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Numa manobra regimental liderada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o plenário da Casa rejeitou na noite desta terça-feira, 23, um pedido apresentado pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR) para desacelerar o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que desobriga a Petrobras de ser a operadora única na exploração da camada do pré-sal.

O pedido, que contava com o apoio de 49 dos 81 senadores, tinha por objetivo retirar o projeto do plenário e remetê-lo para tramitar nas comissões permanentes.

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Inicialmente, Requião argumentou que a matéria deveria voltar para as comissões porque a urgência para ela ser apreciada diretamente em plenário foi aprovada ainda em 2015. Segundo ele, a medida não poderia continuar em regime de urgência este ano. "Espanca a lógica que um projeto mantenha o caráter de urgência ad eternum", criticou.

Renan recusou o pedido monocraticamente e, depois, Requião recorreu para que o plenário decidisse. Mais uma vez, o requerimento foi rejeitado pelo plenário - nesse caso, ficou proibido se pedir verificação de quórum porque ainda não havia prazo para fazer esse questionamento.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que vai fazer um esforço para tentar votar nesta terça-feira (23) o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que desobriga a Petrobras de ser a operadora única na exploração da camada do pré-sal. Segundo ele, existe uma medida provisória - a 692 - trancando a pauta e após a apreciação dela, será possível votar o projeto do tucano.

Renan afirmou que, mesmo diante da objeção do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, que em reunião da bancada do PT do Senado na noite desta segunda-feira (22) se mostrou contra a aprovação da proposta, a estatal deu mostras de não tem condições de fazer investimentos.

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"Essa matéria é urgente, a Petrobras já demonstrou que não tem condições de fazer os investimentos necessários para o Brasil", disse. "(A Petrobras) precisa ser seletiva. O que nós devemos assegurar é facultar a Petrobras que ela diga se vai participar", completou.

Renan admitiu que a presidente, com quem conversou sobre o projeto, não teria uma posição fechada. "Eu não captei uma posição dela conclusivamente. Essa matéria tramita aqui há bastante tempo, chegamos a criar uma comissão especial, de modo que chegou a hora de ela ser definitivamente apreciada", disse.

A falta de um sinal claro da presidente Dilma Rousseff em conversas recentes com interlocutores em relação ao projeto do senador José Serra (PSDB-SP) para o pré-sal tem liberado aliados a discutirem a proposta. O projeto de lei desobriga a Petrobras de ser a operadora única na exploração da camada do pré-sal.

Por lei, a empresa tem participação mínima de 30% em todas as áreas ainda não licitadas. A estratégia de Dilma - que a resguarda de tomar partido em uma matéria contrária ao ideário do PT e de sua base social - tem levado a um aumento da oposição à matéria no Senado.

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Em pelo menos quatro ocasiões, Dilma se posicionou de formas diversas sobre o projeto. No início do mês, ela indicou ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que não iria se opor publicamente a uma discussão da proposta. Só não toparia a mudança do regime de partilha.

Duas semanas depois, em reunião de líderes da base no Senado, colocou-se a favor do debate do projeto, mas ressalvou que não faltariam recursos para exploração da camada petrolífera.

No terceiro movimento, numa conversa com o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), a petista avalizou uma mudança para permitir que a Petrobras tenha direito de preferência em futuros leilões do pré-sal. A presidente disse ainda a um interlocutor do primeiro escalão ser contra, mas frisou, na ocasião, que cabe ao Congresso encaminhar a proposta. "É importante, mas não agora", disse o ministro com quem a presidente conversou.

Ele citou o fato de que a queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional desencoraja por ora investimentos na exploração do pré-sal. O projeto é o terceiro item da pauta do plenário do Senado hoje, mas ainda precisa da aprovação de um requerimento de urgência para ir à votação.

A avaliação feita por petistas é que a presidente, ao não adotar uma posição clara sobre a proposta, tenta não se comprometer com uma polêmica que é tema de debate no Congresso. Ainda mais quando ainda pairam dúvidas se a iniciativa vai prosperar.

Um eventual comprometimento com a matéria, dizem, poderia levá-la a um desgaste desnecessário com os parlamentares do partido, sindicalistas simpatizantes à legenda e a sua base social, num momento em que administra crises maiores nas áreas política e econômica.

Oposição

Desde a semana passada, diante da aparente indefinição do Planalto, o PT no Senado tem feito uma série articulações para, ao menos, adiar a votação da proposta a fim de ampliar o debate.

A bancada petista pretende ouvir, na noite desta terça-feira, 23, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) para discutir o projeto. O partido está dividido entre aqueles que aceitam debater o assunto e outros totalmente contrários a qualquer mudança regulatória.

No PMDB, partido do presidente do Senado e maior bancada da Casa, tampouco há consenso. Embora Renan e Eunício sejam entusiastas da proposta, outros peemedebistas, como o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (MA) e Roberto Requião (PR), têm se posicionado contra o projeto.

Na reunião da bancada na terça-feira da semana passada, Lobão fez uma enfática defesa da manutenção do atual modelo.

Senadores contrários à mudança e outros defensores de, ao menos, uma maior discussão do projeto de Serra decidiram subscrever uma proposta da senadora Simone Tebet (PMDB-MS) que inclui na Constituição as atuais regras de exploração do pré-sal.

Essa PEC foi apresentada na quinta-feira passada com a assinatura de 49 senadores - para tramitar, ela precisaria de pelo menos um terço de subscritores no Senado (27 dos 81). Mesmo que não signifique que todos os 49 senadores concordariam integralmente com o mérito da PEC - é tradição entre os parlamentares subscrever medidas de pares só para tramitar -, o número de apoiadores é expressivo para a Casa.

A articulação dessa proposta é semelhante à que um grupo de senadores empreendeu no ano passado na qual conseguiu desacelerar a tramitação do projeto, remetendo-a para uma comissão especial que também por falta de consenso não votou o parecer do senador Ricardo Ferraço (sem partido-ES), favorável à adoção do direito de preferência para a estatal.

"Tem muita gente querendo desacelerar o assunto", disse um senador do PMDB, reservadamente, ao jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), envolveu-se no final da tarde desta quarta-feira, 17, num bate-boca em plenário com o senador petista Lindbergh Farias (RJ) a respeito da votação do projeto do senador José Serra (PSDB-SP) - que desobriga a Petrobras de ser a operadora única e ter participação mínima de 30% na exploração da camada do pré-sal.

Renan disse que vai colocar em votação hoje a Medida Provisória 694/2015, o que abriria espaço para a votação em seguida do projeto do tucano. Lindbergh confrontou o presidente da Casa dizendo que isso quebraria uma regra informal adotada pelo próprio peemedebista de dar um prazo mínimo de 48 horas para que uma MP seja votada após a leitura em plenário. Essa medida provisória foi lida ontem à noite pelo primeiro vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC).

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Renan rebateu, dizendo que essa regra vale para resguardar o direito das minorias e não "salvaguardar interesses ideológicos da maioria". "Essa discussão não pode acontecer, senão teremos aqui o Senado do PT", criticou.

"Que agressão gratuita", treplicou Lindbergh. O senador petista - contrário ao projeto de Serra - disse que no Senado existem regras e que Renan não pode "rasgar o regimento". "Vossa Excelência não pode tudo", disse.

A avaliação de peemedebistas é que senadores do PT têm atuado para impedir a votação do projeto que muda as regras de exploração do pré-sal. Mas Renan e senadores ligados a ele estão dispostos a tentar votar a proposta, após terem tido sinalização da presidente Dilma Rousseff de que o projeto pode ser ao menos discutido em plenário.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse no final da tarde desta quarta-feira, 17, que tentará votar ainda hoje o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que desobriga a Petrobras de ser a operadora única e ter participação mínima de 30% na exploração da camada do pré-sal.

Segundo ele, a matéria já foi muito discutida e o debate amadureceu. Na avaliação do peemedebista, a Petrobras está com um déficit de R$ 500 bilhões e a obrigatoriedade de ela participar de todos os investimentos do pré-sal com pelo menos 30% não faz mais sentido "absolutamente".

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O presidente do Senado rebateu os argumentos do líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), que defende um maior debate da matéria.

Logo após a reunião de líderes partidários do Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta terça-feira, 16, que vai deflagrar no período da tarde a discussão sobre o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que desobriga a Petrobras de ser a operadora única e ter participação mínima de 30% na exploração da camada do pré-sal. Ele disse que tentará votar a matéria hoje em plenário e, se não for possível, deixá-la para amanhã.

"A expectativa é que possamos deflagrar essa discussão ainda hoje. Se não concluirmos a discussão hoje, poderemos concluir amanhã com certeza e votar definitivamente amanhã", disse o presidente do Senado.

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Para o peemedebista, é preciso apreciar o "mais rapidamente possível" a questão da obrigatoriedade da Petrobras em participar do pré-sal. "Há uma cobrança da sociedade e isso é uma medida em favor da Petrobras, do interesse nacional. Precisamos resguardar o interesse estratégico do Brasil, mas é preciso acabar com a obrigatoriedade dos 30%", avaliou.

A intenção de Renan - entusiasta da proposta desde o ano passado - é apreciá-la logo após a proposta de Emenda à Constituição (PEC) do deputado Mendonça Filho (DEM-PE) que impede que o governo federal edite qualquer norma legal que imponha ou transfira despesas para os entes regionais sem que haja a previsão de repasses financeiros necessários para o custeio.

A expectativa é que haja muita discussão sobre o projeto de Serra, uma vez que não houve consenso na reunião de líderes a respeito do teor da proposta. O senador Lindbergh Faris (PT-RJ), que participou da reunião mesmo não sendo líder da bancada, defendeu uma maior discussão do projeto de Serra. Ele disse é que preciso aprofundar as discussões diante do cenário de baixo preço do barril de petróleo. O petista, que desde o ano passado tem atuado contra a proposta, tenta evitar que o PL seja apreciado logo no plenário da Casa.

Longa conversa com Barbosa

O presidente do Senado revelou ter tido uma "longa conversa" com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, sobre a necessidade de haver uma "agenda de interesse do Brasil". "Mais do que uma agenda de governo, precisamos ter uma agenda do Brasil, com a participação de todos os partidos", disse ele. O encontro, na residência oficial do Senado, não constou da agenda pública divulgada pelas duas autoridades.

Questionado se houve alguma conversa com Barbosa sobre a recriação da CPMF, Renan respondeu que não. Ele lembrou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata do assunto tramita neste momento na Câmara. "A prudência recomenda que aguardemos a tramitação na Câmara para deflagrá-la aqui, no Senado", considerou.

Na saída de reunião de líderes, o presidente do Senado informou que, também no período da tarde, vai conversar com a presidente Dilma Rousseff e também vai se encontrar com todos os blocos partidários, a fim de discutir uma agenda de votações para este ano. A intenção de Renan e de senadores é construir uma pauta de matérias que otimize os trabalhos legislativos deste primeiro semestre, uma vez que haverá eleições municipais em seguida, época em que o Congresso tradicionalmente fica esvaziado.

Renan deverá se reunir com a bancada do PSDB por volta das 15h30. O presidente do partido, senador Aécio Neves (MG), que participou da reunião de líderes, deverá apresentar formalmente a pauta da legenda para este ano. Conforme mostrou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado), o tucano pretende adotar em 2016 uma atuação legislativa mais propositiva, depois que pesquisas internas apontaram queda em avaliações pessoais dele e do PSDB diante da conduta mais beligerante ao longo do ano passado.

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou nesta segunda-feira, 15, que a posição do governo é de defesa à legislação atual de exploração do pré-sal. Chegando a seu gabinete, ele falou a jornalistas sobre a importância do regime de partilha e do modelo de operação única da Petrobras.

"Defendo o modelo de partilha", disse. "O regime de partilha tem função macroeconômica e é fundamental para viabilizar o fundo social." Para o ministro, a operação única também é importante, porque dá à Petrobras a garantia de participação na área do pré-sal.

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Atualmente, pela legislação em vigor, a Petrobras é operadora única do pré-sal e tem a obrigação de participar com 30% em todos os campos ainda a serem leiloados. De acordo com Braga, o tema está em discussão no Congresso e vai depender dos parlamentares tomar a decisão final sobre o modelo. Ele não quis responder se o governo vetaria mudanças na legislação do setor.

Crise

As afirmações de Braga foram feitas após reunião de coordenação com a presidente Dilma Rousseff. Ele foi questionado se a crise política entrou em pauta no encontro. "Não estamos vivendo neste momento uma crise política. Tivemos momentos bastante estressantes no ano passado, mas estamos em momento de diálogo, de busca de entendimento", respondeu.

Para o ministro, a disputa do cargo de líder do PMDB na Câmara é uma questão de partido e não tem interferência do governo.

Celg

Eduardo Braga afirmou ainda que seis consórcios, com empresas nacionais e estrangeiras, manifestaram interesse preliminar em participar do leilão de privatização da Companhia Energética de Goiás (Celg). Segundo ele, a licitação deve ser efetuada em março. "Pelo que eu saiba, o cronograma está de pé", disse.

A presidente Dilma Rousseff indicou ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que não vai se opor publicamente à discussão do projeto que desobriga a Petrobras de ser a operadora única e ter participação mínima de 30% na exploração de todas as áreas do pré-sal. Porém, Dilma disse a Renan que não admite qualquer alteração do regime de partilha no pré-sal, adotado por lei em 2010.

Na conversa entre ambos, segundo relatos, a presidente afirmou ao presidente do Senado ter preocupação com a mudança do marco regulatório. No caso da proposta que retira a condição de operadora única da Petrobras, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), ela não se manifestou nem favoravelmente nem contra. A reação da presidente foi interpretada como sinal de que não será intransigente ao debate do projeto que, se aprovado, representará a queda de uma das bandeiras do PT para o setor.

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As considerações feitas pela presidente marcam uma nova postura do Palácio do Planalto, que, até o ano passado, havia orientado sua base aliada a barrar a proposta de Serra. Renan, entusiasta de acelerar o projeto no Senado, reuniu-se duas vezes com Dilma esta semana e a avisou que pautaria a matéria. Ele defendeu publicamente a votação do projeto, mesmo que seja para rejeitá-lo.

A avaliação feita por interlocutores do Planalto e por integrantes da base aliada no Congresso com trânsito no governo é que a mudança de postura de Dilma se deve a três motivos. Um deles é a dificuldade da Petrobras de fazer grandes investimentos sozinha, na sua atual situação. O outro motivo seria o baixo preço do barril de petróleo, que tem rodado na faixa dos US$ 30, valor considerado economicamente inviável para explorar o pré-sal. E, por fim, diante do aumento da participação das energias renováveis, é melhor extrair o petróleo o quanto antes, sob pena de futuramente ele não ser rentável.

No ano passado, por orientação de Dilma, o então ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, articulou ações para impedir a apreciação do projeto às vésperas da votação. Pela nova forma de atuação, Dilma e ministros palacianos não devem se posicionar nem a favor nem contra a proposta de antemão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Petrobras vai gastar, em média, US$ 18 bilhões por ano até 2019. No comunicado feito ao mercado nessa terça, 12, em que anunciou ajustes ao plano de negócios para o período de 2015 a 2019, a empresa reiterou a mensagem de austeridade - ao projetar corte de US$ 32 bilhões em quatro anos. Neste ano, porém, o investimento vai ser um pouco maior, de US$ 20 bilhões. Segundo fontes envolvidas na elaboração do plano, o orçamento de 2016 ficou US$ 1 bilhão mais caro do que se previa para que fossem inseridos projetos da "nova Petrobras", idealizados no primeiro ano de gestão da equipe do presidente Aldemir Bendine.

O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), parado após denúncias de corrupção e da crise financeira no caixa da empresa, vai voltar ao orçamento. A Petrobras dá como certa a atração de parceiros para concluir as obras de instalação da unidade de processamento do gás natural do pré-sal, além da infraestrutura de transporte da matéria-prima, do litoral até a refinaria, no município de Itaboraí (RJ). Há também projetos do pré-sal postergados para 2016.

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Os investimentos na área de Exploração e Produção, onde estão alocados os projetos do pré-sal, ganharam um pouco mais de participação no orçamento da petroleira. Em vez de 80% dos US$ 98,4 bilhões a serem investidos até 2019, a diretoria vai ficar com 81% - ganho de US$ 1,3 bilhão. "Manteremos nossa prioridade absoluta no pré-sal. Atingimos tamanha excelência na extração em águas profundas que chegamos ao custo de US$ 8 por barril - quase a metade do desempenho das grandes petrolíferas", afirmou Bendine, em carta distribuída aos funcionários.

Aos empregados, o presidente da Petrobras indicou preocupação com o atual cenário da indústria petroleira no mundo, numa tentativa de sensibilizá-los da necessidade de adequação da empresa à nova realidade de preços baixos do barril. Bendine quer cortar US$ 12 bilhões de gastos internos, do dia a dia da empresa, o equivalente a US$ 3 bilhões por ano.

Batalha

A diretoria da Petrobras trava uma batalha com os funcionários em torno de uma série de benefícios que pretende cortar. Hoje, o embate está em torno do pagamento da participação nos lucros e resultados de 2015. A empresa tem até 20 de fevereiro para depositar o dinheiro, mas tem sido pressionada por sindicatos a pagar o benefício ainda em janeiro ou, no caso do resultado financeiro de 2015 ser muito ruim, compensar os funcionários com a antecipação da primeira parcela do 13.º salário.

O corte de gastos internos já esteve no foco da diretoria no ano passado, mas pouco se avançou. Num primeiro momento, a ideia era cortar US$ 30 bilhões. Em outubro, a meta foi revista para US$ 29 bilhões, valor que não chegou a ser revisto no novo plano, divulgado nessa terça.

A Petrobras admite que está sujeita a "diversos fatores de risco que podem causar impacto em suas projeções". Além das dificuldades de negociação para reduzir o tamanho da empresa, e de não ter controle sobre os preços do petróleo e do câmbio - que influenciam diretamente o resultado financeiro -, o desempenho da empresa ainda está atrelado ao dos seus fornecedores.

O caso mais crítico é o da Sete Brasil, à qual encomendou sondas de perfuração do pré-sal, mas, diante da queda dos preços internacionais de afretamento dessas embarcações e também de denúncias de corrupção envolvendo a fornecedora, voltou atrás. As negociações estão em andamento e a Sete Brasil ameaça a petroleira de recorrer à Justiça para que o contrato seja cumprido.

Para o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, Alberto Machado Neto, o corte nos investimentos pode representar o "ponto limite" para a indústria fornecedora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Sete Brasil, empresa de capital nacional criada para construir e afretar sondas e plataformas para exploração de petróleo em alto-mar, inicia o ano com o desafio de convencer a diretoria da Petrobras da sua capacidade financeira e técnica para fechar os contratos de 15 sondas destinadas ao pré-sal. O problema é que, segundo uma fonte da estatal envolvida nas negociações, a Sete Brasil tem hoje a garantia de contratação de apenas seis embarcações.

A empresa nasceu com a missão de construir 28 embarcações para a Petrobras, sua única cliente e sócia minoritária, mas foi atingida tanto pela crise da estatal quanto por denúncias de corrupção, após ter o nome envolvido nas investigações da Operação Lava Jato.

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Além de frustrar o plano do governo de usar a empresa como âncora da indústria naval brasileira, o que levou à quebradeira de estaleiros e demissões, a derrocada da Sete Brasil poderá provocar ainda um rombo nas contas de seus sócios - bancos e fundos de pensão de estatais, uma mistura de dinheiro público e privado. Juntos, eles já aplicaram R$ 8,3 bilhões no projeto. E a empresa ainda deve US$ 3,6 bilhões ao Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú, Santander. Desses, apenas o Itaú e o BB não são sócios.

Orçamento

Com limitações de caixa, a Petrobras cortou de 28 para 15 o número de sondas que vai afretar. Dessas, garante a contratação só das unidades que estão em construção. Nove plataformas, que ainda estão em fase de projeto, poderão ser adquiridas no mercado internacional, mesmo que, com isso, a Petrobras transgrida a regra de conteúdo local, que obriga a aquisição de um porcentual mínimo de bens e serviços no Brasil.

Por causa da Lava Jato, a Sete Brasil enfrenta uma crise de credibilidade. Alguns dos estaleiros com os quais se associou são controlados por empreiteiras também investigadas pela Polícia Federal.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cuja promessa de financiar a construção das sondas era um dos pilares do projeto, já não cogita liberar o dinheiro para os projetos. E as taxas de aluguel cobradas pela Sete Brasil ainda são superiores às do mercado internacional.

A diferença, para mais, entre os preços externos e internos sempre existiu. Esse não chegava a ser um impeditivo à contratação da fornecedora. Com a crise na indústria petroleira mundial, porém, a diferença entre as taxas de afretamento se ampliou. E, do lado da Petrobras, já não há a mesma disponibilidade em atuar como âncora da indústria nacional, até por causa do caixa apertado e das dívidas.

A Petrobras avalia que é possível economizar recorrendo ao mercado externo. "É uma conta a se fazer", disse um executivo da estatal ao Broadcast, serviço de informação em tempo real da Agência Estado.

A prisão do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, em novembro, dificultou ainda mais as negociações, afirmou o executivo. O BTG é o principal sócio privado da Sete Brasil - em junho de 2014, o banqueiro reconheceu que o investimento foi um "fiasco". Além disso, "a Petrobras não tem pressa" em fechar os contratos de afretamento das sondas com a Sete Brasil.

Condições

Após longo período de conversas, em novembro, a estatal resolveu condicionar a continuidade das negociações à apresentação de um plano de reestruturação pela Sete Brasil. Os valores dos contratos também voltaram a ser discutidos.

Entre os executivos da Sete Brasil, a percepção é que o acordo não vai sair. Fonte da empresa fornecedora afirma que "a cada avanço apresentado pela Sete Brasil, a estatal responde com duas novas exigências".

Segundo a fonte, um grupo de executivos da Petrobras resistente à Sete Brasil acredita que a fornecedora foi criada para o desvio de dinheiro público.

Oficialmente, nenhuma das empresas se posiciona. A Sete Brasil disse que "desconhece" informação sobre o plano de reestruturação ou que a estatal exija, por exemplo, a redução de tarifa. A Petrobras não respondeu aos questionamentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O diretor de Gás e Energia da Petrobras, Hugo Repsold Jr., afirmou nesta terça-feira (20) que a segunda rota de escoamento de gás do pré-sal está prevista para 2016. "No ano que vem devemos trazer a segunda rota de escoamento de gás do pré-sal para Macaé", disse o executivo durante o XVI Congresso Brasileiro de Energia, no Rio.

"Em breve, em alguns anos, concluindo a terceira rota, chegaremos a volumes de 41 milhões de metros cúbicos/dia de gás vindo do pré-sal", acrescentou o diretor.

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Após a apresentação, Repsold Jr. não quis comentar o resultado da liquidação financeiro de operações no mercado de curto prazo promovido pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Na semana passada, a CCEE comunicou uma inadimplência de 56,34% nas liquidações referentes aos meses de julho e agosto e a Petrobras, por ser uma geradora, tende a ser uma das empresas prejudicadas com a falta de pagamento.

Usinas térmicas da estatal têm sido acionadas a gerar energia, mas não recebem a totalidade de suas receitas, pois liminares conquistadas na Justiça permitem que as empresas de energia evitem prejuízos financeiros com o déficit de geração registrado pelas hidrelétricas devido à seca. A obtenção dessas liminares, segundo a CCEE, correspondeu a 51,62% da inadimplência registrada nas operações de julho e agosto.

A produção de petróleo no País atingiu, em agosto, novo recorde e uma marca histórica para a produção em águas profundas. Pela primeira vez desde o início da produção comercial, em 2010, um campo do pré-sal tornou-se a principal área produtora do País. A marca foi atingida no campo de Lula, na Bacia de Santos, com uma média de 368 mil barris de petróleo por dia, desbancando o campo de Roncador, na Bacia de Campos, que registrou, no último mês, a produção de 363 mil barris de óleo por dia. Ao todo, em agosto, a produção de óleo e gás no País atingiu a marca de 3,171 milhões de barris de óleo equivalente por dia - uma alta de 3% em relação a julho e a melhor média histórica.

Os dados foram divulgados nesta tarde de quinta-feira, 1, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP). O Campo de Lula é, atualmente, responsável por 44% de toda a produção no pré-sal. A área também foi responsável pelo maior volume de gás natural produzido em todo o País, com uma média de 16,6 milhões de metros cúbicos por dia. Localizada no campo, a plataforma Cidade de Mangaratiba, que iniciou a produção em outubro de 2014, foi a principal unidade produtora em agosto, com 174 mil barris de óleo equivalente por dia.

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Lula está em produção desde 2011 pelo consórcio formado por Petrobras (65%), responsável pela operação, em parceria com BG (25%) e Petrogal (10%). A produção no campo deve crescer até o final do ano, quando a Petrobras deverá colocar em operação plena mais uma unidade de produção no campo, a FPSO Cidade de Itaguaí, com capacidade para produção de 150 mil barris por dia.

De acordo com o relatório da agência reguladora, a produção do pré-sal atingiu, em agosto, o patamar de 1,065 milhão de barris de óleo equivalente - uma alta de 3% em relação ao último mês e de 64% em relação a agosto de 2014. Os 54 poços produtores no pré-sal geraram uma produção de 859 mil barris de petróleo por dia e 32,5 milhões de metros cúbicos de gás natural diariamente.

Já a produção total de petróleo no País atingiu a marca de 2,547 milhões de barris por dia em agosto - uma alta de 9,5% em relação ao mesmo mês de 2014. O volume supera o recorde histórico, registrado em dezembro do último ano, quando foram produzidos 2,497 milhões de barris por dia.

Já a produção de gás natural atingiu a marca de 99,2 milhões de metros cúbicos por dia, uma alta de 4,1% em relação a julho e de 9,2% em relação ao último ano. O volume também é considerado recorde pela ANP. Ao todo, gás e petróleo somaram uma produção de 3,171 milhões de barris de óleo equivalente por dia.

Segundo a autarquia, 92,7% de toda a produção partiu de campos operados pela Petrobras. Ao todo, 27 empresas têm produção no País. Em agosto, o aproveitamento de gás natural no mês foi de 95,4%. A queima de gás foi de 4,6 milhões de metros cúbicos por dia, um aumento de 15,5%, se comparada ao mês anterior.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) aprovou nesta segunda-feira (6) o indicativo de greve na Petrobras no próximo dia 24. A paralisação abrangerá todas as áreas operacionais e administrativa da companhia por 24 horas, conforme decisão da diretoria da Federação, reunida em São Paulo.

A decisão ainda será referendada por assembleias dos sindicatos estaduais da categoria, mas a avaliação dos dirigentes sindicais é de adesão à paralisação.

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A mobilização vai questionar a proposta de venda de ativos, reestruturação e corte de investimentos anunciada pela direção da Petrobras na semana passada. Além disso, o movimento também pretende criticar o projeto de lei apresentado pelo senador José Serra (PSDB-SP) que propõe alterar o marco regulatório do pré-sal e retirar da estatal a obrigatoriedade de participar com pelo menos 30% de todos os consórcios - além de atuar como operadora única das áreas de pré-sal.

A partir do dia 14, os petroleiros pretendem iniciar uma série de manifestações e atos em diferentes segmentos da companhia, como forma de mobilizar a categoria para a greve geral. Estão previstos atos como bloqueio, assembleias, paralisações e panfletagem em diferentes unidades da estatal, como gasodutos, refinarias, escritórios administrativos e em diferentes áreas de negócios.

"A paralisação é por conta do projeto de mudança da legislação, e também pelo novo plano de negócios, que prevê uma brutal redução dos investimentos, venda de ativos e abertura de capital da BR Distribuidora, além de não apontar para retomada de obras importantes, como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj)", afirmou o líder sindical José Maria Rangel, um dos diretores da FUP. "As assembleias ainda vão definir a aprovação do ato, mas diante do clima de apreensão da categoria, não temos dúvidas de que será aprovada", completou.

O projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que trata de mudanças na participação da Petrobras no modelo de exploração do pré-sal deve provocar debates intensos no plenário do Senado nesta semana. A matéria está pautada em regime de urgência, mas não há acordo para que ela seja votada.

O senador Walter Pinheiro (PT-BA) propôs um requerimento para a criação de uma comissão especial para discutir o assunto. O documento propõe que o projeto seja debatido durante três meses na comissão, quando os senadores terão condições de apresentar emendas e modificar o texto se desejarem. O requerimento deverá ser protocolado na Mesa Diretora na próxima semana com a assinatura dos líderes dos partidos mais numerosos, como o do governo, Delcídio do Amaral (PT-MS), do PMDB, Eunício Oliveira (CE), e do PSB, Lídice da Mata (BA).

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“Nós vamos criar todo tipo de obstáculo para impedir que isso [a aprovação dos projetos] aconteça. Nós poderíamos até discutir uma alternativa, se tivéssemos mais tempo para discutir o assunto”, disse o líder do PT, Humberto Costa (PE). Segundo ele, o governo trabalha contra qualquer proposta de mudança na prerrogativa da Petrobras de ser operadora dos poços do pré-sal e no modelo de partilha aprovado no novo marco regulatório do petróleo.

Outro projeto colocado junto ao de Serra determina um percentual mínimo a ser destinado à União na partilha do óleo resultante do pré-sal. “A não ser que a presidenta Dilma tenha mudado radicalmente de opinião, porque na última vez que eu a encontrei, ela disse que não tinha a menor possibilidade de isso ser votado agora com a anuência do governo”, disse Humberto Costa.

Líder do partido de Serra, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) admite que será difícil que os projetos sejam votados na próxima semana. Na opinião dele, assuntos complexos como esse geralmente requerem mais debate e não deverá ser diferente com os dois projetos sobre o pré-sal. “É razoável que se tenha uma discussão maior sobre isso, desde que não seja uma manobra procrastinatória”, disse.

Além da resistência dos partidos governistas em votar o projeto, outros fatores devem contribuir para o adiamento da discussão sobre mudanças modelo de exploração do pré-sal. Duas medidas provisórias trancam a pauta do Senado e devem obrigatoriamente ser votadas antes de qualquer outra matéria.

Uma delas trata da política de reajuste do salário mínimo, na qual foi incluída emenda na Câmara dos Deputados estendendo os reajustes do mínimo aos aposentados. O líder do governo adiantou que a emenda não pode ser mantida pelos senadores, porque causaria forte impacto nas contas da Previdência.

Outro projeto na pauta do Senado é o que trata do reajuste para os servidores do Ministério Público Federal idêntico ao aprovado na última terça-feira (30) para os servidores do Judiciário – em média 59% de aumento nos salários.

Os sindicatos da categoria prometem fazer pressão no Senado, mas o governo é contra e tenta negociar uma contraproposta antes da votação. Segundo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não há chance de a proposta ser retirada de pauta por ele e, caso não haja acordo do governo com os servidores, a matéria será votada.

Outro tema que promete movimentar o Senado nesta semana é a reforma política. A comissão criada para analisar as proposições sobre esse assunto enviou um projeto de lei ao plenário tratando de mudanças nas coligações partidárias. Esta semana a comissão vai analisar mais quatro propostas que tratam de cláusula de barreira para partidos pequenos e hipóteses para novas eleições em casos de cassação de registros e perda de mandato.

Há ainda a expectativa de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar denúncias de corrupção e irregularidades na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Na última semana, o presidente Renan Calheiros intimou os partidos políticos a fazerem as indicações dos 11 membros que irão compor a CPI e, se isso não ocorrer, pode ele próprio fazer a indicação por ofício.

O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), afirmou nesta quarta-feira, 1, que a tendência é não se votar hoje a proposta do senador José Serra (PSDB-SP) que acaba com a obrigação de a estatal ser a operadora única e ter participação mínima de 30% na exploração do pré-sal. Segundo ele, os senadores estão tentando fechar um acordo para votar a proposta com a alteração que preveja uma cláusula de preferência não obrigatória para a estatal.

No início da tarde, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), relator da proposta de Serra, disse que, em seu substitutivo, vai propor que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) seja o responsável por atribuir se a Petrobras terá ou não preferência em um determinado leilão. Dessa forma, a cláusula de preferência para a estatal não será obrigatória.

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Segundo Eunício, a intenção é firmar um acordo para aprovar a matéria logo no plenário, de forma que ela siga para apreciação da Câmara dos Deputados. Ele afirmou que, inicialmente, o próprio Serra estava contra a alteração à proposta dele, mas, diante da ponderação do líder do PMDB de que não iria concordar com o texto original, passou a apoiar a mudança.

"Se tiver uma cláusula de preferência, eu vou encaminhar o voto a favor", afirmou o líder do PMDB, a maior bancada do Senado. Sem o apoio dos peemedebistas, avaliou Eunício, a proposta pode não ser aprovada.

Hoje mais cedo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), havia anunciado que o projeto de Serra iria ser votado nesta quarta-feira pelo plenário.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que pretende colocar em votação nesta quarta-feira, 1º, o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que desobriga a Petrobras de ser operadora única e ter participação mínima de 30% na exploração do pré-sal. "Nós vamos fazer um esforço para que esse projeto seja apreciado hoje. Se for o caso, vamos fazer em torno do conteúdo do projeto uma negociação, um acordo", afirmou.

Diante de uma derrota em plenário, o Palácio do Planalto já articula mudar o texto do projeto, para que a Petrobras não seja obrigada a investir em todos os poços, mas tenha a preferência de escolher em quais projetos quer participar.

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Nessa terça, 30, uma sessão temática para discutir o tema durou mais de seis horas. Senadores contrários à proposta chegaram a defender que o projeto deixasse o plenário e fosse discutido nas comissões temáticas da Casa, mas o presidente da Casa não parece disposto a atender a esse pleito.

O senador Edison Lobão (PMDB-MA) criticou a pressa na tramitação do projeto que muda as regras de exploração do pré-sal. De autoria do senador José Serra (PSDB-SP), a proposta acaba com a exigência de a Petrobras ser operadora única e ter no mínimo 30% de participação nos leilões.

"Não vejo razão para se querer de afogadilho alterar essa lei que levou três anos e meio para ser elaborada. Pede-se urgência com que objetivo?", questionou em audiência no Senado para discutir a proposta.

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Lobão foi ministro de Minas e Energia nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff e estava à frente da pasta quando a lei que estabeleceu o regime de partilha foi aprovada. O senador disse que a legislação beneficia o País e a empresa e que o açodamento pode levar ao "abismo". "Temos todas as razões lógicas para manter a lei tal como está, ou que pelo menos se examine com mais prudência", completou.

O Senado Federal promove nesta terça-feira (30), uma sessão temática para discutir os projetos que mudam as regras sobre a participação da Petrobras na exploração do pré-sal. Na discussão, que é realizada na Casa Legislativa neste momento, estão dois projetos de lei do senador José Serra (PSDB-SP) que fazem alterações no modelo de operador único, adotado no novo marco regulatório do pré-sal, e na participação mínima do governo no modelo de partilha.  A pauta polêmica divide opiniões. 

As propostas de Serra estão prontas para votação, em regime de urgência, no plenário, mas a apreciação foi adiada justamente para que os senadores pudessem discutir o assunto com especialistas.

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Segundo o senador Roberto Requião (PMDB/PR), o assunto provoca impasses em vários locais do mundo, por isso é difícil apreciá-lo em pouco tempo. “O petróleo provoca guerras no mundo e o Senado quer discutir o futuro do petróleo no Brasil numa tarde? Isso é degradante”, cravou. 

O peemedebista frisou ainda a existência de interesses por trás da discussão do assunto. “Interesses setorizados discutem a quebra da Petrobras nos miseráveis 30% no pré-sal encontrado pela própria empresa. Quem fala a Petrobras hoje aqui, fala por ela ou pelo Levy? Eu fico perplexo com o que acontece no Senado da República. A quem aproveita o que está acontecendo hoje aqui?”, questionou, alfinetando a proposta de Serra. “Este projeto do José Serra vem junto com a terceirização do trabalho, a precarização do parlamentar. Não temos mais partidos, temos bancadas de financiadores de campanha”, disparou.

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Para o ex-diretor Geral da Agência Nacional da Petrobras, Haroldo Lima, a norma deveria dar mais direito a Petrobras. “O que nós poderíamos discutir é: nós poderíamos dar mais direito a Petrobras. Ela está dentro do contrato de partilha e ela delibera se vai ser ou não operadora naquele crédito. Agora, ela é quem vai dizer se vai ser operadora ou não e ai vai ter 30%”, sugeriu, reprovando a iniciativa do tucano. “Eu acho que o projeto de José Serra como está prejudica a população brasileira”, completou. 

O representante Federação Única dos Petroleiros, José Maria Rangel, repudiou as corrupções envolvendo a estatal, mas em seguida a defendeu . “Todos nós repulsamos aqueles que roubaram a Petrobras e a nossa empresa sempre provoca debates acalorados como está sendo hoje aqui. A nossa empresa é a maior de capital aberto em petróleo. Ela vai sair dessa crise rapidamente a contra gosto de alguns”, frisou. 

Quem também se manifestou contrário à proposta foi o senador Humberto Costa (PT). “O PT é contra a colocação na ordem do dia de hoje, de maneira açodada, do projeto de José Serra que quer desmontar o modelo de partilha”, postou o parlamentar no Twitter. 

Em defesa de seu Projeto de Lei, José Serra sugeriu que sua proposta fosse apreciada com urgência. “A minha ideia é algo urgente a ser votado, porque nós temos uma conjuntura que a Petrobras atravessa uma fase difícil e essa questão da obrigatoriedade da Petrobras é um ônus.  Nós estamos vivenciando uma semiestagnação da Petrobras. O petróleo está semiestagnado no Brasil”, criticou. 

Reforçando sua opinião, o senador esclareceu o desejo de mudar a lei existente atualmente. “A Petrobras não tem condições de bancar a obrigatoriedade que manda a lei. O projeto único e exclusivamente retira a obrigatoriedade da Petrobras de está em todos os postos e bancar os 30% determinados na lei”, explicou. “A minha intenção é defender a Petrobras. É fortalecer a Petrobras e que se rompa este estrangulamento que está acontecendo na Petrobras. Este projeto visa este objetivo e não o oposto”, completou. 

Confira a discussão em tempo real no vídeo abaixo:

O Senado promove nesta terça-feira (30) sessão temática para discutir os projetos que mudam as regras sobre a participação da Petrobras na exploração do pré-sal. Os dois projetos de lei do senador José Serra (PSDB-SP) fazem alterações no modelo de operador único, adotado no novo marco regulatório do pré-sal, e na participação mínima do governo no modelo de partilha. Eles estão prontos para votação, em regime de urgência, no plenário, mas a apreciação foi adiada para que os senadores pudessem discutir o assunto com especialistas.

Para a sessão temática de hoje foram convidados o ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Haroldo Lima, o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Jorge Marques de Toledo Camargo, o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, e o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.

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O debate está marcado para as 11h e deve se estender até o início da sessão deliberativa ordinária, marcada para as 14h. A partir daí, os senadores devem se dedicar à análise de três medidas provisórias que trancam a pauta da Casa, uma delas corrige a tabela do Imposto de Renda. Há ainda a possibilidade de que seja votado o projeto de lei que trata das desonerações sobre a folha de pagamento das empresas.

A partir das 14h30, os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do HSBC vão se reunir para votar 51 requerimentos. A reunião será apenas administrativa, sem depoimentos. A CPI do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) também se reunirá para ouvir os depoimentos da advogada Adriana Oliveira e Ribeiro, sócia do escritório de advocacia JR Silva Advogados Associados, e de Jorge Victor Rodrigues, que teria atuado como intermediário no pagamento de propina de empresas a conselheiros do Carf.

Ainda no período da tarde, ocorrerá a primeira reunião de trabalho da comissão especial criada para analisar os projetos da reforma política. A comissão foi instalada na última semana e deverá concluir os trabalhos até o início do recesso legislativo, em 17 de julho, apontando os projetos em que há acordo para votação, inclusive com a Câmara dos Deputados.

À noite, os senadores se reunirão com os deputados, em sessão conjunta do Congresso Nacional, para a análise de vetos presidenciais. Deverão ser votados vetos referentes às leis das Antenas, da Biodiversidade, da que trata da fusão de partidos políticos, entre outros.

Na véspera de o Senado Federal promover uma sessão para discutir a participação da Petrobras na exploração do pré-sal, o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE), disse na tarde desta segunda-feira, 29, que o partido vai discutir a proposta de a estatal ter uma "preferência" na participação mínima de 30% na exploração e produção de petróleo do pré-sal em cada licitação. O peemedebista comparou a situação da Petrobras com a da Infraero, que teve participação de 49% nos consórcios dos primeiros aeroportos concedidos à iniciativa privada - e cuja participação deve cair para 15% na nova rodada de leilões.

"Eu tenho uma outra posição e vou discutir com a minha bancada, que é a gente colocar 'preferencialmente' a questão da Petrobras participar com 30%, tendo um prazo pra exercer essa preferência", disse Oliveira a jornalistas, depois de participar de reunião no gabinete do vice-presidente Michel Temer.

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"Acho plenamente razoável que a Petrobras tenha preferência, mas não seja obrigatória a participação com 30%. A nossa proposta do PMDB não é extinguir, é dar a preferência para a Petrobras e ela ter um prazo para exercer essa preferência", explicou o peemedebista.

Eunício Oliveira comparou a situação da estatal com a da Infraero, que entrou com uma participação de 49% nos consórcios dos primeiros aeroportos concedidos à iniciativa privada, mas cuja fatia deverá cair para 15% na nova rodada de leilões. A nova rodada de concessões incluirá os terminais de Fortaleza, Florianópolis, Salvador e Porto Alegre.

"Nos aeroportos mais competitivos, que tinham maior volume de passageiros e que mereciam maior investimento, a Infraero chegou a entrar com 49%. Agora, nessa nova leva de concessões, menores inclusive, com menor tráfego, menor capacidade de desenvolvimento e operação, vamos ter 15%", comparou o senador.

O Palácio do Planalto está preocupado com o eventual apoio de senadores à proposta de Serra, que acaba com a participação obrigatória da estatal no modelo de exploração de partilha de produção e com a exigência de participação mínima da estatal de 30% da exploração e produção de petróleo do pré-sal em cada licitação.

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