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A Venezuela emitiu uma carta à Organização das Nações Unidas (ONU) em que acusa o governo brasileiro de colocar em risco toda a América do Sul, em decorrência de sua postura diante da pandemia da Covid-19. O presidente Jair Bolsonaro foi chamado de “negligente” na manifestação divulgada nas redes sociais do chanceler Jorge Arreaza.

Na carta, a Venezuela pede ainda intervenção das Nações Unidas para exigir que o governo Bolsonaro “atue com responsabilidade”. “Hoje podemos afirmar, sem medo de errar, que o presidente Jair Bolsonaro e seu governo se transformaram no pior inimigo dos esforços para sair vitoriosos da pandemia da Covid-19 na América Latina e o Caribe”, coloca o texto.

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Ainda são citadas as trocas de ministro da Saúde durante a pandemia e o desejo de Bolsonaro de, a exemplo de Donald Trump, deixar a Organização Mundial de Saúde (OMS). “A catástrofe sofrida pelo Brasil como consequência da Covid-19 afetará, sem dúvida, a Republica Bolivariana da Venezuela e todos os países da região... até o dia 15 de junho, a Venezuela registra 3.062 casos de coronavírus confirmados. Somente nos estados de fronteira, do lado brasileiro, se contabilizam 62 mil casos confirmados”, completa o Palácio Miraflores.

A indústria farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca anunciou, neste sábado (13), que irá produzir dois bilhões de unidades da vacina para Covid-19 que está sendo produzida pela universidade de Oxford, na Inglaterra. As doses ainda estão sendo testadas em humanos, mas pesquisadores se mostram otimistas quanto a seu sucesso em prevenir a doença.

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O presidente da empresa na Itália, Lorenzo Wittum, reconhece que a vacina pode não funcionar,  mas garante que fornecerá até 400 milhões de doses da vacina aos países europeus e que pretende aumentar sua capacidade de produção em âmbito global, para oferecê-la de forma ampla e sem fins lucrativos.  “A AstraZeneca se comprometeu a garantir a produção de 2 bilhões de doses em escala global de uma vacina que já está em fase experimental em seres humanos”, afirmou.

A terceira fase do ensaio clínico será realizada em parceria com o Brasil, através da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A AstraZeneca se coloca “aberta à colaboração com outras empresas para respeitar seu compromisso de apoiar o acesso à vacina sem nenhum lucro durante a pandemia”.

Nesta sexta (12), completam-se três meses da confirmação do primeiro caso da Covid-19 em Pernambuco, período que transformou o sistema público de saúde. O estado contabiliza 42.872 casos confirmados e já perdeu 3.694 vidas perdidas para o novo coronavírus. Por outro lado, Pernambuco já abriu cerca de 1.600 leitos hospitalares, sendo mais de 700 deles de UTI.

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“É o maior esforço sanitário e de logística de nossa história. Hoje, começou a funcionar em Caruaru [no agreste do estado] nosso primeiro hospital de campanha no interior do estado. Ainda vamos abrir duas estruturas provisórias no sertão, em Serra Talhada e Petrolina”, comenta o secretário de Saúde do estado, André Longo. Em Caruaru, só estão em operação 20 leitos, mas o governo promete que, nos próximos 30 dias, estarão disponíveis todos as 100 vagas disponíveis, a mesma quantidade prevista para Serra Talhada e Petrolina.

Até agora, mais de 7 mil pernambucanos já receberam alta de internações por Covid-19, com destaque para o paciente identificado como “João Caetano”, que, depois de 60 dias de internação enfrentando a forma grave da doença, tornou-se, nesta sexta, o milésimo paciente a ser liberado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, após apresentar cura clínica. “Isso nos deixa motivados e cheios de esperança para continuar. Médicos de outras especialidades, que não têm esse dia a dia com os pacientes, estão enfrentando essa luta dentro da enfermaria, examinando e relembrando o que é clinicar”, afirma Demetrius Montenegro, médico infectologista do Oswaldo Cruz.

O governo também celebra a expansão do serviço Atende em Casa, uma plataforma para consultas remotas, para 90% das cidades de Pernambuco. Nos hospitais, atuam 8 mil novos profissionais de saúde contratados para o enfrentamento da pandemia da Covid-19. Desde a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus, o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco, já realizou mais de 80 mil testes da Covid-19 e passou a ter capacidade para processar mais de 10 mil exames por semana. “Estamos adquirindo 120 mil testes, além de uma máquina de última geração que vai quadruplicar nossa capacidade de processamento, fazendo mais de 6 mil exames por dia. Essa máquina será utilizada para ampliar nossa capacidade de testagem para outros vírus, ficando como um grande legado para o estado”, exalta Longo.

“Em busca dos melhores dias”

Sem previsões sobre o fim da pandemia, o governo do estado não nega a possibilidade de surgir uma segunda onda da doença. “Pernambuco aponta para um cenário muito melhor do que o da grande maioria dos estados, mas ainda estamos em busca dos melhores dias. Não podemos prever o tamanho dessa onda, nem queremos que uma segunda ocorra, mas se ela for inevitável como está sendo descrito, teremos uma capacidade de resposta melhor do que tivemos com a primeira”, frisa Longo.

Embora Pernambuco se prepare para, na próxima segunda (15), dar início a uma nova fase do Plano de Convivência das Atividades Econômicas com a Covid-19- com a abertura do comércio de rua e dos salões de beleza e estética- o secretário frisa que a população só deve sair de casa para o essencial. “O ‘fique em casa’ ainda é uma mensagem forte que precisa estar na cabeça de todos os pernambucanos. Só sair de casa se for necessário e sair preparado para evitar o vírus, evitando trazê-lo para dentro de casa para as contaminar as pessoas que você gosta”, ressalta.

O governador Paulo Câmara (PSB) enfatiza que não hesitará em fazer qualquer alteração no plano de retomada de acordo com as orientações das autoridades de saúde e científicas. “Como já fizemos ao decidir que 85 cidades das Matas Sul e Norte e de parte do Agreste permaneceriam sem flexibilizar as medidas restritivas”, completa.

General disse que pedido do STF é tentativa de "comprometer harmonia entre os poderes". (Antonio Cruz/Agência Brasil)

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Na tarde desta sexta (22), o general Augusto Heleno, Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República publicou, em suas redes sociais, uma nota em defesa da não apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro. Em tom ameaçador, Heleno disse que o pedido feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é "inacreditável" e ainda acrescentou que "tal atitude" poderia ter "consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional". O posicionamento foi rechaçado por parlamentares, membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e até pelo próprio STF.

“Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”, escreveu Heleno.

O presidente da OAB, Fernando Santa Cruz reagiu à publicação. “General Heleno, as instituições rechaçam o anacronismo de sua nota. Saia de 64 e tente contribuir com 2020, se puder. Se não puder, #fiqueemcasa", escreveu.

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Segundo a Folha de São Paulo, o STF tomou a postura como uma atitude de “desespero”. A mesma interpretação está sendo feita por parlamentares da oposição. “Essa nota desesperada do General Heleno revela as faces autoritárias desse governo. Uma postura inadequada, um verdadeiro papel de ‘Xeleléu’. A ditadura não voltará. E logo esse governo sairá de cena pelo bem dos brasileiros”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE).

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) anunciou, em suas redes sociais, que irá representar contra o General Heleno por crime comum, com base na Lei de Segurança Nacional, e por crime de responsabilidade. “A nossa democracia não pode se curvar neste momento, sob o risco de cruzarmos a última barreira que nos distingue de um regime totalitário. Basta”, comentou.

A partir desta sexta (22), a plataforma “Atende em Casa” passará a funcionar nas cidades de Ribeirão, Sirinhaém, Xexéu, Camocim e Granito. Assim, segundo o Governo de Pernambuco, a plataforma chegará a um total de 93 municípios do estado, disponibilizando atendimento médico remoto a um total de 6,47 milhões de pessoas. O programa, fruto da parceria entre o executivo estadual e a Prefeitura do Recife, tem por objetivo oferecer teleorientações aos pacientes e, se necessário for, encaminhá-los para o serviço de saúde mais próximo de sua casa.

A ferramenta já possui mais de 63,2 mil usuários cadastrados. e, até a última segunda, já havia realizado cerca de 21,5 mil teleorientações, com mais 8,2 mil chamadas de vídeo com um profissional. De acordo com o Governo de Pernambuco, mais de 7,3 mil pessoas foram orientadas a procurar uma unidade de saúde e mais de 12,7 mil a permanecer em isolamento domiciliar.

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O aplicativo está disponível pelo site www.atendeemcasa.pe.gov.br e para smartphones com sistema Android. Mais de 100 profissionais de saúde foram treinados para participar do serviço. Confira as cidades contempladas pela ferramenta:

I Geres: Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe,Chã de Alegria, Chã Grande, Fernando de Noronha, Glória do Goitá, Igarassu,Ipojuca, Ilha de Itamaracá, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Moreno,Olinda, Paulista, Pombos, Recife, Vitória de Santo Antão, São Lourenço da Mata

III Geres: Escada, Lagoa dos Gatos, Palmares, Primavera, Ribeirão, Rio Formoso, Sirinhaém, Xéxeu IV Geres: Alagoinha, Bonito, Camocim, Caruaru, Gravatá, Jurema,Pesqueira, Sanharó, Santa Cruz do Capibaribe, São Caetano

V Geres: Águas Belas, Bom Conselho, Brejão, Caetés, Calçados, Canhotinho, Capoeiras, Correntes, Iati, Garanhus, Jucati, Lajedo, Palmerina, Paranatama, Saloá, São João, Terezinha

VI Geres: Arcoverde, Custódia, Inajá, Jatobá, Petrolândia, Sertânia, Tupanatinga, Venturosa

IX Geres: Araripina, Granito, Ouricuri

X Geres: Afogados da Ingazeira, Brejinho, Carnaíba, Iguaracy,Ingazeira, Itapetim, Quixaba, Santa Terezinha, São José do Egito, Solidão, Tabira, Tuparetama

XI Geres: Betânia, Calumbi, Carnaubeira, Flores, Floresta, Itacuruba, Santa Cruz da Baixa Verde, São José do Belmonte, Serra Talhada, Triunfo.

 

Devido à pandemia da Covid-19, Bruno e Alexandra perderam os "bicos" e agora só contam com o auxílio moradia e o Bolsa Família para sustentar quatro filhos. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

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Confiada a algumas vigas de madeira, a família constituída por Bruno da Silva, Alexandra Araújo e seus quatro filhos- garotos de 7, 5 e 4 anos, mais os gêmeos recém-nascidos- dorme amontoada em uma cama de casal, torcendo para que o dia seguinte não seja de chuva ou sol escaldante. “De dia, o calor aqui é grande. Quando chove, a correnteza da água é muita e o vento balança tudo”, comenta Bruno, que ergueu com as próprias mãos a palafita em que mora, à margem do canal do ABC, na comunidade de Caranguejo Tabaiares, na Zona Norte do Recife. Cercada por esgoto, porcos criados pelos vizinhos e pelo mau cheiro perene que deriva do entorno, Alexandra lamenta que não consiga cumprir com a política de isolamento social em prevenção à Covid-19, adotada pelo governo de Pernambuco. “Não aguento ficar aqui dentro”, resume.

Em termos de renda fixa, Alexandra e Bruno só contam com R$ 450, resultantes da soma dos benefícios do Bolsa Família e Auxílio Moradia. “Antes [da pandemia da Covid-19], de vez em quando, apareciam umas ‘ôias’ para eu fazer, como ajudante de pedreiro. Agora tá difícil”, acrescenta Bruno, sem nenhum novo serviço à vista. Na despensa improvisada ao lado da porta, apenas o essencial: as latas de leite para as crianças. “Político só vem aqui em época de eleição, depois que acaba já era”, comenta Bruno. Alexandra completa: “É muito menino pra alimentar e vestir. Ontem mesmo, perto da hora do almoço, eu já estava pensando no que ia dar de comer aos meus filhos, quando o pessoal do coletivo chegou com as doações”, diz, referindo-se aos insumos básicos trazidos pelos próprios vizinhos do Coletivo Caranguejo Tabaiares, que estão abastecendo as famílias da comunidade com alimentos essenciais e Equipamentos de Proteção Individual (EPI’S), como máscaras e álcool gel.

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O almoço do dia, pelo menos, está garantido. “Macarrão. Para a gente e para meu irmão que vem comer aqui quando precisa. Até nisso é difícil ficar isolado, a gente divide até a comida”, completa Alexandra.

“Terra Prometida”

Para Bruno e Alexandra, permanecer em casa com as crianças é, por vezes, submetê-las ao risco de queda no canal ou a outros acidentes domésticos. “Um vez, um dos meninos veio correndo me avisar que o irmão tinha caído na água, cheguei para retirar e ele tava pendurado, agarrado na madeira. O outro, levou três pontos no braço depois que se furou com um prego, conta Bruno.

Danielle mostra a pintura da população em ponte sob o canal do ABC, lembrando o habitacional que nunca foi construído. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens) 

Aos oito anos, a criança acidentada teria crescido em uma casa diferente se o prefeito Geraldo Júlio tivesse cumprido a promessa feita em visita à Caranguejo Tabaiares, no dia 23 de março de 2013, dia em que 24 famílias tiveram suas palafitas completamente destruídas por um incêndio. “Nós vamos lançar o habitacional em decorrência da desapropriação que havia sido feito há 23 dias. O habitacional será construído”, garantia o prefeito.

Entulhos precarizam ainda mais entorno das moradias. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

O terreno em questão- localizado na Rua Tabaiares, 150- contudo, segue ocioso e ganhou o apelido de “Terra Prometida”. “Como não tem nada no local, a gente pensou em construir um parquinho, mas não concluímos. Não tem opção de lazer na comunidade para as crianças e jovens”, lamenta Danielle Paixão, membra do Coletivo Caranguejo Tabaiares Resiste.

História talhada na pesca

Palafita de Bruno e Alexandra: saída dá para esgoto e viveiros de caranguejos. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

A ocupação humana da área que corresponde Caranguejo Tabaiares teve início por volta de 1910, quando pescadores e suas famílias, atraídos pela abundância de crustáceos, mudaram-se para a margem do mangue em busca de sustento. Um estudo feito pelo Centro Josué de Castro, em 2003, constatou que, embora tivessem sido identificados 14 criadores e 24 viveiros de camarão na comunidade, a atividade de criação e coleta não apresentou crescimento, devido à poluição do meio ambiente e à falta de apoio técnico aos produtores. “A Netuno, por exemplo, chegou a comprar muita coisa daqui. Nossa comunidade é muito boa, muito rica, tem história. Muita gente está de olho, imobiliárias, empresários, porque moramos praticamente no centro do Recife. Estamos resistindo”, comenta Danielle.

Ela coloca ainda que, durante a o período de quarentena, Caranguejo Tabaiares ainda não recebeu nenhum tipo de apoio da Prefeitura do Recife e do Governo de Pernambuco. “Estamos esquecidos. O álcool gel, álcool 70, as máscaras e os alimentos que chegaram para a gente vieram através dos movimentos de luta e de algumas pessoas. Digo que sofremos violência alimentar, por precisarmos estar batendo de porta em porta, em um período como esse, atrás de comida. Isso me cansa, me tortura”, queixa-se.

Isolamento possível

População tenta praticar isolamento comunitário, mas saídas para trabalho são inevitáveis. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Danielle divide uma pequena casa de alvenaria com mais cinco pessoas, somando filhos, marido, pai e mãe. “Meu esposo está recebendo seguro desemprego. Eu estou desempregada, mas conto com o R$ 156 do Bolsa Família e vou receber o auxílio [Emergencial, do governo federal] de R$ 600. Aqui, em Caranguejo, um vai ajudando o outro quando falta alguma coisa”, coloca. Diante da necessidade de realizar deslocamentos no interior da comunidade para garantir a subsistência da família, Danielle logo concluiu que o isolamento social sugerido por prefeitura e governo do estado é praticamente impossível de ser cumprido nas comunidades do Recife.

Para ela, a precariedade das habitações também é uma das razões pela qual as populações desses espaços urbanos insistem em permanecer aglomeradas nas calçadas, a exemplo do que se vê em Caranguejo Tabaiares. “A gente passou a defender o isolamento comunitário, ou seja, que ninguém daqui saia, nem ninguém de fora entre. Não é que a gente não queira, mas o povo não consegue ficar dentro de casa. Além disso, temos muitas domésticas e diaristas na comunidade, que os patrões continuam sem liberar do trabalho”, lamenta.

Saneamento

 

Torneiras compartilhadas dividem espaço das ruas com esgoto. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Caminhar pelas vielas de Caranguejo Tabaiares sem entrar em contato com o esgoto a céu aberto é uma tarefa árdua. Basta uma pequena chuva para que os transeuntes precisem saltar de um lado para outro das vias, em sua maioria, sem pavimentação. Carentes da estrutura necessária para instalações hidráulicas, as palafitas não possuem água encanada, obrigando seus moradores a dividir pias instaladas no chão das ruas e a cumprir com suas necessidades fisiológicas em casas de amigos ou parentes. “Como vamos manter a higiene, fazer a quarentena sem água em casa?”, questiona a desempregada Andrea Santos, que se acomodou na palafita do filho depois que perdeu a sua, com todos os pertences dentro, no incêndio de 2013.

De acordo com levantamento realizado pela Empresa de Urbanização do Recife (URB), no ano 2000, das 895 residências existentes em Caranguejo Tabaiares, 385 (43%) possuíam água encanada em casa, 588 (66%) delas despejavam seus dejetos em vala a céu aberto e 799 (88%) não estavam ligadas à rede de esgotos. A sujeira no entorno, agride até a memória. Sete anos depois, os destroços incinerados continuam nos fundos da nova palafita de Andrea. “Vim morar aqui para não pagar aluguel, ou come ou paga aluguel. Meu marido está desempregado, perdeu os bicos por causa do [novo] coronavírus e a gente sustenta três crianças e dois adolescentes com o dinheiro do Bolsa Família, R$ 251, que não dá”, conta.

Andrea tenta acomodar produtos para venda no vão único da palafita dividida com mais cinco pessoas. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Na tentativa de ampliar um pouco a renda, Andrea passou a aplicar uma pequena parte do benefício na compra para revenda, a alguns vizinhos, de salgadinhos e alguns produtos domésticos básicos, acomodados em um precioso espaço da sala de casa. “Quando vende, dá para tirar o dinheiro da carne”, completa. Com as crianças sem aulas, no entanto, a vida ficou ainda mais difícil. “A gente contava com a merenda, agora estamos vivendo do jeito que Deus quer. Se abrir a escola deles, não deixo meus filhos irem, não vão morrer por isso. Eu quero que isso [pandemia da Covid-19] acabe logo, não aguento mais. Piorou muito nossa vida”, desabafa.

Em vídeo divulgado em suas redes sociais nesta quinta (9), o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), aproveitou sua mensagem de páscoa para pedir “esperança” à população. O prefeito admitiu que, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, os próximos meses serão difíceis e que trabalha para “diminuir o colapso que ocorrerá na saúde”.

“Eu e você queremos salvar vidas. Vamos fazer isso juntos. O exemplo de outros países do mundo nos mostra que teremos meses muito difíceis pela frente e precisamos manter nossa atenção e foco naquilo que pode nos ajudar a passar por esse período salvando o máximo de vidas possíveis: isolamento social, ampliação do sistema de saúde, dos exames e do enfrentamento da crise econômica e social”, afirmou Geraldo Júlio.

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O prefeito pediu ainda que as diferenças ideológicas sejam esquecidas, em prol do enfrentamento da pandemia nos próximos meses. “Encha a sua cabeça de boas inspirações e esperanças. Faça exercício físico, medite, fortaleça suas crenças, ame o próximo, procure se adaptar a essa nova realidade. É toda a humanidade contra o vírus, uma chance de unir todos”, completou.

 Na noite da última quarta (8), através de mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários Urbanos de Pernambuco (Sttrepe) conseguir firmar acordo pela não demissão de 3 mil profissionais com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE). Foi combinado entre as partes que a estabilidade dos rodoviários estará garantida entre os meses de abril e setembro deste ano.

No último trimestre de 2020, o acordo, contudo, inclui possibilidade de redução de jornada e de salário, caso haja redução do veículos de circulação, a cuja quantidade o desconto seria proporcional. Para a função de motorista de ônibus, os cortes terão percentual máximo de até 40% dos salários para o mês de julho/2020; de até 30% para o mês de agosto/2020 e de até 20% para o mês de setembro/2020. Já para os cobradores, a redução proporcional poderá chegar a 30% para o mês de julho/2020; até 20% para o mês de agosto/2020 e até 10% para o mês de setembro/2020.

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“A maior expectativa do MPT nesta audiência foi contar com a presença da Urbana-PE. Após intensos debates, em que vários cenários foram construídos ativamente pelos atores em questão e pelos mediadores, chegamos às condições aceitas por todas as partes, considerando, a situação de instabilidade econômica e, principalmente, a manutenção dos postos de trabalho”, relata o procurador do Trabalho titular do procedimento, José Laízio Pinto.

Secretário de saúde do estado frisou também o convênio com a Prefeitura de Olinda, para gerir leitos na maternidade Brites de Albuquerque. (Reprodução)

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Diante da procura global por insumos, Pernambuco aposta na produção de equipamentos para suprir sua demanda de combate à pandemia do novo coronavírus. Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta terça (7), o governo estadual informou que acaba de receber a primeira remessa de álcool em gel produzido pelo Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe), com 200 galões de 5 litros do material. Até o fim do mês de abril, Pernambuco espera produzir um total de 70 toneladas de álcool em gel.

O secretário de saúde do estado, André Longo, frisou ainda que, também nesta terça, assinou contrato para a gestão da maternidade Brites de Albuquerque, localizada em Olinda. “Já na próxima semana, teremos leitos em operação lá, fruto de um convênio entre governo do estado e prefeitura de Olinda”, comunicou.

Longo comentou ainda que, para a próxima semana, há também a expectativa é de que sejam iniciadas as operações no Hospital Alfa, no Recife, que contará com 230 leitos, sendo 100 destes de UTI e 130 de enfermaria, para receber os pacientes acometidos pela covid-19. No momento, a taxa de ocupação dos leitos de UTI no Recife é de 61%.

Ferramenta de transmissão da Alepe permitirá que as reuniões entre os deputados continuem. (Breno Laprovitera/Alepe)

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Em sessão virtual inédita na história do estado, realizada nesta terça (31), a Assembleia Legislativa de Pernambuco reconheceu a situação de calamidade de 64 municípios, em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Os 49 deputados que compõem a casa tiveram a videoconferência pela TV Alepe e pelo YouTube, inaugurando o Sistema de Deliberação Remota (SDR). A ferramenta permitirá que a agenda da instituição continue sendo cumprida. O estado de calamidade dá aos prefeitos as condições fiscais para implementar medidas de combate à covid-19.

“Os parlamentares e servidores estão à disposição, assim como os servidores da saúde, no combate a esta pandemia que assola nosso Estado, o país e o mundo, buscando soluções para minimizar o impacto do coronavírus na vida do povo pernambucano”, afirmou o presidente da Alepe, Eriberto Medeiros (PP), na abertura dos trabalhos, por volta das 14h30.

De acordo com Medeiros, as deliberações remotas permitiram que fossem aprovadas medidas como a criação do Fundo Estadual de Enfrentamento ao Coronavírus (FEEC), que tem como objetivo arrecadar recursos para compra de equipamentos e insumos hospitalares.

Curiosamente, Fernando Bezerra Coelho é líder do governo no senado. (Divulgação)

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Em sessão remota na tarde desta segunda (30), o Senado Federal apresentou um manifesto em apoio à política de isolamento social que está sendo adotada pelos governos estaduais brasileiros para combater a pandemia do coronavírus. A ação foi articulada justamente pelo líder do governo na casa, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e contou com a adesão de lideranças como Antonio Anastasia, vice-presidente do Senado. O ato marca o posicionamento dos congressistas contra a postura do presidente Jair Bolsonaro, que chegou a lançar uma campanha nacional contra a quarentena.

“Eu queria agradecer às diversas lideranças, à expressiva maioria dos líderes que manifestaram seu apoio a essa manifestação do Senado Federal no dia de hoje, em um agradecimento particular aos senadores Eduardo Braga, Randolfe Rodrigues, que de certa forma, participaram da elaboração e da sugestão do texto", comentou. Coelho, contudo, confessou que foi procurado por colegas preocupados com a duração indefinida do isolamento social. “Para que a gente possa buscar em algum momento uma discussão sobre critério de flexibilização. Para que a gente possa buscar o achatamento da curva do contágio e, por outro lado, proteção de emprego e renda para os brasileiros”, completou.

No documento, o Senado reforça que “a experiência dos países que estão em estágios mais avançados de disseminação da doença deixa claro que, diante da inexistência de vacina ou de tratamento médico plenamente comprovado, a medida mais eficaz de minimização dos efeitos da pandemia é o isolamento social”.

Confira o manifesto na íntegra:

Pelo isolamento social

"A pandemia do coronavírus impõe a todos os povos e nações um profundo desafio no seu enfrentamento. A experiência dos países que estão em estágios mais avançados de disseminação da doença deixa claro que, diante da inexistência de vacina ou de tratamento médico plenamente comprovado, a medida mais eficaz de minimização dos efeitos da pandemia é o isolamento social. Somente o isolamento social, mantidas as atividades essenciais, poderá promover o “achatamento da curva” de contágio, possibilitando que a estrutura de saúde possa atender ao maior número possível de enfermos, salvando assim milhões de vidas, conforme apontam os estudos sobre o tema. Ao Estado cabe apoiar as pessoas vulneráveis, os empreendedores e segmentos sociais que serão atingidos economicamente pelos efeitos do isolamento. Diante do exposto, o Senado Federal, através da maioria expressiva dos seus líderes, se manifesta de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde e apoia o isolamento social no Brasil, ao mesmo tempo em que pede ao povo que cumpra as medidas ficando em casa".

Na madrugada deste sábado (1), a Federação Única dos Petroleiros (FUP) declarou greve por tempo indeterminado. A movimentação objetiva suspender as demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen), do Paraná, que afetarão mais de mil famílias, além de cobrar que a empresa, nas palavras usadas pela FUP em nota, “cumpra de fato o que prevê o Acordo Coletivo de Trabalho, com suspensão imediata das medidas unilaterais tomadas pela gestão”. Os petroleiros já ocupam o quarto andar do edifício sede da Petrobras, na cidade do Rio de Janeiro, há 24 horas.

De acordo com a FUP, cerca de 6.700 trabalhadores aderiram ao movimento, não se apresentando nas unidades de refino e produção de derivados de petróleo nem nos terminais da transpetro. A organização afirma ainda que a greve já afeta quatro terminais e 14 refinarias, incluindo a de Abreu e Lima, em Pernambuco. O Terminal Aquaviário de Suape também está sendo atingido.

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Ao jornal O Globo, a Petrobras comentou, por meio de nota, que considera “descabido o movimento anunciado pela FUP” e informou que “tomou as providências necessárias para garantir a continuidade da produção de petróleo e gás, o processamento em suas refinarias, bem como o abastecimento do mercado de derivados e as condições de segurança dos trabalhadores e das instalações". A estatal colocou ainda que está com todas as unidades em funcionamento, sem interrupção da produção.

A FUP alega que as demissões, marcadas para acontecer no dia 14 deste mês, vão de encontro à cláusula 26 do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). A regra estabelece que qualquer demissão em massa deve ser negociada previamente com os sindicatos, o que ainda não teria ocorrido.

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