontem, com o governo Temer e o que queremos é ouvir os áudios da delação premiada de Joesley Batista, que estão sendo divulgados pelo STF. Nosso papel é de grande responsabilidade e temos que lembrar que o programa econômico do governo é nosso”, lembra o senador cearense, que assumiu o comando tucano com a saída de Aécio Neves. Os tucanos, disse ele, devem discutir esta posição “somente à luz de fatos novos”.

Legalidade – O ministro Luiz Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no STF, apontou no despacho de abertura do inquérito que tem entre os investigados o presidente Michel Temer que não existe ilegalidade nos áudios gravados pelo empresário Joesley Batista, do Grupo JBS. O ministro aponta ainda que as conversas gravadas foram “ratificadas e elucidadas” por Joesley em depoimento ao Ministério Público. “Convém registrar, ainda e por pertinência, que a Corte Suprema, no âmbito de Repercussão Geral, deliberou que ‘é lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do outro”, disse.

NO BOLSO – O presidente Michel Temer teria recebido R$ 15 milhões do Partido dos Trabalhadores para financiar sua campanha à Vice-Presidência, em 2014, mas decidiu "guardar" R$ 1 milhão, segundo afirmou Roberto Saud, diretor da JBS, em depoimento ao Ministério Público Federal. Os detalhes estão em um vídeo de 23 minutos, que faz parte do material divulgado à imprensa, ontem, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e baseia um dos inquéritos que apuram atos ilícitos de políticos.

A negativa de Câmara– Em nota, ontem, à Imprensa, o governador Paulo Câmara (PSB) afirma que não recebeu um tostão da JBS para a sua campanha em 2014. “Nunca solicitei e nem recebi recursos de qualquer empresa em troca de favores. Tenho uma vida dedicada ao serviço público. Sou um homem de classe média, que vivo do meu salário”, disse. O governador fez referência ao documento que sintetiza a delação, na qual o delator Ricardo Saud, da JBS, afirma que não houve negociação nem promessa de ato de ofício, “o que significa que jamais houve qualquer compromisso de troca de favores ou benefícios”. A nota conclui com a ressalva de ser descabido o uso de expressões como “propina” ou “pagamento”.

CURTAS

BOLSA DE APOSTAS– No caso de uma renúncia do presidente Temer ou seu afastamento por um processo de impeachment quem o Congresso poderia eleger por via indireta, como determina a Constituição? Três nomes começaram a ser especulados no Salão Verde da Câmara dos Deputados: o ministro Nelson Jobim, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-senador Pedro Simon.

HOMENAGEM– Na próxima segunda-feira, o município de Serra Talhada será homenageado durante a celebração do Jubileu de Ouro de reinstalação da Justiça Federal em Pernambuco, em ato, às 16h30, no auditório da sede da Seção Judiciária. O prefeito Luciano Duque (PT) diz que o reconhecimento é fruto da parceria estabelecida ao longo dos anos entre o município e a Justiça Federal de Pernambuco. Em Serra, funcionam duas subseções - a 18ª e a 38ª Vara Federal.

Perguntar não ofende: A resistência de Temer dura uma semana? 

A polêmica envolvendo o presidente Michel Temer abala a agenda de reformas do governo. Embora o Planalto queira manter o clima de normalidade, nos bastidores do Congresso já se fala em parar a tramitação até que a crise seja dissolvida.

“As reformas serão votadas porque é uma prioridade do país. A questão é focar na recuperação do Brasil”, salientou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). O líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), pediu maturidade ao Congresso diante das denúncias. "São duas agendas diferentes, a agenda das investigações e a agenda econômica do Brasil. E o Congresso Nacional terá de ter a maturidade e a serenidade para avaliar elas de formas diferentes. Caminhando com importância de forma paralela", disse.

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O governo tem articulado as reformas para garantir a aprovação, mas até agora o texto da previdência não foi à votação em plenário porque o Planalto ainda não tem certeza se terá os 308 votos necessários para aprovar a PEC. A oposição já afirmou que irá obstruir as votações, nas comissões e nos plenários, para pressionar a renúncia de Temer.

“Não tem a menor condição de um governo como esse, avariado, conduzir as reformas que prejudicam os trabalhadores”, sustentou o deputado Paulinho da Força (SD-SP). Na noite dessa quarta (17), a  deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) afirmou que a Câmara não poderia votar MPs “editadas por um governo desmoralizado por toda a mídia”.

--> "Eu não vou cair", diz Temer em encontro com senador

--> Planalto tenta manter "normalidade", mas cancela agenda de Temer

--> Brasil já discute impeachment, renúncia e novas eleições 

--> Padilha e Moreira defendem Temer em vídeos

--> Senadores defendem renúncia de Temer: 'é digno'

--> Temer diz que “jamais” solicitou pagamentos

--> Em gravação, Temer aprova compra de silêncio de Cunha

Antes de cancelar a agenda e se reunir com assessores, o presidente Michel Temer cumpriu o primeiro compromisso oficial previsto para esta quinta-feira (18) e participou de encontro com o senador Sérgio Petecão (PSD-AC), coordenador da bancada do Acre. Em vários momentos durante a reunião o peemedebista garantiu que não deixará o comando do Executivo nacional.

"Eu não vou cair", garantiu Temer, segundo Petecão em relato à Reuters. "Vou ficar firme. Estou firme", disse. O Palácio do Planalto tenta manter o clima da normalidade com o discurso de que o "Brasil não vai parar". Temer chegou a falar em "conspiração" contra o governo em um momento em que o país começa a dar sinais de retomada do crescimento. A expectativa é de que o presidente faça um pronunciamento ainda nesta manhã para se defender da acusação de que teria acordado com a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já preso pela Operação Lava Jato.

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"Ele lamentou o episódio, disse que não lembra de ter conversas sobre isso, que não recordava de ter feito quelquer tidpo de pedido ao empresário. Ele falou que pediu para ter acesso às gravações e demonstrou certa tranquilidade", disse Petecão, em entrevista à CBN Brasília. "Eu pensei que fosse encontrá-lo em outra situação, mas ele estava tranquilo, seguro", informou ele, que explicou que a reunião foi voltada para as demandas do estado do Acre e que não foram tratadas as denúncias contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Na reunião, além de Petecão, também estavam presentes o deputado Flaviano Melo (PMDB-AC) e Gladson Cameli (PP-AC).

Na noite dessa quarta-feira (17), a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República divulgou uma nota, negando qualquer irregularidade na conduta de Temer. "O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República. O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados".

As delações da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato e a ação contra a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tornam o cenário para a eleição presidencial de 2018 um dos mais imponderáveis desde a redemocratização do Brasil. Mas, apesar das incertezas e da crescente rejeição da população à classe política, sentimento evidenciado nas eleições municipais, os partidos já começaram o processo de construção de candidaturas que consideram viáveis - e deflagraram as inevitáveis disputas que antecedem o pleito.

Entre os líderes partidários há o temor de que um nome de fora da classe política surja com força e repita o "efeito Donald Trump". Para especialistas, esse cenário, que foi visto em 2016 em São Paulo, com João Doria (PSDB), e Belo Horizonte, com Alexandre Kalil (PHS), dependerá da economia.

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"O cenário atual favorece o surgimento de outsiders, como o apresentador do programa Aprendiz (o empresário Roberto Justus), que se colocou como candidato. Isso é um perigo para o País", disse o consultor Gaudêncio Torquato, um dos mais próximos conselheiros do presidente Michel Temer.

Segundo ele, a Lava Jato pode "sujar a ficha" e contaminar nomes do PSDB, DEM e PMDB. "A crise deixou os potenciais candidatos com o pé atrás. Nesse cenário, a Marina Silva é quem reúne as melhores condições de assepsia política. Ela é uma espécie de Madre Teresa de Calcutá", disse Torquato.

O problema de Marina é a falta de estrutura partidária. Seu partido, a Rede Sustentabilidade, conta com apenas 4 deputados federais, um tempo de TV irrisório, pouco dinheiro do Fundo Partidário e obteve um resultado inexpressivo nas eleições municipais de 2016.

Ele avalia, ainda, que a situação econômica não vai se recuperar até 2018, o que "implodiria" uma eventual reeleição de Temer.

Embora diga publicamente que não será candidato a reeleição, o presidente Michel Temer é tratado por aliados como um potencial candidato em 2018. O projeto depende da recuperação da economia e da disposição do PSDB de apoiá-lo.

Além da ação que corre no TSE, que pode abreviar seu mandato, Temer tem contra si um crescente índice de rejeição e a ameaça de ser implicado na Operação Lava Jato. O presidente foi citado na delação de Claudio Melo Filho, ex-executivo da Odebrecht, que descreveu uma reunião em que o peemedebista teria pedido R$ 10 milhões para a construtora.

Tucanos e petistas - Especialista em pesquisas de intenção de voto, o sociólogo Antonio Lavareda, que atuou em diversas campanhas do PSDB, avaliou que, entre os postulantes que já se apresentaram, o governador tucano Geraldo Alckmin é o que está mais bem posicionado para 2018.

"Ele foi o menos alvejado pela Lava Jato até agora. Além disso, saiu fortalecido da eleição municipal. Está com uma base muito sólida, enquanto (o senador) Aécio (Neves) sofreu uma derrota importante em Belo Horizonte", afirmou.

O governador de São Paulo, no entanto, encontra dificuldades dentro do próprio partido, que ficaram ainda maiores com a recondução de Aécio, seu principal concorrente interno, à presidência nacional da legenda.

Alckmin tem a possibilidade de mudar de partido caso não consiga viabilizar sua candidatura pelo PSDB. A opção é o PSB, sigla do vice-governador de São Paulo, Márcio França.

Oposição

No campo da atual oposição, o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é apontado como o único capaz de reunir a esquerda, mas a situação dele, réu em cinco ações penais, é incerta. "A candidatura do ex-presidente dependerá de questões judiciais. Nesse contexto de terra arrasada, o (ex-ministro) Ciro Gomes (PDT) entra preservado", disse o cientista político Aldo Fornazieri. Diretor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo (ESP), ele atuou em campanhas petistas.

Ciro já corre o País fazendo palestras, principalmente em universidades, onde seu discurso incisivo e crítico é bem recebido entre os estudantes. O presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou que, após o recesso de fim de ano, as visitas ao circuito universitário serão intensificadas. Além disso, Ciro também deve buscar o setor produtivo, com foco no empresariado do agronegócio. "Já estamos elaborando plano de governo", disse Lupi. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugeriu que, em eventual agravamento da crise política no País, o Congresso deve aprovar uma Emenda à Constituição para a convocação de eleições presidenciais diretas. "É preciso logo fazer uma emenda no Congresso para a eleição direta", disse em entrevista ao programa Diálogos com Mario Sérgio Conti, da Globonews.

Em programa veiculado na noite de anteontem, o tucano foi questionado sobre uma eventual renúncia de Michel Temer e se disputaria a eleição por via direta ou indireta. "Eu espero que isso não aconteça. Nós estamos atravessando uma pinguela, mas, se a pinguela quebra, você cai no rio. Meu esforço todo é que haja uma travessia", disse. "Primeiro vou fazer o todo possível para fazer a passagem - portanto, o governo Temer, que é passagem - para que isso não ocorra."

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Ele comentou ainda que, para que fosse feita uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) convocando eleições diretas, seria preciso que o "presidente Temer tomasse a decisão".

O ex-presidente afirmou também que para ele é mais importante ter "credibilidade" e não "popularidade". "É difícil para alguém que não tenha voto, na situação em que nós estamos, ter legitimidade para tomar decisões que são necessárias tomar. O vice-presidente da República (Temer) teve o voto, mesmo que as pessoas não tenham muita consciência disso, ele teve o voto, é legitimo que ele esteja lá", afirmou, em outro momento da entrevista.

Arranhão

Para o ex-presidente, há um arranhão institucional no País, com "o Judiciário para um lado, o Legislativo de outro, isso é muito complicado". E, diante de um comentário do jornalista sobre as recentes aprovações de projetos no Congresso e a reação de magistrados e procuradores, ele criticou integrantes do Ministério Público. "Isso é o mais grave. Se aprovarem, eu não brinco mais, aí a crise é grave, aí não pode."

Diferentemente da postura adotada no domingo passado, quando convocou coletiva de imprensa para "mostrar a cara" e garantir à população que não permitiria avanço da anistia ao caixa 2, o presidente Michel Temer se recusou ontem a responder sobre a polêmica envolvendo o avanço do pacote anticorrupção. Ele também não comentou a manobra do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de tentar acelerar a tramitação do projeto.

Ontem, após uma reunião para tratar de ações do Dia Nacional de Combate ao Mosquito Transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya, em Brasília, o presidente rebateu a reportagem de forma irritada ao ser questionado. "Eu estou falando de zika, por favor", disse, deixando o local sem dar entrevista.

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Desde que o pacote foi aprovado na madrugada de quarta-feira na Câmara dos Deputados, a ordem do Planalto foi manter o assunto distante e "ganhar tempo". A reação dos procuradores da Operação Lava Jato, que ameaçaram abandonar as investigações caso o presidente sancione o pacote, no entanto, trouxe preocupação de que uma possível crise institucional prejudique ainda mais o governo Temer.

Assessores do presidente reconhecem que há uma preocupação com a instabilidade que a "briga" dos procuradores com os parlamentares pode causar, mas ponderam que não há razões para que o Executivo interfira. A manobra de Renan, ainda na quarta-feira, de tentar colocar urgência no projeto, segundo interlocutores do Planalto, pegou Temer de surpresa. Mesmo assim, no mesmo dia, o presidente decidiu "prestigiar" o Senado e compareceu ao jantar natalino dos parlamentares.

Auxiliares de Temer que defendem que o presidente não deve trazer o assunto para dentro do Planalto antes da hora argumentam que o projeto pode ser alterado no Senado.

Independência

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, fez um apelo ontem para que o Congresso não aprove medidas que "atentem contra a independência do Ministério Público e do Poder Judiciário". Ele criticou a medida que prevê que um procurador possa ser punido em caso de perda de uma ação.

"Quando você é membro do Ministério Público, você instaura um inquérito com base em indícios. Mas, quando você ingressa com ação penal, a lei exige alguns requisitos. Durante o processo, isso pode não ser comprovado, e você não pode ser responsabilizado."

O ministro disse também que seria errado responsabilizar o juiz em caso de revisão de condenações. "O juiz, ao proferir a sentença, condena certas pessoas. Caso o tribunal reveja, isso faz parte do sistema, mas obviamente não pode levar isso a uma responsabilização por parte do juiz", afirmou.

"Seria um atentado contra a independência do Ministério Público, um atentado contra a independência do Judiciário e, consequentemente, inconstitucional", disse. Após as críticas, Moraes afirmou não acreditar que o Congresso vá tipificar o chamado "crime de hermenêutica". (Colaborou André Ítalo Rocha)

O Brasil precisa voltar a crescer para que o ambiente doméstico melhore, mas a avaliação de gestores e investidores em Nova York é que 2017 pode ser um novo ano de decepções na economia, com o risco de mais turbulência política e ainda o aumento da incerteza no cenário externo com o governo de Donald Trump nos EUA.

As previsões de expansão para o País em 2017 começaram a ser revisadas para baixo e a manutenção da estimativa de algum crescimento vai depender dos efeitos da delação da Odebrecht, segundo gestores e economistas que participaram da reunião anual em Nova York, na quinta-feira, da EMTA, associação de casas financeiras que investem em mercados emergentes. Os executivos destacam que a política de Trump pode afetar os fluxos de capital para o País e contribuir para a desvalorização do real.

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O Citigroup avalia que a nova onda de delações tem potencial para "chacoalhar" o ambiente político em Brasília e atrasar a reforma da previdência, além de afetar a atividade econômica. O diretor do banco responsável por mercados emergentes, David Lubin, disse que os recentes indicadores econômicos decepcionaram. Entre eles, o PIB do terceiro trimestre mostrou a sétima queda consecutiva, recuando mais 0,8%.

"A questão essencial para o Brasil é voltar a crescer", disse o responsável pela América Latina na gestora Schroders Investment Management, Jim Barrineau. Só uma expansão mais robusta do PIB, acima de 2% ao ano, ajudaria a reunir capital político para que reformas necessárias sejam feitas. Para o gestor, a política populista no Brasil fracassou em estimular a atividade econômica e agora é preciso fazer ajustes importantes.

Apesar do aumento do risco político e de indicadores fracos, o gestor da BlackRock, Pablo Goldberg, avalia, que o Brasil está em melhor posição do que há um ano. Já ocorreram dois cortes de juros pelo BC e a proposta de PEC que estabelece um teto para os gastos públicos foi aprovada em primeiro turno no Senado. "O Brasil começou a se mover em um ambiente político muito difícil para resolver essas questões, mas está se movendo na direção certa."

No cenário externo, ainda há considerável incerteza sobre como deve ser o governo de Trump, mas a expectativa é que será um período marcado por juros altos e dólar valorizado, o que é um ambiente negativo para emergentes, como o Brasil, avalia o chefe de pesquisa econômica do Barclays, Christian Keller.

Com o governo acuado por uma sucessão de crises políticas e pressionado pelo cenário de retração na economia, o presidente Michel Temer tenta repactuar sua gestão dando mais espaço para o PSDB. Temer ofereceu à legenda tucana a articulação política, mas a pasta da Secretaria do Governo - vaga desde a saída de Geddel Vieira Lima - foi recusada. A intenção do PSDB é ter influência na área econômica, considerada determinante para o sucesso da gestão.

O posto que era ocupado por Geddel é considerado pelo PSDB como uma fonte de desgaste, que não atende a expectativa do partido, o principal aliado do governo do peemedebista no Congresso. A demanda dos tucanos é ter protagonismo na formulação da política econômica comandada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Líderes do PSDB garantem que a sigla não age para desestabilizar o titular da Fazenda.

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Mas, segundo o Estado apurou, entre as possibilidades apresentadas a Temer está a de um quadro do PSDB assumir o Ministério do Planejamento numa futura reforma ministerial, que aconteceria no início do próximo ano. Atualmente, a pasta é comandada por Dyogo de Oliveira, que não pertence a nenhum partido político e deve ser oficializado no cargo após ficar por seis meses como interino.

A medida a ser divulgada nos próximos dias é uma forma de Temer respaldar a atual equipe liderada por Meirelles, que passou a ser alvo de críticas após os indicadores mostrarem que a atividade econômica continua em queda.

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no terceiro trimestre deste ano o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,8% em relação ao trimestre anterior. É a sétima retração seguida nessa base de comparação - a mais longa de toda a série histórica do indicador, que teve início em 1996.

A efetivação de Oliveira, contudo, não é garantia de permanência para o próximo ano. O Planejamento já esteve na mira do PSDB. Logo após Temer assumir interinamente a Presidência, em maio, um dos nomes cogitados para ocupar o Planejamento foi o da economista Ana Carla Abrão Costa, atual secretária de Fazenda do Estado de Goiás, comandado por Marconi Perillo (PSDB).

Antes de assumir a cadeira estadual, Costa ocupou uma das diretorias do Itaú Unibanco. A secretária também é casada com o economista Pérsio Arida, um dos idealizadores do Plano Real.

Jogo duplo

Em caráter reservado, aliados de Temer dizem ter receio de que o PSDB rompa com o Planalto em 2017 caso a economia permaneça estagnada e a popularidade do presidente muito baixa - o que poderia comprometer o projeto do partido em 2018, ano da sucessão presidencial.

No governo, são recorrentes as reclamações de que os tucanos estariam enviando sinais trocados. De um lado fazem juras de lealdade, mas de outro criticam a condução da economia.

Dois exemplos desse "jogo duplo" envolvem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O primeiro foi uma frase dele comparando o governo Temer a uma "pinguela". A declaração irritou auxiliares do presidente.

Também incomodou o que foi considerado um "balão de ensaio", lançado por um aliado de FHC, Xico Graziano - que defendeu uma possível candidatura dele à Presidência num eventual colégio eleitoral em caso de cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A ação foi proposta pelo PSDB.

Plano A

Nas conversas recentes com Temer, a cúpula do PSDB garantiu lealdade até o fim do mandato, em 2018, mas cobrou dele um discurso mais claro na área social. A avaliação dos tucanos é que a retórica oficial não pode ser apenas baseada no ajuste fiscal.

"Não existe alternativa para o PSDB a não ser o governo dar certo. Não há aposta em plano B. Vamos ajudar o presidente Michel até o final a fazer essa travessia", disse ao Estado o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB.

O dirigente tucano nega que a sigla ambicione novos cargos no Executivo, mas o assunto já é tratado abertamente no Congresso. [...]"Vai chegar um momento que o governo terá mais gente do PSDB. Não estou convencido que seja agora", afirmou o deputado Jutahy Junior (PSDB-BA).

Questionado sobre a ideia de repactuar o espaço dos tucanos no governo, Fernando Henrique disse que o partido é responsável pela gestão. "Acho que o PSDB, tendo tomado a posição que tomou em relação ao impeachment, é responsável (pela gestão Temer também). (O partido) Deve fazer o máximo de esforço para que o governo dê certo. Agora, é preciso que o governo queira dar certo e se organize." (Colaborou Gabriel Manzano Filho)

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