Tópicos | Dorany Sampaio

Morreu, na manhã desta terça-feira (13), o ex-presidente do MDB de Pernambuco Dorany Sampaio. O político tinha 91 anos e estava internado em um hospital residência instalado na casa dele no bairro de Casa Forte, na Zona Norte do Recife. 

O velório está marcado para às 14h, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Já a cerimônia de cremação está prevista para às 18h, precedida de uma missa. O político deixou mulher, Lisete Valadares, sete filhos, netos e bisnetos.

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Dorany de Sá Barreto Sampaio esteve à frente do MDB de Pernambuco por 27 anos, de 1989 a 2015, quando passou o comando da legenda para o vice-governador Raul Henry. Ele também foi deputado estadual na época da Ditadura Militar, presidente da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), durante o governo do ex-presidente José Sarney, no fim dos anos 1980, e secretário estadual no governo de Jarbas Vasconcelos.

--> Relembre uma entrevista de Dorany Sampaio ao LeiaJá em 2015 

Repercussão

Sucessor de Dorany na presidência do MDB, Raul Henry disse que o correligionário "foi um homem que viveu a vida em toda a sua plenitude". "No período democrático, liderou o PMDB-PE por muitos anos, pela capacidade que tinha de dialogar e de construir convergências. Foi também um homem de muitos amigos e um exemplar pai de família. Sua partida deixa enorme lacuna em todos nós do PMDB-PE, que tivemos o privilégio de ter com ele uma longa convivência", afirmou em nota.

O ex-governador e deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB) também lamentou a perda e disse que fica uma lacuna na política brasileira.  "Foi uma liderança dentro do MDB que sempre soube ouvir e conduzir de forma ampla e democrática o partido. Para mim o sentimento é de grande perda porque foi embora também um amigo. Um amigo que era um pai de família exemplar", escreveu.

O deputado federal Augusto Coutinho (SD) se solidarizou com a família. "O desaparecimento do ex-deputado Dorany Sampaio deixa uma lacuna imensa na política pernambucana. Dorany foi um dos símbolos da luta democrática por um Brasil melhor, e participou de importantes momentos da política nacional. Consolidamos uma forte amizade no período em que atuamos como secretários nas gestões de Jarbas Vasconcelos e Roberto Magalhães na Prefeitura do Recife. Me solidarizo com Dona Lizete, com todos os seus familiares e amigos neste momento difícil", declarou em nota. 

O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), destacou a capacidade de articulação de Dorany, mesmo na ditadura militar. "Um democrata e humanista que foi cassado pela ditadura militar por não abrir mão desses ideais. Referência na política pernambucana e especialmente no MDB, partido que conduziu por 27 anos, quando sobressaiu sua capacidade de diálogo e articulação. Perda muito grande para Pernambuco e para o Brasil", disse na nota.

O mesmo sentimento foi corroborado pelo prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PR). "A política de Pernambuco perde um de seus grandes referenciais com o falecimento de Dorany Sampaio, mas seu legado de liderança fica para todos nós. À família, desejo conforto nesse momento de saudade", declarou.

Resistência política e cassação de mandatos. Este é o viés da primeira sessão pública promovida pela Comissão da Verdade pernambucana para apurar as ocorrências de violações aos direitos humanos contra deputados pernambucanos à época da repressão (1964-1985). Na audiência, marcada para a próxima terça-feira (24), prestam depoimento Dorany Sampaio, Egydio Ferreira Lima, Luiz Andrade de Lima, Maurílio Ferreira Lima e Waldemar Borges Filho.

Acusados de subversão ao regime, os parlamentares tiveram os mandatos cassados e os direitos políticos suspensos por uma década. Atuam nas investigações da relatoria temática Fernando Coelho, coordenador geral da CEMVDHC, além de Áureo Bradley e Roberto Franca, sub-relatores e membros do colegiado pernambucano.

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>>> Em entrevista ao LeiaJá, Donary Sampaio fala do período da Ditadura Militar

Eleitos deputados estaduais na legislatura de 1966, pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Egydio Ferreira Lima, Waldemar Borges Filho, Dorany Sampaio e Luiz Andrade de Lima sofreram perseguições políticas pela atuação na Assembleia Legislativa pernambucana. Fato semelhante ocorreu com o ex-deputado federal pelo PMDB, Maurílio Ferreira Lima, alvo de retaliações impostas pelo governo Costa e Silva, que culminou, no final de 1968, no exílio na Argélia por uma década.

O PMDB de Pernambuco confirmou, neste sábado (18), o nome do vice-governador Raul Henry como presidente da legenda no Estado. Eleito por aclamação, já que só havia uma chapa concorrendo, Henry assume o cargo deixado por Dorany Sampaio, que comandou o partido durante 27 anos. 

A Convenção Estadual, realizada na sede da legenda na Zona Norte do Recife, foi sem as pompas e festas habituais realizadas pelos partidos. Como já sabia que seria elevado a presidente, o vice-governador optou por realizar apenas a votação e cumprimentar os peemedebistas, já que Sampaio está se recuperando de problemas de saúde e não participou do evento.

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“Nesse momento de renovação, o que todos nós devemos fazer é render a ele (Dorany Sampaio) uma homenagem de gratidão”, registrou o novo presidente. Para ele, o partido vive atualmente um “novo momento político” graças à liderança de Dorany, que soube operar novas alianças, como a do PMDB com o PSB e, por isso, o PMDB-PE “só deverá crescer”.

“Estamos vivendo um novo momento político no Estado. Nele notamos uma demanda muito grande de lideranças do interior e da Região Metropolitana pelo PMDB. Como estávamos na oposição (durante a gestão de Eduardo Campos), em grande parte dos municípios do Estado não tínhamos comissão provisória porque as pessoas não queriam ficar na posição de oposição. Hoje é diferente, como a legenda assumiu a gestão há uma demanda muito grande de políticos querendo ocupar a legenda do PMDB”, analisou Raul Henry. 

Também integrante da Executiva, o deputado Jarbas Vasconcelos afirmou que Henry “vai impulsionar e dar mais mobilidade ao partido”. “Houve uma transição pacifica, democrática e civilizada. Eu vou procurar ajudar Raul para que o partido possa crescer. Tivemos um desempenho bisonho na eleição passada. A gente tem que sair daqui (da RMR). O partido não cresce só aqui dentro não”, observou, ressaltando as visitas que ele e o novo presidente começaram a fazer no Agreste, Sertão e Zona da Mata.

O PMDB em Pernambuco tem atualmente pouco mais de 51,5 mil filiados. Além de Henry e Jarbas, também compõem a direção da legenda os deputados estadual Ricardo Costa, Tony Gel e André Ferreira; o prefeito de Petrolina, Julio Lossio; e o ex-secretário de Finanças da Prefeitura do Recife, Roberto Pandolffi.

ENTREVISTA// Presidente do PMDB- PE e vice-governador de Pernambuco, Raul Henry

Desde 2009 o senhor já faz parte da direção estadual do PMDB. Como avalia esse período que o partido esteve sob o comando de Dorany Sampaio?

Dorany dedicou os últimos 25 anos dele ao partido. É uma pessoa que tem uma belíssima história de vida, faz todo um enfrentamento à ditadura militar e depois conduziu o partido em horas boas, quando a gente tinha força política no Estado, e em horas de adversidade, quando ficamos na oposição por oito anos, durante um governo muito forte que foi o de Eduardo Campos (PSB). Nesse momento de renovação, o que todos nós devemos fazer é render a ele uma homenagem de gratidão.

Ouvimos alguns peemedebistas e eles afirmaram que seria um desafio ter o senhor como presidente, na sua visão quais os principais desafios no comando do PMDB para os próximos anos?

O PMDB em Pernambuco tem uma identidade política muito clara. Nosso desafio é crescer com qualidade e consistência política. Não ser um partido inchado, nem uma legenda de aluguel. Sempre reafirmando as nossas posições, aqui participamos da aliança com o PSB governando o Estado e no âmbito federal somos oposição a um governo que em nome da irresponsabilidade populista e de um eleitoralismo mentiu para a sociedade brasileira.

Como está a campanha de filiação do partido?

Esse é o momento que todos os partidos vão se dedicar a novas filiações. Um balanço só sairá em setembro. Há uma grande demanda e a tendência é que o partido cresça, mas seremos criteriosos. Queremos lideranças que se identifiquem com a legenda e tenha reciprocidade, para que quando formos disputar as eleições gerais tenhamos a solidariedade dessas pessoas. Não é apenas ter um partido inchado e sem compromisso político.

Já começaram as articulações para as disputas municipais? Existe alguma meta já estipulada pela legenda de número de candidaturas? 

Não temos metas ainda, vamos trabalhar intensamente até setembro para termos uma noção do tamanho que o partido terá nas próximas eleições municipais. É claro que será uma expectativa, mas muitas alianças vão se dar no próximo ano, lugares onde o partido potencialmente tenha candidato a gente pode chegar a conclusão que é melhor fazer uma aliança e não ter candidato. Em outros lugares pode resultar tendo candidato que seja um ponto de convergência. Teremos um primeiro balanço no final de setembro e o outro em maio.

Como será a relação entre o PMDB e o PSB, por exemplo, em cidades como Petrolina e Recife?

Nós faremos aliança em grande parte dos municípios de Pernambuco, nos outros, onde a realidade política não permitir, cada um vai seguir seu caminho. Petrolina é um exemplo claro, temos um prefeito do PMDB que disputou a eleição contra um candidato do PSB. Lá a política é muito radicalizada, dificilmente faremos uma aliança em Petrolina. Há municípios como Caruaru também, o que se fala hoje é na possibilidade de que a cidade tenha três candidaturas: uma do PSB, outra do PDT e uma do PMDB, com o deputado Tony Gel. Isso tudo é muito natural, tenho conversado quase que diariamente com Paulo Câmara sobre isso.  

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O PMDB de Pernambuco confirma, neste sábado (18), o nome do vice-governador Raul Henry para presidente da legenda. A eleição por aclamação, já que a chapa é única, acontece durante a convenção estadual do partido, a partir das 8h, e a posse se dará no fim do evento, por volta do meio-dia. 

Henry assume a vaga deixada pelo então presidente do PMDB-PE, Dorany Sampaio, que comandou a legenda por 27 anos e não permanecerá no cargo por estar se tratando de alguns problemas de saúde. Motivo pelo qual os peemedebistas também não estão organizando uma festa para a posse de Henry. 

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"Reunido com Jarbas, com Raul e outros companheiros, o nome que despontou em consenso foi o nome de Raul Henry, ele já é atualmente o secretário geral, cuja função é ser articulador do partido. Ele é experiente, é muito hábil, sem arestas e então, ele vai tocar isso aí, e eu tenho absoluta confiança que ele saberá fazer isso com a experiência que ele tem peculiar", revelou Sampaio, em entrevista exclusiva ao Portal LeiaJá nesta semana.

A escolha pelo vice-governador aconteceu no último dia 3, após uma conversa entre Henry e Sampaio. De 2009 até agora, Raul Henry respondia pelo comando da secretaria-geral do partido. Além do vice-governador, os deputados estaduais Ricardo Costa, Tony Gel e André Ferreira devem assumir outras vagas na direção da legenda. A secretaria-geral deve ser transferida para o ex-secretário de Finanças da Prefeitura do Recife, Roberto Pandolfi.

A chegada de um novo líder estadual no comando do PMDB-PE já é vista com ansiedade pelos integrantes da legenda. Neste sábado (18), o vice-governador de Pernambuco, Raul Henry assume a presidência depois de o advogado Dorany Sampaio liderar a legenda por 27 anos. O ato deverá ser simbólico e sem festas pelo fato do futuro ex-presidente está acamado devido uma fratura na vértebra, no entanto, os membros da agremiação apostam numa renovação da sigla. 

Para o prefeito de Petrolina, Julio Lossio, a chegada de Henry contribuirá de forma positiva para o crescimento do PMDB-PE. “Acredito que Raul, por toda sua trajetória, poderá trazer uma importante contribuição ao partido em Pernambuco. Conversei com Raul e pretendo está presente”, revelou.

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Lossio enalteceu a atuação de Dorany Sampaio à frente da legenda por mais de duas décadas, mas acredita que a mudança possa ajudar o partido. “Vejo em Dr Dorany um importante símbolo do partido. Poucas vezes conheci alguém com tamanha disposição para fortalecer o partido. Contudo, as mudanças são importantes para fortalecimento das instituições e com os partidos não deve ser diferente”, analisou. 

O Prefeito da cidade do Sertão também apostou na ampliação dos quadros nesta nova liderança. “Acredito que o partido poderá crescer com a conquista de novos quadros. A presença de um vice governador à frente do partido por se só traz uma simbologia que tende a fortalecer a legenda em todo Estado”, destacou o peemedebista. 

Com uma visão um pouco distinta de Lossio, o deputado estadual André Ferreira (PMDB) falou da necessidade de trazer um novo gás para a sigla. “Eu acho que é um  grande desafio de transformar. É uma continuação da gestão de Dorany. Raul Henry sempre participou, mas precisa dar um gás novo e ele assume essa responsabilidade de assumir a direção do partido e fazer algo diferente”, pontuou.

Para Ferreira, atualmente a posição do PMDB é bem melhor do que anos atrás e isso pode ajudar nas articulações políticas. “Ele (o partido) está hoje numa posição muito diferente de dez anos atrás. Hoje ele é vice-governador, temos três deputados estaduais e um federal. Agora, vai ter que assumir esse papel de falar com lideranças. O partido vai ter que lançar candidato em várias cidades, tem que assumir esse papel e dar uma levantada muito grande no partido e a gente está torcendo por isso, e vamos trabalhar por isso”, prometeu.

De acordo com o parlamentar antigamente ninguém queria se filiar a PMDB porque Jarbas era oposição a Eduardo e houve uma corrida grande do partido. “Agora é um momento diferente. Nós temos que ter esse discernimento. Eu fiz uma aliança (o PMDB com o PSB), mas o partido não pode ser coadjuvante. Um bom exemplo disso é Sérgio Guerra que tinha apoio e não deixava de ter candidato”, comparou. 

Ainda sobre a ampliação do PMDB em meio às eleições de 2016, o deputado frisou que independente de alianças o partido não pode deixar de crescer. “O que é maior é o partido ou a aliança? em algumas situações o partido tem que ser maior do que a aliança, porque se não for assim, não teremos candidato. Tem que ter essa sabedoria e o partido tem sempre está na prioridade”, destacou Ferreira.

Ele está temporariamente imobilizado devido uma fratura na vértebra há 40 dias. Apesar disso, a memória e o acompanhamento da política local e nacional seguem firmes e atuantes. Com 88 anos de vida e 27 à frente da liderança estadual do PMDB em Pernambuco, o advogado e militante político Dorany de Sá Barreto Sampaio recebeu com exclusividade a equipe do Portal LeiaJá nesta semana em sua residência, no bairro de Casa Forte, Zona Norte do Recife. 

Sentando numa aconchegante cadeira na sua sala de estar e acompanhado de sua esposa com quem está casado há quase 63 anos, Lisete Valadares Sampaio, 87, e uma dos 17 netos, Beatriz Sampaio, 10, ele analisou a conjuntura do PMDB e a futura atuação do vice-governador, Raul Henry, que passará a liderar a sigla a partir do próximo sábado (18). Na conversa, o peemedebista revelou detalhes históricos da política como o racha de Jarbas Vasconcelos com Eduardo Campos, criticou a postura do correligionário e presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) e contou que nunca deixou de fazer política. Mesmo quando foi cassado, ele ia ao partido escondido, mas não deixava de militar. O líder do PMDB há mais de duas décadas também comentou as possibilidades de Jarbas disputar à vaga majoritária da Prefeitura do Recife em 2016. 

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Confira a entrevista exclusiva abaixo:

LeiaJá (L.J): O senhor é advogado de profissão. O que fez seguir carreira política?

Dorany Sampaio (D.S): No governo João Goulart, o ministro Osvaldo Lima Filho da Agricultura me convidou para ser diretor geral do ministério e eu fui. Aí veio 64, eu saí e ele também. Em 66 o MDB foi fundado e eu fui fundador, mas era um mero militante porque o político da família era o meu irmão Almany que foi prefeito de Paudalho e deputado estadual por duas vezes. No dia 4 de julho meu irmão é cassado, porque foi o único deputado na assembleia com 57 presentes, que teve a coragem de votar contra a cassação de colegas exigida por coronéis. Isso mostra o valor, a coragem e a coerência. Então, os amigos da zona de influência eleitoral dele perguntaram: você agora cassado, como fica? E ele disse: - não sei. Meu irmão Jovany tinha sido secretário de Administração do governo Arraes, portanto, era inelegível nos atos dele lá e sobrava eu. Eu olhei e disse poxa vida: meu irmão é cassado desta maneira por cassar colegas, esse pessoal apela para mim, eu tenho sete filhos. Que diabo eu vou dizer no futuro a eles? Eu larguei o escritório de advocacia com uma grande clientela, mas era a contingência. 

(L.J): Como foi disputar a eleição depois de deixar a carreira jurídica?

(D.S): Foi correr o risco de não me eleger e sabendo que já era oposição, sem dinheiro, e antigamente era muito diferente dos tempos de hoje. Eu nunca comprei votos de ninguém, mas tinham as despesas com as propagandas, os palanques, no dia da eleição tinha que dar transporte e almoço ao eleitor e isso era uma despesa. Eu contei com uma ajuda substancial do senador Hermínio de Moraes que espontaneamente me chamou e disse: eu tenho interesse na sua eleição. Você vai ser o continuador de que seu irmão estava fazendo lá. E, na verdade, a força da Arena era tão grande que nessa época eram 65 deputados, e eles elegeram 51 e nós 14, mas a bancada incomodava porque não tínhamos porque fazer oposição a Nilo Coelho. Um homem honrado, um homem do bem e nós dizíamos que ele era um gerente nomeado pelo presidente. A nossa oposição toda era a ditadura e os nossos conclames era: liberdade, direitos humanos, eleições livres, constituinte, habeas corpus. Isso eram as nossas bandeiras.

(LJ): O senhor também foi cassado depois que assumiu em 1966?

(D.S): Eu não tive nem todo um mandato porque no meu me cassaram porque eu incomodava. Dos 14 do PMDB, nove foram cassados, deixaram a bancada com cinco. Eles não batiam de frente como a gente, como Fernando Lyra.

(LJ): O senhor teve seus direitos políticos cassados. Como encarou essa situação?

(D.S): Eu passei dez anos proibido de fazer política, mas não deixei de fazer um dia. Passei dois anos e um pedaço na Alepe. Então eu estava proibido de fazer política porque tinha suspensão dos direitos políticos. O cara com direito político suspenso não faz política, mas eu nunca parei de fazer um dia na clandestinidade. A gente marcava encontros escondidos por causa do SMI, da polícia naquele tempo de Álvaro Costa Lima. Após dez anos, eu retornei ao partido que eu fundei, mas não me interessava mais disputar eleições. A essa altura eu não tinha motivo para querer voltar para a assembleia, e para deputado federal era uma situação complicada: um pai de família com sete filhos. Não dava para levar todo mundo para Brasília e eu ficar naquela ponte área durante a semana lá e no final de semana aqui.

(LJ): Como o senhor avalia seus 27 anos à frente do PMDB-PE?

(D.S): Total afinamento com os companheiros. Em primeiro lugar, um forte apoio e solidariedade de Jarbas Vasconcelos que é o líder maior do partido aqui, e de quem eu sou amigo desde quando foi deputado estadual, que nessa época ele ainda era estudante, e era oficial do gabinete da liderança da oposição. Por outro lado, eu tinha uma grande amizade ao tio dele, um desembargador do Tribunal de Justiça, tínhamos essas ligações e ele sempre me prestigiou, me apoiou. Eu devo muito a ele, inclusive, com manifestações expressas de confiança, porque quando foi eleito prefeito em 96 ele me confiou  a secretaria de Assuntos Jurídicos e depois que foi governador eu fui secretário de Governo nos dois mandatos. Então, isso já significa uma reciprocidade de respeito, de confiança e de entendimento, mas fora isso eu sou amigo de todo mundo, e graças a Deus, apesar de advogado, eu me sinto um construtor de pontes. Eu construo pontes de amizades que é um patrimônio imaterial de valor inestimável.

(L.J): Para o senhor qual foi o momento mais difícil de sua liderança?

(D.S): Para mim o momento mais difícil foi quando Jarbas perdeu as eleições para governador em 90. Foi um choque para nós. Ele tinha amplas possibilidades, mas terminou sem ser eleito e não sou que digo - os jornais falam que Arraes apoiou Joaquim -, embora, tenha apoiado debaixo dos panos, mas foi um momento muito difícil para mim.

(L.J): Como o senhor avalia a aliança entre Jarbas e Eduardo Campos, após anos de rivalidade?

(D.S): Eduardo Campos quando Jarbas foi prefeito em 85, ele foi oficial de gabinete de Jarbas. Havia toda uma afinidade pessoal e tal. A ruptura entre ele e o avô se deu justamente em 96, quando Jarbas, sem querer, foi levado a ser candidato de novo. Ele não queria ser candidato de novo, mas Arraes insistia porque queria colocar o neto como vice, e aí Jarbas ia ficar preso. Se saísse para candidato a governador, o neto assumiria e faria o jogo do avô, mas aí ninguém é maluco. Então, ele realmente explicou a Eduardo que não poderia ser assim, isso poderia parecer um conchavo de coronéis e ele não se considerava coronel e disse: o meu candidato a vice-governador será escolhido entre os partidos que sempre me apoiaram, mas eu não vou aceitar uma indicação que não corresponde ao meu projeto. Aí ficaram afastados, mas aí o PT ganha a eleição e Jarbas sempre foi, e é um forte, corajoso, combatente do PT, então, na hora que Eduardo tinha um projeto que significava se opor ao candidato do PT não houve nenhuma dificuldade de apoiá-lo para governador. Um jovem que tinha feito uma boa gestão no governo do Estado, em dois mandatos, e que a proposta dele coincidia com a de Jarbas: impedir a continuidade do PT no mando do país, isso aí facilitou muito, daí que ele apoiou decisivamente e se recompuserem e foi muito bom para Pernambuco.

(L.J): Muitos peemedebistas têm criticado a postura de Eduardo Cunha à frente da Câmara. Como o senhor avalia a atuação dele?

(D.S): O deputado Eduardo Cunha é do meu partido, mas ele é um homem extremamente possessivo, intransigente. Ele não ouve ninguém e quer fazer o que ele quer, mas não é dono da Câmara. Então, ele tem usado de meio não republicano para o que ele quer, e não pode com isso conseguir apoio e aprovação. Jarbas votou nele para impedir uma vitória do PT e votaria novamente porque o negócio da gente é colocar o PT para fora, mas nem por isso vai deixar de reconhecer os descaminhos dele que não são construtivos nem em termos de unidade no Congresso, nem partidária porque ele não houve nem os companheiros.

(L.J): E como o senhor analisa as divergências dentro do PMDB que por um lado é a favor do Governo de Dilma e outra ala é oposição?

(D.S): Isso não é de hoje. O PMDB é um partido que sabe conviver com suas divergências internas. Já na primeira eleição de Lula, muitas sessões estaduais se colocaram ao lado de Serra: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Acre, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, todos esses ficaram com o candidato do PSDB e isso, o nosso presidente Michel Temer que é uma pessoa muito articulada, séria, meu amigo pessoal porque sou amigo há mais de 40 anos e minha amizade com ele não vem da política, vem da advocacia, ele sabe administrar essas divergências internas e ele se coloca mais ou menos com o Dr. Ulisses diante dos mais moderados e dos autênticos. Vai tentando equilibrar e tal. Ele é um homem conciliador e com isso, ele não violenta a liberdade de atuação política dos Estados porque a política não é feita no País é feita no Estado. Se o nosso adversário aqui no Estado é o PT como é que a gente podia votar no candidato dele lá em cima? Não havia condições, e ele soube entender.

(L.J): Como foi feita a escolha do nome de Raul para substituí-lo?

(D.S): Eu não vou continuar na presidência. Eu já tinha decidido não disputar e Deus também colocou no meu caminho essa fratura e eu me sinto em divida com o meu partido por não poder comparecer lá. É meu dever. Eu nunca faltei um dia. Se eu fosse funcionário público eu não teria um dia de falta. Todos os dias eu estava lá e agora eu me sinto privado de está lá, e isso se torna difícil para mim, saber que a minha ausência pode prejudicar o partido num ano pré-eleitoral, em que nós estamos preparando uma chapa forte de vereadores no Recife. Candidatura ainda não sei se vai ter ou não, ainda é cedo para saber, e eleger o maior número de prefeitos possível. Então, reunido com Jarbas, com Raul e outros companheiros, o nome que despontou em consenso foi o nome de Raul Henry, ele já é atualmente o secretário geral, cuja função é ser articulador do partido. Ele é experiente, é muito hábil, sem arestas e então, ele vai tocar isso aí, e eu tenho absoluta confiança que ele saberá fazer isso com a experiência que ele tem peculiar.

(L.J): Existem especulações de que Jarbas possa sair candidato para prefeito do Recife nas próximas eleições. O que o senhor acha do nome dele?

(D.S): Eu creio que não há postulação dele porque ele nunca abriu a boca para dizer que seria candidato. Há postulação de companheiros, há o reconhecimento porque ele foi por duas vezes o melhor prefeito do Brasil. Mas não sei se está no projeto dele. Competiria a ele dizer, embora, como ele acha que 2016 só se discute em 2016, ele ainda não tocou neste assunto, nem acredito que venha a tocar antecipadamente com a experiência que ele tenha. Agora, quem vai falar da competência de uma pessoa que dirigiu essa cidade por duas vezes sendo o melhor prefeito do País? Em termo de competência, de compromisso, de capacidade de gestão, ninguém vai discutir. Agora, a ele competirá dizer, caso convocado, porque ele não seria jamais candidato dele próprio. Se será candidato ou não a gente tem que ter paciência para esperar.

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(L.J): Caso essa candidatura se consolide, poderá ter um racha com o PSB?

(D.S): Não acredito que a gente tenha dificuldade de entendimento com o PSB não. Nós  construímos uma aliança muito sólida, está funcionando, tanto assim que o governador convidou um membro do PMDB para ser um vice dele e eu não acredito em falta de entendimento entre os dois partidos. São pessoas responsáveis, competentes e que jogam o jogo limpo da lealdade.

(L.J): O senhor chegou a conversar com Raul Henry sobre a liderança do partido?

(D.S): Conversar eu conversei muito, mas o Raul não precisa de orientação minha. O que eu sei, ele sabe. Trabalhamos juntos há muito tempo. É meu secretário atualmente, e como articulador político a gente sempre discute as estratégias como secretário geral e porque não como presidente? Claro, mas eu acho que ele assume em condições excelentes a direção do partido para que o partido tenha a missão que merece.

(L.J): Pernambuco passou por algumas dificuldades neste ano como as greves da Educação, Polícia Civil e a greve de ônibus. Em meio a esses problemas como o senhor avalia a gestão de Paulo Câmara?

(D.S): Não só ele, mas todos os governadores estão tendo grandes dificuldades por conta da incompetência e da irresponsabilidade da presidente da República. Ela quebrou o País. Você veja, o Chile tem uma inflação de 2% e 3% e uma taxa de investimento de 8%. O Brasil está com uma taxa apontada em mais de 9% e o investimento é negativo. A atividade econômica está totalmente prejudicada e com isso recai a arrecadação e diminui as possibilidades de se desenvolver um programa. Imagina na sua plenitude de como ele quer e deseja e de certo modo, mas a gente sabe que o governo não tem interesse de nem repassar o que é de direito para Pernambuco. Mas não só Pernambuco, mas de um modo geral, os Estados que têm governo que se opuseram a ela, têm sido muito penalizados, mas eu acredito que ele vai conseguir, ele está fazendo planos de contenção, operando redução de custos e despesas, e acredito que supere.

(L.J): Como o senhor avalia o pedido de impeachment de Dilma?

(D.S): Isso é o tempo que vai dizer por que um impeachment depende de dois fatores: primeiro o jurídico e depois o político. Provavelmente ela terá as contas dela de 2014 rejeitadas pelo Tribunal de Contas e a rejeição vai importar que ela praticou atos de improbidade administrativa, as famosas pedaladas, mas quem sabe o que a Câmara e o Senado vai fazer? Porque o Tribunal rejeita as contas, mas quem julga é o legislativo, e ela pode vir a ganhar. Então eu não me preocupo muito com isso porque era possível que houvesse fatos futuros que mobilizassem de tal modo a população, a exemplo do que foi feito com Collor, porque aí ela cairia, porque fundamento jurídico existe o que faltam são componentes políticos que podem vir ou não vir.

(LJ) Como se sente ao deixar à presidência do partido?

(D.S): Saio de alma lavada como o fundador do partido, que é o único que militei até hoje e com o sentimento de dever cumprido. Troquei o escritório de advocacia por um mandato gratuito. 

Confira a avaliação de Dorany sobre a política atual no vídeo abaixo:

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Os indícios de uma possível ruptura entre o PMDB e o PT anunciados nesta quarta-feira (15), pelo vice-presidente da República Michel Temer (PMDB) foram analisados pelo presidente estadual do PMDB de Pernambuco, Dorany Sampaio. Para o peemedebista, o desejo da legenda em lançar candidato próprio em 2018 configura, apenas, uma pretensão natural da agremiação.

Para Sampaio, toda legenda tem legitimada para ter postulantes. “Bem, eu não diria um racha porque todo partido tem legitimidade para ter candidato”, frisou, relembrando da situação do partido nas últimas eleições. “Essa aliança (com o PT) se tornou possível porque o PMDB na época, não tinha um candidato competitivo. Um candidato com condição de vencer as eleições”, confirmou.

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Para o presidente estadual, que deixará a liderança no próximo sábado (18), quando o vice-governador Raul Henry (PMDB) assumirá, a realidade do partido agora é outra. “Mas agora, com a presidência da Câmara, do Senado, com a maioria na Câmara, com uma grande bancada no Senado, com um grande números de governadores e de prefeitos, eu acho que é uma aspiração natural”, avaliou, reforçando seu pensamento. “Eu não considero racha não. Eu considero dizer: agora o seu caminho é esse e o meu é esse”, destacou.

O vice-governador de Pernambuco, Raul Henry, assume o comando do PMDB de Pernambuco no próximo dia 18, durante a convenção estadual da legenda. A escolha foi feita nessa sexta-feira (3), durante uma reunião entre Henry e o atual presidente Dorany Sampaio. 

A posse deve acontecer sem festas, por causa do estado de saúde de Sampaio que há meses se encontra doente. Dorany Sampaio preside o PMDB de Pernambuco desde 1988, já Henry é secretário-geral da legenda desde 2009. 

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Além de Henry, a expectativa é de que os deputados estaduais da legenda, Ricardo Costa, Tony Gel e André Ferreira devem assumir outras vagas na direção estadual. O cargo ocupado pelo vice-governador deve ser transferido para o ex-secretário de Finanças da Prefeitura do Recife Roberto Pandolfi.

O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) decidiu, nesta quarta-feira (22), dar prioridade a participação do senador Jarbas Vasconcelos na majoritária da Frente Popular por Pernambuco durante as eleições deste ano. De acordo com o presidente da legenda no estado, Dorany Sampaio, a escolha foi unânime e consensual. Vasconcelos vai disputar a reeleição, o que deixa outros peemedebistas sem espaço na majoritária.

"A reunião foi muito boa e a decisão em consenso. Tratamos de dois pontos, primeiro a reeleição de Jarbas pelo peso político, as ações prestadas a Pernambuco e por ser o maior líder partidário. E em segundo lugar, delegamos ele (Jarbas) para conduzir o problema sucessório (ao Governo de Pernambuco) em nome do PMDB", afirmou Sampaio.

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Questionado sobre quais seriam os papeis do deputado federal Raul Henry e do prefeito de Petrolina, Julio Lossio, nesta disputa, o presidente pontuou que o PMDB só pode disputar um cargo na majoritária. "O partido não pode ocupar duas posições na majoritária", cravou Sampaio.

 

 

 

O PMDB pernambucano já dá passos rumo à dança das cadeiras nas convenções municipais do partido, que acontece entre os dias 11 e 12 de novembro e antecederão em um mês a eleição da cúpula estadual. A presidência do partido que hoje é representada por Dorany Sampaio, pode ter uma possível recondução, após o peemedebista ocupar o cargo há 25 anos. 

Conversas de bastidores dão conta de que existe uma movimentação da sigla, unida recentemente ao governo Eduardo Campos (PSB), por uma nova composição para o comando. O nome do deputado federal Raul Henry, atual secretário geral do PMDB, está sendo apontado, para uma possível substituição.

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As decisões estão sendo tomadas cuidadosamente. Já que Dorony é uma figura importante no partido, por ser fundador da legenda. Ele assumiu a presidência estadual do PMDB, sucedendo na ocasião o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Fernando Correa, já falecido. Os integrantes do partido têm respeito pelo dirigente, além dele ter grande liberdade com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), seu amigo de mais de 30 anos. 

Analisando o PMDB em cenário pernambucano, a perda de espaço e quadros desde o término do governo Jarbas Vasconcelos em 2006, pede providências ao partido. O partido já chegou a ter mais de dez parlamentares, se somado o número de representantes na Câmara do Recife, Assembleia Legislativa e Câmara Federal, além de dois representantes pernambucanos no Senado. Já hoje conta com apenas um vereador no Recife, André Ferreira, um deputado estadual, Gustavo Negromonte, um federal, Raul Henry e um senador, Jarbas Vasconcelos. 

Após 22 anos tratando-se como ‘inimigos políticos’, Jarbas e o governador Eduardo Campos voltaram a ficar do mesmo lado, situação que fez com que os peemedebistas refletissem sobre a necessidade de uma ‘mudança’ na cúpula. Para tanto, o Henry garante respaldo, pelo fato de sempre mostrar publicamente seu bom relacionamento com Eduardo Campos e Jarbas Vasconcelos, mesmo quando o senador e governador estavam rompidos. 

Com a mudança não está descartada a possibilidade da secretaria-geral ficar para o prefeito reeleito de Petrolina, Julio Lóssio. Além de estar em alta com o partido e poder receber a responsabilidade com prêmio, colocaria uma pedra no assunto ‘desfiliação’ da legenda, em que envolve Lóssio. Quem também pode estar na lista de reformulação do PMDB é a ex-prefeita de Olinda Jacilda Urquiza. 

Dorany afirmou a imprensa ser um ‘soldado do PMDB’ e que não teria problema de sair, acatando a decisão do partido. O peemedebista levanta as suspeitas de que será substituído. 

 

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