Tópicos | bombardeio

O número dois do Hamas morreu nesta terça-feira (2) em um bombardeio israelense perto de Beirute, a capital do Líbano, anunciaram o movimento palestino e autoridades de segurança locais, mais de dois meses após o início da guerra entre Israel e o grupo islamista no poder em Gaza.

Saleh Al Arouri, exilado no Líbano há vários anos, morreu junto com seus guarda-costas em um bombardeio israelense no escritório do Hamas no sul de Beirute, reduto do movimento pró-iraniano Hezbollah, informaram dois funcionários de segurança libaneses.

Segundo a agência de notícias nacional libanesa, Ani, pelo menos seis pessoas morreram no bombardeio, realizado por um drone.

A Al-Aqsa TV, canal oficial do Hamas, confirmou que "o vice-presidente do escritório político do Hamas, xeque Saleh Al Arouri", foi morto "em um ataque sionista em Beirute".

Sua morte não deterá a "resistência", reagiu Ezzat al Rishq, membro do escritório político do Hamas, em um comunicado.

Após passar cerca de 20 anos em prisões israelenses, Al Arouri foi libertado em 2010, mas com a condição de se exilar. O Exército israelense destruiu sua casa na Cisjordânia ocupada no final de outubro, segundo testemunhas.

Através de sua morte, Israel "busca arrastar o Líbano para uma nova fase de confronto", alertou o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati.

O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, condenou o "assassinato" de Al Arouri e alertou sobre os "riscos e consequências que podem resultar" desse "crime perpetrado por criminosos conhecidos".

O conflito começou após um ataque sem precedentes do movimento islamista palestino Hamas em Israel em 7 de outubro, que deixou 1.140 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em dados israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, que governa Gaza desde 2007, e lançou uma ofensiva incessante no estreito território palestino. O grupo, classificado como organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, afirma que a operação já causou 22.185 mortes, a maioria mulheres e crianças.

- "Vitória clara" -

Apesar das pressões da comunidade internacional por um cessar-fogo, o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, anunciou na segunda-feira que os militares se preparam para "combates prolongados" que se estenderão "ao longo deste ano".

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, concordou nesta terça-feira e disse que "a ideia de que poderíamos parar em breve está errada".

"Sem uma vitória clara, não poderemos viver no Oriente Médio", acrescentou, após visitar um contingente de soldados no estreito território palestino, onde 173 militares israelenses morreram desde o início do conflito.

No sul de Gaza, várias testemunhas relataram impactos de mísseis em Rafah (sul) e bombardeios perto do campo de refugiados de Jabaliya (norte).

Também foram registrados combates em Al Maghazi e Bureij e na principal cidade do sul, Khan Yunis, onde o Exército israelense concentrou suas operações.

O Crescente Vermelho palestino anunciou na rede social X que em Khan Yunis seus locais foram alvo de bombardeios israelenses. O Ministério da Saúde de Gaza disse que esses ataques deixaram quatro mortos, incluindo um recém-nascido.

Um jornalista da AFPTV viu socorristas levando os feridos para o hospital Nasser da cidade. "Estávamos nas instalações do Crescente Vermelho, somos civis evacuados de Gaza, fugimos da morte", declarou Fathi al Af, sentada ao lado de seus filhos em uma maca.

"Nos disseram para irmos para o sul, que seria seguro, mas são uns mentirosos. Nenhum lugar na Faixa de Gaza é seguro", acrescentou entre lágrimas.

- Possível governo único palestino -

Israel bombardeia quase sem parar o território palestino. A população da Faixa de Gaza enfrenta uma grave crise humanitária com risco de fome. A maioria de seus hospitais está fora de serviço.

A ONU estima que 85% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados pelo conflito, e a população sofre com a escassez de alimentos, água, combustível e remédios devido ao bloqueio imposto por Israel em 9 de outubro.

Apesar de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para pedir o envio "imediato" e "em larga escala" de ajuda humanitária a Gaza, os caminhões com suprimentos entram em conta-gotas.

Os esforços internacionais por um cessar-fogo, impulsionados, entre outros, por Egito e Catar, ainda não deram frutos. Uma trégua de uma semana permitiu a libertação no final de novembro de 100 reféns em troca de cerca de 200 prisioneiros palestinos.

Segundo o site americano Axios, que cita fontes israelenses anônimas, o Hamas propôs um novo plano de troca de reféns por prisioneiros palestinos no domingo, mas o governo israelense rejeitou a proposta.

O chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, afirmou em um discurso que os reféns só serão libertados sob as condições estabelecidas pelo movimento islamista.

Haniyeh, que vive no Catar, também declarou que o movimento estava "aberto" à "ideia de um governo nacional para a Cisjordânia e Gaza" após a guerra.

As forças israelenses bombardearam os campos de refugiados palestinos na região central da Faixa de Gaza e emitiram ordens para que os moradores evacuassem nesta terça-feira, 26, num sinal de que os militares planejam expandir sua ofensiva terrestre para outra parte do território sitiado. O principal provedor de telecomunicações de Gaza, a Paltel, anunciou outra "interrupção completa" dos serviços.

Uma nova zona de batalha em potencial ameaça trazer mais destruição em uma guerra que, segundo os militares israelenses, durará "muitos meses", pois eles prometem esmagar o grupo terrorista Hamas, que está no poder, após o ataque de 7 de outubro. As forças israelenses têm se envolvido em pesados combates urbanos no norte de Gaza e na cidade de Khan Younis, ao sul, levando os palestinos a áreas cada vez menores em busca de refúgio.

##RECOMENDA##

Apesar da pressão internacional por um cessar-fogo e dos apelos dos EUA por menos vítimas civis, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirma que a luta "não está perto de terminar".

A ofensiva de Israel é uma das campanhas militares mais devastadoras da história recente. Mais de 20.900 palestinos, dois terços deles mulheres e crianças, foram mortos, de acordo com o Ministério da Saúde em Gaza, cuja contagem não diferencia entre civis e combatentes. Na tarde de terça-feira, o ministério informou que 240 pessoas haviam sido mortas nas últimas 24 horas.

"Estamos seriamente preocupados com o contínuo bombardeio da Faixa de Gaza Central pelas forças israelenses, que já causou mais de 100 mortes de palestinos desde a véspera de Natal", disse o escritório de direitos humanos da ONU, observando que Israel ordenou que alguns moradores se mudassem para a área.

Em resposta ao que há muito tempo considera críticas desproporcionais da ONU, Israel disse que não concederia mais vistos automáticos aos funcionários da ONU e acusou o órgão mundial de ser "parceiro cúmplice" das táticas do Hamas. O porta-voz do governo, Eylon Levy, disse que Israel consideraria os pedidos de visto caso a caso. Isso poderia limitar ainda mais os esforços de ajuda em Gaza.

Os moradores da região central de Gaza descreveram uma noite de bombardeios e ataques aéreos que abalaram os campos de Nuseirat, Maghazi e Bureij. Os campos são cidades construídas que abrigam palestinos expulsos de suas casas no que hoje é Israel durante a guerra de 1948, juntamente com seus descendentes. Os campos agora estão lotados de pessoas que fugiram do norte.

"O bombardeio foi muito intenso", disse Radwan Abu Sheitta, um professor, por telefone, de Bureij.

À tarde, os militares israelenses ordenaram que os moradores saíssem de um território com a largura da região central de Gaza, incluindo Bureij, pedindo-lhes que se mudassem para a vizinha Deir al-Balah.

O braço militar do Hamas, as Brigadas Qassam, disse que seus combatentes atingiram dois tanques israelenses a leste de Bureij. Seu relatório não pôde ser confirmado de forma independente, mas seria um indício de que as forças israelenses estariam se aproximando.

O anúncio de interrupção dos serviços de telecomunicações feito pela empresa Paltel repete outras situações similares desde o início da guerra. O NetBlocks, um grupo que monitora interrupções da internet, confirmou que a conectividade de rede em Gaza foi interrompida novamente e "provavelmente deixará a maioria dos residentes sem acesso à internet."

Repercussão regional

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que o país enfrenta uma "guerra de várias arenas" em sete frentes diferentes - Gaza e a Cisjordânia ocupada, Líbano, Síria, Iraque, Iêmen e Irã. "Já respondemos e agimos em seis delas", disse ele ao Comitê de Assuntos Estrangeiros e Defesa do parlamento de Israel.

Durante a guerra, grupos de milícia apoiados pelo Irã em toda a região intensificaram os ataques em apoio ao Hamas.

Milícias apoiadas pelo Irã no Iraque realizaram um ataque com drone em uma base dos EUA em Irbil, no norte do Iraque, na segunda-feira, 25, ferindo três militares americanos, um deles em estado crítico, de acordo com autoridades dos EUA. Em resposta, aviões de guerra dos EUA atingiram, antes do amanhecer, três locais no Iraque ligados a uma das principais milícias, a Kataib Hezbollah.

Um ataque israelense na segunda-feira atingiu um bairro da capital síria, Damasco, matando o general Seyed Razi Mousavi, um conselheiro da Guarda Revolucionária paramilitar iraniana, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. As forças armadas de Israel não comentaram.

Quase diariamente, o Hezbollah e Israel trocam mísseis, ataques aéreos e bombardeios na fronteira entre Israel e Líbano. Cerca de 150 pessoas foram mortas no lado libanês, em sua maioria combatentes do Hezbollah e de outros grupos, mas também 17 civis. Pelo menos nove soldados e quatro civis foram mortos no lado israelense.

No Mar Vermelho, os ataques dos rebeldes Houthi no Iêmen contra navios comerciais interromperam o comércio e levaram a uma operação naval multinacional liderada pelos EUA para proteger as rotas de navegação.

Expansão da ofensiva em Gaza

Mais de 85% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza foram expulsos de suas casas. Deir al-Balah e Rafah, no sul, na fronteira com o Egito, estão lotadas de pessoas deslocadas, mesmo com os bombardeios de Israel.

As autoridades da ONU dizem que um quarto da população de Gaza está morrendo de fome sob o cerco de Israel, que só permite a entrada de uma pequena quantidade de alimentos, água, combustível, medicamentos e outros suprimentos.

Um ataque na terça-feira atingiu uma casa em Mawasi, uma área rural na província de Khan Younis que Israel declarou ser uma zona segura. Uma mulher foi morta e pelo menos outras oito ficaram feridas, de acordo com um cinegrafista que trabalha para a Associated Press no hospital próximo.

Em resposta, os militares de Israel disseram que não se absteriam de operar em zonas seguras "se identificarem atividades de organizações terroristas que ameacem a segurança de Israel".

Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU solicitou a aceleração imediata das entregas de ajuda a Gaza, mas houve poucos sinais de mudança. A ONU diz que muitas áreas estão isoladas por causa dos combates.

Israel prometeu eliminar as capacidades do Hamas em Gaza após o ataque no sul de Israel em 7 de outubro, que matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e fez cerca de 240 outras reféns. Israel pretende libertar os mais de 100 reféns que permanecem em cativeiro.

Israel culpa o Hamas pelo alto número de mortes de civis em Gaza, citando o uso de áreas residenciais lotadas e túneis pelos terroristas.

No posto de fronteira de Kerem Shalom, trabalhadores médicos da ONU e de Gaza receberam um caminhão que transportava cerca de 80 corpos não identificados que haviam sido detidos pelas forças israelenses no norte de Gaza. Eles foram transferidos para as autoridades locais para serem enterrados. Os médicos disseram que o odor era insuportável.

"Não podemos abrir esse contêiner em um bairro onde vivem pessoas", disse à AP o Dr. Marwan al-Hams, diretor do comitê de emergência de saúde em Rafah. Ele disse que os ministérios da Saúde e da Justiça investigariam os corpos por possíveis "crimes de guerra".

No norte, as tropas estão se concentrando no bairro de Daraj Tufah, na Cidade de Gaza, que se acredita ser um dos últimos redutos do Hamas na área, de acordo com relatos de correspondentes militares israelenses, que recebem informações dos comandantes do exército.

Os relatórios dizem que o exército tem como objetivo destruir cerca de 70% da infraestrutura do Hamas, deixando o restante para outras operações durante as fases de menor intensidade dos combates.

Os combatentes do Hamas têm demonstrado resistência. O exército israelense anunciou a morte de mais dois soldados, elevando o total de mortos na ofensiva terrestre para 158. (ESTE CONTEÚDO FOI TRADUZIDO COM O AUXÍLIO DE FERRAMENTAS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E REVISADO POR NOSSA EQUIPE EDITORIAL)

O escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) em Gaza foi bombardeado, disse o administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Achim Steiner. Segundo a autoridade, há relatos de que o ataque deixou mortos e feridos.

"Isso é errado sob todos os aspectos. Os civis, a infraestrutura civil e a inviolabilidade das instalações da ONU devem ser sempre protegidos", escreveu Steiner em publicação no X, antigo Twitter, na madrugada deste domingo, 12.

##RECOMENDA##

O brasileiro Hassan Rabee, de 30 anos, recebeu a informação nesta sexta-feira (2) de que o primo, a esposa, e filhos e netos do casal foram mortos em um bombardeio no norte da Faixa de Gaza durante na noite desta quinta-feira.  

Hasan é palestino naturalizado brasileiro que vive em São Paulo desde 2014. Ele foi à Faixa de Gaza visitar a família poucos dias antes do início das hostilidades entre Israel e Hamas. Ele está com a esposa e duas filhas pequenas também brasileiras.  

##RECOMENDA##

Em vídeo enviado à imprensa, Rabee conta que os bombardeios destruíram o prédio onde o primo dele vivia com a família, na cidade de Jabalia.   

“Ele estava no norte da Faixa de Gaza, teve ataque bombardeio na noite passada perto da casa dele, o prédio dele foi destruído em cima dos cidadãos palestinos. A notícia que recebemos é de que mais de 60 pessoas moravam nesse prédio. Muito triste, um cara cidadão do bem, trabalhador, não tem nada a ver com isso”, lamentou.  

Ontem, uma bomba caiu próximo à casa onde Hassan se abriga com a família à espera da abertura da fronteira com o Egito. Até o momento, não há previsão para abertura da fronteira para saída de palestinos ou estrangeiros, segundo informa o Itamaraty.   

A família tem sido atendida com água, alimentos e suporte psicológico oferecido pelo escritório de Representação de Brasil em Ramala, capital da Cisjordânia, na Palestina. Ao todo, 30 brasileiros na Faixa de Gaza estão esperando para deixar a zona de guerra.   

 

Os pequenos corpos estão alinhados no chão do necrotério de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, todos pertencentes à mesma família, que perdeu dez membros, oito deles crianças, em um bombardeio israelense no enclave palestino.

Todos fazem parte da família Al-Bakri, de acordo com socorristas e testemunhas. No hospital europeu, os corpos das crianças foram envoltos em panos brancos, que cobrem seus rostos ensanguentados, constatou um fotógrafo da AFP.

A população está pagando um preço alto na guerra desencadeada em 7 de outubro após o ataque sem precedentes do movimento islamista palestino Hamas em solo israelense.

Mais de 1.400 pessoas morreram em Israel, a maioria civis, executados por comandos do Hamas. Na Faixa de Gaza, pelo menos 3.785 pessoas, incluindo mais de 1.500 crianças, morreram nos bombardeios israelenses.

O Exército israelense disse nesta quinta-feira (19) que realizou centenas de ataques a estruturas do Hamas nas últimas 24 horas.

No sul do enclave, Diyala, Ayman, Hamada, Zaher, Uday, Jamal, Nabil e Acil, com idades entre dois e cinco anos, todos de uma mesma família, "dormiam quando (os israelenses) destruíram sua casa e ela desabou sobre eles", explicou o patriarca da família Bakri, Abu Mohammad Wafi al-Bakri, de 67 anos.

Segundo testemunhas, eles estavam no térreo de uma casa de três andares, entre Khan Yunis e Rafah, no sul do enclave, e seus corpos foram encontrados uma hora após o bombardeio.

"Nenhum dos meus filhos tem ligação com organizações palestinas. Não havia homens na casa no momento do bombardeio", acrescentou.

Em Rafah, outro bombardeio tirou a vida de uma mãe, Arij Marwan al-Banna, e de suas duas filhas, Sarah e Samya, com menos de 10 anos, segundo fontes médicas palestinas. A mulher havia fugido de sua casa na cidade de Gaza, após um aviso de evacuação do Exército israelense, para se refugiar na casa de seus pais, em Rafah.

Ela estava grávida de sete meses. Os médicos do hospital induziram um parto pós-morte, mas o bebê já nasceu sem vida, de acordo com uma fonte médica.

- Sem remédios, água ou eletricidade -

O pessoal médico de Gaza afirma que não pode mais tratar os feridos devido à falta de remédios, água e combustível para os geradores.

O Ministério da Saúde do Hamas, grupo que governa Gaza, afirmou nesta quinta-feira que o hospital de Deir-al-Balah, no centro do enclave palestino onde vivem mais de dois milhões de pessoas, estava ficando sem material médico.

Uma parte da Faixa de Gaza está sob cerco total de Israel, que cortou o fornecimento de eletricidade, água e combustíveis.

Na cidade de Gaza, Ahmad al-Mulla carrega duas garrafas de plástico. Ele explica que sua mãe o enviou para um ponto de distribuição de água: "Às vezes, esperamos por duas horas para finalmente descobrir que não há mais água".

"Água é vida, nenhum ser humano pode sobreviver sem ela", conta o adolescente.

Sem conseguir sair da Faixa de Gaza, o palestino-brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos, conversou com a Agência Brasil nesta quinta-feira (12) e contou como tem sido viver na região sob intenso bombardeio de Israel. Ele está na cidade de Khan Younis, no Sul da Faixa de Gaza, próximo à fronteira com o Egito. Desde que os bombardeiros começaram ele tenta sair do local, mas não consegue.

O palestino-brasileiro conta que estão vivendo sem água e sem luz, que há dificuldade em encontrar comida, que a maioria da população fica trancada dentro de casa e que os bombardeiros são contínuos e diários. “Estamos em uma casa familiar de mais ou menos 20 pessoas e há bombardeio para todo lado. A gente só escuta barulho de bomba. Bastante gente no bairro foi atingido e muita gente morre sem nada”, relatou.

##RECOMENDA##

Rabee é naturalizado brasileiro e trabalha como vendedor na cidade de São Paulo (SP) há 10 anos, desde que resolveu deixar a Palestina por causa dos conflitos com Israel. Há 12 dias, ele chegou à Gaza para visitar a família com as duas filhas brasileiras, de três e seis anos, e a esposa também brasileira.

“Um dia estava na casa da minha mãe e houve um bombardeiro do lado. Com isso, a gente teve que sair. Outro dia na casa da minha irmã, outro na casa do meu sobrinho. É assim que funciona. A gente está correndo de um lado para outro que nem doido”, afirmou.

Hasan Rabee também contou que não vê movimentação de militantes do Hamas e que as bombas têm caído em prédios residenciais. “Não existe movimentação do Hamas aqui. Não vejo isso. O que estou vendo é que quem está morrendo são pessoas normais, vizinhos, trabalhadores, pessoas de bem que estão morrendo”, descreveu.

A esposa de Hasan não quis falar por esta abalada pela situação. As filhas pequenas estão assustadas e eles criam desculpas para justificar os barulhos das bombas e dos aviões militares que sobrevoam a cidade.

“As crianças bem assustadas, cada bomba que cai, ou quando elas escutam o avião do bombardeio chegando, elas colocam a mão na orelha e fala ‘ó mamãe, chegou’. A gente fica tentando enganar elas, dizendo que é um time de futebol ganhou, que são festas, que são raios e que vai chover, cada hora é uma mentira diferente”, revelou o Hasan Rabee.

Saída

A família brasileira tentou sair da Faixa de Gaza pela fronteira de Rafah, que separa a Palestina do Egito, mas o local foi destruído pelo bombardeio de Israel. “A fronteira está fechada, por isso vai ser muito difícil para a gente sair. O governo brasileiro está fazendo a maior força para a gente sair, mas até agora nada”, afirmou.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, há 30 brasileiros em gaza que querem deixar a região. O governo tenta negociar uma forma de retirá-los por terra.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, conclamou a comunidade internacional a encontrar uma solução pacífica para encerrar o conflito entre israelenses e palestinos.

No último sábado (7), o grupo islâmico Hamas bombardeou Israel, provocando a morte de, ao menos, 1.200 pessoas e o sequestro de outras 100. Três brasileiros estão desaparecidos. Pacheco prestou condolências aos familiares das vítimas e declarou que nada justifica o uso da violência.

##RECOMENDA##

O senador Hamilton Mourão (Republicanos -RS) destacou o papel do Brasil em busca da paz com total respeito à não-intervenção e à soberania dos países. Já o senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) avalia que Israel vai retomar o controle da situação.

Em homenagem às vítimas, o Senado projetou na cúpula a bandeira de Israel na noite desse domingo (8).

*Da Agência Senado

O exército bombardeou neste domingo posições paramilitares em Cartum, capital do Sudão, horas depois das mortes de 20 civis, incluindo duas crianças, em um ataque aéreo contra um bairro residencial, informaram moradores e ativistas.

"O balanço dos bombardeios aéreos no bairro de Kalakla subiu para 20 civis mortos", anunciou o "comitê de resistência" do distrito, um dos grupos pró-democracia que, desde o início do conflito em abril, adotou sistemas para ajudar os vizinhos.

##RECOMENDA##

No sábado (2), o comitê informou que "11 civis mortos, incluindo duas crianças e uma mulher", estavam no necrotério de um dos últimos hospitais ainda abertos na capital. A organização afirmou que não foi possível transportar "muitos corpos, carbonizados e desmembrados pelo bombardeio".

A guerra, que explodiu em 15 abril entre o exército, liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), do general Mohamed Hamdan Daglo, provocou 5.000 mortos, segundo balanço - considerado muito subestimado - da ONG Armed Conflict Location & Event Data Project (Acled), e 4,8 milhões de deslocados e refugiados, de acordo com a ONU.

Várias testemunhas relataram à AFP que ouviram "tiros de artilharia e disparos de foguetes contra posições das FAR" na periferia norte da capital.

Em Cartum, os combates se concentram em bairros densamente povoados, onde milhões de habitantes enfrentam diariamente, há quase cinco meses, cortes no abastecimento de água e energia elétrica, além de um calor sufocante, bloqueados em suas casas para tentar evitar os tiroteios.

Os serviços de emergência ucranianos seguiam procurando sobreviventes nesta terça-feira (8) entre os escombros de um edifício residencial de Povrosk, leste do país, atingido por um ataque russo que deixou pelo menos sete mortos.

"Estamos retomando os trabalhos de retirada dos escombros", disse Igor Klimenko, ministro ucraniano do Interior. "Nós fomos obrigados a suspender o trabalho durante a noite devido à grande ameaça de bombardeios", acrescentou.

O ministro anunciou o balanço de sete mortos e 67 feridos no ataque com mísseis.

Entre os feridos estão duas crianças, 29 policiais e sete integrantes das equipes de resgate.

Os dois mísseis, lançados em um período de 40 minutos, atingiram edifícios residenciais, um hotel, restaurantes, lojas e prédios administrativos, afirmou Pavlo Kirilenko, funcionário da administração militar de Donetsk.

Entre as vítimas fatais está um supervisor dos serviços de emergência de Donetsk, anunciou Klimenko.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou na segunda-feira que o ataque atingiu um edifício residencial de cinco andares. Ele divulgou um vídeo que mostra civis ajudando a resgatar os feridos.

As imagens também mostraram um segundo edifício atingido no ataque.

Pokrovsk, que tinha 60.000 habitantes antes da guerra, fica 70 quilômetros ao noroeste da cidade de Donetsk, controlada por Moscou, e a 50 km da frente de batalha.

- Avanço russo -

Também no leste do país, Moscou anuncio um avanço de três quilômetros em três dias na direção de Kupiansk, cidade que fica 150 km ao norte de Pokrovsk e próxima da fronteira russa.

Kupiansk e a região próxima de Kharkiv foram reconquistadas pelas tropas ucranianas em setembro do ano passado, mas as forças russas retomaram os ataques na área.

O Ministério da Defesa da Rússia também afirmou que suas tropas "melhoraram" as posições ao longo da linha de combate e continuam impedindo os ataques ucranianos.

No sábado, as forças russas atacaram um centro de transfusão de sangue em Kruglyakivka, perto de Kupiansk, com uma "bomba aérea guiada" que matou duas pessoas e deixou quatro feridos, segundo as autoridades ucranianas.

Duas pessoas morreram na segunda-feira na mesma cidade em um ataque com "quatro bombas aéreas guiadas", disse Oleg Sinegubov, comandante da administração militar de Kharkiv.

No mês passado, a Ucrânia reconheceu que estava em "posição defensiva" na região de Kupiansk ante uma ofensiva da Rússia.

Kiev iniciou em junho uma contraofensiva muito aguardada, que, no entanto, registrou avanços modestos diante da resistência das forças russas.

No campo diplomático, a Ucrânia afirmou que estava "satisfeita" com a reunião de cúpula realizada na Arábia Saudita durante o fim de semana para discutir uma solução de paz para o conflito.

A Rússia não foi convidada para a reunião em Jidá, que teve a presença de representantes de quase 40 países, incluindo China e Estados Unidos.

O embaixador russo em Washington, Anatoli Antonov, criticou o encontro que, na opinião dele, "não teve nenhum êxito diplomático". Ele destacou que é inútil discutir a crise na Ucrânia sem a participação de Moscou.

- Energia -

A operadora Energoatom afirmou nesta terça-feira que as centrais nucleares ucranianas localizadas nos territórios controlados por Kiev estarão plenamente operacionais no inverno (hemisfério norte, verão no Brasil) e poderão fornecer energia elétrica à população.

"Toda a energia da qual dispomos será entregue à rede elétrica", após a reforma de alguns reatores antes do inverno, disse Petro Kotin, presidente da Energoatom.

Kotin visitou na segunda-feira a central de Yuzhnoukrainsk, no sul da Ucrânia, para a reativação de um de seus três reatores, com potência de mil megawatts cada.

A Ucrânia tem atualmente três centrais nucleares - nove reatores - nos territórios que controla.

A quarta central, a de Zaporizhzhia - com seis reatores -, é a maior da Europa e está ocupada pelas tropas russas desde março de 2022.

Seis pessoas morreram em bombardeios russos em Lyman, leste da Ucrânia, neste sábado (8), informou o governador regional.

"Por volta das 10h, os russos atacaram a cidade com vários lançadores de foguetes", disse o governador regional de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, nas redes sociais. "Pelo menos seis pessoas morreram e cinco ficaram feridas", acrescentou.

##RECOMENDA##

A invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 desencadeou uma guerra, que chega aos 500 dias.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, visitou uma pequena ilha do Mar Negro cujos defensores desafiaram um navio de guerra russo no início da guerra, de acordo com um vídeo sem data publicado nas redes sociais.

A Ucrânia, que está no auge de uma contraofensiva, ganhou na sexta-feira a promessa dos Estados Unidos de fornecer bombas de fragmentação, uma arma proibida em grande parte do mundo.

Segundo o presidente ucraniano, a lentidão no fornecimento de armas atrasou sua contraofensiva lançada em junho e deu à Rússia tempo para fortalecer suas defesas nas áreas ocupadas.

Pelo menos oito pessoas morreram e 21 ficaram feridas em um bombardeio russo contra um edifício residencial nesta sexta-feira (14) na cidade de Sloviansk, no leste da Ucrânia, informou o governador da província de Donetsk.

Sloviansk fica na parte da província que ainda é controlada pelo governo ucraniano, próxima da área ocupada pela Rússia.

##RECOMENDA##

"Vinte e uma pessoas pessoas ficaram feridas e oito morreram", disse o governador Pavlo Kirilenko à televisão ucraniana.

Entre as vítimas está um menino de dois anos, que morreu pouco depois de ser retirado dos escombros do edifício, segundo as autoridades.

"O menino morreu na ambulância", declarou Daria Zarivna, conselheira do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, no aplicativo Telegram.

O próprio mandatário havia denunciado anteriormente um "bombardeio brutal" de edifícios residenciais em Sloviansk.

De acordo com uma mensagem anterior de Kirilenko, publicada no aplicativo Telegram, o ataque aconteceu por volta das 18h locais (12h em Brasília). No texto, o governador indicou que havia muitas pessoas sob os escombros.

Repórteres da AFP no local viram socorristas buscando sobreviventes no último andar de um edifício construído durante a era soviética e colunas de fumaça preta que emergiam de imóveis em chamas do outro lado da rua.

"Eu moro na outra ponta da rua e estava cochilando quando ouvi esta enorme explosão e saí correndo do meu apartamento", contou à AFP Larissa, uma mulher de 59 anos.

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Nos últimos meses, a ofensiva se concentrou no leste e particularmente em torno da cidade de Bakhmut, onde os mercenários do Grupo Wagner tentam avançar rumo ao centro da localidade.

"Os grupos de assalto do Wagner realizam operações de alta intensidade para tomar os bairros da parte ocidental da cidade de Artiomovsk", o nome russo de Bakhmut, indicou o Ministério da Defesa da Rússia em um comunicado.

Pelo menos 21 pessoas morreram em Dnipro, segundo um novo balanço divulgado neste domingo (15) pelas autoridades ucranianas, um dia depois de um míssil russo ter caído sobre um prédio desta cidade do leste da Ucrânia.

Segundo as autoridades, mais de 40 pessoas ainda estão desaparecidas após o ataque, que aconteceu em meio às comemorações do Ano Novo ortodoxo.

Pelo menos 21 pessoas morreram e outras 73 ficaram feridas no bombardeio do prédio, disse Mykola Lukashuk, chefe do conselho regional. Uma menina de 15 anos estava entre os mortos, segundo as autoridades.

"As operações de resgate continuam. Não se sabe o paradeiro de mais de 40 pessoas", disse o chefe da administração militar da região de Dnipropetrovsk, Valentyn Reznichenko.

Uma mulher foi resgatada depois de passar horas nos escombros, disseram as autoridades na manhã deste domingo.

Um vídeo postado pelos serviços de emergência ucranianos no Facebook e no Telegram mostrou equipes de resgate trabalhando à noite entre os escombros do prédio.

O saldo anterior era de 14 mortos e 64 feridos.

De acordo com a Presidência ucraniana, entre 100 e 200 pessoas ficaram desabrigadas após este ataque e cerca de 1.700 moradores de Dnipro ficaram sem eletricidade ou calefação.

No sul, em Kryvyi Rig, uma pessoa morreu e outra ficou ferida após o bombardeio contra prédios residenciais, segundo um balanço oficial.

No total, "o inimigo realizou três ataques aéreos e cerca de cinquenta disparos de mísseis no dia" de sábado, especificou o Estado-Maior do Exército ucraniano. "Os ocupantes lançaram 50 ataques com vários lançadores de mísseis", acrescentou.

- Tanques do Reino Unido -

Depois destes novos bombardeios contra instalações energéticas, grande parte das regiões do país registaram cortes de energia.

"É possível parar o terror russo? Sim, é possível. Isso pode ser feito de outra forma que não seja no campo de batalha na Ucrânia? Infelizmente, não", disse o presidente ucraniano Volodimir Zelensky.

"O mundo deve acabar com esse mal", insistiu o presidente, reiterando seu pedido aos países ocidentais para que forneçam mais armas.

O Reino Unido prometeu no sábado fornecer "nas próximas semanas" 14 tanques Challenger 2 para a Ucrânia.

Esta entrega reflete "o compromisso do Reino Unido em intensificar seu apoio à Ucrânia", disse o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, ao líder ucraniano em uma conversa por telefone.

O Reino Unido se tornou o primeiro país a enviar esse tipo de tanque para a Ucrânia. Zelensky saudou a decisão de Londres, que "não apenas nos fortalecerá no campo de batalha, mas também enviará o sinal certo para outros parceiros".

A diplomacia russa reagiu ao anúncio garantindo que a decisão apenas “intensificará” o conflito, “gerando mais vítimas, inclusive entre a população civil”.

Os aliados de Kiev já entregaram quase 300 tanques soviéticos modernizados, mas nunca tanques pesados de fabricação ocidental.

- "Disciplina rígida" -

Na linha de frente, a cidade de Soledar, no leste da Ucrânia, permanece "sob controle ucraniano", disse o governador da região de Donetsk, Pavlo Kirilenko, no sábado.

Soledar, a cerca de 15 quilômetros de Bakhmut, é uma das áreas "mais quentes" do conflito, disse ele na televisão.

De acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos Estados Unidos, "é altamente improvável que as forças ucranianas consigam manter posições na mesma cidade de Soledar".

No meio da semana, o grupo paramilitar russo Wagner reivindicou o controle da cidade.

Quando o Ministério da Defesa russo alegou ter capturado Soledar alguns dias depois, não mencionou Wagner. Mais tarde, porém, o ministério divulgou um comunicado destacando a "coragem" das forças do grupo.

O chefe do grupo paramilitar, Yevgeny Prigozhin, elogiou suas tropas, muitas vezes apresentadas como rivais das forças regulares do Exército russo.

"O mais importante é o sistema de comando, que foi aperfeiçoado de maneira ideal. O grupo Wagner ouve todo mundo, todo mundo pode dar sua opinião", disse ele em um vídeo divulgado na noite de sábado.

Mas "uma vez que a decisão foi tomada, todas as missões foram executadas, ninguém pode voltar atrás", disse ele na gravação, ao lado do comandante de Wagner na batalha de Soledar.

"É a disciplina mais rígida que nos dá essa possibilidade", acrescentou.

A tomada de Soledar significaria uma importante vitória militar simbólica para Moscou, após os reveses sofridos por suas tropas desde setembro.

Após uma onda de bombardeios russos em todo território ucraniano, a inteligência de Kiev localizou nos escombros pedaços de mísseis construídos na própria Ucrânia na década de 70 que foram devolvidos à Rússia como parte de um acordo para assegurar a integridade territorial do país. A teoria é a de que Moscou esteja utilizando o armamento como isca para forçar Kiev a ativar seu sistema de defesa aéreo antes de um bombardeio real, segundo general ucraniano.

Os destroços de um míssil de cruzeiro subsônico soviético Kh-55 foram encontrados pelas autoridades de inteligência da Ucrânia em outubro. O armamento foi construído para transportar uma ogiva nuclear, mas a ogiva foi removida e um lastro foi adicionado para disfarçar o fato de que não carregava uma carga útil, disse o general Vadim Skibitski, vice-chefe de inteligência da Ucrânia - uma afirmação apoiada pelo Pentágono e pela inteligência militar britânica.

##RECOMENDA##

O míssil pertencia a um depósito de armas entregue à Rússia pela Ucrânia na década de 90 como parte de um acordo internacional destinado a garantir a soberania e a integridade territorial da Ucrânia.

No mês seguinte, as forças ucranianas encontraram os restos de mais dois mísseis Kh-55, ambos com as ogivas removidas e parte do mesmo conjunto de armas que a Ucrânia havia entregue à Rússia sob o acordo.

A Rússia estaria usando os armamentos da própria Ucrânia com um objetivo estratégico: enviar os mísseis forçaria a Ucrânia a mobilizar seu sistema de defesa aérea contra eles.

"Primeiro, o míssil Kh-55 é lançado; nós reagimos a isso", disse o general Skibitski ao New York Times. "É como um alvo falso". Depois que as defesas aéreas ucranianas estão engajadas, disse ele, os bombardeiros russos lançam os mísseis mais modernos, com ogivas destrutivas.

Os três mísseis fazem parte de um número maior de projéteis antigos que foram adaptados e estão sendo usados em ataques na Ucrânia, alguns como iscas e outros modernizados e armados com ogivas.

Arsenal nuclear

Como parte do acordo da década de 90, conhecido como Memorando de Budapeste, a Ucrânia concordou em abrir mão de seu arsenal atômico - o terceiro maior do mundo na época, herdado da União Soviética em colapso - e transferir todas as ogivas nucleares para a Rússia para desativação em troca de garantias de segurança.

"Todos os mísseis balísticos, bombardeiros estratégicos Tu-160 e Tu-95 também foram entregues", disse o general Skibitski. "Agora, eles estão usando mísseis Kh-55 contra nós com esses bombardeiros. Seria melhor se os tivéssemos entregue aos EUA."

O general também ofereceu uma avaliação detalhada do atual poderio russo e das capacidades da Ucrânia de combater a ameaça. "De acordo com nossos cálculos, eles têm mísseis para mais três a cinco ondas de ataques", disse ele. "Isto é, se houver de 80 a 90 foguetes em uma onda."

No dia 5, Moscou disparou mais de 70 mísseis contra a Ucrânia depois que Kiev atingiu duas instalações militares no interior da Rússia.

Embora se acredite que os estoques russos de mísseis de precisão mais modernos estejam acabando, o general Skibitski disse que as fábricas de armas russas conseguiram construir 240 mísseis de cruzeiro de precisão Kh-101 e cerca de 120 dos mísseis de cruzeiro Kalibr baseados no mar desde o início da guerra, que chega a cerca de 40 novos mísseis por mês. Esses números não puderam ser confirmados de forma independente.

Apesar das sanções ocidentais, a Rússia continuou a produzir novos mísseis de precisão, até outubro, de acordo com um relatório divulgado na semana passada pela Conflict Armament Research, um grupo independente com sede no Reino Unido.

Yurii Ihnat, porta-voz da Força Aérea Ucraniana, disse que, após o último ataque, os investigadores encontraram muitos fragmentos que indicavam que os mísseis de cruzeiro de precisão usados no ataque foram fabricados nas últimas semanas. "A Rússia está usando mísseis recém-fabricados", disse ele a uma rádio ucraniana.

Enquanto os russos buscam reforçar seu arsenal, as autoridades ucranianas dizem que estão se aperfeiçoando em derrubar muitos tipos de mísseis e drones disparados contra eles.

Ao longo de novembro, o general Oleksi Hromov, vice-chefe do Estado-Maior ucraniano, disse que as defesas aéreas ucranianas derrubaram 72% dos 239 mísseis de cruzeiro russos e 80% dos 80 drones Shahed-136 fabricados no Irã. Eles afirmam ter derrubado 60 dos 70 mísseis ontem, ou 85%.

Danos generalizados

Mas os mísseis e drones que passam ainda podem causar danos generalizados, dependendo do que atingem. No sábado, a Ucrânia abateu 10 dos 15 drones de ataque, mas vários atingiram infraestruturas críticas em Odessa, deixando 1,5 milhão de pessoas sem energia, em um país que já teme a falta de aquecimento em um inverno que se aproxima (Hemisfério Norte).

Inclinando-se sobre a mesa e desenhando um mapa da Ucrânia, o general Skibitski delineou as quatro direções gerais a partir das quais Moscou está tentando entrar nos céus da Ucrânia - enviando mísseis do Mar Negro, no sul, da área ao redor do Mar Cáspio até o sudeste, da Rússia a leste e de Belarus ao norte.

Durante ataques em larga escala, que incluíram até cerca de 100 mísseis lançados com minutos de distância, eles voam de todas as direções ao mesmo tempo. Desde outubro, disse o general, os padrões de voo dos bombardeiros russos vêm mudando, tomando rotas tortuosas para evitar as defesas aéreas. Mas eles não entram no espaço aéreo ucraniano, limitando sua eficácia.

Em meio aos ataques russos às infraestruturas ucranianas, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, pediu ontem aos países do G-7 que entreguem mais armas e forneçam gás a seu país, que teve sua infraestrutura duramente atingida pelos ataques russos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Força Aérea da Ucrânia bombardeou ontem a cidade de Melitopol, um importante ponto estratégico no sul da Ucrânia, como parte de sua contraofensiva para retomar território ocupado pela Rússia. Ao menos duas pessoas morreram na operação, que indica uma nova fase do contra-ataque ucraniano contra os russos, a poucas semanas da chegada do duro inverno da região.

O ataque atingiu uma igreja que estava sendo usada como base por soldados russos, segundo o prefeito da cidade, Ivan Fedorov, que postou do exílio um vídeo feito à noite de um grande incêndio queimando à distância. A Tass, agência de notícias estatal russa, citou o governador em exercício pró-Rússia da região de Zaporizhzia, Yevgeni Balitski, dizendo que um ataque em Melitopol, usando um sistema Himars, matou duas pessoas e feriu outras 10.

##RECOMENDA##

Os guerrilheiros ucranianos que trabalham atrás das linhas russas lançaram durante meses ataques contra alvos ao redor de Melitopol, incluindo um no verão perto do escritório de Balitski. Fedorov disse que também houve outros ataques na cidade nos últimos dias, bem como um bombardeio à cidade portuária de Berdiansk, mais a leste.

A Ucrânia recapturou a cidade de Kherson em meados de novembro, obrigando Moscou a retirar suas tropas para a margem leste do Rio Dnipro, após meses de pressão militar, abrindo uma nova fase da batalha pelo sul do país.

O avanço permitiu à Ucrânia usar artilharia de longo alcance para atingir alvos mais profundos dentro do território controlado pela Rússia, entre a margem oriental do rio e o Mar de Azov. A próxima fase da batalha, no entanto, será lenta em virtude do reforço das defesas russas no sul e no leste do país, além da chegada do inverno. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nove civis foram mortos e dezenas ficaram feridos neste domingo (6) quando foguetes disparados por forças do regime sírio atingiram campos de deslocados no noroeste da Síria, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Ao amanhecer, vários foguetes atingiram um acampamento e locais onde vivem deslocados na região de Kafr Jales, a oeste de Idlib, constatou um correspondente da AFP no local.

O ataque deixou barracas destruídas, entre manchas de sangue e pedaços de foguetes.

Equipes da Defesa Civil e grupos de moradores ajudaram os feridos e os levaram para hospitais próximos.

Lá, os corpos de duas meninas jaziam no chão, cobertos, observou o correspondente.

Mais de 30 foguetes caíram em várias áreas a oeste da cidade de Idlib, incluindo acampamentos, acrescentou a ONG.

"Estávamos nos preparando para ir trabalhar quando ouvimos tiros. As crianças ficaram assustadas e começaram a gritar", contou Abu Hamid, de 67 anos, que mora em um dos campos.

"Não sabíamos para onde correr. Não eram um ou dois foguetes, mas dez", acrescentou.

Os disparos ocorreram, de acordo com o OSDH – uma ONG sediada no Reino Unido que tem uma rede de informantes na Síria – um dia depois que cinco membros das forças do regime foram mortos em ataques de um grupo afiliado aos jihadistas da Hayat Tahrir al-Sham (HTS) no sudoeste de Idlib.

Quase metade dessa província e setores vizinhos pertencentes a Hama, Aleppo e Latakia são controlados pelo HTS, outrora um ramo sírio da Al-Qaeda, e por outras facções rebeldes.

Três milhões de pessoas vivem nessa região, metade das quais são deslocadas.

Desde que estourou em 2011, a guerra na Síria matou quase meio milhão de pessoas e forçou outras milhões a deixar suas casas.

O presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu ampliar o apoio militar de seu país à Ucrânia em conversa telefônica com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, após a Rússia lançar nesta segunda-feira (10) uma série de ataques em várias cidades ucranianas - incluindo a capital Kiev - que mataram civis e destruíram infraestrutura de energia, segundo o escritório presidencial francês.

O governo francês tem compartilhado poucos detalhes sobre o apoio à Ucrânia. Na sexta-feira (7), porém, Macron disse que a França planeja enviar seis novos caminhões equipados com obuses para a Ucrânia, além dos 18 que já embarcou desde o início da guerra.

##RECOMENDA##

Macron também anunciou planos de criar um fundo especial no valor de 100 milhões de euros, a princípio para permitir que a Ucrânia compre equipamentos diretamente de empresas francesas. Macron prometeu nesta segunda-feira manter contato próximo com Zelenski, assim como com outros líderes europeus e do G-7, grupo formado pelas sete maiores economias do mundo. Fonte: Dow Jones Newswires.

A Ucrânia acusou nesta segunda-feira (19) a Rússia de bombardear a área da usina nuclear de Pivdennonukrainsk, no sul do país, o que provocou novos temores de que essa guerra possa levar a um grande incidente atômico.

Esta central nuclear ucraniana é a terceira a se ver envolvida na guerra iniciada pela Rússia em fevereiro contra a Ucrânia, e isso apesar de vários apelos da comunidade internacional para poupar essa infraestrutura para não causar uma catástrofe continental.

Moscou, por sua vez, denunciou uma "mentira" da Ucrânia três dias após a descoberta de centenas de corpos enterrados na floresta perto da cidade de Izium, recentemente tomada do exército russo. Kiev acusou o exército russo de abusos.

Reagindo ao ataque com mísseis que atingiu o local da usina de Pivdennonukrainsk, na região de Mykolaiv (sul), o presidente Volodymyr Zelensky acusou a Rússia de estar "colocando em risco o mundo inteiro".

"Temos que parar antes que seja tarde demais", disse em uma mensagem no Telegram, acompanhada de um vídeo de vigilância mostrando uma grande explosão.

De acordo com a operadora Energoatom, "uma poderosa explosão ocorreu a apenas 300 metros dos reatores" desta usina, num ataque noturno com míssil russo.

A 260 quilômetros em sentido oeste, outra usina nuclear ucraniana, a de Zaporizhzhia, a maior da Europa e ocupada pelas tropas russas desde as primeiras semanas da invasão, foi alvo de inúmeros bombardeios nos últimos meses, provocando grande preocupação.

Kiev e Moscou trocam acusações sobre os ataques e a respeito de uma chantagem nuclear. No entanto, a situação melhorou nos últimos dias e a usina foi reconectada à rede elétrica ucraniana.

- Sem pausa -

O conselho de ministros da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), uma organização que mantém observadores no local desde o início de setembro, pediu à Rússia que se retire do local.

No início da invasão russa, as forças de Moscou também ocuparam a usina de Chernobyl (norte), onde um dos reatores explodiu em 1986, o que provocou uma nuvem radioativa em grande parte da Europa.

A ocupação do local provocou temores pela segurança do sarcófago de contenção do reator danificado. As forças russas finalmente se retiraram após a fracassada ofensiva em Kiev.

Em Pivdennonukrainsk, a usina operava normalmente na manhã desta segunda-feira, apesar do ataque que explodiu 100 janelas e causou um breve desligamento de três linhas de alta tensão.

O bombardeio ocorre quando as forças russas tiveram uma série de derrotas em setembro, com sua retirada de grande parte do nordeste do país diante de uma contraofensiva relâmpago dos ucranianos na região de Kharkiv.

As tropas de Kiev também recuperaram terreno, porém mais lentamente, no sul.

Por vários dias, no entanto, o avanço ucraniano desacelerou. O presidente Zelensky insistiu na noite de domingo que "não era uma pausa", mas "a preparação dos próximos passos", com a Rússia controlando grande parte do Donbass (leste) e as regiões de Kherson e Zaporizhzhia (sul), depois de ter anexado a península da Crimeia em 2014.

Por sua vez, o prefeito pró-Rússia da cidade de Donetsk, Alexei Kemzulin, denunciou um ataque "punitivo" ucraniano na capital da zona separatista de mesmo nome, matando 13 civis.

"De acordo com dados preliminares, 13 civis foram mortos após bombardeios punitivos" no oeste de Donetsk, disse Kemzulin no Telegram, acrescentando que a contagem dos feridos ainda está em andamento.

"Nove projéteis de 155 mm foram disparados de Netaylov", disse, pedindo à população "que não saia a menos que seja absolutamente necessário". Estas declarações não puderam ser verificadas independentemente neste momento.

- Torturas e "mentiras" -

Na região de Kharkiv, as exumações de corpos continuam em Izium após a descoberta de mais de 440 túmulos perto desta cidade recentemente recapturada dos russos.

Alguns corpos, com as mãos amarradas, apresentavam sinais de tortura.

Investigadores ucranianos começaram suas investigações em 16 de setembro. Mais uma vez, como após a descoberta em Bucha de centenas de corpos de civis após a retirada russa, o Kremlin negou qualquer abuso.

"É uma mentira. É claro que vamos defender a verdade neste caso", disse Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin. "É o mesmo cenário que em Bucha".

A presidência tcheca da UE pediu no sábado a criação de um tribunal internacional especial.

Jornalistas da AFP ouviram depoimentos de ucranianos que disseram ter sido torturados por soldados russos durante a ocupação da região de Kharkiv.

No hospital de Izium, Mykhaïlo Tchindeï, de 67 anos, disse que foi detido por 12 dias por soldados inimigos em uma cela úmida e que seus carcereiros quebraram seu braço com uma barra de metal.

"Eles atingiram meus calcanhares, costas, pernas e rins", acrescentou Tchindei, explicando que os soldados russos o acusaram de ter dado às forças ucranianas as coordenadas de uma escola onde tinham se estabelecido.

Na frente diplomática, a lista de sanções contra Moscou cresceu ainda mais. A Polônia e os três Estados Bálticos restringiram a partir desta segunda-feira a entrada de cidadãos russos com vistos europeus em seu território.

Ao menos quatro pessoas, duas delas crianças, morreram e nove ficaram feridas nesta sexta-feira (26) em um bombardeio da aviação etíope contra Mekele, capital da região rebelde do Tigré, informou à AFP um responsável do principal hospital da cidade.

O hospital Ayder de Mekele "recebeu 13 pacientes, entre eles quatro morreram ao chegar. Dois mortos são crianças", disse seu diretor médico, Kibrom Gebreselassie, em mensagem à AFP.

O bombardeio contra a região dissidente setentrional da Etiópia aconteceu dois dias depois da retomada dos combates entre as forças governamentais e os rebeldes da Frente Popular de Libertação de Tigré (TPLF), o que acabou com cinco meses de trégua.

"Um avião (...) lançou bombas em uma zona residencial e um jardim de infância em Mekele", disse um porta-voz dos rebeldes de Tigré, Kindeya Gebrehiwot, que citou civis mortos e feridos no ataque.

Duas fontes dos serviços humanitários relataram que foram informadas sobre um ataque aéreo em Mekele, sem divulgar detalhes ou balanço.

Pouco depois, o governo federal anunciou que, apesar de sua plena disposição para negociar sem condições com os rebeldes, se preparava para "executar ações direcionadas contra as forças militares (...) contrárias à paz".

O governo pediu à população de Tigré em um comunicado que "permaneça distante das zonas com equipamento militar e estruturas de treinamento" rebeldes.

O bombardeio representa uma escalada nos combates, uma situação temida pela comunidade internacional, que pretende evitar o retorno de um conflito em larga escala.

Desde quarta-feira, a ONU, a União Europeia (UE), Estados Unidos e outros países pedem o fim das hostilidades e uma resolução pacífica do conflito.

Desde que eclodiu em novembro de 2020, a guerra no norte da Etiópia causou milhares de mortes e deslocou dois milhões de pessoas. Centenas de milhares de etíopes foram levados à beira da fome, segundo a ONU.

A trégua concluída no final de março permitiu a retomada gradual do embarque de ajuda humanitária por estrada para o Tigré, após três meses de suspensão.

Desde o final de junho, o governo etíope e os rebeldes do Tigré reiteraram sua disposição de iniciar negociações de paz, mas continuam a se opor sobre as modalidades a serem cumpridas.

O governo federal quer negociações imediatas sem condições prévias, patrocinadas pela União Africana (UA).

Por sua vez, os rebeldes exigem que a eletricidade, telecomunicações e serviços bancários sejam restaurados primeiro na região e rejeitam a mediação do representante da UA, Olusegun Obasanjo.

Treze civis morreram em bombardeios russos durante a noite na região de Dnipropetrovsk, no centro-oeste da Ucrânia, anunciou o governador Valentin Reznichenko.

De acordo com o balanço divulgado pelo governador, 11 pessoas ficaram feridas no ataque, cinco delas em em estado grave.

A região de Dnipropetrovsk, relativamente segura, recebe os civis que são retirados do Donbass, mais ao leste, epicentro da ofensiva russa.

"Passamos uma noite horrível (...) É muito difícil retirar os corpos dos escombros", afirmou Reznichenko em uma mensagem divulgada no Telegram.

"Peço que as pessoas sigam para locais seguras durante o ataque aéreo (...) Não deixem que os russos os matem", acrescentou.

A cidade de Marganets, às margens do rio Dnipro, perto da central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, e a localidade de Vyshshetarassivka foram alvos de ataques com lança-foguetes Grad, anunciaram as autoridades.

"Oitenta foguetes foram lançados de maneira deliberada e insidiosa contra zonas residenciais quando as pessoas dormiam em suas casas", disse o governador.

Quinze pessoas morreram e 24 permanecem sob os escombros de um edifício residencial em Chasiv Yar, leste da Ucrânia, atingido por um bombardeio das tropas russas, informaram as autoridades locais.

"Durante as operações de resgate, 15 pessoas foram encontradas mortas no local e cinco pessoas foram resgatadas com vida", segundo o balanço atualizado divulgado pela unidade local do Serviço de Situações de Emergência da Ucrânia.

##RECOMENDA##

As equipes de resgate estão em contato com três pessoas vivas sob os escombros, afirmaram as autoridades.

Algumas horas antes, o governador da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, anunciou um balanço de seis mortos, cinco feridos e 30 pessoas sob os escombros.

O edifício ficou parcialmente destruído e as equipes de emergência trabalham no local.

A região de Donetsk, predominantemente russófona, é o principal objetivo de Moscou na Ucrânia desde que o exército russo conquistou a região de Lugansk após combates violentos nas cidades de Severodonetsk e Lyssychansk.

De acordo com Kyrylenko, 591 civis morreram e 1.548 ficaram feridos na região de Donetsk desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando