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Os EUA vão enviar US$ 1,8 bilhão em ajuda militar à Ucrânia, em um pacote massivo que deve incluir pela primeira vez uma bateria de mísseis Patriot e bombas guiadas com precisão para seus caças, disseram autoridades dos EUA nesta terça-feira (20), enquanto o governo do presidente Joe Biden se prepara para receber o presidente ucraniano Volodymyr Zelenski em Washington nesta quarta-feira (21).

Os oficiais americanos detalharam a ajuda em condição de anonimato, uma vez que ela ainda não foi anunciada. O pacote sinaliza uma expansão do tipo de armamento enviado pelos EUA à Ucrânia para reforçar as defesas aéreas do país contra o que tem sido uma barragem crescente de ataques de mísseis russos.

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O pacote, que deve ser anunciado nesta quarta, incluirá cerca de US$ 1 bilhão em armas dos estoques do Pentágono e outros US$ 800 milhões em financiamento por meio da Iniciativa de Assistência à Segurança da Ucrânia, que financia armas, munições, treinamento e outras assistências, disseram autoridades.

O pacote do governo americano vem após autoridades ucranianas pressionarem Washington por armamento mais avançado, e deve preceder a aprovação de mais US$ 44,9 bilhões em apoio à Ucrânia pelo Congresso, como parte de uma lei de gastos maciça. Isso garantiria que o apoio dos EUA continuasse no próximo ano e além, quando os republicanos assumirem o controle da Câmara em janeiro. Alguns legisladores republicanos expressaram cautela sobre a assistência. Fonte: Associated Press.

O presidente Volodimir Zelensky afirmou nesta quarta-feira que a defesa aérea ucraniana derrubou 13 drones de fabricação iraniana utilizados para atacar a capital Kiev.

"Os terroristas iniciaram esta manhã com 13 (drones) Shahed... Todos os 13 foram derrubados por nossos sistemas de defesa aérea", afirmou Zelensky em um vídeo divulgado nas redes sociais, em uma referência aos drones iranianos utilizados pela Rússia contra alvos ucranianos.

A capital ucraniana foi alvo de "duas ondas" de ataques de drones que não provocaram vítimas, afirmou o comandante militar de Kiev, Serguei Popko, em um comunicado.

Ele informou ainda que "estilhaços de drones derrubados atingiram um prédio administrativo" no distrito de Shevchenkivsky, no centro-oeste da capital.

"Quatro edifícios residenciais sofreram danos leves", afirmou Popko.

A Rússia bombardeou durante várias semanas as infraestruturas de energia da Ucrânia com mísseis e drones, o que deixou milhões de pessoas no escuro às vésperas do inverno.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou nesta terça-feira (13) que o país precisa de quase 800 milhões de euros (843 milhões de dólares) em ajuda de emergência para o setor de energia, alvo diário de ataques russos às vésperas do início do inverno (hemisfério norte).

"Precisamos de transformadores, de equipamentos para restaurar as redes de alta tensão, turbinas de gás... Nosso sistema de energia precisa de uma ajuda de emergência do sistema energético europeu, a importação de energia elétrica de países da União Europeia para a Ucrânia, ao menos até o fim da temporada de calefação", declarou Zelensky.

"Isto custará quase 800 milhões de euros", acrescentou o presidente ucraniano em um discurso por vídeo no início de uma conferência internacional de apoio à Ucrânia organizada em Paris com representantes de 47 países.

Depois das conferências de Lugano, Varsóvia e Berlim, o encontro na capital da França busca neutralizar a estratégia adotada pela Rússia desde outubro, que tem o objetivo de levar sofrimento à população e enfraquecer a resistência.

"A Rússia atua de maneira covarde e tenta semear o terror entre a população com ataques às infraestruturas civis, o que são atos de guerra", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, na abertura da conferência.

A vontade da comunidade internacional é ajudar os ucranianos a "resistir durante este inverno" contra uma Rússia cujo objetivo é "deixar o país na escuridão e no frio", acrescentou.

A reunião, que recebeu o nome "Solidários com o povo ucraniano", acontece na sede do ministério das Relações Exteriores, na presença do primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal.

Os participantes se concentram em cinco setores fundamentais (energia, água, alimentação, saúde e transportes) para permitir que a Ucrânia conserve suas infraestruturas essenciais.

"O objetivo imediato (...) é que a rede elétrica ucraniana não entre em colapso, que não tenhamos uma apagão de várias semanas, que a água não congele nos canos porque estes ficarão fora de serviço até o verão", afirmou uma fonte diplomática francesa.

O esforço deve incluir os reparos das infraestruturas após cada bombardeio russo, para que a população possa enfrentar o inverno e manter o moral elevado.

- China, a grande ausente -

A China é a grande ausente do evento, segundo uma fonte diplomática. Mas a reunião tem a presença de embaixadores dos países do Golfo e da Índia, símbolo de uma solidariedade que supera as fronteiras europeias e norte-americanas.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial também estão presentes, mas não são aguardados novos anúncios das instituições.

A primeira sessão terminará com uma entrevista coletiva da ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, e do primeiro-ministro ucraniano.

A conferência continuará na quarta-feira na sede do ministério da Economia, com um encontro bilateral para tentar mobilizar as empresas francesas a aderir ao esforço.

- Recessão profunda -

Apesar da ausência de perspectivas para o fim da guerra, "os ucranianos pediram para falar de reconstrução", informou o Palácio do Eliseu.

Algumas áreas atingidas no início da guerra já estão em fase de reconstrução, mas as obras devem demorar anos.

O custo da guerra para a Ucrânia é imenso.

"Declaramos no início de setembro que o custo seria de quase 350 bilhões de dólares, mas isto não cobrirá mais do que o período do início da guerra até 1º de junho", afirmou Anna Bjerd, vice-presidente do Banco Mundial para Europa e Ásia Central.

Uma nova estimativa será publicada no início de 2023, acrescentou Bjerd.

A economia ucraniana já registrou contração de 33%, consequência da guerra iniciada por Moscou em 24 de fevereiro.

"Com os recentes ataques no país, a contração será maior. Podemos esperar algo próximo a 40%", disse Bjerd.

O Banco Mundial não fez previsões para o próximo ano devido à grande incerteza da conjuntura atual.

Após uma onda de bombardeios russos em todo território ucraniano, a inteligência de Kiev localizou nos escombros pedaços de mísseis construídos na própria Ucrânia na década de 70 que foram devolvidos à Rússia como parte de um acordo para assegurar a integridade territorial do país. A teoria é a de que Moscou esteja utilizando o armamento como isca para forçar Kiev a ativar seu sistema de defesa aéreo antes de um bombardeio real, segundo general ucraniano.

Os destroços de um míssil de cruzeiro subsônico soviético Kh-55 foram encontrados pelas autoridades de inteligência da Ucrânia em outubro. O armamento foi construído para transportar uma ogiva nuclear, mas a ogiva foi removida e um lastro foi adicionado para disfarçar o fato de que não carregava uma carga útil, disse o general Vadim Skibitski, vice-chefe de inteligência da Ucrânia - uma afirmação apoiada pelo Pentágono e pela inteligência militar britânica.

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O míssil pertencia a um depósito de armas entregue à Rússia pela Ucrânia na década de 90 como parte de um acordo internacional destinado a garantir a soberania e a integridade territorial da Ucrânia.

No mês seguinte, as forças ucranianas encontraram os restos de mais dois mísseis Kh-55, ambos com as ogivas removidas e parte do mesmo conjunto de armas que a Ucrânia havia entregue à Rússia sob o acordo.

A Rússia estaria usando os armamentos da própria Ucrânia com um objetivo estratégico: enviar os mísseis forçaria a Ucrânia a mobilizar seu sistema de defesa aérea contra eles.

"Primeiro, o míssil Kh-55 é lançado; nós reagimos a isso", disse o general Skibitski ao New York Times. "É como um alvo falso". Depois que as defesas aéreas ucranianas estão engajadas, disse ele, os bombardeiros russos lançam os mísseis mais modernos, com ogivas destrutivas.

Os três mísseis fazem parte de um número maior de projéteis antigos que foram adaptados e estão sendo usados em ataques na Ucrânia, alguns como iscas e outros modernizados e armados com ogivas.

Arsenal nuclear

Como parte do acordo da década de 90, conhecido como Memorando de Budapeste, a Ucrânia concordou em abrir mão de seu arsenal atômico - o terceiro maior do mundo na época, herdado da União Soviética em colapso - e transferir todas as ogivas nucleares para a Rússia para desativação em troca de garantias de segurança.

"Todos os mísseis balísticos, bombardeiros estratégicos Tu-160 e Tu-95 também foram entregues", disse o general Skibitski. "Agora, eles estão usando mísseis Kh-55 contra nós com esses bombardeiros. Seria melhor se os tivéssemos entregue aos EUA."

O general também ofereceu uma avaliação detalhada do atual poderio russo e das capacidades da Ucrânia de combater a ameaça. "De acordo com nossos cálculos, eles têm mísseis para mais três a cinco ondas de ataques", disse ele. "Isto é, se houver de 80 a 90 foguetes em uma onda."

No dia 5, Moscou disparou mais de 70 mísseis contra a Ucrânia depois que Kiev atingiu duas instalações militares no interior da Rússia.

Embora se acredite que os estoques russos de mísseis de precisão mais modernos estejam acabando, o general Skibitski disse que as fábricas de armas russas conseguiram construir 240 mísseis de cruzeiro de precisão Kh-101 e cerca de 120 dos mísseis de cruzeiro Kalibr baseados no mar desde o início da guerra, que chega a cerca de 40 novos mísseis por mês. Esses números não puderam ser confirmados de forma independente.

Apesar das sanções ocidentais, a Rússia continuou a produzir novos mísseis de precisão, até outubro, de acordo com um relatório divulgado na semana passada pela Conflict Armament Research, um grupo independente com sede no Reino Unido.

Yurii Ihnat, porta-voz da Força Aérea Ucraniana, disse que, após o último ataque, os investigadores encontraram muitos fragmentos que indicavam que os mísseis de cruzeiro de precisão usados no ataque foram fabricados nas últimas semanas. "A Rússia está usando mísseis recém-fabricados", disse ele a uma rádio ucraniana.

Enquanto os russos buscam reforçar seu arsenal, as autoridades ucranianas dizem que estão se aperfeiçoando em derrubar muitos tipos de mísseis e drones disparados contra eles.

Ao longo de novembro, o general Oleksi Hromov, vice-chefe do Estado-Maior ucraniano, disse que as defesas aéreas ucranianas derrubaram 72% dos 239 mísseis de cruzeiro russos e 80% dos 80 drones Shahed-136 fabricados no Irã. Eles afirmam ter derrubado 60 dos 70 mísseis ontem, ou 85%.

Danos generalizados

Mas os mísseis e drones que passam ainda podem causar danos generalizados, dependendo do que atingem. No sábado, a Ucrânia abateu 10 dos 15 drones de ataque, mas vários atingiram infraestruturas críticas em Odessa, deixando 1,5 milhão de pessoas sem energia, em um país que já teme a falta de aquecimento em um inverno que se aproxima (Hemisfério Norte).

Inclinando-se sobre a mesa e desenhando um mapa da Ucrânia, o general Skibitski delineou as quatro direções gerais a partir das quais Moscou está tentando entrar nos céus da Ucrânia - enviando mísseis do Mar Negro, no sul, da área ao redor do Mar Cáspio até o sudeste, da Rússia a leste e de Belarus ao norte.

Durante ataques em larga escala, que incluíram até cerca de 100 mísseis lançados com minutos de distância, eles voam de todas as direções ao mesmo tempo. Desde outubro, disse o general, os padrões de voo dos bombardeiros russos vêm mudando, tomando rotas tortuosas para evitar as defesas aéreas. Mas eles não entram no espaço aéreo ucraniano, limitando sua eficácia.

Em meio aos ataques russos às infraestruturas ucranianas, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, pediu ontem aos países do G-7 que entreguem mais armas e forneçam gás a seu país, que teve sua infraestrutura duramente atingida pelos ataques russos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Força Aérea da Ucrânia bombardeou ontem a cidade de Melitopol, um importante ponto estratégico no sul da Ucrânia, como parte de sua contraofensiva para retomar território ocupado pela Rússia. Ao menos duas pessoas morreram na operação, que indica uma nova fase do contra-ataque ucraniano contra os russos, a poucas semanas da chegada do duro inverno da região.

O ataque atingiu uma igreja que estava sendo usada como base por soldados russos, segundo o prefeito da cidade, Ivan Fedorov, que postou do exílio um vídeo feito à noite de um grande incêndio queimando à distância. A Tass, agência de notícias estatal russa, citou o governador em exercício pró-Rússia da região de Zaporizhzia, Yevgeni Balitski, dizendo que um ataque em Melitopol, usando um sistema Himars, matou duas pessoas e feriu outras 10.

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Os guerrilheiros ucranianos que trabalham atrás das linhas russas lançaram durante meses ataques contra alvos ao redor de Melitopol, incluindo um no verão perto do escritório de Balitski. Fedorov disse que também houve outros ataques na cidade nos últimos dias, bem como um bombardeio à cidade portuária de Berdiansk, mais a leste.

A Ucrânia recapturou a cidade de Kherson em meados de novembro, obrigando Moscou a retirar suas tropas para a margem leste do Rio Dnipro, após meses de pressão militar, abrindo uma nova fase da batalha pelo sul do país.

O avanço permitiu à Ucrânia usar artilharia de longo alcance para atingir alvos mais profundos dentro do território controlado pela Rússia, entre a margem oriental do rio e o Mar de Azov. A próxima fase da batalha, no entanto, será lenta em virtude do reforço das defesas russas no sul e no leste do país, além da chegada do inverno. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou no domingo com o chefe de Estado da Ucrânia, Volodimir Zelensky, a quem reafirmou o apoio veemente de Washington a seu país e celebrou a "abertura a uma paz justa" por parte de Kiev, anunciou a Casa Branca.

Biden destacou na conversa telefônica "o apoio contínuo dos Estados Unidos à defesa da Ucrânia enquanto a Rússia continua com os ataques à infraestrutura crítica do país", afirma um comunicado da Casa Branca.

A ligação aconteceu em um momento de intensificação da campanha russa contra a infraestrutura ucraniana. Os ataques provocaram apagões e deixaram milhões de residências sem energia elétrica às vésperas do inverno (hemisfério norte).

Armas ocidentais, principalmente dos Estados Unidos, ajudam a defesa ucraniana, que conseguiu repelir as tropas russas.

O comunicado destaca os compromissos recentes de Washington com a Ucrânia, incluindo 53 milhões de dólares para a infraestrutura energética ucraniana anunciados em novembro e um pacote de US$ 275 milhões em munição e equipamentos.

Zelensky afirmou no Twitter que agradeceu a Biden pelo apoio em uma "conversa frutífera". Também destacou que ambos discutiram uma "cooperação maior nas áreas de defesa, proteção e manutenção do setor energético".

A presidência ucraniana informou que Zelensky "enfatizou que o país deseja alcançar a paz e chamou a atenção para a importância de consolidar os esforços internacionais para atingir este objetivo".

Biden celebrou a "abertura declarada de Zelensky para uma paz justa baseada em princípios fundamentais consagrados na Carta das Nações Unidas", segundo o comunicado da Casa Branca.

O governo de Biden afirmou recentemente que o Ocidente não estava pressionando a Ucrânia a iniciar negociações com a Rússia e que dependia de Zelensky determinar como e quando negociar.

"Avancem! Mostrem suas mãos e seus documentos!" Na margem direita do rio Dnieper, perto de Kherson, dois policiais ucranianos apontam suas armas e forçam dois homens a atracar seu barco.

A cena se passa na margem que separa a linha de frente nesta cidade do sul da Ucrânia, libertada há um mês após oito meses de ocupação russa.

O controle policial reflete o clima de desconfiança que prevalece em Kherson, onde as autoridades procuram pessoas que "colaboraram" com os russos ou continuam a fazê-lo.

Os dois homens no barco vieram de uma das ilhas perto da margem esquerda, que é controlada pelos russos, embora soldados russos raramente sejam vistos por lá.

"As saídas só estão autorizadas do porto (de Kherson). Aqui é ilegal", explica à AFP um dos policiais.

No porto há agentes que "verificam se há pessoas envolvidas" na colaboração com os russos, acrescenta.

A operação policial é subitamente interrompida por dois mísseis que caem em ilhotas a cerca de 200 metros da praia.

Os dois homens e os policiais se afastam para se protegerem e o interrogatório recomeça depois.

- "Todos serão punidos" -

Passada a euforia dos primeiros dias de libertação, Kherson vive agora sob estrito controle policial.

Agentes verificam documentos de identidade, interrogam transeuntes e revistam porta-malas de carros nas saídas da cidade e em rondas.

O objetivo é deter "colaboradores".

"Mora aqui, mas não sabe onde fica a bomba de água?", repreende um agente com desconfiança a um habitante, que tem de tirar do bolso um comprovante de residência.

"Algumas dessas pessoas trabalharam aqui por mais de oito meses para o regime russo, e agora temos informações e documentos sobre cada uma delas", comenta à AFP o governador da região de Kherson, Yaroslav Yanushevich.

"Nossa polícia sabe tudo sobre elas e todas serão punidas", acrescenta.

Controles também são feitos na estação ferroviária, onde cinco polícias interrogam quem pretende sair da cidade.

- Denunciar os "traidores" -

Os grandes cartazes de propaganda que exaltavam a Rússia foram substituídos por outros incitando os habitantes a denunciar aqueles que "colaboraram" com os russos.

"Dê-nos informações sobre os traidores", diz uma faixa, com um número de telefone e um QR code.

"A maior parte das informações que recebemos vem da população local (...) Também examinamos as contas nas redes sociais e monitoramos a Internet", explica Andrei Kovanyi, chefe de relações públicas da região de Kherson.

Mais de 130 pessoas já foram detidas por "colaboração" nesta região, segundo o vice-ministro ucraniano do Interior, Yevhen Yenin.

Muitos vizinhos com quem a AFP conversou se disseram a favor dessa política.

"É sempre bom ajudar a encontrar um colaborador ou um traidor. Temos que ajudar nossas Forças Armadas a capturar pessoas que trabalharam para a Rússia", diz Pavel, de 40 anos.

Outro vizinho, Viacheslav, de 47 anos, garante que "todos os colaboradores já fugiram para a outra margem" do rio Dnieper. "Aqui somos todos patriotas!", exclama.

A cidade de Odessa, no sul da Ucrânia, ficou sem energia neste sábado (10) após um ataque noturno russo com "drones suicidas", informaram as autoridades.

"Por enquanto, a cidade está sem eletricidade", disse o chefe adjunto da administração presidencial ucraniana, Kyrylo Tymoshenko, no Telegram.

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Apenas as infraestruturas essenciais, como hospitais e maternidades, tinham acesso à eletricidade, especificou Tymoshenko.

"A situação ainda é difícil, mas está sob controle", acrescentou.

Maxim Marchenko, governador da região de Odessa, afirmou que a Rússia atacou a cidade durante a noite com "drones suicidas".

Após o ataque, “não há eletricidade em quase nenhum distrito ou comunidade de nossa região”, reiterou.

Dois drones foram abatidos por unidades de defesa antiaérea ucranianas, acrescentou.

Na sexta-feira, autoridades de Kiev disseram que as regiões do sul do país, incluindo Odessa, sofriam os piores problemas de energia após os últimos ataques às infraestruturas energéticas por parte das forças russas.

No início da semana, a Rússia lançou uma nova salva de mísseis contra estruturas de energia na Ucrânia, causando mais cortes de eletricidade e água.

A Rússia começou a atacar esse tipo de infraestrutura depois que as forças de Moscou sofreram vários reveses militares no terreno.

O presidente russo, Vladimir Putin, alertou na quinta-feira que seu país continuará bombardeando essas infraestruturas, o que já deixou milhões de ucranianos sem eletricidade ou aquecimento.

O porto de Odessa, no Mar Negro, era um dos destinos mais frequentados por ucranianos e russos antes de a Rússia lançar sua ofensiva contra a Ucrânia, em 24 de fevereiro.

Os Estados Unidos vão enviar para a Ucrânia 275 milhões de dólares em material militar para "reforçar" sua defesa, em particular contra os aviões não tripulados, declarou, nesta sexta-feira (9), um porta-voz da Casa Branca.

"Em breve será enviado um novo pacote de ajuda militar no valor de 275 milhões de dólares para dotar a Ucrânia de novas capacidades para reforçar sua defesa aérea e enfrentar as ameaças dos drones", declarou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos.

Kirby disse que os americanos também fornecerão ao exército ucraniano munição de artilharia, em particular para os HIMARS, sistemas de precisão bastante potentes montados em veículos blindados leves.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou na quinta-feira que seu exército continuará atacando a infraestrutura energética da Ucrânia, em represália pelos atentados que Moscou atribui a Kiev, em particular contra a ponte da Crimeia, parcialmente destruída no início de outubro por um caminhão-bomba.

Com este novo pacote, a ajuda total dos Estados Unidos para a Ucrânia supera 19,3 bilhões de dólares desde o começo da invasão russa em fevereiro.

O papa Francisco não conteve as lágrimas ao falar da guerra que afeta a "martirizada" Ucrânia, numa cerimônia pública na tarde desta quinta-feira (8) no centro de Roma.

Por ocasião da tradicional cerimônia de homenagem à Virgem Maria na festa da Imaculada Conceição, o papa visitou a Praça da Espanha esta tarde e rezou diante do monumento à Virgem.

"Virgem Imaculada, hoje gostaria de lhe trazer o agradecimento do povo ucraniano...", disse ele, lendo seu discurso, antes de parar emocionado.

Com o corpo trêmulo, o papa ficou em silêncio por alguns segundos, e então a multidão o aplaudiu calorosamente.

Em seguida, retomou a fala, apoiando-se no braço da cadeira, mas permanecendo de pé, "o agradecimento do povo ucraniano pela paz que há muito tempo pedimos ao Senhor. Ao invés, devo lhe apresentar a súplica das crianças, dos idosos, dos pais e das mães, dos jovens daquela terra martirizada", continuou com a voz embargada pela emoção.

"Olhando para ti, que és sem pecado, podemos continuar a acreditar e esperar que o amor vença o ódio, que a verdade vença a falsidade, que o perdão vença a ofensa e que a paz prevaleça sobre a guerra. Assim seja!", concluiu.

Em sua oração pública do Angelus na Praça de São Pedro, o papa já havia evocado "o desejo universal de paz, especialmente para a martirizada Ucrânia que tanto sofre".

O pontífice argentino tem defendido incansavelmente a paz desde o início da invasão russa, um tema que ele cita regularmente em seus discursos.

Em entrevista publicada no final de novembro pela revista jesuíta americana America, o papa havia denunciado a "crueldade" que a Ucrânia enfrenta diante da ofensiva russa.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reuniu-se com conselheiros militares para discutir a segurança interna do país nesta terça-feira (6) após a Ucrânia atacar pelo segundo dia consecutivo alvos militares em território russo. De acordo com autoridades ligadas ao Kremlin, Kiev realizou um ataque com drone próximo a um aeroporto que opera voos militares e civis nesta terça.

Roman Starovoit, governador da região russa de Kursk, confirmou que ao menos um drone atingiu uma instalação de petróleo perto de um aeroporto na região fronteiriça com a Ucrânia. Segundo Starovoit, serviços de emergência foram acionados para apagar o incêndio e ninguém ficou ferido.

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Vídeos e imagens compartilhados pelas redes sociais mostram um grande incêndio com nuvens de fumaça visíveis de toda a cidade em Kursk. Algumas gravações foram compartilhadas nas redes sociais pelo conselheiro do Ministério das Relações Exteriores ucraniano Anton Gerashchenko. Ele não reivindicou a autoria do ataque.

Um dia antes, a Ucrânia já havia usado drones para atacar duas bases militares russas a centenas de quilômetros dentro da Rússia - o aeroporto de Engels, na região de Saratov, e a base militar de Diagilevo, no centro de Ryazan -, de acordo com o Ministério da Defesa russo e um alto funcionário ucraniano que falou sob condição de anonimato com o The New York Times.

O relatório do Ministério da Defesa da Rússia sobre os ataques desta segunda-feira, 5, apontam que três soldados morreram e outros quatro ficaram feridos durante os bombardeios. Duas aeronaves também teriam sido danificadas.

Em uma atualização sobre o andamento da guerra nesta terça-feira, a Ucrânia confirmou que 15 ataques contra pessoal, armas e equipamentos militares russos foram realizados na segunda-feira, com outros cinco ataques visando posições inimigas com sistemas de mísseis antiaéreos, disse. O anúncio não mencionou especificamente ataques dentro do território russo.

Em Moscou, Putin marcou uma reunião do Conselho de Segurança para discutir como garantir a "segurança interna", mas o Kremlin não deu detalhes sobre quais pontos específicos seriam discutidos e que tipo de anúncio ou abordagem poderia sair deste encontro da cúpula de Defesa.

Falando à imprensa separadamente, o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, disse que as autoridades estão tomando medidas "necessárias" para proteger o país dos ataques ucranianos. "É claro que a intenção abertamente declarada do regime ucraniano de continuar com esse tipo de ato terrorista é um fator perigoso", afirmou. (Com agências internacionais).

Mais de 500 localidades ucranianas continuavam sem energia elétrica neste domingo (4), após os bombardeios russos das últimas semanas que afetaram a infraestrutura de energia do país, informou o ministério do Interior.

"O inimigo continua atacando as infraestruturas essenciais do país. Atualmente, 507 localidades de oito regiões de nosso país estão sem fornecimento de energia", declarou o vice-ministro do Interior, Yevgeniy Yenin.

"A região de Kharkiv é a mais afetada, com 112 localidades isoladas. Nas regiões de Donetsk e Kherson mais de 90; na região de Mykolaiv 82; na região de Zaporizhzhia 76; na região de Lugansk 43", explicou.

As autoridades ucranianas fizeram um apelo no sábado no sábado para que a população tente "aguentar" a deterioração das condições de vida.

"Temos que aguentar", afirmou o governador da região Mykolaiv (sul), Vitaliy Kim. Os ucranianos ficam sem energia elétrica e calefação por várias horas em um dia e as dificuldades são cada vez mais intensas, pois as temperaturas estão abaixo de zero há alguns dias.

A perspectiva de novos bombardeios russos contra a rede de energia ucraniana provoca o temor de um inverno especialmente complicado para a população e uma nova onda de civis em busca de refúgio fora do país.

Até 13.000 soldados ucranianos morreram desde o início da invasão russa em fevereiro, afirmou um assessor do presidente Volodymyr Zelensky.

"Temos estimativas oficiais do Estado-Maior (...) que vão de 10.000 a 13.000 mortos", declarou Mykhailo Podolyak na quinta-feira ao Canal 24 ucraniano.

Ele disse ainda que Zelensky divulgará os dados oficiais "no momento adequado".

Em junho, quando as forças russas tomaram o controle da região de Lugansk (leste), Zelensky afirmou que a Ucrânia perdia "de 60 a 100 soldados por dia, mortos em combate, e quase 500 feridos em combate".

Em setembro, o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, afirmou que 5.937 soldados do país morreram em quase sete meses de combates.

Os dois lados são acusados de minimizar suas baixas para não abalar o moral de seus soldados.

Em novembro, o comandante do Estado-Maior dos Estados Unidos, general Mark Milley, afirmou que mais de 100.000 militares russos morreram ou foram feridos na Ucrânia. Também disse que as forças de Kiev sofreram baixas similares.

Os números divulgados por Milley, que não foram verificados por fontes independentes, foram os dados mais precisos divulgados por Washington até o momento.

Milhares de civis ucranianos morreram nos combates, os mais violentos registrados na Europa em décadas.

Uma carta dirigida ao presidente do Governo espanhol Pedro Sánchez, semelhante à que explodiu na quarta-feira (30) na embaixada ucraniana em Madri, causando ferimentos leves a uma pessoa, foi interceptada há uma semana pelas autoridades, revelou o Ministério do Interior nesta quinta-feira (1º).

Um "envelope com material pirotécnico dirigido ao presidente do Governo" foi "detectado e neutralizado pelos serviços de segurança" do Palácio da Moncloa no dia 24 de novembro, segundo o comunicado do ministério, que acrescenta ser semelhante tanto na aparência como no conteúdo ao recebido na embaixada ucraniana na capital espanhola.

"À espera dos resultados definitivos das análises que estão sendo realizadas, o envelope pode conter uma substância semelhante à utilizada em fogos de artifício", disse o ministério.

Após a sua detecção, a segurança da Moncloa "procedeu à deflagração controlada do envelope", explicou.

Além da carta dirigida a Sánchez e da que explodiu na embaixada ucraniana, dois outros envelopes foram interceptados na tarde de quarta-feira e na manhã desta quinta, respectivamente, na sede da empresa de armas Instalaza, em Zaragoza (nordeste), e na base militar de Torrejón de Ardoz, perto de Madri.

"Aguardando o andamento das investigações e os resultados das análises que estão sendo realizadas pelos peritos da Polícia Nacional, tanto as características dos envelopes quanto o seu conteúdo são semelhantes nos quatro casos", acrescentou o ministério.

Na quarta-feira, um funcionário encarregado da segurança da embaixada ucraniana em Madri foi ferido levemente na mão pela explosão de uma carta-bomba endereçada ao embaixador, que levou Kiev a ordenar o reforço da segurança em todas as suas representações diplomáticas.

A Justiça espanhola, que abriu ontem uma investigação por um possível crime de terrorismo após o acontecimento na embaixada ucraniana, indicou nesta quinta que juntou todos os fatos em um mesmo caso, incluindo um quinto envelope suspeito enviado para a sede do Ministério da Defesa.

- Cartas em série -

Na tarde da mesma quarta-feira, foi detectado outro envelope "suspeito" na sede da empresa de armas Instalaza, em Zaragoza (nordeste), segundo o Ministério do Interior, que acrescentou que as unidades policiais de desativação de explosivos (TEDAX) realizaram "uma explosão controlada do dispositivo".

A Instalaza fabrica um lançador de granadas que o governo espanhol do socialista Pedro Sánchez enviou à Ucrânia logo após a invasão russa daquele país em fevereiro.

Na madrugada desta quinta-feira "os sistemas de segurança da Base Aérea de Torrejón de Ardoz (Madri) detectaram um envelope suspeito, que foi determinado após ser analisado por raios-X (que) poderia conter algum tipo de mecanismo", apontou uma mensagem do Ministério do Interior.

Esta base, perto da capital espanhola, é usada por aviões oficiais que transportam membros do governo espanhol e de lá também decolam aviões militares que levam armas e outros tipos de ajuda à Ucrânia.

Perante esta série de acontecimentos semelhantes, o Ministério do Interior afirmou ter ordenado “medidas extremas de proteção” tanto nas embaixadas como nos edifícios públicos e governamentais, “especialmente no que diz respeito ao controle dos envios postais”.

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, afirmou nesta quarta-feira (30) que o governo vai apresentar em breve um decreto que prorroga a autorização para o país enviar armas à Ucrânia.

O tema é motivo de polêmica na Itália, que já mandou cinco pacotes de ajuda militar a Kiev e agora prepara uma sexta remessa.

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"Em breve, o ministro da Defesa [Guido Crosetto] levará ao Conselho dos Ministros o decreto para prorrogar os prazos das decisões já adotadas, que terminam em 31 de dezembro, para um eventual fornecimento de meios militares à Ucrânia", disse Tajani após uma reunião ministerial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bucareste, na Romênia.

Em votação na Câmara nesta quarta, a base do governo de Giorgia Meloni já conseguiu aprovar uma moção em prol do envio de armas à Ucrânia, iniciativa que enfrenta resistência na oposição.

"O decreto sobre envio de armas à Ucrânia não pode ser uma rotina. Queremos uma passagem nos plenários parlamentares para que seja garantido aos cidadãos o direito a uma informação transparente", afirmou o ex-premiê e deputado Giuseppe Conte, líder do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S).

A ajuda militar foi tema de uma reunião nesta quarta entre Tajani e o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, que agradeceu pelo apoio da Itália. "Sou grato pelo fato de que [Tajani] tenha reiterado que a assistência italiana à defesa da Ucrânia vai continuar e que o Parlamento italiano vai autorizar", disse.

*Da Ansa

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, alertou nesta terça-feira (29) que a Rússia pretende usar o inverno como uma "arma de guerra", no início de uma reunião da aliança militar que pretende intensificar a ajuda à Ucrânia para recuperar sua rede elétrica devastada.

Durante a reunião ministerial da Otan na Romênia, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, deve anunciar uma ajuda financeira "substancial" à Ucrânia, país que se prepara para enfrentar o inverno (hemisfério norte) sob a ofensiva russa.

Uma fonte do governo dos Estados Unidos observou que o governo do presidente Joe Biden reservou US$ 1,1 bilhão para gastos em redes elétricas na Ucrânia e na vizinha Moldávia, que sofre os efeitos da devastação.

Uma feroz campanha de bombardeios de mísseis russos dizimou drasticamente a infraestrutura de energia da Ucrânia e deixou milhões de pessoas no escuro.

Stoltenberg afirmou que "a mensagem de todos nós será que devemos fazer mais" para ajudar a Ucrânia a reparar sua infraestrutura de gás e eletricidade, bem como fornecer defesa aérea para ajudar a Ucrânia a se proteger melhor.

O chefe da Otan disse esperar que a Rússia realize mais ataques à rede elétrica da Ucrânia e alertou que a Europa deveria "estar pronta para mais refugiados".

"A Rússia, na verdade, está falhando no campo de batalha. Em resposta a isso, agora ataca alvos civis (...) porque não pode ganhar território", disse Stoltenberg na abertura da reunião da aliança transatlântica.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, deve se reunir hoje com seus homólogos da Otan para pedir mais armas e assistência para lidar com os ataques russos.

Os ataques às infraestruturas civil e energética "obviamente foram planejados para tentar congelar os ucranianos até que se rendam", disse o ministro das Relações Exteriores britânico, James Cleverly, acrescentando: "Não acho que eles terão sucesso".

- 'Mantenham a calma e enviem tanques' -

Os membros da Otan já enviaram bilhões de dólares em armas e equipamentos - médicos ou de telecomunicações - para a Ucrânia, mas o país pede mais recursos de defesa aérea, tanques e mísseis de longo alcance para repelir as forças russas.

No entanto, está evidente a crescente preocupação com o declínio acentuado e quase esgotamento dos estoques estratégicos, especialmente de munições, em vários países da Otan após os envios para a Ucrânia.

O ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, disse que as exigências aos ministros da Otan eram simples, resumidas no slogan "Mantenham a calma e enviem tanques".

Fontes da Otan insistem que a reunião em Bucareste mostrará a unidade da aliança transatlântica em seu apoio à Ucrânia. No entanto, a aliança não deve avançar com o pedido de adesão da Ucrânia ao bloco.

Stoltenberg insistiu que a "porta está aberta" para novos membros, mas acrescentou que o foco por enquanto é ajudar a Ucrânia contra a ofensiva russa.

Para além da guerra na Ucrânia, os ministros da Otan devem fazer um balanço dos progressos nas adesões da Finlândia e da Suécia, já ratificadas por 28 dos 30 países membros, mas ainda suspensas enquanto se aguarda o sinal verde da Turquia e da Hungria.

Os ministros das Relações Exteriores da Suécia, Finlândia e Turquia se reuniram à margem da reunião, mas o governo turco minimizou as esperanças de um avanço rápido.

As autoridades ucranianas afirmaram nesta segunda-feira (28) que preveem uma nova onda de bombardeios por parte da Rússia esta semana, após os ataques contra infraestruturas críticas que provocaram cortes de água e de energia elétrica, inclusive na capital Kiev.

"É muito provável que o início da semana seja marcado por um ataque do tipo", declarou nesta segunda-feira a porta-voz do comando sul do exército ucraniano, Natalia Gumeniuk, antes de destacar que um navio russo com mísseis foi observado no Mar Negro.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, advertiu no domingo à noite que "a semana que começa pode ser tão difícil como a anterior", marcada por bombardeios em larga escala que provocaram grandes cortes de energia elétrica e água no momento em que o país registra temperaturas próximas de zero.

"Nossas forças estão se preparando. Todo o Estado está se preparando. Imaginamos todos os cenários, inclusive com os aliados ocidentais", acrescentou Zelensky, antes de pedir aos compatriotas que prestem atenção aos alertas antiaéreos.

Zelensky também destacou uma situação "muito difícil" na frente de batalha, em particular na região de Donetsk, leste do país, onde os combates se concentram desde a retirada das forças russas da região de Kherson (sul).

O frio é intenso e o fogo de artilharia violento, mas "Viking", um soldado ucraniano da frente nordeste, está determinado a se vingar dos russos.

"Para mim, o mais difícil é a morte dos meus amigos. Já estava motivado antes (...) mas a raiva, a agressividade e o ódio reforçaram" esse sentimento, diz "Viking", nome de guerra deste solado de 26 anos, membro de uma unidade de tanques.

Apesar das perdas sofridas pelo exército ucraniano nos nove meses de guerra desde o início da invasão russa, "Viking" e outros membros de seu pelotão confiam que podem vencer.

"Vamos empurrar os russos para as fronteiras e além", diz, brincando.

Sua unidade participou do ataque que, em setembro, quebrou as linhas de defesa russas na frente nordeste e forçou as forças de Moscou a recuar para o leste, além do rio Oskil.

Essa contraofensiva perdeu força e os russos reforçaram suas defesas, mas os ucranianos garantem que estão progredindo, apesar do frio do inverno que testa as rotas de abastecimento e as condições das estradas.

"Repelimos os russos, nos consolidamos e avançamos aos poucos", explica "Patriot", um soldado de 23 anos, integrante de um pelotão que acampa em um prado cercado de pinheiros.

- "Muitos bombardeios" -

"Há muitos bombardeios. No mês passado, ouvi cerca de 100 a 200 ataques", disse à AFP durante uma visita a sua posição, organizada pelo exército ucraniano.

Perto dali, um mecânico militar de 44 anos, que deseja permanecer anônimo, trabalha no motor de um tanque russo capturado em setembro e que agora será usado contra seus antigos proprietários.

"O estado do equipamento russo é muito ruim. Tudo estava sujo e coberto de diesel", diz.

Após nove meses no terreno, o material da unidade, datado da época soviética, reflete a dinâmica desta guerra: um dos tanques é do exército ucraniano, outro foi tomado dos russos e um terceiro foi doado pela Polônia.

Nesta área do país, os ucranianos esperam tomar uma importante rodovia que passa pelas cidades de Severodonetsk e Lysychansk, mais a leste, ocupadas pelos russos.

Essas duas cidades foram capturadas durante a campanha na região industrial do Donbass, na qual ambos os lados perderam um grande número de soldados.

- "Adrenalina" -

Desde então, as forças russas passaram por uma série de contratempos, perdendo grande parte da região de Kharkiv e se retirando de Kherson, uma cidade ao sul que ocupavam desde o início da guerra.

"Nesta parte da linha de frente, nós assumimos a responsabilidade de manter nossa posição e, às vezes, lançar contraofensivas", diz Roman, membro do principal batalhão de tanques que opera na região.

"A situação está totalmente sob controle e estamos preparados para enfrentar novos desafios, mesmo inesperados", afirma.

De acordo com especialistas militares, os combates podem se acelerar em breve.

"As temperaturas devem cair na Ucrânia na próxima semana, e isso deve congelar o terreno e acelerar o ritmo dos combates à medida que a mobilidade aumenta em ambos os lados", aposta o Institute for the Study of War, em um estudo recente.

Para os combatentes, a queda da temperatura não é tão importante quanto o fogo da artilharia russa.

"Quando você sabe que a qualquer momento eles podem te alcançar, a adrenalina te esquenta. Você não sente frio", explica "Patriot".

À medida que as temperaturas caem no leste da Ucrânia, Serguei Khmil diz que não tem escolha a não ser usar caixotes de munição deixados pelos russos em retirada como lenha para queimar neste inverno.

Khmil reconhece, entre a destruição em seu vilarejo de Kamyanka, nos arredores de Izium, que sem essa madeira ele congelaria.

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"O mais difícil é conseguir madeira cortada", explica. "Há uma fila enorme para receber madeira doada por voluntários".

Com sua casa em grande parte destruída pelos bombardeios, Khmil trabalha para converter sua cozinha ao ar livre em um abrigo de inverno, agora cheio de cobertores, caixotes de munição e uma caldeira feita de cápsulas de projéteis russos.

"Preciso cobrir as paredes com outra camada de isolamento", acrescenta Khmil, olhando o quarto onde espera se abrigar durante o inverno.

A vila foi bombardeada em março e atacada por helicópteros antes que a infantaria e os tanques russos avançassem para o sul de Izium no início da invasão.

Depois de ocupar a área, os russos invadiram e apreenderam prédios, saquearam casas, roubaram bebidas alcoólicas e dirigiram bêbados, segundo moradores.

"Começaram a entrar nas casas para beber a noite toda", conta Volodimir Tsybulya, um vizinho de 53 anos, enquanto conserta o telhado da casa de sua irmã.

"Jogavam granadas só por diversão. Cheguei em casa e encontrei o banheiro destruído por uma granada", lembra.

Meses se passaram assim, até que uma ofensiva relâmpago das forças ucranianas forçou a retirada, em setembro, dos soldados russos no flanco nordeste, que se moveram mais para o leste.

Após a retirada das tropas, as autoridades ucranianas assumiram o controle da área e descobriram valas comuns ao contabilizar os danos no território.

- "A guerra nos persegue" -

O vice-prefeito de Izium, Mikhailo Ishyuk, diz que a situação é difícil, com 30% a 40% dos telhados destruídos na cidade.

A falta de materiais e equipamentos de construção e a escassez de mão de obra dificultam os reparos antes da chegada do frio de inverno.

As previsões indicam que a temperatura cairá abaixo de zero nos próximos dias.

A situação em Kamyanka é ainda pior, admite o responsável.

Quase todos os telhados das 550 casas e prédios da cidade foram danificados ou totalmente destruídos.

"Estamos observando a situação com cuidado", acrescenta Ishyuk.

Ele também adverte que os apagões estão aumentando após os ataques russos à infraestrutura de energia em toda a Ucrânia, que deixaram Izium e arredores com menos eletricidade e aquecimento.

Em Kamyanka, Lyubov Perepelytsya oscila entre relatar os horrores da ocupação russa e compartilhar seus medos sobre o inverno que se aproxima.

"Eles saquearam literalmente tudo", diz a senhora de 65 anos em meio às lágrimas, descrevendo a destruição de sua casa e o saque de sua propriedade.

A maioria dos 1.200 habitantes da vila deixou a área, mas Perepelytsya e seu marido doente, junto com algumas dezenas de outros, planejam ficar em Kamyanka durante o inverno, aconteça o que acontecer.

"Já chorei muito. Este é o nosso sexto abrigo. Parece que a guerra nos segue onde quer que vamos", lamenta.

"Não sei como vamos sair dessa. Não sei".

Cerca de metade dos habitantes de Kiev continua sem energia elétrica nesta sexta-feira (25) dois dias depois que a Rússia voltou a bombardear infraestruturas estratégicas deixando milhões de ucranianos sem luz em meio ao frio. Três centrais nucleares foram reconectadas à rede elétrica depois de um corte na quarta-feira (23) provocado pelos bombardeios russos. As centrais devem voltar a fornecer energia a um país que se prepara para um inverno rigoroso.

A estratégia de Moscou de bombardear a infraestrutura energética, implementada a partir de outubro após vários reveses militares, foi denunciada como "crime de guerra" pelos aliados ocidentais da Ucrânia e como "crime contra a humanidade" pelo presidente ucraniano Volodmir Zelenski.

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Nesta sexta-feira, engenheiros ucranianos continuavam consertando os danos causados pelos bombardeios russos de quarta-feira, que deixaram habitantes sem eletricidade durante toda a quinta-feira, 24, especialmente na capital. "Um terço das casas em Kiev já tem aquecimento, especialistas continuam restabelecendo o fornecimento na capital. Metade dos consumidores ainda está sem eletricidade", informou o prefeito da capital, Vitali Klitschko.

"Ao longo do dia, as empresas de energia planejam conectar a eletricidade de todos os consumidores em alternância", acrescentou, à medida que a temperatura se aproxima de 0ºC.

O presidente do conselho de administração da operadora nacional de eletricidade Ukrenergo, Volodimir Kudriski, considerou que o sistema energético ucraniano "passou pelo momento mais difícil" após o ataque. A eletricidade foi parcialmente restaurada nas regiões ucranianas e "o sistema de energia está conectado novamente ao sistema de energia da União Europeia", informou.

"Depois dos bombardeios russos, o sistema foi destruído, mas foi restaurado em 24 horas", afirmou o assessor presidencial Mikhailo Podoliak, que acrescentou: "Sim, é uma situação difícil e sim, isso pode acontecer novamente. Mas a Ucrânia consegue enfrentar isso".

Diante dos ataques russos, os aliados ocidentais de Kiev forneceram sistemas de defesa antiaérea, mas o governo ucraniano pode precisar de mais para lidar com os mísseis e drones de Moscou.

A Rússia garante que visa apenas a infraestrutura militar e acusou a defesa antiaérea ucraniana dos apagões. O Kremlin sustenta que a Ucrânia poderia acabar com o sofrimento de sua população se concordasse com as exigências da Rússia.

Na linha de frente, os combates continuam em várias áreas. Na noite de quinta-feira, um bombardeio russo na cidade de Kherson, no sul, de onde as tropas de Moscou se retiraram há duas semanas, causou 11 mortes e quase 50 feridos, segundo a Presidência ucraniana.

Ajuda externa

Países europeus estão se mobilizando para ajudar a Ucrânia a se manter aquecida e funcionando durante os rigorosos meses de inverno do Hemisfério Norte. A França está enviando 100 geradores de alta potência para a Ucrânia para ajudar as pessoas a enfrentar os próximos meses, disse a ministra das Relações Exteriores Catherine Colonna, nesta sexta-feira.

Em viagem a Kiev, o secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverly, disse que um prometido pacote de defesa aérea, que o Reino Unido avaliou em 50 milhões de libras (R$ 323 milhões), ajudaria a Ucrânia a se defender dos bombardeios da Rússia. "Palavras não são suficientes. As palavras não vão manter as luzes acesas neste inverno. Palavras não vão defender contra mísseis russos", disse Cleverly.

O pacote inclui radar e outras tecnologias para combater os drones explosivos fornecidos pelo Irã que a Rússia usou contra alvos ucranianos, especialmente a rede elétrica. (Com agências internacionais).

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