O presidente francês, François Hollande, começou uma visita de dois dias ao Rio de Janeiro, nesta quinta (4), às vésperas da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, para defender o projeto de Paris-2024 e lançar um apelo à unidade em um contexto nacional e internacional extenuado por atentados.
"É a França, que por Paris, é candidata, e era meu dever estar aqui, no Rio, para encontrar com o maior número de representantes do movimento olímpico e convencê-los de que Paris é a melhor escolha, e a França, o melhor destino", explicou.
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O objetivo é "apoiar os atletas franceses", os quais ele disse esperar que estejam "à altura da esperança que lhes é confiada" em uma França "que está sendo testada" e "tem necessidade de momento de unidade, de união".
Depois de visitar o Parque Olímpico acompanhado do presidente do Comitê Organizador da Rio-2016, Carlos Nuzman, da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e do presidente do comitê Paris-2024, Bernard Lapasset, Hollande almoçou com atletas, entre estrelas e desconhecidos, veteranos e novatos.
"Se vocês ganharem uma medalha de ouro, irão ao Eliseu", prometeu às meninas da equipe francesa de handebol.
'Dupla competição'
Mostrando-se bastante à vontade, em meio aos inúmeros pedidos de selfie, o presidente declarou que apoiará as esperanças francesas para as próximas semanas, assim como as ambições parisienses para 2024.
"Estamos em uma dupla competição", disse à AFP.
"Em relação à primeira, temos esperança de medalhas, ainda que não se deva superestimar para não criar decepções. Sobre a competição para ter os Jogos, isso será uma corrida de obstáculos", reconheceu.
E a primeira barreira - talvez a mais importante - será a da segurança, afirmou.
Há alguns meses, a França se tornou alvo privilegiado do grupo Estado Islâmico. Um tema incontornável, acrescentou o presidente Hollande, sem "apresentar Paris, em qualquer momento, como uma cidade mártir".
"É preciso convencer (...) sobre a questão da segurança", insistiu o presidente.
"Não podemos imaginar o que será 2024, mas, de qualquer maneira, será preciso um alto nível de segurança para uma organização impecável - o que fomos capazes de fazer, aliás, para a Euro e para o Tour de France", ressaltou.
Essa visita de dois dias ao Rio é sua primeira viagem fora da Europa desde o atentado em Nice, em 14 de julho. Reticente quanto à ideia de deixar o continente em um período tão tenso, Hollande preferiu continuar fiel à sua determinação de ver o país continuar a viver e não ceder ao terror.
"A última razão que justifica (sua) presença", que é "a mais essencial", são "os valores olímpicos da fraternidade, da partilha, da liberdade, da tolerância, do esforço também" em um espírito de "unidade do mundo", completou François Hollande.
"É muito importante, no momento em que há atos bárbaros acontecendo", comentou, rejeitando que esteja usando "as circunstâncias que nós conhecemos" para defender sua candidatura.
O chefe de Estado aterrissou depois das 6h30 em solo carioca, a bordo de um avião com o logo da candidatura francesa. Grande fã de esportes, Hollande enviou nos últimos dias uma carta pessoal a cada um dos 396 atletas franceses envolvidos na competição.
Para apoiar o projeto parisiense para 2024, François Hollande já havia visitado, em Lausanne, o Comitê Olímpico Internacional (COI).
Agora à noite, ele participa de um jantar oficial oferecido pelo presidente do COI, Thomas Bach.
Sexta-feira de manhã, Hollande dará uma coletiva de imprensa conjunta com o comitê de candidatura Paris-2024, antes de assistir à cerimônia de abertura da competição, no Maracanã. Ele embarca de volta para a França em seguida.
Os adversários de Paris também estão mobilizados.
Roma recebeu na quarta-feira (3) o apoio do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi; e Budapeste, o apoio do premiê Viktor Orban e do presidente Janos Ader. Considerada favorita com Paris, Los Angeles recebeu o apoio do secretário de Estado americano, John Kerry, que representará Barack Obama na cerimônia de abertura.