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Senadores querem aumentar os valores a serem repassados para Estados e municípios com o megaleilão do petróleo, previsto para novembro. Há uma articulação para que a divisão do bônus de assinatura ocorra antes do pagamento da dívida do governo com a Petrobrás. Com isso, o total de recursos destinados a governadores e prefeitos chegaria a quase R$ 32 bilhões, R$ 10 bilhões a mais do que prevê o governo e a proposta aprovada na Câmara.

O leilão será realizado em 6 de novembro e tem outorga de R$ 106,561 bilhões. Desse total, a Petrobrás ficará com R$ 33,6 bilhões, e Estados e municípios terão R$ 21,7 bilhões, de acordo com o texto aprovado pelos deputados.

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O Senado discute fazer o pagamento do bônus antes do pagamento à petroleira. Neste caso, o valor líquido que sobraria para a União diminuiria de R$ 51,07 bilhões para R$ 40,99 bilhões. A demanda foi apresentada por parlamentares ao relator da proposta no Senado, Cid Gomes (PDT), que promete concluir o parecer até o fim da semana que vem.

O relator não mexerá nos porcentuais, mas está considerando revisar o valor total da distribuição. "Essa é uma demanda que existe de alteração do que foi aprovado na Câmara. Como relator, tenho que expressar uma média do pensamento do Senado", declarou o parlamentar ao Estadão/Broadcast. A proposta faz parte do pacto federativo que senadores exigem votar antes da reforma da Previdência na Casa.

Com a alteração, a proposta teria que voltar para a Câmara. A estratégia é aprovar um texto antes de novembro, para que Estados e municípios recebam os recursos logo após o leilão. A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet, se comprometeu em pautar a PEC logo após o relator concluir seu parecer. Uma das possibilidades é votar o texto no dia 28 de agosto.

Divisão. A União definiu em R$ 106,5 bilhões o valor do bônus de assinatura que será pago pelas empresas vencedoras no megaleilão. Dentro da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento Impositivo, a Câmara aprovou uma partilha em que Estados ficariam com 15% dos recursos e municípios com outros 15%, descontada a quantia devida pela União à Petrobrás.

Se o valor devido pela União para a Petrobrás entrar na conta, os Estados ficariam com R$ 15,98 bilhões e outros R$ 15,98 bilhões iriam para os municípios. Caso prevaleça o texto que passou na Câmara, seriam destinados R$ 10,9 bilhões para governos estaduais e R$ 10,9 bilhões para prefeituras.

Além das mudanças na divisão do bolo, o relator deve definir critérios para a distribuição de recursos entre os Estados e municípios. Ele disse acreditar que o texto aprovado na Câmara é omisso em relação a isso e que a dúvida em relação à maneira como serão destinados os valores para cada Estado e cada município do País só vai atrasar a chegada do dinheiro nos caixas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou nesta quarta-feira, 12, o edital da 6ª Rodada de Partilha de Produção do Pré-sal, prevista para 7 de novembro. Agora, o Tribunal de Contas da União (TCU) terá até 90 dias para dizer se aprova o documento.

Em reunião antecipada para cumprir prazos do leilão, a diretoria da ANP informou nesta quarta-feira que o edital definitivo precisa ser publicado até 16 de setembro. Algumas modificações foram realizadas, informou a diretoria, após a realização de consulta e audiências públicas. Ao todo foram 410 contribuições de sete agentes interessados, sendo 399 sugestões para o contrato e 11 para o pré-edital.

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Ficou estabelecido que o conteúdo local exigido dos vencedores do leilão será o mesmo de áreas adjacentes que já foram vendidas.

Os vencedores terão que aderir a um Termo de Compromisso de Adesão aos Acordos de Individualização da Produção (AIPs) nos campos Cruzeiro do Sul, Sudoeste de Sagitário e Norte de Brava. Além desses, serão ofertados ainda no leilão os campos de Aram e Bumerangue.

"Nos contratos as alterações foram bem simples, a gente basicamente trouxe para a cesta de Partilha o que a ANP já tinha aceitado na 16ª Rodada de Licitações", explicou a superintendente da área de Promoção de Licitações, Heloísa Borges, citando por exemplo a redução do número de contratos. "A gente sempre mandava quatro minutas e ficava confuso. Consolidamos em duas minutas, uma com a Petrobras como operadora e outra da Petrobras sem ser operadora", completou.

A Petrobras já informou que pretende lançar mão da sua prerrogativa de ter 30% em campos da sua escolha, como determina a lei da partilha de produção, e informou à ANP que pretende participar com das áreas de Aram, Sudoeste de Sagitário e Norte de Brava.

O seminário técnico foi marcado para 30 de julho e o seminário ambiental e jurídico-fiscal está previsto para setembro, mas ainda sem data.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, aceita distribuir uma parcela dos R$ 106 bilhões previstos com o megaleilão do pré-sal com os Estados desde que haja avanço na votação da reforma da Previdência. Uma das alternativas em discussão é dividir até 20% do chamado bônus de assinatura, que é o pagamento que a empresa ganhadora fará ao governo quando assinar o contrato de exploração da área leiloada.

A discussão faz parte das negociações que estão em andamento para a mudança da emenda do teto de gasto, o limitador do crescimento das despesas e principal âncora da política fiscal brasileira.

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Como antecipou o Estado, a mudança da emenda é necessária para que haja o pagamento de R$ 33,6 bilhões (US$ 9 bilhões) que a União deve à Petrobrás pela revisão da chamada cessão onerosa de exploração do pré-sal.

Em 2010, a União e a Petrobrás assinaram o acordo da cessão onerosa, que permitiu à estatal explorar 5 bilhões de barris de petróleo na bacia. À época, a Petrobrás pagou R$ 74,8 bilhões. A estimativa do governo federal, porém, é que a área pode render mais 6 bilhões de barris, e, diante disso, a União pretende fazer um megaleilão do volume excedente, marcado para o fim de outubro.

A alteração no teto será feita na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Orçamento impositivo em tramitação na Câmara. A PEC, que engessa ainda mais o Orçamento e torna obrigatório o pagamento de despesas como as emendas parlamentares de bancada, foi aprovada no Senado com modificações e retornou à Câmara. Se houver mudanças, o texto terá que ser votado também no Senado.

A negociação é delicada para a área econômica enfrenta dificuldades no Orçamento e esses recursos são fundamentais para fechar as contas públicas e há resistências dentro da própria equipe de fazer a partilha do bônus de assinatura. Há uma preocupação também com o risco de parlamentares aproveitarem a mudança no teto de gasto para incluir outras exceções no limite de despesas. Já existe um movimento para retirar do teto também os gastos com investimentos.

Fundo Social. O ministro Paulo Guedes já tinha acenado com a distribuição de até 70% das receitas do Fundo Social do pré-sal, abastecido com o dinheiro dos royalties e participações especiais. Um integrante da equipe econômica destacou ao Estado que não é possível fazer a divisão do bônus de assinatura num patamar elevado devido à necessidade do ajuste fiscal e redução do rombo nas contas públicas.

A fonte lembrou que tem havido muita confusão de entendimento dos dois temas: o bônus de assinatura e o fundo social do pré-sal. O governo vai precisar incluir o pagamento à Petrobrás na lista de exceções de despesas no limite do teto.

Hoje, só ficam fora do teto as transferências constitucionais, créditos extraordinários, capitalização de empresas estatais e gastos da Justiça com as eleições.

Sem essa exceção nas regras, o Tesouro não poderia fazer o pagamento à Petrobrás porque esse gasto é considerado uma despesa que impacta no resultado primário - que não leva em conta as despesas com o pagamento de juros - e não há espaço no teto para acomodar volume de recursos tão elevados devidos pela União à Petrobrás. O pagamento previsto no acordo de revisão da cessão onerosa é necessário para a realização do leilão do excedente dos barris de petróleo encontrado na área da cessão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo deve lançar até junho um pacote de medidas para promover a abertura do mercado de gás, disse o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O programa deve se chamar "Novo Mercado de Gás", e os trabalhos serão conduzidos de forma coordenada com o Ministério da Economia. O plano será a tentativa de cumprir a promessa do "choque da energia barata", anunciado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro disse que informações e estudos já apresentados ao longo da formulação do programa Gás para Crescer, lançado no governo do ex-presidente Michel Temer, serão aproveitados. Segundo ele, é difícil, porém, garantir uma redução de 50%, como Guedes afirmou. A ideia é elevar a competitividade da indústria brasileira a partir da exploração do gás das áreas do pré-sal.

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"Não sei se será uma redução de 50% do custo do gás, porque é muito difícil quantificar isso, mas o objetivo é que o valor da energia gerada pelo gás seja competitivo", acrescentou.

O ministro reconheceu que as ações dependem de outros órgãos, como a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), da Petrobrás e de outras empresas do setor, como as distribuidoras que, em muitos casos, possuem participação acionária de governos estaduais.

Albuquerque também foi questionado sobre a possibilidade de concessão de subsídios para a expansão de gasodutos. Uma emenda incluída em um projeto de lei já aprovado no Senado e em tramitação na Câmara destina 20% dos recursos do fundo social do pré-sal, destinado à saúde e educação, para o Brasduto, fundo que faria empréstimos subsidiados para a construção dessas estruturas.

O ministro disse, porém, que ainda não há uma posição formada sobre essa emenda. "Isso não estava no projeto de lei original", disse.

O governo quer marcar para meados de junho de 2019 a data do megaleilão de petróleo na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), colegiado de ministros liderado pelo Ministério de Minas e Energia (MME). A reunião do CNPE está marcada para o dia 17 deste mês.

O Tribunal de Contas da União (TCU) também deve julgar na próxima quarta-feira a análise da revisão do contrato da chamada cessão onerosa, acordo fechado entre a União e Petrobrás em 2010. O acordo permitiu à Petrobrás a exploração de petróleo em campos do pré-sal, na Bacia de Santos. A expectativa do governo é que o tribunal possa dar sinal verde para a assinatura do aditivo.

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A definição da data será o primeiro passo para o leilão e, ao mesmo tempo, servirá como data-limite para que União e Petrobrás cheguem a um acordo sobre os termos da revisão do contrato de cessão onerosa. Depois de mais de dois anos de negociação entre as partes, a estratégia é agilizar as negociações, mesmo sem a aprovação do projeto de lei pelo Senado, que destrava a negociação de revisão do acordo. O governo não conta mais com a aprovação do texto.

O acordo de cessão onerosa permitiu à estatal explorar 5 bilhões de barris de petróleo, sem licitação. Em troca, a empresa pagou R$ 74,8 bilhões à União. Durante a exploração, no entanto, viu-se que a área tem muito mais do que 5 bilhões de barris e é o óleo que excede esse volume que o governo pretende licitar. Autoridades têm estimado que um leilão dos excedentes da cessão onerosa poderia arrecadar cerca de R$ 100 bilhões ao governo em bônus de assinatura, além de gerar arrecadação futura para a União, uma vez que a licitação ocorreria no modelo de partilha de produção. Nesse regime a União fica com parte do óleo produzido.

Há preocupação no governo em aprovar o leilão ainda neste ano, para evitar que todos os detalhes que dizem respeito ao tema sejam rediscutidos no ano que vem. A revisão do contrato e o leilão do excedente caminham juntos, e, caso o pré-acordo não seja fechado até o fim deste ano, há risco de que todas as discussões e o trabalho realizados sejam perdidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Pré-Sal Petróleo (PPSA) realizará nesta sexta-feira, 31, na B3, o leilão para venda de três lotes com parte do petróleo explorado na região do pré-sal, ao qual a União tem direito nos contratos de regime de partilha. O petróleo ofertado ao mercado é oriundo da Área de Desenvolvimento de Mero (Libra) e dos campos de Lula e Sapinhoá, todos localizados no pré-sal da Bacia de Santos. Os lotes poderão ser adquiridos individualmente, em contratos de 12 meses ou 36 meses. Em três anos, os contratos somam um total de 14,4 milhões de barris, o que poderia gerar para a União uma arrecadação de R$ 3,1 bilhões no leilão desta sexta.

As empresas Shell Brasil, Total E&P Brasil, Repsol Sinopec e Petrobras estão habilitadas a participar do leilão.

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Este é o segundo leilão de petróleo da União promovido pela PPSA. Na primeira tentativa de venda, realizada em 30 de maio, não houve lances, apesar da inscrição da Shell no certame. Na ocasião, as empresas do setor consideraram que os volumes ofertados e os tempos de contrato não eram atrativos o bastante. De lá para cá, os prazos dos contratos foram ampliados da proposta original de 12 meses para 36 meses, e o volume de petróleo subiu de 2,8 milhões de barris para 14,4 milhões de barris, visando à atração de mais interessados.

Pelas novas regras do edital, os lotes receberão lances, inicialmente, para contratos de 36 meses. Se algum lote não for comercializado na primeira rodada, ele será oferecido novamente em uma segunda rodada, mas dessa vez em um contrato de 12 meses. A expectativa do governo é de receber lances já na primeira etapa do leilão, para os contratos de 36 meses, já que as empresas haviam sinalizado interesse em contratos de maior duração e previsibilidade. Os lotes serão arrematados pelas empresas que oferecerem o maior valor pelos barris, a partir do preço de referência estabelecido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Se, depois disso, algum lote permanecer não arrematado, o edital prevê a possibilidade de uma nova oferta, agora com deságio, e válida para contratos de 12 meses.

Lotes

De acordo com informações da PPSA, na Área de Desenvolvimento de Mero, para o período de 36 meses, a produção estimada da União que será leiloada é de 10,6 milhões de barris de petróleo. Para o período de 12 meses, a produção estimada é de 1,8 milhão de barris de petróleo. A 170 quilômetros do litoral do Estado de Rio de Janeiro, a área é explorada por um consórcio formado pela Petrobras (operadora, com 40%), Shell (20%), Total (20%), CNPC (10%) e CNOOC (10%).

Em Sapinhoá, para o período de 36 meses, a produção estimada da União que será leiloada é de 600 mil barris de petróleo e para 12 meses, de 115 mil barris de petróleo. A área é explorada por um consórcio formado pela Petrobras (operadora, com 45%), Shell (30%) e Repsol (25%).

E em Lula, para o período de 36 meses, a produção estimada da União que será leiloada é de 3,2 milhões de barris de petróleo e para 12 meses, de 1,1 milhão de barris de petróleo. O Campo de Lula, do consórcio BM-S-11, é operado pela Petrobras (65%), com os sócios Shell (25%) e Petrogal (10%). (Colaborou Denise Luna)

O Tribunal de Contas da União (TCU) criou uma regra de transição para, na prática, retirar o obstáculo que havia criado para a realização de leilões do governo federal até o fim deste ano. Isso destrava o leilão da área excedente do pré-sal, que pode render cerca de R$ 100 bilhões à União.

A determinação recente do tribunal era de que o governo teria de enviar informações sobre os leilões com 150 dias de antecedência da publicação dos editais. A decisão de quarta-feira (4) do TCU é de que a nova exigência só valerá a partir de 2019, abrindo a possibilidade de o governo federal realizar até o fim do ano o leilão de excedente da cessão onerosa, que ficaria inviabilizado se o prazo fixado pelo TCU há duas semanas passadas lhe fosse aplicado, como revelaram o jornal O Estado de S. Paulo e o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado). A notícia fez as ações da Petrobrás subirem 5,4% (PN) e 4,8% (ON) no pregão de quarta-feira.

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"Saudamos a decisão do TCU. Vamos programar leilão do óleo excedente da cessão onerosa para 29 de novembro", afirmou o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Félix, após a decisão do tribunal de contas.

A licitação do petróleo excedente do pré-sal pode render R$ 100 bilhões em bônus de outorga ao governo. É com o dinheiro arrecadado nessa disputa que a União pretende pagar a Petrobrás pela revisão do contrato da cessão onerosa.

O acordo foi fechado pela Petrobrás com a União em 2010 e permitiu à estatal explorar 5 bilhões de barris de petróleo em campos do pré-sal, sem licitação. Em troca, a empresa pagou R$ 74,8 bilhões. Nos anos seguintes, porém, a cotação do barril de petróleo caiu muito, motivada por tensões geopolíticas e preocupações quanto ao desempenho da economia, entre outros fatores. Em razão disso, a Petrobrás alega que pagou à União um valor muito alto no acordo de 2010 e argumenta ter direito de ser ressarcida.

Na quarta-feira, 04, a corte de contas decidiu adiar a vigência da regra para 2019, o que vai permitir ao governo fazer o leilão ainda neste ano. A data de 29 de novembro não foi escolhida à toa. Os editais normalmente preveem que os vencedores do leilão paguem o bônus de outorga 30 dias após a data da licitação. Por isso, para que o dinheiro entre ainda neste ano, ele deve ser pago até o dia 28 de dezembro, uma sexta-feira.

Conforme publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) na semana passada, o governo ainda não tem as informações sobre o leilão do óleo excedente da cessão onerosa prontas para o envio, nem está próximo de concluir o levantamento de todos os dados necessários. Entre os dados estão a descrição do objeto a ser desestatizado, a previsão de valor de investimentos, relevância e localização do objeto e cronograma da licitação.

Projeto

Na quarta-feira também a Câmara dos Deputados encerrou a votação do projeto que trata das condições da revisão desse acordo. Foram rejeitados todos os destaques - emendas que modificavam o texto apresentado pelo relator, deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE), ex-ministro de Minas e Energia (MME). A proposta agora segue para votação no Senado.

Para que o projeto de lei passe a ter validade, ele ainda precisa ser votado no Senado e, depois, sancionado pela Presidência da República. O texto-base do projeto de lei havia sido aprovado há duas semanas, mas ainda faltava concluir a votação dos destaques, que poderiam mudar o teor da proposta.

A proposta traz uma redação mais clara para os pontos em que não havia consenso e afasta "zonas cinzentas" do contrato, dando conforto para que integrantes do governo e da Petrobrás possam assinar a revisão sem questionamentos futuros. Fontes consultadas pela reportagem disseram que a proposta torna o acordo "objetivo e viável", já que o contrato original era mal redigido e dava margem para interpretações diferentes.

Entre outros pontos, o projeto permite que a Petrobrás possa vender até 70% dos 5 bilhões de barris a que tem direito na área para outras empresas. A proposta também dispensa os consórcios dos quais a Petrobrás participa de seguir as regras da Lei das Estatais para a compra de itens, produtos e serviços. Isso vai liberar os consórcios para aquisições a partir de convite a uma lista de fornecedores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O plenário da Câmara dos Deputados pode votar nesta terça-feira (19) projeto que autoriza a Petrobras negociar ou transferir parte de seus direitos de exploração de petróleo do pré-sal na área cedida onerosamente pela União. 

Atualmente, a legislação concede exclusividade à petrolífera no exercício das atividades de pesquisa e lavra de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos nessas áreas, e proíbe, expressamente, sua transferência.

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Pelo texto do Projeto de Lei (PL) 8939/2017, a Petrobras terá de manter 30% da participação no consórcio formado com a empresa parceira e a Agência Nacional de Petróleo (ANP)  e terá de conceder autorização prévia e expressa. O projeto determina ainda que a Petrobras e a ANP publiquem, previamente, as motivações técnicas, econômicas e jurídicas que balizaram suas decisões.

Segundo a medida, além dessas condições, também será exigido que sejam mantidos o objeto e as condições contratuais e que o novo cessionário atenda a todos os requisitos técnicos, econômicos e jurídicos estabelecidos pela ANP. 

De acordo com o autor do projeto, deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), a proposta não impõe a obrigatoriedade de a Petrobras negociar os campos contratados no regime de cessão onerosa. “Na verdade, somente será retirada uma amarra, tornada prejudicial pelos infortúnios que se abateram sobre a empresa, que a impede de manejar livremente seus ativos de forma a otimizar a receita”, afirmou o deputado ao justificar a proposta. 

Fake News

Conhecidas por “Fake News”, a reprodução e veiculação de notícias falsas também estarão em debate nesta terça-feira, a partir das 9h30. O plenário da Câmara se reunirá em comissão-geral para discutir o tema. Foram convidados o presidente da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), Márcio Novaes, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luiz Fux, o diretor de Políticas Públicas do Google, Marcel Leonard, entre outros.

Cadastro Positivo

Na pauta do plenário da Câmara há mais de um mês, o Projeto de Lei Complementar (PLP) 411/17 prevê a inclusão automática de consumidores no Cadastro Positivo. Com o texto-base da proposta aprovado no início de maio, deputados ainda precisam votar os destaques -  propostas de alteração ao texto – para que a medida volte à apreciação do Senado (casa de origem).

O deputado Walter Ihoshi (PSD-SP) disse que a perspectiva da proposta é incluir 100 milhões de consumidores no Cadastro Positivo. O banco de dados deve substituir o cadastro que já existe, mas, por ser optativo, não funciona na prática. Atualmente, o sistema reúne 6 milhões de consumidores.

Ritmo lento

A pauta de votações da Câmara dos Deputados e do Senado tem caminhado em ritmo lento nas últimas semanas, em virtude da proximidade das eleições, da Copa do Mundo da Rússia e das festas juninas no país.  

Dessa forma, projetos polêmicos têm sido evitados pelos parlamentares, entre eles as propostas anunciadas pelo governo, por meio de medidas provisórias (MPs), para os caminhoneiros. As MPs aguardam para serem debatidas nas comissões mistas criadas para tratar do tema. O projeto de lei que regulamenta o transporte rodoviário de cargas no país (PL4860/16), previsto para ser discutido, não foi colocado em pauta nesta semana pelo presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Apontada como uma das grandes prioridades do governo federal para este ano, a revisão do contrato que transferiu à Petrobras o direito de explorar, sem necessidade de licitação, 5 bilhões de barris em seis áreas do pré-sal da Bacia de Santos - operação que ficou conhecida como cessão onerosa - travou na questão de o pagamento de todas obrigações estar atrelado à moeda norte-americana. O acordo é pré-requisito para o megaleilão do pré-sal, que pode arrecadar até US$ 100 bilhões, pela estimativa do governo. Segundo cálculos preliminares, somente no caso das dívidas tributárias da Petrobras com a União, a diferença em utilizar dólar ou real seria de R$ 6,5 bilhões.

"Só resta superar a divergência em torno da moeda de referência", confirmou o ministro das Minas e Energia, Moreira Franco, sem entrar em detalhes. O MME, o Ministério da Fazenda e a Advocacia Geral da União tentam resolver o impasse. O ministro admite que as negociações estão, "no momento, em ritmo mais lento". O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), explicou que o total de reservas de petróleo nos seis blocos da cessão onerosa deve atingir 17 bilhões de barris. Além dos 5 bilhões já em exploração pela Petrobras, outros 2 bilhões de barris seriam repassados pela União à empresa no encontro de contas. Os 10 bilhões de barris restantes seriam ofertados à iniciativa privada no leilão que o governo tenta fazer ainda na gestão de Michel Temer.

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A reportagem apurou que, em relação à parte do pagamento da União à Petrobras, o entendimento está avançado. O repasse à empresa dos barris adicionais tem cotação em dólar. No mercado internacional, o barril de petróleo está em queda, mas a cotação internacional serve apenas como referência. No acordo celebrado em 2010, por exemplo, o preço do barril variava em cada campo, indo de US$ 5,82 a US$ 9,04. Já a taxa de câmbio usada na época foi R$ 1,7588 para cada dólar.

A Petrobras, por sua vez, será tributada sobre todos os ativos. O governo quer que essa dívida também seja atrelada ao dólar, com conversão feita no momento do pagamento do tributo, outro entrave. O ex-presidente da estatal, Pedro Parente, vinha tentando fechar um acordo desde que assumiu o cargo, em 2016. As conversas evoluíram a ponto de o executivo declarar, há dois meses, que estavam bem perto do entendimento. Pela Petrobras, a questão será agora negociada com Ivan Monteiro, que substituiu Parente na presidência da empresa, onde é também diretor financeiro.

Segundo fontes que acompanham o impasse, a Petrobras alega que a legislação brasileira não prevê tributação em moeda estrangeira e, com o argumento de que a lei se sobrepõe aos acordos, propôs que a dívida seja fixada em reais. Procurada, a Petrobras diz que não comenta negociações em curso.

A equipe econômica estuda um mecanismo para pagar à Petrobras sua parte na revisão do contrato sem passar pelo teto de gasto - o limitador de despesas da União atrelado à variação da inflação. O problema para o governo é registrar no Orçamento a despesa do pagamento devido à restrição do teto, que impõe um limite fixo de despesas no ano. Como os valores são muito elevados, o registro do pagamento tomaria o espaço de outras despesas, exigindo novos cortes em outras áreas.

Um dos mecanismos em análise é considerar o pagamento como dívida existente e registrá-la como gasto financeiro, que não entra na conta. Alguns integrantes da área econômica avaliam que é possível enquadrar a revisão nos moldes do que acontece numa concessão, por exemplo as de rodovias.

No caso da Petrobras, a solução poderá ser autorização para um volume maior de extração de óleo - uma negociação que não passaria pelo Orçamento, mas que exigiria mudança legal. A possibilidade de dividir o pagamento em três parcelas também está em análise. O pagamento à Petrobras "por fora" do Orçamento não é bem visto por um grupo grande de técnicos do Ministério da Fazenda que veem nesse modelo uma tentativa de "contabilidade criativa". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Do crescimento vertiginoso do supercampo de Lula, na Bacia de Santos, em 2017, nasceram dois "novos ricos" do petróleo - os municípios de Maricá e Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Juntas, as cidades receberam R$ 1,5 bilhão em compensações financeiras pela exploração dos seus recursos naturais, 130% mais do que em 2016. O dinheiro está sendo destinado a grandes obras que não saíam do papel por falta de caixa dos municípios e eram reivindicações antigas dos moradores.

Além disso, as prefeituras criaram fundos especiais que só vão poder ser acessados no futuro, quando a receita do petróleo se esgotar. Maricá e Niterói querem evitar erros cometidos no passado por cidades do norte fluminense, que ficaram famosas por esbanjar os royalties com projetos supérfluos, "de maquiagem" da paisagem urbana.

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São casos como o de Rio das Ostras, que gastou milhões para construir um calçadão de porcelanato em sua orla e como o de Campos dos Goytacazes, que construiu a própria "Disney" e um sambódromo, apesar de não ter tradição em carnaval.

Prefeito de Macaé, que há três anos perdeu para Maricá a liderança num ranking dos mais beneficiados pelos royalties da Petrobras, Aluizio dos Santos Júnior (PMDB), o dr. Aluizio, diz que se arrepende de não ter investido mais em infraestrutura.

"Dinheiro do petróleo é muito bom, mas passa. Gostaria de ter investido mais em saneamento básico, numa universidade forte. O que fica são as obras de infraestrutura, mobilidade e educação", afirmou.

Risco

Macaé precisou do royalty para sustentar a presença de grandes empresas, como a estatal e as fornecedoras. "Mas municípios menores, que não têm relação direta com o setor e que não têm muitos projetos, acabaram gastando com bobagens. Esse é o risco", destacou Edmar Almeida, professor do Grupo de Economia da Energia (GEE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Com 160 mil habitantes, Maricá foi a cidade que, em 2017, recebeu mais compensações financeiras da Petrobrás. Sua infraestrutura e o acesso a serviços básicos são muito precários. Apenas 4% da população têm acesso a saneamento e 35%, a água potável.

Desde que o dinheiro do petróleo começou a entrar, a prefeitura aproveitou para colocar a casa em ordem, o que inclui desde a construção de um hospital de grande porte a um novo cemitério.

O secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão de Maricá, Leonardo Alves, conta que a prefeitura foi notificada pelo Ministério Público e pela Polícia Federal porque, sem espaço no cemitério antigo, corpos estavam ficando expostos. Apenas agora, com o dinheiro do petróleo, o problema pode ser resolvido.

"A gente conta que vai receber o dinheiro do campo de Lula por mais 15, 18 anos. Mas não estamos na dependência dessa captação. Não precisamos desse dinheiro para o nosso custeio", disse Alves.

Infraestrutura

Em Niterói, segunda maior economia do Estado do Rio, a lógica é a mesma: o foco são os investimentos em saneamento, pavimentação, educação, saúde e segurança.

Com o dinheiro da Petrobras, a prefeitura está construindo, por exemplo, estruturas de contenção para evitar deslizamento de encostas de morros, como os que ocorreram em 2010, em que dezenas de pessoas morreram.

No Morro do Estado, na região central do município, a obra é esperada há mais de oito anos. "Moro aqui há 52 anos. É o lugar da minha vida toda. Para mim, é uma grande coisa essa obra. Essa é minha ida e vinda", diz a moradora Vilma dos Santos, de 79 anos, apontando para as ruas da favela, ao lado de vizinhos.

O governo elevou a estimativa de arrecadação com o leilão de pré-sal realizado na última sexta-feira (27). As projeções passaram de R$ 400 bilhões para R$ 600 bilhões em royalties, imposto de renda e, principalmente, na parcela da produção de óleo que será repassada pelas empresas à União.

A nova estimativa leva em conta os ágios superiores a 200% no volume de óleo que será destinado à União. "Teve gente dizendo que o leilão não arrecadou o previsto porque só se olhou o bônus de assinatura. Mas a arrecadação total mostra que (o retorno) será avassaladoramente superior. (O leilão) foi um sucesso mais que estrondoso", afirmou o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, após participar de evento da Fundação Getulio Vargas (FGV). O bônus de assinatura é uma espécie de pedágio pago à União pelo direito de explorar e produzir petróleo e gás nas bacias brasileiras.

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A afirmação de que o resultado do leilão ficou abaixo da expectativa partiu do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Na sexta-feira, 27, ele avaliou que "existem leilões que dão um resultado um pouquinho melhor e outros que dão um resultado pior" e que o desempenho das rodadas de pré-sal ficou "R$ 1 bilhão abaixo do esperado".

Em sua avaliação, Meirelles considerou o bônus de assinatura pago pelas empresas petroleiras - o total seria de R$ 7,75 bilhões se as oito áreas oferecidas tivessem sido vendidas, mas o valor ficou em R$ 6,15 bilhões, porque não houve interessados em duas áreas.

Nos leilões de pré-sal - que seguem o modelo de partilha de produção-, o critério de definição do vencedor, no entanto, não é o pagamento imediato do bônus, definido previamente em edital, mas o compromisso de repasse da maior parcela de lucro para a União.

Segundo a ANP, os R$ 600 bilhões que vão ser arrecadados nas seis áreas leiloadas começarão a entrar no caixa do governo a partir do início da produção, o que deve acontecer no prazo de cinco a sete anos. Na prática, significa que os ganhos aparecerão a partir de 2022 e vão durar até 2054.

Modelos

Se o leilão seguisse os mesmos critérios usados para vender pós-sal, os ganhos para o governo seriam praticamente imediatos, porém, seriam menores no longo prazo. Com a área de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, por exemplo, o governo arrecadou R$ 15 bilhões em bônus de assinatura.

Mas, para o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, o modelo de partilha da produção, adotado no último leilão "se mostrou bastante proveitoso e exitoso". Ainda assim, ele afirma que um amplo debate acontecerá no Congresso para avaliar se esse é realmente o melhor modelo a ser adotado para o pré-sal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto ativistas da organização não governamental 350.Org foram barrados na porta do hotel onde está prevista a realização do leilão do governo de áreas do pré-sal nas bacias de Santos e Campos, que está suspenso por uma liminar concedida pela Justiça Federal do Amazonas, manifestantes também protestam no Centro do Rio, em ato organizado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP). Cerca de 20 manifestantes se reúnem em frente à sede da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, explicou que a entidade resolveu marcar o ato em frente à sede da ANP porque a agência reguladora é "a mentora de todo esse processo". Além disso, a área em volta do hotel onde o leilão é realizado, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, fica isolada por bloqueios, impedindo a realização de protestos nas proximidades.

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Rangel comemorou a decisão da Justiça de suspender o leilão, pois serviu para "suscitar o debate". O sindicalista criticou o valor das outorgas cobradas no leilão diante do potencial das reservas de petróleo oferecidas e outras medidas do governo para reduzir as exigências de conteúdo local e o apoio à indústria nacional. "O secretário do Ministério de Minas e Energia chegou a dizer que o leilão será importante para as empresas estrangeiras. Olha o absurdo disso", afirmou Rangel.

Segundo Rangel, os manifestantes pretendiam sair em caminhada, no fim da manhã, da sede da ANP, na esquina entre as avenidas Rio Branco e Presidente Vargas, até o Largo da Carioca, a 700 metros da partida. Para isso, os manifestantes terão que fechar parte do trânsito na Avenida Rio Branco, principal via do Centro do Rio. Por enquanto, o protesto é pacífico, sem reflexos no trânsito. Policiais militares acompanham a distância o movimento dos manifestantes.

Além da FUP, participam do ato ativistas da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (Fist) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), entre outras entidades sindicais e movimentos sociais.

A liminar que, desde a madrugada desta sexta-feira, 27, suspendia a 2ª e 3ª Rodada de Partilha da Produção, organizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foi derrubada. A informação, antecipada pelo Estadão/Broadcast, foi confirmada pela Advocacia-Geral da União (AGU).

A concorrência estava marcada para iniciar às 9h. Executivos das grandes petroleiras estão no hotel Grand Hyatt, na Barra, zona oeste do Rio, desde cedo, aguardando o certame.

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Depois de garantir ao governo uma arrecadação de R$ 3,842 bilhões com os blocos de petróleo e gás leiloados em setembro, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realiza nesta sexta-feira, 27, a 2ª e a 3ª rodadas de licitações de áreas de pré-sal. Segundo a ANP, os oito blocos ofertados podem gerar US$ 36 bilhões em investimentos no País e mais US$ 130 bilhões em arrecadação com royalties, óleo-lucro e imposto de renda.

Superada a tensão em torno da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria-Geral, Moreira Franco, o governo aposta na agenda econômica para virar a página e criar um clima positivo. Programado há bastante tempo, o leilão da ANP será o primeiro grande evento econômico após a votação na Câmara.

O governo espera um ágio elevado com a 2ª e a 3ª rodadas de licitações do pré-sal. Em setembro, quando quatro usinas da Cemig foram concedidas a estrangeiros e 37 blocos para exploração e produção de petróleo e gás foram arrematados, o ágio das concorrências garantiu uma receita extra de R$ 4,2 bilhões para o caixa da União.

Numa curta trajetória de 11 anos, o pré-sal brasileiro superou limitações tecnológicas e hoje é tão competitivo comercialmente quanto o Oriente Médio. Os investimentos em pesquisa afastaram as dúvidas sobre a viabilidade de se retirar volumes extraordinários de petróleo debaixo da camada de sal, armazenados a até 7 km de profundidade. A visão hoje é que, além de viável, esse é um dos melhores negócios do mundo.

O presidente da Shell Brasil, André Araújo, chegou a dizer recentemente ao jornal 'O Estado de S. Paulo' que "o pré-sal é onde todo mundo quer estar". Hoje, as áreas de pré-sal já são viáveis economicamente com o preço do barril de petróleo variando entre US$ 30 a US$ 40. No Oriente Médio, essa faixa de equilíbrio vai de US$ 20 a US$ 40.

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Um único poço de pré-sal é capaz de produzir até 40 mil barris por dia, volume equivalente ao de campos inteiros de pós-sal, que contam com diversos poços. Assim, a região atingiu uma marca de produtividade 30% superior à projetada na sua descoberta, em 2006, destaca Helder Queiroz, professor de Economia da Energia da UFRJ e ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Hoje, 1,5 milhão de barris são retirados do pré-sal diariamente, mais da metade da produção nacional.

É de olho nesse nível de produtividade que 14 das grandes petroleiras do mundo vão participar, no dia 27, do leilão de oito áreas do pré-sal entre Espírito Santo e Santa Catarina. A licitação foi dividida em duas - na segunda rodada serão vendidas áreas onde é certa a existência de petróleo, por serem continuações de reservatórios já definidos. Na terceira rodada serão oferecidas áreas que prometem, mas sobre as quais pouco se conhece.

A primeira rodada de licitações de pré-sal aconteceu em 2013, quando a Petrobrás, ao lado de cinco sócias - Shell, Total, CNPC e CNOOC - adquiriram Libra, na Bacia de Santos.

Desafios. Quando o pré-sal foi descoberto, há pouco mais de uma década, o cenário de preço do petróleo era o melhor já experimentado pela indústria e os custos para ultrapassar a camada de sal não assustavam tanto. A partir de 2014, quando o petróleo despencou, no entanto, a viabilidade do pré-sal passou a ser questionada.

Foi preciso investir em tecnologias e ampliar a eficiência dos projetos. Assim, em pouco mais de uma década os poços de pré-sal ficaram mais produtivos - apesar dos desvios bilionários envolvendo a Petrobrás e revelados pela Operação Lava Jato. O custo médio de extração de petróleo passou de US$ 9,1 por barril de óleo equivalente (boe), em 2014, para menos de US$ 7/boe ao fim do primeiro semestre deste ano. "É caro (produzir no pré-sal), mas tem a vantagem da produtividade. Como é produzido muito mais em cada poço, o projeto tem um equilíbrio", diz Antônio Guimarães, secretário executivo de Exploração e Produção do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), que representa os interesses de grandes petroleiras no País.

O diretor-geral da ANP, Décio Oddone, classifica a região como "extraordinária" em razão do grande volume de reserva e da alta produtividade dos poços. "Vai atrair muito interesse, mas o número de atores capazes de atuar no pré-sal é limitado", afirmou na semana passada.

No início do mês, o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, foi a Nova York dizer a investidores que as oportunidades no Brasil são tão boas quanto nos principais países produtores - Estados Unidos, China, Rússia ou mesmo membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Parente afirma que a estatal consegue ganhar dinheiro com o pré-sal ainda que o preço do petróleo esteja baixo, na casa dos US$ 30, como estava no pior momento da crise, em 2014. Hoje, está na casa dos US$ 50. "Minha aposta é que dessa vez vai ter disputa de dois ou três consórcios para algumas áreas", avalia João Carlos de Luca, fundador da petroleira Barra Energia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, os leilões de pré-sal da próxima semana serão disputados e, para algumas áreas, a disputa será acirrada. "O pré-sal é extraordinário. Vai atrair muitas empresas. Mas também demanda muito investimento e tecnologia. Então, a expectativa é que atraia grandes empresas", afirmou, após participar da cerimônia de posse do novo diretor da agência, Cesário Cecchi.

Ao todo, dez empresas foram habilitadas para a 2ª Rodada e 14 para a 3ª Rodada, que acontecerão no próximo dia 27.

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Neste ano, a ANP vai estrear um novo formato de leilão, com uma oportunidade de repescagem, ao final das 2ª e 3ª rodadas, para que novas ofertas sejam apresentadas para as áreas que sobraram.

Oddone diz que a agência aprendeu no último leilão, quando muitas empresas deixaram de levar áreas por conta de erros burocráticos das empresas, como apresentar o envelope errado, relativo a outra área que não era a que estava sendo ofertada.

Ele informou também que a agência vai ser mais seletiva na oferta de áreas na 15ª Rodada, prevista para acontecer em março no ano que vem. Segundo o diretor-geral, devem ser menos de cem, bem abaixo da 14ª Rodada, em que foram oferecidas mais de 200. A intenção é promover duas concorrências no mesmo leilão: uma para terra e outra para mar.

O diretor-geral da agência ainda falou sobre a licitação da plataforma de Libra, que teve o conteúdo local revisto e que poderá ser transformado novamente após concluída a nova regulamentação que trata da aquisição de produtos e serviços nacionais. Ele ainda informou que a ANP não estuda qualquer pedido de revisão de conteúdo local para a plataforma que será instalada na área de Sépia, pré-sal da Bacia de Santos.

O pré-sal brasileiro "é o lugar onde todo mundo quer estar", afirmou ontem o presidente da Shell no Brasil, André Araújo, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast. Apesar do entusiasmo, o executivo afirmou, no entanto, que não há um carimbo de qualidade válido para toda a área, numa demonstração de que a empresa tem na manga diferentes apostas para os blocos que serão oferecidos nos leilões de outubro.

Durante a conversa, Araújo repetiu enfaticamente as palavras oportunidade e competitividade ao tratar dos planos para o País. Ele defende, por exemplo, que a plataforma que produzirá o primeiro óleo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, seja contratada ainda este ano, apesar da contestação na Justiça dos estaleiros nacionais, que acusam o consórcio responsável pela área de descumprir os compromissos de contrato de aquisição local.

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Araújo disse ainda que "seria bom" se a Shell levasse a área contígua a Gato do Mato no próximo leilão. A primeira fase do projeto foi adquirida pela empresa em regime de concessão, mas, desde a descoberta de que o reservatório excede os limites concedidos, o projeto está parado. Por fim, a continuação de Gato do Mato foi incluída no leilão de pré-sal de outubro e o mercado, agora, aposta na Shell como principal interessada no ativo.

Leia os principais trechos da entrevista:

Como a Shell classifica o momento atual da indústria petroleira no Brasil?

Nos últimos 12 meses, percebemos uma melhoria muito forte nos diálogos (com o governo). Conseguimos ter um bom diálogo sobre temas que não são novos: Repetro (regime fiscal aduaneiro), conteúdo local, unitização (áreas contínuas a outras já concedidas), rodadas de leilões. Então, é um momento positivo para o País e para a gente. A gente não quer perder boas oportunidades.

O pré-sal é competitivo em relação ao 'shale gas' americano?

A gente já sabe que não são todas as áreas de águas profundas que são competitivas. Ao mesmo tempo que, entre os não-convencionais, há setores nos Estados Unidos que estão progredindo bem e outros nem tanto. Não é o conceito de um ou outro. A gente sabe também que as melhores áreas de não-convencionais vão colocar uma pressão sobre o preço em águas profundas. O objetivo é estar à frente.

O pré-sal brasileiro ocupa qual posição dentro da Shell?

O pré-sal brasileiro, pela geologia, é o lugar onde todo mundo quer estar. É muito positivo. Mas não é todo igual. Sem entrar em detalhes, pela definição de bônus de assinatura (valor pago pelas empresas à União pelo direito de explorar e produzir na área) é possível ver a expectativa do regulador para cada bloco. Não há um bônus por metro quadrado. Depende muito da localização, da região, do que se espera daquele bloco.

Então o bônus de assinatura é um bom termômetro do que é mais promissor?

Não. Ali tem uma visão do regulador, que só mostra que o pré-sal não é um carimbo que diz que tudo é igual.

O lançamento de uma concorrência internacional para a contratação da plataforma de Libra provocou indignação na indústria nacional, principalmente, na naval, que levou o caso para a Justiça. Como a Shell, sócia no projeto, participa desse debate?

Ativamente, em todas as frentes. Primeiro colocando nossa posição sobre a importância da competitividade, de que projetos desse porte não se atrasem.

O cronograma para a extração do primeiro óleo em Libra em 2021 está mantido?

É possível, continuamos trabalhando com ele. Trabalhamos com prazos curtos, mas está dentro do factível.

A contratação da primeira plataforma acontece neste ano?

Ela precisa acontecer, porque não é só a plataforma. Tem uma sequência de contratações. Tem muita gente ansiosa batendo a nossa porta já querendo olhar os próximos contratos.

A Shell vai concorrer pela área contígua de Gato do Mato?

O ponto importante é: Gato do Mato precisa ter um dono do outro lado. Seria bom que fosse a gente. Mas o importante é que o projeto saia do freezer.

A Shell já declarou interesse em negócios de gás no Brasil. A empresa quer comprar os terminais de regaseificação e outros ativos de gás da Petrobrás?

A gente olha. Gás é uma prioridade para o grupo. E entendemos que é um momento de oportunidade no Brasil.

A recente entrada no segmento de comercialização de energia elétrica está relacionada a investimentos em usina térmica?

Não obrigatoriamente. Nosso conhecimento na área de comercialização de energia é forte. É muito recente para falar sobre isso, porque acabamos de receber licença da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e agora estamos estruturando a parte comercial para começar a atuar.

Mas podemos esperar investimentos em energia elétrica?

Se propostas boas acontecerem. Dentro do escritório, meu foco é fazer a empresa ser competitiva. Fora, é fazer o Brasil ser competitivo. Brinco que um pedaço do meu salário deveria ser pago pelo governo brasileiro. Porque presidentes da Shell em mais de 60 países competem comigo. Dinheiro no mundo tem. Não é ilimitado, mas tem.

Há intenção de participar do gasoduto Bolívia-Brasil, com uma possível saída da Petrobrás?

Não é nossa prioridade participar do Gasbol. Temos olhado, eventualmente, suprimento de gás proveniente da Bolívia. Mas olhamos a molécula. Não é preciso ter a propriedade do Gasbol. Recentemente, tivemos uma reunião com o governo da Bolívia avaliando oportunidades de suprimento de gás. Nosso time vai olhar essa possibilidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo autorizou a realização da 2.ª rodada de licitações de blocos do pré-sal, que devem ocorrer na segunda quinzena de setembro. A decisão foi tomada durante reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A rodada será composta por quatro áreas contíguas a campos já existentes: Gato do Mato, Carcará, Tartaruga Verde e Sapinhoá. O índice de conteúdo local será o mesmo já adotado nos campos vizinhos, que estão nas Bacias de Campos e Santos.

Nesses campos, o volume de reservas ultrapassa os limites geográficos das concessões e avança sobre locais que atualmente pertencem à União. São essas áreas que serão licitadas e, por fazerem parte do polígono do pré-sal, devem ser exploradas sob outro regime, o de partilha. Gato do Mato pertence à Shell, e Carcará, à Statoil; Tartaruga Verde e Sapinhoá são da Petrobrás.

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O governo deve arrecadar R$ 800 milhões com a venda do óleo proveniente do campo de Libra, na Bacia de Santos, e de áreas contíguas a campos do pré-sal. Segundo o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, a estimativa considera valores retroativos a 2015 e 2016 e a projeção para 2017. O dinheiro entrará no caixa único do Tesouro, mas será aplicado conforme a legislação do pré-sal, que destina recursos para saúde e educação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (30) publica a Lei 13.365/2016, que traz novas regras para exploração dos blocos do pré-sal. A lei anterior determinava que a Petrobras seria a única operadora desses campos, com participação mínima de 30% em cada consórcio. A nova lei, no entanto, retira essa obrigação da estatal, facultando à empresa definir os campos nos quais tem interesse de investir.

O texto foi sancionado nesta terça-feira (29) pelo presidente Michel Temer. Na cerimônia, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse que a nova lei não terá repercussão em projetos em andamento. Parente e Temer elogiaram a legislação, afirmando que a medida dará um "novo impulso" ao setor.

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Parente destacou ainda que a lei permite à estatal se concentrar nos campos "melhores dos melhores". Ele disse que, sem a obrigatoriedade, a empresa poderá apressar a exploração do pré-sal e, com isso, ajudar na situação econômica do País.

Líder do PT no Senado, Humberto Costa classificou como “um grande retrocesso” a aprovação final do Projeto de Lei 4567/16 que retira a obrigatoriedade da Petrobras de participar de todas as extrações do pré-sal. A Câmara Federal rejeitou, durante a semana, os dois últimos destaques de partidos, sendo um do PT, que impediam o envio da proposta para a sanção presidencial.

“A Petrobras é um dos grandes patrimônios brasileiros do qual sempre tivemos orgulho. Estamos realmente dando dezenas de passos para trás. Iremos perder milhões em investimentos com esse projeto de lei sem cabimento”, lamentou o senador.

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O PL 4567 altera a Lei 12.351/10 que institui um regime de partilha. Hoje a lei prevê que a Petrobras precisa participar em todos os consórcios de exploração de blocos licitados na área do pré-sal com um mínimo de 30% e também na qualidade de operadora. Esse operador é responsável, direta ou indiretamente, pela condução da execução de todas as atividades de avaliação, exploração, desenvolvimento, produção e desativação das instalações.

A sanção da nova legislação vai modificar o procedimento, quem vai decidir em quais campos a Petrobras terá o direito de exercer a preferência sobre participar ou não da exploração será o presidente do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). 

 “Realmente estamos deixando nas mãos do não eleito Temer uma ação de suma importância e que era um direito nosso. Infelizmente iremos assistir uma completa perda de recursos importantes que fariam a diferença quando à exploração do pré-sal começasse de fato. Esse montante iria ajudar consideravelmente os setores de educação e saúde”, disparou Humberto Costa.

A Câmara dos Deputados concluiu, na noite dessa quarta-feira (9) a votação do projeto de Lei que desobriga a Petrobras de ser operadora exclusiva do pré-sal. O texto final aprovado pelos deputados foi o mesmo que tinha sido aprovado pelo Senado, em fevereiro deste ano.

Com isso, o projeto seguiu para sanção do presidente Michel Temer. Qualquer alteração na Câmara faria com que o projeto tivesse de voltar para análise dos senadores. O projeto, que conta com o apoio da atual diretoria da Petrobras e do governo federal, prevê que a Petrobras tenha o direito de escolher em quais campos de petróleo do pré-sal deverá investir.

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Pela legislação atual, a petrolífera atua como operadora única dos campos de pré-sal, com uma participação mínima de 30% nos consórcios. Agora, a estatal passar a ter o direito de abrir mão de campos que não julgar interessantes economicamente. Apresentada pelo atual ministro das Relações Exteriores e senador licenciado, José Serra (PSDB), o projeto praticamente não sofreu alterações durante a votação nas comissões e plenários da Câmara e Senado, mesmo com a oposição de partidos de esquerda. Para deputados de PT, PCdoB, PSOL e alguns da Rede, o projeto fere a "soberania nacional" e vai significar a entrega da Petrobras para o capital privado.

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