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Em delação premiada, o diretor da JBS Ricardo Saud declarou que foi negociado um pagamento de propina na campanha de 2014 com o governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). O nome do senador Fernando Bezerra Coelho também foi citado por Saud. 

Em seu depoimento, Saud disse que acertou a doação no ano da morte de Eduardo Campos, em 2014. Após o incidente, o empresário foi procurado pelo prefeito Geraldo Julio para tratar sobre o assunto. “Ele me pediu para que honrássemos o acordo. Nós chegamos ao meio termo que íamos pagar para não atrapalhar a campanha do Paulo Câmara em dinheiro vivo lá em Pernambuco”, contou. O acerto com Campos teria sido de quase R$ 15 milhões. 

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De acordo com o delator, Bezerra Coelho também foi beneficiado. “O Fernando Bezerra foi beneficiado. Essa nota fiscal aqui de R$ 1 milhão foi para ele”, afirmou Saud. 

Após a notícia, a oposição já marcou uma “reunião emergencial” da bancada na Assembleia Legislativa de Pernambuco para a próxima segunda-feira (22).

 

 

O presidente Michel Temer (PMDB) terá que dar uma boa explicação sobre a revelação da noite desta quarta-feira (17), após o dono da JBS, Joesley Batista e o seu irmão Wesley confirmarem ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin o que já teriam dito à Procuradoria-Geral da República em pronunciamento de suas delações premiadas, em abril passado. 

Segundo o jornal O Globo, há um diálogo gravado que denuncia o envolvimento de Temer. O peemedebista teria indicado o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) para “resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS)”. O fato é que, em outro momento, o parlamentar Rocha foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley. 

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O problema se complica ainda mais quando Temer teria ouvido do dono da JBS que ele estaria enviando para o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro “uma mesada” para que permanecessem em silêncio na prisão. Temer teria sido cúmplice ao dizer: “Tem que manter isso, viu”. 

Joesley também afirmou que deu para Cunha R$ 5 milhões após ter sido preso, segundo ele, o valor seria o saldo de propina que o peemedebista teria com ele. 

 

O ex-diretor da Sete Brasil Pedro Barusco terá de devolver todo o dinheiro que obteve de propinas de contratos com estaleiros e também o que recebeu de bônus como dirigente da empresa. A decisão foi tomada na sexta-feira (12)  pela juíza Maria da Penha Nobre Mauro, da 5ª Vara empresarial do Rio. A estimativa é de que os valores a serem devolvidos, atualizados, girem em torno de R$ 90 milhões.

Em sua sentença, a juíza rejeitou os pedidos dos advogados de Barusco alegando um ponto decisivo: "há confissão", disse. Barusco fez um acordo de delação premiada em que relatou o esquema de propinas na Sete Brasil, criada para gerenciar a compra de sondas para o pré-sal. Segundo Barusco relatou, os cinco estaleiros contratados e que forneceriam as 28 sondas para a empresa pagaram propinas.

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No próprio processo que corre na Justiça do Rio, Barusco confessou o recebimento das propinas. Com isso, não haveria sentido em produzir qualquer nova prova ou chamar testemunhas ou mesmo inserir o Ministério Público Federal na causa, segundo a juíza.

Barusco também tentou alegar que já devolveu todo o dinheiro a Petrobras, no âmbito do acordo de delação com o MPF. O ex-diretor da Sete havia sido anteriormente diretor da Petrobras. Mas a juíza foi taxativa em dizer que esse será um problema entre ele e a Petrobras e que a parte que foi obtida enquanto funcionário da Sete terá de ser devolvida à Sete.

A causa foi patrocinada pelo escritório de Sérgio Bermudes, contratado pela Sete Brasil. O processo tem por base um dispositivo da lei das SAs que determina que o executivo é obrigado a devolver à companhia todo benefício que receba em função do cargo que ocupa. "Não são só os mimos, as dádivas", disse a juíza entendendo que também as propinas foram obtidas pelo cargo que ocupava na empresa.

Bônus

Além disso, ficou determinado que Barusco devolva cerca de R$ 2 milhões, a serem corrigidos pela Selic, que foram pagos a título de bonificação pela sua saída da Sete. Na época, o sucesso da empresa era atribuída a Barusco, João Ferraz e Eduardo Musa, todos ex-Petrobras que implantaram o modelo de negócio da companhia. Ferraz e Musa também estão sendo processados pela Sete.

Segundo as delações, o valor total de propinas pagas pelos estaleiros chegaria a US$ 224 milhões, para fazer frente aos 28 contratos de cerca de US$ 800 milhões cada um. Os estaleiros eram o Enseada, da Odebrecht e UTC, EAS, da Camargo Corrêa, Rio Grande, da Engevix e os estrangeiros Jurong e BrasFels. Só para Barusco, teriam sido pagos US$ 24 milhões. O valor a ser ressarcido à Sete, no entanto, precisa ser apurado na liquidação do processo judicial. Ainda cabe recurso e o advogado de Barusco, Antonio Figueiredo, não quis comentar.

A Sete Brasil está hoje em recuperação judicial. Seus sócios BTG Pactual, os fundos de pensão Petros e Funcef e os bancos Santander e Bradesco já jogaram integralmente os R$ 8 bilhões investidos a prejuízo. Assim como os credores, entre eles todos os grandes bancos, que emprestaram R$ 12 bilhões à companhia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ré em ação penal por crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro supostamente oriundo do esquema de propinas atribuído a seu marido, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB/RJ), a jornalista Claúdia Cruz alega, por meio de seus defensores, que o próprio magistrado reconheceu que sua conta na Suíça 'não recebeu qualquer valor proveniente dos supostos atos de corrupção na África'.

Em alegações finais, fase derradeira do processo, os advogados de Cláudia destacam que 'esses recursos permaneceram nos trusts de Eduardo Cunha'. "Portanto, os valores gastos nos cartões de crédito não têm qualquer relação com a suposta corrupção".

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O documento é subscrito pelos advogados Pierpaolo Bottini, Cláudia Vara San Juan Araújo, Stephanie Guimarães e Igor Tamasauskas.

Em abril, também em alegações finais, a força-tarefa do Ministério Público Federal pediu condenação de Claúdia a pena de prisão 'em regime fechado'. Os procuradores sustentam que a conta da mulher do ex-presidente da Câmara recebeu mais de US$ 1 milhão 'provenientes de crimes praticados pelo marido'. O dinheiro teve origem, destacam os investigadores, na propina que o peemedebista teria recebido em negócio da Petrobrás na compra de campo de petróleo de Benin, na África, em 2011.

A defesa de Cláudia rechaça essa versão e usa como argumento principal trecho da sentença que o próprio juiz Moro impôs a Eduardo Cunha - 15 anos de prisão na Lava Jato.

Na sentença contra o peemedebista, Moro destacou, na página 98, que os valores depositados na conta de Cláudia Cruz 'não foram provenientes de vantagem indevida decorrente do contrato de aquisição pela Petrobrás dos direitos de exploração do Bloco 4 em Benin'.

Os criminalistas Pierpaolo Bottini, Cláudia Vara San Juan Araújo, Stephanie Guimarães e Igor Tamasauskas são os defensores de Cláudia.

Eles alegam que o dinheiro gasto com cartões de crédito de Cláudia tem origem diversa, 'de outros recursos de Eduardo Cunha, sobre os quais não pesam quaisquer suspeitas'.

"Inviável a condenação nos termos da imputação em questão, uma vez que não se atribuí à defendente (Cláudia) nada além de receber valores de trusts dos quais seu marido é beneficiário, não havendo qualquer elemento que indique a ilicitude destes recursos", sustentam os advogados em uma peça de 169 páginas.

Nas alegações, os advogados requereram preliminarmente a Moro que desconsidere e tire dos autos os termos de delação premiada de Hamylton Padilha e Nestor Cerveró (ex-diretor de Internacional da Petrobrás) 'em razão da indisponibilidade dos registros audiovisuais das oitivas em questão'.

Os defensores pedem, ainda, que o juiz determine a tradução dos documentos que dão base à acusação - contratos entre CBH e República de Benin, extratos e documentos bancários, íntegra das investigações empreendidas na Suíça, sendo reabertos os prazos para requerimento de diligências.

A defesa de Cláudia pede também que 'seja reconhecida a ilicitude da prova oriunda da Suíça, em virtude das máculas que recaem sobre a cooperação jurídica internacional, sendo determinado o seu desentranhamento dos autos'.

"Seja a defendente absolvida nos termos do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal, em razão de não constituírem infração penal os fatos imputados pela acusação".

Alternativamente, eles sugerem a Moro que caso não absolva Cláudia, que aplique a ela penas mínimas.

Na manhã desta quinta (11), a Polícia Federal cumpriu 15 mandados de busca a apreensão relacionados à Operação Sucupira, que investiga fraudes na aprovação de alunos de mestrado na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Segundo a PF, sete professores receberam propina do órgãos ligados ao Governo de Alagoas para influir na entrada de oito servidores estaduais na instituição pública de ensino.

Os servidores teriam ingressado no mestrados da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac), ligada à UFAL, mediante pagamento de R$ 108 mil para os professores, que teriam facilitado a aprovação dos funcionários do governo alagoano. “Esse valor não é milionário, mas pode ser muito maior. Desconhecemos no Brasil qualquer operação semelhante”, disse o delegado Fábio Maia Maria, em entrevista à imprensa de Alagoas.

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Segundo a PF, a fraude foi constatada por meio do Portal da Transparência do Estado que confirmava o pagamento realizado aos professores e parentes dos educadores que podem ter sido utilizados como laranjas. “Eles não foram aprovados no teste da Anpad [Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração]. Eles entraram como alunos especiais, mas, em algum momento, eles foram inseridos pelos professores como alunos regulares”, afirmou o delegado Antônio Carvalho, que preside o inquérito.

As propinas pagas aos professores envolvidos, ainda segundo a polícia, tiveram origem nas secretarias de Saúde, Instituto de Tecnologia em informática e Informação (Itec), Agência Reguladora de Serviços Públicos de Alagoas (Arsal) e Agência de Modernização e Gestão de Processos (Angesp), onde os beneficiados do esquema exercem funções importantes.

Em nota oficial emitida através do seu site oficial, a UFAL disse que já havia aberto investigação devido à denúncias prévias da imprensa alagoana e que se confirmada a participação dos servidores, os mesmos podem ser demitidos e destituídos dos cargos na universidade. Confira a nota na íntegra:

Diante da deflagração, na manhã de hoje (11), da operação denominada Sucupira, pela Polícia Federal, responsável por investigar denúncias de um suposto crime de favorecimento relacionado ao Mestrado em Administração Pública, a gestão central da Ufal tem a dizer que:

1. A reitora Valéria Correia, no dia 3 de Abril de 2017, encaminhou à Corregedoria Seccional da Ufal, solicitação para que se investigasse as denúncias sobre irregularidades na gestão do Mestrado Profissional em Administração Pública (Profiap);

2. A Corregedoria Seccional da Ufal, na mesma data, instaurou Investigação Preliminar, conforme previsto na Portaria nº 335 da CGU, para que fossem apuradas as denúncias veiculadas na imprensa. Vale dizer que tal procedimento administrativo é sigiloso e visa coletar elementos para subsidiar a decisão de instaurar ou não sindicância ou Processo Administrativo Disciplinar (PAD).

3. A Investigação Preliminar, que prescinde da ampla defesa e do contraditório, tem portanto o objetivo de coletar material probatório que confirme ou não as irregularidades denunciadas. Em caso de confirmação das irregularidades e dos indícios de autoria(s), serão abertos procedimentos administrativos disciplinares, de cunho punitivo, para apuração e, se cabível, aplicação de penalidades ao(s) servidor(es) envolvido(s). Esses procedimentos, ao contrário da Investigação Preliminar, contam com as garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório.

4. As possíveis penalidades aplicadas pela Administração Pública aos seus servidores podem ser de advertência a demissão, passando por suspensão e destituição de cargo em comissão ou função comissionada, conforme estabelece o artigo 127 da Lei 8.112/90.

Em tempo, a Universidade se coloca à disposição da Polícia Federal, a partir de suas instâncias competentes, a colaborar no que for necessário para elucidar o caso.

Maceió/AL, 11 de maio de 2017.

Maria Valéria Costa Correia

Reitora

O marqueteiro João Santana, responsável pela campanha da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014, afirmou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o presidente Michel Temer (PMDB) foi um dos beneficiários do caixa dois oriundo de doações ilícitas para a disputa eleitoral daquele ano. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de São Paulo nesta segunda-feira (1º). 

Segundo a publicação, Santana disse que o peemedebista "gerou prova" contra si mesmo ao participar das gravações de propaganda política. O marqueteiro informou ao TSE que Temer "encheu o sao" e pediu "sistematicamente" para participar dos esquetes. 

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"Por causa da pressão dele [de participar das gravações de TV], ele terminou gerando, digamos, uma prova contra ele, porque entrou duas ou três vezes em gravação do programa só porque insistiu", declara Santana, de acordo com o jornal. "Então se o dinheiro da campanha da presidente está contaminado, está, de fato, com isso, e o programa foi pago, em partem com esse dinheiro, então, ele [Temer] participou", acrescenta. O depoimento de João Santana segue em sigilo judicial. 

A matéria ainda diz que a relação entre Dilma e Temer já é ruim desde aquela época. Santana e a esposa, Mônica Moura, que também depôs ao TSE, confirmou ter recebido dinheiro de caixa dois durante a campanha de 2014. De acordo com eles, Dilma sabia da existência dos pagamentos. Ao jornal, a assessoria do presidente disse que não comentaria o depoimento de Santana. 

Citado em delação premiada da Odebrecht como representante da Andrade Gutierrez em negociação de propina relacionada às obras da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, o dono da construtora, Sérgio Andrade, será ouvido por investigadores da Operação Lava Jato. A suspeita é de que ele tratou pessoalmente de pagamentos ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Principal acionista da empreiteira, Andrade até agora está imune pelo acordo que sua empresa havia fechado com o Ministério Público Federal (MPF). Após a delação da Odebrecht, porém, algumas empreiteiras - incluindo a Andrade Gutierrez - estão sendo chamadas para uma espécie de "recall" para explicar episódios que não foram contemplados nos primeiros depoimentos.

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Segundo pessoas próximas a Andrade, ele se antecipou a uma convocação oficial dos procuradores, considerada inevitável, para explicar a questão de Santo Antônio, que não fez parte do acordo fechado pela empreiteira. O executivo pediu espontaneamente para prestar esclarecimentos. Segundo essas fontes, o executivo não tinha conhecimento de todo o assunto relacionado à Santo Antonio, mas conversou sobre a obra com Marcelo Odebrecht.

Em um de seus anexos de delação, Marcelo afirma que fazia reuniões frequentes com Aécio em razão do papel da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que era sócia da usina, e que Sérgio Andrade participava desses encontros. Na época, Aécio era governador de Minas e a Andrade Gutierrez, acionista da Cemig.

Pelas delações, no entanto, o envolvimento de Andrade ia além. O ex-presidente da Odebrecht Energia, Henrique Valladares, disse que era ele quem comunicava pessoalmente a Andrade sobre os pagamentos a serem feitos pelo consórcio a políticos e que o executivo dava o seu aval.

A Andrade e a Odebrecht eram sócias no consórcio construtor da usina na proporção de 40% e 60%, porcentual usado para dividir o valor a ser pago por cada uma. "Minhas conversas em geral eram com o doutor Sérgio Andrade, que é tão dono da Andrade Gutierrez quanto Emílio é da Odebrecht", afirmou Valladares.

Ao todo, teriam sido pagos R$ 50 milhões para Aécio, que, segundo as delações, tinha influência em Furnas, que tem 40% da sociedade em Santo Antônio. Outros R$ 50 milhões teriam sido pagos a Eduardo Cunha, outro político apontado como influente na estatal.

Acordo

Advogados dizem que a acusação feita por Valladares é grave porque, no acordo feito pela Andrade Gutierrez com a Lava Jato, até agora, somente executivos da empresa assumiram a responsabilidade pelos atos de corrupção, deixando os sócios de fora.

A estratégia de defesa de Andrade será a de que ele não tinha todas as informações sobre a usina para que pudesse colaborar. Além disso, existe a intenção de se desqualificar a delação de Valladares. Primeiro, alegando que os assuntos em relação a Santo Antônio foram tratados sempre diretamente com Marcelo e, depois, argumentando que o próprio Valladares em sua delação passa informações equivocadas como cargos e funções de executivos da Andrade.

Defesa

A Andrade Gutierrez, pelo acordo de delação, se comprometeu a prestar esclarecimentos e fazer suas investigações sobre qualquer outro ponto que viesse à tona. A nota enviada pela assessoria de imprensa reforça que a empresa segue colaborando com o Ministério Público Federal. Sobre Sérgio Andrade, a assessoria não fez comentários.

O advogado de Aécio Neves, Alberto Toron, diz que seu cliente nega que tenha recebido propinas e a defesa de Eduardo Cunha não se manifestou.

As delações que a Odebrecht apresentou à Justiça indicam os beneficiários de pelo menos R$ 1,68 bilhão pago em propinas e contribuições ilegais de campanha. Os recursos foram distribuídos a quase 500 políticos, lobistas, empresários e dirigentes de estatais no Brasil e no exterior.

Trata-se de um quadro parcial, já que a máquina montada pela empreiteira para garantir o superfaturamento de obras e o desvio de recursos públicos movimentou valores muito maiores. Segundo delação do ex-executivo Hilberto Mascarenhas, o chamado Setor de Operações Estruturadas - departamento de propinas da Odebrecht - fez pagamentos de US$ 3,37 bilhões entre 2006 e 2014. Em valores atuais, isso equivale a cerca de R$ 10,6 bilhões.

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O rastreamento de R$ 1,68 bilhão foi feito pelo jornal O Estado de S.Paulo com base no cruzamento de dados de três fontes de informação: os 337 pedidos de abertura de inquérito e petições assinadas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF); os depoimentos que executivos da Odebrecht prestaram, como parte de seus acordos de delação premiada; e a planilha de pagamentos entregue aos procuradores por Benedicto Júnior, um dos delatores.

Nem sempre é possível contabilizar valores. Em muitas das operações citadas pelos executivos da empresa em seus depoimentos, por exemplo, não há detalhamento de quanto foi pago para os agentes públicos envolvidos.

Da fatia dos recursos em que é possível identificar o beneficiário, a maior parte foi para representantes do PT e do PMDB, partidos que dividiram o poder nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Mas uma parcela expressiva foi destinada a líderes do PSDB, principal partido de oposição durante as gestões petistas (mais informações nesta página).

Os desembolsos bilionários eram vistos pela Odebrecht como um investimento. O grupo empresarial negociou favores com políticos em todas as esferas de poder - de vereadores em cidades pequenas, como Santa Gertrudes (SP), a ocupantes do Palácio do Planalto. Com o dinheiro distribuído, a empresa comprou a aprovação de medidas tributárias que a beneficiaram. Pagou ainda comissões para obter benesses em contratos de infraestrutura.

A empreiteira atendeu a pedidos e também foi proativa, ao oferecer contribuições a políticos que se alinhavam a seus interesses. Procurou ainda quebrar resistências de indivíduos e grupos que identificou como potenciais obstáculos. Quanto mais influentes os políticos, maiores eram os valores com os quais eram contemplados.

Ranking

No topo do ranking de pagamentos compilado pelo Estadão - cujas posições ainda podem variar, a depender das investigações e da revelação de novos documentos - estão, além de representantes do PT, do PMDB e do PSDB, um ex-diretor da Petrobras e nomes ligados aos governos de Angola e Venezuela.

Dos políticos brasileiros, estão em posição de destaque o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT), os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP) e o ministro e ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O executivo Hilberto Macarenhas, um dos delatores da Odebrecht, entregou à Operação Lava Jato, uma tabela com o valor total movimentado pelo Setor de Operação Estruturadas, o Departamento da Propina da empreiteira. Entre 2006 e 2014, foram girados aproximadamente US$ 3,37 bilhões.

Hilberto Mascarenhas trabalhou na Odebrecht por 40 anos por "predomínio na área financeira". Em 2006, relatou, estava na tesouraria da Odebrecht S.A sem programa específico, quando foi "intimado" por Marcelo Odebrecht, que na época era o presidente da Construtora Norberto Odebrecht, para assumir a área de Operações Estruturadas, subordinada a ele.

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O delator afirmou que "em princípio", relutou a aceitar o cargo "tendo em vista a grande exposição e risco" que o trabalho traria, mas "depois de alguma insistência", aceitou a proposta. Hilberto afirmou que haveria "remuneração e pelos benefícios que passaria a ter, tais como carro com motorista, apartamento em São Paulo para trabalho e passagem de volta a Salvador nos finais de semana", onde residia a família.

Segundo Hilberto, a área fazia duas formas de pagamentos: em espécie no Brasil e em depósito bancário em contas no exterior. Os repasses no País eram entregues em "pacotes/mala de dinheiro em locais predeterminados". As transferências bancárias no exterior eram feitas a partir de offshores na não declaradas.

A parte sigilosa da lista de Fachin inclui nove determinações ao Ministério Público Federal para que a Procuradoria-Geral da República se manifeste sobre a possibilidade de crimes cometidos no exterior pelo Grupo Odebrecht envolvendo agentes públicos ou privados estrangeiros sejam julgados no Brasil.

Executivos e ex-executivos da empreiteira admitiram que operações da empreiteira em nove países - Argentina, Venezuela, Equador, México, El Salvador, Colômbia, Peru, República Dominicana e Angola - continham práticas ilícitas.

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Os valores descritos nas decisões do relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, somam US$ 65,68 milhões - apenas uma fração do total que o grupo já admitiu ter pago em propinas internacionalmente.

Há relatos de propina envolvendo diversas obras na América Latina, como o metrô de Caracas, na Venezuela, e os Sistemas Troncais da Argentina.

Delatores narraram pagamento de US$ 1 milhão a um representante do Ministério de Energia do Equador com o intuito de obter a liberação do financiamento da Usina Hidrelétrica de Toachi Pilatón. Também valores foram pagos para campanhas eleitorais presidenciais em El Salvador - de Mauricio Funes, que teria recebido R$ 5,3 milhões - e do Peru, de Ollanta Humala - que teria recebido US$ 3 milhões.

Na África, um ministro de Angola, de identidade não revelada, teria recebido US$ 20 milhões para agir em favor dos interesses da empresa.

Um nome revelado foi o do Emilio Lozoya, que teria recebido US$ 5 milhões quando era presidente da Pemex, a estatal do petróleo do México, como contrapartida a benefícios indevidos obtidos pela Odebrecht.

Na maior parte dos casos, os pagamentos foram operados pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o chamado "departamento da propina" da empreiteira.

Jurisdição

O que o STF e a Procuradoria-Geral da República precisam decidir, neste momento, é se os crimes cometidos no exterior estão sujeitos à jurisdição brasileira.

Para definir isso, Fachin pediu que a Procuradoria se manifeste à luz de dois artigos do Código Penal brasileiro, considerando o princípio da territorialidade (local onde o crime foi praticado em todo ou em parte) e a possibilidade de aplicação do Art. 337-B, que trata do crime de corrupção ativa em transação comercial internacional.

Independentemente de haver investigação no Brasil ou não, a Procuradoria-Geral da República já pode comunicar ao exterior os fatos narrados pelos delatores, para que possa haver investigação estrangeira.

O ministro Fachin manteve o sigilo dos autos destes nove processos atendendo ao pedido da PGR, que informou haver tratativas entre o Grupo Odebrecht e alguns países para firmar acordos de colaboração, como feito no Brasil, admitindo crimes, pagando multas e identificando agentes públicos corruptos, sem encerrar as atividades no local.

A PGR se comprometeu a manter o sigilo até o dia 1.º de junho com os colaboradores, enquanto estes negociam acordos. O Estado apurou que já estão bastante avançadas as negociações da Odebrecht no Peru, na Colômbia e na República Dominicana.

Em dezembro, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que a Odebrecht e a Braskem pagaram mais de US$ 1 bilhão para irrigar subornos e fraudes pelo mundo.

Um trecho da delação premiada do executivo Hilberto Mascarenhas, da Odebrecht, aponta para o ex-tesoureiro da campanha de Lula à Presidência em 2006. Segundo o delator, a corrida eleitoral foi ‘uma loucura’ e José de Filippi estava ‘ávido pelo dinheiro’. "Antes do dinheiro chegar, ele já ia buscar."

Cabia a Fillipi arrecadar doações para a campanha de Lula. Naquele ano, o petista concorreu à reeleição e levou a Presidência em 2º turno com 46,6 milhões de votos, superando.Geraldo Alckmin (PSDB).

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Hilberto era o chefe do Setor de Operações Estruturadas, o Departamento de Propinas da Odebrecht. Segundo o delator, naquele ano, a área da propina ‘ainda não estava estruturada’ na empreiteira e o Sistema Drousys, a rede de comunicação interna, uma espécie de intranet, dos funcionários deste departamento, ‘não estava funcionando’.

"Foi uma loucura de trabalho para controlar isso tudo", relatou ao Ministério Público Federal.

"Outubro, né? Foi logo depois que eu entrei . Foi uma loucura. Você tinha eleição para presidente, senador, deputado federal, deputado estadual, governador. Então, era uma loucura. A área não tinha nem experiência, nem estrutura. O caixa era controlado pelo Money. Vocês já ouviram falar do Money? Microsoft."

Hilberto citou ainda o My Web Day, o ‘manual da propina’ da Odebrecht. Por meio deste software desenvolvido pela empreiteira, era possível gerenciar a contabilidade paralela. O My Web Day permitia identificar os tipos de contrato, natureza do serviço, período de vigência, além de outros caminhos.

"Não tinha o My Web implantado. Era uma loucura, era uma loucura", disse.

O Ministério Público Federal questionou se Hilberto lembrava ‘de quem tratava dessas situações com o sr Benedicto, algum tesoureiro’.

"Eram todos tesoureiros deles, o Fillipi, era o de Lula, né? José Filippi", afirmou.

A Procuradoria da República perguntou ainda como era feito os repasses de dinheiro para as campanhas.

"É, naquela época, no início, ainda estava definindo lugar para ele buscar. Nesse assunto não tinha preocupação de ele não ir buscar. Ele ia buscar antes do dinheiro estar lá. O cara estava tão ávido pelo dinheiro que antes de o dinheiro chegar, ele já ia buscar. Ele ficava na porta do local, esperando autorização para entrar, para pegar o dinheiro", revelou.

O ex-tesoureiro de Lula na campanha de 2006 não foi localizado. O espaço está aberto para sua manifestação.

Delatores da Odebrecht afirmaram à Procuradoria-Geral da República (PGR) que, em 2007, por determinação do senador Aécio Neves (PSDB), então governador de Minas Gerais, a empresa pagou propina de R$ 5,2 milhões na construção da Cidade Administrativa - nova sede do governo do Estado, erguida na gestão do tucano.

O ex-diretor de Infraestrutura da empreiteira, Benedicto Júnior, contou que, numa reunião no início de 2007, no Palácio das Mangabeiras, Aécio o comunicou que havia decidido pela participação da Odebrecht na obra, antes mesmo de a licitação ocorrer.

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Nesse encontro, o tucano teria indicado Oswaldo Borges, seu contraparente e então presidente da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), para "acertar tudo a respeito". A partir daí, a Odebrecht indicou seu superintendente em Minas, Sérgio Luiz Neves, para tratar de pagamentos e combinar as fraudes ao processo de concorrência.

A Odebrecht levou o lote 2, de R$ 360 milhões, em consórcio com a Queiroz Galvão e a OAS. Houve reuniões entre os empreiteiros escolhidos previamente para a obra, segundo ele, para tratar de detalhes da licitação e da desclassificação de concorrentes indesejados.

A Odebrecht, sozinha, faturou cerca de R$ 90 milhões com a Cidade Administrativa e teria repassado os R$ 5,2 milhões em propinas para Aécio por meio de vários pagamentos a seus intermediários. Alguns deles, segundo Benedicto, foram feitos diretamente a Oswaldo Borges na concessionária Minasmáquinas, de propriedade dele.

O executivo Marcelo Odebrecht, delator da Lava Jato e herdeiro da empreiteira que leva seu sobrenome, confirmou em depoimento ao juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso na primeira instância judicial, que o ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Antonio Palocci, era o responsável pelas articulações do PT com a empresa para o pagamento de vantagens indevidas e ações de contrapartida. 

Nos áudios que tiveram o sigilo quebrado por Moro, Marcelo Odebrecht afirma que “todos os pagamentos tinham que ser autorizados por Palocci”. Para a campanha presidencial de 2010, por exemplo, o delator disse que em 2008 firmou um acordo com o ex-ministro de 50 milhões de dólares e o que saia antes do período eleitoral, tinha que passar pelo crivo de Palocci. Marcelo Odebrecht disse que os recursos eram destinados principalmente a pagar campanhas feitas pelo publicitário João Santana, a quem chamava de “Feira”, e a mulher dele, Mônica Moura. 

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“Era uma garantia, João Santana sabia que ia receber quando vinha de nós. Quando Palocci autorizava ele planejava o recebimento, não precisava ser logo na hora. Ele sabia que estava garantido”, destacou. “Quando era para João Santana é lógico que era para caixa dois”, acrescentou Odebrecht. 

O empresário destacou também que a compra de um terreno para a construção do Instituto Lula, intermediado por Paulo Okamotto e José Carlos Bumlai, também foi autorizada por Palocci. 

“Em meados de 2010, o Paulo Okamotto ou o Bumlai, um dos dois, fez o primeiro approach. Mas depois eu conversei com os dois. Veio dizer que o Bumlai e Roberto Teixeira tinham fechado um terreno que queriam que fosse a futura sede do Instituto Lula. Queriam que a gente comprasse o terreno e doasse. Eu tinha acertado o valor que em tese era para ser doado todo. Vocês não querem, vocês ficam pedindo aos poucos”, disse, lembrando dos 50 milhões de dólares

“Se arrancar do provisionamento que eu tenho com Palocci, tudo bem. Mas eu tenho que pegar autorização dele. Eu fui em Palocci e disse: ‘Palocci, pessoal tá querendo Instituto. Tem autorização sua para usar esses recursos no IL?’. Ele disse que sim. Eu fiz a transação, a gente comprou o terreno. Eu pedi a um amigo meu que prestava serviço para a empresa, de confiança, ele comprou o terreno no nome da empresa dele. Depois não andou em frente. Uma empresa nossa imobiliária acabou comprando o terreno para um empreendimento imobiliário. Depois não teve interesse. Eles resolveram comprar e depois desistiram. Foi feito um débito e lá na frente um crédito ao saldo Amigo”, emendou Marcelo.  

Ainda de acordo com ele, quando chegou na eleição de 2010 a Odebrecht quase não doou para o PT, pois o montante acertado com Palocci havia sido utilizado. “Eu até cheguei para o meu pai e disse, avisa a Lula que ele não vai ver nenhuma doação em 2010 porque a gente praticamente já doou tudo”, frisou. 

A polícia da Uganda deteve um ministro do governo, neste sábado, por supostamente ter aceitado propina de um empresário.

Herbert Kabafunzaki, ministro das relações de trabalho e indústria, foi preso em um hotel de luxo na capital, Kampala, onde teria recebido propina de um hotelier sudanês na Uganda.

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O ministro vinha tentando mediar um caso de assédio sexual contra o hotelier levantado por uma de suas funcionárias.

Essa é a primeira vez que um membro do gabinete é preso em uma operação policial. O porta-voz da Presidência disse que o presidente Yoweri Museveni estava ciente da detenção. Fonte: Associated Press.

O ex-gerente executivo da Petrobras Roberto Gonçalves foi preso na manhã de terça-feira (28) em Boa Vista, durante a 39ª fase da Operação Lava Jato. Inicialmente, a Polícia Federal havia informado que o mandado de prisão preventiva seria cumprido no Rio de Janeiro, já que a informação de que o investigado estava no estado de Roraima chegou de última hora. A previsão é de que ele seja levado a Curitiba até as primeiras horas desta quarta-feira (29).

Roberto Gonçalves sucedeu Pedro Barusco como gerente-executivo da Área de Engenharia e Serviços da Petrobras no período entre março de 2011 e maio de 2012. No Brasil, ele já vinha sendo investigado pela Lava Jato após depoimentos prestados por investigados que firmaram acordos de colaboração premiada com o Ministério Público Federal.

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Batizada de Operação Paralelo, a 39ª fase foi deflagrada pela Polícia Federal a pedido do Ministério Público Federal no Paraná. Além do mandado de prisão preventiva, foram expedidos cinco mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, todos, segundo a corporação, já cumpridos. Os alvos, nesse caso, são pessoas físicas e jurídicas ligadas à corretora de valores Advalor Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda.

De acordo com a Procuradoria da República no Paraná, Ricardo Pessoa, dirigente da UTC Engenharia, e Mário Goes, operador financeiro e intermediário entre os executivos e agentes públicos, admitiram o pagamento de propinas a Roberto Gonçalves. Os colaboradores comprovaram documentalmente quatro depósitos de US$ 300 mil feitos no exterior, a partir de conta em nome da offshore Mayana Trading, mantida por Mário Goes.

“Além disso, apuração interna da Petrobras imputou ao ex-gerente executivo parte das irregularidades encontradas nas licitações e contratos do Comperj [Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro], como a contratação direta em 2011 do Consórcio TUC, formado, dentre outros, pela Odebrecht e pela UTC Engenharia. Paralelamente, autoridades suíças que investigam desdobramentos do caso Lava Jato transferiram ao Brasil investigações por crimes de lavagem de dinheiro relacionadas a Roberto Gonçalves, com base em acordos de cooperação internacional”, informou a procuradoria, por meio de nota.

Ainda segundo o comunicado, durante a apuração dos fatos, foram identificadas cinco contas bancárias, sendo que uma delas, registrada em nome da offshore Fairbridge Finance SA e que tem Roberto Gonçalves como beneficiário final, recebeu, somente em 2011, cerca de US$ 3 milhões de offshores ligadas ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

Outra conta, registrada em nome da offshore Silverhill Group Investment Inc. e que também tem Gonçalves como beneficiário final, recebeu, no ano de 2014, mais de US$ 1 milhão provenientes da conta da offshore Drenos Corporation, vinculada a Renato Duque.

“Esta conta do ex-diretor da Petrobras foi abastecida por valores oriundos da conta em nome da offshore Opdale Industries, que tem por benefíciário final Guilherme Esteves de Jesus, acusado na ação penal 5050568-73.2016.4.04.7000 de ter intermediado propinas em contratos da Petrobras para o Estaleiro Jurong”, acrescentou a procuradoria.

Ainda de acordo com documentos encaminhados pela Suíça, Roberto Gonçalves transferiu, em abril de 2014, parte do saldo da conta Fairbridge Finance S/A para contas na China e nas Bahamas. “Essa conduta demonstra, além da reiteração de crimes de lavagem de dinheiro, o propósito de impedir o bloqueio dos ativos criminosos e frustrar a aplicação da lei penal. Apesar da tentativa de esconder o patrimônio, ainda foi possível o sequestro de mais de US$ 4 milhões de conta ligada a Roberto Gonçalves”, concluiu a nota.

A Polícia Federal concluiu investigação sobre o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Operação Lava Jato e apontou indícios de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro. A informação foi revelada pelo Jornal Nacional, da TV Globo, e confirmada pelo jornal o Estado de S. Paulo.

A investigação da PF teve origem em mensagens de celular entre Maia e o empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS.

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Segundo o inquérito da PF, em troca de propina de R$ 1 milhão, o parlamentar teria defendido interesses da empreiteira no Congresso, entre 2013 e 2014, como apresentar uma emenda à uma Medida Provisória que definia regras para a aviação regional, em benefício da construtora.

O Jornal Nacional informou que Rodrigo Maia pediu à empreiteira doações eleitorais no valor de R$ 1 milhão em 2014. O dinheiro teria sido repassado oficialmente à campanha de César Maia, pai do presidente da Câmara.

Os investigadores suspeitam que a estratégia foi usada para ocultar a origem da propina da empreiteira. A PF sustenta que há 'fortes indícios de corrupção passiva e lavagem de dinheiro' por parte de Maia.

À reportagem do Jornal Nacional, Maia afirmou que 'nunca recebeu vantagem indevida para votar qualquer matéria na Câmara'. Segundo ele, 'ao longo dos cinco mandatos como deputado federal, sempre votou de acordo com orientação da bancada ou com a própria consciência'.

De acordo com as investigações da Operação Eficiência, apenas 10% dos US$ 16,5 milhões pagos como propina pelo empresário Eike Batista ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral foram recuperados. Os valores foram repassados em ações da Vale, da Petrobras e da Ambev.

O procurador da República Sérgio Pinel explicou que “por opção de Cabral, os US$ 16,5 milhões foram investidos em ações". "O que se conseguiu recuperar dessa conta da Arcadia [empresa] no Winterbotham [banco] é um valor muito pequeno porque boa parte do que foi aplicado nas ações evaporou”, completou. 

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A Arcadia, segundo as informações, teria sido usada para dar aparência de legalidade ao repasses do empresário, que continua foragido. O advogado de Eike, Fernando Martins, foi até a Superintendência da Polícia Federal e no Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro, nessa sexta (27), ratificando a disposição do ex-bilionário se entregar. Sobre o encontro, o MPF disse que “não há esse canal com a defesa”.

Sérgio Cabral está preso, em Bangu, no Rio de Janeiro, desde novembro de 2016. Cabral foi alvo da Operação Calicute, um desdobramento da Lava Jato. Ele é suspeito de comandar uma quadrilha que desviou verba pública. A sua esposa, Adriana Ancelmo, também está presa.

O procurador Leonardo Cardoso definiu o patrimônio dos membros da quadrilha como um “oceano”. “O patrimônio dos membros da organização criminosa chefiada pelo senhor Sérgio Cabral é um oceano ainda não completamente mapeado. Eu já diria que, esses US$ 100 milhões (R$ 340 milhões), é além do imaginável”, já chegou a dizer. 

O Brasil lidera, pela primeira vez, um ranking nos Estados Unidos de países citados por empresas suspeitas de pagarem propinas no exterior.

A lista foi feita por um blog especializado na legislação anticorrupção norte-americana (www.fcpablog.com), que utilizou dados do Departamento de Justiça dos EUA, órgão que investiga essas companhias junto com a Securities and Exchange Commission (SEC), agência de regula o mercado de capitais no país.

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Nessa relação, as multinacionais que estão sob investigação citaram o Brasil 19 vezes. Em seguida, aparece a China, com 17 menções, à frente de Iraque (oito), Cazaquistão (seis) e Índia (cinco).

Essa é a terceira edição do ranking, e nas primeiras duas versões, em 2015 e 2016, a China ocupou a liderança. Atualmente, a Petrobras e outras 80 empresas são investigadas nos Estados Unidos por suspeita de pagamento de propinas. 

O Ministério Público da Suíça aponta que o envolvimento da Odebrecht em esquemas de corrupção era altamente lucrativo para a empresa. Segundo as investigações do país europeu, para cada US$ 1 milhão pago em propinas a políticos, funcionários públicos brasileiros e de estatais, a empresa lucrava US$ 4 milhões com contratos que lhe eram dados por aqueles que recebiam os pagamentos.

A mesma investigação aponta que as contas secretas mantidas pela Odebrecht na Suíça financiaram de forma "regular" campanhas políticas, partidos ou políticos no Brasil, inclusive ministros. As revelações fazem parte dos documentos do Ministério Público suíço que foram usados como base para multar a empresa brasileira. De acordo com as investigações, pelo menos 66,5 milhões de francos suíços (cerca de R$ 210 milhões) foram pagos em propinas a ex-diretores de estatais e outros funcionários públicos no Brasil em propinas a partir das contas no país alpino.

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Na semana passada, a Suíça anunciou uma multa de US$ 200 milhões contra a Odebrecht, como parte do amplo esquema de acordos de leniência fechados pela construtora no Brasil e ainda nos EUA.

Nesta terça-feira, 27, o Ministério Público publicou os documentos datados do dia 21 de dezembro e que foram usados para justificar a multa e o confisco de recursos, explicando em detalhes como a Odebrecht fazia para pagar propinas.

Lucros

Segundo o MP suíço, as investigações mostram que pagar propinas garantia lucros para a empresa. Como resultado do sistema criado, os investigadores suíços estimam que a Odebrecht "lucrou pelo menos 4 milhões de euros com uma taxa de propina de 1 milhão de euros".

Por esse cálculo, os suíços estimam que aproximadamente US$ 100 milhões seriam alvos de uma compensação que a empresa teria de pagar. Mas ressalvam que, como o processo continua, crimes de lavagem de dinheiro podem elevar ainda mais os valores confiscados pelo Ministério Público. O que determinará esse eventual novo confisco estaria ligado à proporção estabelecida de 4 x 1 entre os lucros obtidos pela empresa e o pagamento de propinas.

Se a Odebrecht ficou com os lucros, quem perdeu foi o Estado brasileiro e a população. "Os interesses fiscais públicos do Estado brasileiro foram afetados: a comunidade pagou um preço inflacionado pela realização dos projetos dados para a Odebrecht e também financiou a propina", afirmou o MP suíço.

Pagamentos

Os nomes dos beneficiários, porém, foram mantidos em sigilo, já que as investigações continuam. Mas o Ministério Público confirma que foram feitos "pagamentos em contas suíças para o financiamento de campanhas políticas no Brasil e em outros lugares".

Por meio de um departamento da empreiteira dedicado ao pagamento de propinas, as transferências para "funcionários públicos e políticos foram de centenas de milhões".

Sem citar nomes, os documentos suíços também revelam como os investigadores chegaram à constatação de que os pagamentos estavam relacionados com marqueteiros de partidos. Transferências, segundo eles, foram feitas para pessoas que "fizeram seus nomes com a organização de campanhas políticas". Na Suíça, contas de João Santana - marqueteiro das campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014) - estão bloqueadas.

Para os suíços, a direção da Odebrecht tinha "conhecimento do estabelecimento e alocação de fundos de caixa 2, a camuflagem dos fluxos de dinheiro por meio de transações transnacionais desses recursos dentro desse caixa 2, assim como seu objetivo".

Para o procurador-geral suíço, "isso consiste em direcionar propinas e outros pagamentos ilegais para funcionários públicos no Brasil, Panamá e provavelmente em outros países".

Com os bancos suíços, a Odebrecht criou um sistema de caixa 2 para obter contratos. No total, a Suíça investigou mais de 300 transações bancárias, com o envolvimento de intermediários, funcionários públicos e outros suspeitos. A constatação foi de que um total de aproximadamente 440 milhões de francos suíços (cerca de R$ 1,4 bilhão) das subsidiárias da Odebrecht passaram pelos bancos suíços entre 21 de dezembro de 2005 e junho de 2014. No total, o sistema criado pela Odebrecht em todo o mundo movimento de forma ilegal US$ 635 milhões.

Beneficiários

"Pagamentos de propinas eram direcionados em grande parte para tomadores de decisões nos governos, envolvendo contratos de licitação e contribuições para partidos políticos e políticos", explicou o MP. Com base nessas informações, o MP concluiu que os pagamentos envolveram envio de recursos a funcionários públicos estrangeiros usando contas na Suíça, além de políticos, doleiros e campanhas políticas no Brasil e em outros países.

Ao Brasil, tabelas confiscadas pelos procuradores apontam que um total de pelo menos 66,5 milhões de francos suíços (US$ 210 milhões) foram pagos.

Entre os beneficiários de recursos da Odebrecht estão ex-diretores da Petrobrás que, entre março de 2008 e abril de 2014, obtiveram 43,7 milhões de francos suíços (R$ 138 milhões) em contas secretas. Um outro pagamento de 8,7 milhões de francos suíços (R$ 27,5 milhões) foi registrado em nome de outra pessoa não identificada, além de 14,2 milhões de francos suíços (R$ 44,8 milhões) entre 2009 e 2012 a funcionários públicos que teriam um papel na aprovação de projetos.

Os suíços também revelam que fica "claro a partir das planilhas confiscadas" e pelas delações que existiam acordos com políticos e tomadores de decisões dentro de instituições do governo" para o pagamento de propinas. Além disso, houve um "acordo regular para alocar certa parte desses recursos para certos políticos ou partidos políticos". "Esses pagamentos eram feitos a partir do Caixa 2".

Prisão

Um dos pontos centrais na investigação no país europeu foi a prisão de Fernando Miggliaccio, em 17 de fevereiro de 2016, em Genebra. Ele é descrito pelos documentos suíços como um "responsável pelo departamento de "Operações Estruturadas", o setor na empresa responsável pelo pagamento de propinas. "Muitos celulares, computadores e dados que estavam com esse funcionário" foram confiscados.

De acordo com os suíços, a empresa "sistematicamente impunha propinas em um sistema de caixa 2 para influenciar na obtenção de contratos de infraestrutura". Em agosto, ele decidiu cooperar.

Segundo o MP, o sistema usado para retirar das contas oficiais o dinheiro usado para o pagamento de propinas era altamente estruturado. Os recursos precisavam ser "aprovados" pelos principais responsáveis da empresa.

Na programação ainda estavam os detalhes das obras, o superintendente responsável, o valor do contrato e a propina paga. "Muitos dos planos e/ou instruções ("programações") eram feitas por semana (PROGRAMAÇÃO SEMANAL) ou por trimestre (PROGRAMAÇÃO TRIMESTRAL)", indicaram os documentos confiscados. "Eles provam que esses fundos do caixa 2 eram em grande parte intencionados a obter contratos", apontou.

Servidor

Central também na investigação suíça foi a descoberta de servidores mantidos pela Odebrecht na Suíça, com "uma enorme quantidade de dados" dos pagamentos de propinas. Em novembro, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que o país europeu havia confiscado o servidor. Agora, o processo revela que, nele, dados equivalentes a 2 milhões de páginas de documentos puderam ser retirados, "incluindo emails, ordens de pagamentos, conferências e contratos que serviriam para justificar pagamentos".

"Além disso, milhares de listas foram confiscadas e a partir dos pagamentos relatados por meio do sistema ilegal foram listados, com datas de pagamento, o valor e o nome dos recipientes", indicou o MP suíço.

Miggliaccio teria tentado apagar os dados do servidor em fevereiro e, de fato, sua operação teria ocorrido com sucesso. Mas acabou sendo preso.

Em um comunicado de imprensa emitido na semana passada, a Justiça suíça indica que, apesar da multa aplicada, vai continuar a investigar o caso da Odebrecht. A reportagem apurou que o centro do inquérito, agora, é o destino dos recursos.

Defesa

"A Odebrecht não se manifesta sobre o tema, mas reafirma seu compromisso de colaborar com a Justiça. A empresa está implantando as melhores práticas de compliance, baseadas na ética, transparência e integridade."

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) recebeu R$ 22 milhões de propina da Odebrecht, segundo a delação do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. De acordo com o delator, o atual líder do governo no Congresso "concentrava a arrecadação e distribuição dos recursos destinados ao partido". Em troca, Jucá atuava como "patrocinador" de uma "intensa agenda legislativa" em favor da Odebrecht.

Jucá recebeu o apelido de "Caju". O delator disse que o fato de sua relação com Jucá envolver dinheiro lhe dava privilégios, como o de ser recebido a hora que quisesse, mesmo com o gabinete lotado de pessoas ou de esperar o senador na sala dele, mesmo sem a presença do parlamentar.

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Sobre a escolha do senador como o principal articulador da empreiteira no Congresso, Melo apontou dois motivos: "a intensidade da sua devoção aos pleitos que eram do nosso interesse e o elevado valor dos pagamentos financeiros que foram feitos ao senador ao longo dos anos", diz o anexo da delação premiada.

Segundo o ex-executivo da Odebrecht, Jucá atuou para a aprovação de 14 projetos de lei ou medidas provisórias de interesse da empreiteira, principalmente de temas tributários. O delator lembra que ele é considerado o "Resolvedor da República no Congresso" e o "Eterno Líder", por ter ocupado esse cargo várias vezes. Segundo Melo, Jucá também tinha "desenvoltura" no tratamento com o Poder Executivo, especialmente nos ministérios da Fazenda e do Planejamento.

A conta, disse o delator, era paga nas eleições. "Todo apoio desenvolvido pelo senador teria, nos momentos de campanha, uma conta a ser paga", disse. Ele relatou que os apoios eram "equacionados" nas contribuições a pretexto da campanha eleitoral, de forma oficial ou via caixa 2. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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