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Produtor de cinema que se tornou motorista de ambulância voluntário, Yevhen Titarenko compareceu ao Festival de Berlim ao lado de outros cineastas ucranianos para mostrar a guerra filmada "por dentro" e denunciar a ofensiva russa iniciada há um ano.

"Na linha de frente não há tapetes vermelhos, apenas um chão encharcado de sangue", disse recentemente o embaixador da Ucrânia na Alemanha, Oleksii Makeyev, ao apresentar o cinema de seu país.

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O primeiro grande festival europeu do ano, que termina no próximo sábado (25), destacou a solidariedade aos produtores, idealizadores e artistas ucranianos com um programação de filmes e discussões sobre o país atingido pelos conflitos.

O próprio presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, fez uma aparição em vídeo na Berlinale na última quinta-feira (16), ocasião em que pediu compromisso com a arte e o cinema.

O ex-comediante é o protagonista do documentário dirigido pelo ator americano Sean Penn, que apresentou a produção no festival.

Na sexta-feira, 24 de fevereiro, quando se completa um ano da invasão russa, o tapete vermelho da Berlinale receberá manifestações de apoio à Ucrânia.

- "A guerra por dentro" -

Entre os filmes ucranianos exibidos, "Sem Retorno" (2020), de Titarenko, retrata a vida de um paramédico próximo à linha de frente.

Enquanto filmava um documentário no ano passado na região de Donetsk, o diretor de 34 anos tomou a decisão de se candidatar "como voluntário", contou à AFP.

Desde então, fez uma série de filmes "para mostrar às pessoas como é a guerra por dentro".

"Os ucranianos não querem fazer guerra. Preferem fazer coisas normais, se dedicar à cultura como em todos os outros países. Mas não temos escolha a não ser lutar", diz ele, cujo filme selecionado para o festival foi produzido junto ao documentarista russo que vive em exílio, Vitaly Manskiy.

Alisa Kovalenko também trocou de papel após o início da ofensiva russa.

A cineasta de 35 anos interrompeu a produção do documentário iniciado em 2018 sobre cinco adolescentes na região ucraniana do Donbass que faziam planos para o futuro antes da guerra.

Após quatro meses na linha de frente, onde participou de mutirões de voluntários em Kiev e Kharkiv, a diretora retomou o projeto e começou a editá-lo.

"Entendemos que precisávamos mudar tudo. É um filme completamente diferente" do previsto inicialmente, contou à AFP.

O documentário "We will not fade away" (2023), rodado entre 2019 e 2022, retrata as frágeis esperanças destas jovens da região de Luhansk, uma área sob controle ucraniano.

- Uma "luz" interior -

"A Rússia pode bombardear nossas cidades e nos deixar sem eletricidade (...) Se você preserva a esperança e continua sonhando, sempre terá uma luz dentro de si. E essa luz, os russos não podem tirar de nós", disse Kovalenko.

Durante as filmagens, dois adolescentes que protagonizavam o filme deixaram a região e outros dois desapareceram, conta a diretora.

Entre as outras produções ucranianas apresentadas estão "Do you love me?" (2023), uma ficção sobre uma adolescente no fim da União Soviética, e "In Ukraine" (2023), documentário sobre o cotidiano do país em guerra.

Além de "Iron butterflies" (2023), do cineasta Roman Liubyi, que conta a história do voo MH17 da Malaysia Airlines, derrubado em 2014 por separatistas do leste da Ucrânia, e como esse drama foi um prelúdio para o conflito atual.

Além do festival, os ministérios da Cultura da Alemanha, França e Luxemburgo lançaram um fundo europeu de US$ 1,06 milhão (cerca de R$ 5,49 milhões) para apoiar o cinema ucraniano em 2023.

O papa Francisco condenou nesta quarta-feira (22) a guerra "absurda e cruel" na Ucrânia, ao mesmo tempo que fez um novo apelo a favor da paz a apenas dois dias do aniversário de um ano da invasão russa a este país.

"Um ano de guerra absurda e cruel, um triste aniversário", disse o pontífice argentino após a audiência geral de quarta-feira no Vaticano.

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"Faço um apelo a todos aqueles que têm autoridade sobre as nações para que se comprometam concretamente a acabar com o conflito, alcançar um cessar-fogo e iniciar negociações de paz", acrescentou o papa, de 86 anos.

"O balanço de mortos, feridos, refugiados, danos econômicos e sociais fala por si só", afirmou Jorge Bergoglio, que no último ano fez diversos apelos à paz, ao mesmo tempo que pediu a manutenção de um diálogo com Moscou.

"Pode o Senhor perdoar tantos crimes e violência? (...) Permaneçamos junto ao martirizado povo ucraniano, que continua sofrendo, e nos perguntemos se todo o possível foi feito para deter a guerra, acrescentou.

Apesar das propostas de mediação, a diplomacia da Santa Sé não conseguiu ser considerada no conflito da Ucrânia.

O papa Francisco tinha a intenção de visitar Kiev e Moscou, mas o projeto não se concretizou até o momento.

O presidente Joe Biden disse nesta terça-feira (21) que a Ucrânia nunca será uma vitória para a Rússia e prometeu que os Estados Unidos e seus aliados continuarão apoiando Kiev no conflito.

As declarações foram dadas durante um discurso para uma multidão no Castelo de Varsóvia, na Polônia, por ocasião do primeiro aniversário da invasão, em 24 de fevereiro.

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"Acabei de voltar de uma visita a Kiev e posso dizer que ela continua forte. Está de pé e, o mais importante, continua livre", afirmou Biden, que fez uma viagem surpresa à capital ucraniana na última segunda (20).

"A Ucrânia jamais será derrotada pela Rússia, jamais", ressaltou o líder americano, acrescentando que os "autocratas devem ser combatidos", em referência a seu homólogo Vladimir Putin.

De acordo com Biden, os EUA e seus aliados continuarão "defendendo a democracia a qualquer custo". "Putin ainda duvida de nossa capacidade de resistir, mas jamais nos cansaremos", prometeu.

O democrata ainda acusou Moscou de cometer "crimes contra a humanidade sem vergonha ou remorso" na Ucrânia, de "alvejar civis com morte e destruição" e de usar o "estupro como arma de guerra". "Ninguém consegue tirar os olhos das atrocidades que a Rússia está cometendo", destacou.

Biden também negou que os EUA queiram "destruir a Rússia", rebatendo uma declaração de Putin em seu discurso sobre o estado da nação, realizado horas antes. "Os EUA e os países da Europa não querem controlar ou destruir a Rússia. O Ocidente não conspirava para atacar a Rússia, como Putin disse hoje", enfatizou.

Além disso, alertou Moscou sobre eventuais ataques contra membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Não duvide: o compromisso dos EUA com a aliança é sólido como uma rocha. Todo membro da Otan sabe disso, e a Rússia sabe disso. Um ataque a um é um ataque a todos. É um juramento sagrado", disse ele.

Da Ansa

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta terça-feira (21) a suspensão do "New Start", último tratado sobre a redução de arsenais nucleares ainda em vigor com os Estados Unidos.

Esse acordo foi assinado em abril de 2010, pelos então presidentes Dmitri Medvedev e Barack Obama, e foi prorrogado pela última vez em fevereiro de 2021, limitando a 1,55 mil o número de ogivas nucleares de cada país.

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O tratado também previa inspeções diretas e troca de informações entre as duas potências, mas Putin afirmou que não pode permitir que técnicos americanos visitem as instalações nucleares russas enquanto os EUA tentam "impor uma derrota estratégica" a Moscou na Ucrânia.

"Vamos suspender o tratado, mas não nos retiramos", declarou o presidente em seu discurso sobre o estado da nação. Putin também pediu que o Ministério da Defesa fique de prontidão para eventuais testes de armas nucleares, porém prometeu não usá-las primeiro.

"Mas se os Estados Unidos o fizerem, precisamos estar prontos", acrescentou. Ao longo de 1h45 - um de seus discursos mais longos ao Parlamento -, o chefe de Estado garantiu que a Rússia atingirá seus objetivos na Ucrânia, voltou a acusar o presidente Volodymyr Zelensky de encabeçar um regime "neonazista" e denunciou que Kiev queria se armar com bombas nucleares.

"Não tínhamos dúvidas de que eles tinham operações prontas para o Donbass em fevereiro [de 2022]. Eles fizeram a guerra começar, nós apenas usamos a força para frear a guerra", justificou Putin.

O presidente ainda afirmou que a Rússia queria uma "solução pacífica", mas foi "enganada" pelo Ocidente. "O objetivo do Ocidente é levar a Rússia a uma derrota estratégica, querem nos eliminar para sempre. Não percebem que a própria existência da Rússia está em jogo", salientou.

Putin também disse que é "impossível" derrotar o país no campo de batalha e que Moscou "não está em guerra contra o povo da Ucrânia".

Em reação ao discurso, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, declarou que é "absurda" a ideia de que a Rússia esteja sujeita a "qualquer forma de ameaça militar da parte da Ucrânia ou de quem quer que seja".

Já Mikhailo Podolyak, conselheiro de Zelensky, disse que Putin demonstrou "sua irrelevância e sua confusão". "Ele não tem soluções e não as terá", acrescentou. Por sua vez, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou que "ninguém atacou a Rússia". "Eles são os agressores", ressaltou.

Da Ansa

O presidente dos EUA, Joe Biden, fez uma visita não anunciada à Ucrânia nesta segunda-feira (20) e se reuniu com o presidente do país, Volodimir Zelenski, na capital Kiev, dias antes do aniversário de um ano da invasão da Ucrânia por forças russas.

Em declaração conjunta com Zelenski, no Palácio Mariinsky, Biden refletiu sobre a firmeza da resistência ucraniana num momento em que a guerra entra em seu segundo ano, ressaltando que a comunidade internacional a princípio temia que Kiev sucumbiria à invasão da Rússia, lançada em 24 de fevereiro do ano passado. "Um ano depois, Kiev se mantém em pé. E a Ucrânia se mantém em pé. A democracia se mantém em pé", disse Biden.

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O presidente dos EUA também anunciou US$ 500 milhões em ajuda adicional aos ucranianos e disse que mais detalhes serão divulgados nos próximos dias, mas adiantou que o pacote incluirá mais equipamentos militares, como munição de artilharia, dardos e obuses.

Ao lado de Zelenski, Biden prometeu "apoio inabalável" à Ucrânia e sua soberania e independência territorial. "Achei que era fundamental que não houvesse nenhuma dúvida, nenhuma mesmo, sobre o apoio dos EUA à Ucrânia na guerra", disse o presidente americano. Fonte: Dow Jones Newswires.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que os Estados Unidos acreditam que a China avalia fornecer armas à Rússia para ajudá-la na guerra na Ucrânia. Segundo ele, a ação causaria problemas sérios para as relações já tensas com Washington, que se agravaram nos últimos dias com o episódio do balão espião.

Até agora, os EUA identificaram que Pequim só forneceu ajuda não militar aos russos. "Com base nas informações que temos, (acreditamos) que eles estão considerando fornecer apoio letal", disse Blinken à CBS News, em uma entrevista que foi ao ar ontem.

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Mas Blinken não deu detalhes sobre que tipo de auxílio de guerra poderia ser oferecido pela China. Isolada em razão de sanções impostas pelo Ocidente depois da invasão da Ucrânia, que está prestes a completar um ano, a Rússia tem recorrido cada vez mais a aliados - como China, Irã e Coreia do Norte - para obter suprimentos militares.

No sábado, Blinken se reuniu com seu homólogo chinês, Wang Yi, em uma conferência anual de segurança em Munique. Foi o primeiro encontro diplomático entre os dois lados desde que um balão espião chinês foi encontrado sobrevoando os Estados Unidos, o que causou uma nova crise nas relações bilaterais.

Relatório da reunião divulgado pela agência de notícias estatal chinesa Xinhua não mencionou a Rússia ou a Ucrânia.

ALERTAS

Falando também à emissora ABC, Blinken enfatizou que o presidente Joe Biden havia alertado seu homólogo chinês, Xi Jinping, já em março passado a não enviar armas para a Rússia. De acordo com uma fonte do governo dos EUA a par do assunto, desde então, a China havia tomado cuidado "de não cruzar essa linha, atrasando até mesmo a venda de sistemas de armas letais para uso no campo de batalha".

Até então, pelo menos publicamente, os americanos não consideravam que a China estaria se preparando para ir além do apoio retórico, político e diplomático à Rússia na guerra na Ucrânia.

Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, durante o encontro em Munique, o secretário americano fez alertas claros ao chinês sobre as consequências para a China se for descoberto que o país estaria fornecendo apoio material bélico ou ajudando a Rússia a burlar as sanções ocidentais.

A guerra na Ucrânia foi tema dominante na conferência de Munique, com autoridades ocidentais reforçando que vão continuar a apoiar Kiev. A declaração de Blinken logo após o encontro com Wang Yi torna público mais um ponto de atrito na já deteriorada relação entre EUA e China.

Já a China transmitiu uma mensagem calibrada na conferência. Wang Yi disse que "guerras nucleares não devem ser travadas", um sinal para Moscou de que a China não tolerará o uso de armas nucleares na Ucrânia, como as autoridades russas já ameaçaram.

APOIO À UCRÂNIA

O diplomata Josep Borrell Fontelles, chefe de política externa da União Europeia (UE), criticou os atrasos no envio de armas e munição à Ucrânia e disse que os países ocidentais devem aumentar rapidamente seu apoio militar a Kiev em um cenário em que a guerra entra, segundo ele, em um "momento crítico". "Precisa haver menos aplausos e melhor suprimento de armas", disse Borrell. "Muito mais precisa ser feito e muito mais rápido."

Com a Rússia intensificando sua ofensiva no leste da Ucrânia, aliados de Kiev trabalham para encontrar maneiras de fornecer apoio militar adicional. Nações prometeram enviar tanques de guerra para a Ucrânia, uma decisão que Borrell disse ter levado muito tempo. "Todo mundo sabe que, para vencer uma guerra, você precisa de tanques", disse na conferência.

Biden deve chegar à Europa amanhã. Ele visitará a Polônia no aniversário da invasão da Rússia. Espera-se que o presidente Vladimir Putin, da Rússia, faça um discurso no mesmo dia. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, acusou neste sábado (18) a Rússia de cometer "crimes contra a humanidade" na Ucrânia, dizendo que as forças russas realizaram um "ataque generalizado e sistemático" contra a população civil.

"Os Estados Unidos estabeleceram formalmente que a Rússia cometeu crimes contra a humanidade na Ucrânia", disse Harris, dirigindo-se aos líderes mundiais presentes na Conferência de Segurança em Munique, sul da Alemanha.

Esta é a primeira vez que os Estados Unidos designaram formalmente a Rússia como um país que cometeu crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia desde a invasão russa.

"Examinamos as provas, conhecemos as normas legais e não há dúvida de que se trata de crimes contra a humanidade", sublinhou.

Harris citou casos de execuções sumárias, tortura e estupro pelas forças russas na Ucrânia, além "da transferência de centenas de milhares de civis ucranianos" para a Rússia.

"Afirmo a todos os que perpetraram esses crimes e a seus superiores ou cúmplices: vocês responderão", acrescentou.

Desde o início da invasão, os Estados Unidos documentaram ou catalogaram mais de 30.600 casos de crimes de guerra supostamente cometidos por forças russas na Ucrânia, segundo o Departamento de Estado dos EUA.

"Não pode haver impunidade para esses crimes", enfatizou o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, em um comunicado separado.

A conferência de três dias conta com a presença de dezenas de autoridades internacionais, além de Harris e Blinken, como o presidente francês Emmanuel Macron, o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, ou o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi.

- Redobrar o apoio -

No segundo dia da conferência de Munique, mais vozes pediram um maior apoio militar à Ucrânia.

Os aliados, liderados pelos Estados Unidos, doaram bilhões de dólares em armas ao governo ucraniano, incluindo artilharia e sistemas de defesa aérea, mas o governo de Kiev diz que precisa de mais para que sua contraofensiva tenha sucesso.

"Devemos dar à Ucrânia o que ela precisa para vencer e prevalecer como uma nação soberana e independente na Europa", disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

"O maior risco de todos é que Putin vença. Se Putin vencer na Ucrânia, a mensagem para ele e outros líderes autoritários será que eles podem usar a força para conseguir o que quiserem", disse ele.

A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também pediu o aumento do apoio militar à Ucrânia, em áreas como o abastecimento de munições.

"Devemos redobrar e continuar com o apoio massivo necessário", disse ela.

Na abertura da conferência, na sexta-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu aos aliados que intensifiquem sua ajuda, em uma mensagem de vídeo.

No mês passado, a Alemanha concordou em entregar tanques pesados de fabricação alemã para a Ucrânia, depois de semanas debatendo se deveria ou não fazê-lo. Com esses tanques, as forças ucranianas poderiam repelir o avanço dos russos.

No entanto, as negociações subsequentes com os parceiros da Otan ainda não reuniram tropas suficientes para formar um batalhão completo. Nas últimas semanas, Zelensky exigiu aviões de combate dos ocidentais, ideia que, por enquanto, seus interlocutores rejeitaram.

O grupo paramilitar Wagner anunciou a conquista de uma cidade perto de Bakhmut, no leste da Ucrânia, palco de uma das mais longas e sangrentas batalhas do conflito.

Neste sábado, o exército russo reivindicou a captura de uma cidade na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, onde suas tropas estão na ofensiva há várias semanas.

Em Munique, na Alemanha, onde até este domingo (19) representa o Brasil na 59ª Conferência de Segurança, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reiterou que o Brasil não enviará munição para tanques à Ucrânia. A declaração foi feita na sexta (17) , primeiro dia do encontro, que reúne mais de 40 líderes mundiais.

Na avaliação do governo brasileiro, a medida seria entendida como uma participação do Brasil na guerra. "Em vez de participar de uma guerra, preferimos falar de paz", ressaltou o chanceler. Vieira enfatizou a disposição do país de participar de uma mediação para se chegar a uma trégua e depois negociar a paz: "O Brasil está pronto para ajudar sempre que possível", afirmou.

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No fim de janeiro, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, visitou o Brasil, e o presidente Luz Inácio Lula da Silva propôs que o Brasil faça parte, junto com a China, de uma espécie de “clube da paz” para mediar o fim do conflito.

Na Alemanha, Mauro Vieira já teve vários encontros bilaterais com os chanceleres da Bósnia e Herzegovina, do Canadá, da Colômbia, Eslovênia, de Malta, da República Dominicana, do Reino Unido e da Suíça, bem como com o alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.

Criada em 1962, a Conferência de Segurança de Munique tornou-se um dos principais foros globais de discussão e reflexão sobre os desafios à paz e à segurança internacional. A agenda do ministro Mauro Vieira continua neste sábado (18), quando participa do painel Defending the UN Charter and the Rules-Based International Order, além de participar de novos encontros bilaterais.

O chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, pediu nesta quarta-feira (15) que presidentes e líderes latino-americanos abandonem a neutralidade e escolham "o lado certo da história" na guerra contra a Rússia. Em conferência online organizada pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), Kuleba afirmou que Kiev prepara uma política externa específica para a região e espera aprofundar relações com o Brasil - que ganhou um papel central nas últimas semanas, após pedidos da Otan por envio de munição ao Leste Europeu.

"Tínhamos uma relação muito boa com o Brasil. Tínhamos um grande projeto de construir em conjunto uma plataforma de lançamento de foguetes. Esse projeto morreu, e durante anos não tivemos diplomacia. Agora, com a eleição do novo presidente, estaremos reavaliando o projeto de construção de nossa relação com o Brasil", afirmou.

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O interesse expresso de aproximação com a região ocorre após a visita de janeiro à América Latina do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, que buscou incluir países como Brasil, Chile e Argentina na lista de fornecedores de armamento para a Ucrânia - apesar de não ter conquistado nenhum compromisso relevante.

Rejeição

Há pouco mais de duas semanas, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, rejeitou o pedido de Scholz de se juntar ao esforço internacional para enviar munição à Ucrânia, afirmando que "o Brasil é um país da paz". Lula propôs a criação de uma espécie de grupo de negociação para tentar alcançar uma saída diplomática.

Embora a Otan tenha se comprometido recentemente com o envio de tanques pesados para a Ucrânia e com o treinamento de soldados na operação das máquinas de guerra, os aliados ocidentais deram sinais claros de que a guerra contra os russos está causando problemas para as linhas de suprimento bélico de seus países.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A ONU pediu nesta quarta-feira (15) a quantia de 5,6 bilhões de dólares para cobrir as necessidades humanitárias ao longo do ano de 11,1 milhões de pessoas na Ucrânia e 4,2 milhões de refugiados que fugiram do país assolado pela guerra.

"Quase um ano depois, a guerra continua provocando mortes, destruição e deslocamentos diariamente, em uma escala assombrosa", afirmou o diretor de operações humanitárias da ONU, Martin Griffiths, em um comunicado.

"Devemos fazer todo o possível para chegar às comunidades mais difíceis de alcançar, incluindo as que estão próximas da linha de frente. O sofrimento do povo ucraniano está longe de acabar, eles continuam precisando do apoio internacional", acrescentou.

Os organismos humanitários das Nações Unidas precisarão este ano de 3,9 bilhões de dólares para ajudar a 11,1 milhões de pessoas Ucrânia e de US$ 1,7 bilhão para atender as necessidades de 4,2 milhões de refugiados e de suas comunidades de acolhida em vários países do leste da Europa.

A maior parte da ajuda aos refugiados será destinada à Polônia, principal país de recepção no leste europeu, e à Moldávia, por onde transitam muitos refugiados antes de seguir para outros países.

As mulheres e as crianças representam 86% da população total de refugiados, segundo a ONU.

"A Europa demonstrou que é capaz de atuar de forma corajosa e coletiva para ajudar os refugiados", declarou o diretor da agência da ONU para os refugiados, Filippo Grandi.

"Porém, não devemos considerar como garantida a resposta nem a hospitalidade das comunidades de acolhida", acrescentou Grandi, que pediu "apoio internacional contínuo (...) até que os refugiados possam retornar para suas casas com segurança e dignidade".

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, as organizações humanitárias trabalham para alcançar toda a população do país: quase 16 milhões de pessoas receberam ajuda e serviços de proteção no ano passado, inclusive em áreas fora do controle do governo ucraniano.

Na Ucrânia, "a guerra afetou profundamente o acesso aos meios de subsistência e perturbou a estabilidade dos mercados, em particular nas províncias do sul e do leste, agravando ainda mais o sofrimento humanitário", destaca o comunicado da ONU.

Recém-chegados do front, 105 soldados ucranianos acompanham um curso de formação intenso sobre os tanques Leopard na Polônia, ministrado por instrutores noruegueses, canadenses e poloneses, explicaram os organizadores e participantes desta instrução excepcional.

Junto de seus aliados, Berlim prevê fornecer à Ucrânia um primeiro batalhão desses carros de combate modernos alemães para abril, declarou o ministro de Defesa, Boris Pistorius, na semana passada.

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"São operadores de tanques muito experientes, que vieram aqui diretamente do front", na Ucrânia, onde lutam contra a invasão russa, indicou o presidente polonês, Andrzej Duda, que os visitou nesta segunda-feira (13) em Swietoszow, no sudoeste da Polônia.

"Basta olhar para seus rostos que você entende que tem diante de si pessoas que vivenciaram coisas horríveis, mas que estão absolutamente determinadas a defender sua pátria", acrescentou.

Os soldados aprendem a teoria e, para praticar, treinam em simuladores. Contudo, nesta segunda, alguns participaram de uma demonstração em um campo de exercícios local, utilizando os blindados que terão que conduzir no futuro.

"Este tanque é de muito boa qualidade, muito bom. E o que me agrada é que nossos soldados também gostaram muito deles", declarou aos jornalistas o major ucraniano Vadym Khodak.

Para ele, esses blindados serão "de grande apoio para o Exército" ucraniano.

"Espero que, quando chegarmos à linha de frente com este equipamento, isto salve muitas vidas de nossos soldados e nos aproxime da vitória", acrescentou.

- Doze horas por dia -

Normalmente, a formação dura dois meses, mas a dos soldados ucranianos é mais intensa e foi concentrada em um único mês.

Os militares de Kiev trabalham "aproximadamente entre 10 e 12 horas diárias, de segunda a sábado", disse aos jornalistas o instrutor polonês Krzysztof Sieradzki.

Segundo ele, 21 tripulações - compostas de quatro pessoas cada uma - participam do curso de formação, além de pessoal técnico, somando um total de 105 soldados.

Os tanques que estão sendo utilizados foram fornecidos por Polônia e Canadá.

"Os soldados ucranianos estão deslumbrados com a simplicidade da estrutura e a ergonomia dos compartimentos da tripulação", comentou Sieradzki.

"Não precisamos motivá-los, pelo contrário, precisamos contê-los um poco", assinalou.

De acordo com o ministro da Defesa da Polônia, Mariusz Blaszczak, um dos desafios será encontrar peças de reposição, um tema que ele deseja abordar com Pistorius durante uma reunião nesta terça-feira em Bruxelas.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, alertou nesta segunda-feira (13) que a Ucrânia utiliza um volume de munição superior à atual capacidade de produção da aliança militar.

"O ritmo atual do gasto de munições da Ucrânia é muitas vezes maior que o nosso ritmo atual de produção (...) Isto coloca nossas indústrias de defesa sob pressão", disse Stoltenberg em uma coletiva de imprensa em Bruxelas.

De acordo com o dirigente, este é um "fato concreto" em que a OTAN está atuando.

"Estamos cientes disso há algum tempo e começamos a fazer coisas. Não estamos apenas sentados sem fazer nada. Estamos trabalhando duro (...) para aumentar nossa produção", comunicou.

A primeira medida foi iniciar "uma revisão extraordinária de nossas reservas. Com essa informação, vamos ver cada aliado individualmente e então poderemos firmar contratos com a indústria".

Stoltenberg ainda acrescentou que é possível encontrar "alguma capacidade não utilizada" para impulsionar a produção.

Os ministros de Defesa da Otan terão uma reunião em Bruxelas na terça-feira (14) para discutir sobre o fornecimento de armas às forças ucranianas. O ministro da Defesa ucraniano, Oleksi Resnikov, vai participar e apresentar detalhes sobre as necessidades de suas tropas para enfrentar a ofensiva russa.

Na semana passada, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, pressionou aliados da OTAN para que forneçam caças à seu exército, uma perspectiva vista com cautela por todos os lados.

Nesta segunda-feira, Stoltenberg disse que a entrega de aviões será objeto de negociações na terça-feira, mas acrescentou que ainda "levaria tempo e as prioridades de curto prazo são as munições e armas prometidas".

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, pediu ontem aos líderes da União Europeia mais equipamentos militares, incluindo aviões de guerra, para acabar o quanto antes com a guerra causada pela invasão russa, iniciada há quase um ano.

"Precisamos de canhões de artilharia, munição, tanques, mísseis de longo alcance e caças a jato", disse Zelenski, em reunião do Conselho Europeu. Ele também anunciou que discutiria o envio de aeronaves em encontros bilaterais com líderes europeus.

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Mais cedo, em discurso ao Parlamento Europeu, Zelenski disse que a Ucrânia estava se defendendo "da força mais antieuropeia do mundo moderno". "Nós, ucranianos no campo de batalha, estamos defendendo vocês", afirmou.

A Bélgica é a terceira escala de Zelenski na Europa Ocidental, depois de ele se encontrar com líderes no Reino Unido e na França. O governo britânico não concordou em enviar caças à Ucrânia, mas o primeiro-ministro, Rishi Sunak, disse que "nada está fora de questão".

Nenhum país enviou caças à Ucrânia até agora: a Polônia e a Eslováquia ofereceram MiGs de décadas, mas as transferências ficaram travadas por discussões. Zelenski participa hoje de outra reunião do Conselho Europeu para negociar a continuação da ajuda da UE à Ucrânia. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, demitiu seu ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, acusado de corrupção e alvo de investigação. A decisão do governo é um reflexo da intensa pressão internacional para Zelenski fechar o cerco contra a corrupção crônica na Ucrânia, que vem recebendo bilhões de dólares em ajuda militar e humanitária.

Aparentemente, no entanto, Reznikov não saiu do governo pela porta dos fundos. David Arakhamia, chefe do partido Servo do Povo, de Zelenski, disse que ele seria transferido para o comando de outra pasta. O Ministério da Defesa será agora chefiado pelo general Kirilo Budanov, atual diretor da inteligência militar.

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Reznikov não foi diretamente implicado em nenhum escândalo e Arakhamia rejeitou que a mudança esteja relacionada à pressão internacional. No entanto, Reznikov foi o oficial de mais alto escalão de Zelenski a ser destituído nos quase 12 meses de conflito com a Rússia.

Saída

No domingo, 5, Reznikov comentou a respeito dos boatos de que ele poderia ser substituído, dizendo que apenas uma pessoa, o presidente Zelenski, poderia decidir se ele ficaria no governo. "Nenhum funcionário público permanece no cargo para sempre. Ninguém", disse. "Farei o que o chefe de Estado mandar."

A esperada mudança no topo do comando militar da Ucrânia ocorre quando as tropas de Kiev estão sob pressão crescente no leste do país, enfrentando combates violentos na cidade de Bakhmut.

Nesta segunda, 6, um líder paramilitar russo disse que as forças ucranianas estavam defendendo "todas as ruas e todas as casas". A batalha por Bakhmut pode se tornar o primeiro sucesso significativo da Rússia no campo de batalha em meses.

Yevgeni Prigozhin, fundador do grupo de mercenários Wagner, cujas forças ajudaram a campanha brutal da Rússia em Bakhmut, disse que as tropas ucranianas estavam "lutando até o último homem", negando relatos nas redes sociais de que as forças de Kiev estavam se retirando da cidade. "As Forças Armadas da Ucrânia não estão recuando para lugar nenhum", disse Prigozhin.

Combates

De acordo com o comando militar ucraniano, as forças russas atacaram ontem dezenas de posições na frente oriental. Segundo o governo da Ucrânia, os ataques russos se intensificam nos últimos dias, no que poderia ser a maior ofensiva de Moscou desde as primeiras semanas da guerra, há quase um ano. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (3) uma nova ajuda militar, de quase 2,2 bilhões de dólares, à Ucrânia, que inclui artefatos disparados a partir do solo, que poderiam dobrar o alcance da força de ataque ucraniana contra os russos.

Tratam-se das Bombas de Pequeno Tamanho Lançadas do Solo (GLSDB, na sigla em inglês), mísseis de pequeno diâmetro fabricados por Boeing e Saab, que podem voar por até 150 km e, por isso, ameaçar as posições russas.

"Isto oferece uma capacidade de maior alcance [...] que permitirá [aos ucranianos] realizar operações em defesa de seu país e recuperar seu território soberano", afirmou o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, agradeceu a seu par americano, Joe Biden, após o anúncio. "Quanto maior for o alcance de nossas armas e mais móveis forem as nossas tropas, mais cedo irá terminar a agressão brutal da Rússia", tuitou.

A Ucrânia pedia aos Estados Unidos munições que pudessem voar mais longe que os foguetes Himars, que têm alcance de 80 km.

As GLSDB proporcionam à Ucrânia a capacidade de atacar posições na região do Donbass, nas províncias de Zaporizhzhia e Kherson, e no norte da Crimeia. Isso poderia representar uma ameaça às principais linhas de abastecimento russas, aos depósitos de armas e às bases aéreas.

A ajuda de quase 2,2 bilhões de dólares inclui "capacidades de defesa aérea cruciais para ajudar a Ucrânia a defender sua população", "veículos de infantaria blindados" e munições para o sistema de lançamento de foguetes Himars, informou o Pentágono.

Desde o começo da invasão russa no fim de fevereiro de 2022, as autoridades americanas destinaram mais de 29,3 bilhões de dólares para ajudar militarmente a Ucrânia, segundo o Pentágono.

"Os Estados Unidos continuarão trabalhando com seus aliados e parceiros para proporcionar à Ucrânia a capacidade de responder às necessidades imediatas no campo de batalha e às de segurança no mais longo prazo", assinalou o Pentágono, que não informou sobre o prazo de entrega. Um porta-voz da Boeing tampouco quis dar informações.

Do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ao presidente ucraniano, boa parte das candidaturas propostas ao Prêmio Nobel da Paz de 2023, cujo prazo termina nesta terça-feira (31), está relacionada com a guerra na Ucrânia, ainda que não seja garantia de favoritismo.

Entre os indivíduos e as organizações indicados ao Comitê Norueguês do Nobel, os poucos nomes divulgados publicamente são personalidades envolvidas no conflito que teve início há quase um ano, ou opositores do presidente russo, Vladimir Putin.

Segundo os estatutos da premiação, as lista de indicações permanece em sigilo por pelo menos 50 anos, mas os milhares de patrocinadores (congressistas e ministros de todos os países, ex-premiados, acadêmicos, entre outros) são livres para revelar a identidade de seus candidatos.

O prêmio de 2023, que anualmente indica centenas de nomes, será anunciado no início de outubro.

- "Trabalho exemplar" -

Um deputado populista norueguês de direita deu a entender que nomeará o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que se tornou um símbolo da resistência à invasão russa iniciada em 24 de fevereiro de 2022.

O mesmo político submeteu a candidatura de seu compatriota Jens Stoltenberg, que, segundo ele, "merece o prêmio por seu trabalho exemplar como secretário-geral da Otan em um período difícil para a aliança: a ofensiva brutal e não provocada contra um pacífico país vizinho", disse.

Também está na lista o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, indicado pelo líder do Senado do Paquistão por seus esforços de paz "antes e durante a guerra russo-ucraniana".

Opositores ao governo de Putin também estão concorrendo: Alexei Navalny, ativista anticorrupção preso na Rússia após ser vítima de uma tentativa de envenenamento, e o jornalista Vladimir Kara-Mourza, também detido após sobreviver a dois envenenamentos.

"Hoje sabemos que a base desta guerra é um regime russo construído sobre a corrupção e a opressão", disse o deputado norueguês que atua no "combate político" pelo fim dos conflitos na Ucrânia, sendo citado pela agência NTB.

As duas últimas edições de Nobel tiveram críticas reconhecidas ao presidente russo.

No ano passado, foram premiados a organização não-governamental russa Memorial, que teve sua dissolução ordenada pela Justiça russa; o Centro Ucraniano para as Liberdades Civis; e o ativista bielorrusso Ales Bialiatski, que está detido.

Em 2021, foi outro crítico do Kremlin, o jornalista Dmitri Muratov, editor-chefe da Novaya Gazeta, que recebeu o título junto com sua colega filipina Maria Ressa. Ambos são reconhecidos como figuras importantes na liberdade de imprensa ameaçada nos dois países.

O diretor do Instituto de Pesquisa sobre a Paz de Oslo, Henrik Urdal, considera improvável que o prêmio fique na Europa pela terceira vez seguida.

"No ano passado, foi difícil para o comitê olhar para além da Ucrânia por causa da importância e da difusão do conflito... Mas também é essencial destacar outras questões internacionais em outras partes do mundo", acrescentou.

Nos últimos anos, aumentou a especulação sobre a possibilidade de um Nobel da Paz para os defensores do meio ambiente.

A deputada norueguesa ligada à causa Lan Marie Berg anunciou, nesta terça-feira (31), que apresentou a candidatura de jovens ativistas ambientais, a sueca Greta Thunberg, que concorre ao prêmio há vários anos, e a ugandense Vanessa Nakate.

O Brasil não enviará munições à Ucrânia para ajudar em sua guerra contra a invasão russa, afirmou nesta segunda-feira (30) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que propôs em vez disso criar um grupo de paz para acabar com o conflito, ao receber o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.

"O Brasil não tem interesse em passar munições para que sejam utilizadas entre Ucrânia e Rússia", declarou o presidente da República em coletiva de imprensa conjunta no Palácio do Planalto, em Brasília.

Lula se disse preocupado com o conflito europeu que já dura quase um ano, mas ressaltou que o país não quer nenhuma participação, em um momento em que várias nações ocidentais decidiram enviar modernos tanques em apoio a Kiev. "O Brasil é um país de paz", afirmou.

"Minha sugestão é que a gente crie um grupo de países que sente na mesa com a Ucrânia e a Rússia para tentar chegar à paz", disse.

O presidente indicou que, além de Scholz, conversou com seu par francês, Emmanuel Macron, sobre essa proposta, que chamou de "clube das pessoas que vão querer construir a paz no planeta".

Também discutirá o tema com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder da China, Xi Jinping, com quem tem visitas oficiais previstas para fevereiro e março, respectivamente.

Por sua vez, Scholz destacou que o conflito "não é só uma questão europeia", pois é uma "violação flagrante dos direitos internacionais e da ordem internacional".

Lula causou comoção no ano passado ao afirmar que o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, era "tão responsável quanto [o presidente russo Vladimir] Putin" nesta guerra.

Agora, acredita que a Rússia "cometeu o erro clássico de invadir um território de outro país", mas mantém a posição de que "quando um não quer, dois não brigam".

Também disse que as causas do conflito precisam ficar mais claras e comparou a situação com a invasão americana do Iraque em 2003 "por culpa de uma mentira" sobre as supostas armas de destruição em massa em poder de Saddam Hussein.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que vai trabalhar pela criação de um fórum internacional semelhante ao G20 para discutir formas de encerrar a guerra entre Ucrânia e Rússia. De acordo com o petista, ele vai tratar sobre o tema nas visitas oficiais aos Estados Unidos e à China, marcadas para fevereiro e março, respectivamente.

"O Brasil está disposto a dar a sua contribuição", afirmou o presidente ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz, com quem se reuniu hoje no Palácio do Planalto. Para Lula, está na hora de a China "colocar a mão na massa" para negociar o fim da guerra com a Ucrânia. Pequim tem sido uma aliada de primeira hora da Rússia no conflito.

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Lula ressaltou que o Brasil não está disposto a fornecer armamento para o conflito, como fizeram nações ocidentais. "O Brasil não quer ter qualquer participação, mesmo que indireta, na guerra", afirmou.

Na mesma coletiva, ao lado de Scholz, Lula declarou ainda que a Alemanha deveria contribuir para que a Organização Mundial do Comércio (OMC) "voltasse a funcionar". "Queremos voltar a negociar na OMC", declarou o petista, que disse gostar de instituições multilaterais.

Restam apenas ruínas da escola de Shandrygolove, no leste da Ucrânia. Mas o professor Oleksander Pogorielov decidiu não desistir e continua ensinando seus alunos na sala de sua própria casa.

O prédio da escola foi destruído em abril, quando a cidade se viu na linha de frente dos combates entre as forças russas e ucranianas.

Agora, esse homem de 45 anos, com mais de duas décadas de ensino, volta para lá apenas para recuperar o material que sobreviveu aos bombardeios e ensinar seus alunos em uma sala de aula improvisada em sua sala de estar.

“O que um professor ainda pode sentir quando vê que tudo está destruído?”, Oleksander se pergunta, parado em frente à escola destruída.

De acordo com o Unicef, centenas de escolas foram danificadas ou destruídas na Ucrânia desde o início da invasão russa há 11 meses, obrigando milhões de crianças a continuarem as aulas remotamente.

A Rússia acusa os militares ucranianos de usar escolas e outras infraestruturas civis para abrigar suas tropas e armazenar munição. Uma prática da qual as forças de Moscou também são acusadas.

Na cidade de Shandrygolove, quase vazia de seus 1.000 habitantes, restam apenas 15 crianças e não há eletricidade nem Internet.

Apesar das dificuldades, Oleksander dizia a si mesmo que "era melhor dar aulas presenciais".

"O médico deve tratar seus pacientes e o professor deve ensinar as crianças", diz ele. Todos os dias, os alunos se encontram na sala de Oleksander e de sua esposa Larisa. As paredes estão cobertas de cartazes recuperados da escola, onde se ensina o alfabeto e a sintaxe.

- Solo ucraniano -

Oleksander ensina 11 alunos de 4 a 16 anos. Ele ensina língua e literatura ucraniana, literatura estrangeira, biologia, geografia e matemática.

A maioria dos quase 120 alunos que frequentavam a escola da cidade agora estão refugiados na Europa, em outras regiões da Ucrânia ou na Rússia.

"Não posso falar pelos outros. Cada um tem sua opinião", diz Oleksander sobre a guerra. "Não posso nem falar por mim agora. Não tenho certeza do que penso".

As cinco crianças presentes na aula de terça-feira falam uma mistura de ucraniano e russo, mas dizem que sua matéria favorita é o ucraniano.

Shandrygolove foi retomada pelas forças ucranianas em setembro de 2022. A guerra ainda acontece por todos os lados.

Oleksander, um adolescente de 15 anos, caminha três quilômetros para ir à aula. Sempre andando em estradas pavimentadas, com medo de pisar em uma mina.

Seu colega Dmitro comenta que, em uma cidade vizinha, duas pessoas morreram quando, ao caminharem por uma mata, ativaram sem perceber uma armadilha deixada pelos soldados.

Apesar de tudo, Oleksander Pogorielov espera que haja alguma normalidade na cidade, que obteve financiamento para reconstruir a escola. No momento, ele é o único professor que ajuda seus alunos a seguir seus sonhos.

Explosões atingiram Kiev nesta quinta-feira (26) após a Rússia lançar uma nova onda de ataques com projéteis aéreos em alvos pelo país. Além disso, autoridades em Moscou advertiram sobre as consequências dos compromissos do Ocidente para enviar dezenas de tanques para a Ucrânia.

Sirenes soaram pela Ucrânia na hora do rush da manhã, com funcionários pedindo que os moradores buscassem abrigos subterrâneos. Em Kiev, o prefeito Vitali Klitschko afirmou que ao menos uma pessoa morreu atingida por um foguete, no distrito de Golosiivsky. Segundo autoridades locais, ao menos 30 foguetes foram lançados da Rússia.

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O governo ucraniano saudou a decisão da Alemanha e dos EUA de fornecerem tanques de combate como parte do esforço coordenado para reforçar as forças da Ucrânia, antes de novas ofensivas russas previstas para os próximos meses. O governo alemão disse que enviará 14 de seus modernos tanques Leopard, e o presidente americano, Joe Biden, anunciou que os EUA enviarão 31 tanques M1 Abrams.

Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov disse que o Ocidente com isso se envolve diretamente no conflito, o que tem aumentado. O chefe da delegação russa sobre controle de armas em Viena, Konstantin Gravrilov, afirmou que esse envio de tanques leva o confronto com a Rússia a um outro nível. Fonte: Dow Jones Newswires.

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