Felizmente as mulheres hoje em dia estão cada vez mais buscando seu espaço no mercado profissional e investindo em seus próprios projetos. Áreas antes ditas exclusivamente masculinas agora têm mulheres em papéis fundamentais da empresa. No mercado de Tecnologia não poderia ser diferente, porém mesmo as mulheres sendo requisitadas em projetos da área de tecnologia, elas continuam em menor número nesse mercado.
No Brasil, ainda não há um estudo formal sobre a presença feminina no mercado de TI, porém sensos informais de entidades da área apontam para uma porcentagem de 15% a 20% na participação de mulheres no efetivo das empresas do ramo.
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Para tentar entender um pouco a falta de mulheres na área técnica, é preciso voltar-se para a formação intelectual feminina. Segundo dados do Centro Nacional para Mulheres e Tecnologia da Informação dos Estados Unidos, logo no ensino médio mulheres tem menos familiaridade com os computadores e com o conhecimento de programação do que os rapazes. O que se torna um efeito contínuo na Universidade, onde a porcentagem de mulheres com diplomas na área de Ciência da Computação é menor.
Algo que não reflete na trajetória profissional de Fernanda Maria, 27 anos, gerente de projetos da Ecorp. Formada em Sistemas para Internet, Fernanda já chegou a cursar Ciência da Computação (numa sala com 88 homens e 2 mulheres, conta) mas deixou o curso pela metade. “Comecei a me interessar por tecnologia quando minha irmã começou um curso na área” afirma. Sobre preconceito masculino com mulheres na área, Fernanda afirma nunca ter tido nenhum problema, nem constrangimento. “Nunca tive nenhum problema por ser mulher na faculdade, mulheres sempre são bem tratadas. Só senti um pouco de desconfiança quando – principalmente de homens mais velhos, no início do meu trabalho, mas nada que o tempo e a dedicação não mudem. Hoje há um clima de muito respeito e cooperação.” declara
Em relação a presença da mulher na área mais técnica (onde há pesquisas que afirmam uma porcentagem de 16% do público feminino) , Fernanda considera importante se ter noção da parte mais “pesada”. “É preciso ter uma noção de todo o universo, se você não tiver pelo menos uma noção de códigos e outras etapas necessárias a construção dos projetos, seu trabalho pode ser prejudicado” afirma a gerente de projetos, que trabalhou como front-end (profissional que trabalha com o desenvolvimento de sites por códigos) por três anos.
Já é uma certeza entre as empresas de tecnologia que a presença feminina dinamiza e dar mais qualidade a projetos, muitos atribuem isso a dedicação e atenção dedicadas pelas mulheres. Algumas empresas (principalmente de maior porte), buscando ter uma equipe cada vez mais diversa, cria até cotas com uma porcentagem mínima de mulheres em cada projeto. Grandes empresas como Microsoft e IBM, possuem projetos para melhorar a qualidade de vida das mulheres no ambiente de trabalho.
A relação com o homem no mercado de trabalho em sí, principalmente na área de tecnologia, demanda de qualquer profissional, não só mulher, uma preparação e contínuo melhoramento na área. Ana Carolina Lima, pernambucana que faz mestrado em Engenharia Elétrica na Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP), afirma que não teve grandes problemas de relação com os homens na área, mas destaca uma tendência masculina de questionar a capacidade das mulheres em realizar algum serviço. A mestranda teve contato com a área de tecnologia depois de fazer um curso técnico de telecomunicações, mesmo ficando na dúvida entre saúde ou exatas, a computação falou mais alto. Ainda no Recife, Ana estagiou em duas empresas, chegando a ser contratada em uma delas. Na Universidade Mackenzie, a pernambucana, que é a única mulher no laboratório em que desenvolve seu mestrado, voltado para mineração de textos e redes sociais, acha que apesar de existirem alguns problemas de diferença salarial e a necessidade de esforço maior para ter seu trabalho reconhecido, o mercado de TI recebe bem as mulheres.
“Elas estão tão qualificadas quanto os homens, e muitas ocupam cargos de chefia, muitas vezes mostrando mais competência que os homens” completa.
Um projeto que pode ajudar na criação de interesse na área de tecnologia em mulheres é o Jovem Mulheres em Ação, projeto que reúne mais de 300 jovens, e que atualmente mantém um projeto de informática para as mulheres, com uma turma selecionada de 20 pessoas, uma porta para a criação de interesses das jovens nessa área. O curso de quatro meses envolve informática básica e suporte técnico. O curso proporcionou a estudantes como Janaína de 23 anos a oportunidade de conhecer mais dessa área. “Sempre tive vontade de saber mais essa parte mais técnica, e no curso tenho possibilidade de ter mais contato com essa área” completa.