Tópicos | ministério

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) do Governo Bolsonaro chamou de "mentiroso" o relatório divulgado pelos grupos de trabalho da Transição. No mesmo evento em que os ministros do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram revelados na última quinta-feira (22), a equipe disponibilizou o documento, que possui 100 páginas e reúne diagnósticos, conclusões e propostas de 32 grupos temáticos que trabalharam nas últimas semanas no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito, coordenou os grupos. 

No item Direitos Humanos, o relatório disse que houve restrição à participação social e o desmonte de políticas públicas. Também foi dito que o suposto desmonte afetou diretamente o desempenho do Disque 100, canal que recebe e apura denúncias de ferimento aos direitos humanos. 

##RECOMENDA##

“Além de ter sido fragilizado pela péssima gestão contratual, o Disque 100 foi aparelhado para assediar a educadores e a estabelecimentos comerciais que exigiam certificado vacinal contra COVID-19, atendendo denúncias de sujeitos identificados com a chamada “escola sem partido” e com o negacionismo da crise sanitária recente. Toda a rede de proteção, antes acionada para dar resposta a denúncias de violações, foi desarticulada. Os dados do Disque 100, que são fonte de informações para o desenvolvimento de políticas públicas, deixaram de ser divulgados”, diz o documento. 

Em resposta, o MMFDH publicou uma tabela com as metas e os números alcançados através do canal e outras iniciativas de captação. Apesar de em muitos dos exemplos a meta não ter sido alcançada, os indicadores estratégicos se mantiveram consistentes nos últimos quatro anos. Em desempenho, os disque 100 e 180 também alcançaram seus objetivos em dois dos quatro anos. 

"Infelizmente, o conteúdo do referido relatório de transição faltou com a verdade ao caracterizar uma desarticulação da rede de proteção. A atuação da ONDH através do Disque 100 atingiu ou superou, até setembro de 2022, quase todas as metas de indicadores estratégicos pactuadas antes mesmo do final do exercício atual”, respondeu o Ministério. 

Em um outro trecho, o relatório da transição questionou o dinheiro investido nas políticas públicas para os direitos humanos, que teria sido, em 2022, de aproximadamente um terço (R$ 238 milhões) do investido em 2015. A redução foi considerada como “desprezo” pela atividade da pasta. 

Na resposta, o MMFDH disse que a interpretação da transição é “simplista” e “deslocada”, e que mostra pouco conhecimento do funcionamento dos órgãos. “Em relação à questão estritamente orçamentária, cumpre salientar que associar o volume de recursos consignados na Lei Orçamentária a um cenário de desprezo; ou demonstra inépcia, ou denota má-fé. Provavelmente os autores do referido relatório, em sua abordagem tacanha, tenham se olvidado de um dos princípios basilares da Administração Pública, consagrado no art. 37 da Constituição Federal: o princípio da eficiência”, acrescentou a pasta. 

 

 

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já anunciou o nome de sete nordestinos e nordestinas para compor o governo ao seu lado no comando dos ministérios. Dos sete nomes divulgados, dois são de mulheres. 

Confira:

##RECOMENDA##

Luciana Santos - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações 

Luciana é vice-governadora de Pernambuco e presidenta nacional do PCdoB desde 2015. Ela cursou engenharia elétrica na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e entrou para o movimento estudantil durante a graduação. Chegou a ser deputada estadual em Pernambuco e prefeita reeleita em Olinda em 2000. 

Margareth Menezes - Ministério da Cultura

A cantora baiana teve os primeiros contatos com a música ainda na infância por influência do avô materno. Ela é considerada um símbolo da potência negra e feminina no universo afro-pop-brasileiro. Margareth Menezes tem mais de 10 álbuns lançados, quatro indicações ao Grammy, fez mais de 20 turnês internacionais e é uma das principais expoentes da música baiana no mundo.  

Wellington Dias - Ministério do Desenvolvimento Social 

O senador eleito Wellington Dias (PT-PI) chefiará uma das pastas mais disputadas no novo governo Lula, que é responsável pelos programas sociais. Natural de Oeiras, no Piauí, Dias já trabalhou como bancário do Banco do Nordeste, no Banco do Estado do Piauí e na Caixa Econômica Federal. Ele também atuou como radialista. Filiado ao PT desde 1985, foi presidente do Sindicato dos Bancários do Estado do Piauí e governou o Estado por quatro mandatos: 2003, 2010, 2014 e 2018. 

Camilo Santana - Ministério da Educação

Camilo Santana é senador eleito do Ceará. Ele integrou o grupo técnico de Desenvolvimento Regional na equipe de transição. Casado, engenheiro agrônomo e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi Presidente do Centro Acadêmico (CA) de Agronomia e diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFC. Foi superintendente adjunto do IBAMA no Estado do Ceará em 2003 e 2004 e Secretário do Desenvolvimento Agrário do Estado no governo Cid Gomes de 2007 a 2010.

Rui Costa - Casa Civil

O atual governador da Bahia em final de mandato, Rui Costa, é formado em economia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ele iniciou a trajetória política com atuação no movimento sindical, em Camaçari. Chegou a ser vereador de Salvador e ganhou destaque como secretário estadual durante a gestão de Jaques Wagner (2007-2014) do Estado da Bahia. Assumiu a Casa Civil de Jaque antes de ser indicado pelo mesmo a concorrer o governo da Bahia, quando foi eleito, em 2014. 

José Múcio - Ministério da Defesa

O futuro ministro da Defesa foi deputado federal por Pernambuco por quase duas décadas, integrou a equipe do segundo governo Lula e presidiu o Tribunal de Contas da União (TCU). Além disso, também foi ministro de Relações Internacionais de Lula de 2007 a 2009, ano que foi indicado para o TCU. Múcio é formado em engenharia civil pela Escola Politécnica de Pernambuco, chegou a ser vice-prefeito e prefeito de Rio Formoso, mas abandonou o cargo para assumir a presidência da então Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), e saiu para ser secretário dos Transportes, Comunicação e Energia do Estado. 

Flávio Dino - Ministério da Justiça

O ex-governador do Maranhão e senador eleito, Flávio Dino é formado e tem mestrado em direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e foi juiz federal antes de entrar na política, de 1994 a 2006, quando foi eleito deputado federal pelo PCdoB. Presidiu a Embratur no governo Dilma Rousseff (PT), e eleito governador do Maranhão em 2014 e reeleito em 2018. 

 

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) garantiu à cúpula do MDB que a senadora Simone Tebet (MDB-RS) será sua ministra. O petista afirmou aos emedebistas e ao presidente da sigla, Baleia Rossi, que vai se reunir com a senadora na sexta-feira (23), para definir a pasta que ela deve ocupar, segundo O Globo. Os ministérios do Meio Ambiente e Planejamento estão sobre a mesa. 

Também foi combinado que as bancadas do MDB da Câmara e do Senado terão cada uma indicação para o novo governo, e Renan Filho deve assumir Transportes. 

##RECOMENDA##

Simone Tebet chegou a afirmar aos aliados que aceitaria ser ministra do Meio Ambiente, ao não conseguir o Ministério do Desenvolvimento Social, desde que a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) fosse indicada para a autoridade climática, que teria status de ministério. Mas Marina recusou-se a aceitar o comando da nova cadeira. 

A jornalista e escritora Anielle Franco, irmã da ex-vereadora do Psol Marielle Franco, será ministra da Igualdade Racial no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em uma mensagem pública, ela comentou o que a levou a aceitar o convite e mencionou a memória da irmã, assassinada em 2018, por possíveis motivos políticos. Anielle também é educadora e ativista dos direitos raciais e das mulheres. 

“Em nome da memória da minha irmã e das mais de 115 milhões de pessoas negras no Brasil, que são maioria da população e que precisam de um governo que se preocupe com os seus direitos de bem viver, de oportunidades, com segurança, comida, educação, emprego, cultura, dignidade”, escreveu na publicação. 

##RECOMENDA##

Anielle é natural do Rio de Janeiro, criada no Complexo da Maré, junto à irmã. É também bacharel em Jornalismo e em Inglês pela Universidade Central da Carolina do Norte, bacharel-licenciada em Inglês/Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mestra em Jornalismo e em Inglês pela Universidade da Flórida A&M e doutoranda em linguística aplicada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

A futura ministra integrou a equipe do governo de transição do presidente eleito e atuou no grupo que tratou de políticas para as mulheres. 

Leia o pronunciamento completo 

“Recebi o convite do presidente Lula para ser Ministra da pasta de Igualdade Racial. Depois de refletir com minha família, companheiras de caminhada e movimentos, aceitei o desafio. 

Em nome da memória da minha irmã e das mais de 115 milhões de pessoas negras no Brasil, que são maioria da população e que precisam de um governo que se preocupe com os seus direitos de bem viver, de oportunidades, com segurança, comida, educação, emprego, cultura, dignidade. 

Encaro com orgulho e responsabilidade a missão de estar na Seppir em 2023, órgão que foi pleiteado e conquistado pelo movimento negro anos atrás e construído pela gestão do presidente Lula. 

O movimento negro brasileiro há séculos vem pautando reivindicações e as principais políticas públicas de reparação e justiça neste país. 

Minha relação com o movimento se estreitou nos últimos cinco anos, mas tenho certeza que é por meio da troca, diálogo, abertura e participação que vamos avançar na busca por igualdade e dignidade para pessoas negras, todas as etnias, nações e povos que habitam o nosso país. 

Não será um ministério isolado. Vamos trabalhar com todos os ministérios para recuperar o retrocesso que foi feito nos últimos anos e para avançar de uma forma urgente, necessária e inédita na garantia de direitos e dignidades para o nosso povo e construir o Brasil do futuro. 

O Instituto Marielle Franco seguirá lutando por justiça, defendendo a memória e regando suas sementes. Deixarei de ocupar o cargo de Diretora Executiva e o Instituto será gerido temporariamente pela equipe de gestão e apoiado pelo conselho e a família até a transição completa. 

Precisamos de mais de nós em todos os espaços de decisão da sociedade e seguiremos por todos os lados inspirando, conectando e potencializando mulheres negras, pessoas LGBTQIAP+ e periféricas a seguirem movendo as estruturas.” 

 

Em meio aos rumores sobre sua participação no governo em 2023, Margareth Menezes se reuniu com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta terça-feira (13), em Brasília. Abordada por jornalistas na entrada do hotel onde se encontrou com o petista, a cantora disse que os dois conversariam sobre o Ministério da Cultura, mas não confirmou se vai liderar a gestão.  

Caso aceite o convite, a baiana será a ministra escolhida para a recriação da pasta, como prometido por Lula em campanha. Um dos maiores nomes do Axé, Margareth vai se apresentar no festival que ocorre junto com a posse do Presidente.
Depois que assumiu o governo federal, em 2019, Jair Bolsonaro (PL) desmontou o ministério e cortou recursos destinados a fomentar produções artísticas. Atualmente, a pasta atua como secretaria e tem o policial militar André Porciuncula como gestor.

##RECOMENDA##

 

A cantora Margareth Menezes pode ser a nova ministra da Cultura. Com 60 anos de idade e mais de 30 de carreira, a baiana foi convidada para integrar o alto escalão da gestão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 Considerada um dos ícones do Axé, Margareth faz parte da equipe de transição e vai se apresentar na cerimônia de posse. A cantora é idealizadora da Associação Fábrica Cultural e embaixadora do Folclore e da Cultura Popular do Brasil pela IOV/UNESCO.

##RECOMENDA##

No primeiro mandato do petista, em 2003, Gilberto Gil foi nomeado como gestor da pasta e ganhou destaque por uma atuação preocupada com a cultura popular. Quando assumiu o governo federal, Jair Bolsonaro (PL) transformou o Ministério da Cultura em uma secretaria especial e teve o ator Mário Frias como o principal gestor após um rodízio de secretários.

Nessa sexta-feira (9), Lula anunciou os primeiros ministros para comandar pastas com maior orçamento, como Fazenda, Justiça e Segurança Pública, e Defesa. Ele já havia prometido a reabertura do Ministério da Cultura durante a campanha e reforçou na coletiva que mulheres, pessoas pretas e indígenas serão anunciadas em seu governo, possivelmente na próxima semana.

Confirmado pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para ocupar o cargo de ministro de Fazenda, Fernando Haddad vai ter como principal desafio endereçar a questão fiscal, atuar na negociação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição e definir qual será a nova regra para as contas públicas, segundo avaliação de economistas ouvidos pelo Estadão. A leitura também é a de que a confirmação do petista abre uma dúvida em relação ao rumo da política econômica que será conduzida pelo governo.

O texto da PEC da Transição, aprovado pelo Senado, tem uma série de exceções que dificultam saber qual será o real impacto fora do teto de gastos, calculado, de maneira inicial, em R$ 168 bilhões. A proposta ainda será analisada pela Câmara dos Deputados.

##RECOMENDA##

"Um desafio de Haddad é coordenar melhor a PEC da Transição", afirma Bráulio Borges, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). "Essa PEC foi tocada muito mais pela ala política do novo governo do que pela equipe de transição. Está muito mal coordenada."

O nó que Haddad também terá de desfazer na área fiscal passa ainda pela definição da nova regra para as contas públicas, que vai substituir o teto de gastos. O futuro ministro da Fazenda já disse que a nova âncora fiscal só será conhecida em 2023.

"Para o ano que vem, há dois desafios simultâneos e um calendário complicado", afirma José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator. "Os desafios são apresentar uma reforma tributária acoplada com um novo regime fiscal."

Rumo da política

Na avaliação do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, ainda é cedo para dizer qual condução Haddad vai adotar na área econômica. Meirelles pondera que a escolha do ex-prefeito de São Paulo já era conhecida, e que a reação do mercado financeiro ao futuro ministro dependerá das medidas que ele anunciar. "Ainda está cedo para chegarmos a uma conclusão. Vamos aguardar o que ele vai anunciar e, a partir daí, vamos chegar a uma conclusão para que direção a política fiscal vai caminhar", afirma.

O sócio e fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, avalia que a confirmação de Haddad sugere uma política econômica do governo Lula em linha com as visões do PT, e que será importante conhecer a equipe que vai atuar no Ministério da Fazenda. "Olhando para a frente, vai ser importante monitorar a equipe que ele vai montar. Se vai ser alguém mais parecido com (o ex-ministro da Fazenda Antonio) Palocci, que foi buscar contribuições de economistas com outra visão, ou se vai ser algo mais ligado aos economistas do PT."

Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, "os sinais iniciais são ruins." "Mas eles podem mudar se (o governo) vier com um novo regime fiscal robusto no ano que vem e houver a escolha de uma equipe econômica mais liberal."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após anunciar o ministro da Fazenda e ser questionado sobre o perfil de quem irá comandar o Planejamento, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 9, que o futuro escolhido terá de ser "bastante afinado" com Fernando Haddad. "Já poderia ter indicado Planejamento hoje, mas se não vocês não terão notícia na segunda, terça-feira", disse Lula, emendando que não deve haver divergências entre Fazenda e Planejamento.

"Perfil do Ministério do Planejamento será de um cara que esteja apto para cuidar do orçamento, bastante afinado com o Ministério da Fazenda. É preciso que trabalhem e pensem juntos para que não haja divergências entre eles", afirmou Lula.

##RECOMENDA##

Reforçando que na próxima semana irá indicar outros ministros - mais do que os anunciados nesta sexta -, o presidente eleito apontou que precisa definir a quantidade de ministérios e secretarias de seu futuro governo.

"Vamos tratar com muito carinho, tenho que definir a quantidade de ministérios e secretarias e vou anunciar governo e em sua plenitude", disse Lula.

Anunciado nesta sexta-feira (9), como futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad foi ao Twitter na sequência agradecer ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela indicação. Disse também que ele e o governo eleito vão fazer o Brasil crescer com responsabilidade e justiça social.

"Agradeço ao presidente @LulaOficial pela confiança ao me nomear Ministro da Fazenda. Os desafios são grandes e as oportunidades, maiores ainda. Vamos fazer o Brasil crescer com responsabilidade e justiça social. Vai, Brasil", escreveu o ex-prefeito de São Paulo na rede social.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

Confirmado na manhã desta sexta-feira pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-governador do Maranhão e senador eleito Flávio Dino (PSD-MA) fez um aceno às forças de segurança e já adiantou a indicação do delegado Andrei Augusto Passos Rodrigues para o comando da Polícia Federal no novo governo.

##RECOMENDA##

Reprodução/Redes Sociais

Dino destacou a experiência de Rodrigues no contato com Estados e municípios por ter sido secretário de segurança de grandes eventos durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

"Levamos em conta a necessidade de restauração da plena autoridade e da legalidade nas polícias, a sua experiência comprovada inclusive na Amazônia brasileira, uma área estratégica para esse governo. Ele já demonstrou a capacidade de liderar contingentes e fazer com que disciplina e hierarquia voltem como valores fundantes da PF", completou o futuro ministro.

Dino aproveitou para fazer um aceno às corporações. "Quero consignar aos policiais e suas famílias que na transição e no governo estaremos muito próximos dos policiais. Não há nenhuma razão para não haver amplo diálogo com profissionais da Segurança Pública", completou, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília.

Equipe

Flávio Dino declarou também que a intenção do governo eleito é que toda a equipe da Pasta seja anunciada antes do Natal. Apenas o nome do delegado Andrei Rodrigues foi anunciado para a direção-geral da Polícia Federal.

Dino declarou que a politização do Gabinete do Segurança Institucional (GSI), hoje nas mãos do general Augusto Heleno, vai cessar no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, e que a redução do armamento será uma prioridade na nova gestão. "Todos os clubes de tiro serão fechados? Não. É o fim dos abusos, do liberou geral", disse o novo ministro. "Vamos ajudar o presidente Lula a fazer um trabalho maravilhoso", acrescentou.

Lula confirmou que tinha a intenção de criar um ministério próprio para a Segurança Pública, mas destacou que caberá a Dino organizar primeiro a área juntamente com a Justiça. "Não podemos fazer de forma atabalhoada. Dino vai consertar o funcionamento do Ministério da Justiça e das polícias federais. Queremos que seja uma carreira de Estado, que policiais não fiquem dando show antes de investigar. Sabemos quanta gente se meteu na política de forma desnecessária", comentou.

O presidente eleito adiantou que tentará recriar o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), apesar de reconhecer que o resultado da primeira experiência não foi o desejado. "É preciso ter uma polícia bem formada e bem remunerada. Não podemos errar na Segurança Pública. Não é questão apenas de polícia, mas também da ausência do Estado nas comunidades", concluiu Lula.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu para as véspera do Natal apresentar um quadro sobre o Brasil mapeado pela equipe de transição. "Vamos mostrar área por área para que vocês saibam como está o Brasil no dia 20 ou 21 de dezembro", disse ele nesta sexta-feira no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília, momentos depois de anunciar seus cinco primeiros ministros.

De acordo com Lula, a intenção é revelar para a sociedade "com a maior seriedade e sobriedade" o que o governo de transição encontrou como resultado do atual governo "sem show de pirotecnia". "Não queremos isso. Queremos que a sociedade saiba como estão saúde, educação, ciência, aposentados, trabalhadores", citou. "Se nós não apresentarmos agora, seis meses depois estarão nas nossas costas os desmandos feitos pelo atual governo. É um governo com corpo muito grande e cabeça muito pequena, um governo que preferiu fazer fanfarrices, falar e falar, e não conseguiu resolver os problemas que um governo precisa resolver", afirmou.

##RECOMENDA##

O presidente eleito agradeceu a senadores que votaram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, afirmando que não se trata de uma tramitação do governo Lula. "É para resolver problema do orçamento feito por Bolsonaro", acusou. Ele salientou que é preciso continuar a pagar R$ 600,00 para o programa que voltará a se chamar Bolsa Família, além de R$ 150,00 para mães com filhos de até seis anos.

Lula também comentou que possivelmente não haja recursos sequer para a faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). "É preciso darmos uma organizada, Haddad, pegar informações com o conselho curador do FGTS para as pessoas mais pobres voltarem a ter chance e ter casa pelo Estado", disse, mencionando a ex-ministra Miriam Belchior, que hoje é uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho de infraestrutura do governo de transição, e que é uma das cotadas para assumir uma Pasta.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou, nesta sexta-feira (9), que o ex-governador do Maranhão e senador eleito Flávio Dino (PSD-MA) será o ministro da Justiça. Lula não detalhou se a pasta integrará também a Segurança Pública.

Elogiado tecnicamente pelos pares, bom de retórica e acessível à imprensa desde que começou a fazer parte do governo de transição, Dino foi um dos primeiros nomes a surgir como praticamente uma unanimidade para comandar um dos prédios da Esplanada dos Ministérios em Brasília. Nos últimos dias, ele já era tratado como ministro informalmente por jornalistas e demais membros do governo de transição.

##RECOMENDA##

"Tem história política consagrada como deputado, juiz, governador, Flávio Dino foi eleito senador, e vai o nosso companheiro da Justiça. Tenho certeza que ele vai ajudar a consertar muitas coisas nesse País", disse Lula em pronunciamento à imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília.

Vários foram os relatos de que Dino deveria comandar o Ministério da Justiça ou o de Segurança Pública. Poderia ser um terceiro ainda, que consolidasse as duas Pastas. Lula não mencionou Segurança Pública no anúncio.

Dino já adiantou que o relatório da equipe de transição da qual faz parte deve indicar a revogação do decreto que flexibilizou o uso de armas e recomendar que se passe um pente fino nos clubes de tiros abertos no País com uma frequência muito maior durante o governo de Jair Bolsonaro do que em anos anteriores.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o ex-governador adiantou que o Ministério deverá criar uma diretoria específica para que a Polícia Federal passe a tratar de crimes cibernéticos com mais propriedade. A pasta deve criar também uma secretaria para combater crimes ambientais.

Economia

À vontade para falar com propriedade até de assuntos que não são diretamente correlatos ao Judiciário, o novo indicado por Lula disse que o Ministério da Justiça não brigará pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), como já ocorreu quando Sergio Moro comandou a pasta. Ainda sobre economia, ele adiantou que o relatório setorial vai propor a revogação do decreto 11.150 de Jair Bolsonaro (PL) que estipula o "mínimo existencial" de 25% do salário mínimo, uma quantia atualmente de R$ 303,00. De acordo com o coordenador do grupo e potencial ministro da área, Flávio Dino, essa referência "matou" a lei de Superendividamento e que é incongruente com o Auxílio Brasil de R$ 600,00.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou, nesta sexta-feira (9), que o ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro, será o ministro da Defesa em seu governo. Sua possível indicação foi antecipada pelo Broadcast Político em 28 de novembro.

"José Múcio, grande companheiro, meu ministro, será da Defesa", anunciou Lula em pronunciamento à imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília. "Logo depois que terminar o jogo do Brasil, terei reunião com eles e com os comandantes com que ele já conversou", acrescentou.

##RECOMENDA##

O favoritismo do pernambucano aumentou ao longo do mês de novembro, devido à resistência de setores das Forças Armadas a um nome petista à frente da Pasta, como o senador Jaques Wagner, ex-ministro da área no governo Dilma e até então o preferido de Lula. Também chegaram a ser considerados para o cargo os ex-ministros da Pasta, Nelson Jobim e Celso Amorim, além do coordenador técnico da transição, Aloizio Mercadante.

Cortejado por Bolsonaro, bem visto pelos militares, amigo de Lula e ex-defensor de Roberto Jefferson, Monteiro não é um "esquerdista raiz" e é reconhecido em Brasília por sua habilidade em transitar em todos os polos da política nacional. Um perfil adequado, na avaliação tanto do entorno do presidente eleito quanto na caserna, para pacificar a relação entre o grupo político do PT e as Forças Armadas.

O novo ministro da Defesa iniciou sua carreira política inclusive à direita, com três mandatos como deputado federal pelo antigo PFL, antes de migrar para o PTB e obter mais duas reconduções à Câmara Federal. Foi pelo partido de Roberto Jefferson - a quem defendeu, na posição de líder do partido, durante o caso do Mensalão - que Monteiro foi alçado à posição de líder do governo petista na Casa.

A partir de novembro de 2007, assumiu o cargo de ministro da Secretaria das Relações Institucionais, ficando ao lado de Lula no Palácio do Planalto até ser indicado em 2009 para uma cadeira no Tribunal de Conta da União (TCU), onde permaneceu até sua aposentadoria antecipada, no fim de 2020.

Com sua saída da Corte de Contas, ele chegou a ser sondado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir um cargo em seu governo, mas não aceitou. Na solenidade que marcou sua despedida do órgão, o atual presidente chegou a declarar que era "apaixonado" pelo futuro ministro de Lula, ao relembrar os anos que passaram juntos no Congresso.

Já praticamente consolidado como ministro, Monteiro foi inclusive elogiado publicamente pelo vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que disse não ver problemas em um civil retornar ao comando da Pasta - uma tradição que vinha desde que o Ministério da Defesa foi criado em 1999, mas que foi rompida pela indicação apenas de militares para o cargo a partir de fevereiro de 2017.

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, salientou no final da manhã desta sexta-feira, 9 que a transição, formada por 31 grupos técnicos, foi bastante diversificada. "Foi a transição mais participativa e plural", disse o ex-governador de São Paulo, acrescentando que, após a entrega dos relatórios, na segunda-feira (12), o governo de transição se encerrará.

Alckmin salientou que o relatório final de cada área trará alertas para os primeiros meses do governo, as emergências orçamentárias, sugestões de revogações em cada área e propostas de estrutura para cada área e ações prioritárias.

##RECOMENDA##

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva acrescentou que foi o governo de transição mais democrático. "Me impressionou a quantidade de voluntários na transição, não utilizamos o dinheiro disponibilizado", salientou.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou, no final da manhã desta sexta-feira (9), que o governador da Bahia, Rui Costa (PT), será o ministro-chefe da Casa Civil em seu governo. O favoritismo de Costa foi antecipado pelo Broadcast Político,, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, em 28 de novembro. "Rui Costa será o meu ministro-chefe da Casa Civil", anunciou Lula em pronunciamento à imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília.

O PT tem uma espécie de "dívida" com Rui Costa, que abriu mão de disputar o Senado para manter a aliança com o PSD na Bahia. Após dois mandatos, Costa lançou o afilhado político Jerônimo Rodrigues para concorrer ao governo e apoiou a reeleição de Otto Alencar ao Senado. Os dois saíram vitoriosos.

##RECOMENDA##

Homem da confiança de Lula, Rui Costa, porém, é visto com reservas no PT por sua postura "pouco à esquerda", na avaliação de filiados, e favorável a discutir privatizações. A expectativa é que ele assuma uma postura essencialmente "gerencial" no Ministério responsável por acompanhar os projetos do governo.

A articulação para levar Costa à Esplanada dos Ministérios foi feita pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), amigo pessoal do presidente eleito e padrinho político do governador da Bahia.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva vai anunciar, nesta sexta-feira (9), titulares de cinco ministérios. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad comandará a Fazenda; o governador da Bahia, Rui Costa, irá para a Casa Civil; José Múcio Monteiro ficará à frente da Defesa; o senador eleito Flávio Dino será ministro da Justiça e o embaixador Mauro Vieira é o novo chanceler.

Lula decidiu antecipar em alguns dias o anúncio dos ministros para solucionar impasses com a Câmara, com as Forças Armadas - tanto que também devem ser anunciados os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica - e, ainda, para acalmar o mercado.

##RECOMENDA##

Em conversas reservadas, o presidente eleito afirmou que precisa pôr em campo articuladores políticos para negociar a última etapa da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. Aprovado em dois turnos no Senado, nessa quarta (7), o texto ainda deve passar pelo crivo da Câmara.

A proposta amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões, pelo período de dois anos, e libera outros R$ 23 bilhões para investimentos, mediante receitas extraordinárias. Na avaliação de Lula, o governo não pode correr qualquer tipo de risco com a tramitação da PEC e necessita transmitir confiança e segurança jurídica.

O anúncio dos ministros, a 23 dias da posse, pode ajudar a dar um freio de arrumação no confuso cenário do Congresso no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar a constitucionalidade do orçamento secreto. Lula já foi avisado que, se a Corte derrubar a prática, pode enfrentar problemas com a PEC.

Com aval do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o Centrão quer esperar o resultado do julgamento para analisar essa proposta. O orçamento secreto, revelado pelo Estadão, é o instrumento pelo qual o presidente Jair Bolsonaro obteve apoio político no Congresso, em troca da liberação de recursos de emendas parlamentares.

Apelo

Em conversa por telefone, anteontem, Lula disse a Lira não ter feito qualquer movimento para o Supremo derrubar o orçamento secreto. Garantiu, ainda, que o novo governo não quer tirar emendas de deputados e senadores, mas apenas ajustar os procedimentos. Agiu assim por receio de que o Centrão queira diminuir o prazo do aumento do teto de gastos de dois anos para um.

Ao participar ontem da reunião do Diretório Nacional do PT, por videoconferência, Lula afirmou que pretendia divulgar os nomes dos ministros somente após a diplomação dele e do futuro vice-presidente Geraldo Alckmin, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na próxima segunda-feira, 12. Argumentou, porém, que precisava acelerar as articulações, dando a entender que era necessário evitar ruídos com agentes políticos e econômicos, além dos militares.

O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde, deve comandar a Secretaria de Relações Institucionais, cargo que já ocupou, e ajudar na articulação política. Haddad, por sua vez, teve nesta quinta, 8, uma reunião com o atual ministro da Economia, Paulo Guedes. "Fui muito bem recebido. Definimos uma agenda de trabalho a partir da semana que vem e as coisas estão transcorrendo bem", afirmou o ex-prefeito de São Paulo.

Horas mais tarde, ao conversar com deputados do PT, Lula reclamou de não poder usar a Granja do Torto nesta transição de governo porque Guedes está morando lá. Disse que continuará despachando no hotel por um período, mesmo após tomar posse, em 1.º de janeiro, porque a Polícia Federal precisará fazer uma "varredura" no Palácio da Alvorada após a saída de Bolsonaro.

Comando

Futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro acertou ontem com Lula os nomes dos militares que formarão a cúpula das Forças Armadas. O Estadão apurou que o general Julio Cesar de Arruda será o comandante do Exército; o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, da Aeronáutica; e o almirante Marcos Sampaio Olsen, da Marinha. No Exército e na FAB, foram escolhidos os mais antigos, já na Marinha, o segundo mais antigo. O comandante do Estado-Maior das Forças Armadas deverá ser o almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire.

A escolha foi antecipada porque Lula recebeu a informação de que os atuais titulares das Forças vão deixar os cargos ainda neste mês, como mostrou o Estadão. O fato obrigou o presidente eleito a agir rápido para evitar uma crise militar no início do governo.

Na primeira reunião do PT após a eleição, o partido aprovou uma declaração política que defende a superação do "amargo receituário neoliberal" derrotado nas urnas. No encontro, representantes de correntes internas enviaram à presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann, listas com indicações de nomes para ministérios e secretarias.

"Claro que o PT tem a compreensão de que os aliados têm de participar do processo, mas obviamente também sabemos o tamanho que nós somos, o tamanho que é o PT, a importância que tem nesse processo. É o partido maior da coligação, é o partido do presidente, nós também queremos colocar nossos nomes", disse Gleisi. "Nós temos quadros à disposição, gente com capacidade, com condições", afirmou.

O ex-chanceler Celso Amorim deverá ficar no Planalto, no comando da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Mauro Vieira, que será o novo titular do Ministério das Relações Exteriores, é muito próximo a Amorim. Vieira foi chanceler no governo Dilma Rousseff.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta quinta-feira, 8, que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa anunciar seus ministros na sexta-feira (9). A ideia original era deixar para depois da diplomação, marcada para o próximo dia 12, segunda-feira. O governo de transição convocou um pronunciamento de Lula para sexta às 10h45.

"O presidente deve começar amanhã a divulgar. Ele acabou de me chamar para o final da tarde para conversar, está querendo pelo menos amanhã anunciar alguns nomes de ministros", afirmou Gleisi. "Ele estava querendo deixar para depois da diplomação, mas tem muita especulação, muita coisa. Aquilo que ele já tem certeza, que está certo, ele quer divulgar amanhã", acrescentou.

##RECOMENDA##

De acordo com Gleisi, serão anunciados os ministros "mais evidentes". A expectativa é que Fernando Haddad (PT) seja confirmado na Fazenda e José Múcio na Defesa.

Como mostrou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, mais cedo, o PT vai entregar ainda nesta quinta-feira a Lula uma lista dos ministérios nos quais o partido tem interesse prioritário. Essa será a reunião de Gleisi com Lula. A lista é fechada neste momento em reunião da Executiva Nacional, que acontece em Brasília com a participação virtual de outros dirigentes. O próprio Lula deve fazer uma participação na reunião.

O PT cobra do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva mais cargos no primeiro escalão. Até agora, o plano de Lula de fazer um governo com "menos PT" tem provocado divergências e queixas no partido. O Ministério da Saúde, por exemplo, um dos mais cobiçados da Esplanada, é alvo de uma disputa interna. De um lado, o deputado Alexandre Padilha (SP) defende o nome da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, para a vaga. De outro, o senador Humberto Costa (PE) quer indicar Arthur Chioro. Nísia é hoje a mais cotada para assumir a Saúde.

A lista do PT será discutida nesta quinta-feira, 8, durante reunião do Diretório Nacional, quando o partido baterá o martelo sobre os nomes que vai apresentar a Lula. No Ministério da Educação, as bancadas de deputados e senadores do PT tentam emplacar o líder do partido na Câmara, Reginaldo Lopes (MG). O núcleo de Educação e Cultura aprovou a indicação de Reginaldo por unanimidade.

##RECOMENDA##

O petista disputa a cadeira com a governadora do Ceará, Izolda Cela (sem partido). Neste ano, ele tentou concorrer ao Senado, mas abriu mão da candidatura em prol de uma aliança do PT com o PSD em Minas. Foi escalado pela campanha de Lula para falar sobre educação em entrevistas e sabatinas durante o período eleitoral.

Mesmo assim, Izolda Cela desponta como uma das favoritas para o MEC. A atual governadora do Ceará foi secretária de Educação de Sobral e também do Estado. O Ceará é considerado exemplo nos índices de avaliação de educação básica. Izolda conta com o apoio público de organizações como o Todos Pela Educação e a Fundação Lemann. Ela foi filiada ao PDT do ex-ministro Ciro Gomes, que disputou sem sucesso o Palácio do Planalto, mas hoje está sem partido.

Além do PT

Lula já disse mais de uma vez que seu governo irá além do PT e será composto por quadros que representem as forças políticas da campanha e os apoios recebidos. A conta não fecha porque integrantes do partido pedem espaço em quase metade dos ministérios. O novo governo deve ter entre 30 e 33 pastas.

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad é dado como certo para a Fazenda. A chamada "cozinha" do Planalto também ficará com o PT. Para a Casa Civil, o mais cotado é o governador da Bahia, Rui Costa, que termina o segundo mandato neste mês.

Na configuração planejada por Lula, a Casa Civil terá um perfil mais gerencial. Ex-ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff, Alexandre Padilha pode comandar Relações Institucionais, cargo que também já ocupou, e ficar responsável pela articulação política do Planalto com o Congresso.

Interlocutor de Lula em várias áreas e com trânsito no meio empresarial, Padilha tem insistido na indicação de Nísia Trindade Lima para a Saúde. Socióloga, ela ganhou notoriedade ao comandar a Fiocruz, instituição que auxiliou nas pesquisas para desenvolver as vacinas contra covid-19. A exemplo de Padilha, o senador Humberto Costa, Arthur Chioro e José Gomes Temporão compõem o gabinete de transição, instalado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), e são ex-ministros da Saúde.

O presidente eleito deu sinais de que pretende nomear uma mulher para esse cargo. A cardiologista Ludhmila Hajjar também está na equipe de transição e é lembrada para a vaga, mas, ao que tudo indica, não integrará a Esplanada.

A Secretaria-Geral da Presidência tem na lista nomes como o do deputado Emídio de Souza e o do advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas.

O Ministério do Desenvolvimento Social, que coordenará o novo Bolsa Família de R$ 600 e outros programas sociais, também é cobiçado pelo PT. Se depender do partido, essa cadeira ficará com Tereza Campello, que já foi titular da pasta no governo Dilma. Lula, porém, está inclinado a entregar o ministério para a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que ficou em terceiro lugar na disputa presidencial e o apoiou no segundo turno da eleição.

Integrante do grupo de transição que prepara propostas para as áreas de planejamento, orçamento e gestão, o economista Antônio Corrêa de Lacerda diz que a política econômica do Lula 3 não será do "ministro da Fazenda, mas do governo", atuando de forma integrada com os três ministérios recriados: Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio Exterior.

Presidente do Conselho Federal de Economia, Lacerda é um dos economistas que participaram da longa reunião de Lula para discutir o cenário atual, nesta semana. Ele diz que o mercado fica ansioso pelo anúncio do ministro da Fazenda porque ainda está usando o "software" antigo do governo Bolsonaro, que tem um "posto de combustível" como ministro da Economia. Uma referência a Paulo Guedes, que recebeu de Bolsonaro o apelido de "Posto Ipiranga". "Apesar da expectativa por um Posto Ipiranga, não haverá Posto Ipiranga", diz.

##RECOMENDA##

Lula vai dividir o atual superministério de Guedes e recriar as três pastas. O Ministério da Indústria e Comércio deve mudar de nome para o de Produção. "Nosso processo é invertido. Quem vai executar a política econômica não é um superministro. Haverá três ministérios da área econômica, e eles terão de interagir", disse.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Qual a diferença do ministério de Lula em relação ao atual governo Bolsonaro?

 

A diferença fundamental é que será uma nova visão. O mercado está ansioso pelo anúncio do ministro da Fazenda porque ainda está com o software, digamos assim, do governo atual. Não tinha programa de governo e nomeou o que ele chamou de posto de combustível, que faz a política econômica. Nosso processo é invertido. A política econômica é do governo. Quem vai executar a política econômica não é um superministro. Haverá três ministérios da área econômica, Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio, não necessariamente com esses nomes, e eles terão de interagir.

Como será essa interação?

 

Hoje, por exemplo, o tema política industrial está fora da agenda. Vai entrar. A nova estrutura precisa estabelecer e recriar as instituições que vão responder a esse desafio. No Planejamento, será a visão do que se quer não só no curto prazo, mas também no médio e no longo prazos. Ele não será contraponto à Fazenda nem à Indústria e Comércio, mas vai girar de forma integrada.

Qual a importância do Ministério do Planejamento?

 

Nosso foco tem sido na reorganização do Ministério do Planejamento. A visão do grupo é a de que todas essas funções agrupadas no Ministério da Economia não respondem aos desafios colocados. O governo que vai assumir tem uma visão muito clara do papel do Estado, do Planejamento. Ao contrário do governo atual, que prega o Estado mínimo, entendemos que o Estado tem um papel fundamental como orientador e coordenador do processo. Precisamos restabelecer as funcionalidades do Ministério do Planejamento, adequando-o à nova realidade.

De que forma?

 

Precisa de um ministério que responda ao programa de governo, que tem como objetivo primeiro diminuir ou eliminar a fome, gerar emprego e renda. O setor privado é importante, mas o Estado tem de exercer a sua função de articulação das políticas econômicas. A visão predominante hoje é ultra de mercado, de que resolve tudo. E não tem funcionado a "fé" de que o resgate da confiança traz o crescimento naturalmente. É preciso estabelecer um novo marco de política econômica, abarcando Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio. Mas também agregando os ministérios de Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia.

Uma política econômica mais integrada?

 

Não é uma política econômica do ministro da Fazenda. É do governo. Apesar da expectativa por um Posto Ipiranga, não haverá Posto Ipiranga.

O ex-ministro Fernando Haddad poderia ser um bom ministro da Fazenda?

 

Pode, sim. Ele pode não ser um técnico, mas pode criar uma equipe de técnicos para fortalecer a base dele.

E as restrições fiscais?

 

Vai ser preciso discutir um novo arcabouço fiscal. O teto de gastos ruiu. E não ruiu agora na transição. Ruiu há quatro anos, pelo menos. Faz quatro anos que o governo Bolsonaro rompeu o teto de gastos. Precisaremos no ano que vem, e não será mais a transição, mas o governo, discutir no âmbito do Executivo e Legislativo um novo arcabouço fiscal que dê conta da sustentabilidade da relação entre dívida e PIB. Se possível com queda. É algo que terá de ser debatido com o Congresso e, principalmente, não cair na armadilha de criar uma nova amarra. A saída vai ser criar um sistema que permita ao Estado fazer política econômica.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta, 2, que o futuro ministro da Fazenda vai ser a "cara do sucesso do 1.º mandato" em que governou o País (2003-2006), mas avisou que será dele a palavra final sobre as decisões da política econômica. "O ministério tem autonomia, tem um monte de coisa, mas quem ganhou a eleição fui eu. Quero ter inserção nas decisões de economia neste País. Sei o que é bom para o povo, sei o que é bom para o mercado", afirmou.

Lula vem sendo cobrado para anunciar logo o nome do novo ministro da Fazenda em meio à negociação para aprovar a PEC da Transição, que prevê R$ 198 bilhões fora do teto de gastos. Questionado, não respondeu se o escolhido para o posto será o ex-prefeito Fernando Haddad - até agora, o nome mais cotado.

##RECOMENDA##

Ao ser eleito, o presidente Jair Bolsonaro delegou a condução da economia ao ministro Paulo Guedes, a quem se referia como "Posto Ipiranga". Guedes precisou ceder, no entanto, quando as decisões envolviam assuntos de interesse do presidente ou sua busca à reeleição.

Apesar da pressão de setores da política e do mercado financeiro pela indicação de nomes para ocupar os ministérios, Lula disse que só começará a fazer as nomeações após a diplomação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcada para o dia 12 deste mês.

Sobre a PEC, afirmou que espera "sensibilidade" do Congresso Nacional para a aprovação do texto. O presidente eleito defendeu ainda que não sejam incluídas nas negociações as emendas do orçamento secreto. "O Brasil precisa dessa PEC. O atual governo é que deveria estar fazendo. Para mim, parece que ele (Bolsonaro) quer deixar esse País a zero para a gente governar. Espero que o Congresso, a Câmara e Senado, tenha sensibilidade para negociar."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando