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A bancada do PSOL na Câmara do Recife solicitou à Mesa Diretora da Casa o cancelamento da licitação de número 091/2021, estimada em R$ 279.447,75 e que diz respeito à contratação de uma empresa que confeccione “kits personalizados” com itens luxuosos de papelaria e uso pessoal dos parlamentares. A informação foi divulgada pelo vereador psolista Ivan Moraes, da oposição, e apoiada pela também parlamentar Dani Portela, companheira da legenda. Até o início da manhã desta quinta-feira (2), estes foram os únicos vereadores que se manifestaram publicamente sobre o tema, que tem repercutido negativamente entre o eleitorado.  

“Eu e a vereadora Dani Portela, que fazemos a bancada do PSOL, não concordamos com esta compra e já solicitamos à mesa diretora, responsável por esta decisão, que a licitação seja cancelada”, escreveu Moraes. 

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A licitação aceita propostas de fornecedores até 9 de dezembro. Ao todo, serão adquiridas 1500 unidades de produtos de luxo, incluindo 100 unidades da caneta modelo Crown Polaris, “com tampa, corpo e clipe em metal, acabamento polido na cor preta e com detalhes em prata, carga substituível, escrita média e carga tipo Parker, com personalização a laser e sistema de abertura em torção”. O item é encontrado por R$ 184 no site da fabricante e entre R$ 140 e R$ 150 em outros sites. 

Também estão listadas 100 mochilas executivas confeccionadas em "couro legítimo" na cor preta, que precisam ter “alças de ombro acolchoadas com regulagem” e “metais com acabamento em níquel”. Assim como as mochilas, as 100 unidades de blocos de anotações devem ser confeccionadas em couro legítimo.  

O edital justifica que a “contratação se faz necessária no sentido de permitir que os parlamentares e demais gestores da Câmara Municipal do Recife, possam manter organizados o seu ambiente de trabalho, bem como permitir que transportem seus documentos e dados eletrônicos com melhor apresentação e cuidado”. 

A aprovação do documento passou pela Mesa Diretora, liderada por Romerinho Jatobá (PSB), e composta por outros sete parlamentares: Hélio Guabiraba (PSB), Ana Lúcia (Republicanos), Fred Ferreira (Podemos), Eriberto Rafael (PP), Natália de Menudo (PSB), Zé Neto (Pros); e também pelos suplentes Almir Fernando (PCdoB) e Fabiano Ferraz (Avante). 

Os custos da licitação podem diminuir com a disputa de empresas interessadas. Em 2021, o orçamento da Câmara para manter os 39 vereadores foi de R$ 160 milhões. 

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Neste sábado (2), políticos do PT e do PSOL participam do ato contra o governo do presidente Jair Bolsonaro no Recife. O vereador da capital pernambucana, Ivan Moraes (PSOL), salienta que o ato de hoje é simbólico e reforça a insatisfação da população com o presidente.

"O ato de hoje é muito simbólico. Acredito que a coisa certa está sendo feita do jeito certo. Muitos partidos se juntaram, inclusive os que são adversários na política, mas entenderam que hoje nós temos um inimigo em comum, que é o Bolsonaro. Cada dia que ele passa no poder é mais gente que morre e é mais difícil da gente tomar um caminho civilizatório no nosso país", avalia o psolista.

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O vereador salienta ainda que os protestos são importantes para que o governo veja a movimentação popular pela queda da presidência. "Não existe protesto em vão e a gente precisa fazer com que o governo Bolsonaro acabe. O que nós gostaríamos é que já tivesse acabado, mas dependendo do tamanho desse protesto e dos demais atos que vão acontecer, pode ser que ele caia antes, ou caia nas urnas", diz Ivan.

O senador Humberto Costa (PT) veio de Brasília para participar dos atos no Recife, seu reduto eleitoral. Ele reforça a importância da mobilização das pessoas. "É sempre importante lembrar que Bolsonaro se entregou inteiramente ao centrão, isso lhe dá uma força considerável - especialmente na Câmara dos Deputados -, e torna o impeachment algo que exige uma maior participação da sociedade e de mobilização popular. É isso que nós estamos fazendo aqui hoje, viemos intensificar", assevera.

A vereadora Dani Portela (PSOL), que é reconhecida por sempre participar dos atos contra o presidente Bolsonaro, pontua que o atual governo precisa acabar para que as coisas possam melhorar no país.

"Está cada dia mais difícil, são quase 15 milhões de desempregados, maioria mulheres chefes de famílias e negras. É um absurdo a gente ver pessoas se aglomerando para pegar ossos, restos, descartes. O Brasil voltou para o mapa da fome e isso é uma tragédia. A gente tem que colocar isso no colo desse desgoverno que trás as pessoas para fome, miséria e pobreza", diz Dani.

Ela complementa que Bolsonaro "mata mais do que o vírus. Foram quase 600 mil mortes, num governo que nega a ciência, que cancelou a compra da vacina, não criou estratégias de testagem em massa e por isso é urgente gritar o Fora Bolsonaro".

 

Nesta segunda-feira (28), Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, ativistas dos Direitos Humanos reúnem-se ao redor de diálogos que buscam celebrar a potência desta população. No Brasil, país que lidera o número de homicídios de indivíduos LGBTQIA+ nas Américas, de acordo com a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA), a data também reacende o debate sobre a garantia de direitos e representação política.

“Em 1969, Marsha P Johnson se levantou contra a violência e brutalidade policial juntamente a outras lideranças negras, periféricas, LGBTQIA+, que existiam na subalternidade que criminalizava os nossos corpos”, explica o vereador de Olinda Vinicius Castello (PT), quando questionado sobre a importância do dia 28 de junho.

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O parlamentar, ativista do Movimento Negro Unificado (MNU) e advogado de 26 anos, faz questão de relembrar a atitude revolucionária que deu origem ao Dia do Orgulho, liderada pela drag queen norte-americana Marsha P Johnson, em um episódio conhecido como a Revolta de Stonewall, que ocorreu em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Mais de 50 anos depois, jovens homossexuais como Castello ainda precisam usar suas mentes para articularem respostas contra o preconceito.

“Para mim democracia é olhar para a representação e entender que ela está condizente com a diversidade existente na sociedade. Eu acredito que a gente tá caminhando para o entendimento de que os corpos que precisam estar pautando e atuando politicamente, são corpos que entendem, entre outras coisas, o que é a desigualdade e o que é a violência no Brasil”, ressalta Vinicius, que já no início do mandato ocupa o cargo de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara de Olinda.

Em contraposição às forças conservadoras que tendem a essencializar a gestão do ativista, torna-se inegável a sua disposição em enxergar os processos políticos de maneira interligada. “Eu desejo que a gente consiga atingir o nível de democracia em que todas as pessoas, independente de classe, gênero, orientação sexual e identidade de gênero possam se sentir potentes e respeitadas em um país que também é delas. Resolvi enfrentar estas violências utilizando meu corpo político para dizer que basta todo tipo de opressão e retrocesso”.

A variedade de violências as quais Castello faz referência têm relação, infelizmente, com o número de agressões às pessoas LGBTQIA+ no estado de Pernambuco. Sobre o tema, o parlamentar lamentou: “Na semana que passou, uma criança ateou fogo em uma mulher trans [Roberta Silva, 40 anos] no Centro do Recife, e nesta segunda-feira nós estaremos nas ruas, novamente, para afirmarmos o porquê da nossa luta”.

O ranking da morte a o “a construção de novos horizontes”

Embora dados divulgados pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) apontem para o aumento vertiginoso da violência contra LGBTQIA+ em todo o estado, a ação do conservadorismo na Câmara do Recife ainda encontra fôlego. Na última semana, enquanto a maioria dos parlamentares se reunia para negar um requerimento que solicitava o hasteamento da bandeira LGBT no Dia do Orgulho, mais uma mulher trans era atravessada pelo crime motivado pelo preconceito na capital.

Roberta Silva, de 40 anos, queimada viva na quinta-feira (24), enquanto estava no Cais de Santa Rita, área central da capital, simboliza mais um dos 1.854 ataques brutais à vida das pessoas LGBTQIA+ em Pernambuco só no primeiro trimestre de 2021. Destes, 46% das vítimas, ou cerca de 869 pessoas, foram violadas dentro de casa por parentes ou pessoas de confiança. Em 2019, neste mesmo período, o número havia sido de 333.

O atentado à Roberta Silva, 40 anos, que ganhou notoriedade após a advogada transexual e co-deputada estadual Robeyoncé Lima (PSOL), 30 anos, usar sua conta no Twitter para denunciar a invisibilização da violência, é resultado, segundo a parlamentar, da “banalização da violência contra corpos transexuais”. “Esse extermínio não é de agora, e quando a gente escuta a cisgeneridade branca dizer que está com medo de morrer de Covid, a gente responde: esse medo da morte pode ser novidade para vocês, mas pra gente não, porque há dez anos o Brasil figura o ranking dos países que mais mata transexuais no mundo”, ressalta.

O ranking da morte, citado por Robeyoncé Lima, é baseado em dados fornecidos pela da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), que realiza, anualmente, relatórios sobre a vida de trans e travestis no Brasil. Infelizmente, de acordo com informações da Associação, a expectativa de vida desta população no país é de 35 anos, com destaque para mulheres trans negras, que são as que mais morrem. “São violências concatenadas, por isso não adianta pedir para a gente falar sobre transexualidade sem falar de raça e de classe”, confirma a parlamentar.

Quando pergunto sobre quais são as maiores dificuldades existentes no processo de elaboração de políticas públicas que possam desmobilizar a barbárie em curso também em Pernambuco, Robeyoncé aponta a ausência de informações a respeito destas violências em Pernambuco como um dos principais problemas.

“Nós, das Juntas Co-deputadas, conseguimos aprovar, por exemplo, um projeto de lei que estabelece que nos prontuários de saúde conste os campos de orientação sexual e identidade de gênero, para que a gente possa saber como está o acesso - ou a falta dele - da população LGBT ao Sistema Único de Saúde”, uma forma de gerar estatísticas e provar para o estado a necessidade do incremento de políticas públicas para a população, de acordo com a parlamentar.

Para Jarda Araújo, 25 anos, assistente social, secretária executiva de Juventude na prefeitura do Recife e mulher transexual, a movimentação política de pessoas trans e travestis durante o período de extremo conservadorismo no Brasil, representa “a construção de novos horizontes”.”É muito simbólico que seja exatamente agora que a gente esteja conseguindo construir, de forma massiva, este novo lugar, diferente do que seria há dez anos atrás”, explica, de maneira esperançosa, ao citar as mais de 30 candidaturas travestis ao redor do Brasil.

Sobre a violência brutal que acometeu Roberta Silva, a pesquisadora em saúde pública comenta: “Recife tem operacionalizado, de forma direta ou indireta, a travestifobia. E se nós não fizermos esse movimento de tornar público e nos movimentarmos politicamente, esses casos não vão ser ouvidos”. Jarda destaca também o fato de Roberta ter ficado, até a intervenção política da co-deputada Robeyoncé Lima, na ala masculina do Hospital da Restauração (HR), após ser socorrida.

“Enquanto rede, é preciso nos movimentarmos para fazer com que essas questões venham à tona e a partir disso a gente possa cobrar, tanto dos parlamentares, das mandatas, um posicionamento político em prol da nossa população, porque nós não buscamos por mais direitos que os demais, e sim uma equidade para que a gente possa acessar os nossos direitos como qualquer outra pessoa” diz, lembrando que o “respeito ao nome social é garantido pelas diretrizes do Sistema Único de Saúde”.

O futuro da política LGBTQIA+ em Pernambuco

Quando pergunto quem são as principais referências dos entrevistados, os nomes se repetem: Vinicius Castello admira Robeyoncé Lima, que também é citada por Jarda Araújo, articuladora social que, inclusive, imagina um futuro onde a possibilidade de ocupar um cargo eletivo já existe. Ademais, é também nos bastidores da política, ocupando cargos de assessoria parlamentar e articulação social, que a pluralidade tem demarcado espaço.

A estudante do curso de Ciência Política da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e ativista bissexual Myrella Santana, 19 anos, por exemplo, foi uma das 70 candidaturas declaradamente LGBTQIA+ a se lançar no processo eleitoral de 2020. E, embora não tenha sido eleita, passou a atuar na assessoria parlamentar de Dani Portela (PSOL), vereadora mais votada para a Câmara Municipal do Recife.

Forjada nos movimentos sociais, Myrella explica que a política sempre ocupou um papel central em sua vida. “Eu acho que, inicialmente, veio muito da necessidade de entender que o que eu faço tem impacto direto na vida do outro. E no segundo momento, por me enxergar enquanto mulher negra bissexual e compreender que esse é um corpo político”, diz, enquanto explica que as decisões políticas atingem, sobretudo, aqueles que não costumam estar no centro das decisões políticas do país.

Outra trajetória que inspira é a de João Pedro Simões, ativista homossexual de 27 anos, cientista político e co-fundador do coletivo de estudante negros da UFPE, o Coletivo Afronte. Ele trabalha desde 2017 ao lado do vereador Ivan Moraes (PSOL), com quem começou ainda como estagiário e, posteriormente, foi contratado para desempenhar a função de assessor parlamentar.

João Pedro diz que o incentivo familiar foi essencial nos processos de tomada de decisões, além dos atravessamentos sociais, raciais e de sexualidade, que, segundo ele, são “marcadores sociais que influenciam muito no reconhecimento e autoavaliação sobre o quanto é possível adentrar na política”. “Existe toda uma gama de corpos que fazem parte da sigla LGBTQIA+, mas que ainda estão alheios à política institucional e isso é muito grave. É um projeto, obviamente, do ‘status quo’ que sustenta uma democracia que é, em tese, representativa mas não representa quase ninguém”, critica o assessor parlamentar.

Para o Dia do Orgulho LGBTQIA+, Simões, que é, também, uma promessa de futuro para ocupar um cargo eletivo no estado de Pernambuco, espera mobilizações em torno do atentado à Roberta Silva. “A gente tem orgulho de ser quem é, mas é um momento de luta, denúncia e cobrança. O preconceito está longe de ser uma coisa do passado, então a gente tem que estar mais ciente de que precisa coletivizar nossas ideias, angústias e felicidades, porque sozinho a gente não anda. Eu espero que cada vez mais as pessoas LGBTs e aliados estejam conscientes da força que a gente pode ter para mudar e mover a realidade deste país”, acentua.

 

 

Ao menos 25 capitais brasileiras têm protestos, neste sábado (29), contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Os grupos à frente das manifestações reivindicam, entre outras coisas, a volta do auxílio emergencial no valor de R$ 600, a ampliação da campanha de vacinação contra o novo coronavírus e o fim da violência contra a população negra.

No Recife, o início do protesto está previsto para às 9h, na praça do Derby, área central da cidade. Para a vereadora Dani Portela (PSOL-PE), embora o país esteja atravessando um dos momentos mais críticos da pandemia, ir às ruas é “a única solução” para quem está em busca de “condições de garantir a normalidade e derrubar esse governo negacionista, que tem impedido as vacinas, tem confundido a população com desinformação e tem incentivado o contágio”.

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A parlamentar, que cita as revelações feitas pela CPI da Covid-19 como um dos estopins para as manifestações, também garante que as medidas sanitárias serão cumpridas durante as possíveis aglomerações no ato.

“Bolsonaro reúne gente sem máscara em desrespeito aos mais de 250 mil mortos. Para defender a vida, nós vamos às ruas neste dia 29 com responsabilidade, propondo o distanciamento, o uso de álcool em gel e máscaras como a pff2 e a N95”, explica.

Outra forte bandeira dos protestos tem relação com um possível impeachment de Bolsonaro.

“Pedir um impeachment nesse contexto é utilizar dos elementos da democracia para frear um governo que tem se mostrado cada vez mais irresponsável e genocida, através de um projeto político que visa, de fato, dizimar a população brasileira, em especial as pessoas pobres e negras”, diz Ingrid Farias, militante da Articulação Negra de Pernambuco e Coalizão Negra por Direitos, organização responsável por protocolar um pedido de impeachment contra Bolsonaro em agosto do ano passado.

Mas e os riscos de se aglomerar?

Em defesa da realização do ato, em nota o vereador Ivan Moraes (PSOL-PE), afirmou que “a maior parte da nossa população já está nas ruas”.

“Quem tem menos grana precisa se virar enquanto apenas uma pequeníssima elite pode dar-se ao luxo de cumprir o necessário isolamento social. Cada vez mais, parece que estamos vivendo num filme de ficção científica em que multidões arriscam a vida para garantir o bem estar de um punhado. Na mesma medida, o governo federal permanece boicotando a ciência e dificultando o acesso a vacinas para a maioria da população”, disse.

Em sua conta no Twitter, Moraes organizou uma “vaquinha virtual” com o intuito de arrecadar dinheiro e comprar máscaras de proteção do tipo Pff2 para distribuir durante o ato. Segundo ele, já foram adquiridas mais de 600 máscaras.

Uma proposta de Renda Mínima Permanente para beneficiar as cerca de 30 mil famílias recifenses que vivem na situação de miséria, ou em nível que é considerado abaixo da linha da pobreza, foi apresentada pelos vereadores que formam a bancada do PSOL na Câmara Municipal do Recife.

“É uma proposta para que a Prefeitura do Recife conceda uma renda mensal de R$ 350 para as famílias que não têm sequer o que comer e estão inscritas no CadÚnico. Aquelas cujos membros, somado tudo o que ganham por mês, não chega a R$ 130. É preciso termos uma política pública que dê uma resposta à atual situação de desemprego e de extrema pobreza na nossa cidade”, afirmou o vereador Ivan Moraes, na reunião virtual da Câmara na última segunda-feira (8).

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O CadÚnico é uma ferramenta que identifica as famílias de baixa renda em todo o País, de acordo com coleta de dados para a definição de políticas públicas sociais.

Em conjunto com a vereadora Dani Portela, do mesmo partido, ele apresentou e aprovou o requerimento de número 364/2021, que indica ao prefeito do Recife, João Campos, a necessidade de que ele apresente e implemente “um programa de renda básica permanente no município do Recife, devido à crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19 e o latente índice de desemprego na cidade”.

Ivan Moraes sublinhou que tem consciência de que não cabe aos vereadores legislarem sobre as questões financeiras e econômicas do município, pois isso é prerrogativa exclusiva do Poder Executivo. Mas, observou que é preciso enfrentar o desafio de se propor uma iniciativa como a da renda mínima como forma de minimizar os efeitos dos problemas sociais que se apresentam no Recife.

Ivan Moraes entende que a proposta pode reunir não somente os vereadores do PSOL e de toda a bancada de oposição, mas também outros da situação, que tenham o mesmo ideal.  “Além disso, quero afirmar que acreditamos na sensibilidade do prefeito João Campos, para com este tema, ainda que sejamos de oposição a ele. Reconhecemos que, quando deputado federal, a concessão da renda mínima foi uma das frentes de lutas do então parlamentar, em conjunto com o deputado Marcelo Freixo. Eles formaram uma frente em defesa do programa de renda mínima”, lembrou.

O vereador observou que, apesar de fazer oposição ao prefeito, pode caminhar em paralelo, nesta discussão. “Há uma possibilidade de construção em conjunto, sim”, admitiu.

De acordo com Ivan Moraes, a proposta de criação do programa de renda mínima foi apresentada em conjunto com a vereadora Dani Portela porque se trata de uma orientação do partido desde a campanha eleitoral do ano passado.

“Foi uma iniciativa de forma coletiva. Sabemos que a renda emergencial de R$ 600 do Governo Federal acabou e a população mais pobre não pode ficar à deriva. O município pode e deve incluir esta tarefa entre as suas obrigações para com o cidadão mais pobre”.

Ivan Moraes disse ainda que uma pesquisa foi feita pelo PSOL mostrando que se a Prefeitura do Recife adotar a renda mensal, no final do ano terá pago cerca de R$ 125 milhões à população. “Se o prefeito João Campos quiser, os recursos para financiar esse programa virão de custeios que podem ser enxugados. Poderão ser retirados de excedentes com as despesas do lixo ou da comunicação, que serão executados”. O vereador também ressaltou que o prefeito anunciou que pretende gastar milhões de reais com a triplicação da BR-232, na saída da Avenida Abdias de Carvalho, na Zona Oeste. “Em vez de gastar com essa triplicação, ele poderia gastar com a vida. Ela, com certeza, é mais importante do que com o livre-trânsito. É só uma questão de o poder público priorizar a vida em seu orçamento”, afirmou.

A vereadora Dani Portela pediu um aparte e disse que a proposta do projeto de renda mínima permanente é “urgente e necessário”. Ela observou que a persistência dos números sobre a pobreza no Recife tem se agravado com a pandemia da covid-19. “É impossível falar da pandemia sem observar que ela agrava ainda mais as desigualdades de raça, de gênero e de classe. A população que mais sofre, nessa situação, é a periférica, pobre e negra. Sobretudo as mulheres”, reforçou. Dani Portela apresentou dados de um relatório da Oxfam Brasil, dando conta de que mais de 1 bilhão de pessoas está em extrema pobreza no mundo inteiro e que, com a pandemia, a parcela mais rica da população leva nove meses para recuperar as perdas econômicas e financeiras, enquanto que a mais pobre levam uma década. A vereadora também citou dados do projeto do Auxílio Emergencial do Governo Federal, de que o País sofre com 14 milhões de desempregados; que quatro em cada dez brasileiros receberam o auxílio emergencial no ano passado, e que 43% da população beneficiada estava nas regiões Norte e Nordeste. “Nesse contexto, o Recife é a capital do desemprego e 115 mil pessoas, de sua população, se encontra em situação de extrema miséria”, alertou.

*Do site da Câmara do Recife

Por ter sido a vereadora mais votada na última corrida eleitoral no Recife, a vereadora Dani Portela (PSOL) presidiu a solenidade que deu posse aos vereadores eleitos em 2020. Com esse ato, Dani se tornou a primeira mulher negra a comandar a presidência da Câmara dos Vereadores da cidade.

A solenidade foi realizada na tarde desta sexta-feira (1º). Depois de empossar todos os vereadores, Dani Portela fez o seu discurso na cerimônia, chamando a atenção para as desigualdades que persistem no Recife e na política do País. 

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“Recife é a capital das desigualdades. O próximo presidente desta Casa deverá ter como pauta fundamental o enfrentamento às opressões e às desigualdades desta cidade. Sejam essas opressões de raça, gênero ou classe”, salientou.

A vereadora também pontuou que aproximadamente 115 mil recifenses vivem hoje abaixo da linha da pobreza e a democracia deve ser um mecanismo para garantir uma vida melhor para as pessoas. 

Dani destaca a necessidade de mais mulheres nos espaços de poder. “A caneta que vai criar as leis da cidade do Recife, que vai tomar as decisões, precisa alternar de mãos. Isso é reparação histórica. A democracia será efetivada com a verdadeira participação das mulheres nesses espaços de poder”, declarou.

Dos 39 vereadores eleitos representantes da Câmara Municipal do Recife pelos próximos quatro anos, 17 ou 44% são novos nomes, que cumprirão os seus primeiros mandatos na Casa José Mariano a partir de 2021. O índice de renovação não é muito diferente do encontrado nos anos anteriores, e foi de 41,2% nas eleições de 2016, que teve 16 novatos. Mais uma vez, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) ocupa a maior parte dos assentos, com 12 representantes.

A mais votada foi Dani Portela (PSOL), que teve, ao todo, 14.114 votos. Em 2016, o posto era ocupado pela vereadora Michele Collins que, na época, conseguiu 15.357 votos. A missionária foi reeleita este ano, com 6.823 votos, sofrendo uma queda de 56% no seu eleitorado.

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Para a cientista política Priscila Lapa, a inversão dos discursos na substituição de Collins por Portela deve ser observado. “É um aspecto importante. Em quatro anos, o perfil da candidata mais votada sai de uma evangélica conservadora para uma ativista progressista. Então é aquele sentimento difuso de mudança. A impressão que tenho é que o eleitor recifense quis dar uma resposta à onda conservadora que varreu o país em 2018”, pontuou.

Lapa avalia a eleição da psolista como “emblemática” e explica: “Mulher negra, com perfil progressista, bem diferente do que víamos em 2016. E fazendo uma inflexão na tendência de crescimento da pauta conservadora e perfil religioso, evidenciados em 2018”.

Apesar da vitória, a representação feminina na política ainda carece de expansão. As mulheres eleitas são somente sete ou 18% dos 39 representantes para os anos de 2021 a 2024. Considerando o número total de candidaturas, 877, a porcentagem cai mais ainda. As eleitas são apenas 0,8% de todo o pleito, entre os eleitos e os não eleitos.

As outras mulheres eleitas são: Cida Pedrosa (PCdoB), Liana Cirne (PT), Andreza Romero (PP), Professora Ana Lúcia (Republicanos), Michele Collins (PP) e Natália de Menudo (PSB).

Sobre a representatividade feminina na Câmara, a especialista menciona o impasse já conhecido. As mulheres ganharam muito mais em visibilidade do que em números. A agenda feminina ganhou força, mas não necessariamente expressão numérica. Falta espaço de liderança nos partidos, faltam investimentos nas candidaturas femininas”, avalia.

Observando a rotatividade e índice de renovação na Casa José Mariano, a cientista segue a mesma lógica da eleição de Dani Portela e volta a mencionar um sentimento “difuso” de mudança. Diferente do que se vê com os eleitores de outros estados, que estão mexendo com certa força na configuração da velha política, no Recife, a última eleição teria deixado um impacto mais marcante nesse aspecto.

“Acredito que o sentimento de mudança do eleitor em 2020 foi bem menos marcante do que em 2016. Agora, quando olhamos a composição das bancadas, podemos perceber o efeito dado pelo fim das coligações proporcionais. Nomes solitários, bancadas menores, 16 partidos presentes. Teve perdas para quase todos os partidos. O eleitor quer mudanças, está insatisfeito, mas não enxerga claramente os postulantes como portadores das características que ele busca. Não é um sentimento de mudança com a mesma força de 2018, quando o próprio sistema político estava em xeque”, observa.

Distribuição por partido

No quesito ocupação, o PSB ainda concentra a maior parte dos assentos, apesar de ter perdido seis lugares na Câmara. Em 2016, o partido possuía 18 vereadores em exercício na Casa. O PP também chama a atenção ao se falar de diminuição no número de representantes que, em 2020, são quatro, mas eram nove em 2016. O partido perdeu nomes importantes para a sua representatividade, como Amaro Cipriano e Aline Mariano.

Para os parceiros PT e PSOL, não há tanta diferença nos números. O PT possuía dois assentos em 2016, e nessas eleições ganhou mais um, tendo agora três no número bruto, mas houve rotatividade. Jairo Brito se reelegeu, João da Costa saiu e Liana Cirne e Osmar Ricardo entraram.

Antes representando sozinho o PSOL, Ivan Moraes agora conta com Dani Portela. O PSOL totaliza dois assentos, que juntos, arrastaram 20.433 votos.

Para Lapa, a legenda sai ganhando pela forma que se posiciona, pois representa a possibilidade de novos caminhos e uma política, já tão centrada, mais diversa. E acrescenta: “O PSOL é uma das mudanças mais expressivas em termos qualitativos. Aumenta a bancada, tem a candidata mais votada e ganha em expressão e visibilidade”.

O MDB manteve o seu único assento, do reeleito Samuel Salazar. O PCdoB ganhou mais um, agora contando com o reeleito Almir Fernando e a novata, Cida Pedrosa. Já os partidos Avante, Solidariedade, Podemos, Democratas, Republicanos, PRTB, Pros e PSL ganharam os seus primeiros assentos na Câmara.

Considerando o segundo turno que decidirá o próximo prefeito do Recife, em 29 de novembro, a ocupação da Casa pode influenciar na gestão de cada um dos candidatos. Além de contar com 12 representantes do próprio partido, o PSB de João Campos totaliza 25 assentos na Câmara dos Vereadores, quando os eleitos puro-sangue são somados à coligação Frente Popular (PSB, PDT, PV, Rede, Republicanos, PSD, MDB, Avante, Solidariedade, PCdoB, PP e Pros).

Já a petista Marília Arraes, com a coligação Recife Cidade da Gente (PT, PSOL, PTC e PMB), conseguiu eleger cinco vereadores no total.

O quadro parece configurar uma desvantagem óbvia para Arraes, mas Priscila Lapa explica que, em nome da fluidez política e da descentralização de ações, o diálogo pode fazer parte e é incomum que a Casa insista em uma oposição inflexível. “Ser oposição não é vantajoso e existe uma tendência natural de configuração desses partidos”, pondera.

“É muito mais óbvio que João Campos tenha essa facilidade de formação da maioria, porque ele já a tem, então, teoricamente, esse esforço político ele teria poupado. Porém, isso não significa que Marília também não consiga realizar a sua gestão porque, historicamente, câmaras municipais aderem ao governo. Em casos muito raros se tem uma Câmara que passa o mandato inteiro como força de oposição. É muito difícil isso acontecer porque pela própria dinâmica do município, acaba que existe uma tendência natural de uma composição maior de situação, senão o vereador fica em uma posição de pouco poder e acesso de verbas direcionadas às suas bases”, argumentou, em finalização.

 

 Na capital pernambucana, com 36,54% dos votos apurados no Recife, a advogada Dani Portela (PSOL) figura como vereadora mais bem votada do pleito. Feminista e militante antirracista, ela já somava, até o fechamento desta matéria, 5.631 votos, o correspondente a 1,91% do votos válidos. A psolista foi candidata a governadora de Pernambuco em 2018.

A socialista é seguida por Andreza Romero (PP) com 4.966 votos e Eriberto Rafael (PP), escolhido até então, por 4.920 recifenses. 

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Dentre os prefeituráveis, a liderança é assumida, por hora, por Marília Arraes (PT), com 28,62% dos votos. Ela é seguida por João Campos (PSB), que chega a 28,14% e Mendonça Filho (DEM), com 25,79%. A Delegada Patrícia se distancia dos três primeiros colocados, com 13,78%.

A historiadora Dani Portela, candidata a vereadora do Recife pelo Psol, marcou presença no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife, na manhã deste sábado (3), para cumprir sua agenda política ao lado de Marília Arraes. Em entrevista ao LeiaJá, Dani afirmou que é chegada a hora de uma mulher assumir a Prefeitura do Recife, e que Marília é ideal para assumir o cargo.

“Recife nunca teve uma prefeita. Isso diz muito. Nós vivemos numa época onde existem verdadeiras capitanias hereditárias políticas, de lavados que passam de pai para filhos, netos. Precisamos eleger a primeira prefeita. Marília tem compromisso com o povo, a educação e também com a nossa cidade”, declarou.

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Dani ainda ressaltou a importância de apoiar a candidata à Prefeitura do Recife: “Essa cidade tem que voltar a ser dos recifenses. Apoiar Marília Arraes, quando ela já me deu força em 2018, tem sido muito tranquilo. O meu partido tem 15 anos e nunca defendeu alianças. Pelo contrário. Ao longo de sua história, o Psol sempre fez alianças restritas. Nós entendemos que esse momento histórico não é de fragmentar”, disse.

E completou: “Precisamos criar grandes frentes de resistência, frentes do campo da esquerda democrática. O que nos une é a luta por uma cidade mais justa. Diante de toda a crise que estamos enfrentando, é urgente chegar na Prefeitura do Recife uma mulher, e uma mulher do campo progressista”.

O machismo que marca a sociedade brasileira e causa diversos problemas às mulheres em seus cotidianos se faz presente também no meio político, causando um distanciamento feminino dos espaços de disputa direta de poder. Essa é uma realidade refletida em números: de acordo com dados da Câmara dos Deputados, a casa legislativa conta com apenas 77 mulheres em um total de 513 deputados. 

Neste 8 de março, data que marca a celebração do Dia Internacional da Mulher, o LeiaJá ouviu mulheres engajadas na política para entender quais são os obstáculos que se apresentam no caminho daquelas que trilham uma carreira na vida pública e o que é necessário para mudar esse quadro e aumentar a presença de mulheres em postos de comando do meio político. 

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Izabel Urquiza (PSC) disputou as eleições para a Prefeitura de Olinda mais de uma vez e no ano de 2016 chegou perto de passar para o segundo turno contra o candidato (e atual prefeito) Professor Lupércio. A política já está presente em sua família há bastante tempo: sua mãe, Jacilda Urquisa, foi a primeira prefeita eleita no município. Quando perguntada sobre as razões que distanciam as mulheres da política, Izabel aponta as obrigações com o trabalho doméstico, muitas vezes incompatíveis com a rotina de uma pessoa que está em campanha ou ocupa um cargo eletivo. 

“A política exige muito da pessoa no sentido de que você não tem sábado, não tem domingo, não tem feriado, não tem noite, e isso para as mulheres é uma questão muito mais complicada, conciliar as atribuições políticas com as atribuições de casa e com as atribuições profissionais exige muito mais da mulher do que do homem. Apesar dos avanços, a gente ainda constata que as mulheres sempre tiveram mais atribuições, mas não se eximiram das tarefas de casa. Eu acho que isso faz com que muitas mulheres não tenham condições de entrar na política competindo em condições de igualdade”, declarou ela. 

Para além disso, Izabel também aponta dificuldades impostas pelas estruturas partidárias que, via de regra, beneficiam os homens em detrimento das candidaturas femininas. “As candidaturas masculinas conseguem uma articulação maior para financiamento da campanha, mesmo agora com a verba partidária, se analisar os recursos que são gastos com candidaturas masculinas, há uma disparidade muito grande. Há um movimento de mulheres compondo chapas majoritárias, mas sempre como vice. Uma mulher na cabeça de chapa é mais raro. A candidatura de Priscila Krause, por exemplo, foi uma dificuldade grande de conseguir um vice, na maioria das vezes eles querem ter o protagonismo e não colocar a mulher como protagonista”, afirmou Izabel. 

Quando questionada sobre o que falta para que as mulheres tenham mais espaço, mais recursos em suas campanhas e apoio do eleitorado feminino, Izabel aponta para a necessidade de maior estruturação das candidaturas femininas dentro das estruturas partidárias. “A gente quando vai entrar numa campanha política tem que ter a disposição da pessoa. Ninguém é candidato de si mesmo, então tem que ter o reconhecimento e a musculatura política de partidos e de pessoas envolvidas que estejam acreditando naquela candidatura, e tem também o aporte financeiro”, disse a ex-candidata. 

Izabel continua, afirmando que a falta de visibilidade para as candidaturas de mulheres diminui o conhecimento das eleitoras a respeito das ideias dessas mulheres e, consequentemente, as chances de sucesso eleitoral. 

“Quando vai para a mídia, sempre vão candidaturas masculinas. Não acho que a mulher não vota em mulher, as pessoas votam naquilo que elas veem. Se ela não vê mulheres na política, se não tem oportunidade de avaliar que aquelas mulheres defendem causas em que elas acreditam, vai votar fazendo uma política muito clientelista”, declarou Izabel. 

A deputada federal Marília Arraes (PT-PE) tentou viabilizar sua candidatura ao Governo do Estado de Pernambuco no último pleito, mas já nos últimos momentos uma movimentação interna do partido decidiu pela retirada de sua candidatura e apoio à reeleição do atual governador Paulo Câmara (PSB). Membro de uma família com tradição na política do Estado e com anos de carreira política no currículo, a deputada não hesita ao afirmar que o machismo do meio político teve peso na decisão da cúpula de seu partido. “Sem dúvida foi um episódio extremamente machista. Se fosse um homem no meu lugar no mínimo teria tido um tratamento diferente. É injusto dizer que as mulheres não querem estar na política, existem vários fatores.”, declarou a deputada.

Quando perguntada sobre as razões que levam ao distanciamento feminino dos espaços de disputa de poder e representação política, Marília faz uma análise da maneira desigual como a sociedade cria homens e mulheres desde a infância. “A sociedade faz as mulheres acharem que só serão felizes se casarem, mantiverem o casamento, forem bonitas, gera diferenças de anseios. Para o homem ser bem-sucedido a sociedade acha que ele tem que ter dinheiro, mulheres. Para a mulher, ela pode ter uma carreira, mas se o casamento acaba ou fica pouco com os filhos apontam que não foi bem-sucedida”, afirma a deputada. 

Além disso, Marília também aponta para uma hostilidade do mundo político, majoritariamente masculino, em relação às mulheres. “Quando comecei meu primeiro mandato nem mesmo tinha banheiro feminino na câmara. E na câmara federal temos dificuldade de nos integrar nas atividades mesmo eleitas com mais votos porque é de fato um ambiente masculino”, disse ela. A deputada segue o raciocínio contando que passa por situações de preconceito político no exercício do mandato frequentemente. 

“A gente passa todos os dias. Desde ser barrada todo dia na câmara porque tem espaços que só deputados podem passar, e os seguranças discretamente liberam e depois veem se está com broche ou crachá e as mulheres primeiro barra para depois olhar. Até coisas mais sérias de dificuldades partidárias. Homens mais velhos de histórias consolidadas que não aceitam uma mulher com mais destaque e popularidade que eles e não as apoiam. Eu sou mulher jovem, apesar de privilegiada, mas em todas as esferas as mulheres sofrem preconceitos”, disse ela. 

Sheyla Lima, de 55 anos, trabalha há 36 anos no Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e também é a primeira presidenta do Sindicato dos trabalhadores de TI em Pernambuco (SINDPD-PE). O que a motivou a entrar para o movimento sindical foi o fato de trabalhar em uma categoria majoritariamente masculina e “a necessidade de ter uma representação das mulheres, que geralmente por conta das triplas jornadas não têm condições e disponibilidade de fazer movimento de classe”, de acordo com ela. 

As lutas das trabalhadoras, de acordo com Sheyla, geraram muitos ganhos importantes ao longo dos anos e houve avanço na própria estrutura sindical do Brasil, mas ainda com muitas marcas do machismo. “Para sermos ouvidas foi e é muita luta diária, recebemos 25% a menos que os homens, mesmo com o nível de escolaridade das mulheres sendo maior. Para ter o respeito muitas vezes é preciso gritar. Para sermos ouvidas, ter nossas pautas respeitadas e abraçadas, por muitas vezes só através de grandes debates, discussões, votação e briga”, disse ela. 

Dani Portela é historiadora, advogada, militante feminista e concorreu nas últimas eleições ao Governo do Estado de Pernambuco pelo PSOL. Filha de um ex-preso político da ditadura militar brasileira, ela conta que já tinha uma atuação política em outras frentes, não partidárias, mas que isso mudou a partir do ano de 2016. 

“Meu pai falece aos 86 anos sofrendo de insônia e se repetia um pesadelo que tinha vindo de uma vivência real, de gritos de uma mulher. Ele escutou isso ao longo de uma noite toda e no final ele escutou o choro de uma criança. Essa mulher e essa criança morreram e quem estava nessa prisão era o Coronel Brilhante Ustra. Em 2016 meu pai contraiu Chikungunya e entrou em coma no dia da votação do impeachment da ex-presidenta Dilma. Me peguei sentindo um misto de alívio por meu pai ter desacordado justamente naquele momento sem ter assistido o então deputado Jair Messias Bolsonaro subir no plenário e reverenciar o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra que não foi só o pavor de Dilma Rousseff, foi o pavor na vida de muitas pessoas. Naquele leito de hospital prometi ao meu pai que eu tinha que mudar meu papel de atuação política, eu decido virar uma página e colocar o meu nome, o meu corpo, minha luta e a minha história nessa disputa”, contou ela. 

Dani aponta para dificuldades na estruturação e financiamento das campanhas das mulheres, apoio dos partidos e distribuição de tempo de TV, além do machismo estrutural da sociedade brasileira como razões que dificultam o acesso das mulheres aos espaços de poder e decisão política. Como consequência dessa lógica, segundo ela, há uma redução da atenção dos governantes para a criação de políticas públicas que atendam às necessidades das mulheres. 

“Aqui no Recife, de 39 vereadores, você tem seis mulheres. Essa caneta precisa estar na nossa mão pela alternância de poder. As mulheres precisam ocupar espaços de poder e decisão não só na política, mas profissionalmente falando. A gente precisa pensar que o feminismo acima de tudo uma grande busca por igualdade, para que a gente possa pensar numa sociedade que seja mais justa, porque uma sociedade melhor para a mulher é melhor para todas as pessoas”, declarou ela. 

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Luciana Santos (PCdoB) foi prefeita de Olinda e atualmente é vice-governadora do Estado de Pernambuco. O interesse dela por política surgiu do convívio com seu pai, que foi preso político, e de sua participação no movimento estudantil durante a universidade, quando decidiu se filiar ao partido. “O ex-presidente do partido sugeriu que eu fosse candidata a vereadora em Olinda. Era uma candidatura para construir o partido, a gente não imaginava que eu pudesse me eleger, mas fiquei como primeira suplente, viram que eu tinha vocação e nunca mais saí”, contou ela. 

Em sua trajetória, Luciana já ter sofrido com machismo no meio político. “Nos primeiros momentos para ser escutada, respeitada, para escutarem suas opiniões na política no início não é fácil. Foi um processo, uma trajetória longa de afirmação das opiniões, das ideias ditas. Nada explícito, mas é natural que você perceba posições sendo ignoradas”, afirmou Luciana, que avalia essa situação como não sendo exclusiva do meio político. “Eu penso que não só na política isso acontece em todas as áreas a mulher tem que se esforçar em dobro”, disse ela. 

O problema, na avaliação da vice-governadora, também está presente nas organizações internas dos partidos e, por mais que exista uma lei que busca reduzir a desigualdade de gênero na política, Luciana avalia que essa iniciativa não tem bastado. “Instâncias partidárias e as instituições são feitas de gente, por mais avançado que seja o programa de um partido, o machismo é cultural e histórico. Quando se faz marcos legais para promover a participação das mulheres, na prática, em Pernambuco só tivemos cinco mulheres deputadas federais na história. Quando se formam as chapas, isso se rebate porque o machismo contamina essas instituições. Passou a ser obrigatória a participação, o fundo eleitoral, o tempo de tv, mas há uma dificuldade para tirar do papel essa legislação. Essa política afirmativa tem sido insuficiente”, afirmou ela. 

De acordo com a cientista política Priscila Lapa, o distanciamento das mulheres do meio político se dá, em grande parte, por uma questão cultural fortemente estabelecida de um processo histórico de definição de papéis. “Política é um espaço de exercício de poder, é como se esse papel fosse naturalmente atribuído aos homens, isso não fomentou nos quadros políticos a participação das mulheres. Isso se reflete não só no número de candidaturas, mas no número de mulheres que chefiam mulheres. Tem um viés de cultura comportamental. A gente não passa a imagem de que as mulheres podem ter carreiras de chefia, de poder. Essa é uma das principais barreiras, se você não forma pessoas para uma tarefa elas não vão se ver ali”, explicou ela. 

Além disso, o modo como se formam não somente as chapas e lideranças políticas também tem interferência nesse processo. “A formação dos partidos tem clãs, famílias, isso causa esvaziamento ideológico e acaba não dando espaço às mulheres. Geralmente quando a mulher tá na política é como herança de um homem na família, mas o acesso das mulheres não é pela mesma via dos homens, de ocupar os espaços. Não é algo que é conquistado com essa mesma naturalidade”, explicou a cientista política. 

A associação da figura feminina com assuntos ligados ao cuidado e não a uma posição de liderança é outra questão que, na visão de Priscila, gera o preconceito no ambiente político, uma vez que além de ser dominada por homens, a disputa política exige da mulher características que a sociedade enxerga como tipicamente masculinas. 

“Normalmente a mulher vai cuidar da saúde, educação, assistência social. Desenvolvimento, infraestrutura, são áreas vistas como masculinas em que as mulheres não se saem bem. As mulheres tão se tornando candidatas competitivas mesmo com problemas. É como se ela tivesse que provar competência duas vezes, conseguir ser racional, falar grosso, firme. Quando se tem essa presunção de que não vai dar certo, se acha que ela vai ser engolida. Os papéis que tem que ser exercidos na política tem que corresponder aos papéis que precisam ser exercidos na sociedade”, declarou a especialista. 

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O dia 8 de março marca no calendário a celebração do Dia Internacional da Mulher. Comumente lembrado por desejos de parabéns, mensagens em tom de homenagem e pelo recebimento de flores, esse dia vem sendo reivindicado para o resgate de seu sentido original, de luta pelos direitos das mulheres, uma pauta feminista. Desconhecido por alguns, visto com receio por outros, o feminismo vem conquistando espaço na esfera de debates públicos e redes sociais nos últimos anos, influenciando pessoas e pautando questões políticas. 

Neste dia 8 de março, o LeiaJá preparou uma reportagem ouvindo pesquisadoras e militantes feministas para explicar o que é o feminismo e como ele influencia mulheres, homens, debates públicos, projetos de lei e o pensamento social como um todo, pela perspectiva de quem tem o protagonismo desse movimento e está no centro da questão: as mulheres.

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Nas palavras de Liana Lewis, professora do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que está desenvolvendo pesquisas sobre autoritarismo com recortes de raça, gênero e classe social, o feminismo pode ser entendido como “um movimento e escola de pensamento que denunciam que as relações de gênero são relações de poder e não são naturais, ou seja, são construídas e reproduzidas social e historicamente”. 

Ela continua explicando que o feminismo “denuncia e luta contra as formas de opressão que mantém as mulheres em lugar de subalternidade em relação aos homens” e que a principal ideia do feminismo é opressão de gênero como ponto central de denúncia e formulação de sua teoria e ações. Entre as principais premissas do feminismo, segundo a professora, estão as ideias do protagonismo feminino através do lugar de fala e a sororidade, que é definida como uma “união de mulheres que compartilham os mesmos ideais e propósitos, caracterizada pelo apoio mútuo evidenciado entre essas mulheres”, segundo o dicionário online Dicio. 

“Importante também é o lugar de fala que implica que nossas ideias e posições no mundo são determinados pelas maneiras como somos construídos socialmente (gênero, raça, sexualidade, classe, religião, etc). Sororidade é um conceito que funciona como modo de coesão através da empatia e identificação. Aqui é colocada a necessidade de compreendermos as várias formas de opressão a que as mulheres estão submetidas com o intuito de construir estratégias coletivas de libertação”, afirma Liana. 

Origem e expansão do movimento

De acordo com a professora e pesquisadora, a origem do feminismo está nos Estados Unidos do século XIX, quando mulheres operárias começam a fazer reivindicações por melhores condições de trabalho e tratamento igualitário em relação aos colegas de trabalho do sexo masculino. “Neste início então aconteceu uma forte articulação entre a questão de classe e gênero. A questão do sufrágio (voto) universal também acompanhou estas primeiras discussões, pois nesta época, o direito de voto na maioria dos países ocidentais era restrito aos homens brancos”, explica a professora Liana. 

A partir daí, o movimento ganhou força e se espalhou tanto pelos Estados Unidos como por outros países da Europa, América Latina, Ásia e África. Nesse processo de expansão, as ideias e formas de agir do movimento também foram passando por mudanças e transformações ao longo do tempo.

“O feminismo, nos seus primórdios, se restringiu à questão de gênero, tomando este conceito como universal, ou seja, partiu do princípio de que todas as mulheres eram submetidas a formas semelhantes de dominação. Ao longo dos anos, especialmente a partir das demandas das mulheres negras, existe uma compreensão de que gênero se articula com outras categorias tornando esta opressão ainda mais violenta e profunda”, explana a especialista.

Transformações e correntes de pensamento

Com essas transformações, surgiram novas linhas de pensamento e correntes dentro do feminismo. “Temos, por exemplo, o feminismo socialista, o feminismo negro, o feminismo africano, o feminismo queer, que articula a questão de gênero com sexualidade. Ou seja, ele se complexifica e se torna plural à medida em que os grupos identificam formas diversas de opressão de gênero”, afirma. 

Há, ainda, o feminismo interseccional, que busca formular uma luta conjunta, atendendo às particularidades de cada grupo de mulheres em seus contextos sociais e pautas específicas. Laeticia Jalil é professora do Departamento de Sociologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), trabalha com temas ligados à Sociologia Rural, Feminismo e Agroecologia e na sua visão, a busca por um feminismo que contemple a diversidade feminina e não apenas uma hegemonia branca de classe média é um ponto positivo para o movimento. 

“O conflito não deve ser evitado pois somos plurais, há relações de poder, a gente tem que ter atenção para não reproduzir o modus operandi de quem nos oprime. É legítimo que indígenas não se sintam representadas só por brancas. O mesmo para as negras. Eu vejo isso como um amadurecimento do movimento, como capacidade de incorporar críticas e ampliar sua ação. Na prática, as mulheres se reconhecem como feministas num processo coletivo, mesmo com as particularidades de cada mulher”, diz a professora. 

Patriarcado, machismo e suas consequências

Laeticia também pontuou que a sociedade é pautada na cultura patriarcal, e o machismo é uma das expressões dessa característica. Questionada sobre como o machismo se expressa, ela informa que diversas questões que perpassam a criação de homens e mulheres criam desigualdades nas relações de gênero. 

“Nas expressões de poder, a menina aprende que ela é feita para cuidar, de rosa, casinha, panelinha. O menino é acostumado a ser agressivo, ir para a rua jogar bola, e isso vai se naturalizando na construção desses sujeitos e ocupamos o mundo de um jeito totalmente diferente dos homens. Hoje, quando olhamos para espaços de poder, no congresso, quanto por cento das legisladoras são mulheres? Os números de feminicídio têm aumentado, homens acham que têm o direito de mandar na mulher e isso se coloca desde o menino até o adulto”, explica a especialista.

A maior consequência dessa lógica social machista, para Laeticia, é a falta de acesso das mulheres a direitos básicos. “As mulheres são mais pobres, têm menos acesso à moradia digna, escolha da maternidade, (não têm) direito ao aborto seguro e legal. As mulheres são as mais pobres da sociedade num sentido não só de recursos financeiros mas de acesso a direitos”, diz ela. Questionada sobre a importância do dia 8 de março para o movimento feminista, a professora Laeticia indica que a data marca uma ação política para mobilizar a sociedade sobre os diversos temas que marcam as vidas das mulheres. 

“O 8 de março vem reafirmar que as mulheres são diversas, que temos que ir para as ruas e queremos um mundo justo a partir das mulheres para todo mundo. Ele tem uma função lúdica, de beleza, de cor, música, o feminismo ousa nas formas de diálogo, mas a sociedade reage porque as pautas são questionadoras da ordem vigente. O 8 de março é importante para confraternizar, se fortalecer e construir alternativas a partir das diferentes realidades”, explica a docente.

Ativistas pela vida das mulheres

Para entender o feminismo de forma ampla, tão importante quanto entender quais são as suas pautas e princípios é conhecer o dia a dia de quem está na militância pelos direitos das mulheres e em busca do patriarcado na sociedade, ouvindo as mulheres que participam ativamente de coletivos e movimentos sociais pautados no feminismo. Dani Portela é advogada, historiadora e foi candidata ao Governo do Estado de Pernambuco pelo PSOL nas últimas eleições. Ela conta que suas primeiras indignações começaram no ambiente familiar. 

“Quando se reuniam, a minha família se dividia. Homens de uma lado, conversando, bebendo, e as mulheres ficavam preparando a comida, o que servir, conversando sobre filhos, casa, novela, assuntos que nunca me interessaram muito. Eu era aquela menina que estava me interessando pelo assunto dos homens, que geralmente falavam em política”, diz.

Seu contato com o feminismo começou através de leituras feitas em sua adolescência e se aprofundou a partir dos 18 anos de idade, na universidade de história, ao entrar em grupos de estudo de gênero. “Começo a estudar questões de gênero, violência e poder. Fiz isso na história, na pré-história quando fui para a arqueologia e segui fazendo isso quando no futuro me tornei advogada, estudando a perspectiva da Lei Maria da Penha, pensando em outra lógica quando o feminismo busca no direito uma solução para essas desigualdades”, relembra.

Tornar-se mãe foi o que fez, segundo Dani, o seu feminismo ganhar corpo, especialmente por ter tido uma menina. “No primeiro ano da minha filha eu fiquei impactada com a quantidade de panela, vassoura, cozinha, brinquedos considerados de menina que ela recebeu”, recorda. As dificuldades enfrentadas para retornar ao trabalho após ser mãe também trouxeram uma nova perspectiva para Dani sobre as desigualdades de oportunidades. 

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Carmem Silvia Maria da Silva tem 55 anos, é educadora, socióloga e trabalha no SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia. Ela também é militante do Fórum de Mulheres de Pernambuco, movimento local da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB). Sua trajetória de militante começou cedo, ainda aos 14 anos no movimento contra a carestia (inflação) e seguiu para o movimento estudantil quando ela entrou na universidade. Foi nesse momento, através de bibliografias às quais teve acesso durante seu curso, que ela começou a ter contato com as ideias feministas. 

“Só vim me reconhecer mesmo como feminista na medida em que eu tive participação ativa no movimento, que é cerca de uns 15 anos atrás, ao entrar no Fórum de Mulheres de Pernambuco e passar a atuar como feminista. Até então eu dizia ‘eu gosto do feminismo, eu compreendo o feminismo, leio sobre o feminismo’, mas quando a gente passa a atuar coletivamente no movimento como feminista, aí é que realmente a gente passa a se reconhecer. A militância no movimento feminista foi fundamental para esse reconhecimento”, conta Carmem. 

Questionada sobre as razões de muitas mulheres ainda não se reconhecerem como feministas ou terem resistência ao termo, Carmem aponta o desconhecimento e preconceitos como principais motivos. “Por muito tempo foi disseminado um preconceito contra mulheres feministas, colocadas como mulheres que querem dominar os homens, que não se cuidam no sentido de se adaptar ao padrão de beleza. Tem aumentado o número de feministas, você vê hoje muitas jovens, adolescentes feministas. Isso se deve ao crescimento do movimento, ao crescimento do debate na internet. Quando um movimento é contra o sistema, logicamente o sistema faz tudo contra ele e faz tudo para que mais mulheres não cheguem nele, enquanto a gente faz tudo para que mais mulheres se engajem nas nossas lutas”, afirma.

Na visão de Carmem, o machismo é uma atitude preconceituosa que oprime as mulheres em um sistema de dominação patriarcal, capitalista e racista. “A nós é imposto o trabalho doméstico, de cuidados, e os homens são liberados disso. No mercado de trabalho nós temos menos direitos e salários menores. A nós é imputada uma condição de vulnerabilidade na vida urbana. O Estado Brasileiro define que não podemos interromper uma gravidez indesejada, isso é um controle sobre o corpo. A violência, a divisão do trabalho, o controle sobre nosso corpo e a determinação de que mulheres não devem ocupar espaços de poder são os principais problemas aos quais nós mulheres estamos submetidas nesse sistema”, defende.

Carmem explica que, em sua visão, a definição de quais sãos as pautas mais urgentes para as mulheres depende de onde elas vivem e o que mais as afeta. Já a nível nacional, ela afirma que “a gente tem uma luta grande por mais mulheres nos espaços de poder na esfera da organização do poder de Estado e no Legislativo". "A gente tem uma luta grande pela legalização do aborto, que hoje é crime e a luta contra a violência é sempre atual”, acrescenta.

A importância de levar as ideias feministas às ruas e lutar pelas pautas coletivamente, de forma organizada, foi destacada por Carmem como sendo um meio necessário para alcançar mudanças sociais efetivas. “Feminismo não é um estado de espírito, um modo de se vestir nem é como você conversa no bar. Pode te dar uma filosofia que ajude a te definir, mas é fundamentalmente um projeto social que luta coletivamente. É importante não se deixar dominar por esse individualismo do neoliberalismo próprio do ‘cada um por si e as deusas por todas’, a gente precisa estar em movimento, lutando juntas para confrontar os poderes que causam nas nossas vidas”, acredita Carmem.

Mônica Oliveira tem 51 anos e é assessora parlamentar do mandato coletiva Juntas (PSOL) na Assembleia Legislativa de Pernambuco, bem como é assessora de finanças da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco. Sua militância começou aos 15 anos de idade, no grupo de jovens da ala progressistas da pastoral da juventude da igreja católica e no conselho de moradores do Alto de Santa Terezinha, no Recife, passando depois pelo movimento de cristãos universitários, pela filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT) e chegando ao movimento negro. A militância feminista começou no final dos anos 90 e início dos 2000, por meio de um grupo de trabalho chamado Omnira, que é uma palavra Iorubá para mulher.

“Nos anos 70 e 80, até nos anos 90, as mulheres negras faziam grandes enfrentamentos dentro do movimento feminista clássico, porque nesse período o feminismo mantinha um discurso de que as mulheres eram todas iguais e vivenciavam as mesmas opressões. As mulheres negras afirmavam que nós não éramos iguais, porque o fato de as mulheres negras enfrentarem o patriarcado, o sexismo e as desigualdades de classe, enfrentarem também o racismo. Isso tensionava muito o movimento feminista, eram confrontos bastante difíceis que as mulheres negras enfrentavam”, conta ela. Mônica explicou que, além dos enfrentamentos dentro do feminismo, no âmbito do movimento negro também havia luta pelo reconhecimento das pautas das mulheres contra o patriarcado. 

“Esses enfrentamentos foram fundamentais para que o movimento feminista hoje se afirme como um movimento anti racista, levou alguns anos para que as mulheres negras conseguissem afirmar sua posição em torno disso. Existe uma teórica chamada Bell Hooks que dizia que o que nos une não é que nós sofremos as mesmas pressões, o que nos une é a luta contra as opressões. O que nos une enquanto mulheres, negras e brancas”, afirma.

Quando questionada sobre qual é, hoje, a situação da mulher negra brasileira, Mônica destaca os indicadores sociais que mostram, por meio de dados, que as mulheres negras são o segmento social mais marginalizado no país. “Estamos nas piores condições do ponto de vista da renda, do ponto de vista do emprego, somos maioria nas ocupações precárias, nos empregos informais, não tem direito trabalhista, não tem direito a salário digno. Ocupamos os piores índices no ponto de vista da saúde se você pega indicadores como mortalidade materna, mais de 60% são mulheres negras”, exemplifica.

Segundo Mônica, o feminismo negro tem questões que são particularmente importantes para o contexto em que vivem essas mulheres. “Sem sombra de dúvida o enfrentamento à violência contra a mulher é uma pauta fundamental para as mulheres negras, pois somos as que mais sofrem violência doméstica, feminicídio e violência sexual. As políticas de segurança públicas são uma agenda fundamental. A política de segurança do Brasil tem determinado aquilo que a gente chama de genocídio da juventude negra, a atuação policial é altamente marcada pelo racismo, isso afeta a vida das mulheres negras pois são nossos filhos, maridos, irmãos, que são assassinados. A guerra às drogas é uma pauta importante para nós pois as autoridades ao invés de desbaratar o tráfico, continuam prendendo pequenas pessoas que não têm grande significado”, destaca.

Mônica continua citando a luta contra o empobrecimento, o desemprego e desmonte dos programas sociais que, segundo ela, “afeta diretamente a população mais pobre, a população negra, e aí as mulheres são afetadas porque elas sustentam suas famílias, mais da metade das famílias sustentadas por mulheres no Brasil são sustentadas por mulheres negras”.     

Liana Cirne é advogada, professora da Faculdade de Direito do Recife, da UFPE, militante feminista e pré-candidata à vereadora do Recife. Seu processo de reconhecimento como feminista começou na infância, crescendo em uma família muito machista e começando a se indignar com situações que lhe eram negadas por ser menina. 

O primeiro contato com ideias feministas veio através de livros que ela escolhia na biblioteca que frequentava. “As pessoas tinham uma visão equivocada e preconceituosa do feminismo e por muito tempo eu era a única feminista do grupo e as outras tinham preconceito. Foi muito importante e libertador. O feminismo definiu muito quem eu sou, eu não seria quem sou nem estaria onde estou se não fosse o feminismo”, acredita.

Tornar-se militante foi um processo orgânico, segundo Liana, através de sua atuação como professora universitária. “A posição de professora nos demanda várias mãos e as alunas chegam com muitas dificuldades, seja por ser mãe, por falta de estímulo da família. Em pleno séc XXI há gente que quer que as filhas não estudem. Para muitas mulheres, estudar é um ato de insubordinação”, revela.

A militância de Liana se conectou com a política após sua participação em alguns movimentos sociais e, nessa trajetória, os direitos das mulheres são uma bandeira de reivindicação. “O feminismo me acompanha, pois como em todos os espaços em que a mulher está, o machismo impera na política. E também é um espaço privilegiado para buscar mudar isso e minar o machismo que ainda impera. Isso não é possível sem a participação de mulheres comprometidas com o feminismo interseccional. Temos que pensar em mulheres diversas. Isso vale para a professora, empregada, balconista, dona de casa, para todas”, comenta.

Os espaços de educação, em especial as universidades, são citadas por muitas mulheres como um meio através do qual o conhecimento sobre o que é o feminismo e sua importância chegou em suas vidas. Liana, que tem 23 anos de carreira como professora, enxerga a maior escolarização das mulheres e o acesso às universidades como uma ferramenta de empoderamento feminino. 

“A universidade permite que a gente se reinvente. Quando a mulher vem para a universidade em uma área que ela escolheu, tem o direito de sonhar em ser uma profissional bem sucedida, uma mulher independente. A dependência econômica muitas vezes é a principal causa de prisão da mulher a uma relação tóxica por não ter dinheiro para sair de casa, manter os filhos. Esse movimento de romper um relacionamento tóxico sem independência é muito mais difícil. Quando ela vem para a universidade, abre-se para ela a oportunidade de sonhar com um futuro melhor”, finaliza professora.

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No ano de 2016, a Ordem dos Advogados do Brasil contabilizou pela primeira vez a marca de 1 milhão de advogados no Brasil. A expectativa de trabalhar como servidor público, ter estabilidade e assumir grandes causas ajudam a explicar esse número, mas nem só de honorários e concursos se faz a advocacia. 

Em um país como o Brasil, que tem altos índices de desigualdade social, uma minoria da população tem condições financeiras de pagar por serviços jurídicos, sobrecarregando as defensorias públicas. Diante desse cenário, a atuação voluntária de advogados populares que prestam assessoria jurídica, e daqueles que assumem causas sem cobrar honorários, a chamada advocacia pro bono (do Latim “para o bem”), pode ajudar muitas pessoas a ter acesso à Justiça. 

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Neste 8 de dezembro, Dia da Justiça, o LeiaJá ouviu advogados que trabalham gratuitamente para ajudar pessoas e grupos que precisam de apoio jurídico para conhecer o que move essas pessoas a dispor de seu tempo e força de trabalho sem retorno (financeiro) nenhum em troca. Confira: 

“Eu não acredito em um modelo de justiça segregador”

Danielle Gondim Portela tem 44 anos e além de advogada é historiadora e foi candidata a governadora de Pernambuco. Ela decidiu estudar Direito por um desejo de começar a trabalhar mais de perto com pessoas e por ter um senso de justiça aguçado. “Com 15 anos me tornei alfabetizadora de adultos para transformar a vida de outras pessoas pelo método [de ensino] Paulo Freire, e aí resolvi ser professora, pois o saber só tem sentido se promover transformação social. Isso me levou ao Direito e nele podemos ir para mil áreas”, explicou ela. 

No Direito, Danielle seguiu a advocacia popular, voltada a causas de cunho social e desejada por poucos profissionais pois, segundo ela, é pouco lucrativa. Militante feminista há vários anos, Danielle advoga gratuitamente em defesa de mulheres vítimas de violência e também em ações por moradia popular. Na visão da advogada e historiadora, a advocacia pro bono, ou seja, sem cobrança, não é uma forma de caridade exercida pelos advogados, mas um meio de garantir a justiça para todos e a manutenção de premissas básicas da democracia. 

“Eu não acredito em um modelo de justiça segregador e inacessível a uma boa parte da população. A advocacia pro bono vem no sentido de diminuir essas desigualdades, o advogado é um dos principais pilares para garantia do estado democrático, intervindo diretamente na ampla defesa. A partir dessa perspectiva eu não entendo pro bono nem popular como caridade. A minha pauta de advocacia pro bono é social, política e identitária. Por grupos historicamente invisibilizados, em uma advocacia que muita gente não quer, um instrumento de luta social para grupos vulneráveis”, disse Danielle.

“O Direito é um instrumento de luta política”  

Pedro Josephi tem 29 anos e há seis é advogado. Ele conta que decidiu se tornar advogado por acreditar que o exercício da profissão pode ajudar, ainda que parcialmente, a reparar injustiças sociais. 

“No exercício da minha profissão eu posso sanar injustiças, promover justiças e formular teses que possam beneficiar a população que mais precisa de justiça social, de acesso ao judiciário e de mecanismos de transformação social. O Direito é um instrumento de luta política e a escolha por ser advogado é porque a advocacia é a propulsora das modificações dentro do direito, ela constrói teses para que o judiciário possa se debruçar”, afirmou ele.

Os motivos de trabalhar gratuitamente para quem precisa, segundo ele, é a percepção de que o Brasil é um país muito desigual e que a Defensoria Pública (órgão que oferece advogados gratuitamente) não tem pessoas e recursos o suficiente para atender à demanda. “No nosso país há um déficit muito grande na defensoria pública e na assistência judiciária para os mais pobres. Em razão disso eu atuo de forma pro bono (do Latim “para o bem”, causas sem cobrança de honorários) para ajudar àqueles que mais precisam. Acredito que é importante que nós que nos formamos e nos tornamos advogados demos uma contribuição, temos que dar uma contribuição à sociedade. A forma de dar essa contribuição é por meio da advocacia pro bono”, disse o advogado. 

Além de assumir gratuitamente as causas de algumas pessoas que não podem pagar pelos honorários, Pedro também é advogado popular, centrando sua atuação profissional em ações de comunidades, movimentos sociais, associações e coletivos de pessoas que precisam de auxílio e consultoria jurídica. O motivo, segundo ele, é o desejo de ajudar a gerar justiça social reparando desigualdades históricas. 

“O que me faz ter essa vontade é a consciência política de que nós vivemos em um país extremamente desigual, vivemos numa sociedade de consumo com muitas violações de direitos, sobretudo da parcela mais pobre da sociedade. A justiça social pode ser minimamente alcançada com essas ações que nós entramos, visando minimamente reparar os danos que essas pessoas pobres sofrem, e garantir alguns direitos, como educação, saúde”, afirmou Pedro. 

Uma retribuição à sociedade

Tiago Pereira tem 34 anos, é advogado desde 2016 e ainda durante o período em que estudou na Faculdade de Direito do Recife (FDR) criou o projeto de extensão Além das Grades, que presta assistência jurídica gratuita com foco em unidades prisionais femininas de Pernambuco. O projeto dá atenção especial a detentas que estão em prisão provisória, mas também auxilia aquelas que já foram julgadas. 

O advogado explica que decidiu estudar Direito por sempre ter tido um senso de justiça forte e conta que se sentiu ainda mais interessado pelo curso depois de encontrar e ler um exemplar da Constituição Federal de 1988 que seria jogado no lixo. A falta de recursos financeiros foi um fator de dificuldade que ele superou estudando em um cursinho mantido por estudantes de medicina da UFPE, chamado Portal. 

“Ainda nos primeiros dias de aula, eu consegui um estágio voluntário na Defensoria Pública do Estado. Com um mês de aula impetrei o primeiro Habeas Corpus em favor de um vizinho que estava preso provisoriamente há mais de um ano pelo crime de tráfico de drogas. Não consegui a liberdade dele, mas o juiz marcou a audiência e o sentenciou com certa rapidez. Depois, uma colega pediu para defender um primo dela que também estava preso provisoriamente. No final do primeiro período eu já tinha um projeto para atuar voluntariamente prestando assessoria jurídica nas unidades prisionais do estado”, contou ele. 

Entre as motivações de Tiago, está o fato de ter estudado em escolas e também em uma universidade pública, fato que lhe faz querer dar um retorno à sociedade pelo dinheiro público investido em sua formação profissional. Questionado sobre as razões de focar a atuação em penitenciárias femininas, Tiago explica que há uma situação ainda mais grave de abandono no sistema penitenciário feminino. De acordo com ele, enquanto nos presídios masculinos as famílias e esposas visitam mais os presos, é muito comum que as detentas sejam abandonadas pelos maridos e familiares, muitas vezes restando apenas as suas mães. 

O objetivo do projeto, ao auxiliar essas mulheres, vai além de resolver questões jurídicas, mas também visa entender a história das detentas, de suas famílias e ajudar essas pessoas de forma integral. “O que me moveu foi essa questão de injustiça. O "Além das Grades" tem uma visão humanitária, de tentar compreender as circunstâncias de prisão das pessoas, da família”, afirmou.

No que diz respeito à importância da advocacia gratuita em favor de pessoas presas e muitas vezes nem mesmo julgadas, Tiago explica que as desigualdades sociais do Brasil e a falta de condições financeiras dos mais pobres para pagar um advogado tornam essa atividade um meio essencial para que a Justiça seja feita. “Na realidade do nosso país, advogado é muito caro, os preços da tabela da OAB são muito elevados e muita gente deixa de correr atrás de seus direitos por isso. Esse trabalho voluntário faz as pessoas poderem buscar seus direitos. A gente pode trazer um pouco de dignidade às pessoas para os direitos delas serem efetivados de fato, é muito gratificante”, disse ele. 

A ex-candidata ao governo de Pernambuco pelo PSOL, Dani Portela, circulou pelas cidades de Alagoinha, Ouricuri e Trindade, no interior de Pernambuco, com o objetivo de promover a campanha de filiação da legenda para as eleições municipais de 2020. 

O partido está realizando a campanha de filiação "Seja PSOL", chamando a população a fortalecer a sigla para o próximo ano. Na construção para as eleições municipais, a legenda tem dialogado amplamente com setores progressistas, mas a  definição em Pernambuco será acompanhada por um Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE), que já está em atividade desde o mês de julho. 

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Durante o debate de conjuntura realizado em Ouricuri, neste final de semana, foi pautada a importância da resistência às questões consideradas retrocessos quem vêm sendo implementada pelo governo Bolsonaro.

Nessa discussão, o PSOL cobrou coerência do campo progressista, sobretudo do governo estadual. "Não basta o PSB ter se arrependido de ter votado a favor do impeachment em 2016. O arrependimento só pode ser compreendido se a política mudar. Não adianta, por exemplo, ser contra a Reforma da Previdência no Congresso Nacional e fazer a mesma reforma aqui", alfineta Dani.

O ato nacional pela educação no Recife juntou 40 mil pessoas, de acordo com a organização. A multidão, que ocupou as ruas do centro do Recife em caminhada, levantou uma série de pautas em manifesto.

A ex-candidata ao governo do Estado pelo PSOL nas eleições de 2018, Dani Portela, compareceu ao ato. “Não podemos sair do lugar onde construímos nossas lutas, principalmente diante de uma política pública de desmonte”, avaliou Portela.

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A psolista pontuou as questões da seguridade social e do SUS. “O objetivo é um desmonte em todas as áreas possíveis, sem contar no pacote anticrime proposto por Sérgio moro que vai criminalizar ainda mais a nossa juventude”, disparou.

“Essas lutas estão próximas porque são direitos que foram conquistados e estão sendo retirados sem pudor algum. A gente precisa estar na rua pra mostrar força e unidade”, continuou Portela.

Ainda sobre o ministro Sérgio Moro, a psolista chamou seu pacote anticrime de “pacote de barbárie”. “Ele vai aprofundar as desigualdades, a gente vai explodir os cárceres, mas sabemos que o sistema prisional no Brasil tem classe e cor”, finalizou Dani.

 

A ex-candidata ao governo de Pernambuco nas eleições de 2018 pelo PSOL, Dani Portela, participou nesta semana, em Brasília, de um grupo de trabalho de negras do PSOL.

 O grupo foi indicado para trabalhar junto com a bancada de deputadas e deputados federais do partido para debater o pacote Anticrime do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

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 O conteúdo da proposta foi analisado por lideranças de todo o país, e algumas percebem nele um grande retrocesso, com a efetivação de uma mudança profunda no Código Penal Brasileiro.

 De acordo com Dani, o material estudado aponta para consequências extremamente preocupantes como o aumento substantivo do encarceramento e a institucionalização do direito de matar em ações policiais. Isso traz consequências gravíssimas que precisamos debater com o conjunto da sociedade a partir de uma grande campanha de sensibilização, engajamento e mobilização contrário ao pacote e apresentação de  alternativas.

A concentração na Rua da Aurora, na área central do Recife, reuniu milhares de manifestantes na tarde desta quarta-feira (15) em prol da educação e contra os cortes anunciados pelo Ministério da Educação (MEC).

 Assim como em todo o Brasil, figuras da política pernambucana também marcaram presença no ato da capital pernambucana. A vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB) e a ex-candidata ao governo do Estado pelo PSOL, Dani Portela, são exemplos de nomes que estiveram presentes no protesto.

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 Luciana Santos destacou a força da população em função da pauta da educação e de outros direitos. “Nós estamos dando a demonstração de que o povo não suporta o estado mínimo para a população e máximo para o mercado financeiro. O estado precisa estar nas questões mais essenciais do povo brasileiro”, disse a vice-governadora.

 Santos aproveitou para convidar a todos para o ato da Greve Geral. “A população e os trabalhadores vão continuar acumulando força rumo à paralisação do dia 14 de junho”, afirmou, pontuando, ainda, que o governo estadual não medirá esforços para que a educação local não seja afetada: “não haverá um centavo a menos para a educação pública em Pernambuco no que depender do destino do orçamento estadual”.

 Também presente na manifestação, a ex-candidata ao governo do Estado pelo PSOL, Dani Portela, acredita que esse é um momento histórico. “Este ato é um momento histórico porque é um absurdo que qualquer governo queira cortar justamente no âmbito da educação”, alegou.

 “Esse corte representa um dos maiores retrocessos na história do Brasil. O que está por trás desses cortes são projetos de educação pautada na privatização, que invisibiliza nossas vozes. Nós defendemos uma educação única, de qualidade e pública”, continuou Dani Portela.

 Por fim, a psolista abraçou a causa dizendo que a luta é de todos. “Não é uma luta de estudantes ou professores, é uma luta de toda sociedade contra os retrocessos do governo. Não podemos perder a esperança. Se não tem esperança, não tem porque continuar e esse ato nos traz esperança”, falou.

 Aos poucos personalidades da política pernambucana vão chegando no ato contra a reforma da previdência, na praça do derby, na tarde desta sexta-feira (22). A psolista e candidata ao governo do estado nas eleições de 2018, Dani Portela, fez coro à manifestação do dia nacional de luta contra a previdência. 

Animada, ela diz que o povo não está de olhos fechados diante do que está acontecendo. “Atos como esse monstram a insatisfação que começamos a ver em números com o governo Bolsonaro. A pesquisa do Ibope mostra isso. É um governo que entra no discurso moralista e não aprofunda questões essenciais, não se tem projeto de país", criticou Portela. Para a psolista, o povo é "a base desse sistema” e tem o "poder de barrar a reforma da Previdência".

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Dani também defendou a união de forças dos movimentos mais diversos para o enfrentamento ao que considera um retrocesso para o país. "Eu vejo pontos negativos em todos as áreas (na reforma). Não é smplesmente trabalhar por mais tempo. É perder direitos, é ter direitos retirados", examinou.

Recebida aos gritos de “o Pernambuco que a gente quer é um estado governado por mulher”, a ex-candidata a governadora Dani Portela participa de um debate sobre democracia, na noite desta segunda-feira (12), na Universidade Federal de Pernambuco. O líder do MTST, ex-candidato à Presidência da República, Guilherme Boulos também desembarcou na capital pernambucana para participar do evento junto a estudantes da universidade. 

Após a polêmica no qual uma carta anônima teria ameacado estudantes e professores da instituição de ensino, Dani falou que todos juntos é sinônimo de resistência. “Eu tenho entendido esse processo como de aquilombamento. Precisamos nos aquilombar. A nossa escola nunca vai ter mordaça, porque a gente vai passar esse período e a gente vai resistir ”, avisou.

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A advogada também disse que todos presentes estão fazendo história. “A partir de agora nós somos resistência. Precisamos resistir para continuar existindo. Ninguém vai largar a mão de ninguém”.

Dani Portela ainda pediu uma reflexão sobre a perda da capacidade de dialogar. Ela ainda falou sobre a vereadora Assassinada Marielle Franco. “Tiraram duas ou três flores do jardim, mas não vai acabar com a primavera”.

Toda a área do entorno em frente ao centro de educação está tomado por estudantes. Por diversas vezes, eles entoaram: “aqui está o povo sem medo de lutar” e “resistir, ocupar”.

Com 60% das urnas apuradas, de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), o governador Paulo Câmara (PSB) registra 49,22% dos votos válidos, o equivalente a pouco mais de 1 milhão dos pernambucanos que foram às urnas. Até o momento, foram verificadas 10.855 das 20 mil distribuídas pelo Estado.

Em segundo lugar, vem Armando Monteiro (PTB) com 36,59%. Caso Paulo não alcance mais de 50% dos votos, a disputa será definida no segundo turno.

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Logo após Paulo e Armando, vem a candidata do PSOL, Dani Portela, com 5,55% dos votos, seguida por Julio Lossio (Rede) com 4,53%, Maurício Rands (Pros) com 3,84% e Simone Fontana (PSTU) com 0,26% dos votos válidos.

A segunda etapa da disputa está marcada para 28 de outubro.

O candidato à reeleição no Senado Humberto Costa (PT) acompanha, neste domingo de eleição, a chapa Frente Popular de Pernambuco, encabeçada pelo governador Paulo Câmara (PSB). O petista comentou o apoio da candidata Marília Arraes (PT) a Dani Portela (Psol), chamando a decisão de equívoco.

O senador disse que apoios como o de Marília a Dani não prejudicam o partido. "Cada um assume sua posição. Eu particularmente sempre me portei por defender as posições e ideias do partido ", argumentou. Humberto complementou: "Respeito a posição dos outros ainda que as considere equivocadas".

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O PT retirou a candidatura para o governo de Pernambuco em prol do apoio do PSB na disputa presidencial. Marília já se colocava como pré candidata e tinha o apoio do diretório estadual. O apoio a Paulo Câmara causou mal estar no PT em Pernambuco. Marília concorre ao cargo de deputada federal.



Confira a nota do apoio de Marília Arraes enviada pela assessoria de Dani Portela:

A candidata ao governo de Pernambuco pela coligação “A esperança não tem medo”, Dani Portela, recebeu hoje a declaração de voto da candidata à deputada federal pelo PT, Marília Arraes. As candidatas almoçaram juntas no Mercado da Boa Vista, centro do Recife. Marília, que inicialmente seria candidata ao governo do estado pelo PT, teve sua postulação retirada pelo partido em uma negociação nacional de apoio à Paulo Câmara. 

“Para mim é muito importante receber essa declaração de Marília, uma mulher valente, que foi vítima de um processo tão violento. Como eu venho dizendo, essa eleição será definida pelas mulheres. Uma mulher sobe e puxa a outra”, afirmou Dani Portela.

Ainda nesta sexta-feira, a candidata realizou panfletagem na Universidade Federal de Pernambuco. Lá ela conversou com professores e estudantes que manifestaram apoio à sua candidatura.

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