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Aplicativos fotográficos que desnudam digitalmente mulheres, a possibilidade de criar "garotas de inteligência artificial (IA)" a partir de simples frases, e imagens manipuladas que alimentam a "extorsão sexual": o crescimento da pornografia ultrarrealista está superando os esforços dos Estados Unidos e da Europa para regulamentar a tecnologia.

As falsificações de fotos e vídeos cada vez mais realistas com base em IA, chamadas "deepfakes", normalmente estão associadas a personalidades conhecidas, como o papa Francisco vestindo um casaco acolchoado ou Donald Trump sob custódia, mas especialistas afirmam que seu uso está se disseminando para gerar pornografia não consensual que pode arruinar vidas comuns.

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As mulheres são o principal alvo dessas ferramentas e aplicativos de IA, amplamente disponíveis gratuitamente e sem a necessidade de conhecimento técnico, que permitem aos usuários remover digitalmente as roupas de suas fotos ou inserir seus rostos em vídeos sexualmente explícitos.

"O aumento da pornografia gerada por IA e do 'deepfake porn' normaliza o uso da imagem de uma mulher sem seu consentimento", explica Sophie Maddocks, pesquisadora da Universidade da Pensilvânia que estuda abusos sexuais baseados em imagens.

"Que mensagem estamos enviando como sociedade sobre o consentimento quando qualquer mulher pode ser virtualmente despida?", comenta.

Em um vídeo dramático, uma streamer americana conhecida como QTCinderella lamentou a "exploração e objetificação constantes" das mulheres quando se tornou vítima do "pornô deepfake". Ela foi assediada por pessoas que enviavam cópias das manipulações em que ela aparecia.

O escândalo estourou em janeiro durante uma transmissão ao vivo do também streamer Brandon Ewing, que foi pego olhando um site contendo imagens sexuais falsas de várias mulheres, incluindo QTCinderella.

"Não é tão simples como 'só' ser violentada. É muito mais do que isso", escreveu a criadora de conteúdo no Twitter, agora chamado X, acrescentando que a experiência a "arruinou".

- "Garotas hiper-reais" -

A proliferação de deepfakes destaca a ameaça da desinformação habilitada por IA, que pode prejudicar a reputação e provocar intimidação ou assédio.

Embora celebridades como Taylor Swift e Emma Watson tenham sido vítimas de pornografia falsa, mulheres que não estão em destaque também são alvo desses ataques.

A mídia americana e europeia está repleta de depoimentos em primeira mão de mulheres, de acadêmicas a ativistas, surpreendidas ao descobrir seus rostos em vídeos pornográficos falsos.

Cerca de 96% dos vídeos deepfake online são pornografia não consensual, e a maioria deles apresenta mulheres, de acordo com um estudo de 2019 realizado pela empresa de IA Sensity.

A experiência do "ato de fantasia sexual, que costumava ser privado e ocorrer dentro da mente de alguém, agora está sendo transferida para a tecnologia e para os criadores de conteúdo no mundo real", disse Roberta Duffield, diretora de inteligência da Blackbird.AI.

- "Área obscura" -

Os avanços tecnológicos levaram a uma "indústria artesanal em expansão" em torno do pornô impulsionado pela IA, na qual muitos criadores de deepfakes aceitam pedidos pagos para gerar conteúdo com uma pessoa escolhida pelo cliente.

O FBI emitiu recentemente um alerta sobre "esquemas de sextorsão", nos quais golpistas capturam fotos e vídeos de redes sociais para criar material falso de "temática sexual" que é usado para chantagear o usuário afetado.

A proliferação de ferramentas de inteligência artificial superou a regulamentação.

"Isso não é uma área obscura da Internet onde essas imagens são criadas e compartilhadas", afirmou à AFP Dan Purcell, CEO e fundador da empresa de proteção de marcas de IA Ceartas. "Está bem na nossa frente. E sim, a lei precisa acompanhar", acrescentou.

Nos Estados Unidos, quatro estados, incluindo Califórnia e Virgínia, proibiram a distribuição de pornografia falsa, mas as vítimas geralmente têm poucos recursos legais se os perpetradores estiverem fora dessas jurisdições.

Em maio, um legislador dos EUA apresentou a Lei de Prevenção de Deepfakes de Imagens Íntimas, que tornaria ilegal compartilhar pornografia falsa sem consentimento.

Espaços online populares, como o fórum Reddit, também tentaram regular suas comunidades prósperas de pornografia com IA.

"A internet é uma jurisdição sem fronteiras e deve haver uma lei internacional unificada para proteger as pessoas contra essa forma de exploração", disse Purcell.

Nesta terça-feira (25), é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, data que celebra as lutas por igualdade de gênero e reforça a importância do enfrentamento contra o racismo e o machismo. Sendo assim, figuras femininas da política brasileira estão dedicando o dia para fazer homenagens.

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), utilizou suas redes sociais para apresentar ações e propostas do seu mandato que relembram a contribuição de importantes nomes de mulheres negras do país, como a líder quilombola Tereza de Benguela, a escritora Carolina Maria de Jesus e a jornalista Glória Maria. 

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"O nosso lugar, o lugar da mulher negra, que é 26% da população, não pode mais ser um lugar de invisibilização. Lutemos pra que seja um lugar central na formulação de políticas públicas", escreveu.

Sua colega no Congresso Nacional, a deputada federal Carol Dartora (PT-PR), explicou a história de Tereza Benguela aos seus seguidores através de um post no seu perfil oficial no Instagram.

A deputada Daiana Santos (PCdoB-RS) também homenageou a data. Em suas redes sociais, ela destacou o crescimento da participação feminina em espaços de poder, porém ressaltou que "ainda precisamos avançar muito" como país.

"Ao longo dos anos, as mulheres negras foram conquistando seu espaço na sociedade. Atualmente, nossa participação é maior nas universidades, no parlamento, nos espaços de poder. Entretanto, ainda precisamos avançar muito. As mulheres negras são as que mais morrem, são as que recebem as menores remunerações no mercado de trabalho e estão em uma série de situações de vulnerabilidade", pontuou.

A primeira governadora negra do Rio de Janeiro, ex-senadora da República e atual deputada federal, Benedita da Silva (PT-RJ), fez um vídeo no qual explicou o que é celebrado no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

"Hoje é um dia que marca muita luta e resistência! O Julho das Pretas também inclui a celebração à Tereza de Benguela, líder quilombola e símbolo da luta contra a escravidão. Viva as mulheres negras latino-americanas e caribenhas, que diante de toda dor e opressão, pariram Nações", afirmou.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, usou seu Instagram para publicar uma foto ao lado da primeira vice-presidente negra da Colômbia, Francia Márquez, para homenagear a data. Ambas participam do Encontro Internacional de Mulheres Afrodescendentes, que reúne diversas lideranças políticas das Américas na cidade colombiana de Bogotá.

"Neste 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, estou na Colômbia em uma comitiva do Ministério da Igualdade Racial e de parlamantares negras do Brasil", escreveu Anielle.

Outra ministra a celebrar a data é Luciana Santos (PCdoB-PE) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. "É um momento de celebrarmos e reforçarmos a luta pela igualdade de gênero e raça, que é de muitas que vieram antes de nós e segue sendo tarefa permanente e de toda a sociedade", escreveu a ministra em suas redes sociais.

As imagens que ganharam repercussão nacional geram revolta na Índia: duas mulheres, nuas, cercadas por um grupo de homens, alguns armados com pedaços de madeira. Enquanto são arrastadas pela multidão violenta para um terreno descampado, elas choram e tentam se cobrir, mas nada adianta.

O caso é tratado como sequestro, estupro coletivo e homicídio já que o irmão de uma delas foi morto tentando protegê-la. "Fomos forçadas a nos despir e desfilar ou então eles teriam nos matado", disseram a um grupo de ativistas que presta suporte às vítimas.

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Nas redes sociais, o governador Biren Singh disse que até então não tinha conhecimento do vídeo, que definiu como uma ato "profundamente desrespeitoso e desumano". Ele acrescentou que a polícia agiu "imediatamente" depois de tomar conhecimento das imagens e destacou ainda que "não há lugar para tais atos hediondos". No comunicado, Biren ainda prometeu que adotará medidas "rigorosas" para os responsáveis, inclusive considerando a possiblidade de pena de morte.

As imagens, gravadas no início de maio, tomaram as redes sociais agora e são motivo de revolta. Em nova Délhi, a sessão do Parlamento indiano foi interrompida por legisladores que exigiam uma discussão sobre a violência.

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O chefe da Justiça indiana disse que a Suprema Corte ficou "profundamente perturbada pelas imagens" e prometeu que tomará providências se o governo não agir.

No plano de fundo, está um embate étnico deflagrado há semanas no estado. As vítimas são da tribo Kuki-Zo, uma minoria predominantemente cristã, e os criminosos seriam da maioria hindu Meitei.

O Fórum de Líderes Tribais Indígenas condenou o crime que chamou de "doentio" e denunciou a violência contínua na região. "O estupro coletivo das mulheres aconteceu depois que a vila foi incendiada e dois homens - um de meia-idade e outro adolescente - foram espancados até a morte pela multidão", afirma a nota.

Conflito deflagrado no estado

Parte da demora para que o vídeo se espalhasse se explica pelos bloqueios à internet em Manipur, tática que tem sido adotada pelo governo em resposta ao conflito no estado, onde vivem 3,7 milhões de pessoas.

A disputa foi motivada por uma proposta do governo que aumentava a reserva que vagas em cargos públicos e no sistema de educação para os hindus Meitei. O conflito já deixou mais de 130 mortos e obrigou dezenas de milhares de pessoas a saírem de casa.

O governo se manteve em silêncio até que a repercussão do vídeo levou o primeiro-ministro Narendra Modi, um nacionalista hindu, a condenar a violência contra as mulheres brutalmente atacadas, mas sem citar diretamente o conflito étnico.

"O incidente que veio à tona em Manipur, para uma sociedade civilizada, é uma vergonha", disse Modi, que comanda a Índia desde 2014.

Violência contra mulheres na Índia

O episódio também expõe outro problema na Índia: a violência de gênero. Um dia depois que o vídeo foi gravado, duas outras mulheres da etnia Kuki-Zo foram trancadas em um quarto e violentadas por pelo menos seis homens antes de serem encontradas mortas, relataram pessoas da comunidade.

Em um dos casos mais emblemáticos da violência que as mulheres sofrem na Índia, a jovem Jyoti Singh, de 23 anos, foi vítima de um estupro coletivo pelo motorista de ônibus de Nova Délhi e cinco cúmplices. Depois de violentada, a estudante foi jogada do ônibus, nua, e morreu duas semanas depois do ataque em razão dos ferimentos que sofreu. Um crime que repercutiu no mundo inteiro, há pouco mais de 10 anos.

Revoltadas, as mulheres indianas exigiram justiça e enfrentaram a repressão policiais aos protestos. Em resposta às manifestações o governo da época reformou a legislação para ampliar a compreensão de violência contra a mulher e instituiu punições mais duras, incluindo a pena de morte.

Mas nada disso tem surtido efeito na prática, como mostram os números.

Em 2012, o ano dos protestos, o país teve 24.923 casos de estupro. Em 2021, o último que se tem registro, o número de estupros saltou para 31.600, segundo dados do próprio governo. Isso significa que, a cada dia, 86 mulheres foram estupradas na Índia. A realidade deve ser ainda mais cruel considerando que muitas vítimas não procuram ajuda por medo ou vergonha e o estupro costuma ser um crime subnotificado.

O país chegou considerado o mais perigoso do mundo para as mulheres, segundo uma pesquisa da Fundação Thomson Reuters de 2018.

Um exemplo recente desse estado constante de violência contra as mulheres foi o assassinato brutal de uma adolescente, em Nova Délhi, há pouco mais de um mês. A meninas de 16 anos foi vítima de 34 facadas em uma área movimentada da capital indiana. O vídeo de cerca de um minuto gravado por uma câmera de segurança mostrou várias pessoas andando na rua, sem fazer nada, enquanto a adolescente era esfaqueada.

Segundo informações da imprensa local, o homem preso pelo crime afirmou em depoimento que conhecia a adolescente há dois anos e ficou furioso quando ela decidiu terminar a relação. O chefe da polícia tratou o caso como um "crime passional".

A Uber está com inscrições abertas para o curso de formação gratuito Uber Tech Ride, que é exclusivo para mulheres. Ao todo, o projeto disponibiliza 20 vagas. As interessadas devem se inscrever através do site da iniciativa até o dia 31 de julho. A formação terá duração de quatro meses e conta com uma trilha de aprendizagem em Estrutura de Dados, Algoritmos e System Design.

Além das aulas online, as alunas contarão com uma equipe de mentores. Entre os requisitos exigidos para participar do curso estão: ser maior de 18 anos no momento da inscrição; ter experiência em programação equivalente a nível pleno ou sênior; possuir nível de inglês intermediário e ter disponibilidade para assistir às aulas remotas ao vivo no período noturno.

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Após o período de inscrições, as candidatas passarão pelo teste de aptidão de tecnologia, envio de carta de apresentação e entrevistas individuais. A previsão é que o resultado da seleção seja divulgado no fim de agosto e as aulas comecem já em setembro de 2023.

O Programa Codear Futura oferta bolsas gratuitas para mulheres da área de tecnologia da informação (TI). A segunda edição da iniciativa está com inscrições abertas até o domingo (16) através do site do projeto. As candidatas selecionadas serão divulgadas entre os dias 25 e 28 de julho. 

Para participar é necessário ser residente da América Latina, ter a partir de 18 anos, bom domínio do computador, entender de instalação e uso de aplicativos, além de desejo em desenvolver habilidades lógicas e decisivas. As interessadas também devem ter um equipamento que comporte programas, como SQL e Power BI. 

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"O Brasil tem grande potencial para fornecer talentos em TI, mas ainda precisa abrir espaço para as mulheres terem acesso às oportunidades deste mercado. Além da capacitação, o programa vai melhorar as chances destas futuras profissionais nos próximos anos”, aponta Giuliana Corbo, CEO da Nearsure por meio da assessoria. 

Duas mulheres ficaram feridas, na noite dessa sexta-feira (7), depois que a peça de um brinquedo conhecido como "kamikase" se desprendeu no parque de diversões do Festival do Morango, em São Vicente, no litoral de São Paulo. A atração possuía alvará da prefeitura e foi interditada para passar por perícia.  

A peça redonda com o desenho de uma estrela estava fixada na haste central do brinquedo e se soltou no momento em que as vítimas caminhavam em direção à saída do parque. Uma delas, de 53 anos, ficou ferida na perna direita. A outra, de 25, sofreu diversos ferimentos no rosto, segundo o g1. 

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O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Corpo de Bombeiros foram acionados por volta das 22h25 e realizaram os primeiro-socorros. Em seguida, elas deram entrada no hospital municipal e foram encaminhadas para uma unidade particular. 

A Prefeitura informou que o parque na Arena Itararé tem alvará de funcionamento e documentação correta dos brinquedos, que possuem laudo. Para participar do evento, a empresa C & C Festas e Eventos LTDA EPP teria apresentado laudos de engenharia e ART. 

Após o incidente, os brinquedos foram interditados de forma preventiva. A Polícia Civil registrou o caso como queda acidental e solicitou uma nova perícia para os desdobramentos da investigação pela delegacia de São Vicente.

O Sebrae está com inscrições abertas para o Encontro Mulheres Provedoras: Empreendedorismo e Empoderamento.

O evento acontece nesta sexta-feira (7) das 14h às 18h na sede do Sebrae, Rua Tabaiares, 360, Ilha do Retiro. O encontro é voltado para mulheres e tem o objetivo de  ajudar empreendedoras a ampliar seus negócios.

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As interessadas poderão participar de palestras, workshops, além de poder ter acesso a conexões valiosas durante o evento. As inscrições podem ser feitas gratuitamente no site.

Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) nesta quinta-feira (29), a maioria  dos inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 é de mulheres. 

Do total de candidaturas confirmadas, 3,9 milhões, 61,3% (2,4 milhões) são de pessoas do sexo feminino, enquanto os homens totalizam 38,7% (1,5 milhões).

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Nesta edição, o Enem será realizado nos dias 5 e 12 de novembro, nas 27 unidades da Federação.

Enem 2023

 Exame Nacional do Ensino Médio avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Ao longo de mais de duas décadas de existência, o Enem se tornou a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e de iniciativas como o Programa Universidade para Todos (Prouni).

Instituições de ensino públicas e privadas utilizam o Enem para selecionar estudantes. Os resultados são utilizados como critério único ou complementar dos processos seletivos, além de servirem de parâmetros para acesso a auxílios governamentais, como o proporcionado pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Os resultados individuais do Enem também podem ser aproveitados nos processos seletivos de instituições portuguesas que possuem convênio com o Inep para aceitar as notas do exame. Os acordos garantem acesso facilitado às notas dos estudantes brasileiros interessados em cursar a educação superior em Portugal.

Trabalhadoras rurais do campo e da floresta realizam, nos dias 15 e 16 de agosto, em Brasília, a sétima edição da Marcha das Margaridas. A mobilização deste ano tem o lema Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver. 

A marcha é organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), com o apoio de outras entidades sindicais. Participam camponesas, quilombolas, indígenas, cirandeiras, quebradeiras de coco, pescadoras, marisqueiras, ribeirinhas e extrativistas de todo o Brasil.  Ministros e ministras do governo receberam, nesta quarta-feira (21), a pauta de reivindicações das mulheres, em cerimônia no Palácio do Planalto. 

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 “Representamos milhares de mulheres que enraízam a sua existência em uma diversidade de territórios rurais, mulheres que vêm de uma realidade bem difícil. Desempenhamos um importante papel na produção de alimentos saudáveis, aquela comida que chega, de verdade, na mesa do brasileiro. Somos fundamentais para preservação da biodiversidade e para a conservação dos nossos biomas, somos guardiões dos saberes populares que herdamos das nossas ancestralidades”, destacou a coordenadora geral da Marcha das Margaridas, Mazé Morais. 

Apesar disso, segundo ela, essas mulheres vivem “as piores condições de acesso à terra, aos territórios, à água, a renda, aos bens da natureza, a moradia digna, saneamento básico e aos serviços e equipamentos de saúde”. “Além de vivenciarmos diversas situações de violência, somos constantemente colocadas na invisibilidade social e política”, acrescentou a trabalhadora. 

De acordo com Mazé Morais, a pauta da Marcha das Margaridas de 2023 foi construída em diversas reuniões pelo país, realizadas desde 2021, e apresenta aquilo que as mulheres consideram necessário para “combater a violência sobre os nossos corpos” e “efetivar programas, medidas e ações que contribuam para nossa autonomia econômica”. 

“Nós nos guiamos pelos princípios de um feminismo anticapitalista, antirracista, anti-patriarcal que reflete cada uma das nossas realidades; o feminismo que valoriza a vida, vinculando a defesa da agroecologia, dos territórios, dos bens comuns.” 

A pauta de reivindicações é composta por 13 eixos: Democracia participativa e soberania popular Poder e participação política das mulheres Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade

Proteção da natureza com justiça ambiental e climática

Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios (territórios costeiros, influenciados pela maré) Direito de acesso e uso social da biodiversidade e defesa dos bens comuns Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda Saúde, previdência e assistência social pública, universal e solidária Educação pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo Universalização do acesso à internet e inclusão digital.

Transversalidade

O diálogo com a coordenação da marcha está sendo liderado pela Secretaria-Geral da Presidência e pelos ministérios das Mulheres e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, em uma agenda transversal com os demais ministérios do governo. 

Segundo o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macedo, na próxima segunda-feira (26) já há uma reunião marcada para as equipes dos três ministérios se debruçarem sobre a pauta da marcha, “para que possam ser alcançados os sonhos, os desejos e as necessidades das margaridas, as mulheres desse país inteiro”.

O objetivo é já ter respostas para as demandas durante o evento em agosto.  A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que o governo está aberto ao diálogo e afirmou a importância da Marcha das Margaridas para democracia.

  “Nós precisamos garantir a democracia, nós precisamos garantir que homens e mulheres, que os pobres sejam incluídos em todo o processo de construção desse país. Mas também é um momento de discutir a questão da participação política das mulheres”, disse, defendendo o enfrentando à misoginia e à perseguição às lideranças femininas. 

Já o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, destacou que os estímulos do plano safra para agricultura familiar, que deve ser lançado na semana que vem, estarão centrados na agricultura que é dirigida por mulheres, na agroecologia e no desenvolvimento de máquinas menores para apoio à produção. “Vai ser um plano safra feminista”, disse.

“Dessa cartilha que vocês entregaram, praticamente todos os itens dizem respeito, também, ao nosso ministério. Nós queremos o Pronera [Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária] na zona rural, nós queremos a cobertura de internet, nós queremos a agroindústria, nós queremos programas para a sucessão rural que envolva as jovens mulheres, nós queremos atenção à saúde na zona rural e nós vamos fazer um diálogo intragovernamental”, acrescentou Teixeira. 

Machismo

Organizada a cada quatro anos desde o ano 2000, o nome do evento é uma homenagem à trabalhadora rural e líder sindical paraibana Margarida Maria Alves, assassinada em 1983. Margarida é um dos maiores símbolos da luta das mulheres por reconhecimento social e político, igualdade e melhores condições de trabalho e de vida no campo e na floresta. 

O presidente da Contag, Aristides Veras dos Santos, destacou que a marcha é das mulheres, mas a luta por direitos e igualdade envolve a todos, no combate ao machismo e aos preconceitos. “Nós, os homens, temos que acabar com essa pecha de superioridade, que de superioridade nós não temos nada”, disse.

  “Nós temos que entender que esse mundo é pela igualdade, esse mundo é de respeito e o respeito tem que ser tratado com muita força. A marcha traz todo esse processo. Nós não fazemos uma marcha apenas para reivindicar, mas também para mudar a alma e o coração das pessoas e seus comportamentos. O Brasil precisa enfrentar esse debate, nós vivemos em uma sociedade dividida, uma sociedade muito violenta”, acrescentou Santos.

Biologicamente, homens e mulheres possuem características físicas diferentes e uma delas é a forma com que os corpos lidam com o frio. Um estudo publicado em 2017, pela Universidade de Utah, mas comentado neste ano, revelou que as mãos das mulheres são mais frias do que as dos homens. Isso ocorre porque as mulheres possuem mais gordura corporal, protegendo seus órgãos vitais, mas limitando o fluxo sanguíneo nas extremidades, como mãos e pés. 

Mulheres e homens possuem temperaturas corporais internas de 37º Celsius, porém a temperatura das mulheres é um pouco mais elevada, uma média de 37,2. Apesar disso, a maior diferença está na temperatura da pele, identificaram os estudos. Os homens se sentem mais confortáveis com uma temperatura ambiente de 21º Celsius, enquanto os corpos femininos se dão melhor com uma temperatura de 25º, na maioria das vezes.

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Outro fator que gera impacto nas temperaturas corporais femininas são os hormônios, que são ainda mais diferentes por conta do ciclo menstrual. Mulheres possuem níveis mais altos de estrogênio, o que dilata os vasos sanguíneos fazendo com que o calor do corpo escape após o aumento do fluxo sanguíneo.  

Já os homens lidam com mais testosterona, que também é responsável por regular a temperatura corporal, além de desenvolver os órgãos sexuais masculinos, produzir espermatozoides, engrossar a voz, produzir pelos e desenvolver músculos. Com um baixo nível deste hormônio, o indivíduo pode ter uma sensibilidade maior ao frio. Além disso, após o parto é comum que as mulheres tenham episódios de arrepios chamados “calafrios pós-parto”.

Durante a menopausa, os níveis de estrogênio caem, isso pode resultar em flutuações hormonais que causam sensações repentinas de calor e frio. Anticoncepcionais também podem aumentar a temperatura do corpo alterando a temperatura regular, ocasionando mais sensibilidade ao frio. 

O médico americano Rob Danoff explicou ao portal “Glam” que os homens possuem mais massa muscular e isso gera mais calor através da pele, mantendo-os aquecidos. “Como as mulheres normalmente têm menos massa muscular e evaporam menos calor pelos poros da pele, elas podem sentir mais frio do que os homens em uma sala com a mesma temperatura do ar”, disse.

O metabolismo também pode influenciar. Geralmente, homens possuem taxas metabólicas mais altas do que mulheres, segundo um estudo chamado “Energy and Building”. Um metabolismo mais lento produz menos calor. Por esse motivo, é comum que as pessoas sintam mais frio ao envelhecer. Homens queimam 23% mais energia do que mulheres, por isso se sentem mais confortáveis em temperaturas baixas, segundo um artigo do “Journal of Applied Physiology”. 

 

 

Mulheres que desejam atuar na área de TI podem encontrar uma oportunidade na Qred Brasil, empresa que fornece empréstimo on-line para pequenas e médias empresas. A fintech está com vagas abertas exclusiva para mulheres.

A candidata precisa ter habilidade comprovada para desenvolvimento de Java com testes unitários stack spring e com banco de dados  relacionais e não relacionais. Além disso, é necessário ser graduada em computação, engenharia da computação ou áreas relacionadas.

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As inscrições podem ser realizadas na página da empresa na rede social LinkedIn.

O Supremo Tribunal Federal (STF) votou nesta quinta-feira, 31, uma lista de três nomes que serão enviados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para preencher uma vaga de ministro substituto no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As advogadas Daniela Borges, Edilêne Lobo e Marilda Silveira receberam 10 votos cada.

A vaga foi aberta nesta quarta, 30, quando o então ministro substituto André Tavares tomou posse como ministro efetivo da Corte. A lista com os três nomes foi encaminhada pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e referendada integralmente pelo Supremo.

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Borges e Lobo já integraram a lista quádrupla de candidatos a duas vagas de ministro efetivo no TSE enviada a Lula na semana passada. O presidente, contudo, escolheu os juristas Floriano Marques Neto e André Tavares.

Já está disponível no Youtube do LeiaJá o minidocumentário "Maria foi Vadiar: mulheres que reinventaram a capoeira". O trabalho é assinado pela repórter especial Marília Parente, pela editora de vídeo Jéssica do Vale e conta com imagens do repórter cinematográfico Júlio Gomes. No vídeo, mulheres mestres de capoeira versam sobre suas trajetórias e relatam os desafios de gênero enfrentados no cotidiano da prática cultural brasileira.

Assista aqui: 

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O comando está com elas. O show de encerramento do projeto "Elas no comando", realizado em Belém, na segunda quinzena de maio, foi marcado por uma mistura de sentimentos e poesia musical. O palco se encheu de talentos regionais como Layse e as Sinceras, Azuliteral, DJ Carol C, Helena Pessoa, Julia Passos e Malu Guedelha. O evento também teve a participação da cantora mineira Roberta Campos. As misturas de ritmo, conceito e música deram força para todas as mulheres presentes.

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Para a cantora Layse, o projeto foi algo que lhe permitiu transmitir para mulheres a força em todas as áreas além do palco. “Nós temos que ter coragem de acreditar em nós mesmas", disse. A cantora destacou que o evento transmite para as novas artistas a coragem que devem ter para começar. “Devemos ser algo de motivação. Poder estar incentivando com a sororidade. Tenham coragem!”, afirmou.

A baixista da banda Layse e as sinceras, Camila Barbalho, ressaltou a importância de projeto como esse. “Precisamos que projetos assim sejam mais frequentes, ou seja, que haja iniciativas de protagonizar as mulheres. Para que não sejamos uma novidade como ‘Olha, que inusitadas mulheres no palco’. Naturalizar a mulher no palco é tirar esse estigma negativo da mulher na música”, comentou.

A cantora Azuliteral comentou que ficou muito feliz quando foi convidada  para o show de encerramento. “Fiquei muito feliz com o convite direcionado a uma banda só de mulheres. Eu já tinha alguns nomes que me acompanhariam e elas têm uma conexão e uma escuta profunda, isso é incrível", disse. “Acredito muito, muito nas coisa que compartilhamos hoje, sobre os  sentimentos serem fluidos e sobre a nossa força que fazemos juntas. Então, o projeto traz essa oportunidade magnífica para nós”, destacou a cantora. 

Roberta Campos, cantora mineira que foi a atração da noite, disse que amou a visita a Belém. “Eu estava com a expectativa alta, mas foi mais legal do que eu imaginava. Estou muito feliz, espero que eu possa voltar várias vezes.” Além disso, Roberta comentou que almeja voltar várias vezes para o Estado, pois achou o povo paraense muito caloroso e receptivo. “Fui muito bem recebida e me trataram muito bem”, assinalou.

Por Hellen Rocha e Mel Chaves (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

   

    

 

 

O Sport volta a campo na Ilha do Retiro neste domingo (28), diante do ABC, às 18h, pelo Brasileirão, novamente com público de apenas mulheres, crianças de até 12 anos e Pessoas com Deficiências (PCDs), em cumprimento a uma determinação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

E o check-in de ingressos gratuitos para a partida começa a ser feito a partir desta quarta-feira (24), na plataforma oficial do Clube, que pode ser acessada clicando aqui.

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Sócias

As primeiras 24 horas de abertura – das 12h de quarta (24) às 12h de quinta (25) – serão exclusivas para sócias titulares adimplentes e os respectivos dependentes, que podem fazer o check-in até os 15 minutos do segundo tempo, mediante disponibilidade. Todos os setores estão aptos para o associado fazer o check-in.

Sócios do Clube podem fazer o check-in e doar a reserva para mulheres, crianças dos oito aos 12 anos e Pessoas com Deficiências.

Público geral

Já o público geral pode adquirir as entradas para a partida via ingresso solidário, que será item de higiene pessoal (pacote de absorvente, shampoo, condicionador e sabonetes íntimos), em alusão ao Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher, celebrado neste domingo (28). Será permitido um bilhete por mulher, criança dos oito aos 12 anos e PCDs.

A entrega do item de higiene pessoal e retirada do ingresso solidário pode ser feita na bilheteria social do Clube, nesta quinta (25), das 12h às 17h, e sexta (26) e sábado (27), das 9h às 17h, mediante disponibilidade. O público geral pode acessar a arquibancada sede e a arquibancada frontal.

Acessos

Os acessos que circundam o Estádio da Ilha do Retiro serão exclusivos para mulheres,
crianças até 12 anos de idade acompanhadas por uma responsável legal e PCDs.

Serviços

A sede social contará com serviços de alimentos e bebidas, havendo prioridade no atendimento para mulheres, crianças de até 12 anos e PCDs, além de um espaço para diversão infantil, com futmesa, pintura no rosto, a presença do mascote léo, e área kids e gamer.

Proibições

Conforme penalidade aplicada pelo STJD, não será permitido, por força da referida determinação, o acesso ao estádio de mulheres, crianças de até 12 anos e PCDs trajando roupas alusivas a qualquer torcidas organizadas.

Funcionamento da bilheteria social para troca dos ingressos solidários

Dias 25, das 12h às 17h, e 26 e 27, das 9h às 17h, mediante disponibilidade, limitado a um ingresso por mulher, PCD e criança de até 12 anos.

Do site oficial do Sport

O número de crimes cometidos contra mulheres no estado de São Paulo teve forte alta no primeiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. Entre os índices que se destacam, estão o feminicídio, que aumentou 24%; a ameaça, que cresceu 70,8%; e a lesão corporal dolosa, com elevação de 13,8%. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

Chamam mais a atenção as taxas de crescimento de delitos como o homicídio doloso e a tentativa de homicídio contra as mulheres, que tiveram altas expressivas e aumentaram bem acima do registrado contra a população em geral – homens e mulheres somados.

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De acordo com os dados da SSP, no primeiro trimestre de 2023 o número de homicídios dolosos, que tiveram mulheres como vítimas, somaram 128 casos, alta de 19,6% em comparação ao mesmo período de 2022.

Já o número de homicídios dolosos contra a população em geral somou 719 no mesmo período, uma alta de 2,8% em comparação a igual período de 2022 – ou seja, a incidência do crime aumentou 19,6% contra as mulheres e 2,8% contra a população em geral.

O mesmo ocorre com as tentativas de homicídio. No primeiro trimestre de 2023, elas somaram, contra as mulheres, 101 casos, com elevação de 26,2% em comparação ao mesmo período de 2022. As tentativas de homicídio contra a população em geral totalizaram 933 casos, um aumento de 13% - ou seja, o crime aumentou 26,2% contra as mulheres e 13% contra a população em geral.

A SSP foi questionada pela reportagem sobre o maior aumento dos homicídios dolosos e tentativas de homicídio contra as mulheres, em comparação ao registrado contra a população em geral. Em nota, a secretaria não apresentou uma resposta direta. Afirmou que a variação dos casos de feminicídio e homicídio dolosos contra mulheres é alvo de análise permanente por parte da secretaria. E que 68% desses crimes foram provocados devido à relação afetiva entre a vítima e o autor.

“As outras ocorrências tiveram como autores amigos ou familiares. Em cerca de 88% dos casos, a vítima já tinha um histórico de violência doméstica. A SSP segue trabalhando continuamente para aprimorar o atendimento à mulher em situação de vulnerabilidade e capacitar os policiais para lidar com essas situações de maneira humanizada”.

A professora de antropologia da Universidade de São Paulo (USP) Heloísa Buarque de Almeida levantou algumas hipóteses que podem explicar o aumento dos crimes contra as mulheres. Ela lembrou que nos anos 70 houve também o registro de elevação da violência doméstica contra as mulheres quando cresceu o trabalho feminino fora do lar.

“Exatamente quando as mulheres ganham mais poder, os homens se sentem mais ameaçados, a violência doméstica aumenta. A violência de casal tem muito a ver com uma coisa que a gente chama de fantasia de poder, de o cara querer controlar a mulher”, destacou.

Ela sugere que a reivindicação de mais direitos pelas mulheres pode estar ligada ao aumento da violência, como reação dos homens. “Quando o movimento feminista cresce, as mulheres demandam mais coisas em casa, por exemplo. Normalmente aumenta a violência doméstica, e o feminicídio está ligado à violência doméstica. As mulheres são assassinadas, às vezes, quando decidem separar”, ressaltou.

Dizem que futebol é alegria, e é, de fato. Mas também é frustração, decepção e, em alguns casos, medo, que assim como a alegria, está diretamente ligada aos estádio, muito por conta da violência que uma partida pode trazer.

Vândalos nas ruas brigando, truculência da polícia, homofobia e machismo nas arquibancadas, a violência vem de qualquer lado. E mesmo não sendo de uma maioria, é o suficiente para afastar muitas pessoas dos estádios. 

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Por obra do destino, a punição do STJD imputada ao Sport, consequência da violenta invasão de campo na partida contra o Vasco pela Série B do Campeonato Brasileiro em 2022, acabou virando uma oportunidade para algumas mulheres retornarem à Ilha do Retiro, ou até mesmo ter seu primeiro encontro com o campo. O jogo deste sábado (20), contra o Botafogo-SP, às 16h, só contará com público feminino, crianças e PCDs.

Estreia

Jessica Albuquerque, de 33 anos, irá com seu filho, de sete, pela primeira vez ver um jogo de futebol ao vivo. “Eu nunca tive confiança de ir sozinha por conta da segurança e da violência que geralmente tem. Meu marido dizia que a gente ia em um jogo mais tranquilo, mas deixou passar e não foi. Como vai ter público de mulher, criança e pessoas com deficiência, eu pensei que essa era uma oportunidade”, disse. 

Jéssica e Pietro vão juntos pela primeira vez para a Ilha do Retiro. Foto: Arquivo pessoal

Mas também existe quem deixou de ir por outros motivos que não fosse a violência, mas ainda assim com o medo envolvido. Caso de Elaine Guimarães, que, desde 2018, não vai à Ilha e que não se sentiu segura de retornar após a pandemia da Covid-19. 

“Ver os jogos pela televisão é muito diferente de ir ao estádio, mas as condições desses últimos anos não eram favoráveis. Quando houve a retomada, eu não me senti segura [mais pela pandemia]. Raramente presenciei episódios de violência em jogos que vi na Ilha do Retiro. Meu pai sempre montava um esquema para que a nossa chegada e saída do estádio fossem tranquila”. O pai de Elaine faleceu em 2020, mas não teve relação com a pandemia. 

Já katya Marques, que disse com suas próprias palavras, ter sido “criada na Ilha do Retiro”, até ano passado ainda ia com certa frequência, mas a violência e a truculência da polícia fez com que ela diminuísse suas idas. Sua rotina de torcedora assídua parou em 2022. 

“A última vez que eu fui foi no final do ano passado e a entrada não foi das melhores, a gente foi literalmente amassada, minha filha levou pancada no tórax. A gente estava em um grupo grande e meu ex-marido foi empurrado, o genro perdeu o chinelo, foi uma entrada bastante complicada e acho essa questão difícil”, reclamou.

"Você quer assistir o seu time do coração, mas não tem segurança, ou tem essa coisa exacerbada de conflito com polícia que bota o cavalo em cima da pessoa. Tem bomba, bala de borracha, assim é complicado”, relatou Katya. 

Dá punição àà oportunidade

Mas mesmo que as três tenham motivos próprios para terem se afastado da Ilha do Retiro, ou dos estádios como um todo, o motivo do reencontro é o mesmo: a oportunidade de um jogo em paz só com mulheres, crianças e PCDs. 

“Este é o meu primeiro jogo com o meu filho. A gente acompanha algumas partidas pela TV, mas voltar à Ilha, após esses anos, e com Gael tem muito significado. Aprendi a gostar de futebol e do Sport com o meu pai e o que eu mais quero é passar esse amor para o meu filho. Essa ida também é minha primeira vez no estádio sem o meu pai, que faleceu em 2020. Então, ir para essa partida será duplamente significativo para mim. Sei que meu pai iria adorar levar o neto pela primeira vez ao estádio para ver o Sport jogar”, contou Elaine.

Elaine e Gael também vão juntos para o estádio pela primeira vez. Foto: arquivo pessoal

Jéssica resumiu a primeira ida à Ilha do Retiro como um sonho: "Muita emoção, estou doidinha que chegue o horário, já arrumei minha roupa, vai ser bastante emocionante. É um sonho para mim, era uma vontade imensa, não sei porque não ia, acho que era medo mesmo”.

Katya que conta ter feito com os filhos delas o mesmo que o seu pai fez com ela - frequentar a Ilha com eles desde muito novos. Ela, que lembra até de ir em jogos com torcida mista, acredita que esse jogo sem o público masculino adulto seja a chance de uma partida de futebol na paz.

“Acredito que seja bem mais tranquilo justamente por ser mulheres, crianças e pessoas com deficiência, então acho que o clima amanhã vai ser muito massa”, comemora. 

O Sport ainda terá mais dois jogos a cumprir apenas com mulheres, crianças e PCDs nas arquibancadas. Todas as entrevistadas afirmaram ter o desejo de comparecer e até já falando em ir em jogos em situações normais.

A profissional de saúde Luciana Simões Gripp Barros doou o excedente de leite até os nove meses da filha mais velha e parou com o início da pandemia de covid-19 porque não ainda havia estudos sobre a doença. Agora, com a filha mais nova com menos de um mês, ela voltou a doar no Banco de Leite do Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz), situado no bairro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro.

Segundo Luciana, quando a mulher vira mãe começa a olhar para o bebê de outra forma. “Começa a se colocar no lugar daquela mãe que tem filho prematuro, que não tem leite suficiente ou que não pode amamentar. Tudo muda. O nosso olhar fica mais atento ao bebê”. Ela explicou que quando a mulher tem filho, os hormônios ficam tão à flor da pele que trazem uma sensibilidade que leva a perceber e se colocar realmente no lugar do outro. “É um emaranhado de sentimentos. É gratidão, empatia, é você também ser grato a Deus por ter a oportunidade de amamentar suas filhas. Então, fazer isso pelo outro é uma forma de retribuição pelo que você tem”.

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Surgimento

O primeiro banco de leite humano do país foi criado em outubro de 1943, no Instituto Nacional de Puericultura, hoje IFF/Fiocruz, alcançando cinco unidades até os anos 80. O número começou a aumentar a partir daí e se configurou como Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (Rede BLH-BR) durante um congresso, em 1985.

A coordenadora da Rede BLH-BR, Danielle Aparecida da Silva, também coordenadora do Banco de Leite Humano (BLH) do IFF/Fiocruz, informou que em outro congresso, em 2010, essa rede se estendeu como rede global de bancos de leite humano. “Porque só de 2005 em diante, a gente conta com a participação de outros países da América Latina e, depois, da Península Ibérica, do Caribe, da América e África.” Mais recentemente, aderiram países do Brics (bloco que reúne o Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul). A rede brasileira serviu de inspiração para a Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH). “Ela se amplia para uma rede global. Somos um único modelo, uma única ação”.

Referência

A Rede BLH-BR se tornou referência mundial pelo modus operandi (modo de operação), disse Danielle. O modelo introduzido no Brasil na década de 40 era anglo-saxão e entendia o uso do leite humano como um medicamento para as crianças que não respondiam bem ao tratamento quando internadas. Mas, quando o trabalho dos bancos foi iniciado em rede, o leite humano passou a ser visto muito mais do que um medicamento, como um alimento funcional, com características próprias, capazes de promover o crescimento e desenvolvimento de recém-nascidos vulneráveis internados na UTI neonatal. “E mais que isso: A gente traz para dentro do banco de leite assistência e atenção ao aleitamento materno. Ou seja, o banco de leite passa a ser um centro de apoio à amamentação, um centro de proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno”, reforçou Danielle.

Qualquer mulher que tenha dúvidas sobre algumas intercorrências durante o período de amamentação pode se dirigir a um banco de leite humano, onde a equipe multidisciplinar irá apoiá-la nesse momento, indicou a coordenadora. Por isso, o banco passa a ser visto também pelo Ministério da Saúde como ferramenta de promoção do aleitamento materno e instrumento para diminuição da mortalidade infantil nesse quesito neonatal. Aí, começa a ter a visibilidade para outros países. “Assim, a gente começa a implementar uma cooperação técnica em bancos de leite humano”, destacou a coordenadora.

O Brasil conta, atualmente, com 228 bancos de leite humano e 240 postos de coleta. São Paulo é o estado com maior número de bancos (58) e tem 49 postos de coleta. Do total de mais de 234 mil litros de leite humano coletados durante o ano passado pela Rede BLH-BR, o Distrito Federal foi a unidade federativa que coletou a maior quantidade de leite humano: 15.162 litros. “É onde existe maior autossuficiência de leite humano”. O estado do Rio de Janeiro tem 17 bancos de leite humano e 18 postos de coleta.

Benefícios

A campanha deste ano do Dia Mundial de Doação de Leite Humano tem o slogan “Um pequeno gesto pode alimentar um grande sonho”. Danielle aproveitou para dizer às mulheres que produzem quantidade excedente de leite que podem entrar em contato com os bancos e fazer sua doação. “Ao amamentar, ela sonha para o filho um futuro melhor. E, quando ela doa, permite que outras mães sonhem também, porque está doando para um bebê prematuro, que está na UTI neonatal, que nasceu antes da hora e ainda precisa muito dessa doação para o crescimento e o desenvolvimento saudável. Porque o leite humano é o melhor alimento, que tem todos os seus ingredientes de forma apropriada para o crescimento dessa criança”.

O leite humano tem ainda características de prevenção de diarreia, de doenças cardiovasculares, de diabetes; é um alimento contra infecções. A mulher que doa leite humano está ajudando, apoiando a vida saudável de outro bebê. A média é de 40 recém-nascidos prematuros internados no IFF/Friocruz por mês.

Como doar

Para se tornar doadora, a mulher deve ligar para o banco de leite do IFF/Fiocruz, no número gratuito 0800 026 8877, e se cadastrar. São solicitados os últimos exames pré-natais. Ao fazer o cadastro, a mãe recebe orientação sobre como extrair e colher o leite, disse Danielle. Imediatamente após a coleta, o leite deve ser congelado em frascos de vidro esterilizados que a mãe recebe do banco de leite humano e etiquetados. O material pode permanecer congelado por 15 dias. “A mãe coloca o nome dela e a hora da coleta na etiqueta”. Na semana seguinte, representantes do IFF recolhem o leite congelado na casa da doadora e deixam mais frascos e etiquetas.

As mães não devem fumar, nem fazer uso de bebidas alcoólicas ou drogas ilícitas. Serão doadoras durante o tempo que quiserem. Não há restrição quanto ao volume doado. O leite doado aos BLHs e Postos de Coleta passa por rigoroso processo de seleção, classificação e pasteurização até que esteja pronto para ser distribuído com qualidade certificada a bebês internados em unidades de terapia intensiva neonatais.

As mulheres em fase de amamentação que se interessem em doar ou tirar dúvidas podem entrar em contato com o Banco de Leite Humano (BLH) do IFF/Fiocruz pelos números 0800 026 8877, (21) 2554-1703 ou (21) 9 8508-6576 (whatsapp).

No próximo dia 23, o banco de leite humano do IFF/Fiocruz promoverá um evento de celebração com as mães doadoras e mães dos recém-nascidos prematuros internados na UTI Neonatal da instituição. Durante todo o mês de maio, a unidade está realizando o Curso de Aconselhamento em Aleitamento Materno para os seus profissionais de saúde. 

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O festival de música “Elas no comando” tem como objetivo inspirar, encorajar e alcançar visibilidade para mulheres que desejam estar nos bastidores ou na frente dos holofotes. O evento será realizado de 18 a 20 de maio (os endereços dos locais de shows se encontram na programação abaixo) e terá a participação de cantoras nacionais e regionais.

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O festival, com entrada gratuita, oferece oportunidade para novas artistas em ascensão e uma conexão única com o público, com o intuito de protagonizar a força feminina dentro do universo musical. A edição de 2023 contará com novos nomes de artistas selecionadas para os pockets shows, como: Mainumy, Matemba, Sidiane Nunes e Ruth Clark. O encerramento do evento contará com apresentação da cantora mineira Roberta Campos, indicada ao Grammy Latino com a canção "De janeiro a janeiro", e da paraense Malu Guedelha. 

Para Sidiane Nunes, cantora e compositora, o projeto tem o significado de potência para as mulheres. “Este projeto me passa a sensação de acolhimento e força, foi uma honra ter sido selecionada”, disse. A cantora comentou também que sua expectativa para o show é transmitir a poesia para o público por meio da arte. “Todas as ações estão sendo feitas por mulheres incríveis para entregarmos nesse pocket show um trabalho inédito e poético”, explicou.

A cantora Ruth Clark, que também foi uma das escolhidas pelo "Elas", afirmou que o projeto é algo individual, cada pessoa tem seus próprios objetivos. Mainumy, cantora muito ligada a canções de raízes amazônicas, revelou que está levando três composições. "Está sendo muito legal preparar tudo com carinho e muito amor para apresentar. Espero que quem esteja lá, esteja de coração aberto para essas mulheres que vão estar no palco e o que elas tem a oferecer”, afirmou.

As artistas estão muito animadas com o que vão apresentar nessa quinta-feira, 18. “Eu levo como mais uma vitória na minha carreira. Para mim, ser selecionada me fez acreditar em mim mesma”, disse Matemba.

Programação completa

Dia 18, quinta-feira

Locais: Casa Soma (Tv. Cap. Pedro Albuquerque, 395 - Cidade Velha), Na figueredo (Av. Gentil Bitencourt, 449 - Nazaré), CN produções (R. Veiga Cabral, 1008 A - Batista Campos).

Casa Soma

9h às 11h - Oficina de gestão de projetos com Viviane Chaves.

14h às 17h - Oficina de maquiagem com Victória Maquiatrix.

18h às 18h40 - Yoga com Krishna Rohini.

18h às 18h40 - Contação de histórias com Otânia.

 Na figueredo

20h às 22h30 - Pocket show com Mainumy, Matemba, Sidiane e Ruth Clark.

 CN produções

9h às 12h - Oficina de desenho de luz para show: Projeto do rider técnico ao grid de palco com Natasha Leite.

Dia 19, sexta-feira

Locais : Casa Soma, Na figueredo, Teatro Gasômetro.

 Casa Soma

9h às 12h (Teoria) e 15h às 18h (Prática) - Oficina de fotografia com Nay Jinkings.

15h às 18h - Oficina de produção cultural com Lany Cavalero.

18h - Feirinha criativa e gastronômica.

19h - Exibição do filme de Bianca D'aquino, "Monteiro Lopes". 

20h30- Exibição do filme "Mestre Cupijó e seu ritmo", de Jorane Castro.

Na figueredo

16h10 às 17h - Palestras de direitos autorais com Márcia Xavier. 

17h às 17h40 - Palestra por elas que fazem a música por Mila Ventura.

 18h às 19h40 - Palestra: Letra e composição com Dona Onete e mediação de Josivana Rodrigues.

20h - Show de Nic Dias.

Teatro Gasômetro

9h às 12h - Desenho de luz para show com Natasha Leite.

Dia 20, sábado

Local: Teatro Gasômetro

18h - DJ Carol C

19h - Show de Azuliteral

20h - Show de Layse e as sinceras com a participação de Helena Pessoa e Júlia Passos.

21h - Show de Roberta Campos com a participação de Malu Guedelha.

Por Hellen Rocha e Mel Chaves (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

“É um sonho, a gente vive a realidade, mas daquilo que a gente sonhou um dia!”, afirma a advogada Renata Wenceslau Monteiro, sobre ser mãe da pequena Alice Catarina, de quase três anos. Depois de dois abortos, que resultaram na retirada das duas trompas, ela disse que perdeu o chão, já que não conseguiria engravidar de forma natural. Ela chegou a falar para o marido procurar outra pessoa que pudesse dar filhos a ele. 

Mas, o marido Rafael Ramos disse que queria ter filhos com ela. No entanto, o casal não tinha condições financeiras para pagar uma fertilização in vitro (FIV), única técnica que ela poderia tentar, já que o embrião é feito no laboratório e não precisa das trompas. Assim, foram pesquisar para descobrir o caminho para engravidar por meio da saúde pública. 

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“Sabíamos que o SUS [Sistema Único de Saúde] fazia o tratamento, mas a gente tinha pouquíssima informação. No último aborto, meu médico tinha me encaminhado para o hospital referência, o Pérola Byington, para poder fazer essa fertilização, mas descobrimos que não bastava a carta dele”, contou Renata. 

Renata e sua filha Alice Catarina. Reprodução assistida foi feita no SUS. Foto: Divulgação

Foi então que se informaram, entraram em grupos nas redes sociais e descobriram o caminho. “Tem que passar pelo sistema interno, que chama o sistema Cross, [a Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde]. Ali começou a efetivação do nosso sonho.”

Até dar tudo certo, ela não quis contar para muitas pessoas, para não criar expectativas. 

“Mas quando eu consegui engravidar, comecei a falar para poder levar informação para as pessoas, não à toa muita gente me procura para querer saber como é o ingresso”. 

Ela resume: “Você vai na central de regulação da AMA [Atendimento Médico Ambulatorial), vão te inserir no cadastro do sistema Cross [Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde] e ali fica na fila”. 

No caso dela, o ingresso foi rápido. “Não fiquei dias na fila, fiz todo o procedimento na mesma semana, a resposta veio diretamente do hospital, recebi um e-mail para ir na consulta dia 30 de abril de 2019. Não esqueço essa data.” 

Na primeira consulta, Renata foi informada da possibilidade de ser doadora de óvulos, já que com uma idade jovem - na época tinha 24 anos - poderia ajudar outras mulheres a engravidar, como pacientes oncológicas e com idades superiores. “Nesse dia eu aceitei ser doadora. E quando o médico soube que meu fator sanguíneo é B negativo, ele disse que tinha receptora B negativo e não tinha doadora no hospital. Fiquei bem feliz em poder ajudar alguém, além de receber ajuda.”

De maio a outubro de 2019, ela fez exames e cuidou de uma infecção. Assim que terminou essa fase, estava apta a iniciar a estimulação ovariana [tratamento farmacológico para desenvolver os folículos ovarianos até torná-los maduros]. O que resultou em hiperestímulo e foram coletados 26 óvulos de Renata. Destes, 15 óvulos estavam maduros. “Fiquei com oito e doei sete, que ficaram com a receptora. Espero que ela tenha conseguido engravidar tanto quanto eu”.  

Renata esperou dois ciclos de menstruação para poder fazer a transferência embrionária e deu certo na primeira tentativa. “Fiz o primeiro ultrassom com seis semanas. Estava lá um embriãozinho no lugar dele certinho dele, com o coração já batendo”, relembra. 

A gravidez foi tranquila, diz Renata. “Tive dois sangramentos no começo, mas fora isso foi tranquila. Em 16 de julho de 2020 a Catarina nasceu, linda, perfeita, maravilhosa. Aí começou a nossa jornada na maternidade!”.  

Além de ser uma opção para casais como Renata e Rafael, a reprodução assistida pode ser o meio para pessoas que optam pela produção independente, pessoas com doenças que causaram (ou poderão causar) infertilidade, como em doenças oncológicas, para casais homoafetivos ou para casais inférteis.  

Segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRH), a infertilidade conjugal acomete cerca de 15% dos casais brasileiros em idade reprodutiva, o que representa cerca de 20 milhões de indivíduos ou 10 milhões de casais. Atualmente, cerca de 10% dos ciclos de reprodução assistida são feitos por casais homoafetivos, informou a SBRH.

Cada tentativa de engravidar pelas técnicas de reprodução assistida, custa entre R$ 5 mil e R$ 30 mil, explica o presidente da associação, Paulo Gallo de Sá, ginecologista e especialista em reprodução humana. “O custo do tratamento particular vai depender o tipo de tratamento de reprodução assistida e da qualidade do centro de reprodução.” 

A inseminação intrauterina (IIU) custa em média R$ 5 mil, incluindo a medicação. A técnica consiste na inseminação e introdução no interior do útero de sêmen preparado no laboratório, com objetivo de obter a gestação. Desse modo, a inseminação aproxima o(s) óvulo(s) dos espermatozoides para que a fertilização ocorra naturalmente na tuba uterina.

A fertilização in vitro (FIV) privada pode custar em média R$ 30 mil, incluindo a medicação. A FIV é um tratamento que consiste em realizar a fecundação do óvulo com o espermatozoide em ambiente laboratorial, formando embriões que serão cultivados, selecionados e transferidos para o útero.

Alguns serviços oferecem uma variante do processo, apelidada de mini-FIV, que custa em média menos da metade: R$ 14 mil, com a medicação. “São tratamentos de baixo custo, com menor dose de medicação, buscando menor número de óvulos e evitando o congelamento de embriões excedentes”, afirma o ginecologista.

Quem não tem condições financeiras de pagar esses valores pode tentar por meio da saúde pública em um dos centros de atendimento credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 2012, uma portaria do Ministério da Saúde destina recursos financeiros aos estabelecimentos de saúde que realizam procedimentos de atenção à reprodução humana assistida, no âmbito do SUS, incluindo fertilização in vitro e/ou injeção intracitoplasmática de espermatozoides. 

“O Brasil possui pouquíssimos centros de reprodução humana assistida que realizam as técnicas de alta complexidade (fertilização in vitro)”, segundo Paulo Gallo de Sá, que aprova os serviços. “Todos os dez centros são considerados de referência e atendem às condições de segurança e qualidade exigidos pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], disse.

A embriologista Vanessa Rodrigues Alves concorda com Gallo de Sá referente ao número de centros no país. “São pouquíssimos os centros de reprodução que são totalmente gratuitos. Acho que falta o suporte do governo para ficar um pouco mais barata [a FIV] mesmo no particular, ou seja, existem outras formas do governo ajudar, não só custear 100% o tratamento. Taxas mais baratas nos medicamentos e equipamentos que utilizamos na fertilização poderia popularizar um pouco mais a reprodução humana e ter um número maior de clínicas no Brasil”. 

Especialista em reprodução humana, Vanessa trabalhou por oito anos no Hospital Pérola Byington, em São Paulo. Ela detalha como é a entrada no hospital. “A paciente tem que passar por um ginecologista do AMA, que vai colocá-la no sistema Cross do governo estadual, que faz essa seleção para entrar no hospital e conseguir a reprodução humana assistida. Leva algum tempo para ser chamada, mas não é uma fila de anos como antigamente”, explica. 

Para a especialista, a reprodução humana assistida vem crescendo e tem que ser mais valorizada. “Muitas pacientes sofrem de doenças que impedem de engravidar, a infertilidade é um tipo de doença reconhecida, deveria ser um tratamento obrigatório. Temos o direito de formar uma família”, opina.  

A especialista destaca ainda que o sonho de engravidar vai além da infertilidade. “Temos os casais homoafetivos de mulheres, por exemplo, que precisam do sêmen de um banco, que não é barato,  casais homoafetivos masculinos que precisam de uma barriga solidária e vão precisar de óvulos doados para poder ter uma gestação”.

Os centros de Reprodução Humana Assistida (CRHAs) estão em sete capitais do país, sendo quatro em São Paulo: Hospital Pérola ByingtonHospital das Clínicas da Universidade de São Paulo - USP (na capital e em Ribeirão Preto) e Hospital São Paulo da Universidade de São Paulo (Unifesp)

Há também dois centros em Porto Alegre: Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Hospital Fêmina, um centro em Brasília, o Hospital Materno Infantil de Brasília; em Belo Horizonte, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Em Goiânia, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás e um em Natal, a Maternidade Escola Januário Cicco da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 

Destes centros, somente em quatro o tratamento é completamente gratuito: a Maternidade Escola Januário Cicco, Hospital Pérola Byington, Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo - USP e o Hospital Materno Infantil de Brasília. Nos demais, a paciente precisa arcar com as medicações a um custo médio de R$ 5 mil.

Em nota enviada à Agência Brasil, o Ministério da Saúde informou que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta acompanhamento integral para o planejamento familiar nos serviços da atenção primária, incluindo consultas, exames, entre outros procedimentos; e de reprodução assistida nos estabelecimentos de saúde habilitados em procedimentos de reprodução humana assistida.

“Ampliar o acesso das mulheres aos serviços, bem como assegurar o acompanhamento de qualidade no SUS é prioridade do Ministério da Saúde”, destacou a pasta, mas informou que não tem o número de famílias que aguardam por reprodução assistida no SUS. 

De acordo com relatório disponibilizado pela Anvisa, o SisEmbrio. Em todo o país, existem 181 Centros de Reprodução Humana Assistida (CRHAs) e somente dez oferecem tratamento pelo SUS. A maioria dos centros estão na Região Sudeste, sendo que 60 deles se concentram no estado de São Paulo. 

Os dados do SisEmbrio também mostram que, no ano passado, a taxa de fertilização de pacientes menores de 35 anos ficou em 76,68%, com 1363 gestações clínicas e em pacientes maiores de 35 anos, a taxa de fertilização foi de 79,63%, com 2023 gestações clínicas. 

O SisEmbrio inclui dados de congelamento de embriões para pesquisa, fertilizações in vitro, taxas de gestação clínica, congelamento de gametas, transferências embrionárias e informações sobre taxas e indicadores de qualidade. 

Quem está na cidade de São Paulo, como a Renata Wenceslau, deve primeiro ir a uma das 470 unidades básicas de saúde (UBSs) que são a porta de entrada para a linha de cuidado voltada à saúde da mulher na capital paulista, inclusive para o acompanhamento ao casal que possui dificuldade em engravidar.

Nas UBSs da cidade são realizados exames de clínica médica e ginecológicos para a investigação de possíveis distúrbios menstruais e infecciosos, que possam indicar a causa de infertilidade, e também o espermograma para os homens. Além disso, são feitas orientações sobre os momentos mais oportunos para uma gravidez, tanto no aspecto físico e psicológico, quanto no socioeconômico.

Após a análise dos exames, o paciente é inserido na Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) para acompanhamento na rede especializada, da Secretaria de Estado da Saúde (SES) de São Paulo.

Segundo a SES, os agendamentos são feitos pela Atenção Primária à Saúde via Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross), obedecendo protocolo estabelecido, que é ter 37 anos, 11 meses e 30 dias de idade máxima e diagnóstico prévio de infertilidade. Assim que a paciente é atendida, são solicitados os exames necessários e é indicado o tratamento adequado.

A SES informou que não tem o número de pacientes em espera para serem atendidas nos centros de reprodução assistidas. “As filas são descentralizadas, estamos trabalhando para unificá-las”, informou a assessoria de imprensa da pasta.

Para quem está na fila a espera de uma chance de engravidar pelo SUS, Renata aconselha a não desistir. “Tudo tem um tempo certo para acontecer, pode parecer muito clichê, eu ouvi essa frase várias vezes quando eu estava tentando engravidar. Mas, vale a pena esperar,  realmente se você não tem condições de fazer um tratamento na rede particular, espere. E se você pode ser doadora, dependendo da idade, vale a pena buscar as clínicas”. 

O caminho não foi fácil, ela relembra. “Os dias na indução foram nove dias intermináveis, foi a pior parte para mim, além das dores físicas que eu sentia, tinha o medo, muito medo, quem lida com infertilidade sabe, a gente tem muito medo”. 

Passada essa luta, ela agora ela comemora a vida da filha. “Ser mãe tem o bônus e o ônus, eu não romantizo a maternidade, mas é mágico mesmo, eu amo ser mãe da Catarina.” 

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