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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves se pronunciaram após a crise sanitária que os Yanomami vivem e já resultou na morte de 570 crianças por desnutrição e causas evitáveis nos últimos anos. Eles alegaram que o governo Bolsonaro não se omitiu e agiu na proteção dos povos e a saúde levou uma “atenção especializada” aos territórios indígenas de 2020 a 2022. No entanto, pelo menos 21 ofícios com pedidos de ajuda dos Yanomami foram ignorados por Bolsonaro de 2020 a 2022, segundo o The Intercept Brasil.

Em uma das últimas falas de Damares sobre os povos indígenas, em maio de 2022, a então ministra desdenhou do ocorrido ao afirmar que “lamento, mas acontece todo dia”. ““Esse caso traz a questão do garimpo, mas quero lembrar que os garimpos estão em terras indígenas há mais de 70 anos, de forma irregular, e são muitas as violências. Esse caso dessa menina causou essa repercussão toda, e isso é muito bom porque a gente ainda vai conversar sobre violência sexual contra crianças indígenas. A gente não pode ser pautada por um só caso”, disse, ao se referir sobre o assassinato e estupro de uma menina de 12 anos por garimpeiros na região de Waikás, em Roraima. 

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As lideranças Yanomami já denunciavam a invasão em massa dos garimpeiros nas suas terras, no noroeste de Roraima, em novembro de 2020. Os povos pediram apoio à Hutukara Associação Yanomami para enviar ofícios de alerta ao Ministério Público Federal, à Funai e ao Exército Brasileiro, que foram ignorados e quase todos sucedidos por novos ataques e mais denúncias de avanço do garimpo. 

A entidade enviou 21 ofícios aos órgãos públicos sobre os “conflitos sangrentos que no limite podem atingir a proporção de genocídio” dos Yanomami, além de publicar três notas públicas sobre um ataque contra uma Estação Ecológica do ICMBio, a morte de duas crianças por uma draga de garimpo e a situação da aldeia de Aracaçá. 

De acordo com a associação, como registrou o The Intercept Brasil, o garimpo ilegal cresceu 46% só em 2021, atingindo mais de três mil hectares de terras indígenas. A estimativa é que 20 mil garimpeiros ilegais ocupam atualmente esses territórios. 

Entre os relatos das atrocidades que os Yanomami enfrentavam diariamente, os postos de saúde fechados por conta dos intensos conflitos com os garimpeiros, que gerou um crescimento da malária entre os povos pela falta de médicos e a proximidade dos garimpeiros é uma delas. 

No dia 12 de maio de 2021, os indígenas enviaram um ofício urgente à 1ª Brigada de Infantaria da Selva do Exército Brasileiro e pediram “apoio logístico e instalação de posto emergencial na comunidade de Palimiu para manutenção da segurança na região”. Um outro ofício foi enviado com urgência para a Funai, Exército e Polícia Federal pouco mais de um mês depois, em 14 de junho, com relatos dos ataques armados. O documento dizia que um grupo de garimpeiros distribuídos em três barcos atacaram a comunidade e iniciaram um tiroteio. Era o quinto ataque em 30 dias. Os povos também alertaram estar sem equipe médica. O Ministério da Justiça chegou a autorizar o uso da Força Nacional na região no mesmo dia, mas em nada adiantou. 

Quatro dias depois um outro ofício contou que crianças e jovens foram atacados por garimpeiros armados enquanto pescavam. No mês seguinte, em julho de 2021, os Yanomami enviaram mais um ofício com a solicitação de reforço na segurança. Relataram que os quatro agentes designados pelo governo para atuar na área haviam retornado para Boa Vista. Na comunicação com a Funai, o líder Dario Yanomami contou que um grupo de mulheres e crianças havia sido atacado a tiros. 

No meio da crise sanitária da pandemia da Covid-19, a então ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves pediu que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) rejeitasse leitos de UTI e produtos de limpeza a indígenas, em nota técnica enviada ao Planalto no dia 6 de julho de 2020. Damares justificou o pedido com a explicação de que os povos não foram “diretamente consultados pelo Congresso Nacional”. 

A nota foi assinada pelo secretário adjunto da Igualdade Racial Ezequiel Roque, e solicitava que Bolsonaro retirasse da lei de proteção aos indígenas a obrigação da União, estados e municípios fornecerem itens como água potável, materiais de limpeza, higiene e desinfecção, leitos de UTI, ventiladores pulmonares e materiais informativos sobre a Covid-19. Segundo a coluna de Guilherme Amado, do O Globo, à época, Bolsonaro concordou com o pedido. 

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“Mesmo cientes da situação de excepcionalidade vivida pelo País e da celeridade em aprovar projetos de lei que beneficiem e projetam os povos tradicionais, os povos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais não foram diretamente consultados pelo Congresso Nacional”, endossou Damares no documento. 

No dia da publicação dos vetos presidenciais, em 8 de junho, o ministro Luís Roberto Barroso mandou o governo adotar medidas para evitar mortes de indígenas pela doença. A decisão de Barroso foi referendada um mês depois pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), e o Congresso Nacional derrubou os vetos de Bolsonaro com as solicitações de Damares. 

 

Relacionamento abusivo, machismo, violência contra a mulher, foram pontos destacados pela deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) nas redes sociais nesta segunda-feira (23), após o episódio do reality Big Brother Brasil 23 do domingo (22), onde o apresentador chamou atenção para um relacionamento abusivo que acontece na casa mais vigiada do Brasil. A parlamentar apontou que o governo Bolsonaro (PL) tem grande contribuição com o retrocesso do Brasil no que tange à violência contra a mulher. 

Sâmia destacou a necessidade do enfrentamento dos problemas com políticas públicas, o que, de acordo com ela, não foi feito pelo Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves no governo derrotado nas eleições. 

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“Não sei se a senhora [Damares] sabe ou já ouviu falar de um negócio chamado ciclo da violência. É um dos principais elementos que fazem as mulheres que são vítimas de violência doméstica se chocarem com a situação, porque aquele que era o príncipe encantado, que abria a porta do carro, lhe entregava flores, dava chocolate, chamada de linda em um dia para, no outro, se transformar num grande monstro”, afirmou a parlamentar em vídeo publicado nas redes sociais. 

Segundo Bomfim, o comportamento “reforça padrões de masculinidade” e que a cordialidade “de longe não combate a violência contra a mulher”, medida estimulada por Damares Alves com a intenção, dita por ela, de combater a violência contra a mulher. “Eles [os comportamentos] só reforçam [a violência] porque fazem com que os homens acreditem que eles não precisam respeitar as mulheres, basta lhe entregar flores. A mesma mão que entrega uma flor é a mão que enforca uma mulher, que a abusa, e a espanca. Por isso, me causou muito estranhamento quando a senhora disse que seria política do Ministério ensinar os meninos nas escolas a abrirem a porta do carro ou entregar flores para as meninas como forma de combater o feminicídio no País”, destacou. 

Ainda nas redes, Sâmia publicou uma série de cards sobre “ciclo da violência em um relacionamento abusivo”, com alerta às mulheres que passam pela situação e não percebem. “Relacionamento abusivo e ciclo da violência são assuntos muito sérios. A compreensão das diferentes formas de violência e uma rede de apoio à vítima é fundamental. No BBB ou na 'vida real', temos muito o que avançar no combate ao machismo! Minha solidariedade à @BrunaGriphao”.  

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O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos pediu uma investigação contra a equipe médica que realizou o aborto legal na menina de 11 anos que foi vítima de estupro em Santa Catarina

O pedido do governo federal foi recebido pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) do estado cinco dias após a realização do procedimento médico, no dia 27 de junho. O conselho informou que investiga o caso. 

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O ministério alega que o pedido partiu da própria população porque a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos recebeu mais de 300 denúncias pelo Disque 100 entre os dias 23 e 24 de junho, como foi revelado pela GloboNews.

O presidente da Comissão Nacional Especializada de Violência Sexual e Aborto Previsto em Lei da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, Robinson Dias, afirmou que não há crime para ser investigado. 

A interrupção da gravidez da menina de 11 anos estava respaldada não só pela lei, que garante o direito ao aborto quando a pessoa é vítima de estupro, mas também hvia uma recomendação do Ministério Público Federal para que o hospital realizasse o procedimento. 

Para o presidente da Comissão, a iniciativa do Ministério da Mulher é “absurda” e deixa os profissionais inseguros, inibindo o cumprimento da lei e do dever médico. “Nós estamos estupefatos. Não achamos que seja uma ação que venha a somar, pelo contrário. Para a gente, soa como proselitismo religioso, fundamentalista, de interesse eleitoreiro. É como se quisessem chamar atenção para uma pauta antiaborto com fins eleitorais”, disse. 

O Ministério da Mulher, da Família e Direitos Humanos anunciou o lançamento do Plano Nacional de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes, nesta quarta-feira (18). A ação é lançada no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, como iniciativa para ajudar no  combate desses abusos. Ao todo foram investidos R$ 109 milhões em temáticas de exploração sexual e violência física, psicológica e institucional.

A ministra Cristiane Britto celebrou o lançamento da iniciativa. “Hoje é um dia que gostaria de celebrar o fim de todo abuso ou exploração de crianças neste país. Não podemos tratar qualquer um destes casos com naturalidade ou como se fosse mais um. Devemos, todos os dias, nos indignar com cada caso relatado por vizinhos, imprensa”, enfatizou. 

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Além disso, acrescentou sobre o abuso sexual. Quando falamos do abuso, infelizmente lamentamos que cerca de 90% dos casos ocorrem em casa e o algoz é quase sempre o familiar ou alguém próximo à criança”, afirmou. “Aos pais ou responsáveis por vítimas de violência sexual, que busquem apoio para toda a família. A cura não vem com o silêncio, mas com terapia, com ajuda e orientação profissional”.

Outras ações 

No evento, além do plano, foram lançadas outras ações, como o projeto de lei que institui o Programa de Proteção à Vida De Crianças e Adolescentes, com o objetivo de atender casos de famílias expostas à ameaça de morte. Além disso, na cerimônia também foi assinado Pacto Nacional pela Implementação da Lei da Escuta Protegida, que objetiva orientar agentes públicos responsáveis pela proteção das crianças, e evitar que o depoimento seja dado pela vítima mais de uma vez.

Denúncia 

O Ministério orienta que em caso de denúncia, deve- se utilizar o Disque 100 ou Disque Direitos Humanos recebe denúncias de abuso e exploração contra crianças e adolescentes diariamente, por 24h, inclusive nos finais de semana e feriados. As denúncias são anônimas e também podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem direta e gratuita para o número 100, pelo WhatsApp: (61) 99656-5008, ou pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil, onde o cidadão com deficiência encontra recursos de acessibilidade para denunciar.

O município do Jaboatão dos Guararapes foi vencedor em duas categorias do Prêmio Boas Práticas em Políticas Familiares Municipais concedido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. O Programa Integra, pioneiro no País, foi primeiro colocado na área de “Políticas de Proteção Social Destinadas a Famílias Vulneráveis no contexto da Pandemia da Covid-19”. Já o Programa Famílias Fortes também venceu na categoria de “Políticas Públicas Relacionadas ao fortalecimento de Vínculos Familiares Intergeracionais: Promoção da Convivência Interfamiliar e Intergeracional no Âmbito das relações familiares”. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (11) e a cerimônia de entrega dos prêmios será no próximo dia 21, em Brasília.

O prefeito Anderson Ferreira, ao ser informado das premiações, ressaltou o compromisso da gestão municipal em cuidar das famílias. “Criamos dois programas a fim de minimizar os fatores relacionados à dependência química, com os objetivos de recuperação e prevenção. As drogas afastam as pessoas dos seus familiares e é necessário um trabalho em conjunto entre o poder público e a sociedade para que possam ser reintegradas, inclusive ao mercado de trabalho. Os prêmios concedidos pelo Ministério da Família e dos Direitos Humanos mostram que as iniciativas da nossa gestão estão dando certo”, disse o gestor.

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Além da situação de vulnerabilidade, os dependentes químicos se configuram um público mais propenso à incidência do novo coronavírus. Daí a importância da atenção a toda família com informações específicas de prevenção, na distribuição de máscaras, kits de higiene, solicitação de documentos e busca por auxílio emergencial. As equipes da Secretaria  Municipal de Assistência Social e Cidadania e da Secretaria Executiva da Família e Política sobre Drogas também tratam sobre alternativas de convivência, socialização e formação de mão de obra.

O Prêmio Boas Práticas em Políticas Familiares Municipais foi criado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos para destacar as experiências exitosas postas em prática em cidades de todo o Brasil. A intenção é incentivar a implementação de políticas públicas que tenham foco na família e o fortalecimento dos vínculos. Também tem o objetivo de impulsionar as iniciativas que venham a fortalecer e consolidar o desenvolvimento social e econômico das pessoas que fazem parte dos núcleos familiares. Outro critério da premiação é que as ações possam ser replicadas pelos demais municípios.

 

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, atacou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) , indiretamente, no evento “A festa da princesa" realizado nessa segunda-feira (20).

Durante a sua fala, a ministra proferiu, sem citar nomes, que no passado tinha "uma bruxa muito feia", mas que foi tirada pelo impeachment, fazendo uma clara alusão à ex-presidente petista.

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“Não há bruxas porque a que tinha veio uma fada com a varinha e ‘impeachment’”, apontou a ministra, cujo discurso foi no evento sediado em Goiás, para uma menina vítima de racismo.

A chefe da pasta não parou por aí. Na fala sobre um “conto de fadas”, Damares acrescentou que antes havia um “reino de bandidos, vampiros e sanguessugas”, mas que agora há um outro “rei poderoso e forte”. A referência foi em comparação aos governos de Lula e de Jair Bolsonaro, respectivamente. 

“No passado, o reino tinha bandidos, vampiros, sanguessugas. O Ali Babá e o reino dos 40 ladrões. E uma bruxa muito feia. E o povo daquele reino estava muito triste com seus reis e rainhas. ‘Queremos outro rei’, ‘queremos outro rei’, gritava o povo. Outro rei. Poderoso, forte. E esse rei recebeu a coroa e decretou que ‘no meu reino todas as meninas e meninos são príncipes e princesas”, contou.

O deputado Marco Feliciano (sem partido) saiu em defesa do ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos que quer estimular a política de 'Eu escolhi esperar' para combater a gravidez na adolescência. Para ele, a reação de parcela da sociedade é uma ação reativa e preconceituosa. O deputado indica ainda que a esquerda e a programação da TV Globo são responsáveis por pregar o "prazer irresponsável".

Feliciano, por meio de sua coluna na Folha de São Paulo, indaga se é pecado "dar aos jovens deste país uma alternativa à coisificação de suas existências, pugnando que os mesmo valorizem o afeto, a razão e a sensibilidade em seus relacionamentos sexuais".

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O deputado acredita que a reação contra a ideia do ministério de Damares Alves é porque o "produto" vem das mãos do governo Bolsonaro - além de que o "pluralismo democrático defendido pela esquerda acaba onde começam as ideias contrárias à sua visão de mundo, mesmo que para isso tenham que ignorar no sentido estrito da palavra", aponta Feliciano.

O movimento "Eu prefiro esperar" já existe no mundo evangélico e foi criado pelo pastor Nelson Neto Jr., que foi um dos convidados para participar do seminário promovido pela pasta em dezembro, na Câmara dos Deputados, com foco na prevenção à vida sexual precoce e gravidez na adolescência. À Folha, a secretária nacional de família, Angela Gandra Martins, disse que o ministério avalia o modelo criado pelo pastor para conseguir conscientizar os jovens sobre o que é uma relação sexual e sobre as suas consequências. 

Para Angela, a pasta precisa dar uma "nova visão" e "outro caminho" para combater a gravidez na adolescência - além do uso de preservativos - o que para o ministério "não apresenta 100% de eficácia". 

O deputado federal Alexandre Frota sugeriu um outro nome para ocupar o lugar de Damares Alves no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Ex-aliado do governo Jair Bolsonaro, Frota afirmou, em sua rede social, que gostaria de ver a cantora Pabllo Vittar no lugar da ministra. 

O apoio a Vittar foi expresso através de um tweet na conta oficial de Alexandre Frota. O deputado compartilhou uma frase da cantora, dita em entrevista à revista americana Time, em que ela revela ter vergonha de ser brasileira por causa do presidente Bolsonaro. Em resposta à artista, Alexandre sugeriu que ela faria mais diferença se ocupasse a cadeira da ministra Damares. "Pablito Vittar tem vergonha de ser Brasileiro por causa do Bolsonaro . @pabllovittar não tenha vergonha de ser Brasileira e sim de ter o Bolsonaro como Presidente. Entre na luta para tirá lo. Você no lugar da Damares faria muito melhor".

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Nos comentários, os internautas se mostraram surpresos com a colocação do deputado e questionaram sua opinião. "Ora, ora, olha quem voltou para o lado colorido"; "Gente, você tá bem?"; "Eu dormi e acordei na Terra 3?"; "Alguém me explica o que tá acontecendo aqui?"; "Gente, o que houve que o frota mudou da água pro vinho?"; "Imagina ter que explicar isso pra uma pessoa que ficou nove meses em coma?".

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) lançou nesta quinta-feira (3) o projeto Salve Uma Mulher, que consistirá em treinar servidores e empregados públicos para dar suporte a mulheres vítimas de violência. Na primeira etapa do projeto, 476 mil pessoas receberão treinamento.

Desse total, 340 mil são agentes do Ministério da Saúde, 106 mil funcionários dos Correios, 30 mil conselheiros tutelares e 1.722 profissionais do quadro da Defensoria Pública da União. A projeção, porém, é de que, em dez meses, 2 milhões de pessoas passem pela capacitação, já que a expectativa é que abranja profissionais de beleza e de academias esportivas e líderes religiosos. Além da capacitação de funcionários da iniciativa privada através de uma plataforma EaD (estudo a distância), estão previstas as criações de grupos de multiplicadores voluntários e grupos de apoio.

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Segundo a ministra titular da pasta, Damares Alves, o ensinamento abrange a identificação de uma situação abusiva, mas não se resume somente a isso. Ou seja, os instrutores também ensinarão a orientar a buscar ajuda das autoridades competentes para garantir sua segurança. Desse modo, os alunos terão condições de informar como se presta uma queixa contra o agressor e como a mulher agredida pode acessar serviços públicos.

"Se perguntar aqui a vocês, sabem o que dizer a uma mulher quando percebem que está machucada? Diriam para procurar antes a delegacia, o promotor, o delegado, o IML [Instituto Médico Legal] ou para ligar para o Ligue 180 [Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência]? As pessoas, às vezes, não sabem o que dizer. É exatamente para isso que vem o programa: ensinar as pessoas sobre como funciona a rede de proteção, para que divulguem e orientem mulheres vítimas de violência", disse Damares Alves.

Segundo a ministra, os instrutores do projeto, ao repassar as informações, também levarão em conta as especificidades de cada local. "A rede é a mesma, mas tem lugar em que não tem delegacia [especializada no atendimento] da mulher. Tem lugar que não tem a Defensoria Pública. Então, o treinamento vai ser dado obedecendo a especificidade de cada cidade ou região".

Uma questão social

Também presente no evento de lançamento, a atriz e modelo Luiza Brunet argumentou que a mobilização de combate à violência de gênero deve partir de todos. "É muito importante que a vítima faça a denúncia contra seu agressor", disse a artista, que sofreu agressões em 2016. "A violência contra mulher deixou de ser um problema de foro íntimo e passou a ser de toda a sociedade."

A ministra elogiou a coragem da atriz, de tornar pública a sua experiência, para que pudesse mostrar que a violência de gênero vitima mulheres de todos os perfis socioeconômicos e étnico-raciais. "Ou vocês acham que mulheres lindas, da alta sociedade, não apanham?", disse Damares.

Conforme mostra o Atlas da Violência deste ano, a taxa de homicídio de mulheres cresceu acima da média nacional em 2017. Feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o levantamento indica que a taxa geral de homicídios no país aumentou 4,2% na comparação com o ano anterior, 2016. A taxa que conta apenas as mortes de mulheres, por sua vez, cresceu 5,4%.

Os pesquisadores também destacam que, em 28,5% dos homicídios de mulheres, as mortes foram dentro de casa, o que relacionam a possíveis casos de feminicídio e violência doméstica. Entre 2012 e 2017, a taxa de homicídios de mulheres fora da residência caiu 3,3%, enquanto a dos crimes cometidos dentro das residências aumentou 17,1%. Já entre 2007 e 2017, sobressai-se a taxa de homicídios de mulheres por arma de fogo dentro das residências, que teve alta de 29,8%.

De acordo com o 13ª Anuário Brasileiro de Segurança Pública, registrou-se, no ano passado, o mais alto índice violência sexual desde 2007, quando se iniciou a avaliação do volume de ocorrências. Ao todo, foram 66 mil vítimas de estupro, sendo que a maioria delas (53,8%) eram meninas de até 13 anos de idade.

 

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou hoje (22) que o governo federal tem apresentado à sociedade brasileira uma "releitura sobre o que são direitos humanos", por dar voz a pessoas "invisíveis". A ministra disse que o Poder Executivo tem abolido termos como "gênero" em documentos endereçados a organizações de defesa de direitos humanos - inclusive, de âmbito internacional - porque a legislação brasileira não os utiliza largamente. A decisão de abandonar determinadas expressões foi mencionada pelo presidente Jair Bolsonaro, em sua conta no Twitter, há duas semanas.

A ministra apresentou um balanço dos 200 primeiros dias de atuação na pasta e, na sequência, conversou com jornalistas. Ela informou que o programa Mulher, Viver sem Violência está passando por uma reformulação, para que tenha quatro modelos diferentes de atendimento a mulheres vítimas de violência. A mudança tem por objetivo adaptar o carro-chefe do programa, as unidades Casa da Mulher Brasileira, a demandas específicas de comunidades.

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Segundo Damares, o "formato gigante" da Casa da Mulher Brasileira, que foi concebido para abranger atividades multidisciplinares, "não está satisfazendo as necessidades de algumas regiões". "Nós temos lugares que querem unidade menor. Por exemplo, nós temos cidades onde a delegacia [especializada] da mulher funciona muito bem onde está, a vara de enfrentamento funciona muito bem no fórum. Então, não precisa de um espaço muito grande pra levar toda a rede", acrescentou.

Perguntada sobre qual é o orçamento que deseja para o próximo ano, a ministra informou que o valor ideal é de R$ 1 bilhão. Atualmente, frisou, dispõe de cerca de R$ 250 milhões.

A ministra avalia que quadruplicar a quantia é necessário para que possa manter seu planejamento, que inclui, por exemplo, o fornecimento de cisternas a comunidades tradicionais. No total, a pasta prometeu entregar cisternas a 3.757 famílias do Semiárido, até setembro. Os habitantes concentram-se em seis estados - Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Piauí - e regiões onde é detectada a carência de infraestrutura básica de acesso à água.

Uma das comunidades beneficiadas é a Kalunga, que vive no município de Cavalcante (GO). Segundo Damares, duas das 140 cisternas prometidas já foram entregues.

 

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