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Trinta e um pesquisadores da área de Matemática, Probabilidade e Estatística (Mape) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes) anunciaram renúncia coletiva de suas funções na diretoria de avaliação do órgão. Em uma carta aberta, esses cientistas afirmam que não têm conseguido trabalhar seguindo padrões acadêmicos. Também dizem que a Capes não tem atuado para defender a avaliação dos programas de pós-graduação, suspensa pela Justiça.

A Capes é uma agência de fomento à pesquisa, ligada ao Ministério da Educação (MEC), que tem como missão avaliar os cursos de pós-graduação no Brasil e divulgar informações científicas. Desde abril deste ano, a Capes é presidida pela reitora do Centro Universitário de Bauru, Claudia Mansani Queda de Toledo.

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"Gostaríamos de poder trabalhar com previsibilidade, respeito aos melhores padrões acadêmicos, atenção às especificidades das áreas e, principalmente, um mínimo respaldo da agência. Tais condições não têm se verificado nos últimos meses", afirmam os pesquisadores que assinam o documento.

Três deles são coordenadores da área de avaliação em Matemática, convocados pela Capes para trabalhar como consultores por quatro anos. E 28 são consultores ad hoc, também da área de Matemática. Durante o mandato, os três coordenadores ajudam a elaborar as regras dos programas de pós e também convocam os consultores ad hoc para fazer efetivamente a avaliação dos programas.

A avaliação quadrienal da Capes está paralisada após uma decisão judicial. "Assim como diversos colegas, acreditamos que a Capes não tem se esmerado na defesa da sua forma de avaliação. Isto ficou patente nas várias manifestações da presidência e contrasta fortemente com os posicionamentos favoráveis à retomada da avaliação vindos de diversas entidades", escrevem os coordenadores.

"Chama-nos a atenção que a recente tentativa de suspensão da liminar tenha sido apresentada pela Capes sem qualquer urgência, apenas depois de dois meses", continuam os pesquisadores. Para o grupo, "é quase impossível" que a avaliação quadrienal seja retomada no futuro próximo. "Tampouco nos é evidente que a avaliação, se de fato ocorrer, atenderá aos padrões de qualidade que a área preconiza."

Os coordenadores também dizem que houve edital para abertura de novos cursos, em meio à paralisação da avaliação quadrienal. Para Roberto Imbuzeiro, um dos coordenadores que assina o ofício com o pedido de renúncia, a avaliação deveria preceder a abertura de novos cursos. "Não temos tido abertura de cursos novos há anos, mas a avaliação é que forneceria subsídios para avaliar novos programas também. Temos de comparar os novos com os que já existem."

Segundo Imbuzeiro e outros coordenadores, a Capes também pediu para que o grupo refizesse a regulamentação do ensino a distância na pós em um prazo de dois dias. "No entanto, estabelecer parâmetros para a expansão com qualidade do EaD não é tarefa para uns poucos dias de trabalho", escrevem, na carta. Os pesquisadores pontuam, ainda, que o EaD não é a modalidade de ensino dos melhores programas de pós graduação no mundo.

"Meu medo é que sejam tomadas atitudes que, em vez de prezar pela qualidade da pós-graduação, sejam atitudes em prol da quantidade (de cursos), para universidades abrirem programas sem tantos critérios, abrirem programas a distância. Poderíamos ter, por exemplo, aumento das universidades particulares e vemos muitos programas que não prezam pelo mérito científico", diz Imbuzeiro, ao Estadão. "Me parece que o sistema está se tornando mais vulnerável a esse tipo de problema."

O ofício com o pedido de renúncia coletiva foi enviado nesta segunda-feira (29) à presidência da Capes.

Com apoio da oposição, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da Medida Provisória (MP) que acaba com o programa Bolsa Família e cria o Auxílio Brasil, o novo programa social do governo Bolsonaro.

O relatório do deputado Marcelo Aro (PP-MG) foi aprovado por 344 votos a favor e nenhum contrário. Os destaques ainda precisam ser votados. Depois, a MP vai para o Senado, onde precisa ser aprovada até o próximo dia sete de setembro para não perder validade.

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Apesar dos protestos contra o fim do Bolsa Família pelo presidente Jair Bolsonaro, criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as lideranças da oposição costuraram um acordo para manter a determinação de fila zero para quem for elegível ao programa de acordo com os critérios de pobreza e extrema pobreza que servem de baliza para o acesso ao Auxílio Brasil.

Os oposicionistas justificaram que no momento atual de aumento da fome no País, com as pessoas comendo osso, não poderiam votar contra o Auxílio, mas reforçaram o tempo todo que estavam votando contra a MP elaborada pelo governo e a favor do relatório do deputado Marcelo Aro que melhorou o desenho do programa.

Pressionado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-PP), e pelos governistas, o relator retirou do parecer a correção automática anual do valor do benefício atrelada à inflação. Mas a oposição avisou na votação que iria brigar depois para garantir a indexação na votação dos chamados destaques (sugestões de alteração ao texto-base).

Durante a votação, Lira cobrou o cumprimento do acordo com a oposição para a votação da MP por conta do quórum baixo. "Não estaria votando com quórum baixo se não estivesse o acordo. Isso é fato", ressaltou. O risco era de a oposição voltar atrás. O PT, Psol e outros partidos da esquerda encaminharam voto favorável à aprovação do relatório do deputado Marcelo Aro.

Atendendo uma demanda dos partidos de esquerda, o relator retirou a possibilidade de crédito consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil, que permitiria abatimento das parcelas do benefício a ser pago pelo governo. O consignado era a "menina dos olhos" do Ministério da Cidadania e da Caixa Econômica para estimular o microcrédito e o empreendedorismo em 2022, mas visto como extremamente arriscado para uma população que já é muito pobre e só tem essa renda.

A oposição tentou costurar durante a votação no plenário a retirada do vale-creche para as famílias que não conseguem vagas nas creches públicas, benefício batizado de Auxílio Criança Cidadã. Mas o relator acabou não suprimindo o vale-creche, mas fez ajustes no texto. A oposição alegou que o vale-creche era uma tentativa de "voucherizar" a educação, um dever constitucional do Estado.

Aro argumentou que, enquanto os municípios não conseguem suprir a demanda, era preciso assegurar a ampliação do acesso à educação infantil.

O líder da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), disse que a MP do governo Bolsonaro era muito ruim. "Veio sem corpo. Veio uma carcaça", afirmou ele, ressaltando que Bolsonaro criou o "Bolsa Zero" para as mais de 20 milhões de famílias que ficaram sem renda com o fim do Auxílio Emergencial da pandemia Covid-19 e o início do Auxílio Brasil. Segundo Molon, com diálogo com a Câmara, o relator melhorou o texto, mas ainda está aquém da necessidade do País.

Entre os avanços, o líder da oposição elencou a fixação de critérios permanentes no texto da lei para o acesso do benefício e não apenas em regulamento definido pelo Executivo.

"O governo não poderá mudar os critérios. A lei estabelece quem tem direito ao Auxílio e não dependerá do orçamento", argumentou Molon ponderando que esse mecanismo inverte a ordem que existe hoje. Ele aproveitou para cutucar Bolsonaro ao dizer que o presidente faz churrascos com carne caríssima e que não sabe o que o que o povo está passando na fila dos ossos.

Os deputados da oposição dominaram os discursos. A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), disse que o Auxílio é eleitoreiro e lembrou que o presidente chamava os beneficiários de "vagabundos". Ela defendeu que o valor do Auxilio suba de R$ 400 para R$ 600 e cuidar da transição dos 25 milhões que ficaram sem o benefício.

Para incluir mais famílias no programa, o relatório ampliou os critérios de acesso per capita (por pessoa) ao programa. Os valores tinham sido definidos em decreto do governo, mas o relator resolveu subir os valores de referência no relatório. A linha de extrema pobreza subirá de R$ 100 para R$ 105 e a da pobreza, de R$ 200 para R$ 210.

Marcelo Aro separou os três benefícios do núcleo de combate à pobreza dos cinco que são chamados por ele de "transformação social" e porta de saída do programa, como o auxílio esporte e iniciação científica (para famílias que tiverem bom desempenho escolar e em jogos), o criança cidadã (vale-creche), produção rural e o auxílio produção urbana (para quem conseguir emprego).

Essa divisão é também uma tentativa de conter as críticas dos especialistas que apelidaram os inúmeros benefícios de "árvore de Natal", como risco de tirar foco e recursos de que mais precisa e passa fome.

Ao tornar mais clara a separação entre a transferência de renda aos mais pobres, equivalente ao Bolsa Família, e os demais novos auxílios, o relator evita que o orçamento desta transferência básica seja consumido pelos demais auxílios, que ainda não foram testados. Segundo ele, será uma opção para o governo priorizar ano após ano quais são os programas que ele acha que deve fomentar mais.

Outra mudança importante é a retirada da limitação de cinco beneficiários por família. O relator incluiu a nutriz (mulher que amamenta) na composição familiar. No texto original ela estava fora para receber o benefício. Ele ainda incluiu a opção do beneficiário fazer o saque nas casas lotéricas e não apenas nas agências da Caixa.

Também endureceu as exigências para o vale-creche, que será pago às mães que não conseguirem matricular o filho numa creche pública. O relatório coloca inúmeras exigências para que as creches se habilitem.

Rebatendo críticas, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), anunciou que fará a sabatina do ex-ministro André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF) na próxima semana. Alcolumbre, no entanto, ainda não marcou uma data específica.

A expectativa no Senado é que a sabatina ocorra entre a próxima segunda-feira (29) e a quarta-feira (1º), quando o Senado inicia uma semana de votações de autoridades que dependem de aprovação dos senadores por meio de voto presencial e secreto. Alcolumbre deve conversar com senadores para decidir quem será o relator da indicação.

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A indicação de André Mendonça foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 13 de julho e foi protocolada oficialmente no Senado em 3 de agosto, após o presidente Jair Bolsonaro anunciar o ministro "terrivelmente evangélico". O documento chegou formalmente na CCJ no dia 19 de agosto, ou seja, está parado na mesa de Alcolumbre há quase 100 dias.

Ao anunciar a sabatina, junto com outras nove indicações para órgãos do Judiciário, Alcolumbre se defendeu das críticas por ter segurado a nomeação de Mendonça. O presidente da CCJ tem resistência ao nome de Mendonça e agiu para que o procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, fosse o escolhido.

No Senado, Alcolumbre foi alvo de insatisfação até mesmo entre aliados e recebeu críticas. Um dos motivos apontados nos bastidores foi a falta de atendimento do governo Bolsonaro a emendas parlamentares de interesse do senador. O presidente da CCJ negou ter qualquer motivo não republicano para a decisão.

"Chegaram a envolver a minha religião, chegaram ao cúmulo de alguns levantarem a questão religiosa sobre uma sabatina de uma autoridade na Comissão de Constituição e Justiça que nunca o critério foi religioso", disse Alcolumbre durante reunião do colegiado. O senador é judeu e o indicado para o STF é evangélico.

O presidente da CCJ atribuiu para si próprio o direito de decidir sobre a sabatina, mas foi criticado por colegas. O senador Esperidião Amin (PP-SC) chegou a pedir que Pacheco entrasse em campo para intervir na situação e puxasse a indicação diretamente para o plenário, o que não ocorreu, argumentando que o regimento obrigaria a CJJ a examinar as proposições em tramitação em um prazo de 20 dias úteis.

"O meu protesto é institucional e vou continuar protestando porque não estou pedindo favor nem estou apelando", disse Amin após o anúncio de Alcolumbre, chamando a fala do senador de homilia. "Vossa Excelência é súdito do regimento e neste caso está sendo um súdito rebelde."

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), saiu em defesa do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira (23), na Câmara dos Deputados, lembrando que ele declarou seus investimentos em uma offshore a todos os órgãos competentes. Para o parlamentar, as acusações ao ministro têm o objetivo apenas de desgastar o governo Bolsonaro.

"São trinta anos de sucesso na vida privada e isso incomoda muita gente. A maior acusação que vi aqui foi indicando que o senhor é uma pessoa de sucesso. É comum pessoas de sucesso ter investimentos diversificados no exterior. Mas essa galera aqui, uma minoria, quando ouve falar em offshore lembram de roubalheira e de corrupção, que é o que eles faziam no governo", afirmou. "O ministro tem tudo regular e declarado. Como falam em manobrar o dólar se o governo colocou o Banco Central independente?", questionou.

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Para Eduardo Bolsonaro os deputados da oposição criticariam o Ministério da Economia mesmo se ele fosse comandado pela "Madre Teresa de Calcutá". "Eles iam chegar e iam perguntar: esse vestidinho de freira aí, custou quanto? E iam sentar o cacete na Madre Teresa de Calcutá", completou.

Pela liderança do governo, o deputado Sanderson (PSL-RS), disse que não teria nenhuma pergunta a fazer ao ministro da Economia, Paulo Guedes, por avaliar que o ministro já teria esclarecido todas as dúvidas sobre a sua empresa offshore. "O ministro Paulo Guedes é muito respeitado no exterior. É quase como um Ronaldinho da Economia a serviço do governo Bolsonaro", chegou a afirmar o parlamentar.

ORIENTAÇÃO

Guedes que foi orientado por seus advogados a dizer que nenhum de seus parentes atuava em áreas relacionadas à competência do seu cargo na sua declaração à Comissão de Ética Pública (CEP), apesar da participação da sua esposa e filha em offshores.

"Lemos exatamente o mesmo trecho: o declarante possui cônjuge ou parente que atue em área ou matéria afins da competência do seu cargo? A resposta é não. Não, não e não, o que eu faço aqui não atinge em nada isso", disse, em audiência com as comissões de Trabalho, Administração e Serviço Público e de Fiscalização Financeira e Controle da Casa.

Guedes voltou a dizer que se desfez de todos os seus investimentos que poderiam estar relacionados ao cargo de ministro da Economia. Ele também negou ter operações no banco HSBC na Suíça e disse que não tem sócios na equipe econômica, incluindo o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

"O que tenho em comum com o presidente do BC é que, na verdade, eu era um admirador e amigo pessoal do avô, e sabia que ele era um excelente banqueiro e que seria um bom banqueiro central para o Brasil", disse Guedes. O ministro também defendeu que a independência do BC faz com que a autoridade monetária se torne mais firme na sua missão de controlar a inflação.

CRÍTICAS

Já pela liderança do PT, o deputado Rogério Correia (MG), citou a inflação, o desemprego e o "furo do teto" para questionar o apelido de "Ronaldinho da Economia" dado ao ministro instantes antes.

O parlamentar apontou que o dólar já vinha se valorizando em relação ao real antes mesmo da pandemia - culpada por Guedes pela subida do câmbio. "Em março de 2020, o dólar já tinha passado dos R$ 5,00. O senhor já tinha cometido várias besteiras. A alta do dólar vinha desde o início da gestão do senhor. O real tem o pior desempenho frente ao dólar entre as 30 moedas mais negociadas do mundo", afirmou. "Agora o senhor foi pego coma boca na botija sonegando impostos com a offshore", acusou.

ENTENDA O CASO

O ministro da Economia Paulo Guedes foi convocado para explicar movimentações financeiras no exterior por meio de empresas em paraísos fiscais para as comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

Em outubro, a revista Piauí e o site Poder360 revelaram a existência de empresas offshore em nome de Guedes e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. As informações fazem parte da investigação dos Pandora Papers, coordenada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).

No ato de filiação de Sérgio Moro ao Podemos, realizado nesta quarta-feira, 10, em Brasília, dois ex-ministros de Jair Bolsonaro prestavam atenção ao discurso que o antigo colega de equipa ministerial fazia, repletos de críticas ao presidente. O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que comandou a pasta da Secretaria de Governo, e Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, eram dos principais nomes entre os ex-aliados de Bolsonaro que se aproximaram de uma possível candidatura presidencial do ex-ministro da Justiça. Mas nas primeiras filas do auditório Ulysses Guimarães, parlamentares eleitos na onda do bolsonarismo, em 2018, já ocupavam as primeiras filas para ouvir as palavras de Moro, deixando o presidente Bolsonaro de lado.

Nessa plateia de ex-bolsonaristas, além dos ex-ministros estavam, por exemplo, os deputados federais Júnior Bozzella (PSL-SP), Professora Dayane Pimentel (PSL-BA), Julian Lemos (PSL-PB) e Luis Miranda (DEM-DF).

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"Todos têm o direito de apoiar e votar em quem quiser. Mas ninguém tem boas justificativas para votar em Lula ou em Bolsonaro. Dito isso, estamos no jogo da democracia e cada um defenderá quem melhor lhe representa. Eu me sinto representada por Moro", disse a deputada Professora Dayane.

"Moro é o herói de toda uma geração cansada de ver o Brasil ser saqueado por corruptos. Ele representa o significado mais genuíno do patriotismo. Deixou a toga e o ministério por convicção, por comprometimento com o país, e isso está na memória de todo brasileiro", disse Bozzella nas suas redes sociais.

Pivô de uma crise direta com o presidente Bolsonaro, por conta de denúncias feitas pelo seu irmão em relação à pressão para aquisição de vacinas contra a covid, o deputado Luis Miranda fez questão de posar para fotos ao lado de Moro.

"Nós continuamos combatendo a corrupção. Nós não nos aliamos a corruptos de nenhum lado. Nós não fechamos os olhos para os erros de ninguém. Nós pagamos um preço alto por isso. Nós temos a consciência tranquila. Nós vamos construir um país verdadeiramente diferente", afirmou o deputado.

O general Santos Cruz concorda que Moro pode se tornar a opção preferencial para quem, como ele, ficou decepcionado com o governo Bolsonaro.

"Na campanha de 2018, existia um entusiasmo muito grande para encerrar aquele período do PT. O PT estava desgastado por escândalos financeiros, escândalos de corrupção. Então, existia um entusiasmo geral para terminar aquele período e começar um novo. E Bolsonaro se apresentou com um discurso do qual não cumpriu nada", lembra o general.

Dentro de seu novo partido, Moro já desperta a admiração de aliados atuais de Bolsonaro, como os senadores Eduardo Girão (CE) e Marcos do Val (ES), que atuaram na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid alinhados ao governo Bolsonaro. Os dois compareceram ao ato de filiação. Girão considerou o discurso de Moro "sereno e forte".

"Participei do ato de filiação do ex-ministro Sérgio Moro ao Podemos. Em seu discurso sereno e forte, ele ressaltou a necessidade de diálogo para unir o País, a importância de enfrentar a corrupção, o retorno da prisão em 2ª instância, o fim da reeleição e do foro privilegiado", postou o senador nas suas redes sociais.

O presidente Jair Bolsonaro bateu o martelo e decidiu disputar a reeleição pelo PL, em 2022. A filiação ao Partido Liberal ocorrerá ainda neste mês e representa sua nona mudança de sigla desde que ingressou na política, em 1988. Bolsonaro preferiu o PL ao Progressistas (PP), com quem vinha negociando, por avaliar que terá ali mais autonomia para influenciar nas decisões da Executiva e nos diretórios regionais do que teria em outra legenda.

Presidente nacional e "dono" do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto confirmou ter conversado nesta segunda-feira, 8, com Bolsonaro, que avisou já ter comunicado sua decisão ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. "Ele disse para mim que falou com o Ciro hoje. E que o Ciro entendeu. Então, vamos tocar para frente o assunto e ver quando vamos fazer essa filiação", afirmou Costa Neto ao Estadão. Ciro é o presidente do Progressistas, mas se licenciou da função, e também da cadeira de senador, quando foi nomeado para a Casa Civil, no fim de julho. Mesmo assim, é ele quem conduz as negociações mais importantes do partido.

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"Hoje, o presidente me informou que conversou com o Ciro e que falou com os outros partidos. Porque ele tem de se entender com todos. E nós temos de nos entender para que todos sejam atendidos. Porque política é isso", destacou Costa Neto, um dos personagens centrais do escândalo do mensalão, em 2005.

Mais cedo, o próprio Bolsonaro afirmara à CNN que estava "99% fechado" com o PL e que se reuniria com a cúpula do partido na próxima quarta-feira, a fim de acertar os detalhes da filiação. "A chance de dar errado é quase zero", disse Bolsonaro à CNN.

Se não houver imprevistos, a ideia é fazer a cerimônia de filiação de Bolsonaro no dia 22, justamente por ser este o número do PL e também o ano da eleição.

Na negociação para entrar no PL, Bolsonaro tem se preocupado em amarrar um acerto político pelo qual os partidos mais próximos de seu governo, como o Progressistas e o Republicanos, também integrem a aliança para a campanha da reeleição. Na disputa de 2018, o então candidato do PSL se referia a essas legendas como "velha política".

Agora, no entanto, o partido de Ciro Nogueira poderá ter o vice na chapa encabeçada por Bolsonaro. Mas o nome deverá ser indicado de comum acordo com o presidente.

Desde novembro de 2019 Bolsonaro está sem partido. Após ter brigado com o comando do PSL, ele tentou fundar o Aliança pelo Brasil, mas não conseguiu as assinaturas necessárias para formalizar a sigla no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tentou, então, entrar em vários outros partidos, como Republicanos, PRTB e Patriota, mas enfrentou uma série de obstáculos porque sempre apresentava a exigência de mandar no partido, inclusive no caixa.

Havia uma preocupação do núcleo bolsonarista com o fato de o Progressistas ter muito mais alianças regionais com adversários do governo e também mais "caciques". Principal partido do Centrão, o Progressistas também abriga o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), mas diretórios do partido no Nordeste - como os da Bahia e de Pernambuco - pretendem apoiar candidatos do PT aos governos estaduais e devem fechar acordo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que hoje lidera as pesquisas de intenção de voto para a sucessão de Bolsonaro.

Além disso, em São Paulo o Progressistas é alinhado com o governador João Doria e planeja aderir à campanha do vice-governador Rodrigo Garcia ao Palácio dos Bandeirantes. No PL, a instância de poder é centralizada em Costa Neto. Assim, o partido tem menos resistências à entrada de Bolsonaro em seus quadros.

A cúpula do Progressistas queria filiar o presidente. A estratégia fazia parte do projeto de expansão política para formar a maior bancada de parlamentares do Congresso, ampliando a legenda no Sudeste e no Sul. Mesmo sem Bolsonaro, porém, tudo indica que o partido deve ficar com a vaga de vice na chapa, embora alguns aliados de Bolsonaro temam a opção de dar a vaga a um político. O caso do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, quando o próprio Centrão - que a apoiava - avalizou a entrada de Michel Temer - é sempre lembrado. Há uma corrente bolsonarista que defende um nome "de fora" para vice ou alguém indicado pelo próprio presidente. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, é um dos citados. Nesse caso, Tarcísio poderia se filiar ao Progressistas, embora haja uma articulação para que ele entre no PL e seja candidato ao governo de São Paulo.

OS PARTIDOS DE BOLSONARO:

PDC (1989-1993)

PP (1993)

PPR (1993-1995)

PPB (1995-2003)

PTB (2003-2005)

PFL (2005)

PP (2005-2016)

PSC (2016-2018)

PSL (2018-2019)

 

O PESO DO PL:

43 deputados federais

4 senadores

1 governador (Cláudio Castro, do Rio de Janeiro)

345 prefeitos

46 deputados estaduais

3467 vereadores

Fundo Eleitoral: R$ 117,6 milhões em 2020

Fundo Partidário: R$ 45,7 milhões 2020 oitavo lugar

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu os pagamentos do governo de Jair Bolsonaro feitos por meio do orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão em maio.

Em liminar divulgada na noite desta sexta-feira, 5, a ministra determina que nenhum recurso indicado por parlamentares via emendas de relator seja liberado até que o plenário da Corte se manifeste sobre o tema. A decisão foi dada no mesmo dia em que o jornal revelou a distribuição de R$ 1,2 bilhão a deputados na véspera da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios.

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Rosa também determina que seja dada ampla publicidade às indicações feitas pelos parlamentares com esse tipo de emenda, diante da ausência de informações sobre os deputados e senadores que solicitam repasses, como o Estadão vem mostrando desde maio. A ministra pediu inclusão imediata na pauta de julgamentos virtuais do STF.

"Reputa-se violado o princípio republicano em face de comportamentos institucionais incompatíveis com os princípios da publicidade e da impessoalidade dos atos da Administração Pública e com o regime de transparência no uso dos recursos financeiros do Estado", escreveu a ministra Rosa Weber na decisão, de 49 páginas.

"Causa perplexidade a descoberta de que parcela significativa do orçamento da União Federal esteja sendo ofertada a grupo de parlamentares, mediante distribuição arbitrária entabulada entre coalizões políticas, para que tais congressistas utilizem recursos públicos conforme seus interesses pessoais, sem a observância de critérios objetivos destinados à concretização das políticas públicas a que deveriam servir as despesas, bastando, para isso, a indicação direta dos beneficiários pelos próprios parlamentares, sem qualquer justificação fundada em critérios técnicos ou jurídicos, realizada por vias informais e obscuras, sem que os dados dessas operações sequer sejam registrados para efeito de controle por parte das autoridades competentes ou da população lesada", prosseguiu.

A ação é de autoria do PSOL. Os partidos Novo, Cidadania e PSB também solicitaram a suspensão das emendas de relator-geral. As ações passarão a tramitar em conjunto.

A decisão de Rosa Weber inclui três comandos para o Congresso e o Executivo. O principal deles é a suspensão imediata e integral dos empenhos e pagamentos dos recursos das emendas de relator-geral no exercício de 2021, "até final julgamento de mérito desta arguição de descumprimento".

Na decisão, a ministra determinou ainda que o governo dê "ampla publicidade" aos ofícios enviados por deputados e senadores para órgãos do governo indicando a utilização dos recursos das emendas de relator. Segundo a ministra, a disponibilização deve ser feita "em plataforma centralizada de acesso público", e deve abranger todos os "documentos encaminhados aos órgãos e entidades federais que embasaram as demandas e/ou resultaram na distribuição de recursos das emendas de relator-geral". Rosa Weber dá prazo de trinta dias corridos, até 5 de dezembro, para que as informações sejam disponibilizadas.

Em outro ponto do despacho, a ministra exige que "todas as demandas de parlamentares", "independente da modalidade de aplicação", sejam registradas em plataforma eletrônica mantida pelo governo, com acesso público e com mecanismos de transparência ativa - isto é, com a disponibilização dos dados pelo governo, sem necessidade de pedido prévio por parte dos interessados.

As emendas de relator-geral, identificadas pelo código RP-9, estão na base do esquema do "orçamento secreto", revelado pelo Estadão. Equivalem a bilhões de reais distribuídos sem que se conheça o autor da solicitação e os critérios para aplicação dos recursos. O mecanismo de "toma lá, dá cá" tem sido usado por Bolsonaro para aumentar sua base no Congresso.

Testemunha da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o servidor Luis Ricardo Miranda deixou o Brasil na noite desta quinta-feira, 28. Ele ingressou no programa de proteção a testemunhas da Polícia Federal porque, segundo o deputado Luis Miranda, seu irmão, vinha recebendo ameaças de morte. O parlamentar disse, ainda, que Luis Ricardo foi exonerado do cargo de chefe da Divisão de Importação do Ministério da Saúde após prestar depoimento à CPI da Covid, em junho.

"Por medo de represálias meu irmão não me falou nada e já está na custódia do programa de proteção a testemunhas", afirmou o deputado ao Estadão. No Twitter, Luis Miranda adotou estilo mais contundente. "O Brasil não é como nos quadrinhos, onde o bem sempre vence! Meu irmão continuou sendo atacado pelo governo, foi exonerado, por conta das ameaças teve que entrar para o programa de proteção à testemunha e sair do país!", escreveu ele. E concluiu: "@jairbolsonaro cria vergonha na cara, você sabe a verdade!"

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Os dois irmãos protagonizaram um dos momentos mais tensos da CPI da Covid há quatro meses, quando acusaram o presidente Jair Bolsonaro de ignorar denúncia feita por eles de que havia um esquema de corrupção no Ministério da Saúde para compra da vacina indiana Covaxin. Em duas ocasiões, eles afirmaram à CPI que contaram tudo a Bolsonaro em reunião no Palácio da Alvorada, no dia 20 de março. Na conversa, o presidente teria dito que isso seria "rolo" do deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), ex-ministro da Saúde e líder do governo na Câmara. Um dos expoentes do Centrão, Barros negou participação no negócio.

Os depoimentos prestados pela dupla serviram para revelar informações importantes sobre a empresa Precisa Medicamentos, que intermediava a compra da Covaxin. O contrato exigia US$ 45 milhões de pagamento antecipado em uma offshore, a Madison Biotech, e depois se descobriu que a quantidade de doses do imunizante era menor do que vinha sendo cobrado. Após as revelações de Luis Ricardo e de seu irmão, o contrato foi cancelado pelo Ministério da Saúde.

A Polícia Federal abriu inquérito para apurar se houve prevaricação de Bolsonaro, ou seja, se ele deixou de tomar as providências para esclarecer as suspeitas após ser informado sobre o esquema. O caso Covaxin também é alvo de investigações do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União (CGU).

Responsável pelo programa de proteção a testemunhas, a Polícia Federal não comentou o caso, sob o argumento de que as informações sobre segurança dada aos colaboradores são sigilosas. O Estadão apurou que Luis Ricardo embarcou com a família para Portugal.

A CPI da Covid aprovou seu relatório final nesta terça-feira (26) após seis meses de trabalho, e manteve o foco no pedido de indiciamento de Jair Bolsonaro. O presidente é acusado de ser o responsável pelo agravamento da pandemia de coronavírus, que deixou mais de 600 mil mortos no País. Com 1.288 páginas, o relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) - que passou com um placar de sete votos a favor e quatro contrários - também pede o indiciamento de mais 77 pessoas e duas empresas.

"Há um homicida no Palácio do Planalto", disse Renan, em um duro discurso no qual afirmou que Bolsonaro agiu como "missionário enlouquecido para matar o próprio povo". Em seu último discurso, o senador afirmou que "bestas feras" tentaram ameaçar a CPI, mas não obtiveram sucesso.

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Votaram a favor do relatório que agrava a crise do governo os senadores Eduardo Braga (MDB-AM); Humberto Costa (PT-PE); Omar Aziz (PSD-AM); Otto Alencar (PSD-BA); Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), além do próprio relator. Já os votos contrários vieram dos senadores Eduardo Girão (Podemos-CE); Jorginho Mello (PL-SC); Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Marcos Rogério (DEM-RO).

No caso de Bolsonaro, o texto final aprovado pede o indiciamento do presidente por nove crimes. Os crimes comuns nos quais ele é citado são epidemia com resultado morte; infração de medida sanitária; charlatanismo; incitação ao crime; falsificação de documento particular; emprego irregular de verbas públicas e prevaricação, conforme definidos pelo Código Penal; os crimes contra a humanidade são de extermínio, perseguição e outros atos desumanos, arrolados no Tratado de Roma, do qual o Brasil é signatário. A CPI ainda pediu o indiciamento de Bolsonaro por crimes de responsabilidade - violação do direito social e quebra de decoro do cargo.

A lista encabeçada por Bolsonaro segue com os pedidos de indiciamento de seus três filhos com carreira política - o senador Flávio (Patriota-RJ), o deputado Eduardo (PSL-SP) e o vereador carioca Carlos (Republicanos). O texto também pede o indiciamento de empresários bolsonaristas, blogueiros de direita que disseminaram desinformação na pandemia, dirigentes do Ministério da Saúde e especialistas que integraram o chamado "gabinete paralelo", núcleo de assessoramento do presidente durante a pandemia.

As últimas mudanças no relatório de Renan foram decididas em uma reunião do grupo majoritário da CPI na noite desta segunda-feira, 25. O encontro, realizado no apartamento funcional do presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), se estendeu pela madrugada. Na ocasião, os senadores decidiram pela inclusão do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), no rol de indiciados, além do ex-secretário de Saúde, Marcellus Campêlo, entre outros.

Antes das inclusões, o número de indiciados era de 70 pessoas. Várias delas tiveram seus nomes incluídos e removidos do relatório nas sucessivas versões. A última leva de indiciamentos foi patrocinada pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Na manhã desta terça, a lista chegou a 79 pessoas: Renan incluiu o senador Luis Carlos Heinze entre os indiciados. Depois, atendendo a uma questão de ordem de Alessandro Vieira, o nome do gaúcho acabou retirado da lista. Ao incluir o colega de CPI, o alagoano disse que Heinze "reincidiu" na divulgação de informações falsas. "Pela maneira como incitou o crime em todos os momentos, eu queria, nesta última sessão, dar um presente a vossa excelência: (...) será o 81º indiciado desta comissão", disse o relator, anotando em seguida o nome de Heinze no relatório, à caneta.

A participação de Heinze na CPI ficou marcada pela defesa de teses como a suposta eficácia do "tratamento precoce" na cidade de Rancho Queimado (SC).

O relatório da CPI deve ser apresentado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), na manhã desta quarta-feira, 27. Depois, as conclusões da comissão serão enviadas ao Ministério Público: a parte que diz respeito a Bolsonaro será encaminhada à Procuradoria-Geral da República (PGR); outras partes da apuração serão apresentadas às unidades do MPF nos Estados e aos MPs de cada unidade da Federação, a depender do tipo de crime e das pessoas envolvidas.

Uma reunião dos senadores da CPI com o procurador-geral da República, Augusto Aras, também está marcada para a manhã desta quarta, 27; semanas atrás, Aras disse que tomará providências e que não será omisso diante dos fatos levantados pela comissão. Caso o procurador-geral da República não dê sequência às investigações, os integrantes da CPI estudam ingressar com uma ação penal privada subsidiária no Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o advogado criminalista Fernando Castelo Branco, o pedido de indiciamento da CPI é diferente daquele feito pela polícia. "A CPI é um poder investigatório, criado para apurar fatos e a responsabilidade por esses fatos. O efeito prático (do pedido de indiciamento) é dar, no relatório final, um destaque para esses personagens. No final, caberá ao Ministério Público proceder ao acolhimento ou não dessas acusações, para fazer uma denúncia (formal)", diz ele, que é professor de processo penal no curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

"O que motivou esta Comissão Parlamentar de Inquérito foi, em janeiro deste ano, vermos irmãos morrendo. Foram (...) as trágicas cenas de Manaus. Foram as filas do desespero pelos cilindros de oxigênio (...). Quantas mesas de jantar nas casas das famílias brasileiras estão incompletas no dia de hoje por causa do descaso? Já foi dito aqui: pelo menos 200 mil irmãos nossos poderiam estar entre nós. Quantos amigos e parentes não poderiam estar neste momento na sala de TV assistindo a conclusão deste trabalho? E isso não foi por acaso: teve responsabilidade (do governo federal)", disse o vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues

"O crime central que encontramos foi fartamente demonstrado: o crime de epidemia agravado pelo resultado morte (...). É evidente que o presidente da República não criou o vírus, mas é tão evidente quanto que o presidente se esforçou para acelerar a propagação do vírus", argumentou o senador Alessandro Vieira.

RELATÓRIO ACUSA SEM PROVAS, DIZ GOVERNISTA

Ao justificar seu voto contrário, o senador Marcos Rogério disse que o relatório de Calheiros era "fake news processual". "Voto contra, primeiro, porque essa CPI se revelou um estelionato político; e segundo, porque o relatório, para mim, é um grande fake news processual. Estelionato porque esta CPI nasceu para investigar, mas não investigou, e protegeu acusados de corrupção nos Estados e municípios. E o relatório é um grande fake news processual porque acusa sem provas, e se ancora numa narrativa do jogo pré-eleitoral", disse ele.

Em sua última manifestação na CPI, o senador Flávio Bolsonaro leu uma relação de 21 crimes "supostamente cometidos" por Renan durante a pandemia, entre eles o de "perseguição". O senador também disse que o relatório final era uma "peça política" e defendeu o governo de seu pai comparando-o com o de Dilma Rousseff (PT).

Mesmo votando contra o relatório, o senador Eduardo Girão admitiu que Bolsonaro errou ao provocar aglomerações e ao "dar declarações infelizes sobre a vacina". "Errou sim. Mas esse relatório (de Renan Calheiros) se perdeu, errou a mão. E isso deslegitima até algumas coisas que poderiam ser vistas com seriedade. Ultrapassou o limite de uma vingança pessoal, regional, com interesses políticos. Isso ficou evidente", observou ele.

Após apelo de governistas, uma crítica do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e por fim o pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), o senador Renan Calheiros (MDB-AL) retirou o nome do colega Luis Carlos Heinze (PP-RS) da lista de sugestões de indiciamento do relatório final da CPI da Covid.

A comissão planeja votar o documento ainda nesta terça-feira, 26. Heinze virou alvo do relatório de Renan na manhã desta terça a partir de uma proposta de Vieira. Com isso, o parecer pedia que o senador governista fosse investigado por incitação ao crime, conduta prevista no Código Penal, em função das declarações negacionistas na CPI da Covid.

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No início da noite, por sua vez, Vieira pediu que Renan retirasse a menção a Heinze. Mantendo o tom crítico ao colega, o senador afirmou que, "a essa altura", não valeria colocar nenhum trabalho da CPI em risco "por conta de mais um parlamentar irresponsável".

"Não se gasta vela boa com defunto ruim. Essa CPI fez um trabalho, prestou serviço muito relevante, não posso a essa altura colocar em risco nenhum pedaço desse serviço por conta de mais um parlamentar irresponsável", afirmou Vieira.

Ele também citou o argumento apontado por outros senadores, de que as declarações de Heinze estariam protegidas pela imunidade parlamentar. "Ele manifestou seus desvarios usando a tribuna dessa comissão. Na minha visão pessoal seria um agravante, mas me rendo aos argumentos no sentido de que a imunidade parlamentar no exercício da tribuna teria uma determinada percepção alargada", disse Vieira.

O pedido de indiciamento de Heinze provocou, mais cedo, uma manifestação do presidente do Senado. Em nota, Pacheco classificou a iniciativa como um "excesso". "Nunca interferi e não interferirei nos trabalhos da CPI. Mas, pelo que percebo, considero o indiciamento do Senador Heinze um excesso. Mas a decisão é da CPI, afirmou o presidente do Senado.

A última versão do parecer final do relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), ampliou o total de indiciamentos de 68 para 81 por crimes diversos. Nove delitos foram atribuídos ao presidente Jair Bolsonaro, indiciado ao lado de seus três filhos políticos.

Entre as derradeiras alterações, Renan incluiu como indiciados o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), o ex-secretário de Saúde do Estado Marcellus Campêlo e o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS), que passou a ser membro titular da comissão parlamentar quando Ciro Nogueira assumiu o Ministério da Casa Civil.

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O anúncio da inclusão de Heinze ocorreu após a leitura do voto em separado do gaúcho, que defendeu a atuação de Bolsonaro durante a pandemia, atacou a CPI e saiu em defesa do chamado tratamento precoce mais uma vez.

"Pela maneira como, apesar das advertências, o senador Heinze reincidiu aqui todos os dias, apresentando estudos falsos, logo negados pela ciência, e pela maneira como incitou o crime em todos os momentos, eu queria nesta última sessão, dar um presente a vossa excelência. Vossa excelência será o 81º primeiro indiciado dessa CPI", disse Renan.

VEJA A LISTA DE INDICIADOS E OS CRIMES ATRIBUÍDOS A ELES:

1) JAIR BOLSONARO - Presidente da República - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte); art. 268, caput (infração de medida sanitária preventiva); art. 283 (charlatanismo); art. 286 (incitação ao crime); art. 298 (falsificação de documento particular); art. 315 (emprego irregular de verbas públicas); art. 319 (prevaricação), todos do Código Penal; art. 7º, parágrafo 1, b, h e k, e parágrafo 2, b e g (crimes contra a humanidade, nas modalidades extermínio, perseguição e outros atos desumanos), do Tratado de Roma (Decreto nº 4.388, de 2002); e arts. 7º, item 9 (violação de direito social) e 9º, item 7 (incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo), crimes de responsabilidade previstos na Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950;

2) EDUARDO PAZUELLO - ex-ministro da Saúde -art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte); art. 315 (emprego irregular de verbas públicas); art. 319 (prevaricação) e art. 340 (comunicação falsa de crime), todos do Código Penal; art. 7º, parágrafo 1, b, h e k, e parágrafo 2, b e g (crimes contra a humanidade, nas modalidades extermínio, perseguição e outros atos desumanos), do Tratado de Roma (Decreto 4.388, de 2002);

3) MARCELO QUEIROGA - ministro da Saúde - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte) e art. 319 (prevaricação), ambos do Código Penal;

4) ONYX LORENZONI - ex-ministro da Cidadania e ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal e art. 7º, parágrafo 1, b, h e k, e parágrafo 2, b e g (crimes contra a humanidade, nas modalidades extermínio, perseguição e outros atos desumanos), do Tratado de Roma;

5) ERNESTO ARAÚJO - ex-ministro das Relações Exteriores - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte) e art. 286 (incitação ao crime), combinado com art. 29; todos do Código Penal;

6) WAGNER DE CAMPOS ROSÁRIO - ministro-chefe da Controladoria Geral da União - art. 319 (prevaricação) do Código Penal;

7) ANTÔNIO ELCIO FRANCO FILHO - ex-secretário executivo do Ministério da Saúde - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte), do Código Penal; art. 10, VI e XII, e art. 11, I (improbidade administrativa), todos da Lei 8.429, de 2 de junho de 1992;

8) MAYRA ISABEL CORREIA PINHEIRO - secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde - SGTES - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte), e art. 319 (prevaricação), ambos do Código Penal; e art. 7º (crime contra a humanidade) do Tratado de Roma (Decreto 4.388, de 2002);

9) ROBERTO FERREIRA DIAS - ex-diretor de logística do Ministério da Saúde - art. 317, caput, do Código Penal (corrupção passiva); art. 2º, caput (formação de organização criminosa) da Lei nº 12.850, de 2013; art. 10, XII e art. 11, I (improbidade administrativa), todos da Lei 8.429, de 2 de junho de 1992;

10) CRISTIANO ALBERTO HOSSRI CARVALHO - representante da Davati no Brasil - art. 333, caput, do Código Penal (corrupção ativa);

11) LUIZ PAULO DOMINGUETTI PEREIRA - representante da Davati no Brasil - art. 333, caput, do Código Penal (corrupção ativa);

12) RAFAEL FRANCISCO CARMO ALVES - intermediador nas tratativas da Davati - art. 333, caput, do Código Penal (corrupção ativa);

13) JOSÉ ODILON TORRES DA SILVEIRA JÚNIOR - intermediador nas tratativas da Davati - art. 333, caput, do Código Penal (corrupção ativa);

14) MARCELO BLANCO DA COSTA - ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde e intermediador nas tratativas da Davati - art. 333, caput, do Código Penal (corrupção ativa);

15) EMANUELA BATISTA DE SOUZA MEDRADES - diretora-executiva e responsável técnica farmacêutica da empresa Precisa - arts. 299, caput (falsidade ideológica), 304 (uso de documento falso) e 347 (fraude processual), todos do Código Penal; art. 2º, caput (formação de organização criminosa) da Lei nº 12.850, de 2013; e art. 10, VI e XII, e art. 11, I (improbidade administrativa), combinados com art. 3º, todos da Lei 8.429, de 2 de junho de 1992;

16) TÚLIO SILVEIRA - consultor jurídico da empresa Precisa - arts. 299, caput (falsidade ideológica), 304 (uso de documento falso), ambos do 1115 Código Penal; art. 10, VI e XII, e art. 11, I (improbidade administrativa), combinados com art. 3º, todos da Lei 8.429, de 2 de junho de 1992;

17) AIRTON ANTONIO SOLIGO - ex-assessor especial do Ministério da Saúde - art. 328, caput (usurpação de função pública);

18) FRANCISCO EMERSON MAXIMIANO - sócio da empresa Precisa - arts. 299, caput (falsidade ideológica), 304 (uso de documento falso), 347 (fraude processual) e 337-L, inciso V (fraude em contrato), todos do Código Penal; art. 2º, caput (formação de organização criminosa) da Lei nº 12.850, de 2013; art. 10, VI e XII, e art. 11, I (improbidade administrativa), combinados com art. 3º, todos da Lei 8.429, de 2 de junho de 1992;

19) DANILO BERNDT TRENTO - sócio da empresa Primarcial Holding e Participações Ltda e diretor de relações institucionais da Precisa - 337- L, inciso V (fraude em contrato) do Código Penal; art. 2º, caput (formação de organização criminosa) da Lei nº 12.850, de 2013; art. 10, XII, e art. 11, I (improbidade administrativa), combinados com art. 3º, todos da Lei 8.429, de 2 de junho de 1992;

20) MARCOS TOLENTINO DA SILVA - advogado e sócio oculto da empresa FIB Bank - art. 337-L, inciso V (fraude em contrato), combinado com art. 29, ambos do Código Penal; art. 2º, caput (formação de organização criminosa) da Lei nº 12.850, de 2013; e art. 10, XII, e art. 11, I (improbidade administrativa), combinados com art. 3º, todos da Lei 8.429, de 2 de junho de 1992;

21) RICARDO BARROS - deputado federal - art. 286 (incitação ao crime) e art. 321 (advocacia administrativa), 1116 ambos do Código Penal; art. 2º, caput (formação de organização criminosa) da Lei nº 12.850, de 2013; e art. 10, XII (improbidade administrativa) da Lei 8.429, de 2 de junho de 1992;

22) FLÁVIO BOLSONARO - senador - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

23) EDUARDO BOLSONARO - deputado federal - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

24) BIA KICIS - deputada federal - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

25) CARLA ZAMBELLI - deputada federal - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

26) CARLOS BOLSONARO - vereador da cidade do Rio de Janeiro - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

27) OSMAR TERRA - deputado federal - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte), e art. 286 (incitação ao crime), ambos do Código Penal;

28) FÁBIO WAJNGARTEN - ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo federal - art. 319 (prevaricação) e art. 321 (advocacia administrativa), ambos do Código Penal;

29) NISE YAMAGUCHI - médica - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte), do Código Penal;

30) ARTHUR WEINTRAUB - ex-assessor da Presidência da República e participante do gabinete paralelo - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte), do Código Penal;

31) CARLOS WIZARD - empresário - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte); e art. 286 (incitação ao crime), ambos do Código Penal;

32) PAOLO MARINHO DE ANDRADE ZANOTTO - biólogo - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte), do Código Penal;

33) ANTÔNIO JORDÃO DE OLIVEIRA NETO- biólogo - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte), do Código Penal;

34) LUCIANO DIAS AZEVEDO - médico - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte) do Código Penal;

35) MAURO LUIZ DE BRITO RIBEIRO - presidente do Conselho Federal de Medicina - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte) do Código Penal;

36) WALTER BRAGA NETTO - ministro da Defesa e ex-ministro Chefe da Casa Civil - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte) do Código Penal;

37) ALLAN DOS SANTOS - blogueiro suspeito de disseminar fake news - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

38) PAULO DE OLIVEIRA ENEAS - editor do site bolsonarista Crítica Nacional suspeito de disseminar fake news - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

39) LUCIANO HANG - empresário suspeito de disseminar fake news - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

40) OTÁVIO FAKHOURY - empresário suspeito de disseminar fake news - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

41) BERNARDO KUSTER - diretor do Jornal Brasil Sem medo, suspeito de disseminar fake news - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

42) OSWALDO EUSTÁQUIO - blogueiro suspeito de disseminar fake news - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

43) RICHARDS POZZER - artista gráfico supeito de disseminar fake news - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

44) LEANDRO RUSCHEL - jornalista suspeito de disseminar fake news - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

45) CARLOS JORDY- deputado federal - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

46) FILIPE MARTINS - assessor especial para Assuntos Internacionais do Presidente da República - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

47) TÉCIO ARNAUD TOMAZ - assessor especial da Presidência da República - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

48) ROBERTO GOIDANICH - ex-presidente da FUNAG - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

49) ROBERTO JEFFERSON - político suspeito de disseminar fake news - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

50) HÉLCIO BRUNO DE ALMEIDA - presidente do Instituto Força Brasil - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal;

51) RAIMUNDO NONATO BRASIL - sócio da empresa VTCLog - art. 333, caput (corrupção ativa) do Código Penal; e art. art. 11, I (improbidade administrativa), combinado com art. 3º, todos da Lei 8.429, de 2 de junho de 1992;

52) ANDREIA DA SILVA LIMA - diretora-executiva da empresa VTCLog - art. 333, caput (corrupção ativa) do Código Penal; e art. 11, I (improbidade administrativa), combinado com art. 3º, todos da Lei 8.429, de 2 de junho de 1992;

53) CARLOS ALBERTO DE SÁ - sócio da empresa VTCLog - art. 333, caput (corrupção ativa) do Código Penal; e art. 11, I (improbidade administrativa), combinado com art. 3º, todos da Lei 8.429, de 2 de junho de 1992;

54) TERESA CRISTINA REIS DE SÁ - sócio da empresa VTCLog - art. 333, caput (corrupção ativa) do Código Penal; e art. 11, I (improbidade administrativa), combinado com art. 3º, todos da Lei 8.429, de 2 de junho de 1992;

55) JOSÉ RICARDO SANTANA - ex-secretário da Anvisa - art. 2º, caput (formação de organização criminosa) da Lei nº 12.850, de 2013;

56) MARCONNY NUNES RIBEIRO ALBERNAZ DE FARIA - lobista - art. 2º, caput (formação de organização criminosa) da Lei nº 12.850, de 2013;

57) DANIELLA DE AGUIAR MOREIRA DA SILVA - médica da Prevent Senior - art. 121, caput, combinado com os arts. 13, § 2º, alínea b, e 14, todos do Código Penal;

58) PEDRO BENEDITO BATISTA JÚNIOR - diretor-executivo da Prevent Senior - arts. 132 (perigo para a vida ou saúde de outrem), 269 (omissão de notificação de doença) e 299, caput (falsidade ideológica), todos do Código Penal; e art. 7º, k (crime contra a humanidade) do Tratado de Roma (Decreto 4.388, de 2002);

59) PAOLA WERNECK - médica da Prevent Senior - art. 132 (perigo para a vida ou saúde de outrem) do Código Penal;

60) CARLA GUERRA - médica da Prevent Senior - art. 132 (perigo para a vida ou saúde de outrem) do Código Penal; e art. 7º, k (crime contra a humanidade) do Tratado de Roma (Decreto 4.388, de 2002);

61) RODRIGO ESPER - médico da Prevent Senior - art. 132 (perigo para a vida ou saúde de outrem) do Código Penal; e art. 7º, k (crime contra a humanidade) do Tratado de Roma (Decreto 4.388, de 2002);

62) FERNANDO OIKAWA - médico da Prevent Senior - art. 132 (perigo para a vida ou saúde de outrem) do Código Penal; e art. 7º, k (crime contra a humanidade) do Tratado de Roma (Decreto 4.388, de 2002);

63) DANIEL GARRIDO BAENA - médico da Prevent Senior -art. 299, caput (falsidade ideológica) do Código Penal;

64) JOÃO PAULO F. BARROS - médico da Prevent Senior -art. 299, caput (falsidade ideológica) do Código Penal;

65) FERNANDA DE OLIVEIRA IGARASHI - médica da Prevent Senior - art. 299, caput (falsidade ideológica) do Código Penal;

66) FERNANDO PARRILLO - dono da Prevent Senior - arts. 132 (perigo para a vida ou saúde de outrem), 269 (omissão de notificação de doença) e 299, caput (falsidade ideológica), todos do Código Penal; e art. 7º, k (crime contra a humanidade) do Tratado de Roma (Decreto 4.388, de 2002);

67) EDUARDO PARRILLO - dono da Prevent Senior - arts. 132 (perigo para a vida ou saúde de outrem), 269 (omissão de notificação de doença) e 299, caput (falsidade ideológica), todos do Código Penal; e art. 7º, k (crime contra a humanidade) do Tratado de Roma (Decreto 4.388, de 2002);

68) FLÁVIO ADSUARA CADEGIANI - médico que fez estudo com proxalutamida - art. 7º, k (crime contra a humanidade) do Tratado de Roma (Decreto 4.388, de 2002);

69) WILSON LIMA - governador do Estado do Amazonas - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte) e art. 319 (prevaricação), ambos do Código Penal; art. 7º item 9; art. 9º item 1, 3, e 7; c/c 74 da Lei no 1.079, de 1950 (Crimes de Responsabilidade);

70) MARCELLUS JOSÉ BARROSO CAMPÊLO - secretário de Saúde do Estado do Amazonas - art. 319 (prevaricação) do Código Penal;

71) HEITOR FREIRE DE ABREU - ex-subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil e ex-coordenador Centro de Coordenação das Operações do Comitê de Crise da Covid-19 - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte) do Código Penal;

72) MARCELO BENTO PIRES - assessor do Ministério da Saúde - art. 321 (advocacia administrativa) do Código Penal;

73) ALEX LIAL MARINHO - ex-coordenador de logística do Ministério Da Saúde - art. 321 (advocacia administrativa) do Código Penal;

74) THIAGO FERNANDES DA COSTA - assessor técnico do Ministério da Saúde - art. 321 (advocacia administrativa) do Código Penal;

75) REGINA CÉLIA OLIVEIRA - fiscal de contrato no Ministério Da Saúde - art. 321 (advocacia administrativa) do Código Penal;

76) HÉLIO ANGOTTI NETTO - secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, do Ministério da Saúde - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte) e art. 286 (incitação ao crime), ambos do Código Penal;

77) JOSÉ ALVES FILHO - dono do grupo José Alves, do qual faz parte a Vitamedic - art. 267, § 1º (epidemia com resultado morte), combinado com art. 29, ambos do Código Penal;

78) AMILTON GOMES DE PAULA - vulgo Reverendo Amilton, representante da Senah - art. 332, caput (tráfico de influência), do Código Penal;

79) PRECISA COMERCIALIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS LTDA. - art. 5º, IV, d (ato lesivo à administração pública) da Lei 12.846, de 1º de agosto de 2013;

80) VTC OPERADORA LOGÍSTICA LTDA - VTCLog - art. 5º, IV, d (ato lesivo à administração pública) da Lei 12.846, de 1º de agosto de 2013;

81) LUIS CARLOS HEINZE - Senador da República - art. 286 (incitação ao crime) do Código Penal.

Em uma derrota para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), os deputados rejeitaram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que muda a composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O substitutivo teve 297 votos favoráveis e 182 contrários, mas, por ser uma PEC, demandava maioria qualificada, com três quintos dos deputados em dois turnos de votação - ou seja, no mínimo 308 votos dentre os 513 deputados. Faltaram, portanto, 11 votos para a aprovação.

Apelidada de PEC da Vingança e considerada uma revanche contra a Operação Lava Lato, a PEC era uma das prioridades da agenda de Lira. As entidades que representam procuradores e promotores, como a Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR) e a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), se posicionaram contra a proposta.

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Até a vencedora do BBB 2021, Juliette, se mobilizou contra o texto e comemorou sua derrota. "Sou a favor da autonomia do Ministério Público sim. O MP não é a pessoa A e nem B, ele é maior que qualquer um. Enquanto estiverem preocupados com personalidades ou partidos, a gente deixa de defender o que de fato importa. Eu não defendo pessoas ou partidos, eu defendo DIREITOS", postou, em sua conta no Twitter.

Em busca do apoio necessário, a votação da PEC foi adiada por três vezes, e o parecer do relator, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), chegou a ter nove versões. O último e definitivo relatório foi protocolado pouco mais de duas horas antes do início da votação.

Havia dúvidas sobre se o texto seria pautado nessa quarta-feira, em razão da resistência de alguns partidos e das entidades que representam a categoria. Lira, no entanto, atuou para evitar novas manobras regimentais que adiassem a votação. Ele testou o placar ao permitir votação nominal para um requerimento de retirada de pauta do texto de autoria do Partido Novo, pedido foi rejeitado por 316 a 126 - o que deu a falsa impressão de que o texto teria os votos necessários.

Em seguida, Lira anunciou que todas as votações relacionadas à PEC teriam efeito administrativo, ou seja, os deputados que não registrassem presença e voto teriam o salário descontado. Embora faça parte do regimento, essa estratégia raramente é usada na Câmara, mas surtiu efeito. O requerimento de adiamento de votação por cinco sessões, também do Novo, foi rejeitado por 344 a 128, dando ainda mais segurança para aqueles que defendiam a aprovação.

A rejeição do texto surpreendeu os parlamentares. Autor da proposta, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) lamentou a rejeição do texto. Lira chegou a anunciar que submeteria o texto original da PEC do deputado petista em votação - ou seja, sem as modificações feitas na busca de mais votos. Lira, no entanto, desistiu em seguida e encerrou a sessão plenária minutos depois.

Teixeira lamentou a rejeição do substitutivo, mas disse acreditar que o texto original ainda pode ser aprovado pelos deputados. Para ele, a falta de um Código de Ética no CNMP depõe contra a categoria.

Mudanças

A PEC altera tanto a composição quanto a própria função do colegiado, criado em 2004 e responsável por fiscalizar a conduta de procuradores e promotores. Na tentativa de "enquadrar" o MP, o texto aumentava o número de vagas do conselho e ampliava a influência do Legislativo sobre o órgão, criticado pelos parlamentares por agir com corporativismo e evitar punições severas a procuradores e promotores que extrapolam suas funções.

A última versão do texto ampliou o número de membros do Conselhão passará de 14 para 17. Uma das vagas novas passaria a ser dos Ministérios Públicos Estaduais, enquanto Câmara e Senado teriam um assento a mais cada. Assim, nove dos 17 integrantes seriam indicados pelos MPs.

Já o corregedor-geral deveria, necessariamente, pertencer à carreira do MP Estadual, indicado a partir de uma lista quíntupla pelos procuradores-gerais dos Estados, com escolha final alternada entre Câmara e Senado. Ele não poderia ser reconduzido, o que, na avaliação de Teixeira, permitiria separar o "joio do trigo" e o combate ao malfeito.

Os deputados recuaram e retiraram do texto a possibilidade de anulação de atos de promotores e procuradores pelo Conselhão. Assim, essa prerrogativa seria apenas do Judiciário. Todas as ações que questionassem atos do CNMP serão julgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e os membros do conselho também terão foro privilegiado.

Votação

O texto reuniu apoios tão diversos quanto a ala bolsonarista do PSL e a bancada do PT. O contexto, pouco citado, eram as ações de procuradores da Operação Lava Jato, que tinha políticos como alvo preferencial.

A líder do PSOL, Talíria Petrone (RJ), admitiu que havia divergências na bancada. "Não dá para seguir a lógica de que o Ministério Público acima do bem e do mal. Os abusos cometidos no âmbito da Lava Jato são inadmissíveis. Não queremos mais Moros ou mais Dallagnois", disse, em referência ao ex-juiz Sergio Moro e ao procurador Deltan Dallagnol.

Para o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), a proposta representava "a morte de um Ministério Público independente". "Está aí clara e escancarada a motivação que levou ao protocolo desta PEC, que passou na frente da PEC do fim do foro privilegiado e da PEC da volta da condenação na segunda instância. A motivação é a vingança daqueles que foram perseguidos pelos crimes que cometeram."

Com as mudanças da última versão do texto, partidos que até a semana passada estavam contra o texto, como o MDB, PSB e PDT, orientaram seus deputados a votar a favor. Podemos, Novo, PSOL e Rede foram os únicos que se posicionaram contra a proposta. Nem assim o texto foi aprovado.

O deputado Vinicius Poit (Novo-SP) comemorou. "Podem insistir, mas continuaremos trabalhando pra não permitir o enfraquecimento do combate à corrupção e ameaças à independência do Ministério Público. Hoje a democracia respira aliviada!", disse, por meio do Twitter.

No último fim de semana, os fãs da editora DC Comics puderam conferir as últimas novidades que estão por vir, seja no mundo do cinema, da televisão ou dos videogames, no evento promovido de maneira remota: o DC FanDome. A apresentação e mediação da conferência teve como principal destaque o ator Dwayne “The Rock” Johnson (Adão Negro) e Candice Patton (The Flash – Série), que trouxeram entrevistas exclusivas com os principais atores, além de vídeos dos bastidores e fotos promocionais inéditas. O LeiaJá esteve presente no evento e trouxe para você uma lista com os melhores momentos do DC FanDome 2021. Confira:

Primeiras imagens de “Adão Negro”

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Os primeiros momentos do DC FanDome foram dedicados ao “Adão Negro”, filme que estreia em julho de 2022 e que, até então, nao contava com um trailer sequer. Para matar a curiosidade dos fãs, o evento divulgou as primeiras imagens do novo filme por meio de um teaser, que mostra um grupo de exploradores em uma espécie de catacumba. Ao vasculhar o local, o ser conhecido como Adão Negro (The Rock) desperta e mostra todo o seu potencial, já que possui super força, velocidade e a capacidade de conjurar relâmpagos. A expectativa é que o personagem seja desenvolvido no filme e incorpore de vez a imagem de vilão do Shazam (Zachary Levi).  https://www.youtube.com/watch?v=KSsdCEt5al8&ab_channel=FlashbackFM

Mais informações sobre o enredo de “Gotham Knights”

Já no universo dos videogames, a novidade mais aguardada é “Gotham Knights”, jogo que chega ao mercado no próximo ano. Após o desaparecimento de Batman, o Homem-Morcego é dado como morto, e agora cabe aos membros da bat-família proteger Gotham City da nova ameaça, a Corte das Corujas. Serão quatro personagens jogáveis durante o jogo: Robin (Tim Drake), Batgirl (Barbara Gordon), Asa Noturna (Dick Grayson) e Capuz Vermelho (Jason Todd). No trailer apresentado, uma das cenas mais emblemáticas apresenta o vilão Pinguim (Oswald Cobblepot) alertando os heróis que entrar no submundo da Corte das Corujas pode não ter mais volta. https://www.youtube.com/watch?v=ArDx9pwK5ys&ab_channel=DC

Surpresa no multiverso em “The Flash”

Flash é conhecido por sua super velocidade e, neste filme, essa característica será mais explorada, já que o herói tem a capacidade de voltar e avançar no tempo através de seu poder. Assim, foi divulgado o primeiro teaser de “The Flash, filme que chega aos cinemas em novembro de 2022 e apresenta o velocista escarlate (Ezra Miller) em uma jornada no passado para tentar impedir o assassinato de sua mãe, Nora Allen (Maribel Verdú). Durante essa tentativa, Barry Allen distorce a linha temporal, e acaba encontrando uma outra versão sua, além da Supergirl (Sasha Calle), e o Batman (Michael Keaton). Vale lembrar que a versão do Homem-Morcego de Ben Affleck também estará presente. https://www.youtube.com/watch?v=kVQpnbiKUAM&ab_channel=TheFlashBrazil

Comédia e ação em “Pacificador”

Semelhante ao que foi feito em “WandaVision” (2021) com a produtora rival Marvel Studios, a DC Comics também vai expandir seu universo compartilhado na televisão. O anti-herói conhecido como Pacificador (John Cena) foi apresentado pela primeira vez em “O Esquadrão Suicida” (2021), e agora vai ganhar uma série própria, com direito a humor adulto e violência explícita. Durante o DC FanDome foi apresentando o primeiro trailer completo da minissérie que estreia em janeiro de 2022 na HBO Max, e mostrou o personagem em momentos de ação com sua equipe durante as missões secretas, e até mesmo em cenas dramáticas com seu pai (Robert Patrick). https://www.youtube.com/watch?v=b0AJxnuPPAo&ab_channel=HBOMaxBrasil

O filme mais esperado: “The Batman”

Desde o momento em que a DC Comics anunciou Matt Reeves como diretor e Robert Pattinson como protagonista, os fãs do Homem-Morcego aguardam ansiosamente por mais informações sobre o filme. Os últimos momentos do DC FanDome deste ano foram reservados exclusivamente para as novidades de “The Batman”, que chega aos cinemas em março de 2022. Aqueles que ficaram até o fim puderam conferir o novo trailer do longa-metragem, que apresenta um Bruce Wayne mais perturbado que o habitual, e um Batman em início de carreira pouco experiente, que se vê em uma Gotham City tomada por vilões misteriosos como o Charada, o Pinguim e a Mulher-Gato. https://www.youtube.com/watch?v=rsQEor4y2hg&ab_channel=WarnerBros.PicturesBrasil

 

 

 

O Ministério Público do Rio de Janeiro ofereceu à Justiça nesta quinta-feira (14) a primeira denúncia no caso da chacina do Jacarezinho - operação policial que deixou 28 mortos na comunidade da zona norte da capital fluminense em maio. Dois policiais civis são acusados por envolvimento no homicídio de Omar Pereira da Silva. De acordo com a promotoria, um dos agentes vai responder por homicídio doloso e fraude processual, enquanto o outro é acusado apenas pelo segundo crime.

Segundo a denúncia, Omar foi executado por um dos agentes no interior de uma casa na Travessa São Manuel, no Jacarezinho. Os promotores apontam que, quando foi morta, a vítima estava encurralada em um dormitório infantil, desarmada e já baleada no pé.

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Ainda de acordo com a peça de acusação, o policial que executou o disparo e o outro agente denunciado retiraram o cadáver do local antes da perícia.

Os promotores apontam ainda que os policiais plantaram uma granada no local do crime e, no momento de registro da ocorrência, apresentaram uma pistola e um carregador, 'alegando falsamente' que os objetos teriam sido recolhidos junto à vítima.

"Com tais condutas, os denunciados (…), no exercício de suas funções públicas e abusando do poder que lhes foi conferido, alteraram o estado de lugar no curso de diligência policial e produziram prova por meio manifestamente ilícito, com o fim de eximir (…) de responsabilidade pelo homicídio ora imputado ao forjar cenário de exclusão de ilicitude", registra trecho da denúncia.

Além da acusação oferecida junto ao 2º Tribunal do Júri da Capital, a promotoria pede o afastamento dos agentes de suas funções públicas, com relação à participação em operações policiais.

A denúncia é decorrente de investigação instaurada pela 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada da Capital, que contou com auxílio da força-tarefa montada pelo MP fluminense para apurar as mortes e demais crimes ocorridos durante a operação no Jacarezinho.

De acordo com os promotores, os crimes cometidos durante a operação estão sendo analisados caso a caso, 'a partir dos respectivos locais onde ocorreram, suas circunstâncias, com os respectivos laudos e as respectivas testemunhas'.

Depois de ouvir críticas sobre a liberação de armas e a condução da pandemia pelo seu governo nas celebrações do Dia da Padroeira, o presidente Jair Bolsonaro tirou a máscara e causou aglomeração, nesta terça-feira (12) no Santuário Nacional de Aparecida. Ele, que já tinha provocado um grande ajuntamento de pessoas na chegada, desfilou com o corpo fora do carro quando saiu do santuário. Parte do grupo, que se espremia nas cercas de segurança, o aplaudiu e chamou de "mito", enquanto um coro menor gritava "lixo". Um chinelo foi arremessado do meio do público, mas não atingiu o presidente.

Bolsonaro assistiu à missa da tarde na companhia dos ministros Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia e Inovações, e João Roma, da Cidadania. Na homilia, à frente do presidente, o padre José Ulysses da Silva, porta-voz do santuário, fez uma referência indireta à postura armamentista do governo. "Se conseguíssemos abraçar a proposta de Jesus nós seríamos um povo mais desarmado e fraterno", afirmou o padre.

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Citando um trecho do evangelho lido por Bolsonaro durante a celebração, o religioso lamentou os mortos pela Covid-19 e disse que "a vida é um valor que deve prevalecer sobre todo e qualquer outro valor, sobre nossos interesses políticos, econômicos e até religiosos". Desde o início da pandemia, o presidente sempre se posicionou contra as medidas de isolamento social, alegando prejuízo econômico. Segundo o padre, é graças à solidariedade da população que o País não atravessa uma crise ainda mais violenta. "Nós sabemos quantas pessoas perderam a vida para cuidar da nossa. Há mesas vazias, há desemprego e há sequelas da enfermidade", afirmou. Disse, ainda, que além do "dragão da pandemia" há o "dragão da ganância" que suga a vida de quem mais precisa e "tem muita gente sofrendo".

As declarações do padre ecoaram a homilia da principal missa do dia, celebrada pelo arcebispo de Aparecido, dom Orlando Brades, pela manhã: para ser pátria amada, não pode ser pátria armada".

Na cerimônia da tarde, Bolsonaro se apresentou para receber o sacramento católico da comunhão e participou do ritual de consagração à Nossa Senhora. Importante para os católicos e devotos da santa, o ritual não é aceito pelos evangélicos, que compõem importante base de apoio ao presidente. Durante a missa, Bolsonaro e seus ministros usaram máscaras, embora a direção do santuário já tivesse decidido permitir a participação presidencial na celebração mesmo sem a proteção facial. Antes da missa, o presidente se reuniu com o padre Carlos Eduardo Catalfo, reitor do santuário, e com dom Orlando, que presidiu a celebração.

Mentiras e fake news

Além de criticar a política de liberação do uso de armas do governo Bolsonaro, dom Orlando também se referiu ao viés negacionista de Bolsonaro, defendendo a vacina e a ciência. Também pediu uma pátria "sem ódio, uma república sem mentiras, sem fake news".

O arcebispo lembrou que o Brasil está enlutado pelas mais de 600 mil mortes na pandemia da covid-19 e defendeu a preservação da Amazônia. Também pediu um abraço aos índios, aos negros, às crianças, aos pobres e às "nossas autoridades, para que, juntos, construamos o Brasil Pátria Amada. E para ser pátria amada não pode ser pátria armada".

Quando esteve no santuário de Aparecida em seu primeiro ano de mandato, no 12 de outubro de 2019, Bolsonaro foi aplaudido, mas também foi vaiado pelos fiéis. Naquele dia, o arcebispo havia usado a homilia da missa para criticar duramente "o dragão do tradicionalismo" e afirmar que "a direita é violenta, é injusta, estão fuzilando o Papa, o Sínodo, o Concílio Vaticano Segundo". Depois, na presença do presidente, amenizou o tom, dizendo que os dragões seriam as ideologias "tanto da direita quanto da esquerda".

O presidente passa o feriado no Forte dos Andradas, em Guarujá, litoral paulista. Após a visita a Aparecida, ele retornou ao local, que funciona como hotel de trânsito da Marinha. Nesta quarta-feira, 13, ele retoma a agenda indo a Miracatu, no Vale do Ribeira, para uma entrega de títulos de regularização fundiária. Na segunda, 11, ele fez um passeio de moto até a Praia da Enseada, com capacete sem viseira - o que é proibido pelas leis de trânsito - e causou aglomerações, mais uma vez sem usar máscara. O uso do protetor facial é obrigatório por lei estadual. No sábado, 9, o presidente esteve em Peruíbe, onde visitou uma feira. Ele foi multado em R$ 500 pela prefeitura local por não usar máscara.

Pressionado por bolsonaristas, o órgão do Ministério da Saúde responsável pela análise técnica de novos medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS) adiou a decisão, prevista para esta quinta-feira, 7, que poderia barrar de vez o uso da hidroxicloroquina e da cloroquina como tratamento para pacientes com covid-19. Ambas comprovadamente não funcionam contra a doença, mas são promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro e seus aliados como parte do chamado tratamento precoce. Como revelou o Estadão, o colegiado iria se opor a Bolsonaro, e a conclusão técnica seria usada pela CPI da Covid como mais uma prova dos erros do governo na gestão da pandemia.

A discussão foi retirada da pauta da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) a pedido do coordenador do grupo, o médico Carlos Carvalho, da USP, escolhido pelo ministro Marcelo Queiroga. Ao Estadão, Carvalho disse que a decisão não foi influenciada por questões políticas. O médico afirmou que gostaria de levar para discussão do grupo de especialistas que elaboraram o protocolo um estudo publicado no fim de setembro, no The New English Medical Journal, sobre o remédio Regen-Cov.

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A discussão sobre as diretrizes era o item 12 da pauta, mas foi retirado. A decisão da Conitec, que tem caráter consultivo, era esperada com preocupação pelo Palácio do Planalto por causa das potenciais consequências políticas e jurídicas. A recomendação indiscriminada de drogas que não funcionam em detrimento de medidas como incentivo à vacinação e ao distanciamento social é uma das frentes atacadas pela CPI.

Além disso, a decisão técnica de um órgão do próprio governo colocaria em xeque o discurso pró-cloroquina dos bolsonaristas. Na manhã de hoje, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) usou as redes sociais para dizer enganosamente que "a esquerda proibiu acesso a tratamento que poderia salvar vidas". No último dia 21, Jair Bolsonaro defendeu o tratamento precoce, com cloroquina, em discurso na das Nações Unidas Organização (ONU).

O parecer dos técnicos que seria levado à votação reprovava fortemente o uso de remédios como a hidroxicloroquina, cloroquina e a azitromicina. O texto, ao qual o Estadão teve acesso, ressalta que, em tempos de pandemia, os recursos públicos devem ser empregados no que há mais certeza sobre a eficácia.

O documento deixa claro que há evidências de que azitromicina e hidroxicloroquina são ineficazes, ou seja, não funcionam no tratamento da doença e não devem ser usadas. Já para drogas como ivermectina e colchicina há ausência de evidência de que funcionam no tratamento.

De acordo com o parecer, não existe nenhum remédio, até o momento, que possa ser usado de forma precoce para alterar o curso natural da doença.

"Diversas terapias ineficazes foram descartadas, de forma a promover a economia de recursos com o abandono de seu uso, como o caso da azitromicina e da hidroxicloroquina (...) em um cenário de epidemia, a alocação de recursos deve ser priorizada para intervenções com maior certeza de benefício, como o caso de equipamentos de proteção individual, intervenções para o suporte ventilatório dos pacientes e terapias farmacológicas com efetividade comprovada. Deve ser estimulado o tratamento de pacientes mediante protocolos de pesquisa de estudos com delineamento adequado e potencial para dar respostas à sociedade", diz trecho da conclusão do parecer.

Os médicos que elaboraram o protocolo foram avisados sobre a retirada de pauta por um dos coordenadores do grupo na manhã desta quinta, segundo apurou o Estadão.

As diretrizes foram elaboradas por cerca de 20 especialistas, de diferentes sociedades médicas. O Estadão apurou ainda que o grupo não vai aceitar interferência política por mudanças no documento, e os médicos vão retirar seus nomes caso isso ocorra.

A Conitec é composta pelos sete secretários do Ministério da Saúde, além de representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho Nacional de Saúde (CNS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Nacional de Saúde (ANS), e de secretarias estaduais e municipais de saúde. O coordenador, Carlos Carvalho, indicado por Queiroga, é crítico da cloroquina e defensor do distanciamento social e do uso de máscaras.

A comissão é responsável por assessorar o ministério na decisão de quais medicamentos e tratamentos que serão utilizados pelo SUS. Uma decisão sobre os tratamentos medicamentosos para pacientes com covid deve ser conhecida até o dia 26. Em maio, a Conitec já havia reprovado o uso da cloroquina para pacientes hospitalizados.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse em depoimento à CPI, em junho, que esperaria uma decisão da Conitec para se manifestar sobre a pertinência ou não do uso do remédio. Nesta quinta, os senadores aprovaram a reconvocação de Queiroga. De volta ao Brasil após duas semanas de quarentena em Nova York, ele se recusou a revelar se tomou hidroxicloroquina no período, como incentiva Bolsonaro.

Queiroga vem sendo criticado por setores da base bolsonarista e no governo. A ala ideológica critica o ministro por ter liberado a vacinação de adolescentes, por não agilizar um plano para desobrigar o uso de máscaras e por não atuar de forma mais contundente para barrar o "passaporte da vacina" - ele pessoalmente sugeriu o modelo, em abril.

Procurado pelo Estadão desde o início da semana para comentar a reunião decisiva da Conitec, o ministério não se manifestou. Nesta quinta, em nota, informou apenas que o tema foi retirado de pauta pelo coordenador do grupo de especialistas que está elaborando as diretrizes do tratamento ambulatorial em razão da "publicação de novas evidências científicas dos medicamentos em análise". Ainda segundo o ministério, o documento "será aprimorado e vai ser pautado assim que finalizado".

Minutos antes do início da sessão desta terça-feira, 6, no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro, por meio do advogado-geral da União, Bruno Bianco Leal, encaminhou ao ministro Alexandre de Moraes a informação de que prestará pessoalmente o depoimento à Polícia Federal (PF) no inquérito "Bolsonaro x Moro", que apura se houve interferência política do chefe do executivo na corporação. O ministro Alexandre de Moraes solicitou, portanto, a suspensão do julgamento para avaliar se a pauta foi prejudicada.

"O requerente [Bolsonaro] manifesta perante essa Suprema Corte o seu interesse em prestar depoimento em relação aos fatos objeto deste Inquérito mediante comparecimento pessoal. Nesta oportunidade, requer lhe seja facultada a possibilidade de ser inquirido em local, dia e hora previamente ajustados, e, diz a mensagem da AGU enviada a Moraes.

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No documento, Bolsonaro afirma que a medida foi tomada com o "intuito da plena colaboração com a jurisdição dessa Suprema Corte". Como mostrou o Estadão na semana passada, segundo um interlocutor dos ministros, a tendência na Corte era de que fosse mantido o entendimento elaborado pelo ex-ministro Celso de Mello, que conduziu o inquérito como relator até sua aposentadoria. O ex-decano defendeu a posição de uma oitiva presencial para o presidente da República e do envio de perguntas pelo ex-ministro Sérgio Moro, pivô da investigação.

Em setembro de 2020, o ex-ministro Celso de Mello determinou que o depoimento fosse coletado presencialmente pela PF. Dois meses depois da decisão, o presidente disse ao STF que "declinava do meio de defesa". A indefinição travou o inquérito por quase um ano.

Moraes determinou em julho deste ano que a PF retomasse as investigações sobre a suposta tentativa de interferência política do presidente na corporação. Na ocasião, o ministro apontou a 'necessidade de realização de diligências pendentes para o prosseguimento das investigações', mesmo que o plenário não tenha decidido o modo de coleta das declarações.

O depoimento de Bolsonaro era a única etapa que faltava para a conclusão do inquérito. Assim que for finalizado, o relatório da PF será enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), a quem cabe decidir se há provas suficientes para a apresentação de uma denúncia contra Bolsonaro.

A antecipação de Bolsonaro à decisão do Supremo e o indicativo de cooperação em uma pauta que, possivelmente, elevaria a tensão entre os Poderes surge no momento de recuo tático do Planalto nos ataques à instituição e seus ministros. Na esteira dos eventos das manifestações de 7 de Setembro e da crise política que se seguiu, o presidente costurou uma trégua nos ataques à instituição e ao ministro Moraes, com o auxílio do ex-presidente Michel Temer (MDB) - o emedebista encarnou a figura de conciliador e mediou o contato entre o atual chefe do Executivo e o magistrado.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, se negou a comentar os recorrentes ataques feitos a ele e ao uso das urnas eletrônicas nas eleições pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. "Só respondo questões institucionais. As pessoais trato com a indiferença que merece. O resto é política e não me interessa", disse Barroso, em coletiva de imprensa, após a realização de testes de integridade das eleições suplementares dos municípios fluminenses de Silva Jardim e Santa Maria Madalena.

Pela primeira vez, no Estado do Rio, o teste é divulgado em tempo real, pela página do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) no YouTube. Há um esforço maior, dessa vez, por parte do TSE em demonstrar a idoneidade do processo eleitoral eletrônico, em razão das acusações de Bolsonaro de que o sistema abre brechas a fraudes.

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"Criou-se um grau de desconfiança por parte de uma minoria da sociedade. Criamos comissão de transparência das eleições para desfazer dúvidas que possam existir", disse Barroso, acrescentando, em seguida, que, desde a adoção das urnas eletrônicas, o resultado das eleições "espelha a vontade popular".

Barroso ainda pediu que representantes dos partidos políticos acompanhem, com um ano de antecedência, a preparação do TSE para as votações. Segundo o ministro, esse acompanhamento nunca aconteceu porque os partidos sempre confiaram no processo. "Não temos nada a esconder. Pelo contrário. Queremos mostrar à sociedade brasileira a segurança e transparência (do processo)", complementou.

Nesta quinta-feira (18) a versão do diretor Zack Snyder para o filme Liga da Justiça finalmente chega aos fãs. Cenas foram refilmadas, outras que haviam sido excluídas foram recolocadas e agora o filme, que era de duas horas, terá o tempo dobrado. Se nos live actions, a confusão impera, as animações da DC são sinônimos de fidelidade aos quadrinhos e agradam a grande maioria dos fãs. Confira 5 longas animados para assistir antes do lançamento de Liga da Justiça Snyder Cut.

Batman: A Piada Mortal

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O filme conta uma das fugas da prisão do Coringa, em que ele tenta mostrar ao Batman que, com apenas um dia ruim, qualquer pessoa pode enlouquecer. Cometendo vários crimes, seu alvo é o comissário Gordon, principal aliado do herói na polícia. O longa é de 2016.

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Batman contra o Capuz Vermelho

Jason Tood, o segundo Robin, ser “morto” pelo Coringa, volta como o anti-herói Capuz Vermelho para se vingar do Batman, por não ter feito o que era necessário para acabar com a onda de crimes do vilão. Não adianta prender o Coringa, é necessário dar um fim, é isso que o Capuz quer mostrar para o homem morcego. O filme é de 2010.

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A Morte de Superman

O filme foi lançado em duas partes. A primeira conta a luta de toda a Liga da Justiça contra o monstro Apocalypse. Na continuação, várias versões do Superman apareceram em locais diferentes do mundo, buscando ocupar o espaço deixado por ele. O longa é de 2018.

Liga da Justiça: Ponto de Ignição 

Barry Allen, o Flash, decide usar seus poderes e voltar no tempo para evitar a morte da sua mãe, criando uma realidade alternativa completamente diferente da que ele vivia. Nela, os heróis são bem diferentes e há uma guerra entre Atlântida e Temyscera. O filme é de 2013.

Liga da Justiça Sombria: Guerra de Apokolips

Liga da Justiça Sombria: Guerra de Apokolips veio para encerrar uma jornada iniciada em 2013, com o longa “Flashpoint” e sequenciada em 12 outros filmes. Tendo o planeta dizimado, os sobreviventes restantes da Liga da Justiça, Jovens Titãs, Esquadrão Suicida e outros heróis e vilões precisam se unir. O filme foi lançado em 2020.

Ao tomar posse, na tarde desta quinta-feira, 16, o novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, fez gestos pelo diálogo com acadêmicos, pelo Estado laico e em favor do ensino público. Ele citou como focos de sua gestão a educação infantil e o ensino profissionalizante. A cerimônia, que ocorreu no Palácio do Planalto, foi acompanhada pelo presidente Jair Bolsonaro por videoconferência.

"Tenho a formação religiosa. Meu compromisso, que assumo hoje, ao tomar posse, está bem firmado e bem localizado em valores constitucionais, da laicidade do estado e do ensino público. Assim, deus me ajude", declarou Ribeiro ao assumir formalmente o cargo. Ele é advogado, teólogo e pastor presbiteriano.

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A indicação de seu nome para a pasta foi atribuída ao ministro da Secretaria-geral, Jorge Oliveira, e ao ministro da Justiça, André Mendonça, também presbiteriano. Entre as características que fizeram com que Ribeiro fosse escolhido, está o "apreço à família e aos valores", dizem conhecidos e integrantes do governo. Ribeiro foi vice-reitor do Mackenzie, quando o reitor era o ex-governador Claudio Lembo, mas é desconhecido entre especialistas da educação.

O novo ministro contou que, ao ser convidado para a função, Bolsonaro destacou que queria priorizar a educação infantil e o ensino profissionalizante no MEC. E assumiu o compromisso para seguir a orientação. "Quando recebi o honroso convite por parte do senhor presidente para assumir o MEC, entre outras coisas, ele me disse: 'olhe com carinho para a educação das crianças e ao ensino profissionalizante'. Hoje, publicamente, assumo o compromisso de que seguiremos essa orientação", afirmou. "Ainda, através do incentivo a cursos profissionalizantes, desejamos que os jovens tenham uma ponte ao mercado de trabalho. Uma via para que atinjam o seu potencial de contribuição para o nosso País", acrescentou.

Ele também afirmou que quer "abrir um grande diálogo para ouvir os acadêmicos e educadores". E citou que, assim como ele, os professores estão "entristecidos com o que vem acontecendo com a educação em nosso país". "Haja vista nossos referenciais e colocações no ranking do Pisa", disse, citando a avaliação mundial de educação em que o Brasil está entre os 20 piores colocados.

Ribeiro também disse que nunca defendeu violência física na educação escolar. "Nunca defenderei tal prática, que faz parte de um passado que não queremos de volta." Em vídeo de 2018, Ribeiro defendeu que crianças sejam educadas "com dor".

Em seguida, nesta quinta, afirmou que "a implementação de políticas e filosofias educacionais equivocadas" desconstruíram a autoridade do professor em sala de aula e, por isso, "existem atualmente por muitas vezes episódios de violência física de alguns maus alunos contra o professor". "As mesmas vozes críticas de nossa sociedade devem se posicionar contra tais episódios com a mesma intensidade (...) Precisamos resgatar o respeito pelo professor."

Entidades ligadas à educação esperam que o novo ministro aprofunde o diálogo para a solução dos problemas, especialmente no contexto de desafios impostos pela pandemia do coronavírus. "Estamos aqui na ponta, precisamos ser ouvidos. Esperamos que o ministro nos escute e leve em consideração nossos questionamentos", diz Cecilia Motta, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

Segundo Cecilia, um eventual retorno às aulas presenciais após um período de mais de quatro meses com as escolas fechadas, exigirá uma série de mudanças nas instituições de ensino. Ela cita desde a necessidade de lavatórios até readequações no corpo docente para contemplar professores com comorbidades. "Deverá haver aporte financeiro do MEC. Temos de voltar e várias coisas terão de ser adquiridas."

Para Edward Madureira Brasil, vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), também é preciso que o ministro estabeleça relação de confiança com as universidades federais. "O que a Andifes espera é diálogo, algo que foi muito difícil com o ministro nesse período." A associação também pleiteia um alívio nas restrições orçamentárias, para que as universidades consigam cumprir seu papel. Durante a gestão do ex-ministro Abraham Weintraub houve bloqueio de recursos das instituições de ensino superior, o que motivou uma série de protestos.

"Com o financiamento adequado, as universidades conseguem fazer muita coisa. Esse não pode ser um ponto de preocupação. A universidade tem de se preocupar com problemas reais, como o desenvolvimento de vacinas e respiradores", diz o vice-presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele também espera que seja respeitada a autonomia das universidades em relação à nomeação de reitores. O MEC chegou a nomear reitores que não haviam sido escolhidos pela comunidade universitária.

Para Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, é urgente que o MEC se responsabilize pela coordenação de ações "para minimizar impactos brutais na educação básica por causa da crise provocada pela covid". Essa resposta educacional à pandemia tem sido dada pelos secretários de Educação e pelo Conselho Nacional de Educação. Além de ações emergenciais, há ainda ações estruturantes como melhorar a formação inicial dos professores e o apoio à educação de tempo integral.

Segundo ela, até agora não só deixou de haver diálogo com outras entidades que compõem a gestão pública da educação como as "pontes foram explodidas". "O diálogo não é apenas para dar maior legitimidade às ações - a articulação é necessária porque a implementação das políticas passam por vários atores que precisam ter alinhamento. Sem isso, a formulação perde a força. O MEC se isolou esse tempo todo, poderia ser ator relevante, mas abdicou do seu poder de influência e contribuição."

Em relação ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), cuja continuidade deve ser votada na Câmara dos Deputados na semana que vem, o melhor que o MEC tem a fazer é apoiar a aprovação do texto, diz Priscila. "Temos um texto muito debatido, um consenso possível, com a participação até do ministério da Economia."

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