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A rede de distribuição comprou nas siderúrgicas em dezembro 291,2 mil toneladas de aço plano, alta de 47,9% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). Ante novembro, o aumento foi de 4%. O levantamento do Inda inclui os dados de seus associados e incluem chapas grossas, laminados a quente, laminados a frio, chapas zincadas, chapas eletro-galvanizadas, chapas pré-pintadas e galvalume.

Já as vendas dos distribuidores chegaram em 253,2 mil toneladas no mês passado, crescimento de 34,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ante novembro, contudo, houve queda de 13,7%.

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Com isso, os estoques da rede subiram e atingiram 800,2 mil toneladas, com um giro de 3,2 meses.

As importações em dezembro caíram 43,3%, para 53,7 mil toneladas na relação anual. Na comparação com o mês imediatamente anterior houve alta de 10,4%.

Para janeiro em relação a dezembro, a expectativa do Inda é de aumento das vendas em 10%. O volume comprado, contudo, deve se manter.

Mais projeções

O Inda projeta que as vendas de aço da rede cresçam 5% este ano, para 3,56 milhões de toneladas. O impulso deverá vir, segundo o presidente da entidade, Carlos Loureiro, do setor automotivo e da construção civil.

As vendas da rede de distribuição em 2019 somaram 3,392 milhões de toneladas, aumento de 9,6% em relação ao volume de 2018.

O bom resultado foi impulsionado pelas fortes vendas em dezembro.

O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta sexta-feira, 20, que o aço e alumínio brasileiros não serão sobretaxados pelo governo dos Estados Unidos. "Ele (Trump) se convenceu e decidiu dizer aos brasileiros que nosso aço e alumínio não serão sobretaxados", afirmou em transmissão ao vivo nas redes sociais.

Segundo Bolsonaro, nesta tarde ele recebeu uma ligação de Donald Trump, que durou 15 minutos. "Entendo o que ele queria dizer e dei meus argumentos", disse.

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Trump prometeu aplicar tarifas à importação de aço e alumínio do Brasil e da Argentina em 2 de dezembro, em anúncio no Twitter, como forma de compensar a variação cambial da moeda destes países. Bolsonaro destacou que vem conversando com o governo americano desde aquela ocasião. "Nós ligamos muitas vezes e eles ligaram para nós e chegamos a um bom termo", explicou.

O presidente estava acompanhado do ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e do assessor especial da Presidência Filipe Martins. "Estou muito feliz com o senhor Donald Trump, da maneira como se dirigiu ao chefe de Estado brasileiro. E como nós prometemos lá atrás, durante a campanha, o nosso comércio não tem mais viés ideológico. Os EUA são um país importantíssimo para nós. E pode ter certeza, a nossa balança comercial crescerá muito nos próximos anos", declarou o presidente.

O anúncio do presidente Donald Trump de que pretende impor tarifas à importação de aço do Brasil e da Argentina pegou de surpresa não apenas integrantes do governo brasileiro, mas também parte dos diplomatas americanos que têm participado das reuniões de negociação comercial entre os dois países. A avaliação interna em Washington, até esse momento, era a de que todas as orientações dadas pela Casa Branca apontavam para a intenção de manter boas relações com o atual governo brasileiro.

Desde que o presidente Jair Bolsonaro visitou Trump, em março, os times econômicos dos dois governos têm travado uma série de negociações. Apesar da boa vontade mútua, reiterada em público e nos bastidores por americanos, o governo brasileiro já teve parte das expectativas sobre a Casa Branca de Trump frustradas. Primeiro, os americanos mostraram que o apoio à entrada do Brasil na OCDE não acontecerá imediatamente, já que os EUA não abrem mão de ditar o próprio ritmo de adesão de novos membros à organização. Depois, o governo Trump seguiu relutante na reabertura do mercado doméstico para importações de carne bovina fresca do Brasil. Em ambos os casos, os integrantes do governo Bolsonaro contornaram a decepção com a narrativa de que as medidas estão em andamento.

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O anúncio a respeito das tarifas do aço, no entanto, pegou o governo brasileiro desprevenido. O tuíte de Trump foi uma surpresa para diplomatas em Brasília e nos EUA. Em março do ano passado, os EUA anunciaram a imposição de uma sobretarifa de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio de vários países, incluindo o Brasil - o maior exportador de aço para os EUA. A medida foi questionada inclusive pela indústria americana, que considerou que poderia encarecer o preço de produtos que depender da matéria-prima brasileira, e Trump, então, estabeleceu para o Brasil cotas de importação sem a sobretarifa.

O Itamaraty tratava a situação do aço como uma questão superada. A avaliação dos negociadores do País era a de que "houve um entendimento" no ano passado por parte dos americanos sobre a complementaridade das duas indústrias. Além disso, como há uma cota estabelecida para a importação de aço brasileiro, o governo não via uma "inundação" do produto no mercado americano.

Em setembro, o chanceler Ernesto Araújo esteve em Washington para reuniões com a alta cúpula do governo americano, quando se encontrou com Robert Lighthizer. O americano é o representante comercial dos EUA e comanda o USTR, órgão responsável pela negociação de acordos comerciais e imposição de tarifas.

Até agora, mesmo com percalços, o discurso público do governo brasileiro era de comemoração por uma "nova era" entre os dois países. Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, esteve em Washington, onde se encontrou com o secretário de Comércio americano, Wilbur Ross. Novamente, o tom da equipe brasileira ao final das reuniões foi positivo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 2, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve fazer um telefonema para tratar do aumento de tarifas sobre aço e alumínio do Brasil e da Argentina, anunciado mais cedo pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Paulo Guedes deve estar ligando lá", afirmou. Bolsonaro não deixou claro para quem seria feita a ligação.

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A declaração de Bolsonaro foi feita no começo da noite, quando o presidente retornou ao Palácio da Alvorada.

Pela manhã, Bolsonaro que, "se for o caso", conversará com o presidente Trump. "Vou conversar com Paulo Guedes. Se for o caso ligo para o Trump. Tenho um canal aberto com ele", disse Bolsonaro.

A proximidade com Trump é frequentemente apontada pelo governo brasileiro como uma conquista da gestão Bolsonaro.

Em uma publicação no Twitter, no entanto, o presidente Trump afirmou que Brasil e Argentina têm desvalorizado as próprias moedas e, por conta disso, anunciou que vai retomar tarifas sobre aço e alumínio provenientes dos dois países da América do Sul.

"A desvalorização não é boa para os nossos fazendeiros", disse o chefe da Casa Branca, acrescentando que o que vem acontecendo com as moedas locais frente ao dólar causa dificuldades para as exportações americanas. "O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) precisa agir para que países não tirem vantagem de nosso dólar forte", completou.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta segunda-feira (2) que o governo quer entender melhor a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retomar a cobrança de tarifas sobre aço e alumínio brasileiros. Segundo o ministro, “é preciso agir com "calma".

"É um setor que, desde o ano passado, já preocupava os americanos, então vamos, como eu digo, tentar entender e depois ver como é que a gente vai conversar com os Estados Unidos. Com muita calma, vamos chegar a um entendimento sobre isso", afirmou a jornalistas, no Palácio do Planalto, após participar de um cerimônia que também contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes (Economia).

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Apesar do anúncio de Trump, o governo dos EUA ainda não formalizou nenhuma mudança específica nas atuais regras tarifárias para a importação de aço e alumínio vendidos pelo Brasil. Durante a tarde, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com Paulo Guedes, no Palácio do Planalto, para tratar do assunto, mas não falaram com a imprensa após o encontro. Pela manhã, Bolsonaro disse que poderia fazer uso de canal aberto que tem com Trump para evitar a imposição de tarifas anunciada.

Perguntado por jornalistas se Bolsonaro ligará para o presidente dos EUA de forma imediata, o chanceler brasileiro disse que não, ao menos "por enquanto". Ernesto Araújo disse também que o momento é de avaliar a questão no "nível técnico", para entender que tipo de medida será eventualmente adotada.

"Nós estamos no nível técnico, nesse nível de entender as medidas", disse. O ministro afirmou ainda que a medida não o preocupa. "Essa medida não nos preocupa e não nos tira desse trilho rumo à uma relação mais profunda".   

No final de agosto deste ano, o governo dos Estados Unidos flexibilizou as importações destes produtos, quando decidiu que companhias norte-americanas que negociarem aço do Brasil não precisariam pagar 25% a mais sobre o preço original, desde que provem que há ausência de matéria-prima no mercado interno. O Brasil está entre os principais fornecedores de aço e ferro para os Estados Unidos.

 

Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar no Twitter que vai retomar tarifas sobre o aço e o alumínio de Brasil e Argentina, o vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, rebateu Trump nesta segunda-feira, 2, e disse que o gesto do norte-americano é característico da tensão geopolítica que o mundo vive.

"Hoje, pela manhã, Trump disse que vai aumentar as tarifas do aço brasileiro porque estamos desvalorização de forma artificial as nossas moedas. Não é o que está acontecendo", disse o vice-presidente. "Isso (o ato de Trump) é uma característica da tensão geopolítica que estamos vivendo, que gera protecionismo e é anticíclica em relação à globalização", acrescentou.

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Mourão deu as declarações após falar sobre o conflito comercial entre Estados Unidos e China, que, na sua visão, gera oportunidades para países como o Brasil e leva a reações como a de Trump.

"EUA e China passam por um choque tecnológico, comercial, mas é também uma disputa de poder", afirmou Mourão. "Óbvio que abre oportunidades a países como nós, que precisamos dinamizar exportações, de financiamento de infraestrutura, de construção, e os chineses estão dispostos a financiar", disse. "Esse protagonismo provoca tensão no cenário internacional", declarou.

Mourão participou de um evento em São Paulo promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Ele fez discurso de abertura da 13ª edição do Congresso Brasileiro da Construção.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou, em entrevista à Rádio Itatiaia, que "tem quase certeza" de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai atendê-lo e voltar a atrás na decisão de retomar tarifas sobre o aço e o alumínio brasileiro.

Questionado sobre o assunto na entrevista, Bolsonaro disse que essa decisão de Trump é "munição" para seus opositores no Brasil, mas repetiu que vai conversar com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com Trump sobre o assunto. "Não vejo isso como retaliação, espero que Trump tenha entendimento e que não nos penalize. Tenho quase certeza de que ele vai nos atender."

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O presidente ainda comentou que o real está sendo afetado pela própria guerra comercial entre Estados Unidos e China e também por outras questões da América Latina, rebatendo o argumento de Trump de que o País estaria desvalorizando a moeda.

Comentando sobre patriotismo, Bolsonaro disse que tem de ser resgatado, respeitando a família, o cidadão que o elegeu e, "no caso da maior parte dos brasileiros", com temor a Deus.

Ele acrescentou que é importante lembrar que nossa bandeira é verde-amarela e "que não podemos aceitar ameaças comunistas". "Quando Macron colocou em risco nossa soberania na questão da Amazônia, o lado bom é que despertou nosso patriotismo."

Líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e ex-candidato do PSOL à Presidência da República, Guilherme Boulos (PSOL) reagiu, nesta segunda-feira (2), à postura do presidente Jair Bolsonaro diante da atitude do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, de aplicar sobretaxas alfandegárias contra o aço e o alumínio importados do Brasil e Argentina.

Bolsonaro, que já demonstrou ter uma relação afinada com Trump, disse que apenas "se for preciso" ele ligará para o aliado americano para tratar do assunto, mas antes pretende conversar com o ministro da Economia, Paulo Guedes. 

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Depois da fala do presidente, Boulos usou o Twitter para abordar o assunto e chamar de vergonhosa a atitude de Jair Bolsonaro. "Trump impõe a retomada de tarifas do aço e alumínio contra o Brasil. A reação de Bolsonaro foi dizer que, "se for preciso", vai ligar pra ele... Que vergonha! Quem se faz minhoca, não pode reclamar de ser pisado", ironizou o psolista.

Boulos não foi o único a reclamar da reação de Bolsonaro. O deputado federal José Guimarães (PT-CE) também reagiu. "A submissão do governo brasileiro dá nisso", disparou. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) considerou que isso "é o resultado da política externa de submissão que bate continência para bandeira dos EUA e rifa nossa soberania nacional. Uma política unilateral, que agride a diplomacia mundial e isola comercialmente nosso país".

O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta segunda-feira (2), que, "se for o caso", conversará com o presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o anúncio feito pelo norte-americano, de aumentar tarifas sobre aço e alumínio de Brasil e Argentina como forma de compensar a desvalorização da moeda destes países. A medida foi anunciada mais cedo por Trump no Twitter.

"Vou conversar com Paulo Guedes. Se for o caso ligo para o Trump. Tenho um canal aberto com ele", disse Bolsonaro. "Converso com Paulo Guedes e depois dou a resposta. Para não ter de recuar, tá ok?", completou Bolsonaro.

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A proximidade com Trump é frequentemente apontada pelo governo brasileiro como uma conquista da gestão Bolsonaro.

Em uma publicação no Twitter, no entanto, o presidente Trump afirmou que Brasil e Argentina têm desvalorizado as próprias moedas e, por conta disso, anunciou que vai retomar tarifas sobre aço e alumínio provenientes dos dois países da América do Sul.

"A desvalorização não é boa para os nossos fazendeiros", disse o chefe da Casa Branca, acrescentando que o que vem acontecendo com as moedas locais frente ao dólar causa dificuldades para as exportações americanas. "O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) precisa agir para que países não tirem vantagem de nosso dólar forte", completou.

De acordo com a publicação, os efeitos da medida anunciada são imediatos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (2) a aplicação de sobretaxas alfandegárias contra o aço e o alumínio importados de Brasil e Argentina.

Em seu perfil no Twitter, o magnata acusou os dois países de realizarem uma "desvalorização maciça de suas moedas", o que "não é bom" para os agricultores americanos. "Portanto, com efeito imediato, vou restaurar as tarifas contra o aço e o alumínio enviados para os EUA a partir destes países", escreveu.

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Trump também pressionou o Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, a agir para que outros países "não tirem mais vantagem" do fortalecimento do dólar, "desvalorizando ainda mais suas moedas". "Isso torna muito difícil para nossos manufatureiros e agricultores exportarem seus produtos", acrescentou, pedindo para o FED baixar os juros.

O real já acumula desvalorização de 9,4% em relação ao dólar comercial desde o início do ano.

Alinhamento

Desde que assumiu o governo, o presidente Jair Bolsonaro adotou um alinhamento automático com Trump em política externa e ofereceu aos EUA acesso à base de lançamento de foguetes de Alcântara (MA), além de ter isentado turistas americanos de visto.

A Casa Branca, por sua vez, designou o Brasil como "aliado extra-OTAN", mas ainda não formalizou seu apoio à entrada do país na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), dando preferência para Argentina e Romênia.

Nos últimos meses, no entanto, o governo brasileiro vem ensaiando uma aproximação com a China, que trava uma guerra comercial com Trump. As sobretaxas americanas contra aço (25%) e alumínio importados (10%) haviam sido anunciadas pelo presidente no início de 2018, mas logo depois ele isentou Brasil e Argentina da cobrança.

Da Ansa

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovou um alívio nas cotas de importação de aço para o Brasil e outros parceiros comerciais, conforme apurou a agência de notícias Reuters. Citando o Departamento de Comércio dos Estados Unidos, a agência informou que o aço brasileiro, da Coreia do Sul e da Argentina, além do alumínio argentino receberão alívio nas cotas de importação.

"As companhias podem solicitar exclusões de produtos com base em quantidade insuficiente ou na qualidade disponível dos produtores de aço e ou alumínio dos EUA", disse o Departamento do Comércio, de acordo com a Reuters. "Nesses casos, uma exclusão da cota pode ser concedida e nenhuma tarifa seria devida."

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Até então, as exportações brasileiras de aço semiacabado estavam sujeitas a uma cota baseada na média vendida para os norte-americanos de 2015-2017, já a exportação de aço acabado estava limitada à cota de 70% da média desses anos. Com o anúncio de ontem, na prática, as empresas americanas ficam autorizadas a comprar os produtos desses três países sem pagar a sobretaxa mesmo que a cota seja ultrapassada.

Na Coreia, as ações de empresas do setor, como a Hyundai Steel e a Posco, dispararam após a notícia.

O programa Globalizando desta semana fala sobre protecionismo norte-americano sobre o aço e alumínio e consequências para o Brasil. A convidada é a professora Mayane Bento, graduada em Relações Internacionais pela Universidade da Amazônia (Unama), mestre pelo Núcleo de Meio Ambiente (Numa) da Universidade Federal do Pará (UFPA), no programa de pós-graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia, doutoranda em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB). Mayane também é professora do curso de Relações Internacionais da Unama.

 Acompanhe esse e outros temas no programa Globalizando, na Rádio Unama FM 105.5, produzido pelos alunos do curso de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia (Unama). Clique no ícone abaixo para ouvir o Globalizando.

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Cedendo a uma medida unilateral imposta pelos Estados Unidos, o setor siderúrgico concordou em reduzir suas exportações para aquele mercado com a adoção de cotas, informou na última quarta-feira (2), o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo Mello Lopes.

Na comparação com 2017, haverá uma redução de 7,4% nas exportações de aço semiacabado, que representam 80% das vendas para aquele mercado. Para os produtos acabados, a queda será de 20% a 60%, dependendo do produto. No ano passado, as exportações de aço para os EUA renderam US$ 2,5 bilhões.

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Nos dois casos, a cota será dada pela média das exportações brasileiras para os Estados Unidos no período de 2015 a 2017. No caso dos produtos acabados, será aplicado ainda um redutor de 30% sobre a média. Esse redutor não será aplicado aos semiacabados, que são insumo para a indústria local. "Exportação continua sendo vital", disse Lopes, ao explicar que a indústria siderúrgica ocupa no momento 68% de sua capacidade e precisa manter a produção. Para o executivo, "o acordo não foi de todo ruim", principalmente porque foi apresentado num formato "pegar ou largar".

Na segunda-feira, 30, os americanos, que vinham dialogando sobre a possibilidade de excluir o Brasil das sobretaxas ao aço e ao alumínio anunciadas em março, deram suas negociações com o Brasil por encerradas e colocaram sobre a mesa duas opções: cota ou sobretaxa de 25% sobre as vendas de aço e de 10% sobre as de alumínio.

Com base nisso, o presidente Donald Trump disse na noite de segunda-feira que havia um acordo "em princípio" com o Brasil e faltariam fechar os detalhes. O governo brasileiro negou. "Foi uma decisão unilateral, é bom deixar isso muito claro", afirmou ontem o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge. O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, disse ao O Estado de São Paulo que os americanos não deixaram opção.

Acertos

Segundo o presidente do IABr, a proposta das cotas será aceita e a entidade discutirá com seus associados a distribuição dos volumes a serem exportados aos EUA. O sistema de cota é do tipo "duro" - ou seja, volumes acima da cota não poderão ser exportados, nem se pagarem a sobretaxa de 25%.

"Nós estamos pedindo que os EUA mantenham o volume das nossas exportações para o comércio americano", disse Marcos Jorge. Uma hipótese seria alterar o critério de cálculo da cota, usando como base apenas o ano de 2017, já que em 2015 e 2016 as vendas foram menores. Esse foi o pedido apresentado pelo IABr, segundo Lopes. Ele acrescentou que haverá um sistema de monitoramento das exportações e que, dependendo, poderá haver algum tipo de ajuste. "Nossa visão é que faltará aço nos Estados Unidos."

Alumínio

Embora o governo brasileiro tenha colocado numa nota conjunta dos Ministérios da Indústria e das Relações Exteriores que o setor de alumínio optou pela sobretaxa de 10%, a informação foi negada pelo presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Milton Rego. Ele afirmou ao Estado que essa é uma opção menos ruim do que a cota. Mas, como o governo dos EUA deu um prazo adicional para concluir as negociações, ele prefere esperar.

Para o alumínio, os EUA ofereceram uma cota de 41 mil toneladas, correspondente à média exportada nos últimos cinco anos. No entanto, as exportações do ano passado somaram 55 mil toneladas. E o ritmo das vendas neste ano aponta para 60 mil toneladas. A cota oferecida pelos americanos não acomoda nem o que já foi contratado de exportações neste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo brasileiro avalia negociar com os Estados Unidos alterações no cálculo das cotas de exportação de aço e alumínio para diminuir prejuízos ao comércio por causa das sobretaxas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio anunciadas em março. Segundo fontes do governo, essa é uma das poucas alternativas que restam, depois que os americanos colocaram apenas duas alternativas sobre a mesa: cota ou sobretaxa.

As duas opções são consideradas ruins pelo governo e pelo mercado. A cota é uma forma de limitar as exportações estabelecendo volumes máximos a serem embarcados para os EUA. Já a sobretaxa eleva o valor pago pelo importador americano, o que pode inviabilizar as vendas para aquele mercado. O Brasil vinha defendendo, nas negociações, que não deveria sofrer nenhum tipo de restrição no comércio dos dois produtos. O principal argumento é que 80% do aço exportado para os EUA é semiacabado, ou seja, insumo para a indústria local. Os negociadores vinham nessa queda de braço até que, na última sexta-feira, os americanos avisaram que não havia mais tempo para negociação e que o País precisaria escolher entre cota ou sobretaxa. No fim da noite de segunda-feira, quando terminou o prazo dado por ele próprio para a conclusão das negociações com os países afetados pela sobretaxa, o presidente Donald Trump disse que havia fechado um acordo "em princípio" com o Brasil e que seriam necessários mais alguns dias para negociar detalhes.

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Muito provavelmente, Trump se referia às cotas que eles propuseram ao Brasil e sobre as quais não tiveram resposta positiva. Mas, fora desse cardápio, aparentemente não há muitas opções, admitem fontes. Uma possibilidade seria questionar a medida norte-americana na Organização Mundial do Comércio (OMC). Não há decisão de governo quanto a isso.

"Precisamos esperar para ver como fica", disse ontem ao Estado o presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Milton Rego. Ele confirmou que havia as duas opções sobre a mesa, mas não está seguro sobre o que acontecerá, agora que os Estados Unidos decidiram prorrogar o prazo das negociações.

No caso do setor de alumínio, a proposta americana era uma cota baseada na média das exportações dos últimos cinco anos. Esse volume, disse o executivo, não é suficiente nem para cumprir as vendas que já foram contratadas para este ano. Além disso, a cota proposta por eles é do tipo "hard", além da qual não se pode exportar mais nada. Por isso, segundo fontes, o setor tendia a optar pela sobretaxa. Rego não confirmou. Ele prefere esperar para ver se haverá alguma alteração na proposta americana.

Posição

Para o aço, a sobretaxa de 25% praticamente inviabiliza as vendas, segundo declarou várias vezes o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Mello Lopes. A entidade só deve se posicionar sobre o caso hoje. Também hoje, os ministérios das Relações Exteriores e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços deverão divulgar nota conjunta.Fontes ligadas ao governo informaram que, no caso dos produtos siderúrgicos, as cotas serão calculadas sobre a média exportada de 2015, 2016 e 2017, anos que foram ruins para o comércio exterior. Ou seja, são cotas baixas.

É nesse ponto que os técnicos acreditam haver espaço para negociação. Enquanto o Brasil ainda avalia o que fazer, a Argentina anunciou haver alcançado um acordo definitivo com os Estados Unidos, segundo o jornal Clarín. Ela ficará livre das sobretaxas, mas observará cotas para suas exportações. Porém, diferente do que ocorreu com a Coreia, que aceitou cotas cujo resultado foi um corte nas vendas de 30%, a Argentina diz ter conseguido uma cota de 180 mil toneladas de aço, 35% superior à média dos últimos três anos. Para alumínio, serão 130 mil toneladas, o que corresponde à média dos últimos três anos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mais de um mês depois de anunciar que faria uma ligação para o presidente norte-americano, Donald Trump, o presidente Michel Temer ainda não oficializou o pedido de ligação para a Casa Branca.

Segundo fontes do Planalto, o governo brasileiro quer ter a situação em torno da sobretaxação das importações de aço e alumínio nos Estados Unidos totalmente resolvida para poder fazer o contato.

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Oficialmente, a área internacional da Secretaria de Comunicação da Presidência da República disse que "não houve pedido formal para que fosse feito telefonema para a Casa Branca".

No dia 14 de março, durante o Fórum Econômico Mundial, realizado em São Paulo, Temer afirmou que ligaria para Trump para discutir a medida que tem potencial de atingir em cheio a indústria siderúrgica brasileira.

Na semana seguinte, mesmo sem o governo americano emitir comunicado oficial, Temer anunciou, durante a abertura da 47ª Reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que a sobretaxa de 25% no aço e a de 10% no alumínio seriam suspensas enquanto as conversas estivessem em curso.

"Soube agora de uma declaração da Casa Branca de que o Brasil é um dos países que começarão as negociações, que visam a eventuais exceções das tarifas de importação do aço e do alumínio", disse Temer na ocasião.

O presidente brasileiro acrescentou que, segundo mensagem recebida do governo de Donald Trump, as taxas não seriam aplicadas enquanto as conversações não forem concluídas. "Portanto, uma boa notícia", comemorou Temer.

Depois do anúncio, cresceu a expectativa de que Michel Temer ligasse para Donald Trump para agradecer a medida. Apesar disso, destacam agora auxiliares do presidente, como a situação ainda não está definida totalmente, "não há o que agradecer a Trump".

Interlocutores de presidente destacam que a relação entre os dois países é cordial e ressaltam, por exemplo, o anúncio feito pela Casa Branca no último dia 10 de que o vice-presidente dos Estados Unidos, o republicano Mike Pence, vai visitar o Brasil no mês de maio.

Pence, inclusive, representou Trump na Cúpula das Américas, onde teve a oportunidade de estar com Temer. Apesar disso, não houve uma definição bilateral.

Temer deve mesmo se encontrar com Trump na Assembleia Geral da ONU, em setembro, em Nova York.

Os Estados Unidos indicaram ao Brasil que vão adotar um sistema de cotas para a entrada de aço importado sem restrição tarifária. A sinalização foi dada pelo secretário de comércio dos EUA, Wilbur Ross, em reunião com o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. Na conversa, o secretário reconheceu que o Brasil "não é um problema" para Washington na questão do aço e, por isso, terá o benefício. O governo brasileiro comemorou.

Após a crise comercial provocada pelo governo Donald Trump ao sobretaxar a entrada de aço importado em 25%, o imbróglio parece que começa a se resolver. Nessa quinta-feira, 12, Ross indicou que Washington tem interesse em resolver rapidamente a situação do Brasil no tema e propôs a adoção de um sistema de cotas para o aço de países que não são considerados "problema". Brasil e Coreia do Sul foram mencionados, sendo que as conversas com os coreanos estão mais avançadas. Representantes dos dois governos estão em Lima, no Peru, para participar da VIII Cúpula das Américas.

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Sem problemas

Nesse novo sistema de cotas, Washington não adotará nenhuma sobretaxa para o aço previsto na cota de cada país. A solução não deverá beneficiar China, Índia e Rússia. Ações de siderúrgicas reagiram positivamente e fecharam o dia em alta. Ao chanceler, o secretário norte-americano reconheceu que o aço do Brasil não é um problema para o governo Trump. O argumento é que, apesar de ser exportador do produto, a relação comercial entre os dois países é favorável para os EUA. Além disso, as empresas brasileiras têm investimentos no país, inclusive com geração de empregos no segmento siderúrgico. O governo brasileiro acredita que o novo sistema deve ser anunciado até o fim do mês - quando termina a isenção temporária ao material vindo do Brasil. Caso as negociações se estendam, o secretário dos EUA indicou ao Brasil que eventual sobretaxa teria compensação tributária posterior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump, que afeta o setor de aço, deve forçar o Brasil a ceder, avalia Rubens Ricupero, que foi embaixador do País nos Estados Unidos. Ele também já comandou o Ministério da Fazenda em 1994, na implantação do Plano Real, e teve de deixar a pasta depois de ter uma conversa captada por antenas parabólicas antes de uma entrevista ao jornalista Carlos Monforte.

Ao falar da divulgação de dados de inflação, ele disse que "o que é bom a gente fatura; o que é ruim, esconde." Hoje, Ricupero avalia que o sistema político está muito mais corrompido e em desintegração.

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Leia, a seguir, trechos da entrevista.

Estamos assistindo ao início de uma guerra comercial?

Não há dúvida de que o presidente Trump começou uma guerra comercial, baseada na ameaça. Mas é preciso separar as atitudes de Trump contra a China das que foram tomadas contra o Brasil.

Elas têm efeitos diferentes?

São de naturezas diferentes. No caso das tarifas que ele aumentou sobre o aço e o alumínio, alegando ser uma questão de segurança nacional, a intenção é forçar os países exportadores, como o Brasil, a negociar algum tipo de acordo, o que hoje em dia é ilegal, mas já se praticou muito nos anos 1980. Esses acertos são chamados de "acordos voluntários", de restrição de exportação. O país aceita restrições só para não ser retaliado.

E contra a China?

Ele quer diminuir o déficit comercial com a China. E há também uma disputa sobre propriedade intelectual. É uma tentativa de conter as exigências de investimentos e cessão de tecnologia, associação com empresas e mesmo cópia e roubo. Os chineses delinearam uma agenda para dez áreas de ponta - como robótica, supercomputadores, inteligência artificial - em que pretendem atingir a supremacia até 2025. Uma forma de adquirir tecnologia é comprar empresas ou obrigar quem se instala lá a ceder tecnologia. A própria Embraer teve problemas.

Essa postura surpreende?

Isso não tem nada de novo. Naquele livro que ele escreveu (ou que outros escreveram por ele), A Arte da Negociação, está dito que o que ele busca é ser imprevisível, criar um conflito e dizer ao adversário que o problema vai acabar assim que a outra parte oferecer alguma vantagem em troca. Mas esse tipo de atitude é ilegal e enfraquece as regras da Organização Mundial do Comércio.

A siderurgia brasileira deve perder muito?

Alguns grupos do Brasil nessa área há muito tempo investiram comprando usinas americanas. Quem tem mais a perder é quem não investiu nos Estados Unidos. O setor não é inteiramente unido. É claro que eles vão dizer o contrário, mas tem um grupo que não está se sentindo tão ameaçado.

Como o sr. avalia o primeiro ano do governo Trump?

A maior contribuição que ele deu até agora é a reforma tributária, que reduziu a incidência de imposto, sobretudo sobre grandes empresas. Por enquanto, está ajudando a acelerar o crescimento. Só que em um prazo maior, dificilmente compensará a perda de receita.

A relação entre Brasil e Estados Unidos deve mudar?

Hoje, a maior parte da agenda dos Estados Unidos tem pouca ligação com a do Brasil. A nossa é, em grande parte, voltada para o desenvolvimento, não tem muita ligação com questões geoestratégicas.

Seu livro mais recente, 'A Diplomacia na Construção do Brasil', relata grandes momentos do Brasil no exterior. A diplomacia brasileira se apequenou?

O Brasil ficou sem uma grande projeção, porque esse elemento do soft power, que vem do prestígio, sofre quando um país mergulha em uma crise - e o Brasil está longe de sair dela. Ainda que, em termos econômicos, haja sinais positivos, a crise do sistema político é preocupante. Basta ver as notícias recentes (da ação da Polícia Federal contra amigos do presidente Michel Temer). Como um País nessa situação vai ter grande projeção? Nem acho que a culpa seja do governo, mas é a situação histórica pela qual o Brasil passa.

Em 1994, o sr. deixou o Ministério da Fazenda após ter feito um comentário infeliz. Em períodos recentes, o alto escalão do governo vem sendo alvo de denúncias graves. O que mudou?

No meu caso, foi um deslize verbal. Esses outros casos são crimes. E eles se mantêm, porque o sistema está muito mais corrompido hoje. O sistema já dá sinais de esgotamento, na dimensão da corrupção, na repetição dos ilícitos com intervalos cada vez menores, no colapso da segurança pública e nas finanças de alguns Estados, no assassinato da vereadora Marielle Franco e no atentado contra a caravana do ex-presidente Lula. Não são fatos isolados. Há a possibilidade de uma reação, pelas eleições, se elas resultarem em um presidente e em um Congresso conscientes da necessidade de reformas. Isso pode ajudar o sistema a se regenerar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo montou um sistema de monitoramento especial para acompanhar, em detalhe e em tempo real, como estão as importações dos produtos atingidos pela decisão dos Estados Unidos de sobretaxar suas compras de aço em 25% e as de alumínio em 10%. A ordem é adotar medidas caso haja oscilações importantes no ingresso desses produtos no Brasil.

Há uma preocupação, no governo e no setor privado, quanto ao que pode acontecer com os produtos que "sobrarem" no mercado com a eventual redução das importações pelos Estados Unidos. Empresas brasileiras de aço e alumínio temem uma inundação e cobram mais proteção.

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"É ingenuidade achar que, com uma medida dessas (sobretaxa), as indústrias vão espontaneamente reduzir sua produção", disse o presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Milton Rego. "Elas vão buscar alternativas para desovar sua produção."

O presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo Mello Lopes, disse que, potencialmente, a sobretaxa pode desviar para outros mercados perto de 25 milhões de toneladas de aço importados pelos Estados Unidos. A produção brasileira foi de 34 milhões de toneladas no ano passado.

"Nós somos presa fácil", disse o presidente do conselho do IABr, Alexandre Lyra. Ele se referia ao fato que o governo decidiu, em janeiro passado, não aplicar uma sobretaxa sobre as importações de aço laminado a quente importado da China e da Rússia.

Os ministros que integram a Câmara de Comércio Exterior (Camex) entenderam que havia razões para cobrar uma taxa adicional nos casos analisados, mas preferiram adiá-la por dois motivos principais: as importações estão num volume relativamente baixo por causa da crise, e a medida poderia resultar na elevação do preço do aço, com repercussões em outros produtos industriais.

Paliativos

Lyra disse que o setor ganhou, mas não levou o antidumping. E no momento se encontra sem proteção alguma, num mercado que debate há alguns anos o que fazer com o excedente de produção de aço no mundo.

Na semana passada, em audiência com o presidente Michel Temer, ele pediu que a decisão da Camex seja revista. O setor argumentou que a sobretaxa dos EUA é um fato novo que justifica uma nova discussão. Do ponto de vista do governo, a aplicação do antidumping pode ser revista se houver um aumento expressivo da importação daquele produto específico.

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, disse que "a priori" não deve haver essa inundação do mercado brasileiro temida pelas empresas. "Temos um sistema de defesa comercial robusto e reconhecido no mundo inteiro. Temos uma medida antidumping já aprovada no setor de aço, mas suspensa. Caso haja alguma distorção no mercado, atuarmos dentro do devido processo legal", afirmou.

Para o gerente executivo de Assuntos Internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Diego Bonomo, é cedo para saber se haverá ou não essa inundação. Dependendo da real extensão da sobretaxa dos EUA, pode ser que o país reduza pouco suas compras.

Analistas de mercado também dizem que há risco de uma "inundação" de produto estrangeiro no País. Vitor Suzaki, da Lerosa Investimentos, diz que o movimento pode criar maior competição no ambiente doméstico que já tem apresentado recuperação da demanda, assim como retomada do crescimento do setor automobilístico.

A analista Sabrina Stefane Cassiano, da Coinvalores, no entanto, lembra que a sobretaxa nos Estados Unidos beneficia a Gerdau, pois cerca de 40% de sua receita advém de suas operações no mercado americano. Sabrina ressalta que as demais companhias, entre elas a Usiminas, poderão ser beneficiadas pela alta da demanda doméstica.

Fator China

Com a exclusão temporária de Brasil, Argentina, Austrália, Coreia do Sul e União Europeia da sobretaxa, pelo menos até 1.º de maio, boa parte do fornecimento deverá continuar como está, pelo menos no curto prazo. Ficou claro que o alvo da medida era a China - mas esse não é um problema pequeno.

A China fornece metade do aço e do alumínio importados pelo Brasil. No caso do aço, as compras chegaram a 961 mil toneladas, o que correspondeu a 41,3% do total importado. No caso do alumínio, a China respondeu por 46% das compras brasileiras no ano passado, que totalizaram 155 mil toneladas.

"Tem umas coisas que eu nunca tinha visto", comentou o presidente da Abal. Ele citou como exemplo os cabos de transmissão de energia elétrica. Há alguns anos, eles eram brasileiros. Hoje, predominantemente eles chegam da China. O país respondeu por 92% das importações brasileiras de cabos de alumínio no ano passado. "O Brasil é competitivo no alumínio. Compete com americanas e europeias, mas não com a China S.A.", disse o executivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na avaliação de especialistas em comércio exterior ouvidos pelo Estado, o principal temor é que a iniciativa tomada nessa quinta-feira, 22, pelo presidente Donald Trump contra os chineses provoque uma "escalada" de protecionismo ao redor do mundo.

Para Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e sócio da Barral M Jorge Consultores Associados, pode haver uma piora no comércio global como um todo, pois não se sabe que outras medidas o governo americano vai tomar após o anúncio dessa quinta-feira.

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Ele também avalia que a sensação de que o discurso protecionista está ganhando força na maior economia do mundo pode fazer com que os demais governos também se sintam obrigados a aumentar barreiras, dificultando que os produtos brasileiros conquistem mercados.

"Um ponto positivo dessa maneira Trump de fazer comércio exterior é que países, como Canadá e México, acabam se sentindo forçados a fazer um descolamento da política comercial americana e podem avançar na negociação de acordos com os países do Mercosul, o que também beneficiaria o exportador brasileiro."

Ele lembra que há muita resistência no Congresso americano e todos os governantes, exceto Trump, sabem o dano que uma guerra comercial causaria. "O mundo, de forma geral, está se mantendo cauteloso."

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a posição agressiva de Trump tem um componente de "pirotecnia", mas pode trazer um impacto negativo no comércio global. "O objetivo é minar a indústria chinesa, barrar o celular que hoje é pensado no Vale do Silício e montado na China."

De acordo com Castro, mesmo que as medidas de Trump sejam significativas, ainda é cedo para avaliar a dimensão do que ocorreu nessa quinta-feira.

"O impacto vai depender dos detalhes que o governo americano ainda não divulgou. Não se sabe quais produtos serão afetados. Na teoria, a China vai ficar com um excedente de produção e poderá precisar buscar novos mercados para escoar seus produtos."

Ele avalia que o resto do mundo vai tentar observar agora se as medidas tomadas por Trump têm potencial de evoluir para uma guerra comercial. "Se isso ocorrer, a China pode retaliar os Estados Unidos deixando de comprar produtos, como soja e carne, e buscando uma alternativa, que seria o Brasil." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os 5 mil metalúrgicos da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), no Ceará, viram como uma ameaça aos seus empregos a decisão do governo americano de impor uma tarifa de 25% nas importações de aço e de 10% nas de alumínio. O assunto chegou a ser levantado na última assembleia convocada para discutir a campanha salarial.

"Temos 2.600 metalúrgicos contratados pela CSP e mais 2.400 terceirizados, totalizando cinco mil, que estão preocupados com essa situação imposta por Trump", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Ceará, Fernando Chaves.

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"Até agora não falaram em demissão, mas não estão contratando. O clima dentro da siderúrgica é de expectativa e esperamos que isso se resolva logo. Que o presidente dos EUA entenda que precisamos desse emprego com a nossa produção de aço que exportamos para lá", afirmou nesta quarta-feira, 14, um metalúrgico que trabalha na CSP há um ano e meio e pediu para não ser identificado.

Com um ano de CSP, outro metalúrgico, que também pediu anonimato, disse que os trabalhadores não foram avisados sobre o problema e a produção continua a todo vapor. "Se essa situação chegar até nós, será ruim, pois o emprego está difícil".

Em operação parcial desde 2016, a siderúrgica, que é uma sociedade entre a Vale e as coreanas s Dongkuk e Posco, foi inaugurada oficialmente há um ano. Na época, o governo do Ceará tinha a expectativa de que CSP, em sua capacidade plena, chegasse a representar 12% do PIB do Estado.

A superintendente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará (Simec), Vanessa Pontes, destacou em nota que "a sobretaxa onera os exportadores de aço para os EUA e gera desigualdade competitiva em favor das siderúrgicas americanas". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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