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O ex-ministro do Interior e atual senador, Matteo Salvini, foi indiciado formalmente neste sábado (17) por sequestro de pessoa e recusa de atos oficiais no caso que envolve a proibição de desembarque de 147 migrantes que estavam em um barco da ONG espanhola ProActiva Open Arms em agosto de 2019.

Assim, o juiz de Palermo, Lorenzo Jannelli, aceitou a denúncia da Procuradoria, que acusava o então ministro de ter feito um procedimento "ilegal" ao negar a entrada dos estrangeiros na ilha de Lampedusa.

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A defesa alegou durante todo o processo que a decisão do então ministro tinha como foco proteger as fronteiras italianas e que foram tomadas de maneira conjunta com todo o governo.

O processo será iniciado em 15 de setembro perante os juízes da Segunda Seção Penal do Tribunal de Palermo.

Após o anúncio de Jannelli, Salvini usou as redes sociais para se manifestar sobre a decisão. "Indiciado. 'A defesa da Pátria é um dever sacro do cidadão'. Artigo 52 da Constituição. Vou ser processado por isso, por ter defendido o meu país? Vou de cabeça erguida, também em nome de vocês. Primeiro a Itália, sempre", escreveu o senador.

O líder do partido de extrema-direita Liga Norte manteve o navio da ONG por 20 dias estacionado em frente à ilha. Os migrantes só puderam descer da embarcação após uma intervenção da Justiça Administrativa, que determinou o desembarque por motivos sanitários.

Ministro do Interior entre junho de 2018 e setembro de 2019, Salvini endureceu as políticas migratórias da Itália com a instituição de dois "Decretos de Imigração e Segurança", que ficaram conhecidos como "Decretos Salvini".

Entre as medidas, havia a restrição da estadia por motivos humanitários, multas de até 1 milhão de euros para as ONGs que navegassem sem permissão nas águas territoriais italianas e prisão em flagrante de comandantes que desafiassem autoridades.

Os "Decretos Salvini" foram revogados após a Liga abandonar a coalizão política do ex-premiê Antonio Conte.

Da Ansa

A Prefeitura de Guarulhos, em parceria com o Senac, o Sesc e a Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude (Asbrad) oferece um curso de português destinado a imigrantes e refugiados da cidade. As inscrições podem ser feitas até a próxima sexta-feira (12).

Na inscrição, é necessário ter em mãos o documento de identificação, Registro Nacional de Estrangeiros, Protocolo de Refúgio e CPF. O curso é gratuito, acontece até 7 de maio, e a única exigência é que o candidato tenha mais de 14 anos. As aulas acontecem de duas formas: na modalidade online, por meio da plataforma Google Meet, ou na modalidade presencial, na sede da Asbrad, na Rua Vera, 60, Jardim Santa Mena, em Guarulhos.

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Além de trazer noções básicas da Língua Portuguesa, o curso também aborda hábitos e costumes da cultura brasileira.

Serviço

Curso de português para imigrantes e refugiados

Incrições até 12 de março pelo (11) 2409-6843

 Informações: WhatsApp (11) 94394-4386 ou pelo email helpmigrante.asbrad@gmail.com

O congelamento da emissão de vistos para imigrantes legais durante o mandato de Donald Trump criou uma demanda reprimida de 500 mil solicitações, que o governo de Joe Biden agora tenta resolver. Na semana passada, o presidente dos EUA revogou a medida que suspendia os vistos de imigração, mas a dificuldade em lidar com a fila em meio à pandemia faz com que a espera seja longa para quem quer entrar no país.

"Não posso prometer que os números diminuirão mês a mês. Existem muitos fatores, incluindo a progressão da pandemia em países em todo o mundo. Imaginamos que esse esforço vai levar tempo", afirmou nesta segunda, 1º, Julie Stufft, subsecretária de assuntos consulares para serviços de visto do governo americano, em entrevista.

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O número de pedidos de visto de imigrante no escaninho do governo americano é mais de seis vezes maior do que o registrado antes da pandemia. Em janeiro de 2020, os EUA tinham 75 mil pedidos de visto de imigração pendentes - considerando os casos já prontos para a entrevista. Agora, o total de solicitações paradas chega a 473 mil - um número subestimado, segundo o próprio governo.

"Isso dá uma ideia do quanto a fila cresceu desde o início da pandemia", disse Julie. O número inclui os pedidos de visto de imigrantes, que foram novamente liberados pelo governo. A maioria são cônjuges ou parentes de primeiro grau de cidadãos americanos e residentes permanentes - não estão contemplados trabalhadores com visto temporário, de não imigrante.

Em abril do ano passado, Trump congelou a emissão de vistos de imigrantes e de vistos de trabalho temporários, com a justificativa de que era necessário garantir que o mercado de trabalho absorvesse americanos, e não estrangeiros, em meio à pandemia.

Agenda própria

Críticos da medida afirmaram que Trump usou o momento de crise como desculpa para avançar em sua agenda anti-imigração. "Milhões de americanos sacrificaram seus empregos, temos o dever de assegurar que consigam recuperar seus trabalhos", disse Trump.

Na época, os EUA viviam um pico no aumento nos pedidos de auxílio desemprego, com dados que mostravam que a pior situação era registrada em Estados-chave para a vitória nas eleições presidenciais, como em Michigan.

Ao possibilitar a volta da emissão de vistos de imigração, na semana passada, Biden afirmou que a restrição imposta por seu antecessor não promove os interesses dos EUA. "Ao contrário, isso prejudica, inclusive ao impedir que alguns familiares de cidadãos dos EUA e residentes permanentes legais se juntem a suas famílias aqui. Também prejudica as indústrias dos EUA que utilizam talentos de todo o mundo", afirmou Biden.

O reconhecimento por parte do governo americano dos gargalos no processamento de vistos, no entanto, mostra que o desafio de alterar o sistema migratório americano exige mais do que a assinatura de ordens executivas dentro da Casa Branca. O governo lida com o acúmulo de solicitações ao mesmo tempo em que enfrenta limitações no número de entrevistas, que podem ser feitas presencialmente nos consulados, para evitar aglomerações e seguir protocolos de saúde.

Mudança

Antes da pandemia, o Departamento de Estado americano emitia cerca de 10 milhões de vistos por ano. Cerca de 500 mil eram vistos de imigrante. O restante eram vistos de não imigrante, temporários. A pandemia, no entanto, restringiu o número de funcionários que podem atender presencialmente nos consulados e também o total de visitantes recebidos por dia para entrevista e colheita de impressões digitais.

"A prioridade agora é a emissão dos vistos de imigrantes e, entre eles, os de cônjuges e filhos de cidadãos americanos que não estejam sujeitos a restrições regionais", disse a representante do governo, ao lembrar que há limitações de entrada nos EUA de viajantes de países como Brasil, China, Irã, Reino Unido, África do Sul e outros 26 países europeus.

A maioria dos postos consulares dos EUA, de acordo com Julie, estará voltada para a emissão de vistos de imigrantes ou serviços emergenciais. "Priorizamos o processamento de vistos de imigrantes, ponto final. Em todos os postos. Esses serão os primeiros vistos a serem concedidos", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cerca de 450 imigrantes, a maioria venezuelanos e haitianos, estão acampados desde sábado, 13, sobre a Ponte da Amizade, na cidade de Assis Brasil, no interior do Acre. O município brasileiro faz fronteira com acidade de Iñapari, no Peru, e tem sido utilizada como rota para os migrantes que passam pelo território brasileiro.

Com a fronteira fechada desde março de 2020 por causa da pandemia de coronavírus, o acesso de turistas pela ponte está proibido. Dessa forma, os imigrantes foram barrados e houve momentos de tensão entre os estrangeiros que tentavam sair do Brasil e os militares peruanos, que montaram uma barreira humana na cabeceira da ponte.

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O prefeito de Assis Brasil, Jerry Correia (PT/AC), explicou que a cidade recebeu um reforço de policiamento do Grupo Especial de Fronteira da Polícia Militar, o que possibilitou a redução da tensão entre peruanos e imigrantes, situação que preocupava as autoridades municipais e a própria população.

"Desde sábado que eles estão aqui na cidade, em resposta a uma solicitação feita à Secretaria de Segurança Estadual. Esse foi praticamente o principal reforço que tivemos diante da situação, que se agravou no domingo com a ocupação da ponte por parte dos imigrantes. O grupo tem tomado a liderança com um trabalho de excelência, inteligência e articulação com os imigrantes e policiais do Peru", avaliou o prefeito.

Jerry também pontuou que está acompanhando as negociações do governo brasileiro com o governo peruano, na tentativa de liberar o acesso dos imigrantes à cidade de Iñapari. Contudo, há dias na tentativa, o Brasil ainda não conseguiu liberar esse acesso, e a situação dos estrangeiros em solo brasileiro continua se agravando. A prefeitura de Assis Brasil tem disponibilizado água, comida e suporte médico.

"Eles estão sensíveis à situação. Há uma possibilidade de eles permitirem o ingresso. O governador de Madre de Dios está tentando autorização do governo federal peruano. Vão fazer uma triagem nesse grupo e testar todos eles para a covid. Mas a crise vai além disso. Mesmo que as autoridades permitam o ingresso desses imigrantes, amanhã, depois, nós teremos novamente esse número aqui no município de Assis Brasil", diz o prefeito.

A secretária de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres do Acre, Ana Paula Lima, explica que a preocupação com o acolhimento dessas pessoas na cidade brasileira é iminente. Ainda no sábado, uma reunião realinhou as ações que devem ser desenvolvidas na região para evitar confrontos.

"Essas pessoas estão vindo principalmente de São Paulo, de avião. É uma situação muito delicada. São pessoas de várias nacionalidades que chegam todos os dias a Assis Brasil", revela a secretária.

Ainda de acordo com Ana Paula, é preciso que se faça, urgentemente, uma intervenção na cidade, de modo a resolver a situação desses imigrantes. "Estamos com uma equipe técnica assessorando a gestão municipal, tendo em vista que o prefeito está há menos de dois meses à frente da cidade. Estamos orientando sobre aquilo que precisamos fazer para minimizar essa situação em Assis Brasil", afirma.

A assistente social Madalena Moraes, que acompanha a situação dos imigrantes desde o início do êxodo, ainda em 2019, relata que o drama vivido pelas famílias acampadas sobre a ponte é ainda pior que nos últimos meses. "São 400 refeições enviadas pela prefeitura. Agora eles não querem mais a comida que o Peru oferece, e só querem se for do Brasil", relata.

Segundo a assistente social, os imigrantes que estavam no abrigo da cidade decidiram sair na segunda-feira, dia 15, e o número ficou bastante reduzido, com cerca de nove pessoas que pretendem continuar no País. "Eles foram lá para a ponte também e muitos dizem que pretendem ir para os Estados Unidos, porque a fronteira está aberta. A situação dessas pessoas é muito crítica, muito difícil", completa.

Para evitar os conflitos entre as famílias, ocasionados principalmente por ciúmes ou disputa por comida, o grupo militar acreano trabalha 24 horas na ponte e cidade. É o que explica o tenente-coronel Antonio Teles. "Enquanto a situação durar, o Gefron (Grupo Especial de Fronteira) estará presente para garantir a segurança de forma coordenada e integrada com as demais forças de segurança pública federal e estadual, e combater possíveis crimes", destaca Teles.

Na noite de segunda-feira, dia 15, a guarnição de plantão do Grupo Especial de Fronteiras (Gefron) prendeu um homem suspeito de atuar como coiote, praticando o transporte de imigrantes do Brasil para o Peru, muitos deles com destino ao México e, depois, os Estados Unidos.

Com o homem foi apreendida a quantia de R$ 60 mil em espécie, além de dólares e soles peruanos. O flagrante aconteceu na BR-317, que liga as cidades de Brasileia e Assis Brasil, no interior do Acre, e reforça a tese de que a região virou rota para o tráfico de pessoas, como avaliou o secretário Paulo Cezar dos Santos, da pasta de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

"Já temos pessoas de oito nacionalidades na cidade de Assis Brasil com destino a países como Estados Unidos e Europa, passando aqui pelo território brasileiro e depois levando para o Peru. Esses coiotes cobram valores altíssimos para que essas pessoas sigam suas viagens, articulando tanto a viagem, quanto a estadia nas cidades onde eles devem permanecer", diz o delegado Rêmulo Diniz, que coordenou a operação na fronteira.

Na tarde de segunda-feira, dia 16, o clima ficou ainda mais tenso e houve uma invasão dos imigrantes ao território peruano. Dezenas de crianças e adultos ficaram feridos e precisaram de atendimento médico, sendo socorridos por ambulâncias dos serviços médicos brasileiro e peruano. Uma mulher, infectada com o coronavírus, passou mal e precisou ser entubada em estado gravíssimo, sendo transferida para o Hospital Regional do Alto Acre (HRA).

Duas horas depois, com o reforço das equipes policiais, os imigrantes foram expulsos do território peruano, e precisaram voltar para a Ponte da Amizade, no trecho que pertence ao Brasil. Homens do Exército do Peru foram convocados para a faixa de fronteira, onde devem fortalecer a barreira de controle do acesso ao país.

Os imigrantes sem documentos no Reino Unido terão o direito de se vacinar gratuitamente contra a Covid-19 sem precisar comprovar sua permissão de residência, afirmou o governo britânico nesta segunda-feira (8).

"As vacinas contra o coronavírus serão oferecidas a todas as pessoas que vivam no Reino Unido gratuitamente, independentemente de seu status migratório", afirmou um porta-voz do governo.

"Pessoas cadastradas para uma consulta com um clínico geral são contatadas o mais rápido possível e estamos trabalhando em estreita colaboração com organizações externas para também entrar em contato com aqueles que não estão registrados, para garantir que tenham acesso à vacina", acrescentou.

O ministério do Interior tem acesso a determinados dados sobre os pacientes registrados nas consultas do serviço público de saúde NHS.

O governo, no entanto, comunicou aos responsáveis da saúde pública que a vacinação, assim como os testes de diagnóstico e o tratamento do coronavírus, não estarão sujeitos aos controles do status migratório.

O Reino Unido registra mais de 112.000 mortes por causa da pandemia, o maior número de qualquer país da Europa.

Sua estratégia é focada em uma campanha de vacinação em massa que já permitiu administrar uma primeira dose em mais de 12 milhões de pessoas. No entanto, as autoridades temem que alguns setores da população não se vacinem por desconfiança, especialmente entre as minorias.

Algumas estimativas apontam 1,3 milhão de imigrantes sem documentos no Reino Unido.

A Flórida impôs a exigência de comprovação de residência para vacinar contra a Covid-19, em um esforço para conter o chamado "turismo de vacinas".

A medida, no entanto, fará com que os imigrantes sem documentos não sejam imunizados, assim como os sem-teto e de baixa renda, denunciam os líderes comunitários.

“É muito lamentável que a consequência deste novo regulamento acabe excluindo algumas das pessoas mais vulneráveis em nossa comunidade, que são aqueles que não têm documentos”, disse à AFP nesta sexta-feira (21) Lily Ostrer, médica residente do Hospital Jackson Memorial em Miami e membro do sindicato médico CIR / SEIU.

A Flórida, um estado marcado cultural e economicamente pela imigração - um em cada cinco habitantes nasceu no exterior - limitou suas vacinas a residentes permanentes e temporários, estes últimos são chamados "pássaros da neve" (pássaros migratórios) por passarem apenas o inverno nesta região do sudeste americano.

A decisão foi tomada depois de relatos de turistas dos Estados Unidos ou do exterior que viajaram ao estado - que atualmente vacina todos os maiores de 65 anos - apenas para se imunizarem, em um novo fenômeno denominado "turismo de vacinas".

Embora a Flórida tenha administrado mais de 1,3 milhão de doses, o processo é lento e às vezes caótico. Portanto, a advertência assinada pelo chefe da Saúde da Flórida, Scott Rivkees, indica que, devido à escassez de vacinas, os candidatos devem apresentar comprovante de residência, que pode ser uma carteira de motorista, uma conta de algum serviço público ou uma carta de um banco.

Mas os imigrantes sem documentos não podem ter carteira de motorista da Flórida e, na ausência de documentação, geralmente têm serviços públicos em nome de terceiros. Além deles, cidadãos sem-teto ou extremamente pobres também podem ser excluídos da vacinação.

Thomas Kennedy, coordenador da organização de direitos dos imigrantes United We Dream, na Flórida, disse que a nova medida "cria uma barreira cruel e deliberada para muitos moradores da Flórida, incluindo imigrantes sem documentos, mas também para muitas pessoas sem acesso a uma casa".

Muitas dessas pessoas também estão em alto risco de contrair o coronavírus porque são trabalhadores essenciais ou moram com várias pessoas em pequenas casas.

Além disso, os sem documentos não têm acesso à saúde pública.

“O acesso à vacina deve estar disponível para todos, independentemente de onde vivam ou de seu status de imigração”, disse Kennedy à AFP.

Ostrer, a médica e sindicalista, reforçou que, além disso, essas pessoas são desproporcionalmente mais afetadas pela pandemia.

“Para que as vacinas sejam eficazes, precisamos vacinar o maior número possível de pessoas”, disse ela. “Qualquer política que exclua pessoas da vacinação não é uma boa política de saúde pública”.

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O sábado (31) foi de celebração para as crianças venezuelanas da etnia indígena Waraos, refugiadas com as suas famílias no centro do Recife desde 2019. Em campanha conjunta da Cáritas Brasileira NE2, em parceria com a Rede De Amor, Fraternidade e Amizade (Projeto RAFA), foram entregues mais de 150 brinquedos aos pequenos refugiados, que apesar da pandemia da Covid-19, não passaram o Dia das Crianças em branco.

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A ação solidária “Doe e faça uma criança feliz” foi organizada pelas entidades locais, e tem o objetivo de sensibilizar a população para a presença e necessidades do povo venezuelano que vem ao Recife. Tudo ocorreu seguindo as orientações e protocolos de segurança contra a Covid-19.

Os presentes foram entregues a aproximadamente 150 crianças, de até 12 anos de idade, em dois momentos distintos. Pela manhã, a ação foi das 9h às 11h, e ocorreu nas casas do povo Waraos, nos bairros de Santo Amaro e Coelhos, no Centro. À tarde, o ponto de distribuição dos presentes foi na área externa da Casa de Direitos, no Bloco E da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), das 14h às 17h. Ao fim da visita na primeira residência, o ancião António Calderón, de 60 anos, chamou a atenção dos convidados e pediu para cantar um canto ancestral sagrado do povo Waraos, em agradecimento à presença de todos.

Segundo Calderón, “essa música só se canta em momentos muito especiais e alegres, e nós somos um povo festivo”. O idoso utilizou um instrumento típico chamado “Jabisanuka”, espécie de chocalho, como apoio.

As crianças Warao ainda não sabem dialogar em português, e usam do espanhol sob o próprio dialeto indígena, mas foram responsivas à presença das equipes. Alegres, receberam os presentes sem timidez, brincaram e pediram atenção nas fotos e vídeos.

O Projeto RAFA propõe iniciativas voltadas aos venezuelanos e dá suporte às famílias imigrantes, com foco no empreendedorismo, investimento e reconhecimento de talentos dessas pessoas. Segundo o idealizador do projeto, Luiz Marcos Nascimento, até agora, seis pequenos empreendedores já foram ajudados financeiramente e com consultoria para levar os seus projetos adiante. Já a Cáritas possui um programa de  migração e refúgio, que assessora as famílias e realiza a sua acolhida direta, conectando-as com as entidades do direito civil no Estado, situando e conscientizando os Waraos. Ambos atuam de forma independente, mas estabelecem comunicação com órgãos estaduais, com a Prefeitura do Recife e com o Ministério Público de Pernambuco, para conseguir realizar um melhor monitoramento da movimentação desses imigrantes.

Ao todo, cerca de 20 famílias são assessoradas. O educador social da Cáritas e ponte de comunicação entre os grupos assessores e os Waraos é um imigrante venezuelano, no Brasil há aproximadamente três anos. Davi Ramos, quando perguntado pelo LeiaJá sobre o monitoramento dos casos da Covid-19 entre o povo indígena, explicou que a capacidade de rastrear o vírus nessa comunidade é muito baixa. “Sei que houve uma morte confirmada, de um senhor de 60 anos, pai de uma mulher Warao na comunidade do Recife. Isso ocorreu há quatro meses, mas é difícil saber se houve mais mortes. A Prefeitura do Recife testou todos os cidadãos venezuelanos sob nossa assessoria, e ao menos quanto à confirmação de casos, ainda não temos positivos”, disse.

Ainda segundo o educador, o povo Waraos está em movimento de diáspora há quase 20 anos. Eles são parte do povo ribeirinho originário de Delta Amacuro, às margens do Rio Amacuro, próximo à fronteira da Venezuela com a Guiana. Apesar da influência da situação socioeconômica na Venezuela, a exploração ilegal e contaminação das terras indígenas, principalmente as ribeirinhas, têm forçado essas famílias a buscar novos lares. Waraos tentam se realocar em um Recife “próspero”. 

O educador social Davi Ramos explica que o povo indígena tem chegado ao Brasil de forma independente, e não foi diferente com os imigrantes no Recife. A maioria está na cidade desde outubro de 2019 ou chegou mais recentemente. “Eles chegaram sozinhos, por conta própria. Faz parte da missão da Cáritas ajudar os mais vulneráveis, então, nós, juntos ao Projeto RAFA, e com o Comitê de Imigrantes e instituições do estado, realizamos o acolhimento dessas pessoas. O Nordeste tem visto muito dessas migrações, principalmente Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas”, contou o venezuelano.

José Lizardo Moraleda é líder da família que reside em Santo Amaro. Está no Brasil há um ano, mas em Recife, é recém chegado e acaba de completar um mês na cidade. Ele contou que chegou ao Brasil com o apoio das autoridades, e precisou ficar em uma casa de apoio em Pacaraima, na divisa entre Roraima e Venezuela. Apesar de enxergar o Recife como um lugar “próspero”, tem vontade de voltar ao próprio país. “Não vim para cá definitivamente. Tenho vontade de voltar à Venezuela, apesar da situação, sinto falta da minha terra, da agricultura. Somos uma família que sempre trabalhou, e queremos trabalhar, mas no meu país não está acontecendo trabalho. A situação está muito difícil e caótica, e o custo é muito alto. Sinto falta da minha família, e penso em voltar para lá no próximo ano, apesar de tudo”, disse o chefe de família.

Para António Rafael, morador do bairro dos Coelhos, a perspectiva já é outra. De origem rural, na Venezuela, vivia de agricultura ao lado da esposa Irma Ribeiro, uma Warao. O “criollo”, como são chamados os não-indígenas, relata que foi vítima de roubos na sua propriedade no país natal e que, pela situação de vulnerabilidade, o crime é uma opção para muitas pessoas. “Na Venezuela, o custo de tudo é muito alto. Em alguns lugares, cobram as coisas em dólar americano. Quinze dólares um pacote com carne, 10 dólares um fertilizante para a minha terra. Como um indígena pobre, como eu, vai conseguir esse dinheiro para sobreviver? Graças a Deus, aqui em Recife, não passamos fome. Conseguimos comer e temos um lugar para ficar. Espero que surjam oportunidades de trabalho, pois não penso em voltar”, revelou o agricultor.

O depoimento se repetiu conforme os venezuelanos eram ouvidos. A família vizinha de António vive em uma situação ainda mais vulnerável. Com um banheiro e um quarto para sete pessoas, das quais cinco são crianças, os Morales ainda não conseguiram se estabelecer no Estado, e têm recorrido às ruas. Bicui, pai da família, pede por ajuda e diz que tem pedido dinheiro junto aos filhos. “Junto cada R$ 50 e vou comprando o que dá para comer no dia. Os vizinhos ajudam, o meu sobrinho, o meu cunhado. Todo mundo junta o que pede e compra algo para comer. Tenho cinco crianças aqui, então dou atenção ao que precisamos mais. Um leite, pão, frango… Tudo é muito caro para nós. Precisamos muito de ajuda, de trabalho. Quero ter uma ferramenta para trabalhar. Sinto saudade da minha mãe, do meu pai, que ficaram lá, mas eu preciso continuar aqui”, desabafou.

A família Morales ainda não é assessorada pelo Cáritas, nem pelo Projeto RAFA. Eles chegaram recentemente à cidade, e se comunicam com a família estrangeira pelo telefone de uma vizinha, que os dá apoio. As entidades pegaram o contato dos residentes para seguir o procedimento de acolhida.

Seis jovens afegãos, incluindo dois menores, suspeitos de estarem envolvidos com o incêndio que devastou o acampamento de imigrantes de Moria, na ilha grega de Lesbos, serão acusados nesta quarta-feira (16) - relatam autoridades locais.

Nenhum dos seis suspeitos tem mais de 20 anos, segundo essas fontes.

Quatro deles foram presos em uma operação policial na última segunda-feira (14) em uma estrada de Lesbos, onde o incêndio reduziu a cinzas o campo de Moria, o maior da Europa. Cerca de 12.000 refugiados viviam nessa estrutura superlotada, em condições precárias e insalubres.

Os outros dois, de 17 anos, foram transferidos para a Grécia continental em uma operação de evacuação de 400 menores desacompanhados, informou a agência oficial de notícias ANA. Posteriormente, foram detidos.

Autoridades gregas afirmaram desde o início que o incêndio em Moria foi iniciado. Uma semana após o drama, milhares de pessoas ainda dormem ao relento e lutam para encontrar comida e água.

As autoridades gregas habilitaram outro campo provisório, que terá capacidade para 9.000 pessoas. No momento, conta com 1.200 migrantes. Pelo menos 35 casos de coronavírus já foram registrados entre eles.

Os migrantes mostram grande relutância em entrar neste novo acampamento, porque acreditam que sua transferência para a Europa continental será impossível no curto prazo.

Nesta quarta-feira, 13 migrantes foram detidos em Samos, outra ilha grega, suspeitos de terem causado um incêndio que pode ter-se espalhado para outro campo de refugiados que abriga 4.700 pessoas. Apenas três deles permanecem detidos e estão sendo interrogados, segundo a polícia.

Além de Moria, existem quatro outros campos de refugiados nas ilhas gregas, em Chios, Kos, Samos e Leros. Todos foram criados no auge da crise migratória para receber e registrar demandantes de asilo procedentes da Turquia.

A Alemanha planeja receber cerca de 1.500 imigrantes atualmente instalados nas ilhas gregas, após os incêndios no acampamento de Moria, em Lesbos - disseram fontes do governo da chanceler Angela Merkel à AFP, nesta terça-feira (15).

Serão, principalmente, famílias com crianças que foram reconhecidas como refugiadas pelas autoridades gregas, disse esta fonte. A Alemanha já planejou cuidar de 100 a 150 menores isolados evacuados do campo de Moria, no âmbito de uma iniciativa conjunta com a França.

Após o incêndio do maior acampamento de migrantes da Europa na madrugada de 9 de setembro, a pressão aumentou sobre o governo alemão para que recebesse algumas das mais de 12.000 pessoas que desabrigadas na ilha do mar Egeu.

Até agora, as autoridades alemãs insistiram na necessidade de encontrar uma solução em nível europeu para esta complicada questão que divide os 27 membros do bloco desde 2015.

Merkel chegou a um acordo com seu ministro do Interior, Horst Seehofer, sobre essa medida unilateral, mas a fonte do governo ouvida pela AFP ainda não estava em posição de dizer se os socialdemocratas do SPD, parceiros da coalizão governamental, deram sinal verde.

No estado de São Paulo, imigrantes e refugiados podem realizar um cadastro direcionado para a procura de emprego nos mais diferentes segmentos. A base de dados do Centro de Integração da Cidadania (CIC) registra currículos dos estrangeiros que buscam uma oportunidade no mercado de trabalho em todo o território paulista.

Para disponibilizar o currículo, basta preencher o formulário virtual no https://justica.sp.gov.br/curriculo-vitae/O convênio com as empresas permite que o CIC indique a vaga de acordo com o perfil do imigrante. 

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Além de disponibilizar o serviço para intermediar a contratação do trabalhador, o órgão oferece diversos serviços sociais e de integração aos estrangeiros. Entre eles, aulas de Língua Portuguesa (online), orientação jurídica de Direito migratório, direcionamento para acesso a serviços essenciais (educação e saúde pública), assistência social, instruções do Direito Trabalhista, entre outros.

O CIC retomou o atendimento presencial, no entanto, devido à pandemia do novo Coronavírus, é necessário que os imigrantes façam o agendamento de maneira prévia. O contato deve ser feito pelo telefone (11) 3115–2048. A instituição fica na Rua Barra Funda, nº. 1.020, no bairro da Barra Funda, região oeste da capital paulista.

O artista britânico Banksy é o financiador do navio Louise Michel, que está no Mediterrâneo para ajudar refugiados que tentam entrar no continente europeu pelo mar. À bordo da embarcação está uma equipe formada por ativistas, que pretendem chegar até os viajantes antes que eles sejam capturados de volta pela guarda-costeira da Líbia, de onde a maioria deles parte.

De acordo com a reportagem publicada pelo Hypeness, há relatos de maus tratos e até mesmo da venda de alguns refugiados, quando esses são retornados aos portos líbios.

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O barco de Banksy, que foi batizado em homenagem a uma feminista do século 19, saiu da costa espanhola em 18 de agosto. Na última semana, a embarcação resgatou 89 pessoas que estavam na região central do Mediterrâneo.

Banksy deixou sua arte marcada no navio com o desenho de uma menina com cabelos ao vento e que segura uma boia de resgate em forma de coração.

 

De férias pela Normandia, na França, uma família britânica tomou um susto ao descobrir que transportava dois jovens imigrantes africanos. Durante a viagem de carro, eles ouviram sons estranhos vindos do bagageiro e se surpreenderam ao se deparar com a dupla.

No segundo dia de férias, o casal e os dois filhos pararam em um posto de gasolina para averiguar o barulho que incomodava. Ao estacionar, dois jovens de 16 anos, um da Eritreia e outro da Guiné, saltaram de dentro do bagageiro.

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Pela placa do veículo, eles acreditavam que o destino seria o Reino Unido e revelaram que se esconderam no carro quando a família dormiu em Calais. Sem muita demora, eles saíram do esconderijo e fugiram em uma mata às margens da rodovia. Contudo, os britânicos acionaram a polícia e os jovens foram apreendidos.

Confira

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Três meses após a Organização Mundial da Saúde declarar a pandemia do novo coronavírus, 161 países ainda têm restrições nas fronteiras, sendo que 99 não abrem exceção nem para os que procuram refúgio. Com isso, quem tentava sair ou voltar ao seu país de origem se vê diante de difíceis opções: ficar onde está até a crise passar, mesmo em situação irregular, ou recorrer a traficantes de pessoas.

Segundo um relatório da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), 4,2 milhões de solicitantes de refúgio correm o risco de não ter sua situação regularizada. São pessoas que no fim de 2019 ainda aguardavam uma resposta para a solicitação. Com a pandemia, serviços consulares e emissões de vistos foram suspensos.

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Na União Europeia, isso já se traduz em números. A quantidade de pedidos de asilo registrados em março caiu 43% comparado a fevereiro em razão da paralisação dos serviços.

"Em vários países, o número de pessoas num limbo jurídico aumenta. Nossa recomendação é que os governos forneçam a documentação necessária e coloquem as pessoas em programas sanitários", afirma o diretor da Divisão de População da Cepal, Jorge Martínez Pizarro.

Equador, Chile e Portugal, por exemplo, prorrogaram a validade de vistos, enquanto o Panamá ofereceu abrigo para quem não conseguia voltar a seu país de origem. No Peru, refugiados e imigrantes receberam cobertura de saúde temporária quando estavam com suspeita de covid-19.

Na América Latina, venezuelanos que ainda tentam deixar o país se tornam alvos fáceis de traficantes de pessoas e grupos criminosos. Segundo organizações humanitárias que monitoram a movimentação entre Venezuela e Colômbia, atualmente os venezuelanos pagam até 100 mil pesos (US$ 25) para cruzar pontos de difícil acesso da fronteira perto de Cúcuta e 25 mil pesos (US$ 6) para "um guia" levá-los até o outro lado.

Famílias separadas

O venezuelano Kabir Camero, de 26 anos, vive no Brasil desde 2017 e trabalha no Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Roraima. Com documentação em dia e trabalho fixo, a preocupação com a mãe que ficou na Venezuela o faz pensar em voltar, mas o medo de não conseguir entrar no Brasil depois é maior. "Minha mãe vinha às vezes, mas voltava para tomar conta da nossa casa. Com a pandemia, ela não consegue mais vir e está sozinha lá. Eu fico preocupado, pensei em voltar, mas está muito difícil viajar. Talvez eu consiga sair, mas não consiga voltar para cá", conta.

Com a pandemia, o Brasil adotou nove ações para restringir a mobilidade nas fronteiras.

O número de venezuelanos tentando voltar ao país em razão da pandemia tem aumentado. Na Colômbia, mais de 24 mil venezuelanos esperam para regressar, sendo que 900 estão na região fronteiriça, mas as restrições do governo de Nicolás Maduro podem acarretar uma espera de até seis meses para que o retorno ocorra, por corredores humanitários. Até junho, 76 mil venezuelanos haviam deixado a Colômbia e retornado.

Centro-americanos vagam pelo México

"Há pessoas que passam por aqui, entram, vão embora e depois de vários dias regressam. Isso quer dizer que não podem seguir viagem, as fronteiras estão fechadas. Não podem chegar aos EUA. Além disso, os abrigos não podem receber mais migrantes para evitar contágio."

A nova rotina do Albergue Decanal Guadalupano, na cidade mexicana Tierra Blanca, descrita pela irmã María Dolores Palencia, reflete o impacto da pandemia no país usado de passagem para centro-americanos entrarem nos Estados Unidos. Agora, com fronteiras fechadas e escritórios que tratam de trâmite migratório sem funcionar, essas pessoas ficam vagando por cidades mexicanas. Em março, passaram pelo albergue cerca de 1.000 pessoas, em abril, 250 e em maio, 218.

Nos EUA, o governo do presidente Donald Trump apresentou medidas para restringir a imigração ao país, como permitir que juízes neguem as solicitações de asilo sem dar aos imigrantes a oportunidade de depor a um tribunal e impedir que universidades concedam fundos de ajuda contra o coronavírus a estudantes estrangeiros e sem documentação.

"Quando se restringe essa migração forçada, não se está dando uma solução ao problema, pelo contrário, você agrava a situação", afirma o diretor da Divisão de População da Cepal, Jorge Martínez Pizarro, lembrando que antes da pandemia já havia uma política de deportações em massa nos EUA.

Um informe da ONU de junho alerta para medidas no tratamento a imigrantes que podem perdurar após a pandemia. "Há preocupações de que no médio e longo prazos, essas restrições possam ir além da crise...É possível que alguns países, conforme as fronteiras sejam reabertas, imponham mais requisitos de saúde para permitir viagens, aumentando a necessidade de avaliações de saúde, testes, programas de imunização e certificações", diz o informe. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil é conhecido por ser um país receptivo e abrigar cidadãos das mais diversas parte do mundo. Segundo os registros da Polícia Federal, só na cidade de São Paulo vivem 361,2 mil imigrantes de maneira regular.

Entretanto, com o decreto de pandemia há pouco mais de três meses, a preocupação não sai da cabeça de quem veio para o território brasileiro trabalhar e realizar seus sonhos de vida. Afinal, mais de 58,3 mil mortes por Covid-19 foram registradas em nosso país, das cerca de 503 mil em todo o planeta.

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Além de ficar atento aos cuidados por aqui, quem nasceu em outro país também se mantém aflito com a situação da família e dos amigos que seguem vivendo a milhares de quilômetros de distância.

Morador da cidade de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, o haitiano Jean Paul, 29 anos, acompanha a situação no país centro-americano por meio dos familiares que trabalham na imprensa de lá. De acordo com ele, o problema no Haiti é pior em locais sem estrutura de saúde.

Apaixonado por futebol, Jean Paul escolheu viver no Brasil e só retornaria ao Haiti para cuidar da mãe. Foto: arquivo pessoal

"O mais complicado para eles é o pessoal que vive no interior, no campo, porque o governo não chega até lá", lamenta o ajudante e estudante de enfermagem.

No Brasil há pouco mais de quatro anos, Paul é mais um dos que precisam sair para trabalhar e enfrentar o risco do contágio todos os dias, mas é cauteloso em relação ao vírus.

"Tenho que sair para a rua para buscar o pão, mas evito sair sem necessidade, vou ao serviço e volto para casa. Estou me cuidando ao máximo", afirma.

Apesar de toda apreensão, Paul, que escolheu vir para o Brasil por ser apaixonado pelo futebol, não pretende abandonar a terra que adotou. "Só voltaria para meu país agora para cuidar da minha mãe, depois da pandemia eu retornaria ao Brasil de novo", ressalta o haitiano.

Saudade da família

Há seis anos no Brasil, o professor de idiomas Andréz Felipe Olivoz Vega, 31 anos, é nascido em Bogotá, capital da Colômbia. Apesar de um número baixo de mortos em relação ao índice brasileiro (são cerca de 3,2 mil mortos em solo colombiano), ele acredita que ambos os países falharam no controle da pandemia.

"A negligência social de aderir ao isolamento e a negligência governamental de lidar efetivamente com este problema. Infelizmente nesse quesito estamos juntos, parece o que a gente tem mais em comum é o que tem de pior também", afirma.

O colombiano Andréz tem receio de não poder rever a família, que ele não visita há três anos. Foto: arquivo pessoal

De acordo com o professor colombiano, a saudade da família é grande e viver longe da terra natal exige muito equilíbrio psicológico. "O mais complicado é começar a pesar um pouco a paranóia de que vamos pegar o vírus, morrer e nunca mais ver a família", reflete.

Sem visitar seu país desde 2017, Vega diz que os seus parentes mais próximos estão preocupados com a realidade brasileira. "O desempenho do atual governo está dando o que falar no ambiente internacional e eles, ao verem tantos casos, se preocupam com a minha situação aqui", declara o bogotano que, mesmo com a redução de carga de trabalho, se mantém firme na rotina de aulas on-line e sonda novos alunos para voltar ao ritmo normal de atividades.

Segundo Vega, a razão não lhe permitiria voltar Colômbia agora, mas o coração segue apertado. "Acho que voltaria para passar um tempo com a minha família, dois, três, seis meses, quem sabe, e depois cogitar novamente voltar, mais por uma questão de saudades", fala.

Isolamento

Outro que vive a pandemia longe do país natal é o professor alemão Kai Lehmann, 44 anos. Membro do corpo docente do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo (USP) e vivendo no Brasil desde 2007, Lehmann lembra que ele e a esposa decidiram que eles e os dois filhos, um menino de oito e uma menina de quatro anos, iniciariam o isolamento social antes das orientações das autoridades brasileiras.

"Começamos a entrar em quarentena uma semana antes do decreto e desde então estamos aqui dentro do nosso apartamento pequenininho, mas nos sentimos razoavelmente bem", explica o europeu, que segue ministrando aulas em casa e transmitindo via Internet.

O alemão Kai Lehman e seu filho; a família está isolada em seu apartamento desde antes do decreto da quarentena oficial. Foto: arquivo pessoal

Apesar de considerar que as crianças se adaptam melhor a esse tipo de mudança na rotina do que os adultos, Lehmann afirma que a família tem dado um jeito de ajudar os filhos na hora do estudo e das atividades recreativas em um ambiente reduzido.

Segundo o professor, a esposa vem tendo trabalho para auxiliar o filho nas tarefas e a filha, que tem atividades o dia todo quando está na creche, tem que se ocupar sozinha em algumas diversões diárias.

"Fazer as brincadeiras com eles aqui é obviamente difícil, mas a gente está nessa situação há três meses, então ganhamos experiência e a aplicamos agora", cita o alemão, que realça certa aflição por alguns familiares na Alemanha, mas comemora o fato de os pais, que moram na capital Berlim, estarem bem, pois o país conseguiu controlar a pandemia.

"Eles têm respeitado as regras de lá. Minha irmã é professora e o marido dela atua em um hospital e, apesar disso ser o que mais preocupa, eles moram em Bremen e os números estão sob controle", observa.

Ainda de acordo com o professor, o comportamento da população que não cumpre as recomendações das autoridades sanitárias não o surpreende. "É muito mais difícil as pessoas respeitarem uma quarentena quando se ganha muito pouco e tem que sair para trabalhar", analisa.

Segundo Lehmann, a família considerou a possibilidade de deixar o Brasil e ir para a Alemanha e só não fez isso porque a mãe da esposa, que mora no Rio de Janeiro, não conseguiria ser aceita na Europa.

"Recebo mensagens da embaixada alemã pedindo para voltar, informando opções de voo, mas não podemos deixar ela sozinha, essa opção atualmente não existe porque ela não conseguiria entrar na Alemanha", explica.

Os partidos que formam o governo italiano chegaram a um acordo sobre o projeto para regularizar a situação de trabalhadores estrangeiros cuja permissão de estadia já expirou, especialmente no setor agrícola, ou que perderam o emprego devido à pandemia do novo coronavírus.

O acordo ainda não é oficial, mas fontes de todos os partidos da base aliada confirmaram o compromisso, que também beneficiará cuidadores de idosos ou doentes e empregadas domésticas.

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A regularização dará uma permissão de estadia temporária de seis meses para o imigrante procurar emprego, desde que ele comprove já ter trabalhado em algum desses setores na Itália.

Caso o estrangeiro já esteja empregado, a solicitação terá de partir tanto dele quanto do patrão. A discussão nasceu por pressão da ministra da Agricultura, Teresa Bellanova, que defendia a regularização dos cerca de 600 mil imigrantes em condição irregular na Itália para garantir a mão de obra no campo.

O governo ainda não divulgou quantos estrangeiros podem ser beneficiados pelo acordo. 

Da Ansa

A ministra da Agricultura da Itália, Teresa Bellanova, de centro, defendeu nesta terça-feira (14) a regularização de 600 mil imigrantes que estão em condição irregular no país para ajudar na retomada da economia nacional, abalada pela pandemia do novo coronavírus.

A proposta está em um artigo publicado pelo jornal Il Foglio e acolhe uma sugestão feita por dois colunistas do mesmo diário, Carlo Stagnaro e Luciano Capone, que chamavam atenção para "600 mil invisíveis sem acesso a assistência socioeconômica e que escapam a qualquer possibilidade de monitoramento".

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"Estou de acordo: chega de hipocrisia. É colocar a cabeça na areia. Essa é minha resposta ao questionamento de Carlo Stagnaro e Luciano Capone na reflexão sobre aqueles '600 mil clandestinos a serem regularizados para religar a economia italiana'", escreve Bellanova, que pertence ao partido Itália Viva (IV) e é a principal representante do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi no governo.

"Ou somos nós, a política, quem governa, a assumir a responsabilidade até o fim pelas contradições que a realidade nos impõe sob os olhos, ou algum outro fará: a criminalidade", acrescenta.

Para Bellanova, isso permitiria enfrentar a "urgência da falta de mão de obra na agricultura", que coloca em risco produtores, postos de trabalho, investimentos e a própria cadeia do setor alimentício.

Segundo a ministra, a regularização também ajudaria a evitar uma "emergência humanitária" nos "assentamentos informais superlotados de pessoas que não trabalham ou o fazem na invisibilidade total".

"Estão sob risco da fome, abandonados a si mesmos e à mercê da ameaça do vírus", diz. Bellanova também ressalta que não exclui a utilização de mão de obra italiana na agricultura, mas afirma que hoje existe uma carência de 350 mil trabalhadores no setor, uma vez que a maior parte dos 400 mil estrangeiros que atuam regularmente nas colheitas não irão ao país neste ano por causa da pandemia.

"Colocar fim aos guetos, à clandestinidade, à ilegalidade e à concorrência desleal que prejudica nossa reputação no cenário internacional significa uma resposta da civilização e soluções estruturais necessárias para o país e sua economia", conclui a ministra.

Recentemente, o prefeito de Bergamo, Giorgio Gori, do centro-esquerdista Partido Democrático (PD), ex-legenda de Bellanova, também havia defendido a contratação de estrangeiros para as lavouras italianas. 

Da Ansa

A Polícia Federal em São Paulo afirma que 'iniciará nesta segunda-feira, 16, novo procedimento para o atendimento de imigrantes que buscam regularização na sede da Superintendência da PF em São Paulo (rua Hugo D'antola, 95), como medida preventiva para evitar a contaminação do COVID-19 (Novo Coronavírus). Entre as normas, estão o espaçamento na fila, que será organizada até do lado de fora de suas dependências, e a limitação de acompanhantes, como advogados, despachantes e intérpretes.

"Com 600 atendimentos realizados ao dia, as áreas de atendimento dos serviços de registro de estrangeiros permanecem frequentemente com grande circulação de pessoas em local fechado", diz a PF.

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Segundo a PF, 'como a aglomeração de pessoas é um fator de risco para a disseminação do COVID-19, será necessário diminuir o número de pessoas que esperam ao mesmo tempo no recinto fechado'.

"Por não ser possível saber se há alguém infectado, é necessário também manter a distância de precaução de 2m de distância entre os indivíduos, fato que diminuirá o número de pessoas a serem atendidas por vez na área interna", prevê a PF.

De acordo com a Polícia Federal em São Paulo, 'essa medida diminuirá substancialmente o número de pessoas que poderão aguardar na parte interna do Núcleo de Registro de Estrangeiros, sendo que aqueles que excederem esse número permanecerão em espera ao ar livre, em local sinalizado pela PF'.

A PF ainda afirma que será limitado o acesso de acompanhantes e despachantes, permitido somente advogados constituídos e intérpretes.

A Polícia Federal elenca os serviços que serão afetados: registro de imigrantes; autorizações de residência; naturalização; solicitação de refúgio; solicitações relacionadas à Carteira de Registro Nacional Migratório, como retirada, renovação, troca, segunda via e outras informações.

Mesmo diante da necessidade dessa medida excepcional, todos os esforços estão concentrados no sentido de atender todos aqueles que estão agendados, bem como aqueles que buscam os demais serviços relacionados à imigração.

O ator americano Harrison Ford, que retorna aos filmes de aventura este ano com "The Wild Call", disse nesta quarta-feira (5) que seu país está atualmente enfrentando uma perda de "liderança moral" em termos de políticas de imigração e ambientais.

"Nós, americanos, perdemos alguma credibilidade no mundo e agora estamos ansiosos para recuperá-la", disse Ford em uma entrevista coletiva na Cidade do México, onde apresentou o filme baseado no romance clássico de Jack London.

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O ator icônico, lembrado por seus papéis principais nas sagas "Guerra nas Estrelas" e "Indiana Jones", pediu uma reforma abrangente da imigração e demonstrou ser favorável aos Estados Unidos abrirem as portas aos imigrantes.

"Temos que convidar pessoas para o país, essa é a história dos Estados Unidos, e é disso que dependemos, da imigração", disse Ford, aos 77 anos.

O presidente Donald Trump retomou na terça-feira o tema da construção do "poderoso muro" contra a imigração que entra no território mexicano, uma das principais promessas de sua campanha eleitoral, durante seu discurso anual sobre o estado da União.

O ator do lendário filme "Blade Runner" também destacou a luta que os americanos empreendem em relação à questão ambiental, após a decisão do presidente Trump de retirar o país do Acordo de Paris.

"Apesar da falta de compromisso do governo dos Estados Unidos, estão sendo feitos esforços", lembrou.

Ao menos 58 pessoas morreram no naufrágio de um barco na costa da Mauritânia, anunciou nesta quinta-feira a Organização Internacional para as Migrações (OIM) em um comunicado.

"É com enorme tristeza que anunciamos que durante uma de nossas patrulhas de segurança, nossas Forças Armadas e de segurança descobriram os sobreviventes do naufrágio de uma embarcação que naufragou", informou o ministério do Interior da Mauritânia em comunicado.

"Trata-se, essencialmente, de imigrantes em situação irregular que tentavam chegar à Espanha provenientes de Banjul, na Gâmbia, segundo as primeiras informações recolhidas junto aos sobreviventes", acrescentou o ministério.

O naufrágio aconteceu na quarta-feira cerca de 25 km ao norte da cidade de Nouadhibou, próximo da fronteira com o Saara Ocidental, informou à AFP uma fonte da segurança da Mauritânia.

"A embarcação se chocou com um rochedo no mar. Começou a entrar água e o motor parou de funcionar. Eles não estavam muito distantes da costa, mas as fortes ondas impediu-os de chegar à costa de barco", de acordo com esta fonte.

"Eles não tinham mais comida a bordo, estavam com fome, estavam com frio, então abandonaram o barco e começaram a nadar", explicou.

De acordo com um comunicado de imprensa da OIM, 83 passageiros conseguiram nadar até a costa. A embarcação havia zarpado de Gâmbia em 27 de novembro.

Os sobreviventes explicaram aos funcionários da OIM que pelo menos 150 pessoas, incluindo mulheres e crianças, estavam no barco.

"Sabemos que esta embarcação precária transportava entre 150 e 180 pessoas, incluindo mulheres e, sobretudo, jovens com entre 20 e 30 anos", afirmou por sua vez o ministério mauritano em seu comunicado.

"Infelizmente, contabilizamos 58 mortos e 10 sobreviventes em situação que demanda atenção hospitalar de emergência. No total, 85 sobreviventes foram recolhidos e acolhidos de acordo a solidariedade humana, fraternidade e hospitalidade", acrescenta o comunicado publicado em Nouakchott.

"As autoridades mauritanas cooperam de forma eficaz com as agências presentes em Nuadibu", declarou Laura Lungarotti, chefe da missão da OIM na Mauritânia.

"Nossa prioridade é atender os sobreviventes e dar a ajuda necessária", completou.

Os feridos foram levados para um hospital da cidade.

As autoridades mauritanas contactaram os serviços consulares de Gâmbia e se reunirão com o embaixador deste país na Mauritânia.

"Esta situação nos faz recordar a tragédia que causa o fenômeno da imigração clandestina, que dizima a juventude africana. Ela nos faz olhar para a necessidade de unir esforços para acabar com essa espiral mortífera", considerou o ministério mauritano do Interior.

Mais de 500 imigrantes foram transferidos ontem para acomodações temporárias, depois que a polícia da França desmantelou um campo de imigrantes em Paris. A operação, a 60ª do tipo na capital francesa desde o início da crise migratória, em 2015, foi realizada sem incidentes e sob supervisão policial.

Há três semanas, a polícia desmantelou outros dois campos no norte de Paris, onde 1.600 imigrantes viviam em tendas. As autoridades prometeram desmantelar todos os acampamentos ilegais de Paris. (Com agências internacionais)

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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