Ícone da cultura brasileira, o percussionista Naná Vasconcelos, de 71 anos, não resistiu e deixou seu povo. Vítima de complicações resultantes de um câncer no pulmão, o percussionista pernambucano morreu, nesta quarta-feira (9), no Recife. O artista descobriu a doença no ano passado, fez tratamento e chegou a ser internado.
Em 2015, após 24 dias internado para tratar o câncer, Naná Vasconcelos recebeu alta e demonstrou muita força no combate à doença. No início de março deste ano, o artista, após um período intenso de apresentações no Carnaval do Recife, foi novamente internado.
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Naná Vasconcelos: o Brasil que o Brasil não vê
Juvenal de Holanda Vasconcelos, o Naná, nasceu no Recife. A cultura pernambucana desde sempre fez parte de sua vida, e nem mesmo as viagens feitas para o exterior, como Paris e Nova York, além das décadas morando fora, o fizeram deixar de lado os laços culturais com Pernambuco.
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Nos anos de 1960, o artista se especializou no berimbau, instrumento muito utilizado nas rodas de capoeira espalhadas pelo Brasil. Porém, diante da sua imensa habilidade percussionista e principalmente pela musicalidade, Naná tocava, praticamente, todos os instrumentos de percussão. Era dono de um estilo admirável, que passava até por canções eruditas.
Naná Vasconcelos atuou ao lado de outras grandes artistas. Trabalhou com Milton Nascimento e em 1970 foi convidado para tocar com o saxofonista argentino Gato Barbieri. A partir dessa parceria com o saxofonista, o pernambucano intensificou suas viagens para o exterior, quando encantou o mundo e levou para várias nações a cultura da batida percussionista dos ritmos pernambucanos. Naná tocou com gênios do calibre de Miles Davis, Egberto Gismonti, Pat Metheny, dentre tantos outros.
Entre várias parcerias e experiências marcantes no mundo da música, um destaque que deve ser lembrado é o seu disco Saudades, enaltecido por um concerto que uniu o berimbau a uma orquestra. Em seguida, o artista pernambucano participou de outros grandes projetos musicais, dela ou de outros músicos, sempre deixando um toque especial do seu talento em cada trabalho. Ao todo, Naná Vasconcelos venceu 8 prêmios Grammy, mais prestigiada premiação da música mundial, além de diversos outros prêmios e distinções.
Há mais de uma década, ele é responsável por reger centenas de batuqueiros para abrir oficialmente o Carnaval do Recife. Os tambores de Naná nunca vão findar, se lembrarmos da forma como ele conduziu os carnavais de todos os pernambucanos. O percussionista, chamado por alguns de 'a própria música', deixou marcada sua alma, expressada através dos instrumentos de percussão.
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