Tópicos | CDH

Conteúdos de prevenção à violência contra a mulher como a Lei Maria da Penha poderão ser incluídos no currículo escolar da educação básica. É o que prevê Projeto de Lei (PL) 1.909/19, aprovado nesta quinta-feira (26) pela Comissão de Direitos Humanos (CDH). A proposta segue para a Comissão de Educação (CE).

Apresentado pela senadora Rose de Freitas (Podemos-ES), o texto altera a Lei 9.394 de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir conteúdos relativos à prevenção da violência contra a mulher como temas transversais. O texto também adiciona o tema dos direitos humanos no rol dos componentes curriculares obrigatórios da educação básica. A senadora destaca o papel da educação na construção de saberes voltados ao desenvolvimento de atitudes de respeito aos direitos humanos e à formação das novas gerações para o reconhecimento da igualdade de gênero como pedra angular dos relacionamentos afetivos.

##RECOMENDA##

Relatora na CDH, a senadora Zenaide Maia (Pros-RN), observou que a educação básica deve ser um canal de conscientização das novas gerações sobre os direitos humanos e, em particular, de disseminação de conteúdos voltados à prevenção de todas as formas de violência contra a mulher.

A senadora informou que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) já prevê a abordagem transversal de conteúdos ligados à prevenção da violência contra a criança e o adolescente. “O projeto apenas acrescenta a essa abordagem os conteúdos amparados na Lei Maria da Penha, marco do combate à violência contra a mulher”, disse.

*Da Agência Senado

 

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) faz nesta terça-feira (17) uma audiência pública interativa sobre reforma tributária. O evento, que atende a requerimento do presidente da comissão, senador Paulo Paim (PT-RS), é o primeiro de um ciclo de debates que a comissão fará sobre o tema.

Foram convidados o auditor da Receita Federal e ex-presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco) Pedro Delarue, o também auditor da Receita e ex-conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) Carlos Henrique de Oliveira e o presidente da Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), Juracy Soares. Também devem participar o presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), Sérgio Approbato Machado Júnior, o diretor-adjunto de Assuntos Parlamentares do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional), Marcos Assunção, e um representante da Associação dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado de São Paulo (Afresp).

##RECOMENDA##

A audiência vai analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 110/2019, que prevê a extinção e a unificação de tributos. A PEC é uma iniciativa de líderes partidários do Senado e conta com as assinaturas de 67 senadores. O texto extingue os seguintes impostos: IPI, IOF, PIS/Pasep, Cofins, Salário-Educação, Cide-Combustíveis e Contribuição sobre o Lucro Líquido (federais); ICMS (estadual); e Imposto sobre Serviços (municipal). No lugar deles, seriam criados um imposto sobre bens e serviços de competência estadual, chamado IBS, e um imposto sobre bens e serviços específicos, chamado Imposto Seletivo, de competência federal.

*Da Agência Senado

Em mais uma audiência pública para debater a reforma da Previdência Social, nesta sexta-feira (13), a Comissão de Direitos Humanos (CDH) recebeu representantes sindicais e especialistas que criticaram a proposta, já aprovada na Câmara dos Deputados e em discussão no Senado. Os participantes disseram que o discurso em favor da reforma é falacioso e que ainda há tempo de lutar para que os senadores não aprovem o texto como está.

Perdão a grandes devedores, sonegação, cálculo incorreto do deficit da Previdência e necessidade de reforma tributária foram alguns dos problemas apontados pelos expositores para demonstrar que o governo não precisa reformar o setor como o disposto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019.

##RECOMENDA##

O vice-presidente de Estudos e Assuntos Tributários da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), César Roxo, afirmou que o governo levanta premissas verdadeiras sobre os problemas do país, mas as conclusões são falsas. Segundo ele, as receitas passaram a ser menores do que as despesas a partir de 2014, mas o problema não foi o aumento das despesas, e sim a redução das receitas.

“O governo não fala, mas se nós olharmos as contas da seguridade social, vamos verificar ali que as receitas da seguridade social são maiores do que as despesas ao longo dos anos, só muda a partir da crise em 2014”, afirmou, defendendo que é preciso fazer uma reforma tributária.

O consultor legislativo do Senado Luiz Alberto dos Santos criticou a forma como tem sido veiculada na mídia a reforma da Previdência. Segundo ele, as informações divulgadas não são verdadeiras e a grande mídia não dá espaço para a crítica ao projeto.

“Eu mesmo tive a oportunidade, em julho, de escrever um artigo em parceria com o economista Paulo Kliass, que esteve na Comissão de Justiça, em parceria com o dr. José Pires da Mota Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Previdência Social, contestando os economistas que defendem a reforma da Previdência. Enviei o artigo para o jornal Valor Econômico, para O Estado de S. Paulo, e não quiseram publicar. Foi publicado no [site] Congresso em Foco, publicado pelo DIAP, mas a grande imprensa não quis publicar, porque não convém”, lamentou.

O representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Gabriel Magno Pereira da Cruz, criticou o argumento de que a aposentadoria especial do magistério seria um privilégio. Ele afirmou que, segundo pesquisas da Universidade de Brasília e da Universidade Federal de Santa Catarina, apenas 0,6% das escolas públicas brasileiras têm estrutura e infraestrutura considerada ideal no Brasil:

“Os profissionais da educação brasileira estão inseridos nesse modelo e ambiente de profundas desigualdades”.

O representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Antonio Alves de Azevedo, avaliou que ainda há tempo para convencer os senadores a  modificar o texto da PEC 6. O senador Paulo Paim (PT-RS), que presidiu a audiência, afirmou que continuará debatendo o tema até o fim, e que é otimista:

“Vamos continuar com as nossas audiências públicas, que vão estar aqui em debate por todo o período, até o dia 10 de outubro, quando está prevista a votação em segundo turno no Plenário. A votação no primeiro turno será no dia 24 de setembro. Vamos fazer o bom debate na certeza do que eu sempre digo: que o pessimista é um derrotado por antecipação. Eu prefiro sempre ser otimista na expectativa de que a gente construa de fato um país para todos”.

*Da Agência Senado

 

 

Muitos estados e municípios já não conseguem arcar com o financiamento de seus regimes próprios de Previdência Social, o que leva a quadros de constantes atrasos no pagamento dos benefícios e de comprometimento da capacidade de investimentos. Esse foi o cenário apresentado pelo representante da secretaria de Previdência do Ministério da Economia, Allex Rodrigues, durante debate nesta segunda-feira (9) na Comissão de Direitos Humanos (CDH).

“Falo dos estados e municípios, mas falo também do governo federal, todos com sérias dificuldades para honrarem as despesas obrigatórias. Já há vários municípios e estados sem pagar aposentados. São casos de conhecimento público. Se não resolvermos o deficit estrutural que assolou o regime da Previdência pública, se não descomprimirmos o Orçamento, se não deixarmos sobrar nenhuma outra receita para investimentos em outras políticas, em pouco tempo o Congresso Nacional terá que decidir quais compromissos com a sociedade o Orçamento irá cumprir, e quais outros terão que ser suspensos”, alertou o representante do governo.

##RECOMENDA##

Rodrigues ainda detalhou que a secretaria de Previdência, desde que ainda era um ministério à parte na estrutura do governo federal, há muitos anos recebe prefeitos e governadores "todos os dias" relatando quadros de dificuldades crônicas na manutenção de seus regimes próprios de aposentadoria de servidores. Disse que a sustentabilidade desses sistemas foi corroída por um índice expressivo de "aposentadorias precoces", mesclado com o aumento da sobrevida do brasileiro.

“O deficit financeiro nos regimes próprios das prefeituras de capitais passou de R$ 7 bilhões para R$ 11 bilhões entre 2017 e 2018. E os deficits atuariais das prefeituras como um todo também são crescentes, em torno de R$ 1 bilhão”, finalizou Rodrigues.

Críticas sindicais

Enquanto a fala do representante do governo se ateve aos regimes próprios ligados ao poder público nos municípios, os representantes de entidades sociais voltaram suas críticas para o impacto da PEC 6/2019 sobre o regime geral de Previdência (RGPS) e, consequentemente, na economia das cidades.

Aurora Miranda, da Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita (Anfip), entende que a reforma terá um impacto arrasador para a economia da maioria das cidades do interior do país. A entidade avalia que o texto atual impedirá que milhões de trabalhadores se aposentem, e mesmo quem conseguir se aposentar, terá seus vencimentos achatados, gerando um círculo vicioso de empobrecimento por todo o país.

“Dados do próprio governo mostram que 70% dos municípios dependem do pagamento de benefícios previdenciários. E isso não é só no Nordeste, não; é em todas as regiões. Nos grotões deste país, quem faz 50 anos de idade já está completamente fora do mercado de trabalho e ainda muito longe da aposentadoria. O dinheiro da Previdência hoje é o motor da economia de mais de 3 mil cidades, é o que movimenta o comércio, mercearias, padarias, farmácias e ajudam na educação de filhos e netos. Esse sistema, que reduz a pobreza e a miséria, será paulatinamente destruído pelas novas regras, levando a uma queda no acesso à renda de milhões de famílias e na arrecadação municipal”, lamentou.

Ela ainda alerta que a informalidade tem explodido no país, fruto da reforma trabalhista (Lei 13.467, de 2017), o que também impacta a arrecadação previdenciária. Ela ainda teme que os próprios trabalhadores acabem por se desinteressar em contribuir para um sistema "sabendo que não irão se aposentar".

Perdas bilionárias

José da Mota Filho, da Sociedade Brasileira da Previdência Social (SBPS), afirmou que a PEC 6/2019 retirará R$ 5,2 bilhões da economia real já a partir de 2020, somente no que tange às novas regras de acesso ao abono salarial. E que o impacto será maior a cada ano que passa. Mota Filho é outro que criticou o impacto da reforma para a economia de pequenas cidades, utilizando levantamentos da própria Previdência.

“76,7% dos municípios recebem mais recursos do INSS [Instituto Nacional do Seguro Social] do que do FPM [Fundo de Participação dos Municípios]. É evidente que a restrição dos benefícios, a diminuição dos valores e as supressões ao longo do tempo impactarão essas cidades. Isso vai ter que ser compensado por um aumento do FPM na reforma tributária”, disse o diretor da SBPS.

Mas Mota Filho fez questão de ressaltar também o impacto do dinheiro do INSS para as grandes capitais. Lembrou que São Paulo recebe hoje R$ 25,7 bilhões a mais por ano de recursos de aposentadorias e pensões do que do FPM. Já o Rio de Janeiro recebe R$ 16 bilhões a mais.

“Todo esse dinheiro, tanto faz se vai para grandes capitais ou pequenos municípios do interior, transforma-se quase todo, automaticamente, em consumo. As famílias mais pobres não têm capacidade de poupança, especialmente as que recebem entre 1 e 2 salários mínimos. Então todo este dinheiro é transformado em consumo de itens básicos, serviços, bens duráveis, saúde e educação. E tudo isso também vira ICMS [imposto estadual] que volta para estados e municípios”, afirmou.

Ao final, Mota Filho ainda criticou o governo por "nada fazer" no combate a empresas que sonegam a Previdência. O presidente da CDH, Paulo Paim (PT-RS), disse que estes débitos já passaram de R$ 600 bilhões, com índices de apropriações indébitas que atingem R$ 30 bilhões por ano.

*Da Agência Senado

Com as mudanças previstas na nova Previdência, milhões de brasileiros trabalhadores do campo e da cidade não vão conseguir se aposentar. O alerta foi feito durante a audiência pública interativa promovida pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, nesta quinta-feira (5) para debater os efeitos da reforma previdenciária na aposentadoria rural.

A reunião foi conduzida pelo presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS). Ele disse duvidar das promessas e propagandas do governo federal que afirmam que a reforma da Previdência vai proporcionar mais investimentos públicos em saúde, educação e segurança pública e melhorar a geração de empregos e a distribuição de renda.

##RECOMENDA##

“Com essa reforma nós teremos perdas e prejuízos enormes para a geração passada, para a presente e para a geração futura”, afirmou Paim.

Primeira convidada a falar, a secretária de Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Edjane Rodrigues, reconheceu que deputados federais e senadores já conseguiram amenizar os efeitos da reforma original do governo em relação aos trabalhadores rurais. Mesmo assim, o texto atual da reforma traz retrocessos, como os dispositivos que dificultam a comprovação de tempo de serviço por parte do trabalhador rural.

Representando o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a trabalhadora rural e assentada da reforma agrária Antônia Ivoneide afirmou que a reforma da Previdência afeta direitos conquistados e prejudica, em especial, os mais pobres, não mexendo nas grandes aposentadorias, por exemplo.

“A aposentadoria não é uma esmola, não é uma caridade para o trabalhador, é um direito de quem trabalhou a vida toda. E no caso dos trabalhadores rurais, a gente começa a trabalhar muito cedo. Essa reforma está trazendo insegurança sobre o que vai ser da nossa vida. A reforma não mexe nas grandes aposentadorias nem nas aposentadorias dos militares, mexe na aposentadoria de todos os trabalhadores mais pobres do país”, afirmou Antônia Ivoneide.

Por sua vez, a secretária de Relações do Trabalho da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a professora Graça Costa, afirmou que a reforma previdenciária “vai arrebentar com a economia brasileira e com o desenvolvimento do país”. Além disso, ela avaliou que a reforma vai promover uma grande queda da massa salarial brasileira, prejudicando toda a economia.

“Milhões de brasileiros não vão conseguir se aposentar e as mulheres são as mais afetadas e prejudicadas nessa reforma”, afirmou Graça Costa ao comentar o aumento do tempo de serviço e do tempo de contribuição previstos na reforma da Previdência para a maioria dos trabalhadores.

Ela afirmou ainda que os movimentos e entidades populares, sindicais e de trabalhadores vão fazer campanhas constantes para garantir que os deputados e senadores que votaram a favor da reforma da Previdência não sejam reeleitos. A representante da CUT disse que mais de 50% dos parlamentares que apoiaram a reforma trabalhista no governo Michel Temer não foram reeleitos, inclusive os relatores da proposta na Câmara e no Senado.

Já o presidente da Contag, Aristides Veras dos Santos, afirmou que o governo federal vem há meses gastando dinheiro público “fazendo propagandas com mentiras” para promover a reforma da Previdência como essencial para o país. Ele disse que mais de 70% dos municípios brasileiros dependem do dinheiro dos benefícios previdenciários para movimentar suas economias. Com a diminuição dos benefícios que ocorrerá com a nova Previdência, acrescentou Aristides, essas economias locais passarão por sérias dificuldades.

“Há um falso argumento do governo, que a grande mídia abraçou, para retirar direitos e conquistas da classe trabalhadora. Vão economizar um trilhão de onde? Vão tirar desses municípios”, afirmou o presidente da Contag.

Representante do Fórum do Direito Sindical do Espírito Santo, Wesley Selante Elói afirmou que são os pequenos agricultores e a agricultura familiar que abastecem com alimentos 75% das mesas de todo o país. Para ele, a reforma da Previdência significa apenas uma coisa: os trabalhadores vão ter que trabalhar muito mais e vão receber aposentadorias e benefícios bem menores.

*Da Agência Senado

 

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) rejeitou, nesta quinta-feira (5), duas sugestões populares. Uma delas (SUG 27/2019) pretendia revogar a lei 12.612, de 2012, que declara o educador Paulo Freire como patrono da educação brasileira. A ideia legislativa foi apresentada pelo cidadão Steh Papaiano, de São Paulo (SP), por meio do portal e-Cidadania.

Como recebeu o apoio de mais de 20 mil pessoas, a proposta foi encaminhada à CDH. A justificativa de Steh é que o método criado por Paulo Freire é responsável pela má qualidade do sistema de ensino brasileiro, em razão de este educador ser “filósofo de esquerda e seu método de educação se basear na luta de classes e no sócio-construtivismo, que é a materialização do marxismo cultural”.

##RECOMENDA##

A senadora Leila Barros (PSB-DF) apresentou relatório pela rejeição da ideia. De acordo com Leila, “ao contrário do que afirmam os autores da sugestão, o método Paulo Freire, em todas as avaliações internacionais, é reconhecido, admirado e respeitado”. Leila destaca em seu relatório que o intelectual brasileiro obteve o reconhecimento público pela sua “práxis educativa em inúmeras instituições estrangeiras”, recebendo o título de honoris causa de universidades como Universidade Aberta de Londres, Inglaterra, Universidade Católica de Louvain, Bélgica, Universidade de Michigan, Estados Unidos, Universidade de Genebra, Suíça, e New Hamphire College (atual Southern New Hampshire University), Estados Unidos, entre algumas das muitas instituições que reconheceram seu método.

Na visão de Leila, “Paulo Freire revelou ao mundo uma educação para além da sala de aula, da educação formal, capaz não só de ensinar conteúdos e comportamentos socialmente esperados e aceitos, mas também capaz de conscientizar a todos e a todas. Mais objetivamente, pensou nos jovens e adultos trabalhadores, homens do campo e da cidade para abrir-lhes a possibilidade de enfrentarem a opressão e as injustiças”.

Símbolos religiosos

Outra sugestão rejeitada pedia o fim dos símbolos religiosos nas repartições públicas (SUG 27/2017). Para Daniel Pereira, autor da sugestão, “o Estado brasileiro é laico, o que significa que a administração pública deve ser neutra com relação à religião. Portanto, os locais de acesso público a repartições públicas, como escolas, salas de audiência, câmaras legislativas, entre outros, não podem ostentar símbolos de qualquer grupo religioso”.

A sugestão conseguiu pouco mais de 20 mil apoios e foi analisada na comissão. O relator, senador Eduardo Girão (Podemos-CE), apresentou voto pela rejeição da ideia. Ele aponta que o princípio da separação entre igreja e Estado é um avanço civilizatório. Girão aponta, porém, que a laicidade “não é incompatível com a expressão pública do sentimento religioso, ainda que esta ocorra no âmbito de instituições do Estado”.

O senador ainda registra a religiosidade como parte essencial da formação do povo brasileiro, a presença de referência a Deus na Constituição, decisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a respeito do tema e o reconhecimento legal do casamento em cerimônia religiosa. Além disso, a decisão sobre o uso de símbolos religiosos em repartições estatais seria de competência de cada ente federado.

Para Girão, “a expressão pública de uma simbologia vinculada a uma determinada confissão religiosa, no contexto histórico concreto da sociedade brasileira deste início de século 21, não ofende o sentimento de outras pessoas que eventualmente professem outras religiões, ou que não façam parte de qualquer instituição dessa natureza, porque revelam o sentir de milhões de outros compatriotas, e o curso de nossa história”.

*Da Agência Senado

 

Agressores de mulheres poderão ser obrigados a usar dispositivos eletrônicos indicativos de suas localizações. Este é um dos objetivos de projeto de autoria da ex-senadora Renilde Bulhões (Pros-AL), aprovado nesta quinta-feira (5) pela Comissão de Direitos Humanos (CDH).

O Projeto de Lei (PL) 3.980/2019 altera os artigos 22 e 23 da Lei Maria da Penha (Lei 11.340, de 2006), para assegurar às mulheres ofendidas o direito de solicitar equipamento eletrônico com a finalidade de alertá-las sobre o descumprimento das medidas protetivas de urgência estabelecidas pela Justiça.

##RECOMENDA##

Na justificativa do projeto, Renilde Bulhões lembra que muitas vezes o poder público, mesmo concedendo com celeridade medidas protetivas de mulheres vítimas de violência doméstica, falha em garantir o cumprimento daquelas por parte dos agressores.

Em relatório favorável ao projeto, o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) avaliou que o uso da tornozeleira eletrônica poderá contribuir para preservar a vida e a integridade física e psíquica de mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.

“A tornozeleira eletrônica permite que o agressor seja monitorado em tempo real pelo poder público e pode alertar automaticamente a vítima em caso de aproximação do agressor, permitindo que busque ajuda. O meio previsto é, portanto, eficaz para atingir o objetivo desejado”, afirmou Styvenson.

Em sua opinião, a proposta se reveste “de especial importância num país que ainda ostenta a quinta maior taxa de feminicídios no mundo e onde diversas formas de violência contra a mulher continuam a crescer."

Styvenson apresentou apenas uma emenda à proposta explicitando que o tipo de monitoramento ao qual será submetido o agressor — de localização. A intenção é evitar que o monitoramento inclua captação de imagens e de som ambiente, o que poderia levantar questionamentos judiciais sobre violação de intimidade e privacidade do monitorado.

O texto agora segue para análise da Comissão de Constituição e Justiça, onde receberá decisão terminativa.

*Da Agência Senado

 

A reforma administrativa proposta pelo Poder Executivo foi criticada em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH) nesta segunda-feira (26). O colegiado reuniu sindicalistas para discutir "O Estado necessário para o desenvolvimento brasileiro no século 21", atendendo a requerimento do presidente, senador Paulo Paim (PT-RS).

Para o presidente da Associação dos Servidores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Sindicato Nacional dos Servidores do Ipea, José Celso Cardoso, a reestruturação do sistema proposto pelo governo resultará em perda de qualidade da política e em um colapso da prestação de serviços a médio e longo prazos. Ele defendeu a manutenção da estabilidade do funcionalismo público, ações para a cooperação entre as instituições e garantias de remuneração e capacitação dos servidores. Ao dizer que o país está em processo de desmonte, Cardoso acusou o governo de promover o enfraquecimento da estrutura pública desde a retirada do PT do poder, em 2016.

##RECOMENDA##

“O que está se propondo como modelo de desenvolvimento e sociedade é contrário à experiência exitosa que construímos no país ao longo de sua história republicana”, denunciou.

Vice-presidente da Associação dos Funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Arthur Koblitz declarou que o Brasil está fora do caminho do desenvolvimento há décadas. Ele comentou que o banco tem sofrido ataques desde a gestão do ex-presidente Michel Temer. E citou como exemplo a extinção da taxa subsidiada do órgão, por meio da Medida Provisória 777/2017.

Koblitz também criticou o trecho da reforma da Previdência (PEC 6/2019) que zera os repasses constitucionais de recursos ao BNDES, bem como o excessivo número de CPIs contra o banco. Para o debatedor, tratam-se de medidas que não apresentam resultados nem comprovam crimes, mas se configuram somente em propagandas mentirosas em desfavor da instituição.

“Claramente, esses discursos e essas CPIs fornecem elementos para se tentar aprovar as reformas econômicas contra o próprio banco. Mas é preciso lembrar que o BNDES é uma das instituições financeiras mais transparentes do mundo”, garantiu.

Críticas

A representante da Associação dos Empregados da Financiadora de Estudos e Projetos (Afin-Finep), Beatriz Helena de Nascimento Alves, comentou que o Brasil não conta com um projeto de desenvolvimento sustentável. Para ela, o governo utiliza o argumento da crise econômica para promover mudanças na Previdência e nos direitos trabalhistas, quando o intuito real é fragilizar as relações de emprego e desmontar as organizações.

“Agora, essa proposta de reforma administrativa, que também desconstrói o nosso Estado. Estamos perdidos num caminho errado que não nos levará a lugar nenhum”, criticou.

Claudio Anselmo de Souza Mendonça, representante do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), defendeu as universidades públicas, afirmando que a autonomia acadêmica e seu caráter de produção curricular estão sob ameaça. Ao dizer que tem havido ingerência do Ministério da Educação (MEC) sobre as pesquisas, ele pediu a união das organizações como forma de superar os desafios.

“Estamos em um momento gravíssimo. As entidades sindicais devem compreender que ou a gente avança e cria espaços unitários para superar esse lugar de ataque a quem tem sonhos, ou a gente vai entrar num processo onde aquilo que lutamos para garantir levaremos 100 anos para recuperar”.

Representante do Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais da Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindCT), o pesquisador aposentado Acioli Antônio de Olivo acusou o governo de desconhecer a realidade do país e de atacar órgãos como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com ações como a exoneração do diretor Ricardo Galvão no começo de agosto.

Acioli alertou que os institutos de Ciência e Tecnologia estão a ponto de entrar em colapso, principalmente pela falta de recomposição de funcionários. Segundo ele, há 4.515 servidores de carreira atualmente lotados no Ministério da Ciência, Tecnologia Inovações e Comunicações (MCTI), e 1.469 cargos vagos. O debatedor também falou sobre a necessidade de capacitação dos pesquisadores para atuar em áreas como o sensoriamento remoto, desmatamento e queimadas no país. E defendeu que os investimentos na área sejam priorizados.

Já o representante do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Paulo Januzzi, reforçou que os cortes no orçamento público são retrocessos que colocam o Brasil na contramão da história. Ele pediu o fortalecimento do Instituto por meio de concursos públicos, ressaltando que o país seria ainda mais pobre sem a existência das estatísticas disponibilizadas pelo IBGE. Isso porque, conforme explicou, os dados ajudam a direcionar os investimentos.

Ao manifestar preocupação com o crescimento da pobreza, Januzzi defendeu a manutenção das agendas de interesse coletivo voltadas à educação, saúde e regulação ambiental e trabalhista, por exemplo. Para o especialista, o alerta sobre os indicadores negativos vai além do aumento do desmatamento, da evasão escolar, da mortalidade infantil ou da pobreza, uma vez que o cenário de todas as políticas públicas também se apresenta “muito ruim”.

“Estamos numa situação muito complicada, inclusive pelo desafio para manter as instituições que produzem as estatísticas que mostram os avanços e retrocessos do nosso país”.

e-Cidadania

Diversos internautas participaram da audiência pública, enviando perguntas e comentários por meio do portal e-Cidadania. Leonardo Castro Mascarenhas, do Piauí, por exemplo, questionou a ausência de representantes do governo para explicar quais áreas estão sofrendo cortes orçamentários e os motivos dessas medidas. Já Keila Naarah Costa, da Bahia, escreveu que a via para a construção do conhecimento e a base para o progresso humano é o direito de acesso às informações.

*Da Agência Senado

 

O corte de 25% no orçamento para a realização do Censo 2020 e a simplificação do seu questionário serão debatidos em audiência pública, nesta segunda-feira (19), na Comissão de Direitos Humanos (CDH), solicitada pelo presidente do colegiado, senador Paulo Paim (PT-RS).

“Tal corte é nocivo ao desenvolvimento do país, tendo em vista que o censo é crucial para obter informações acerca das principais características das pessoas e domicílios e da distribuição territorial. Assim, a pesquisa norteia o planejamento das políticas públicas e tomadas de decisões de investimentos tanto pela iniciativa privada quanto pelos governos”, argumenta Paim.

##RECOMENDA##

O senador destaca que os dados do Censo contribuem para que sejam decididas as áreas que requerem investimento com mais urgência, como saneamento básico. Paim lembra também a importância do Censo para o levantamento de informações para a repartição dos recursos financeiros do governo federal.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Censo Demográfico, realizado a cada 10 anos, é a principal fonte de referência para o conhecimento das condições de vida da população em todo o país.

Para participar da audiência, foram convidados a vice-presidente do Conselho Curador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Wânia Sant’Anna; a coordenadora do núcleo sindical do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatísticas (Assibge) e da Campanha Todos pelo Censo, Luanda Chaves Botelho; o ex-diretor de pesquisa e servidor do IBGE, Claudio Crespo; a coordenadora operacional dos censos, Maria Vilma Salles Garcia; e o diretor-adjunto da Diretoria de Pesquisas, Cimar Azeredo Pereira.

A reunião será realizada às 9h na sala 6 da Ala Nilo Coelho.

*Da Agência Senado

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) aprovou na última quinta-feira (8) o Projeto de Lei 1.196/2019 que prevê o aumento da pena para quem pratica o crime de entrega de arma, munição ou explosivo a criança ou adolescente caso este pratique infração a mando do autor. O texto seguiu para apreciação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O projeto altera artigo do Estatuto da Criança e do Adolescente, que já determina a penalidade de reclusão de três a seis anos para quem entrega ou fornece arma, munição ou explosivo para criança ou adolescente. Com a mudança na legislação, essa pena será aumentada da metade, como explicou o autor da proposta, senador Marcos do Val (Cidadania-ES).

##RECOMENDA##

A relatora na comissão, senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), emitiu parecer favorável ao destacar que criminosos aliciam e armam crianças e adolescentes para que pratiquem atos infracionais a seu mando. “A finalidade dessa entrega agrega malícia ao tipo penal e justifica plenamente o agravamento da pena”, explicou no relatório, lido pelo senador Eduardo Girão (Pode-CE), designado relator substituto durante a reunião.

O relatório aprovado propôs emenda para deixar claro na legislação que a mudança não afastará a aplicação do art. 244-B do estatuto, que prevê o crime de corrupção de menor de dezoito anos. Também foi aprovada uma emenda de redação.

*Da Agência Senado

 

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) aprovou nesta quinta-feira (8) quatro projetos que aumentam as punições para agressores enquadrados na Lei Maria da Penha (Lei 11.340, de 2006). Os senadores foram favoráveis ao impedimento de nomear agressores domésticos para cargos públicos; à indenização por danos morais a agredidas; à obrigatoriedade de o agressor frequentar reabilitação; e ao sigilo obrigatório para todos os processos criminais e cíveis abertos com base na Lei Maria da Penha.

Os projetos foram aprovados em bloco. Autor da proposta que impede a nomeação dos agressores (PL 1.950/2019), o senador Romário (Podemos-RJ) explicou no seu relatório que é preciso adotar medidas para desestimular potenciais agressores. A relatora, senadora Leila Barros (PSB-DF), acrescentou que não cabe ao poder público acolher em seus quadros agressores condenados pela prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.

##RECOMENDA##

“Excluir agressores em cumprimento de pena do serviço público atende ao princípio da moralidade, considerando que a prática de violência contra a mulher e doméstica e familiar pode ser considerada uma mácula que compromete a integridade ética, tornando a pessoa incompatível com a idoneidade moral e a reputação ilibada que se esperam de servidor”, defendeu Leila.

Indenização

Também foi aprovado pela CDH o projeto que prevê o pagamento de indenização por danos morais decorrentes de prática de violência contra a mulher (PL 1.380/2019). Esse pagamento pode ser determinado pelo juiz entre as medidas protetivas de urgência, independentemente de instrução probatória.

Pelo texto original, a vítima poderá fazer um pedido expresso de indenização ao juiz, independentemente da apresentação de provas sobre a violência praticada. Além dessa indenização, o depósito judicial de uma caução provisória por perdas e danos materiais deverá ser inserido no rol de medidas protetivas de urgência a serem determinadas pela Justiça.

A relatora na CDH, senadora Mailza Gomes (PP-AC), recomendou a aprovação da proposta com uma emenda que buscou deixar expressa a competência do juiz do caso para fixar o valor dessa indenização.

Segredo de Justiça

Outra proposta aprovada pela CDH torna obrigatório o segredo de Justiça para processos sobre violência doméstica e familiar contra a mulher (PL 1.822/2019). Hoje em dia, esse segredo depende da avaliação do juiz, salvo as exceções estabelecidas em lei.

Ao apresentar o projeto, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) disse que a publicidade nos processos que envolvem a violência doméstica e familiar contribuem para a revitimização da mulher, uma vez que a expõe a constrangimento social, situação agravada pelos recursos tecnológicos que praticamente impossibilitam o resguardo de sua intimidade e a proteção de sua vida íntima.

Reabilitação

Na semana em que se comemoram os 13 anos da Lei Maria da Penha, a CDH também aprovou o Substitutivo da Câmara (SCD 11/2018) ao projeto de lei (PLS 9/2016) que obriga agressores de mulheres a frequentar centros de educação e de reabilitação por decisão judicial.

A matéria já tinha sido aprovada pelo Plenário do Senado, mas como os deputados incorporaram mudanças ao texto, o conteúdo retornou para análise na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado.

A Lei Maria da Penha já estabelece que entre as medidas de proteção à mulher agredida estão a separação do agressor e o afastamento da vítima do lar, sem prejuízos aos direitos de bens, guarda de filhos e alimentos.

Como relator, o senador Arolde Oliveira (PSD-RJ) observou que cabe ao Senado acatar as emendas aprovadas pelos deputados ou manter o texto original, sem a possibilidade de fazer subemendas.

Ele considerou em seu voto que as mudanças promovidas pela Câmara não modificaram o propósito do projeto original. “O substitutivo também acrescentou entre as medidas protetivas de urgência, o acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio”, exemplificou.

Por considerar que houve melhorias no texto, ele emitiu parecer favorável, recomendando a aprovação do substitutivo: “A frequência a esses grupos de apoio e reeducação não apenas contribui para reduzir as reincidências, mas concorre também para a proteção emocional do próprio agressor, que terá oportunidade de se reeducar para conviver melhor com a sociedade em geral e com sua família em particular”.

As três primeiras propostas seguem para ser votadas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Já o SCD 11/2018, seguirá direto para o Plenário do Senado.

*Da Agência Senado

 

No que depender da vontade do governo, as famílias que defendem a regulamentação da maconha para uso medicinal não terão autorização para cultivar a Cannabis, planta que dá origem às substâncias utilizadas como medicamentos. Em audiência pública nesta terça-feira (9) na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), o ministro da Cidadania, Osmar Terra, reforçou a política proibicionista e afirmou que a liberação do plantio vai “abrir as portas para o consumo generalizado de drogas”. Por outro lado, pais e mães de crianças que sofrem com uma série de doenças e condições como o autismo pedem que o Congresso autorize o cultivo da maconha.

A audiência foi convocada para debater uma sugestão popular que propõe a regulamentação da maconha medicinal no Brasil (SUG nº 6/2016). Hoje, plantar Cannabis é proibido e o uso de derivados da maconha, independentemente da finalidade, é dificultado pela legislação. Porém, algumas associações e familiares de pacientes conseguiram autorizações na Justiça para a produção do extrato de canabidiol.

##RECOMENDA##

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já permite o registro de medicamentos feitos com substâncias como canabidiol e tetrahidrocannabinol (THC), mas só um produto importado conseguiu essa autorização até o momento. A maioria dos pacientes que recebe prescrição médica de tratamentos com derivados da Cannabis tem que pedir uma liberação da Anvisa para importar o produto. O problema, porém, é o custo. Um tratamento por três meses chega a R$ 2 mil. Como saída, famílias apelam à Justiça — ou caem no mercado ilegal.

Ministro contrário

Contra a liberação, o ministro afirmou que a maconha é a porta de entrada para outras drogas e que 25% da população é muito vulnerável à dependência química. Osmar Terra afirmou que a regulamentação da maconha aumentou a violência e o número de acidentes no trânsito em vários países.

“Eu sei que aqui tem mães carinhosas preocupadas, que vão até o fim do mundo para salvar seus filhos e para aliviar o sofrimento dos seus filhos. Elas têm que ter um apoio necessário. Agora, eu poderia fazer uma reunião aqui com as mães que perderam os filhos para a droga, que são muito mais numerosas”, disse o ministro.

Osmar Terra apontou que cresceu o consumo de drogas por jovens em países que liberaram a maconha medicinal.

“Se abrir as portas do plantio, vai ter consumo generalizado. Se se não controla com a proibição, imagina controlar no detalhe? É o começo da legalização da maconha no Brasil”, afirmou.

Benefícios do THC

Na contramão, Rafael Evangelista, do Instituto de Pesquisas Científicas das Plantas (Aliança Verde), apresentou dados que contrariam o discurso do ministro. Segundo ele, não há evidências sobre o aumento do consumo de maconha em países que regulamentaram a Cannabis medicinal. Ele afirmou que o THC e vários componentes da maconha teriam benefícios medicinais, não apenas o canabidionol. Para Evangelista, a regulamentação tampouco abriria a porta para outras drogas.

“O contato com o mercado ilegal é que é a porta de entrada para drogas mais pesadas”, afirmou.

Ele e outros participantes da audiência defendem a aprovação do PLS 514/2017, que permite o cultivo e o preparo da Cannabis para uso medicinal. O texto, já aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), aguarda votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

Uso terapêutico

O uso terapêutico de componentes dessas plantas segundo pais e mães de pacientes reduziu sintomas de doenças como convulsões, epilepsia e dores. O canabidiol é usado para o tratamento de outras doenças como a esclerose múltipla, Alzheimer, Parkinson, dores crônicas, entre outras.

Segundo Cidinha Carvalho, mãe de Clárian, de 16 anos, a qualidade de vida da família melhorou substancialmente depois que a menina começou a usar substâncias extraídas da maconha. Diagnosticada com síndrome de Dravet, Clárian tinha convulsões desde antes do primeiro ano de vida. Os ataques epilépticos aconteciam muitas vezes ao dia e duravam mais de uma hora e meia, fazendo com que ela tivesse paradas respiratórias. Desde 2014, quando a jovem começou a usar um óleo de canabidiol, as crises passaram a ser menos frequentes: uma ou duas crises por mês com duração de menos de um minuto. Para Cidinha, pais e mães não põem ser criminalizados por cuidar de seus filhos.

“A dor não pode esperar. Se eu tivesse esperado por uma regulamentação para poder cultivar para a minha filha, para poder dar um óleo para a minha filha, não sei se eu teria minha filha aqui hoje porque a síndrome dela tem risco de morte súbita. Se fosse seu filho você esperaria pela regulamentação?”, perguntou Cidinha, que é presidente da Cultive (Associação de Cannabis e Saúde), à comissão.

Consulta pública

Famílias que viram seus filhos melhorarem com o uso de substâncias derivadas da maconha também criticaram uma consulta pública da Anvisa sobre a proposta para liberação do cultivo e da produção da planta no país. A nova regra, segundo eles, prevê o plantio restrito a lugares fechados por empresas credenciadas, o que proibirá as associações e familiares de pacientes que conseguiram autorizações na Justiça de manipularem a planta. Para eles, a proposta da Anvisa deveria ser mais abrangente.

Norberto Fischer, que conseguiu autorização para importar Cannabis para a sua filha, Anny, lamentou que o ministro Osmar Terra tenha se posicionado publicamente nas redes sociais contra a consulta da Anvisa como um todo. Ele fez um apelo pela regulamentação e contou que antes do tratamento, sua filha tinha em média 60 convulsões semanais e ao menos duas vezes por mês ia parar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de hospitais.

“Eu acho que existe uma grande confusão também sobre os papéis e competências da Anvisa. A Anvisa tem competência de regulamentar o registro de produtos e o processo para poder fazer a venda de produtos. O autocultivo não é papel da Anvisa”, disse Fischer, que cobrou que o Congresso avance em uma regulamentação.

Pesquisas

Ao longo do debate, participantes apresentaram dados e pesquisas que confirmam ou colocam em xeque os benefícios medicinais da maconha. O médico Quirino Cordeiro Júnior, que é secretário de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania, foi taxativo ao apontar que não há evidências científicas que referendem a liberação da Cannabis.

“Não há evidências científicas que comprovem que os canabinoides são seguros e eficazes no tratamento da epilepsia”, assinalou.

Mesma posição tem o representante da Associação Psiquiátrica da América Latina, Antônio Geraldo da Silva. Para ele o termo “maconha medicinal” é um risco pela “diminuição da percepção de risco da droga”.

“A maconha tem cerca de 500 substâncias dentro dela. Dessas 500 substâncias, existe o canabidiol. É perigoso liberar 500 substâncias para tentar atingir uma sem saber a dosagem, sem saber o efeito, sem saber se vai fazer bem”, disse.

Já a médica Carolina Nocetti, da Academia Internacional de Cannabis, afirmou que existe muita ignorância em relação ao tema. Ela ressaltou que desde os anos 1980 um grupo de pesquisa liderado pelo especialista em psicofarmacologia Elisaldo Carlini já comprovou os efeitos positivos da Cannabis no combate a doenças.

“As maiores provas não são a Anvisa nem o professor Carlini, mas as centenas de pacientes que chegam no meu consultório, de mães que me ligam e falam que agora conseguiram dormir quatro horas por noite ou da filha que o pai [com Doença de Alzheimer] lembrou o nome”, argumentou.

Senadores

A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) destacou que muitos países já regulamentaram o uso do canabidiol, mas a burocracia brasileira leva muitas famílias a importar o produto de forma ilegal. Ela relatou sua experiência com canadibiol, que de acordo com a senadora tem ajudado em dores musculares e no controle do corpo.

“Eu sou uma cidadã usuária que sabe o quanto é transformador na vida de outras pessoas. A gente não pode fechar essa porta”, defendeu.

Para o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), é preciso ouvir todos os lados do debate. Ele teme que interesses comerciais contaminem a discussão.

O senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) considera que é preciso buscar uma proposta equilibrada para evitar que a liberação do cultivo abra caminho para desvios de plantas para outras finalidades.

A senadora Zenaide Maia (Pros-RN), por sua vez, avalia que o Estado brasileiro não pode abrir mão de regulamentar o uso medicinal e garantir o acesso à população:

“Saúde é um direito e uma obrigação do Estado. Não deveria ser responsabilidade de uma mãe de uma criança pesquisar e plantar no seu quintal quando a responsabilidade é do Estado”, apontou.

*Da Agência Senado

 

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) pode votar nesta quarta-feira (21) projeto que inclui no Estatuto do Idoso a previsão de internação de pessoas idosas durante o dia em instituições, como alternativa ao regime permanente (PLS 648/2015). A intenção é preservar os laços das pessoas idosas com as famílias, já que com a internação permanente a convivência fica prejudicada. A reunião está marcada para as 14 horas.

O senador Alvaro Dias (Pode-PR), autor do texto, lembra que o espírito da lei é de manter os idosos com a família, evitando a internação nos abrigos e outras instituições. Muitas famílias, no entanto, não têm condições de pagar alguém para cuidar dos idosos em casa ou de fazer com que um de seus integrantes abra mão do trabalho para isso. A única opção, atualmente, acaba sendo a internação permanente.

##RECOMENDA##

"A solução proposta, a nosso ver, inibe os efeitos desagregantes do envolvimento de todos os adultos da família com o trabalho diário. Dispõe a pessoa idosa, durante o dia, das atenções de profissionais especializados, e vê, à noite, a família, com suas várias gerações, reunir-se no lar", explicou o senador.

O relatório da senadora Ângela Portela (PT-RR) é pela aprovação do texto, sem emendas. Para ela, diante do envelhecimento da população brasileira, o tema da internação de pessoas idosas é cada vez mais relevante. O mérito da proposta, afirmou, é  conciliar os cuidados necessários ao idoso e o convívio familiar.

Se a matéria for aprovada, não havendo pedidos para a análise pelo Plenário o Senado, seguirá para a Câmara dos Deputados.

Denúncia

Na segunda parte da reunião, os senadores devem apreciar o relatório da presidente da comissão, senadora Regina Sousa (PT-PI), sobre uma denúncia recebida pela comissão. O fato teria acontecido na cidade de  Saquarema (RJ). De acordo com a denúncia, policiais invadiram uma casa sem ordem judicial e submeteram pessoas a torturas, espancamentos e agressões morais.

No relatório, a senadora recomenda que a CDH peça informações à Corregedoria de Polícia e ao Ministério Público Estado do Rio de Janeiro sobre as providências adotadas no caso.

*Da Agência Senado 

 

Duas sugestões legislativas foram transformadas em projetos de lei nesta quarta-feira (22) na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). A primeira (SUG 40/2017) pede a criação de lei que estabeleça desconto de 30% no preço de automóveis adquiridos por professores. A segunda (SUG 6/2017) propõe piso salarial para psicólogos de R$ 4,8 mil por 30 horas semanais. As duas sugestões foram apresentadas por meio do portal e-Cidadania.

A SUG 40/2017 teve como relator o senador Cidinho Santos (PR-MT). A autora da sugestão, a cidadã Valdira Vieira, de Sergipe, afirma que a medida favorecerá os professores, que, em geral, têm baixos salários e costumam residir longe do local de trabalho. Ela ainda argumenta que o desconto pode ajudar a aquecer a economia.

##RECOMENDA##

Cidinho deu parecer favorável à proposta, com algumas alterações. Ele concordou que o projeto seria uma forma de melhorar a condição de vida dos professores, uma vez que não se consegue aumentar sua remuneração. Mas como a sugestão não especificava como se daria o desconto, ele determinou no relatório que o desconto se dará por isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), um tributo federal.

Outra alteração feita pelo relator foi, diante da dificuldade de se caracterizar o professor para concessão do benefício (já que a categoria não exige registro profissional), restringir a isenção aos professores da educação básica ocupantes de cargos efetivos de magistério nas redes de ensino públicas.

O projeto altera a Lei 8.989/1995, que dispõe sobre isenção de IPI na aquisição de automóveis, para incluir na lista de beneficiários também os professores. Atualmente, a lei isenta da cobrança do imposto pessoas com deficiência e taxistas.

Polêmica

O projeto foi criticado pela senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), que o considerou “sem pé nem cabeça”. A senadora argumentou que era preciso lutar por melhores salários e mais dignidade para os professores e não autorizar mais uma isenção de impostos que acabaria por fazer falta à administração pública.

Marta, porém, foi convencida pelo relator a deixar a sugestão virar projeto para que pudesse tramitar e ser discutida com mais profundidade no Senado.

Psicólogos

Já a SUG 6/2017 foi apresentada pelo cidadão Ramon Duarte, da Bahia, com o argumento de que a medida ajudará a valorizar a profissão de psicólogo, que tem grande importância para a sociedade e exige muitos estudos.

A relatoria da sugestão, senadora Regina Souza (PT-PI), concordou com a importância de se valorizar a profissão dos psicólogos. Entretanto apresentou relatório alterando a sugestão para retirar a fixação de piso salarial, por acreditar que, apesar de o mercado nem sempre oferece um piso satisfatório para as categorias, sua definição por diploma legal esbarra nas dificuldades criadas pelas grandes disparidades regionais no país – que não conseguem cumprir a lei. "A grande dificuldade estaria em estabelecer o valor do piso que se harmonizasse com tantas realidades, razão pela qual julgarmos inoportuno o estabelecimento do seu valor, em lei", ponderou.

Regina Souza manteve, no entanto, a jornada de trinta horas semanais para categoria. Segundo ela, certas profissões como a psicologia têm peculiaridades que fazem da redução da jornada de trabalho uma necessidade para assegurar e proteger a saúde física e mental dos profissionais. A jornada é defendida pelo Conselho Federal de Psicologia.

As duas propostas passam agora a tramitar como projetos de lei do Senado.

Da Agência Senado

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) debate nesta quinta-feira (26) a descriminalização do cultivo da maconha para uso pessoal. A audiência pública interativa foi pedida pelo senador Sérgio Petecão (PSD-AC), com objetivo de instruir a Sugestão Legislativa (SUG) 25/2017, da qual é relator.

A sugestão teve origem na Ideia Legislativa 78.206, proposta pelo cidadão Gabriel Henrique Rodrigues de Lima, de São Paulo, no Portal e-Cidadania. A ideia alcançou os 20 mil apoios necessários para se tornar sugestão legislativa em menos de uma semana de apresentada, em junho deste ano. Foram 28.198 apoiamentos no total.

##RECOMENDA##

A justificativa de seu autor é de que descriminalização do cultivo da planta cannabis é, no longo prazo, inevitável, e apresenta vantagens como a possibilidade da sua tributação, a qualidade de vida dos consumidores da planta e a de o usuário não precisar se envolver com o tráfico para fazer o seu uso recreativo.

A intenção de Sérgio Petecão com a audiência é ouvir as opiniões de quem é contra e a favor de os usuários plantarem a própria cannabis. O senador, que deu parecer contrário à proposta, reconhece que o tema é polêmico e que o debate não pode ser adiado.

Para contribuir com a discussão foram convidados o presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) e Secretário Executivo da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, Cristiano Maronna; a presidente da Cultive - Associação de Cannabis Medicinal, Cidinha Carvalho; a subsecretária de Políticas sobre Drogas de Minas Gerais, Patrícia Magalhães Rocha; e o presidente da Federação dos Delegados de Polícia Civil e Diretor da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, Rodolfo Queiroz Laterza.

Também confirmaram presença a professora da Universidade de Brasília (UnB) Andrea Gallasi; o coordenador Jurídico do Growroom, Emílio Figueiredo; a representante do Movimentos e do Coletivo Papo Reto, Mayara Donaria; o coordenador da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas, Ricardo Valente de Souza; e o pedagogo Max Maciel, coordenador da Rede Urbana de Ações Socioculturais (Ruas), entre outros nomes.

A audiência está marcada para 9h30, no Plenário 6 da Ala Nilo Coelho e será realizada em caráter interativo, com a possibilidade de participação popular. As pessoas que tenham interesse em participar com comentários ou perguntas podem fazê-lo por meio do Portal e-Cidadania e do Alô Senado, através do número 0800 612211.

Da Agência Senado

A Comissão de Direitos Humanos aprovou nesta quarta-feira (18) convite para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ir à Câmara para explicar a declaração que fez sobre "exército de Stédile". O gaúcho João Pedro Stédile é um dos fundadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e forte líder no setor.

Nas últimas semanas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que queria "paz e democracia", mas que também "sabia brigar", ainda mais quando o João Pedro Stédile "colocasse o exército dele nas ruas". Stedile respondeu e pediu: "Engraxem as botas e as chuteiras, que o jogo só está começando. Quem não tiver barraca compre uma. Compre um tênis. Estamos aqui no vestiário, só nos preparando", apontou.

##RECOMENDA##

O convite dirigido a Lula foi aprovado por seis votos. A deputada Érica Kokay (PT-DF) tentou impedir a aprovação, pedindo vista enquanto o requerimento era debatido. No entanto, regimentalmente esse tipo de pedido só pode ser feito no momento da votação. Com isso, o PT foi derrotado e o pedido aprovado. Trata-se de um convite, portanto não há obrigação de o ex-presidente comparecer. Até por depender de um sinal verde de Lula, não há data previamente agendada para o compromisso.

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), do senado federal, voltará a discutir a legalização da maconha, na próxima segunda-feira (22). A audiência pública interativa pretende subsidiar a decisão de transformar em projeto de lei a legalização ou não do uso do entorpecente para fins medicinais e recreativos. Magistrados e procuradores da república foram convidados para integrar o debate, previsto para iniciar às 9h. 

O Portal e- Cidadania recebeu mais de 20 mil assinaturas em apoio à legalização da maconha. O senador Cristovão Buarque (PDT-DF) ficou responsável pela criação do relatório com base nas sugestões encaminhada ao Portal e - Cidadania. O texto prevê a legalização do “cultivo caseiro, o registro de clubes de cultivadores, o licenciamento de estabelecimentos de cultivo e de venda de maconha no atacado e no varejo e a regularização do uso medicinal”. O uso da maconha para fins recreativos ainda é uma polêmica, mas a liberação da droga para uso medicinal recebeu apoio dos senadores. Estudos apontam que o uso da substância pode ser eficaz no tratamento de esclerose múltipla, esquizofrenia e mal de Parkinson. 

##RECOMENDA##

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado retoma, nesta segunda-feira (25), o debate sobre a regulamentação do uso recreativo, medicinal ou industrial da maconha. A ideia é que os cidadãos participem da discussão, através de comentários via internet ou telefone.

O tema entrou na pauta do colegiado através de uma sugestão popular. A ideia inicial é que o país tornasse legal “o cultivo caseiro, o registro de clubes de cultivadores, o licenciamento de estabelecimentos de cultivo e de venda de maconha no atacado e no varejo e a regularização do uso medicinal”. Após a apresentação de relatório do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), os senadores decidirão se a sugestão ganhará a forma de projeto de lei.

##RECOMENDA##

Outros debates já foram realizados. Para o encontro desta semana foram convidados o neurocientista e professor adjunto do Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade de Brasília (UnB), Renato Malcher Lopes; o membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, Vladimir de Andrade Stempliuk; a assessora do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), Nara Santos; a diretora do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde, Grazielle Custódio; e o coordenador nacional de saúde mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori.

A população podem enviar comentários através do Portal e-Cidadania ou ligar para o Alô Senado, no número 0800-612211.

Com informações da Agência Senado.

A possibilidade de regulamentação da produção, comércio e uso da maconha voltou a ser debatida nesta segunda-feira (11) pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado. A discussão fez parte da segunda rodada de uma série de audiências públicas promovidas pela comissão para decidir, com base em relatório que será elaborado pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), se o tema será alvo de projeto de lei.

"Eu não tenho uma posição. Não estou convencido de nada", afirmou o senador do Distrito Federal. Para ele, o Brasil está perdendo a guerra contra as drogas, o que mostra que a proibição não está dando certo, da maneira que feita hoje.

##RECOMENDA##

"É preciso que a proibição seja o caminho, mas que seja diferente. Temos que procurar outro caminho para enfrentar: ou regulamentando, não para permitir o uso, mas para resolver o problema, ou criando novos mecanismos que, sem regulamentar, façam com que a gente consiga ganhar a guerra."

"Não queremos a maconha legalizada em nosso país; não queremos o argumento de que ela é benéfica para a saúde como medicamento, porque, se fosse esse o argumento, não seria pelo fumo, seria pela transformação dos componentes medicinais dela em comprimidos, em cápsulas, em qualquer tipo de medicamento. Mesmo assim, não é unanimidade na medicina internacional que a maconha é benéfica para a saúde", disse o analista de sistemas Alamar de Carvalho.

Saiba Mais

PF apreende 2,5 toneladas de maconha no Rio

A relação entre drogas e violência também foi abordada na reunião da CDH. Para o representante do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), Nivio Nascimento, a educação foi deixada em segundo plano. Segundo Nascimento, não há comprovação de efeitos da regulamentação da maconha, seja no nível de consumo ou na redução da violência.

"Durante muitos anos, as políticas de drogas centraram-se na redução da oferta por meio de ações de repressão ao uso, porte e tráfico de entorpecentes. Erros ocorreram, mas também acertos. O fato é que ficou em segundo plano a redução da demanda, que se traduz em ações destinadas à educação, ao tratamento e à reintegração social de usuários e dependentes", disse Nascimento.

"Se o governo legaliza, qual é a moral, qual é a situação em que o pai que está tentando conversar, manter um diálogo com seus filhos? Vai dizer para ele: 'não faça isso, não use maconha, porque ela causa isso, isso, isso, uma série de problemas para a saúde.' Qual é a moral que ele vai ter, se a criança ou adolescente vai dizer: "Olha, o Estado brasileiro autorizou! Papai, deixe de ser careta! Que bobagem é essa que o senhor está falando aqui? O Brasil autoriza", questionou um dos participantes da audiência pública, que não se identificou.

Na reunião, também se manifestaram pessoas favoráveis à regulamentação. Um deles, o estudante de ciência política Victor Dittz, disse que a política atual "é ineficaz e que existem inúmeros pontos para refutar qualquer argumento proibicionista, seja a anticonstitucionalidade da Lei de Drogas, seja o cerceamento de direitos individuais, seja o interesse medicinal".

Na mesma linha, o também estudante da Universidade de Brasília (UnB) Filipe Marques pediu mudanças na lei. "Não se trata de legalizar. Já está legalizado. As pessoas consomem independentemente  de ser proibido, ou não. Quando se legaliza, dá-se a chance ao Estado de pelo menos acolher essas pessoas [consumidores]" , destacou.

Cristovam Buarque também leu a carta de Maria Aparecida Carvalho, mãe de Clárian, de 11 anos. Ainda bebê, a menina foi diagnosticada com Síndrome de Dravet, descrita pela mãe como "uma forma rara e catastrófica de epilepsia mioclônica na infância, que pode ser fatal, além de gerar atrasos no desenvolvimento cognitivo, distúrbios sensoriais e problemas de equilíbrio". De acordo com Aparecida, foi só a partir do uso do CBD, óleo extraído da maconha, que a menina teve uma melhora considerável e passou a ganhar qualidade de vida.

Os debates na Comissão de Direitos Humanos sobre o assunto vão continuar. A próxima audiência pública sobre o tema  será no próximo dia 25, às 9h.

A prisão de 19 ativistas na manhã do último sábado (12) por suspeita de envolvimento em atos violentos em protestos no Rio de Janeiro foi criticada nesta segunda-feira (14) durante audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), no Senado Federal, para debater a criminalização dos movimentos sociais. Representantes de estudantes e trabalhadores apontaram o episódio como exemplo do recrudescimento da repressão do Estado contra as manifestações.

Segundo os ativistas, as pessoas foram presas sem o devido processo legal, enquanto advogados, membros da OAB e jornalistas teriam sido detidos "para averiguação". A operação policial foi deflagrada para cumprir mandados de prisão expedidos pela 27ª Vara Criminal da capital fluminense. A polícia teria apreendido explosivos, computadores e celulares, além de uma máscara de proteção contra gás lacrimogêneo. A ação ocorreu na véspera da final da Copa do Mundo entre Alemanha e Argentina, no Estádio do Maracanã. O objetivo seria prevenir manifestações durante a partida.

##RECOMENDA##

De acordo com o representante do CSP-Conlutas, Luis Carlos Prates, a prisão dos ativistas e a atuação da polícia militar contra manifestações durante a Copa do Mundo foram desproporcionais. Segundo ele, manifestantes vem sendo tratados como terroristas. “Prevê-se que você vai cometer um crime, segundo eles, que é fazer uma manifestação, e, de antemão, as pessoas são presas. Isso sequer no regime militar era feito dessa maneira. Então, é necessário barrar essa ofensiva”, disse Prates.

Segundo o representante da Assembleia Nacional de Estudantes Livres (Anel), Lucas Brito, desde as jornadas de junho do ano passado, o Estado tornou-se mais violento contra manifestantes. “A resposta que a gente teve de vários governos, e da polícia militar em especial, foi uma resposta de agressividade e criminalização de nossas lutas e de nossos lutadores e lutadoras”, relatou.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando