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Além do animal encontrado morto por febre amarela no Zoológico de São Paulo, a capital paulista já registrou, desde o ano passado, 105 óbitos de macacos em seu território, segundo balanço mais recente divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde.

Do total de vítimas, 101 foram encontradas na zona norte, em sete distritos diferentes: Anhanguera (2), Brasilândia (1), Cachoeirinha (1), Jaraguá (2), Mandaqui (62), Tremembé (26) e Tucuruvi (7). Outros três macacos morreram em Parelheiros e um, no Grajaú, ambos na zona sul da cidade.

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Em todo o Estado já foram confirmadas 530 mortes de primatas não humanos desde julho de 2017, quase o triplo do registrado no mesmo período do ciclo 2016/2017, quando 187 animais morreram.

Embora não transmitam a febre amarela, os macacos continuam sendo atacados no interior do de São Paulo. Nesta terça-feira (23), a equipe do Parque Ecológico Municipal, em São Carlos, foi mobilizada para capturar um macaco-prego que estava sob ameaça de moradores. Enquanto algumas pessoas alimentavam e admiravam o primata, outras queriam vê-lo morto por medo da doença. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Novo boletim epidemiológico divulgado nesta terça-feira, 23, pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio confirma o registro de 20 casos de febre amarela no Estado. Em oito casos, as pessoas infectadas morreram.

Os casos foram registrados em Teresópolis, Valença, Nova Friburgo, Petrópolis, Miguel Pereira e Duas Barras, na Região Serrana. Todos os casos são de febre amarela silvestre. Desde 1942 não há nenhum registro de febre amarela urbana no País.

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A Vigilância Sanitária confirmou nesta terça que nada menos que 90 macacos foram encontrados mortos no Estado desde o início do ano - num indicativo de que muitos animais estariam sendo mortos por temor de contágio.

Especialistas da secretaria voltaram a frisar que o macaco não transmite a doença ao homem. O transmissor é o mosquito hemagogus (no caso da febre amarela silvestre) e o Aedes aegypti (no caso da febre amarela urbana).

Na última semana, foi apontada a possibilidade de uma paciente pernambucana de 37 anos estar com febre amarela. A mulher havia viajado para o município de Mairiporã, em São Paulo, considerada área de risco para a doença, e teria apresentado quadro febril e sintomas brandos após retornar. A Secretaria Estadual de Saúde (SES/PE), no entanto, informou que os resultados dos exames realizados na paciente deram negativo, e o caso foi descartado.

No Brasil, foram confirmados 35 casos da febre amarela pelo Ministério da Saúde. Além disso, foram confirmadas 20 mortes no país por conta da doença, sendo que o maior número foi registrado no estado de São Paulo. A SES havia afirmado anteriormente que Pernambuco não é área de transmissão da doença, e reforçou que o Estado não registra casos há cerca de 90 anos.

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O órgão informou ainda que “de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde - reproduzidos em Pernambuco -, para se enquadrar como caso suspeito, o paciente, além da febre e ter residência ou passado por área de risco, precisa apresentar icterícia e/ou manifestação hemorrágicas e não ser vacinado ou ter vacina status vacinal ignorado”. Segundo a Secretaria, isso não ocorreu com a paciente de 37 anos. 

O fechamento da Fundação Parque Zoológico de São Paulo surpreendeu famílias que planejavam visitar o local nesta terça-feira (23). Localizado na região do Jabaquara, na zona sul de São Paulo, o espaço foi fechado após ser constatada a morte de um bugio por febre amarela na região.

"A gente se programou ontem (segunda-feira) de se encontrar aqui na frente", conta a artesã Celciane Peres, de 32 anos, que estava acompanhada dos filhos Luiggi, de 9 anos, e Lorenna, de 6. Eles planejavam fazer um piquenique junto de outros quatro colegas da Colégio Marques de Monte Alegre, localizado também na zona sul. "A gente queria aproveitar as férias: não tinha feito muita coisa. Felizmente somos todos vacinados há mais de dez dias", comentou.

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Com o fechamento, Celciane resolveu levar os filhos para brincar no condomínio de um familiar, enquanto as demais crianças foram para o Parque do Chuvisco, no Campo Belo, na zona sul.

Já o metalúrgico André Silvério Ribeiro,de 33 anos, enfrentou quase três horas de viagem desde Campinas para passar um dos últimos dias de férias no local, junto da esposa, a dona de casa Laís Bragante, de 23 anos, as filhas Maria Eliza, de 4 meses e Rebeca, de 5 anos, e o sobrinho Gabriel, de 11. Nenhum deles conhecia o zoológico. "A gente está pensando em ir no Aquário para não perder o dia", conta Ribeiro. Da família, apenas Rebeca foi vacinada por enquanto.

Já a consultora de negócio Raquel Aranha Ribeiro, de 45 anos, soube do fechamento pela reportagem. "Está crítico isso (febre amarela) comentou". Junto de familiares de São Carlos (SP), ela decidiu refazer o roteiro e ir para o Mercado Municipal. Os filhos Richard, de 13, e Helena, de 12, lamentaram o fechamento, pois não visitavam o zoológico há três anos.

Da mesma forma, a pequena Larissa, de 8 anos, estava triste com a mudança de planos. Perguntada sobre qual animal queria conhecer primeiro, pensou muito e respondeu "jabuti". "Que chato. Ela estava tão empolgada", comentou o pai, o metalúrgico Manoel Batista, de 43 anos.

Às vésperas do início do fracionamento de vacina contra febre amarela, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo não ser "provável" que o País enfrente este ano uma epidemia da doença na mesma proporção da registrada no ano passado. No mesmo dia em que a OMS emitiu um comunicado alertando sobre o risco elevado para a mudança no padrão atual de transmissão, Barros indicou que o comunicado da semana passada sobre São Paulo pegou a equipe de surpresa e reforçou a necessidade de os técnicos serem ouvidos antes das comunicações. "Eles estão em campo, muito mais próximos da realidade."

A declaração semana passada da OMS sobre São Paulo causou mal-estar?

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Determinei uma teleconferência diária com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) e a Organização Mundial da Saúde. Isso está sendo feito para que não haja nenhuma ação que surpreenda nossa estrutura. E que nossos técnicos sejam ouvidos.

Houve precipitação da OMS?

O ministério já se manifestou na ocasião. Eu não estava. Eu apenas determinei que fizesse as conferências diárias para não haver mais nenhuma dúvida que o que estamos fazendo é acordado com os órgãos que nos orientam.

Na semana passada, pessoas formaram filas de mais de oito horas para tomar vacina contra febre amarela. Houve tumulto. O senhor acompanhou?

O fato de a população estar mobilizada é positivo, mas há também muita procura por vacinação em locais onde não há recomendação. Isso já aconteceu no ano passado. Na cidade do Rio, por exemplo, vacinamos 2 milhões de pessoas que não precisavam ser vacinadas.

O que o senhor diria para quem fica horas na fila?

A população está convocada a partir de quinta-feira, naqueles municípios que os Estados escolheram como prioridade, para comparecer aos postos. Quando as pessoas correm para os postos sem a chamada da Secretaria da Saúde, elas podem eventualmente se dirigir para uma unidade que não tenha o número de vacinas. A população deve se tranquilizar. A situação está sob controle.

A situação não teria sido evitada se o fracionamento tivesse sido realizado antes de o número de casos começar a aumentar?

Estamos seguindo nossa área técnica, os protocolos da OMS e da Opas. A circulação do vírus é sazonal. Não há novidade nisso. Em várias regiões do País, a vacinação ocorre normalmente para toda a população. Mas o vírus agora está circulando em outra áreas e a gente vai imunizando. Foi o que ocorreu no Espírito Santo. Fizemos com absoluta tranquilidade. Mas a população precisa estar mobilizada. Nas áreas de risco, a vacina sempre está disponível. São 13 milhões de doses todos os anos para as pessoas dessas regiões.

Não houve erro em determinar o fracionamento agora?

Ano passado, anunciamos que, se fosse necessário, faríamos o fracionamento. Compramos as seringas. Treinamos as equipes. Ao final, não precisamos usar a estratégia. Este ano, encontramos macacos mortos próximos de outras regiões, que não eram consideradas de risco e densamente habitadas. Decidimos vacinar um grupo de 15 milhões de pessoas. Para fazermos isso precisamos adotar o fracionamento. As seringas estão compradas. Já está tudo programado. As equipes dos Estados haviam programado para fevereiro o início da vacinação. Tudo dentro do protocolo, previamente pensado. Mas, como existiu um alarde da população, os Estados decidiram antecipar essa campanha para dar atendimento a uma demanda espontânea que vai aos postos.

O senhor tinha uma viagem programada para esta semana. Por que ficou no País?

Quando fui convidado para participar da comitiva do presidente Michel Temer, a vacinação estava programada para fevereiro. A antecipação foi feita semana passada. Como eles mudaram a data, estou mudando a minha agenda para poder acompanhar a vacinação. Vamos fazer uma sala de situação, uma conferência com municípios, uma preparação que precisa ser feita.

Podemos ter uma epidemia nas mesmas proporções da que tivemos no ano passado?

Achar é sempre um problema. Tecnicamente falando não é provável. Já sabia da circulação do vírus em novas áreas. Fizemos este ano busca ativa das carcaças para identificar se havia circulação do vírus no entorno das novas áreas. Temos de tomar as providências necessárias e estamos tomando. Tudo está absolutamente dentro da boa técnica.

Por que há uma baixa cobertura vacinal?

Isso é responsabilidade das vigilâncias locais. Ano passado, em uma cidade em Minas, uma enfermeira encontrou macacos mortos e por conta própria vacinou a população. Ali não houve casos. Na minha opinião, ano passado houve falha da Vigilância. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Zoológico de São Paulo, o Zoo Safári e o Jardim Botânico serão fechados temporariamente a partir desta terça-feira (23) após a confirmação de que um macaco bugio morreu de febre amarela na região. As atrações estão localizadas na zona sul da capital paulista.

A medida, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, é preventiva - e foi tomada depois que a morte do animal em decorrência da doença foi confirmada na segunda-feira (22).

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Ainda segundo a pasta, quatro novos distritos da zona sul de São Paulo foram incluídos na campanha de vacinação que se inicia nesta quinta-feira, 25. São eles: Jabaquara, Cidade Ademar, Cursino e Sacomã. Com a ampliação da população-alvo da campanha, mais de 9 milhões de pessoas deverão ser vacinadas no Estado de São Paulo.

A Secretaria Municipal de Saúde irá implementar mudanças na campanha de vacinação contra a febre amarela em Guarulhos a partir desta terça-feira (23). Após a entrega de senhas nas filas para tomar a vacina, as pessoas que não forem contempladas irão agendar a imunização para um outro dia desta semana, conforme a disponibilidade de vacinas, de acordo com o estoque oferecido pelo Governo de São Paulo. Ou seja, não precisarão retornar para a fila no dia seguinte. A partir desta terça-feira não haverá mais a distribuição de senhas. Todas as vacinas serão aplicadas mediante o agendamento.

Outra medida será a exigência de um comprovante de residência ou de que trabalha em Guarulhos para poder tomar a vacina. A medida é necessária a partir do momento em que a Secretaria detectou que pessoas de outras localidades estavam vindo para o município, tirando a oportunidade dos guarulhenses de se imunizarem contra a febre amarela.

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O aumento de casos de febre amarela, com pessoas se contaminando nas franjas de matas nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, reacende um velho medo que surge a cada novo ciclo: a febre amarela pode voltar a ser uma doença urbana? A possibilidade existe, mas é muito pequena. É o que defendem especialistas ouvidos pelo Estado com base em pesquisas sobre a evolução da epidemia e a biologia do vírus e dos mosquitos transmissores.

O ressurgimento da transmissão urbana, ou seja, por mosquitos que vivem na cidade, como o Aedes aegypti, depende basicamente de três condições: ter muita gente contaminada em estado de viremia (com a presença do vírus circulando no sangue), vivendo em uma área onde haja uma população muito grande de mosquito e com capacidade de transmitir o vírus da febre amarela.

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As longas e demoradas filas em busca da vacina na última semana podem até dar a sensação de que esta é a situação atual, mas os pesquisadores são categóricos: não é.

Para começar, a população de mosquito, por mais que traga uma série de problemas - vide as epidemias de dengue, zika e chikungunya dos últimos dois anos -, é considerada pequena para a febre amarela.

"Na época em que a febre amarela era exclusivamente urbana (até o começo dos anos 1940), a densidade de mosquitos nas cidades era muito maior. O necessário para ter a transmissão urbana seria ter pelo menos o dobro do que temos hoje", explica o virologista e epidemiologista Renato Pereira de Souza, pesquisador científico do Instituto Adolfo Lutz.

Todos os casos registrados nas últimas décadas foram e são exclusivamente do tipo silvestre. A contaminação ocorre quando uma pessoa sem vacina entra em área de floresta, como a região da Cantareira, na zona norte de São Paulo, ou está em um local rural próximo de uma mata e é picada por um mosquito silvestre que só vive ali. Esses insetos podem até voar em áreas urbanas contíguas a parques, mas nunca irão para dentro das cidades (veja página ao lado).

Nas cidades, a transmissão caberia ao Aedes. Mas o mosquito que circula nas cidades brasileiras, apesar de ser capaz de transmitir a febre amarela, não é tão competente assim como vetor do vírus. Então seriam necessários muitos mosquitos para impulsionarem uma epidemia.

Até as décadas de 20 e 30, as variantes de Aedes que existiam no Brasil eram de origem africana, essas sim bem aptas a transmitir o vírus. Mas elas foram erradicadas. A variante atual é asiática, menos capaz.

Isso se soma ao fato de que há um controle do vetor nas cidades, como lembra Pedro Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas. "Embora (com esse controle) não se consiga impedir uma epidemia de dengue, zika ou chikungunya, conseguimos evitar a transmissão humana do vírus da febre amarela. No Aedes aegypti, o vírus não se replica de forma tão eficiente quanto nos outros três. Tanto é que os índices de infestação no Brasil costumam ficar em 5%, chegando no máximo a 10% em alguns locais. Esses números nos dão quase a certeza de que não teremos um surto de febre amarela urbana."

Trabalho divulgado no ano passado por pesquisadores dos Institutos Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e Evandro Chagas, para avaliar o risco de reurbanização da doença, mostrou que, em laboratório, o Aedes aegypti, ao ser alimentado com sangue contaminado, teve o vírus detectado em sua saliva 14 dias depois. Esse é o principal indicador do potencial de transmissão da doença.

Mas na vida urbana, outras coisas estão acontecendo, como a ocorrência de outros vírus, que se saem muito melhor dentro do Aedes. "O vírus da chikungunya é o que tem a maior facilidade. Ele se replica mais rapidamente e, em três dias, já estava na saliva do mosquito. O da dengue leva cerca de uma semana. E o da zika e da febre amarela, em torno de 12 dia", comenta Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC.

Fator humano

O terceiro item da fórmula é a quantidade de pessoas em viremia. "No ser humano, o vírus da febre amarela só fica circulando no sangue - que é quando ele pode ser transmitido ao mosquito -, por um período de dois a quatro dias. Logo após a pessoa se contaminar ou quando ela já está em um estado mais crítico, isso não ocorre", explica Souza.

"Por isso se diz que a transmissão da doença é um fator populacional. Não vai ocorrer tendo uma pessoa infectada ao lado de um mosquito. É preciso ter várias pessoas infectadas, com viremia e expostas a uma quantidade grande de mosquitos que vão transmitir para uma população suscetível. São várias etapas que têm de acontecer simultaneamente", diz.

E com a vacinação em massa, mesmo que fracionada, esse lado da equação tende a diminuir ainda mais. Um exemplo disso ocorreu em Assunção, no Paraguai, em 2008, quando houve um pequeno surto de febre amarela na região metropolitana. "Vacinando a população rapidamente, eliminando criadouros e borrifando mosquitos adultos, o vírus foi debelado e o aumento de casos, detido", conta Vasconcelos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo do Estado de Minas Gerais decretou estado de emergência de saúde pública em 94 municípios em razão da febre amarela. A medida, válida por 180 dias, abrange as regiões de Belo Horizonte, Itabira, centro do Estado, e Ponte Nova, na Zona da Mata, conforme decreto publicado no Diário Oficial do Estado neste sábado, 20.

A decisão permite que as prefeituras contratem serviços e façam compras de insumos para controle da doença sem necessidade de licitação. O decreto também determina a reabertura da sala de situação criada em janeiro do ano passado, logo após a ocorrência de mortes pela febre amarela no Vale do Rio Doce.

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Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, o Estado soma 22 casos confirmados de febre amarela com 15 mortes (o 16º óbito pela doença ainda não foi incluído em boletim oficial). Há ainda outros casos em investigação.

A eficácia da vacina contra a febre amarela é de 98%, mas é preciso sempre conversar com o médico sobre contraindicações, alerta Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Ela ressalta também que a vacina fracionada, que será amplamente usada agora, não vale para menores de 2 anos. Três pessoas morreram no Estado de São Paulo por reações à vacina.

Para quem a vacina da febre amarela é recomendada?

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Ela é indicada para todas as pessoas com mais de 9 meses de idade que vão ou moram nas regiões de risco.

Quem não pode tomar?

Crianças com menos de 6 meses e mulheres que estejam amamentando bebês com menos de 6 meses, pois transferem o vírus da vacina para o bebê pelo aleitamento. No caso dos imunodeprimidos, é importante conversar com o médico, porque há uma lista grande. Uma pessoa com o vírus HIV não obrigatoriamente é imunodeprimida - pode ter o vírus e não ser. Também não pode ser vacinado quem teve choque anafilático por causa de ovo de galinha.

Quais grupos precisam avaliar a necessidade de vacina?

Pacientes com mais de 60 anos são um exemplo de grupo de precaução e não de contraindicação. A vacina da febre amarela é muito segura, mas pode causar um evento adverso, o que é muito raro. Se existe o risco de ter esse efeito e não o de contrair a doença, não deve vacinar. Outro grupo é o das gestantes.

Qual a eficácia da vacina?

A eficácia geral é de 98%. Os 2% que não respondem, em sua maioria, são pessoas que têm doenças crônicas. Para crianças com menos de 2 anos, a eficácia fica entre 86% e 90%, e por isso a dose fracionada será dada para pessoas maiores de 2 anos. Nesse momento, o ideal é que essas crianças menores evitem lugares com circulação do vírus. Se precisar ir, deve-se conversar com o pediatra para verificar o uso de repelentes adequados.

A vacina fracionada é diferente da integral? Quais as diferenças?

Os estudos mostraram que a dose fracionada é tão eficaz e segura quanto a dose padrão. A diferença é que, em adultos, a fracionada tem proteção por oito anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O número de mortes confirmadas por febre amarela no Estado de São Paulo subiu para 36, segundo boletim divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde no início da noite desta sexta-feira, 19. O número é 71% maior do que o registrado no balanço da semana passada, quando a pasta contabilizava 21 óbitos. O balanço se refere aos registros da doença de janeiro de 2017 até agora.

O número de casos da doença também aumentou, passando de 40 para 81 no mesmo período. O município de Mairiporã, na região metropolitana de São Paulo, registrou mais da metade de todos os casos do Estado - 41, dos quais 14 evoluíram para óbito. A cidade vizinha Atibaia é a segunda com o maior número de registros da doença (9), seguida por Amparo (5).

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Juntos, os três municípios concentram dois terços de todos os casos e óbitos registrados no Estado desde o ano passado. Outros 17 municípios também confirmaram infecções de pacientes. A capital paulista não tem casos autóctones (de transmissão interna) confirmados.

Reação

A Secretaria Estadual da Saúde também informou que três pessoas morreram por reação à vacina da febre amarela desde o início do ano passado - duas na capital e uma em Matão, na região de São José do Rio Preto, interior do Estado. Outros seis casos de óbito por reação vacinal estão em investigação.

Embora rara, a reação à vacina pode ocorrer porque o imunizante é feito com o vírus vivo atenuado. Nas reações graves, que tem incidência de 1 caso a cada 500 mil pessoas vacinadas, o paciente pode desenvolver a doença viscerotrópica aguda, que leva a uma disfunção aguda de múltiplos órgãos.

"Justamente pelo perfil da vacina, a imunização é indicada apenas para quem precisa, considerando-se o risco de exposição à febre amarela. Portanto, em locais urbanos, onde não há transmissão, não há motivo para expor a população a um risco desnecessário", destacou o órgão, em nota.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou inquérito civil para apurar a falta de vacina contra febre amarela e as responsabilidades do Estado e do Município de São Paulo com relação à oferta de imunizantes.

A iniciativa do promotor de Justiça Arthur Pinto Filho, da Promotoria de Direitos Humanos - Saúde Pública da Capital, cita o caso de uma pessoa que tentou se vacinar na Unidade Básica de Saúde (UBS) Humaitá, no Bexiga, na região central da cidade. Na ocasião, foi informado por uma servidora "que a senha seria distribuída pela manhã em horário indeterminado, em torno das 9 horas". A funcionária teria dito que haveria distribuição "de quantidade indeterminada de senhas, de 150 a 300 senhas". Segundo a servidora, também era impossível precisar o horário em que a vacinação ocorreria no dia seguinte.

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"Não resta suficientemente claro e esclarecido ao conjunto da população onde a população deve se vacinar, quem deve ou não se vacinar (...), como se vacinar e como se prevenir. E qual a parte da população que prioritariamente deve ser vacinada", alega o promotor na abertura do inquérito.

A Promotoria afirma também que não fica de forma suficientemente clara para a população paulistana os locais de vacinação. "Não é possível que a população saia às ruas batendo nas portas dos postos de saúde para saber se, na ocasião, haverá ou não vacinação", diz o documento.

Procurada, a Prefeitura informou que não se pronunciará até ser notificada.

Diante do avanço da febre amarela no país, com aumento do número de casos confirmados e de mortes, a preocupação com a doença tem aumentado e levado a uma corrida pela vacina em alguns estados. A situação levou inclusive o governo a fracionar a vacina contra a febre amarela em algumas regiões e antecipar a campanha de imunização de 19 de fevereiro para 25 de janeiro nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ouvidos pela Agência Brasil explicam as mudanças no protocolo de vacinação contra a doença e como ocorre a circulação do vírus no país:

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Prazo da vacina

O assessor científico sênior de Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-manguinhos)/Fiocruz, Akira Homma, destaca que em 2013 a Organização Mundial de Saúde (OMS) mudou a recomendação de tomar a vacina da febre amarela a cada dez anos para uma única dose na vida. A decisão foi anunciada após uma reunião do grupo específico de vacinas da organização.

“Analisando os dados de duração de imunidade que dispunham de todo o mundo, especialmente na África, chegaram à conclusão que uma dose é o suficiente para imunizar a pessoa para a vida inteira. E essa recomendação também foi endossada pela OMS e pela Organização Pan-Americana de Saúde [Opas]. Depois, o Ministério da Saúde também adotou esse critério. É resultado de uma análise e inúmeros estudos no mundo que mostram que uma dose é o suficiente para a vida inteira”, explicou.

Na época da decisão, segundo Homma, também havia um desabastecimento da vacina contra a febre amarela no continente africano, como ocorre atualmente em algumas regiões do Brasil. “Então, em vez de imunizar uma pessoa três ou quatro vezes, o grupo [da OMS] decidiu que era melhor imunizar a população inteira uma vez. Agora vem aparecendo a mesma situação aqui no Brasil, então o ministério [da Saúde] resolveu seguir essa recomendação da OMS”.

Após a determinação, a Fiocruz iniciou estudos clínicos para confirmar a imunização plena contra febre amarela com apenas uma dose integral da vacina. Os resultados, no entanto, devem ser conhecidos a partir de 2020.

Fracionamento

Quanto ao fracionamento das doses da vacina contra a febre amarela – medida adotada por estados como São Paulo e Rio Janeiro para ampliar a imunização –, o cientista explica a medida é emergencial, tomada quando é necessário vacinar uma população grande em um curto espaço de tempo. No caso do Brasil, o uso da dose fracionada foi decidido diante da expansão de novas áreas de risco da febre amarela nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

“É uma área que tem 20 milhões de habitantes e é preciso vacinar todo mundo num prazo muito curto”, avalia. Segundo ele, o método já foi usado anteriormente, na África, em 2016, quando houve uma epidemia de febre amarela no continente que deixou os países sem doses suficientes. Homma destaca que estudos conduzidos no Brasil pela Fiocruz há oito anos mostraram que a dose reduzida da vacina oferece proteção “no mesmo nível da dose total”.

Cada frasco da vacina contra febre amarela contém cinco doses integrais, com 0,5 mililitro (ml) cada. Na dose fracionada, é aplicado 0,1 mililitro em cada pessoa.

“Quer dizer, com um frasco de cinco doses nós podemos vacinar 25 pessoas. O fracionamento é feito na hora na aplicação, essa é a vantagem. O processo de produção é o mesmo, toda a vacina é igualzinha, você faz a reconstituição da vacina da mesma forma, não muda nada. Todos os operadores já sabem fazer isso há anos. Só que, em vez de usar 0,5 ml, que é a dose plena, usando uma seringa especial vai permitir retirar 0,1ml de uma forma muito precisa”.

Restrições à vacina

De acordo com o especialista da Fiocruz, grávidas só devem se vacinar contra a febre amarela se estiverem em uma zona endêmica, de alta circulação de vírus, e se houver recomendação médica, já que a vacina é feita com vírus vivo atenuado e pode atingir o feto. Crianças menores de 9 meses também não devem ser vacinadas, assim como idosos. Entre 9 meses e 2 anos, será aplicada a dose integral, bem em pessoas que viajarão para países que exigem a certificação internacional da vacina.

A imunização também não é recomendada para pessoas com doenças que comprometem o sistema imunológico, como aids, em tratamento quimioterápico, com doença hematológica ou que foi submetida a transplante de células-tronco.

O Laboratório de Bio-Manguinhos é o único produtor de vacina da febre amarela da América Latina e um dos quatro no mundo qualificados pela OMS. No ano passado, a produção na unidade foi de 64 milhões de doses, a pedido do Ministério da Saúde. Em anos normais, são feitas de 15 a 20 milhões de doses. Pare este ano, o ministério já solicitou cerca de 50 milhões de doses, segundo Homma.

Ciclos do vírus

O coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio, explica que todos os casos registrados no Brasil atualmente são do ciclo silvestre da doença, quando o vírus circula na natureza, entre mosquitos que vivem nas copas das árvores, dos gêneros Sabethes e, principalmente, Haemagogus.

“Nas áreas de mata, o mosquito transita o vírus com primatas não humanos. Acidentalmente o homem pode ser infectado quanto adentra esses ciclos e é picado por um mosquito desses que normalmente se alimenta desses macacos. O que vemos hoje no Brasil é esse ciclo silvestre, são pessoas que acidentalmente são infectadas porque adentraram no ciclo silvestre”.

Na febre amarela urbana, sem registros no Brasil desde 1942, os infectados são os humanos e os vetores são os mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. No mundo, o registro mais recente de grande número de casos de febre amarela urbana ocorreu em Angola, em 2016, quando morreram mais de 350 pessoas.

Segundo Rivaldo Venâncio, por causa da proximidade de algumas cidades com regiões de Mata Atlântica, com zonas de floresta, há risco de reintrodução do vírus da febre amarela em áreas urbanas. O especialista explica que os macacos não transmitem a doença e que são aliados na detecção da circulação do vírus porque servem de alerta.

“Os macacos que adoecem infectados pelo vírus da febre amarela servem como uma sirene para os epidemiologistas e autoridades sanitárias saberem que naquela região está circulando o vírus. Os macacos são nossos amigos, eles, diretamente, não infectam o ser humano em hipótese alguma. No ciclo urbano também, o humano não transmite diretamente para outro, é necessário o mosquito transmissor”.

Surtos

Segundo Venâncio, surtos de febre amarela costumam se repetir a cada oito ou dez anos e uma das hipóteses é que os ciclos estejam relacionadas a mudanças no meio ambiente. “Alguns pesquisadores apontam a influência da ampliação das fronteiras agrícolas do país, onde passamos a cultivar soja e outras coisas, por exemplo, em Tocantins e no interior do Nordeste, Centro-Oeste, que estaria forçando a movimentação dos primatas e com eles os mosquitos que deles se alimentam. Outros falam que, para além da ampliação da fronteira agrícola, o uso do maquinário, presença humana e uso de agrotóxicos também estaria forçando essa movimentação. Outros pesquisadores falam nas alterações climáticas, dentre as quais uma certa mudança no padrão das chuvas e de elevação de temperaturas, o chamado aquecimento global”, lista.

Segundo o coordenador da Fiocruz, pesquisas também investigam a ligação entre o avanço atual da febre amarela no país e o rompimento Barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em novembro de 2015, em Mariana (MG), que liberou cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeito no Rio Doce.

Sintomas e transmissão

Causada por vírus e transmitida por vetores, a febre amarela é uma doença infecciosa grave. Os sintomas aparecem de forma repentina, com febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. Na forma mais grave da doença pode ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), hemorragia e cansaço intenso.

De acordo com a OMS, há registros da doença em 47 países das Américas do Sul e Central e da África. A transmissão é feita por mosquitos em áreas urbanas ou silvestres. Em áreas florestais, o vetor é principalmente o mosquito Haemagogus e no meio urbano a febre amarela é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue.

Ao ser picada por um mosquito infectado e contrair o vírus, a pessoa pode se tornar fonte de infecção em locais com a presença dos mosquitos vetores, já que a doença não é transmitida diretamente de uma pessoa para outra. O vírus da febre amarela também atinge outros vertebrados, como macacos, que podem desenvolver a forma silvestre da doença sem apresentar sintomas, mas com carga viral suficiente para infectar mosquitos

Duas pessoas morreram na capital por reação à vacina da febre amarela, informou nesta sexta-feira, 19, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Como o imunizante é produzido com o vírus vivo atenuado, há risco mínimo de uma pessoa vacinada desenvolver a doença mesmo sem ser picada pelo mosquito. Esse tipo de morte, no entanto, é raro: um caso a cada 500 mil pessoas vacinadas.

Considerando o volume de pessoas vacinadas na capital paulista desde outubro - cerca de 1,8 milhão de pessoas - o índice de óbitos por reação vacinal registrado na cidade - 1 para cada 900 mil vacinados - está inferior ao previsto na literatura médica.

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"Mesmo que raro, existe um potencial de eventos adversos graves. Isso acontece em um caso a cada 500 mil. Se vamos aplicar dez milhões de doses, vamos esperar esses eventos adversos nessa proporção. Isso é esperado e, mundialmente, aceito. Mas o número de casos prevenidos será muito maior do que os eventos graves associados à vacinação", diz Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Segundo o especialista, tem maior risco de desenvolver reação idosos com doenças crônicas, gestantes, transplantados e pacientes com o sistema imunológico enfraquecido, como os submetidos à quimioterapia. "Por isso, precisa ter uma entrevista, uma triagem para não vacinar quem não pode ser vacinado. É uma vacina que tem de ter precauções, não é isenta de riscos. Essa é a única razão pela qual a gente não aplica a vacina no País todo", destaca Kfouri.

Uma das vítimas da reação foi uma idosa de 76 anos, moradora de Ibiúna, no interior de São Paulo, mas que foi transferida para a capital quando seu quadro se agravou. Por essa razão esta morte está sendo contabilizada nos registros de São Paulo. A secretaria não divulgou detalhes sobre a outra vítima.

Procurada, a Secretaria Estadual da Saúde ainda não informou o número de casos de reação à vacina registrados nos outros municípios paulistas.

Pessoas que aguardavam para serem vacinadas na fila de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Helena, zona leste de São Paulo, acabaram forçando os portões e invadindo o local durante a distribuição de senhas na manhã de hoje (19). O local recebeu autorização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para vacinar 300 pessoas por dia e mil doses da vacina. Por causa do tumulto, a distribuição de senhas e as aplicações foram interrompidas por quase uma hora.

Dois policiais que faziam a segurança do local tiveram que conter a população. A SMS antecipou o início da campanha de imunização contra a febre amarela para o dia 26 de janeiro, próxima sexta-feira. A campanha vai se estender até o dia 17 de fevereiro e serão aplicadas doses fracionadas da vacina, que necessitam de reaplicação após um período de 8 anos.

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Em nota, a secretaria reiterou que o público-alvo da primeira fase da vacinação é a população da zona norte, principalmente a que vive no entorno dos parques Horto Florestal e da Cantareira. Além disso, o comunicado também diz que somente poderão tomar a vacina com prioridade as pessoas que têm viagem marcada e que comprovarem o fato com a apresentação de passagens.

Angola e Brasil são exemplos para a Organização Mundial de Saúde de que o risco da febre amarela mudou e existe hoje uma maior ameaça de surtos. O alerta é de Laurence Cibrelus, do Controle de Doenças Epidêmicas da OMS, responsável por implementar uma estratégia ambiciosa de acabar com a epidemia de febre amarela no mundo até 2026. "Esses casos são sinais de que o risco nesses países mudou e a população não está suficientemente protegida."

Qual é o cenário no mundo?

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Em 2016, tivemos um surto urbano em Angola, que se espalhou para a República Democrática do Congo e com casos exportados para a China. Existiu um grande risco de epidemias urbanas, a partir da exportação de casos. Isso nos ajudou a entender que havia um aumento do risco de surto e transmissão internacional.

O que mudou?

Os riscos mudaram, os fatores ecológicos mudaram. Hoje, a questão, além de garantir proteção para populações em risco, é de evitar a exportação de casos para além das fronteiras conhecidas da doença. Cada vez que há um surto, a questão é a de controlá-lo o mais rapidamente possível. A febre amarela está aqui para ficar. A doença não pode ser erradicada. Mas o que podemos fazer é eliminar a epidemia, com ampla imunização sustentada ao longo dos anos. Podemos, assim, garantir que o vírus pare de circular em humanos. Isso é que queremos atingir até 2026.

Até que ponto as mudanças climáticas redesenharam as fronteiras da febre amarela?

De fato, está mudando. O mosquito é o ponto principal e onde podemos encontrá-lo varia conforme vemos mudanças climáticas, mas também com uma transformação no uso do solo. Houve um aumento das chuvas e, portanto, houve um impacto na densidade de população dos vetores e onde estão. Com isso houve um impacto direto na transmissão da febre amarela. Houve também mudanças importantes no desmatamento. É na floresta que está o ponto inicial da doença.

E a imunização?

A questão é ter atividades continuas de imunização. Precisamos ter mais de 80% da população de uma área de risco vacinada. Mas não adianta realizar campanha uma só vez. Manter a imunização significa vacinar as crianças a partir de 9 meses de forma rotineira. Em alguns países, principalmente na África, a recomendação é de que toda a população seja vacinada.

Quais são os desafios?

Um compromisso político forte. Isso faz a diferença. Precisamos que governos entendam as ameaças da febre amarela e o impacto que poderia ter, caso epidemias ocorram.

Por que isso tudo não foi feito no passado? A vacina é conhecida desde 1937...

O risco mudou. A ecologia mudou, o padrão de movimentação das populações mudou.

Quantas doses de vacina vocês precisarão ter para essa meta?

Precisamos de 1,4 bilhão de doses em dez anos. Isso pode ser atingido, considerando os planos de expansão de produção das fábricas nos próximos anos. Se isso for cuidadosamente planejado, pode funcionar. O que também precisamos fazer é alocar as vacinas para quem mais precisa.

Quanto vai custar para vacinar todas as pessoas que precisam ser vacinadas até 2026?

Avaliamos que, ao longo de dez anos, o projeto possa envolver em torno de US$ 2,3 bilhões. Os custos com as atividades de imunização são os mais altos. Mas isso é um investimento. Mas essa estratégia pode mudar o jogo. Temos capacidade e sabemos que, com comprometimento político e suporte de nossos parceiros, podemos eliminar as epidemias até 2026.

Os casos de febre amarela chegaram oficialmente a 13 - com cinco mortes - no Estado do Rio de Janeiro nesta quinta-feira, 18. Agora, no surto deste verão, já há registro da doença em cinco municípios fluminenses.

Houve casos em Valença (sete ocorrências, com três mortes), Teresópolis (três, com uma morte), Miguel Pereira (uma morte), Nova Friburgo e Petrópolis (um doente em cada município).

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O rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana, Minas Gerais, pode ser um dos fatores que levaram ao surto de febre amarela pela região sudeste do Brasil. O acidente ocorreu em 5 de novembro de 2015 e, de acordo com biólogos da Fiocruz, alguns casos de contágio de febre amarela foram registrados nas mesmas áreas do desastre ambiental.

Foram encontrados macacos mortos na região próxima à cidade de Colatina, no Espírito Santo, também afetada pela barragem de Mariana. Os episódios deste ano se assemelham ao surto de 2009, no Rio Grande do Sul.

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Ambos são de febre amarela silvestre - cujo ciclo se mantém na floresta. No entanto, com casos de degradação ambiental, os animais se aproximam mais do homem e aumentam os riscos de contaminação nas áreas urbanas. Desde janeiro de 2017, o governo brasileiro admite que o desastre de Mariana possa ter alguma ligação com o surto de febre amarela.

Da Ansa

Desde julho de 2017, o número de casos suspeitos e confirmados de febre amarela tem aumentado no Brasil, principalmente na região sudeste do país.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), entidade ligada às Nações Unidas, classificou na última terça-feira (16) todo o estado de São Paulo como área de risco. Confira 10 questões para entender o surto da doença e como se proteger.

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1) O que é a febre amarela?

A febre amarela é uma doença causada por um vírus, o qual é transmitido pela picada de um mosquito fêmea infectado. Em áreas urbanas, o mosquito transmissor pode ser o Aedes Aegypti, o mesmo da dengue.

2) Quais os sintomas da febre amarela?

A doença se manifesta de três a seis dias depois da picada do mosquito no ser humano. Os principais sintomas são: febre, calafrios, dor de cabeça, dor no corpo (lombar e pernas), fraqueza, tonturas, mal-estar, icterícia (pele e olhos ficam amarelos) e vômitos. "Os sintomas surgem de forma aguda. A pessoa quase sempre começa a se sentir muito mal repentinamente", disse à ANSA o médico Marco Antonio Pontes, clínico geral do Hospital São Camilo, em São Paulo.

Algumas pessoas são picadas pelo mosquito, mas não apresentam quadros graves. "Em torno de 15% dos pacientes desenvolvem a forma mais grave da doença. Mas, quando isso ocorre, os pacientes apresentam sintomas como insuficiências hepática e renal, hemorragia (nas gengivas, nariz, estômago, intestino e urina) e um cansaço intenso", afirmou o especialista. "Ocorre também, em alguns casos isolados, a falência dos órgãos".

3) Como é feito o diagnóstico da febre amarela?

Com exame clínico, epidemiológico e laboratorial. A doença é confirmada com a detecção de antígenos virais e do RNA viral.

4) Como é possível se prevenir?

A vacina é a melhor forma de prevenção. Ela é gratuita e fica disponível nos postos de saúde durante todo o ano. A recomendação é aplicar a vacina 10 dias antes de viajar para uma área de risco. Crianças a partir de nove meses já podem receber a medicação, que dura para a vida toda. Evitar a propagação do Aedes Aegypti nas áreas urbanas e usar repelentes também são recomendações contra a febre amarela.

5) O que é a vacina fracionada?

O surto de febre amarela no Brasil aumentou a procura pela vacina nos postos de saúde e provocou escassez do medicamento. Como forma de garantir a vacinação para o maior número de pessoas, as autoridades sanitárias decidiram fracionar a dose. Em vez de aplicar a dose completa, com 0,5 ml e que vale por toda a vida, estão sendo distribuídas vacinas com doses menores, de 0,1 ml, que protegem por oito anos.

6) A febre amarela tem cura?

Não existem medicamentos específicos para a cura da doença, apenas para tratar os sintomas. O próprio sistema imunológico do paciente elimina o vírus do organismo. Alguns remédios, como analgésicos e antitérmicos, podem ser usados para aliviar a dor e febre. Pede-se também para o paciente ingerir muito líquido para evitar desidratação. Existe uma forte recomendação para que se evite aspirina e derivados, porque podem favorecer os sangramentos.

7) Qual a diferença entre febre amarela silvestre e febre amarela urbana?

A principal diferença são os mosquitos que transmitem a doença. Nos centros urbanos, a transmissão é feita pelo Aedes Aegypti. Já nas áreas rurais, geralmente são os mosquitos Haemagogus e Sabethes.

8) Qual o motivo principal do surto de febre amarela no Brasil?

A causa do surto ainda é desconhecida, mas existem algumas hipóteses, como o deslocamento de pessoas com a doença para outras cidades; o aumento no número de mosquitos transmissores; a falta de vacinação nas regiões onde a doença foi registrada; e até o impacto do desastre de Mariana, em Minas Gerais, no ecossistema.

O último balanço do Ministério da Saúde, de terça-feira, confirma 35 casos de febre amarela no Brasil registrados de julho de 2017 a 14 de janeiro de 2018. O estado de São Paulo tem o maior número de casos: 20. Minas Gerais, com 11, está na segunda colocação, seguido por Rio de Janeiro (três) e Distrito Federal (um). Outros 145 casos estão em investigação, e 290 foram descartados. São Paulo também lidera o número de mortes por febre amarela confirmadas, com 11, na frente de Minas Gerais (sete), Rio de Janeiro (uma) e Distrito Federal (uma).

9) Qual a relação dos macacos com a febre amarela?

Em algumas cidades, macacos foram encontrados com sinais de agressão, e os veterinários suspeitam que tenham sido tentativas de matar os animais para prevenir a febre amarela. Mas os macacos não causam a doença. Assim como os seres humanos, eles são vítimas dos mosquitos transmissores.

Os macacos são os hospedeiros do vírus, mas apenas os mosquitos infectados são capazes de picar seres humanos e transmitir a febre amarela. Nas áreas urbanas, o próprio ser humano é o hospedeiro, e apenas o mosquito Aedes Aegypti transmite a doença.

10) Qual a origem da febre amarela?

A origem do vírus causador da febre amarela foi motivo de discussão e polêmica durante muito tempo. Porém estudos recentes, utilizando novas técnicas de biologia molecular, comprovaram que sua origem é africana. O primeiro relato de epidemia de uma doença semelhante à febre amarela é de um manuscrito maia de 1648, em Yucatán, no México.

Na Europa, a febre amarela já havia se manifestado antes dos anos 1700, mas foi em 1730, na Península Ibérica, que se deu a primeira epidemia, causando a morte de 2,2 mil pessoas. Nos séculos 18 e 19, os Estados Unidos foram acometidos repetidas vezes por epidemias devastadoras, quando a doença era levada através de navios procedentes das índias Ocidentais e do Caribe.

No Brasil, a febre amarela apareceu pela primeira vez em Pernambuco, no ano de 1685, onde permaneceu durante 10 anos. A cidade de Salvador também foi atingida, com cerca de 900 mortes em seis anos.

A realização de grandes campanhas de prevenção possibilitou o controle das epidemias, mantendo um período de silêncio epidemiológico por cerca de 150 anos no país. A última ocorrência de febre amarela urbana no Brasil foi em 1942, no Acre.

Da Ansa

A Vigilância Sanitária estadual confirmou nessa quarta-feira (17) mais um caso de febre amarela no estado do Rio de Janeiro. O paciente é da cidade de Teresópolis, na região serrana, que já tinha registrado uma morte em decorrência da doença.

Ao todo, cinco casos e três mortes em decorrência da febre amarela foram confirmados. Os outros três casos, incluindo duas mortes, foram registrados no município de Valença, no centro-sul fluminense.

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A Vigilância Sanitária também confirmou ontem o primeiro caso de febre amarela em macacos no estado. O animal foi encontrado no município de Niterói.

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