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A coligação Pernambuco na Veia, encabeçada pela candidata ao Governo de Pernambuco Marília Arraes (SD), pediu à Justiça Eleitoral que casse a chapa formada por Danilo Cabral (PSB) e Luciana Santos (PCdoB) por usar a máquina pública na campanha e coagir funcionários públicos. A denúncia feita nesse domingo (25) também cita o governador Paulo Câmara e pede a inelegibilidade da dupla e do prefeito do Recife, João Campos, por oito anos. 

Há uma semana para as eleições, a queixa contra a Frente Popular foi motivada pelo vazamento da planilha 'Dia D', que reúne nomes de secretários estaduais e municipais, presidentes de empresas da Administração Pública e outros ocupantes de cargos de confiança, tratados como "voluntários" para trabalhar na campanha de Danilo Cabral no dia da eleição. 

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A lista distribuiu os servidores em cada uma das 11 zonas eleitorais da capital e ainda destaca o número de comissionados de cada pasta a serem convocados pelos seus secretários, além do uso de 792 veículos. O autor da planilha seria o secretário-executivo de Planejamento de Pernambuco, Adriano Danzi de Andrade, apontou a denúncia. 

A Ação de Pedido de Investigação Eleitoral incluiu o governador Paulo Câmara como um dos investigados e solicita que equipes de fiscalização sejam enviadas à Prefeitura do Recife e a órgãos do governo, especialmente à Junta Comercial e a Secretaria de Educação, onde teriam ocorrido ameaças a servidores comissionados e terceirizados por recusa a participar da agenda de campanha de Danilo. 

O governo do presidente Jair Bolsonaro inovou na prática de trocar verbas por votos no Congresso. Enquanto seus antecessores direcionavam esforços para cooptar o chamado baixo clero, o atual governo privilegiou "caciques" na Câmara e no Senado, dando ainda mais poder a esses políticos. É o que mostra uma planilha de controle de recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional, revelada anteontem pelo Estadão, que beneficiou 285 congressistas com R$ 3 bilhões de dinheiro extra, além dos recursos a que eles já têm direito para direcionar por meio de emendas.

Até mesmo quem não tem mandato, como o presidente do PSD, Gilberto Kassab, pôde indicar valores para obras. Um dos nomes fortes do Centrão, Kassab se tornou um conselheiro de Bolsonaro, mesmo tendo sido secretário da Casa Civil - pasta da qual permaneceu praticamente todo o tempo licenciado - do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), arqui-inimigo do presidente da República.

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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), é quem recebeu a maior fatia do dinheiro "extra" destinado a redutos eleitorais por indicação política. No comando da Congresso, Alcolumbre se tornou um fiel escudeiro do presidente e evitou que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) fosse alvo do Conselho de Ética após ser acusado de comandar um esquema de rachadinha quando era deputado estadual no Rio.

A divisão da bolada tem sido negociada pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. A planilha, informal e sem timbre, inclui repasses de recursos do Orçamento que não são rastreáveis por mecanismos públicos de transparência. A "caixinha" paralela das obras do Ministério do Desenvolvimento Regional soma R$ 3 bilhões e, de acordo com a planilha, embora atenda a indicações de 285 parlamentares, há uma concentração de R$ 1,77 bilhão apenas entre dez senadores e 15 deputados.

Ramos negou que as planilhas reveladas pelo Estadão sejam da Secretaria de Governo. "Seria até ofensivo, de minha parte, negociar voto em troca de cargos e emendas", disse ele.

Na condição de líder do Progressistas, Arthur Lira (AL), candidato de Bolsonaro na Câmara, aparece como tendo indicado R$ 109,6 milhões para obras em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.

No topo da lista, Alcolumbre teve aprovadas 44 indicações de repasses do governo federal em valores que totalizam R$ 329 milhões, considerando apenas as verbas extras do Desenvolvimento Regional. Numa comparação, o montante supera, com folga, os R$ 289 milhões que o governo reservou para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em 2021.

Presidente do PSD, Kassab pôde direcionar R$ 25 milhões para três obras. Uma parte desse valor (R$ 10 milhões) aparece na lista como tendo sido indicada por ele em conjunto com o deputado Domingos Neto (PSD-CE), relator do Orçamento no ano passado. Kassab consta na planilha a que o Estadão teve acesso como "deputado", cargo que não ocupa mais desde 2005. Ele e parlamentares do PSD destinaram ao todo R$ 608 milhões da planilha.

Fiador

Até parlamentares que não têm proximidade com o governo foram beneficiados após encontrarem um "fiador". E o maior deles é o presidente do Senado. Das verbas cujo destino ele pôde apontar, oito transferências, com valores somados de R$ 51,6 milhões, são listadas como de Alcolumbre ao lado de algum senador de oposição - a lista inclui nomes do PT e do PDT. O Estadão apurou que o valor corresponde a um acerto do próprio Alcolumbre com líderes do Senado feito no meio de 2020. Mesmo na oposição a Bolsonaro, as duas siglas anunciaram apoio a Pacheco na disputa no Senado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) admitiu que a liberação de verbas é um atrativo para sensibilizar parlamentares a apoiar o governo. "Tem uma sensibilização porque, se o parlamentar tem mais acesso, acaba sendo atendido. É evidente que, quando o governo tem essa sintonia e trabalha com municípios e Estados, tem uma tendência de que fique com o governo. Isso sempre foi assim mesmo em outros governos", afirmou.

Questionado sobre a falta de transparência quanto à autoria da indicação para os repasses, o líder do governo disse que é possível obter essas informações olhando as notícias e as postagens nas redes sociais. No entanto, ele reconheceu que seria conveniente "uma dinâmica mais clara" na divulgação.

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O deputado João Carlos Bacelar (PL-BA), que conseguiu R$ 70 milhões, afirmou ter buscado o governo e deixou claro que a liberação acontece somente após as negociações com o Planalto. Ele detalhou o "balcão de negócios" dizendo que chegou a procurar a Secretaria de Defesa Civil na busca de recursos contra a seca. "O secretário me disse que o recurso ‘aqui’ é zero. Então perguntei: ‘para que serve a secretaria?’ Ele me disse: ‘aqui só tem recurso se vier (com indicação) do palácio’."

O deputado Altineu Cortês (PL-RJ) negou qualquer influência política nos repasses - que, conforme determina a legislação, devem ser feitos por critérios técnicos. O senador Nelsinho Trad (PSD-MS) também disse não ter tratado de repasses com o governo.

Em nota, Kassab declarou que "as bancadas do partido têm autonomia para a discussão junto ao governo". Ele não respondeu sobre o dinheiro atrelado a seu nome. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma planilha da transportadora de valores que operou para a Odebrecht em São Paulo indica que ao menos 187 entregas de dinheiro a políticos, marqueteiros e agentes públicos foram consumadas na capital paulista, entre setembro de 2014 e maio de 2015. O arquivo, que é mantido sob sigilo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), revela os nomes dos intermediários que teriam recebido propina ou caixa 2 de campanha e os endereços onde os valores delatados há dois anos pela empreiteira foram pagos.

O Estado teve acesso à planilha, que foi entregue à Polícia Federal por Edgard Venâncio, ex-gerente operacional da Transnacional, empresa contratada pelo doleiro Álvaro José Novis para fazer os pagamentos da Odebrecht em São Paulo. O material é considerado um importante elemento de prova pela força-tarefa da Lava Jato, uma vez que alguns acusados que já foram presos, como o ex-marqueteiro do PT João Santana, confirmaram as datas e os valores que estão na planilha em delações premiadas.

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A reportagem cruzou os dados do arquivo da Transnacional com as planilhas fornecidas aos investigadores por Novis e as que foram apreendidas no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. Os 187 pagamentos cujas datas, valores e senhas coincidem estão vinculados a 57 codinomes criados pela empreiteira para ocultar a identidade do beneficiário final da propina. Somente entre setembro de 2014 e maio de 2015 foram pagos R$ 97,5 milhões em São Paulo.

A maior quantia no período foi direcionada ao codinome "Feira", atribuído a João Santana. Foram 26 entregas no valor total de R$ 18 milhões feitas para William Ali Chaim, operador do PT, e André Santana, assistente do publicitário. Chaim recebeu a maior parte dos repasses no apartamento 1.301 de um flat em Moema, onde ficou hospedado entre agosto e novembro de 2014. Além do endereço e do nome de Chaim, que está preso, a planilha da Transnacional traz o número de telefone celular dele.

O arquivo revela que emissários de políticos de todas as regiões do País viajaram a São Paulo para receber dinheiro da empreiteira em quartos de hotéis ou imóveis próprios. É o caso de Lourival Ferreira Nery Júnior, assessor do senador Ciro Nogueira (PP-PI). O nome dele aparece 11 vezes na planilha ao lado de cifras que chegam a R$ 6 milhões e os codinomes "Piqui" e "Aquário 2", vinculados ao senador. O local dos pagamentos foi um apartamento usado pelo filho dele em Perdizes, zona oeste da capital. À PF, dois ex-motoristas da Transnacional reconheceram o prédio como um dos locais de entrega.

Distribuição

Na lista da transportadora há pagamentos cujas senhas estão vinculadas aos codinomes atribuídos aos ex-senadores Romero Jucá (MDB-RR), R$ 1,5 milhão, e Edison Lobão (MDB-MA), R$ 1 milhão, ao ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), R$ 1,6 milhão, ao ex-deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP), R$ 1 milhão, e ao senador Jader Barbalho (MDB-PA), R$ 1,2 milhão. No caso do ex-senador José Agripino Maia (DEM-RN) a planilha mostra dois pagamentos ao assessor dele à época, Raimundo Junior, em um hotel na Consolação, região central - R$ 1 milhão.

Na lista aparecem nove entregas para o policial militar Sérgio Rodrigues Vaz, que era motorista de Jayme Rincón, tesoureiro da campanha do ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB). A maior parte dos R$ 4,8 milhões pagos, segundo a planilha, foi entregue no apartamento de Rincón, na região da Avenida Paulista. Uma portadora do senador cassado Delcídio Amaral (ex-PT-MS) chamada Elizabeth Oliveira teria recebido cinco entregas de R$ 500 mil em três hotéis da Vila Olímpia, na zona sul.

No mesmo bairro, os policiais militares que faziam as entregas à paisana pela Transnacional levaram, segundo os registros, nove encomendas no valor total R$ 4,5 milhões na sede da empresa de Bruno Martins Gonçalves Ferreira, que trabalhou na campanha da deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. As senhas são as mesmas que aparecem na planilha da Odebrecht vinculadas ao codinome "Coxa", atribuído a Gleisi.

Ali próximo, no Brooklin, outro R$ 1,8 milhão relacionado ao codinome "M&M", do ex-governador Geraldo Alckmin de São Paulo (PSDB), foi entregue na casa de Eduardo de Castro, assessor do ex-secretário e tesoureiro Marcos Monteiro. / COLABORARAM CECÍLIA DO LAGO e RICARDO BRANDT

'Delações sem comprovação'

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, que defende o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), os ex-senadores Romero Jucá (MDB-RR) e Edison Lobão (MDB-MA) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou que não há provas dos pagamentos ilícitos delatados pela Odebrecht. "São delações sem nenhum tipo de comprovação. Estamos num momento interessante de fazer o enfrentamento dessas delações que foram feitas sem nenhuma responsabilidade e homologadas sem que o Poder Judiciário tivesse exercido o poder real de controle. Até agora, de seis denúncias que foram feitas no STF, conseguimos rejeitar cinco."

A defesa do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que "ignora os fatos noticiados" e que ele "nunca recebeu qualquer valor a título de contribuição de campanha eleitoral que não tenha sido devidamente declarado nos termos da legislação eleitoral vigente".

O ex-senador José Agripino Maia (DEM-RN) não se manifestou, assim como as defesas do publicitário João Santana e do ex-governador Beto Richa (PSDB). O criminalista Antonio Figueiredo Basto, que defende o senador cassado Delcídio Amaral, não quis comentar.

O senador Jader Barbalho (MDB-PA) rebateu o conteúdo da planilha. "Não existe a menor possibilidade de isso ter acontecido. Considero esse assunto uma pilhéria. Um deboche." A defesa da deputada Gleisi Hofmann (PT-PR) disse que já se manifestou anteriormente sobre o caso e que não tem "comentários adicionais".

O advogado João dos Santos Gomes Filho, que defende Andrés Sanchez, disse que testemunhas não reconheceram o homem apontado como intermediário do petista. "É lamentável que uma prova de conhecimento negativa seja obnubilada por uma tentativa de fixar um endereço", afirmou.

A defesa de Álvaro José Novis, que fez acordo de colaboração, afirmou que "ele era apenas o operacional financeiro" e "não sabia quem era o destinatário final das entregas". O mesmo alegou a defesa do gerente da Transnacional Edgard Venâncio. A Odebrecht afirmou que "tem colaborado de forma eficaz com as autoridades em busca do pleno esclarecimento dos fatos narrados pela empresa e ex-executivos". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O executivo Benedicto Júnior, o BJ, delator da Odebrecht, entregou à Operação Lava Jato uma planilha com doações de R$ 246.612.801,00 de caixa 2 a 187 políticos do alto escalão e também do baixo clero. A farta distribuição de dinheiro ilícito atingiu os mais importantes partidos entre 2008 e 2014 e seus caciques.

Os investigadores suspeitam que parte dos valores repassados a título de doação de caixa 2, na verdade, era propina. Muitos políticos receberam em períodos que não disputaram eleição.

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O documento reúne apenas os repasses tratados por BJ. Nele não há referência a campanhas presidenciais, missão exclusiva de Marcelo Odebrecht, ex-presidente do Grupo.

Na Lista de BJ estão o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha (PMDB), o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o governador e São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o ministro Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD-SP) e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

A planilha de BJ é dividida em 11 colunas: Index - com o número de políticos que teriam recebido repasse -, Ano, Cargo, Estado/Município, Codinome, Nome, Intermediário do Político, Doação Caixa 2, Propósito, Pessoa de Contato e Observação.

Eliseu Padilha foi beneficiário de 8 repasses que totalizaram R$ 7,2 milhões, destinados à sua campanha para deputado federal em 2014. Codinome ‘Angorá’.

Outro ministro do Governo Temer, Moreira Franco (Secretaria da Presidência), recebeu R$ 4 milhões em três vezes em 2014. Segundo BJ, o intermediário dos repasses a Moreira ‘Primo’ Franco foi Eliseu Padilha.

Aécio, o ‘Mineirinho’, segundo a Lista de BJ, recebeu R$ 5,25 milhões de doação em caixa 2 para sua campanha ao Senado em 2010, em cinco transferências. Sem intermediários.

A Antonio Anastasia, codinome ‘Dengo’, foi atribuído o valor total de R$ 5,475 milhões para campanha de 2010 ao Governo de Minas. Foram 8 repasses ao tucano, hoje senador.

Para Anthony Garotinho foram 35 repasses no total de R$ 13,012 milhões, sob os codinomes ‘Bolinha’ e ‘Pescador’, para as eleições de 2008, 2010, 2012 e 2014.

A candidatura de Beto Richa (PSDB) ao Governo do Paraná, em 2010, recebeu, de acordo com a Lista de BJ, 5 transferência no montante total de R$ 900 mil. Fernando Ghignone foi apontado como intermediário.

Sob codinome ‘Nervosinho’, Eduardo Paes foi contemplado com 23 pagamentos que somaram R$ 16,120 milhões em doação por caixa 2, segundo BJ. Os repasses ocorreram em 2008, 2010, 2012 e 2014.

Geraldo Alckmin foi beneficiado em duas eleições, de acordo com a Lista de BJ: 2010 e 2014 quando se candidatou a governador. Neste período, foram 20 repasses, sob os codinomes ‘Belém’ e ‘M&M’, no total de R$ 9,6 milhões.

De acordo com o delator, os intermediários de Alckmin foram Adhemar Ribeiro, seu cunhado, e Marco Monteiro, tesoureiro da campanha de 2014. O vice de Alckmin, Márcio França, em 2010, sob codinome ‘Paris’, R$ 70 mil.

Para Gilberto Kassab foram 26 transferências em 2008 e 2014 sob os codinomes ‘Kibe’, ‘Chefe Turco’ e ‘Projeto’. O total: R$ 21.251.676,00.

Sérgio Cabral (PMDB) recebeu 41 transferência de doação a caixa 2 sob o codinome ‘Proximus’. Total: R$ 61.996.800,00.

O sucessor de Cabral, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), também ‘Proximus’, levou R$ 20,3 milhões em 2014.

O Ministério Público Federal (MPF) conseguiu decodificar parte de uma planilha de despesas do ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) pagas pelo suposto esquema de corrupção que o peemedebista teria chefiado durante seu governo apreendida pela Polícia Federal na Operação Eficiência. Procuradores da República que acompanham o caso contaram com a colaboração dos irmãos Marcelo e Renato Chebar, ex-operadores do esquema que fecharam acordo de delação premiada.

Responsáveis por enviar para o exterior milhões de dólares em recursos obtidos por meio de corrupção, os colaboradores detalharam gastos prosaicos do ex-governador, de custos médicos a recolhimento de impostos - tudo bancado com dinheiro sujo.

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Em depoimento, os irmãos Chebar revelaram que uma das anotações codificadas refere-se a despesa de R$ 1.500 para o tratamento psicológico da "mulher ou sogra" de Cabral. Também é listado o pagamento mensal de R$ 3.250 para aulas de equitação para um dos filhos do ex-governador, na Sociedade Hípica. A organização teria repassado, no total, R$ 19,5 mil para este fim.

A ex-sogra e a ex-cunhada de Cabral também aparecem na planilha como receptadoras dos recursos. O documento tem referências a Angela Neves e Nina Neves, ao lado dos bancos nos quais têm conta, com anotações de depósitos mensais de R$ 7.500 para cada uma. Somadas todas as vezes em que os seus nomes são citados, cada uma teria recebido R$ 37,5 mil do esquema, entre 2014 e 2015. Elas ainda não foram citadas em nenhuma denúncia.

Os Chebar relataram que o esquema dos repasses era sigiloso e complexo. Um dos operadores mais próximos de Cabral, Carlos Miranda, que está preso, entregava boletos bancários para que efetuassem pagamentos. Com o tempo, passaram a fazer os pagamentos em espécie. Segundo Marcelo Chebar, Miranda fazia os pedidos por um programa de mensagens criptografadas.

A defesa de Carlos Miranda afirmou que "todos os fatos relatados na denúncia serão esclarecidos". A defesa de Susana Neves disse desconhecer a planilha e não se manifestou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ao extenso pedido de prisão preventiva de Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) - acatado pelo juiz Sérgio Moro -, a Polícia Federal apontou para o `risco de fuga' do ex-ministro e anexou cópia de uma planilha que indica 26 repasses de propinas que somaram R$ 30,2 milhões para um personagem identificado por "Italiano". Segundo a PF, "Italiano" é Palocci.

Os pagamentos para o "beneficiário italiano", segundo os lançamentos da planilha, foram realizados em apenas seis meses, entre 30 de junho de 2010 e 14 de janeiro de 2011, tendo como destinatários personagens identificados por senhas folclóricas - tomate, orégano, massa, mortadela, peperone, bolonhesa, pene, "inhoc", carpaccio, calzone e outros.

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A tabela foi decifrada pela ex-secretária da Odebrecht, Maria Lúcia Tavares, que colabora com a Operação Lava Jato. Ela esclareceu que "todas as senhas utilizadas para as entregas de recursos em espécie vinculados ao codinome 'Italiano' tinham relação com a culinária da Itália e sua cultura gastronômica".

Palocci foi preso na Operação Omertà, 35º desdobramento da Lava Jato, segunda-feira, 26. Os investigadores suspeitam que Palocci recebeu um volume de R$ 128 milhões em propinas da Odebrecht.

Parte desse valor teria sido destinado ao PT. Omertà indica que ao menos US$ 11,7 milhões foram repassados para a conta na Suíça do publicitário João Santana, marqueteiro da campanha de Dilma Rousseff em 2010.

O pedido de preventiva de Palocci foi endossado pela força-tarefa da Procuradoria da República. Segundo os procuradores, Palloci, "mesmo depois de ter deixado de ocupar cargo público, continuou a tratar frequentemente com executivos da Odebrecht e a realizar reuniões em seu escritório ou em sua residência".

"Embora Antonio Palocci tenha alegado que em tais reuniões - realizada em sua empresa de assessoria - era solicitado a emitir opiniões acerca do cenário econômico, afirmou que não era contratado pela empresa para prestar assessoria", assinala a Procuradoria. "Por outro lado, é pública e notória a influência e o amplo acesso de Antonio Palocci às mais altas decisões adotadas na Administração Pública Federal, havendo fortes indícios de que tais encontros eram concretizados para defender ilicitamente os interesses da empresa, em troca de vantagens indevidas."

O criminalista José Roberto Batochio, defensor de Palocci, afirma que ele não é o "italiano" da planilha de propinas da Odebrecht. Segundo Batochio, os investigadores sustentam uma "ficção", "imaginação sherlockiana". O criminalista afirma que o ex-ministro não recebeu nenhuma propina da Odebrecht ou de qualquer outra fonte.

Responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, o juiz Sérgio Moro decidiu encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a planilha da Odebrecht que detalha pagamentos da empreiteira a mais de 300 políticos de todo o país, inclusive pernambucanos.

No despacho, o magistrado afirma que "é prematura qualquer conclusão quanto à natureza" dos dados e pagamentos identificados nos arquivos recolhidos pela Operação Acarajé na casa do executivo Benedicto Barbosa da Silva Júnior.

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O envio para a análise do STF se deu pelo foro privilegiado de diversos políticos citados na planilha. Na listagem aparecem tanto aliados ao governo quanto opositores. Entre as planilhas o que mais chamou a atenção foram os codinomes dados a alguns citados.

Na listagem, aparece o deputado federal Raul Jungmann (PPS), chamado de “bruto”; o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT), de “drácula”; o filho do deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB), Jarbas Vasconcelos Filho (PMDB) citado pelo codinome de “viagra”; o prefeito do Recife, Geraldo Julio é chamado de “neto”; o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), de “charada”; e o ex-prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB), de “cacique”. Todos negaram ter recebido doações ilegais.

 

O Ministério Público da Suíça confirmou à reportagem do jornal O Estado de S.Paulo que um "montante substancial" foi congelado em nome de João Santana em um banco do país. Por e-mail, a procuradoria suíça indicou que não daria nem o nome do banco e nem os valores congelados. Mas confirmou que o dinheiro está bloqueado. "Um montante substancial foi congelado por uma instituição financeira da Suíça", indicou o Ministério Público. "Nenhuma informação suplementar será dada neste momento", completou.

Os suíços já congelaram mais de 300 contas relativas ao escândalos da Petrobras e ampliaram as investigações diante de indícios de irregularidades com contas relativas à Odebrecht. No total, mais de US$ 400 milhões haviam sido identificados nos bancos suíços com origem suspeita, o que levou o MP local a admitir que o sistema financeiro havia sido afetado.

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As suspeitas sobre o financiamento de campanhas haviam surgido ainda em meados do ano passado na Suíça. Em agosto, procuradores brasileiros estiveram em Lausanne e informaram aos suíços que estavam em busca de indícios de um suposto pagamento de propinas para a campanha de Dilma Rousseff, em 2010. Eles ainda apuravam indícios de que a rede de pessoas beneficiadas por subornos seria maior do que se conhecia até aquele momento.

Parte do inquérito estava dirigido contra as empresas offshore supostamente criadas pela Odebrecht e com contas na Suíça. Desde então, a construtora passou a atuar nos tribunais suíços para tentar impedir que os extratos e documentos fossem enviados ao Brasil. Nesta segunda-feira, 22, foi deflagrada a 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de 'Acarajé', que tem como alvo o marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff de 2010 e 2014 e do ex-presidente Lula de 2006. João Santana, que está na República Dominicana, teve prisão temporária decretada.

A quebra do sigilo de um e-mail secreto do executivo Fernando Miggliácio, da empreiteira Odebrecht, levou a Operação Lava Jato à descoberta de uma planilha com dados relativos a repasses de valores para o PT e financiamento de campanhas eleitorais. Miggliácio está fora do País desde que o ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, foi preso, em julho de 2015, na Operação Erga Omnes.

Segundo os investigadores, a empresa 'blinda' Miggliácio, inclusive custeando suas despesas no exterior para mantê-lo à distância das autoridades. A Procuradoria da República chegou a pedir novo decreto de prisão de Odebrecht, mas o juiz federal Sérgio Moro não acolheu a solicitação.

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A planilha com dados de campanhas eleitorais que está de posse da Lava Jato foi criada por Maria Lúcia Guimarães Tavares, segundo os investigadores. Ela foi presa nesta segunda-feira (22) na Operação Acarajé, a 23.ª etapa da Lava Jato. "Era a pessoa responsável pelo controle das entregas dos 'acarajés', como os investigados chamavam os valores repassados", informou a Polícia Federal.

A PF afirma que o alvo da Acarajé não são crimes eleitorais, mas sim corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa relativos a desvios na Petrobras. As informações da planilha trazem detalhes de despesas eleitorais de 2008 a 2012.

A Operação Acarajé destaca que Maria Lúcia é funcionária de executivos da Odebrecht - Fernando Miggliácio, Hilberto Mascarenhas e Luiz Eduardo Rocha Soares, controladores de contas no exterior, do grupo.

O delegado da PF Filipe Hille Pace destacou que João Santana recebeu pelas campanhas eleitorais de 2008 e 2012 (municipais) e de 2010 e 2014 (presidenciais) mais de R$ 150 milhões. Segundo o delegado esses pagamentos são legais, foram declarados à Justiça eleitoral.

"Ele (João Santana) recebeu no Brasil valores de campanhas de 2010, presidencial, e 2014, campanha presidencial, e 2012, atual prefeito de São Paulo (Fernando Haddad) e a campanha municipal de 2008. Valores declarados que recebeu legalmente no Brasil. A gente espera que as buscas de hoje revelem o porque dos pagamentos no exterior. Chamou a atenção que ele (Santana) recebia tantos recursos no Brasil legalmente e precisaria esconder valores significativamente menores fora do Brasil. Quase R$ 50 milhões no Brasil. Por que 10% desse montante no exterior?"

O delegado disse que a Operação Acarajé quer saber o motivo de o marqueteiro ter recebido esse dinheiro fora do Brasil. Pelo menos US$ 3 milhões já foram identificados em contas nos Estados Unidos e na Inglaterra, em nome da offshore Shellbill Finance SA.

A Lava Jato tem elementos para acreditar que essa offshore era usada por Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, de forma não declarada, para recebimentos no exterior. Outros US$ 4,5 milhões foram repassados para essas contas entre 2013 e 2014, pelo operador de propinas Zwi Skornicki, preso nesta segunda-feira. Ele é ligado ao estaleiro Keppel Fels, contratado da Petrobrás.

Procurada, a Odebrecht confirmou operação da Polícia Federal em escritórios de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, para o cumprimento de mandados de busca e apreensão e disse estar à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento.

O vice-presidente Michel Temer (PMDB) reiterou nesta quarta-feira, 10, o ser falso o documento em que apareceu seu nome associado a valores de recursos desviados e que foi incorporado aos autos da Operação Lava Jato. A Polícia Federal encontrou uma planilha na sede da empreiteira Camargo Correa, com nome de políticos. O nome de Temer aparece duas vezes, cada uma ao lado do valor de US$ 40 mil. "É uma coisa realmente espantosa", disse.

"Eu fico, não vou dizer que fico enojado, porque seria muito grave, mas ela (a planilha) é absolutamente falsa. Inclusive é interessante que cita deputados de uma época em que eu não era deputado", disse ao deixar um evento na capital paulista.

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Entre outros políticos cujos nomes aparecem na planilha estão Mário Covas (PSDB), já morto e que foi governador de São Paulo entre 1994 e 2001, do também falecido deputado federal pelo PMDB nos anos 1990 e depois prefeito de Araçatuba pelo então PFL, Jorge Maluly Netto, e de José Aníbal (PSDB), então deputado e hoje suplente do senador eleito por São Paulo José Serra (PSDB).

Temer repetiu a resposta que havia dado através de sua assessoria de imprensa, de que jamais teve qualquer emenda parlamentar destinada às cidades de Araçatuba ou Praia Grande, como referido no documento apreendido.

"No passado, já houve uma coisa dessas e eu interpelei judicialmente. Recebi uma declaração do então advogado da Camargo Correa, que era nosso querido Marcio Thomaz Bastos, dizendo que não havia absolutamente nada", disse Temer em relação à apreensão de uma planilha que continha o nome de Temer durante a operação Castelo de Areia, em 2009, operação que acabou arquivada.

Em sua defesa, o vice-presidente argumentou ainda que o seu nome foi grafado de forma errada, aparece como "Michel Themer", no documento. "Acho que as pessoas sabem meu nome né?"

Questionado se teria um palpite sobre a origem do documento, Temer começou a responder mas interrompeu sua própria fala. "Não sei, só pode ser de... Aí eu não sei dizer, não quero dizer nada em relação a diretores da Camargo Correa, mas acho que é de uma irresponsabilidade sem tamanho." A planilha foi apreendida e juntada aos autos da Lava Jato, mas a Polícia Federal não fez qualquer análise do documento, por terem os citados e ainda vivos foro privilegiado.

Afastamento de diretores

 

Sobre a fala do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sugerindo o afastamento de toda a diretoria da Petrobras, Temer disse considerar importante o papel firme do procurador. Apesar dessa ressalva, disse que a fala de Janot pode ser levada em consideração, mas que a decisão é do Executivo federal. Temer fez ainda uma observação em favor da presidente da estatal, Graça Foster. "O que tem se dito até agora é que não há responsabilidade, pelo menos, da presidente Graça Foster."

Anistia

Michel Temer confessou ainda não ter tido tempo de ler o relatório da Comissão Nacional da Verdade, entregue hoje à presidente Dilma Rousseff. Perguntado sobre o que acha da possibilidade de se rever a Lei de Anistia, disse apenas achar que "mexer no passado é uma coisa um pouco complicada". Mas disse que examinará o documento produzido pela CNV em detalhe assim que for possível.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divulgou, nesta quinta-feira (28), os resultados da apreciação de propostas de cursos novos de 2012. As propostas foram analisadas durante reunião do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES), realizada no período de 19 a 21 de março deste ano, em Brasília. As fichas, com os pareceres das propostas recomendadas e das não recomendadas, encontram-se disponíveis no portal da Capes. Outras propostas ainda estão em processo de análise.

Acesse AQUI os resultados.



 































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