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O Ministério da Saúde autorizou a ampliação "emergencial e temporária" de 15 vagas no Programa Mais Médicos para atender municípios do interior do Amazonas. O aval e o edital para o chamamento público dos profissionais foram publicados em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira, 26. No último dia 19, o governo já havia liberado 72 vagas adicionais no programa para atuação em Manaus. A ampliação é válida por um período improrrogável de um ano.

O sistema de saúde de Manaus entrou em colapso em virtude do agravamento da pandemia de covid-19 na cidade. A situação na capital amazonense piorou muito na segunda semana do mês de janeiro, quando começou a faltar oxigênio hospitalar para tratar pacientes, o que provocou mortes por asfixia e obrigou a transferência de doentes para outros Estados.

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A explosão dos casos de covid-19 também é atribuída a uma nova variante do vírus que circula no Amazonas. A quadro caótico agora não se concentra apenas na capital Manaus - e outras cidades do Estado já sofrem com a crise. O edital do Ministério da Saúde prevê envio dos médicos selecionados para nove municípios: Anamã, Codajás, Fonte Boa, Humaitá, Juruá, Lábrea, Manicoré, Tabatinga e Tefé.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, está em Manaus desde o último fim de semana. Ele viajou depois que a Procuradoria-Geral da República pediu um inquérito contra ele para investigar sua atuação no colapso de saúde na capital do Amazonas. Na segunda-feira (25), o Supremo Tribunal Federal (STF) instaurou a investigação. O inquérito deve apurar se houve omissão do governo federal na crise de Manaus. O próprio governo federal admitiu ao Supremo que soube da iminente falta de oxigênio em Manaus no dia 8 de janeiro, uma semana antes do colapso na cidade.

A nova viagem do general a Manaus também ocorre depois de uma primeira passagem do ministro pela cidade que ficou marcada pela pressão pelo uso de medicamentos sem eficácia contra a covid-19, como a cloroquina. Dessa vez, Pazuello não tem data para deixar a cidade, ele deve ficar por lá "o tempo que for necessário", segundo informou o ministério.

O Amazonas corre o risco de novo colapso no fornecimento de oxigênio, caso a demanda diária, hoje superior a 80 mil metros cúbicos por dia, aumente nos próximos dias. Segundo a única produtora no Estado, a White Martins, nos últimos cinco dias a empresa atingiu o limite máximo de entrega, duas vezes e meia a capacidade de produção de sua planta em Manaus, que é de 30 mil metros cúbicos por dia.

No dia 14, os hospitais de Manaus entraram em colapso por causa da falta de oxigênio e pacientes morreram asfixiados. Diante da crise, o Amazonas recebeu remessas de cilindros enviadas pelo governo federal e também doações, muitas delas articuladas pelas redes sociais. Segundo a reportagem apurou, o cenário de crise de duas semanas atrás ainda não se repete nas unidades de saúde, mas o aviso da White Martins acende o alerta no Estado.

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"Em paralelo, é imprescindível que as autoridades de Saúde mantenham o monitoramento constante da sua demanda no Amazonas, para que seja definido um plano de atendimento emergencia", diz nota da empresa enviada à reportagem. Procurado, o governo do Amazonas diz contar com o apoio das Forças Armadas para o transporte de oxigênio não só da White Martins como de outras empresas e doações para Manaus. "O governo do Amazonas também requisitou a produção de outras duas empresas locais que produzem oxigênio e que são de menor porte comparado à multinacional White Martins."

Vacinação

A juíza federal do Amazonas Jaiza Fraxe determinou que o governo estadual suspenda a entrega à prefeitura de Manaus das 132,5 mil doses da vacina Oxford/AstraZeneca que chegaram no sábado a Manaus até que haja transparência na vacinação, com a exigência da publicação de listas diárias de quem foi imunizado.

A magistrada quer evitar que pessoas fora do grupo prioritário recebam as doses, como ocorreu na semana passada. Dois funcionários do governo estadual já foram exonerados, mas há ao menos quatro integrantes da prefeitura da capital, entre eles a secretária de Saúde, Shádia Fraxe, e o de Limpeza Pública, Sebastião Reis, que não sofreram punição. O responsável pela Defensoria Especializada em Atendimento de Interesse Coletivo, Rafael Barbosa, defende, contudo, que não seja suspensa a aplicação da vacina, prevista para os maiores de 75 anos, além de completar os profissionais da saúde, que já começaram a ser vacinados com a Coronavac no dia 19. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, determinou à Casa Civil que exonere um servidor indevidamente vacinado contra o novo coronavírus. O nome de Gerberson Oliveira Lima aparece na lista das pessoas já vacinadas que a prefeitura de Manaus divulgou na noite deste domingo (24).

Na relação, Gerberson é identificado como trabalhador da área de saúde, mas sua função não é informada. Consultando o Portal da Transparência, a reportagem identificou que Lima foi contratado como assessor técnico comissionado da Casa Civil.

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“Acabei de tomar conhecimento que um funcionário da Casa Civil foi indevidamente vacinado”, escreveu o governador nas redes sociais. “Não compactuarei com este tipo de procedimento! Já determinei a exoneração do mesmo e a apuração do fato”, acrescentou Lima.

A prefeitura de Manaus divulgou a lista com os nomes das mais de 6 mil pessoas já vacinadas atendendo a uma decisão judicial. A pedido dos ministérios Público Federal (MPF), estadual (MP-AM), do Trabalho (MPT), Defensoria Pública do Estado do Amazonas, Defensoria Pública da União e Tribunal de Contas do Estado, a juíza federal Jaiza Maria Pinto Fraxe, da 1ª Vara do Amazonas, determinou, liminarmente, que a prefeitura informe diariamente dados de todas as pessoas vacinadas e que aquelas que tenham sido imunizadas indevidamente recebam a segunda dose da vacina.

O pedido de divulgação da relação nominal foi feito depois de denúncias sobre o possível favorecimento de pessoas que não fazem parte dos grupos prioritários e estavam sendo indevidamente imunizadas. As suspeitas de irregularidades motivaram a prefeitura e o governo estadual a suspender a vacinação dos profissionais de saúde da capital por dois dias, a pretexto de “reformular” o plano de vacinação. A vacinação já foi retomada.

As suspeitas também motivaram a Procuradoria da República (MPF-AM) a notificar duas jovens médicas recém-contratadas pela Secretaria Municipal de Saúde, as irmãs Gabrielle Kirk Maddy Lins e Isabelle Kirk Maddy Lins, para prestar esclarecimentos. Segundo o MPF, embora não estejam na linha de frente do combate à covid-19 e não façam parte dos grupos prioritários, as duas já foram vacinadas. O nome das irmãs Lins consta da lista da prefeitura, na qual as duas são identificadas como trabalhadoras de saúde.

Também constam da lista de pessoas vacinadas pela prefeitura de Manaus a secretária municipal de Saúde, Shadia Fraxe, que é médica, e a secretária municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania, a assistente social Jane Mara Silva de Moraes de Oliveira. Há ainda muitas pessoas vacinadas cujas funções não são detalhadas, mas constam da relação sob o termo genérico “outros”.

Consultada, a prefeitura de Manaus informou à Agência Brasil que o grupo foi estabelecido pelo Ministério da Saúde “para unificar diferentes atividades, além das especialidades médicas e de enfermagem, que fazem parte da rotina de atendimentos em estabelecimentos de saúde”, como profissionais de nutrição, biologia, biomedicina, psicologia, fonoaudiologia, segurança, cozinheiros, auxiliares de cozinha, maqueiros, acadêmicos em saúde e estudantes da área técnica de saúde em estágio hospitalar, atenção básica e laboratórios.

 

Começou a valer a partir de hoje (25), e vai até o dia 31 de janeiro, a ampliação de medidas restritivas para reduzir a taxa de infecção pelo novo coronavírus no estado do Amazonas. As medidas foram anunciadas no sábado (23) pelo governador do estado, Wilson Lima, após reunião do Comitê de Enfrentamento da Covid-19 com representantes do comércio e serviços e de órgãos de controle. Entre as novas medidas está a ampliação para 24 horas do período de restrição de circulação de pessoas no estado durante o período de sete dias.

De acordo com decreto publicado pelo governo do estado, poderão funcionar, durante o período de restrição de circulação, apenas supermercados varejistas e atacadistas de pequeno, médio e grande porte e padarias, no período das 6h às 19h. Já os mercados e feiras deverão funcionar das 4h às 8h. As drogarias e farmácias poderão funcionar 24 horas, assim como os serviços essenciais das áreas da saúde e segurança.

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O decreto com as restrições diz que será permitida a circulação para aquisição de produtos essenciais à vida, limitada a uma pessoa por núcleo familiar. Os serviços de delivery só serão permitidos das 6h às 22h para serviços essenciais, como os de venda de alimentação (restaurantes, lanchonetes, etc).

Não serão permitidos serviços delivery ou drive-thru de comércio e serviços não essenciais. Já os postos de combustíveis também poderão funcionar, sem a abertura das lojas de conveniência.

Contaminação

De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), o índice de contaminação pelo novo coronavírus no estado tem taxa de transmissão de 1,3, a mais alta do país. Isso significa que cada grupo de 100 pessoas infectadas transmite o vírus para 130.

O governador disse que a restrição é necessária devido à mutação do novo coronavírus, identificado no estado e que tem maior capacidade de transmissão. Ele disse ainda que apesar das medidas restringirem bastante a circulação de pessoas, não se trata de um fechamento total, o chamado lockdown.

“Não há lockdown no estado do Amazonas. Há muita gente disseminando informações que não são verdadeiras, estão propagando fake news. Essa é uma medida para que a gente possa diminuir aglomerações e, consequentemente, quebrar essa cadeia de transmissão do vírus, que, desta vez, de acordo com especialistas, tem uma capacidade muito grande de transmissão”, afirmou o governador Wilson Lima, durante o anúncio das novas regras.

A FVS disse ainda que foi constatado aumento de 135% no número de casos de covid-19 detectados nos últimos 14 dias, saindo da média móvel diária abaixo de 500 casos diários, na primeira quinzena de dezembro de 2020, para mais de 2 mil por dia em janeiro, tendo recorde neste ano de mais de 5 mil casos registrados em um único dia.

Confira as medidas de restrição – De 25 a 31 de janeiro

O que pode funcionar

• Supermercados varejistas e atacadistas de pequeno, médio e grande portes e padarias – das 6h às 19h, com venda restrita a produtos de higiene, limpeza e alimentação

• Drogarias e farmácias – 24 horas, com venda restrita a produtos de higiene, medicamentos e outros produtos farmacêuticos

• Mercados e feiras – das 4h às 8h

• Delivery de serviços de alimentação – das 6h às 22h

• Indústria – em turno de 12 horas (exceção para alimentos e produtos farmacêuticos e hospitalares)

• Transporte de cargas – apenas de produtos essenciais, como alimentação, combustíveis e produtos das áreas de saúde e segurança

• Postos de combustíveis

Quais atividades ficarão suspensas

• Não essenciais, incluindo lojas de conveniência de postos de combustíveis

• Delivery e drive-thru de comércio e serviços não essenciais

Circulação de pessoas

• Permitido deslocamento de uma pessoa do núcleo familiar para estabelecimentos do grupo de serviços essenciais

• Permitida a circulação de trabalhadores de estabelecimentos considerados essenciais

• Permitida circulação de pessoas para acesso a serviços de saúde, clínicas e laboratórios

• Permitido o deslocamento de agentes públicos que trabalham na área de saúde ou em ações de enfrentamento, e de profissionais de imprensa.

A juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe, da 1.ª Vara da Justiça Federal no Amazonas, decidiu no sábado (23), em caráter liminar, que quem recebeu a primeira dose da vacina contra a covid-19 furando a fila de prioridades não terá direito a tomar a segunda dose.

De acordo com a magistrada, "em razão da falta de explicação para os casos de pessoas que tomaram indevidamente a vacina, ficam todos proibidos de tomar a segunda dose, podendo ficar sujeitos à prisão em flagrante delito em caso de insistirem no ilícito".

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A ação veio em resposta a um pedido do Ministério Público Estadual e da Defensoria Pública. "Nosso próximo passo é buscar a transparência das listas, mais restrições em lockdown no Estado e pagamento de um auxílio para os que ficarem sem renda neste período", destacou o Defensor Geral Rafael Barbosa. O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), chegou a anunciar nas redes sociais nesta quarta-feira, 20, que baixaria uma portaria proibindo as pessoas de postarem fotos do momento da vacinação.

O Plano Nacional de Imunização, elaborado pelo Ministério da Saúde, definiu como grupos prioritários os idosos e deficientes residentes em institutos de longa permanência, profissionais de saúde e indígenas aldeados. No plano, o ministério recomenda uma "ordem de priorização" entre os profissionais de saúde, com as equipes de vacinação, trabalhadores de asilos e funcionários de serviços de saúde público e privados que atuam na linha de frente do combate à covid-19 em primeiro lugar. Estados e municípios podem, dentro dessas categorias, "adequar a priorização conforme a realidade local".

ASTRAZENECA

No início da noite de sábado, o Amazonas recebeu 132,5 mil doses da vacina da Univerdade de Oxford e da AstraZeneca enviadas pelo Ministério da Saúde. Segundo a assessoria dogoverno, serão destinadas, prioritariamente, aos idosos acima de 75 anos e para completar a vacinação de profissionaisda linha de frente no combate à covid-19 nas unidades de saúde.

Dez pacientes com Covid-19 foram transferidos do Amazonas para Pernambuco na noite desse sábado (23). Nas últimas semanas, o estado nortista sofre com um colapso da rede de saúde, que não possui vagas ou oxigênio nos hospitais. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), eles foram divididos em dois hospitais do Recife.

O voo com os contaminados aterrissou na capital pernambucana por volta das 22h, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Uma triagem foi realizada com apoio do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) e 20 ambulâncias remanejaram quatro pacientes para a enfermaria e um para a Unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas, na Zona Oeste, e os outros cinco pacientes para a UTI do antigo Hospital Alfa, na Zona Sul. 

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“Esta é uma ajuda humanitária. Os serviços do SUS devem atender a todos os brasileiros, independentemente de serem ou não moradores daquela cidade ou Estado, o que ratifica o preceito da universalidade do nosso sistema de saúde pública [...] Acreditamos que é indispensável a solidariedade entre todos os entes da federação para que possamos salvar mais vidas e trazer esperança para todos neste momento de pandemia”, ressaltou o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo. O gestor ainda lembrou que 200 concentradores de oxigênio foram enviados à rede hospitalar amazonense

Além da SES e do Samu, a operação envolveu a Central de Regulação do Estado, Secretaria de Saúde do Recife (Sesau), Hospital das Clínicas, CTTU, Centro Integrado de Operações de Defesa Social (CIODS), Centro Integrado de Comando e Controle Regional de Pernambuco (CICCR), BPTran, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Saúde, FAB e White Martins, que está forneceu o oxigênio para a ação.

Tanto os pacientes, quanto as equipes de saúde que os atenderam serão monitorados pelas equipes de Vigilância em Saúde do Recife e do Governo do Estado. Todos farão coleta de swab para posterior sequenciamento genético no Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz-PE.

O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) recebe 15 pacientes de Covid-19 transferidos de Manaus, capital do Amazonas, neste sábado (23). Segundo nota divulgada pela instituição, os manauaras desembarcam no Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes - Gilberto Freyre às 20h. O hospital disponibilizou mais cinco leitos, além dos 10 anteriormente divulgados. 

A recepção será possível graças a uma força-tarefa, montada para redefinir os fluxos, reorganizar as equipes e redistribuir os leitos. Os pacientes de Manaus serão internados na enfermaria de Doenças Infecciosas e Parasitária do HC. 

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"Estamos preparados para recepcionar os pacientes procedentes da capital amazonense portadores de Covid-19. Uma equipe do HC da UFPE estará já no aeroporto para realizar triagem do estado clínico para avaliação e encaminhamento dos pacientes para enfermaria ou UTI. Teremos a oportunidade enquanto hospital-escola de contribuirmos com a rede Ebserh e apoio dos gestores do SUS local nesta ação de caráter humanitário para acolhermos esses pacientes com o melhor que podemos oferecer: um tratamento integral e humanizado" comentou o superintendente do HC-UFPE/Ebserh, Luiz Alberto Mattos.

Experiência

De abril a dezembro de 2020, o Hospital das Clínicas da UFPE atendeu 403 pacientes com o novo coronavírus, além de ter realizado 2.282 teleconsultas e 3.559 teleorientações. Atualmente, a instituição desenvolve 58 estudos ligados à Covid-19, dentre as mais de 100 pesquisas da UFPE relacionadas à doença.

A crise gerada pela pandemia da Covid-19, a dificuldade do governo federal em construir uma campanha ampla de vacinação da população e as negligências do Ministério da Saúde - que resultou em um colapso nas redes de saúde do Amazonas e do Pará - estão fortalecendo os pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Um perfil do Twitter que monitora os deputados que se posicionam a favor ou contra a abertura do processo nas redes sociais, aponta que 111 deputados federais se manifestaram a favor, 59 contra e 343 não se posicionaram. Segundo esse levantamento, da bancada de deputados eleitos em Pernambuco, nove se posicionaram a favor, 15 não se manifestaram e apenas o deputado Felipe Carreras (PSB) se colocou contra.

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Ao todo, já são 61 pedidos de impeachment do presidente da República, nenhum deles foi analisado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM).  O cientista político e professor da Universidade da Amazônia (UNAMA), Rodolfo Marques, explica que para a possibilidade da abertura do processo de impeachment, a primeira questão que se deve analisar é o cenário político. 

Ele aponta que o que deve ser acompanhado neste momento é a eleição da mesa diretora da Câmara, que vai acontecer no dia 1º de fevereiro. O presidente Bolsonaro tem o seu candidato preferido que é o Arthur Lira (PP), que já se posicionou contra o impeachment, e o candidato do atual presidente da Câmara é o Baleia Rossi (MDB), que é apoiado por todos os partidos de esquerda que pedem a retirada de Bolsonaro do comando do Brasil.

Rodolfo salienta que com o resultado dessa eleição para a sucessão na Câmara é que pode ter uma aceleração ou um retardamento do processo de impeachment, já que é o presidente da casa quem dita a agenda da Câmara dos Deputados.

“Há mais de 60 pedidos de impeachment e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), em nenhum momento deu andamento a esses processos, principalmente porque ele considerou que haveria um risco de se levar esse processo adiante. Como o presidente Bolsonaro tem uma base fortalecida junto ao Centrão, ele poderia vencer e isso desgastaria o Congresso”, analisa.

Mesmo agora, com o país presenciando um desgoverno na questão da imunização e combate à Covid-19 por parte do governo federal, o especialista aponta que ainda não vê um deputado ou um grupo com voz predominante na Câmara dos Deputados para andar com o processo de impeachment. 

Rodolfo analisa que, para a abertura do processo de impedimento, alguns fatores precisam ser pulsantes. O primeiro é a mobilização do Congresso, que neste momento não está totalmente focado para o impeachment e Bolsonaro ainda conta com uma base de apoio forte, tendo a maior parte do Centrão ao seu lado. 

A segunda questão seria os escândalos de corrupção. Segundo analisa o cientista, não existe nenhum caso de corrupção que envolva diretamente o governo, mas, sim, Flávio Bolsonaro (Republicanos), filho do líder - o que não seria um fator preponderante para o impeachment do presidente da República. 

Terceiro fator importante é a crise econômica, que deve ser mensurada neste ano de 2021 com a pandemia, principalmente com o fim do Auxílio Emergencial que vinha auxiliando no combate à extrema pobreza.

O quarto e último fator seria a junção da mobilização popular e a pressão da mídia, o que já está acontecendo - não com multidões nas ruas por conta da pandemia da Covid-19. Para fortalecer essa pressão, está marcado para o próximo sábado (23), uma carreata em todo o Brasil de movimentos sociais contra o presidente Jair Bolsonaro e pelo seu impeachment. 

Apoio

Nesta quinta-feira (22), a pesquisa Exame/Ideia mostrou que a aprovação do presidente Bolsonaro despencou de 37% para 26%. O levantamento também constatou que a desaprovação do mandatário subiu para 45%.

Esse índice é considerado recorde desde junho, quando 50% dos entrevistados consideraram a gestão de Jair Bolsonaro ruim ou péssima.

Abaixo-assinado

Nesta última quinta-feira (21), um abaixo-assinado, que conta com o apoio do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), pedindo pelo impeachment de Bolsonaro foi criado e divulgado nas redes sociais. Em menos de 24h, mais de 50 mil pessoas já assinaram a petição.

Presidentes que já sofreram impechment

Na República brasileira, apenas dois presidentes sofreram um processo de impeachment: Fernando Collor (PROS) em 1992 e Dilma Rousseff (PT) em 2016. 

Bolsonaro completou dois anos de mandato e caso só ele sofra o impedimento, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), cumpre o restante do mandato porque não está em discussão a cassação da chapa. 

Durante reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), realizada na manhã desta quinta-feira (21), a Secretaria da Fazenda de Pernambuco votou a favor da isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o oxigênio hospitalar.

O secretário da Fazenda de Pernambuco, Décio Padilha, assegurou que a medida vale para a aquisição do Estado, destinadas às unidades hospitalares aqui situadas, e para à remessa solidária que será enviada ao Amazonas.

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Vale lembrar que Pernambuco já enviou 200 concentradores de oxigênio, juntamente com a Prefeitura do Recife, para o Governo do Amazonas. A doação chegou em terras amazonenses no último domingo (17). 

Os equipamentos doados foram usados em hospitais de campanha de Pernambuco e agora devem ajudar na grave situação vivenciada pelo Estado do Amazonas em meio à pandemia da Covid-19. 

O Governo de Pernambuco garante que a doação dos equipamentos não compromete a estrutura de assistência hospitalar aos pernambucanos.

A vencedora do BBB 20, Thelma Assis, está completamente engajada com a campanha de socorro aos hospitais de Manaus (AM). Além de ter solicitado doações para a compra de oxigênio e outros insumos que estão em falta nas unidades de saúde do estado, Thelminha fez questão de ir me pessoa emprestar sua mão de obra aos pacientes internados. Ela está atuando como médica na localidade. 

Thelminha é anestesista e decidiu trabalhar voluntariamente em prol dos pacientes amazonenses. Ela está atuando no Hospital Pronto Socorro 28 de Agosto, no bairro Adrianópolis, zona centro-sul de Manaus. Alguns colegas de profissão compartilharam fotos ao lado da ex-BBB e também médica exaltando sua boa ação.

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Nas legendas, os profissionais de saúde amazonenses agradeceram a solidariedade da colega e a elogiaram bastante. A fisioterapeuta Ana Rocha prestou uma homenagem e deixou seu agradecimento em sua rede social. “Plantão de hoje ao lado da Dra. Thelma Assis. Toda a minha admiração a ela que está aqui para ajudar o Amazonas”. 

O deputado federal Raul Henry (MDB-PE) apresentou um pedido para a aberura de uma de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com a finalidade de investigar as causas e os responsáveis pelo colapso do sistema de saúde em Manaus, no Amazonas. A proposta foi protocolada nessa terça-feira (19) na Câmara dos Deputados. 

Na avaliação de Henry, “a Câmara dos Deputados não pode se omitir da investigação desses fatos gravíssimos. A impunidade não pode prevalecer ante a negligência criminosa que foi praticada contra o povo do Amazonas”.

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“De todos os absurdos dessa tragédia que atinge o Brasil, cujas mortes pela Covid-19 representam 10% das mortes do mundo pela doença, o maior de todos foi o colapso no sistema de saúde de Manaus, em propagação pelo interior da região Norte do país”, observou o deputado ao justificar a solicitação.

 “Sem oxigênio nos hospitais, leitos fechados por falta do insumo, doentes levados a outros estados, cemitérios sem vagas e toque de recolher, a capital do Amazonas vive uma crise sem precedentes. O que chama atenção, no entanto, é que estamos diante de uma tragédia anunciada, que foi formalmente comunicada às autoridades desde as últimas semanas de 2020. Documentos oficiais, inclusive, relatam com detalhes o tamanho do problema e até a previsão exata de quando ocorreria o colapso”, emenda o emedebista.

 Raul Henry ressalta também que os casos de contaminação da doença cresceram e aponta a morosidade de atuação do Ministério da Saúde diante da situação na cidade. Veja a justificativa na íntegra:

De todos os absurdos dessa tragédia que atinge o Brasil, cujas mortes pela covid-19 representam 10% das mortes do mundo pela doença, o maior de todos foi o colapso no sistema de saúde de Manaus, em propagação pelo interior da região Norte do país.

Sem oxigênio nos hospitais, leitos fechados por falta do insumo, doentes levados a outros estados, cemitérios sem vagas e toque de recolher, a capital do Amazonas vive uma crise sem precedentes. O que chama atenção, no entanto, é que estamos diante de uma tragédia anunciada, que foi formalmente comunicada às autoridades desde as últimas semanas de 2020. Documentos oficiais, inclusive, relatam com detalhes o tamanho do problema e até a previsão exata de quando ocorreria o colapso.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de internações em Manaus dobrou em uma semana, saindo de 36 casos, em 20 de dezembro, para 88 casos, em 27 de dezembro. Nessa data, fornecedores de oxigênio da região já apontavam para a insuficiência da oferta do gás.

Após reunião do ministro da saúde, Eduardo Pazuello, com o seu secretariado, no dia 28 de dezembro, foi decidido que um grupo técnico seria enviado para avaliar a situação em Manaus. Mas a comitiva só chegou na cidade no dia 3 de janeiro de 2021. Já no dia seguinte, 4 de janeiro, o governo reconheceu a possibilidade iminente de colapso do sistema de saúde, dentro de 10 dias.

No dia 7 de janeiro, a White Martins oficiou que não tinha condições de atender à demanda dos hospitais por oxigênio, chegando a sugerir o nome de uma segunda fornecedora para ajudar a suprir essa necessidade.

Mesmo diante de todas essas alarmantes evidências, o que se viu foram pessoas indo a óbito por asfixia, pela impossibilidade do socorro adequado.

Diante do exposto, entendo que o Parlamento tem o dever de adotar as medidas que lhe cabem. A Câmara dos Deputados não pode se omitir da investigação desses fatos gravíssimos. A impunidade não pode prevalecer ante a negligência criminosa que foi praticada contra o povo do Amazonas.

Assim, justifica-se plenamente a criação da COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO, respaldada pelas assinaturas que acompanham a proposta.

 RAUL HENRY

Em meio a uma forte crise de saúde, causada pela alta da segunda onda da pandemia no estado amazonense, a cidade de Manaus já recebeu os primeiros lotes da vacina contra a Covid e deu início à imunização dos grupos prioritários. Porém, a vacinação na capital do Estado começou cercada de denúncias. Segundo a página Bora Conversar Política, o prefeito David Almeida (Avante) teria nomeado os filhos dele e de alguns empresários para cargos comissionados na área de saúde a fim de “furarem a fila” da vacina. Além disso, caixas com o imunizante teriam sido desviados para outros órgãos na cidade. 

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De acordo com os Tweets da “BCPolítica”, o suposto esquema teria sido descoberto após filhas de um empresário do Amazonas terem postado em suas redes sociais fotos durante a vacinação. “Em Manaus, filhos(as) de empresários e políticos que acabaram de se formar em Medicina estão sendo nomeados pelo Prefeito para atuar na linha de frente da COVID-19 e furam fila da vacina. Milhares de doses estão sumindo e ninguém sabe para onde foram”. A denúncia foi feita na madrugada desta quarta (20). 

Além disso, o perfil também indica que alguns lotes da vacina teriam sido desviados para outras áreas, que não a da saúde, na capital amazonense. “Dizem que algumas caixas foram desviadas para o Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, Ministério Público, políticos e empresários.” Em um dos comentários da postagem, um seguidor repostou um vídeo no qual David Almeida aparece dizendo que será emitida uma portaria proibindo a publicação de fotos nas redes sociais durante a imunização. 

Entre as postagens, a página também mostrou alguns prints de Isabelle Lins, filha de um empresário amazonense, se defendendo das acusações. Segundo Isabelle, ela é médica formada e, portanto, parte do grupo prioritário na imunização. “Eu sou profissional de saúde e tive o meu direito. Falem qualquer coisa, menos que furei a fila por ser herdeira”. A jovem também disse que entraria com processos caso fosse preciso. 

Procurada pelo LeiaJá, a Prefeitura de Manaus falou sobre as denúncias. Confira a nota na íntegra: 

A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), iniciou na tarde desta terça-feira, 19/1, a vacinação dos profissionais de saúde da rede pública da cidade. A equipe de imunização da Semsa iniciou os trabalhos pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), com atendimento exclusivo para casos suspeitos de Covid-19.

Com o baixo volume de doses de vacinas contra a Covid-19 repassado pelo governo do Estado à Prefeitura de Manaus - apenas 40.072 das 282 mil recebidas do Ministério da Saúde, na última segunda-feira, 18 -, o Executivo municipal precisou rever o plano de vacinação.

Do total de doses recebido, a prefeitura reservou 12,2% delas para os profissionais da rede municipal, que estão atuando no enfrentamento à Covid-19.

Com o baixo volume de vacinas, a Semsa solicitou ao Estado a lista de prioridades das suas unidades de média e alta complexidades. No entanto, o documento final só foi enviado por volta das 15h30.

Seguindo a programação, com escolta, a equipe de imunização saiu, às 14h, do complexo oeste da divisão do Programa Nacional Imunização municipal, no bairro da Paz, onde está localizada a rede de frio municipal, onde são armazenadas todas as vacinas.

Com a lista de prioridades da rede de saúde do Estado, a Semsa começa nesta quarta-feira, 20, a vacinação dos profissionais da saúde dos hospitais, prontos-socorros, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Serviços de Pronto Atendimento (SPAs) escolhidos pelo governo.

Sobre o caso das médicas Gabrielle Kirk Lins e Isabbele Kirk Lins, vacinadas neste primeiro dia de imunização, não há nenhuma irregularidade, uma vez que se encontram nomeadas e atuando legitimamente no plantão da unidade de saúde, para a qual foram designadas, em razão da urgência e exceção sanitárias, estabelecidas nos primeiros 15 dias da nova gestão.

O vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Jorge Mussi, determinou nessa terça-feira (19) que o governo do Amazonas e prefeitos do Estado prestem informações, em até 48 horas, sobre o recebimento e uso de recursos federais para o combate à pandemia da Covid-19. Os gestores também terão de apontar quando tiveram conhecimento do risco de desabastecimento de oxigênio nas unidades de saúde.

A decisão foi proferida a pedido do Ministério Público Federal (MPF), no âmbito do inquérito instaurado na corte para apurar supostas fraudes envolvendo a instalação de um hospital de campanha em Manaus. A investigação corre sob sigilo e as informações foram divulgadas pelo STJ.

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No sábado (16), o procurador-geral da República, Augusto Aras pediu abertura de inquérito no STJ para apurar suposta omissão do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e da prefeitura de Manaus quanto à adoção das medidas de combate à Covid-19, especialmente o fornecimento de oxigênio.

Ao analisar a solicitação, Jorge Mussi, no exercício da presidência do STJ, considerou haver possibilidade "de que tenha havido ilegalidades diversas no emprego de recursos federais destinados ao enfrentamento da pandemia" no Amazonas, justificando a conexão com o pedido no inquérito já em andamento.

O ministro ordenou o fornecimento de uma série de informações: valor total de recursos federais recebidos; as ações adotadas no combate à pandemia; o número de leitos clínicos e de UTI à disposição; e o número de profissionais envolvidos nas ações de combate à pandemia, além de outros dados técnicos sobre as ações de saúde pública desenvolvidas pelo SUS.

O ministro ainda determinou que sejam prestadas informações detalhadas sobre o fornecimento de oxigênio para Amazonas, dados sobre as empresas fornecedoras, cópias dos procedimentos de contratação, critérios técnicos utilizados para a aferição da necessidade de oxigênio para as unidades de saúde do Estado e dados sobre a periodicidade das entregas e os setores responsáveis pela demanda.

Ao menos seis pessoas da mesma família morreram por asfixia na cidade de Faro, Pará, de segunda-feira (18) para terça-feira (19). A realidade no local, de 12 mil habitantes, é de colapso na rede da saúde com a falta de oxigênio para pacientes da Covid-19. O município fica na divisa com o Amazonas, Estado que ainda não resolveu a crise de abastecimento do insumo, que se estende há pelo menos 13 dias.

Na última semana, outras 18 pessoas morreram asfixiadas em três cidades amazonenses, conforme governos locais e o Ministério Público. Balanços extraoficiais de prefeituras e médicos apontam um total de 35 óbitos.

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Em Faro, a situação mais preocupante é na comunidade de Nova Maracanã, onde havia na terça 34 hospitalizados. A prefeitura pede ajuda para transferir oito doentes em estado grave e com urgência de UTI. A falta de estrutura também atinge as cidades vizinhas de Terra Santa (PA) e Nhamundá (AM).

Na manhã desta terça-feira, o prefeito de Faro, Paulo Carvalho, conseguiu comprar 20 cilindros de oxigênio de Santarém (PA). Faro também costuma comprar suprimentos em Manaus. "Ambas as cidades estão em crise. A demanda é maior que a quantidade, porque a produção está comprometida", diz, referindo-se à crise na empresa White Martins, fornecedora de oxigênio hospitalar no oeste do Pará.

Prevendo alta de infecções, a prefeitura de Faro aumentou o total de leitos de seis para 30. Segundo o médico da Unidade Básica de Saúde da cidade Yordanes Perez, o oxigênio recebido nesta terça garante só dois dias de tratamento dos pacientes.

O morador Luís Carvalho relatou a mobilização na madrugada para ajudar os doentes. Segundo ele, foi preciso o empréstimo de dois cilindros de Nhamundá para evitar mais mortes. "Eram três horas da madrugada quando duas balas (cilindros) chegaram de voadeira (espécie de lancha) em Faro. Uma ficou aqui (NA UBS) e a outra levamos de carro para Nova Maracanã", conta.

Desde o dia 5, Faro está em toque de recolher. De 20h às 5h, não é permitida movimentação. Durante o dia, o comércio local funciona com restrições. As medidas foram tomadas após o fim de ano, quando a cidade recebeu muitos visitantes de Manaus.

Na semana passada, o Pará proibiu a circulação de embarcações vindas do Amazonas. A Secretaria de Saúde Pública do Pará informou ser de responsabilidade das prefeituras a manutenção de contratos e a aquisição do oxigênio. Conforme o Estado, 159 cilindros foram distribuídos ontem para a região.

Amazonas

Em Coari, a 362 quilômetros de Manaus, foram confirmados sete óbitos de domingo para segunda por falta de oxigênio no hospital regional. A prefeitura da cidade acusou o Estado de reter 200 cilindros. Conforme o governo, o Estado teria enviado 40 cilindros na segunda, mas o avião que realizaria o desembarque dos equipamentos foi direto para o município de Tefé, a 523 km da capital, impossibilitando o retorno a Coari já que o aeroporto local não opera voos noturnos.

Em nota, a Secretaria de Saúde do Amazonas disse lamentar e afirmou que, por "opção do município, o sistema de saúde na cidade é independente, sendo a gestão municipal". Mas, segundo o texto, o Estado "nunca se furtou de auxiliar a administração local". A pasta alega que a carga de cilindros foi enviada a Tefé, por causa de um atraso da fornecedora de oxigênio.

As outras mortes por asfixia no interior foram em Manacapuru (7), segundo o MP e Itacoatiara (4), onde o governo do Estado sugeriu na semana passada abrir valas diante da impossibilidade de suprir rapidamente os estoques de oxigênio. Em Manaus, não há dados oficiais.

O Amazonas não está conseguindo suprir a demanda do interior de pedidos de internação ou oxigênio. Enquanto defensores públicos e promotores entram com ações civis públicas para tentar priorizar seus municípios, decisões judiciais barram as tentativas e colocam na mão do Estado decidir quem é prioridade.

O papa Francisco rezou nesta quarta-feira (20), por todos que sofrem pela pandemia do novo coronavírus e, em especial, pela situação enfrentada em Manaus. A capital do Amazonas vive uma grave crise sanitária desde 14 de janeiro pela falta de leitos e oxigênio para os pacientes de Covid-19. "Nestes dias a minha oração vai para os impactados pela pandemia, especialmente em Manaus, no norte do Brasil. O Pai Misericordioso os sustenta neste momento difícil", disse Francisco durante audiência geral celebrada na biblioteca do palácio pontificio.

De acordo com o boletim epidemiológico divulgado nesta terça-feira (19), mais de 382 pessoas com diagnóstico confirmado ou suspeito de Covid-19 aguardam na fila por vagas em UTIs e enfermarias em Manaus.

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Em abril de 2020, durante o primeiro pico da pandemia na capital do Amazonas, Francisco ligou para o arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner, para prestar solidariedade às vítimas da Covid-19. Na ligação, o papa manifestou especial preocupação com os povos indígenas, os ribeirinhos e a população de baixa renda.

Falta de oxigênio

Manaus vive novo colapso do sistema de saúde pelo menos desde o dia 14 de janeiro, quando o estoque de oxigênio acabou em vários hospitais da cidade e levou pacientes internados à morte por asfixia. Desde então, uma operação de guerra foi iniciada para suprir a demanda, que ainda não foi normalizada. A situação também é realidade em municípios do interior do Estado, como Coari, que registrou sete óbitos nesta terça-feira, 19, por falta de oxigênio no hospital regional. Outras mortes por asfixia foram confirmadas em Manacapuru e Itacoatiara.

O avô da servidora pública Priscila Vasques Castro Dantas, o aposentado Francisco José Casal Castro, de 82 anos, está em casa por falta de vaga em hospitais no Amazonas, que viveram colapso na semana passada diante do agravamento da pandemia da covid-19 e da falta de oxigênio e outros insumos.

"Minha avó, infelizmente, piorou e foi entubada no hospital, mas vovô a gente se cotizou para comprar oxigênio, bipap e todo o equipamento necessário para montar quase uma UTI para ele", contou ela.

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Cuidado também em casa da covid-19, o empresário Ruberval Santana comprou um cilindro de oxigênio para seu tratamento. "Infelizmente a ineficiência dos hospitais públicos e privados nos leva a tomar atitudes assim", conta o bancário Jhones Santana, filho de Ruberval. Para utilizar o equipamento a família precisou de ajuda profissional. "Contratamos um enfermeiro, que adicionou a válvula de instalação. Nos primeiros dias a fisioterapeuta manuseava; depois nós passamos a fazer isso ". Desde o dia 12, a família já gastou mais de 8 mil reais com o home care. Além do cilindro, o empresário faz todo dia exames e fisioterapia.

A realização de exames é vital. "Com o quadro agravando, não é só a questão de ofertar pressão e oxigênio", explica a enfermeira intensivista Maria Cristina. "Esse paciente tem que ser monitorado também com exames de sangue - entre eles gasometria, hemograma, PCR e dímero-d", acrescenta. "A falta de exames com resultados em tempo hábil, a visão de que o paciente precisa de tratamento intensivo hospitalar, pode ser o momento 'ouro' para alguns", finaliza

A corrida para a compra de oxigênio, para quem está sendo tratado em casa é uma batalha diária. Nos grupos de WhatsApp é avisado quando chegam novos carregamentos em empresas particulares e longas filas se formam.

Preço triplicado

Ninguém reclama do preço, embora em alguns casos seja cobrado mais que o dobro do preço normal. "Um cilindro de 3 litros que custava R$ 1.000, está sendo vendido a R$ 4.000 aqui", diz o vendedor de uma empresa de oxigênio. "Tem gente que chega com vários familiares, vários cartões diferentes e dinheiro trocado, é de cortar o coração."

Na cidade de Itacoatiara (a 269 quilômetros de Manaus), segundo um médico do hospital José Mendes, há 87 pacientes internados e três entubados. "Revezamos os únicos cilindros durante a noite, mas perdemos seis pacientes. O oxigênio disponível só vai até o fim da tarde de hoje", afirmou.

Em Manaus, quem conseguiu ser transferido para outros Estados comemora. "Meu pai esperava na antessala do 28 de Agosto, foi abordado com a proposta de ser transferido para o Piauí e aceitou. De lá ele fala comigo rapidinho pelo WhatsApp, está toda hora no oxigênio, mas lúcido. Todo dia uma psicóloga ou assistente social me liga", conta a veterinária Sabrina Souza, também diagnosticada com covid, mas se tratando em casa.

Pazuello

Em Brasília, o ministro Eduardo Pazuello, da Saúde, voltou a dizer ontem que o governo federal não tem qualquer responsabilidade pelo que ocorre em Manaus. "Fizemos tudo o que tinha de fazer. Estamos fazendo e vamos continuar fazendo", disse ele a jornalistas no Palácio do Planalto.

De novo, aproveitou para criticar a imprensa, voltando a mencionar o "tratamento precoce". Irritado, afirmou que jamais elaborou protocolo ou estimulou o uso de qualquer medicamento. Segundo Pazuello, a defesa do governo federal é pelo "atendimento precoce". E destacou: "Essa é a nossa guerra. A guerra contra as pessoas que estão manipulando nosso país há muitos anos". Disse também que não adianta "colocar uma redoma em Manaus", pois a variante já circula no resto do País. (Colaboraram Mateus Vargas e Emily Behnke).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, voltou a tentar afastar do governo federal de qualquer responsabilidades pelo colapso de saúde em Manaus (AM). Desde a semana passada, a cidade não tem oxigênio para todos os pacientes da covid-19 e até para bebês prematuros.

"Fizemos tudo o que tinha de fazer. Estamos fazendo e vamos continuar fazendo", disse Pazuello nesta segunda-feira, 18, no Palácio do Planalto, em entrevista à imprensa.

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O general negou a lentidão do governo federal para oferecer ajuda na entrega de insumos como o oxigênio e culpou a imprensa: "Tudo é noticiado e apresentado diariamente. Nada disso chega desta forma a nossa população", disse. "Essa é a nossa guerra. A guerra contra as pessoas que estão manipulando nosso país há muitos anos", completou.

O presidente Jair Bolsonaro apoiou protestos feitos no Amazonas, em dezembro, que levaram o governador Wilson Lima (PSC) a desistir do fechamento do comércio. "Sei que a vida não tem preço. Mas não precisa ficar com esse pavor todo", disse Bolsonaro em 28 de dezembro. "Vi que o povo em Manaus ignorou o decreto do governador do Amazonas", completou.

Menos de um mês mais tarde, as aglomerações de fim de ano são apontadas pelo próprio governo local como determinantes para a explosão de internações e mortes.

O ministro ainda afirmou que o governo estuda o impacto da variante da covid-19 que foi identificada em Manaus. "Para descobrir o grau de contaminação, se é alto ou normal. Se causa gravidade maior. Se há impacto nas vacinas que estamos projetando ao país", disse. Pazuello afirmou que não adianta "colocar uma redoma em Manaus", pois a variante já circula no resto do País.

O governo federal disse ao Supremo Tribunal Federal (STF) que soube no dia 8 de janeiro da falta de oxigênio. No dia seguinte, segundo Pazuello, ele e sua equipe embarcaram para Manaus e houve reforço na entrega de insumos.

Ao lado de Pazuello na entrevista desta segunda, o governador Wilson Lima disse que conseguiu, nesta segunda-feira, equilibrar a distribuição de oxigênio. Ele afirmou também que há preocupação sobre nova pressão na rede de saúde em fevereiro, quando aumentam os casos de doenças respiratórias.

Pazuello afirmou que, mesmo com o exemplo de Manaus, o governo federal não deve realizar novas campanhas para incentivar o distanciamento social e outras medidas contra a covid-19. "O ministério já faz campanha sobre isso. E muito abrangentes", disse.

'Tratamento precoce'

A viagem do ministro Pazuello a Manaus, na última semana, ficou marcada pela defesa do uso de medicamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina e a hidroxicloroquina.

Na entrevista à imprensa nesta segunda-feira, Pazuello irritou-se e disse que jamais elaborou protocolo ou estimulou o uso de qualquer medicamento. Segundo Pazuello, a defesa do governo federal é pelo "atendimento precoce".

No vocabulário do Ministério da Saúde e do presidente Jair Bolsonaro, porém, este atendimento tem se misturado com a defesa do uso dos fármacos de eficácia contestada. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, Pazuello lançou em Manaus o TrateCOV, aplicativo para médicos que ajuda no diagnóstico e indica o uso da cloroquina e outros medicamentos que são aposta de Bolsonaro contra a covid-19. Em ofício à Secretaria de Saúde de Manaus, o ministério chegou a afirmar que é "inadmissível" não prescrever antivirais contra a covid-19.

"A senhora nunca me viu receitar ou dizer, colocar para pessoas tomarem este ou aquele remédio. Não aceito a sua posição", disse Pazuello, no Planalto, a uma jornalista que questionava sobre estes remédios. Em seguida, o general afirmou que o governo seguirá entregando o medicamento, "quando solicitado" por Estados. "Nunca indiquei medicamentos a ninguém. Nunca autorizei o Ministério da Saúde a fazer protocolos indicando os medicamentos."

Em 22 de outubro, quando estava com a covid-19, Pazuello disse que acordou "zero bala" após tomar o "kit completo", que incluiria hidroxicloroquina, entre outros medicamentos. A declaração foi feita ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que disse: "Se algum médico não quiser receitar a hidroxicloroquina, o que faz?" Pazuello respondeu: "O médico chama outro médico, se o paciente quiser tomar, assina lá o compromisso, receita."

O governo do Amazonas orientou uma prefeitura do interior do Estado a abrir valas para enterrar seus mortos por não ter previsão de chegada de cilindros de oxigênio em nenhuma cidade do interior. A orientação é citada pelo Ministério Público Estadual, que entrou com uma ação civil pública neste sábado, 16, para obrigar o Estado a enviar oxigênio para o município de Itacoatira, a 269 quilômetros de Manaus.

A Justiça já acatou o pedido. "Se o Estado não enviar o oxigênio ao hospital local de Itacoatiara-AM em quantidade suficiente, como já comprovado, teremos a morte de pelo menos 77 pessoas simultaneamente por insuficiência respiratória, devido à falta do material", afirmou o juiz Rafael Almeida Cró Brito. O prazo é de 12 horas e a multa é de R$ 20 mil por hora de descumprimento.

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Segundo o MP, o secretário de Interior da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam), Cássio Espírito Santo, chegou a oferecer câmeras frigoríficas ao prefeito da cidade, Mario Jorge Abrahim, orientando a abrir valas no cemitério local, uma vez que não há previsão para o fornecimento de oxigênio para o município.

A reportagem entrou em contato com o governo do Estado questionando se há planejamento para o envio de oxigênio ao interior, mas não obteve resposta. Dos 63 municípios do interior, apenas 11 têm hospitais, os outros só contam com postos de saúde.

Nenhum dos hospitais do interior tem leito de Unidade de Terapita Intensiva (UTI). De acordo com a promotora de Itacoatiara, Marcelle Arruda, neste sábado há 74 pacientes com covid-19 no Hospital José Mendes, o único da cidade, recebendo oxigênio.

"Ontem (sexta) quatro foram a óbito porque faltou oxigênio e tememos que todos possam morrer entre hoje (sábado) e amanhã (domingo) se não chegar oxigênio", disse. A demanda atual é de 150 cilindros por dia. Metade disso está sendo usada hoje, o resto está vazio.

Além de subscrever a ação civil pública, a promotora entrou neste sábado pela manhã com uma solicitação de urgência ao governo estadual frisando a iminente morte dos pacientes.

"Todas as promotorias das comarcas do interior estão entrando com ações, estamos desesperados, é urgente que parte das doações ou compra de oxigênio do governo do Estado seja para Manaus e para o interior também. Há seres humanos morrendo aqui e sem esperança alguma", disse a promotora Lilian Almeida, de Macapuru, município a 100 quilômetros de Manaus. Segundo ela, a demanda diária atual é de 160 cilindros por dia, e hoje só há 44. A expectativa é que ao longo do dia todas as promotorias locais entrem com ações semelhantes.

Diversas ações do Ministério Público do Estado já cobravam a ausência de leitos de UTI nos hospitais do interior, onde, desde o início da pandemia, são improvisadas UTIs. Pacientes de mais gravidade têm sido transferidos para a capital.

Também na ação deste sábado foi pedido que essas transferências voltem a ser feitas, especialmente agora que estão vagando leitos de pacientes de Manaus transferidos para outros Estados.

Em Parintins, município a 466 quilômetros de Manaus, a situação é parecida. Na sexta, o prefeito da cidade anunciou que na segunda-feira, 18, devem começar a chegar equipamentos da Alemanha comprados pela prefeitura para montar uma usina de oxigênio, que será feita no único hospital público da cidade, Jofre Cohen. Segundo a assessoria da prefeitura, só há oxigênio para os 80 pacientes internados até mais dois dias.

Pelo menos desde o dia 23 de novembro, a Secretaria de Saúde do Amazonas sabia que a quantidade de oxigênio hospitalar disponível seria insuficiente para atender a alta demanda provocada pela pandemia de Covid-19. A informação consta de projeto básico, que foi elaborado pela própria pasta, para a última compra extra do insumo, realizada no fim do ano passado. A White Martins informou que, se o contrato tivesse previsto um pedido maior na oportunidade, a empresa teria conseguido atendê-lo.

Nesta semana, o estoque de oxigênio chegou a acabar nos hospitais de Manaus e pacientes morreram asfixiados, segundo o relato de médicos. O contrato original para aquisição de gases medicinais do sistema de saúde é de 2016 e foi assinado com a White Martins, a principal fornecedora no Amazonas, com valor mensal informado de R$ 1,3 milhão. Inicialmente, o acordo previa o atendimento de até dois mil pacientes respiratórios.

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Em 2018, ainda antes da pandemia, a secretaria chegou a assinar dois aditivos que, juntos, representavam acréscimo de 3,1% do valor. Como o teto permitido é de até 25% (acumulado) em cada contrato, o Estado ainda tinha uma margem de 21,9% para adquirir insumos em 2020, sem a necessidade de abrir um novo processo de contratação.

Toda essa cota, no entanto, foi usada na última compra extra em novembro. Na ocasião, a pasta ainda informa a inclusão "com urgência" do Hospital Geraldo da Rocha, em Manaus, na lista de unidades atendidas.

O projeto para o aditivo é de 23 de novembro. No documento, a secretaria também admite que os casos do novo coronavírus já estavam em alta na época e que o volume de oxigênio contratado não seria suficiente para dar conta da demanda.

"No Estado do Amazonas os casos de Covid-19, no mês de setembro, vêm apresentando alta crescente de casos confirmados", diz o documento. "O percentual de 21,9152% disponível para aumento não atende as necessidades desta Secretaria, a alta crescente nos números de casos confirmados da Covid-19 e o pronunciamento até a presente data da Diretora da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) quanto a uma possível 2ª onda da pandemia."

Segundo o Portal da Transparência do Amazonas, os itens do aditivo incluíam um total de 307 mil m³ de oxigênio líquido e 6,1 mil m³, na forma de gás, que são usados para pacientes internados por coronavírus. Também foram comprados outros gases hospitalares para procedimentos médicos diversos.

Ao Estadão, o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, disse que o consumo de oxigênio no Amazonas saltou de 14 mil para 30 mil m³ por dia durante o 1º pico da doença, ainda em 2020. Se o índice for considerado como referência, o volume extra contratado daria para abastecer o Estado por menos de duas semanas. Nesta semana, o consumo estaria ainda maior: 76,5 mil m³ por dia e "com indicação de demanda crescente". Nesse cenário, o insumo contratado só duraria quatro dias.

No projeto, a secretaria ainda registrou que o Departamento de Logística foi favorável a fazer uma compra maior e extrapolar o aditivo para 46,9% - e não mais de 25%. O pedido, entretanto, foi negado em despacho da Secretaria de Gestão Administrativa do Amazonas, segundo o documento.

Desabastecimento

O Estadão submeteu o documento à Secretaria de Saúde do Amazonas e questionou quais as medidas tomadas para evitar o desabastecimento e se houve tentativa de novas compras emergenciais ou buscas por novos fornecedores no período. Na nota, a pasta não responde às perguntas e diz que "sempre contratou todo o insumo que a White Martins foi capaz de produzir".

A secretaria afirma, ainda, que "sempre trabalhou" com previsão de maior demanda por oxigênio nesse período por causa da pandemia e da sazonalidade de outras síndromes gripais. Também diz que, até o último dia 7, "desconhecia" que "a capacidade máxima produtiva na planta de Manaus da White Martins era de cerca de 25 mil m³ por dia" e que a empresa "teria dificuldade em seguir atendendo à demanda crescente".

O governo ainda diz que, desde que foi comunicado pela empresa sobre dificuldades com a demanda, iniciou mobilização, com o apoio das Forças Armadas, no transporte de oxigênio de plantas da White Martins em outros Estados para Manaus, além de requisitar toda a produção "de outras duas empresas que produzem na capital, mas que são de menor porte".

Ainda conforme a nota, em ofício enviado ao Comitê de Crise do governo, no último dia 9, a White Martins diz que sua planta operava no limite e classificou o momento como "sem precedentes".

O governo também disse ter iniciado "prospecção para contratação de mini usinas para os hospitais de Manaus, medida que foi assumida pelo Ministério da Saúde". A reportagem não conseguiu contato por telefone com o secretário da Saúde para perguntar sobre o contrato de compra de oxigênio.

Pedido maior em novembro teria sido atendido, diz White Martins

A reportagem questionou a empresa White Martins para entender se ela teria capacidade de atender um pedido maior por oxigênio se ele tivesse sido feito em novembro. "Sim. A empresa tinha capacidade de buscar formas de viabilizar o aumento da oferta em patamares mais elevados, como está fazendo nesse momento e no período da primeira onda da pandemia, quando atendeu até 150% do volume contratado. Na atual onda da pandemia, a companhia atendeu até 340% do volume contratado", respondeu.

Em nota, a White Martins explicou que ao longo de 2020 já havia passado por processos de ampliação para aumentar significativamente sua capacidade de produção local. "É importante esclarecer ainda que, na data de 01/01/21, a planta da White Martins tinha em estoque produto suficiente para abastecer os hospitais da região pelo período de sete a oito dias de acordo com o consumo diário de dezembro de 2020", detalhou.

"Até o dia 30 de dezembro, não havia indícios de aumento exponencial do consumo de oxigênio em Manaus. No dia 2 de janeiro, o consumo começou a indicar um crescimento anormal e foi iniciada a operação para trazer oxigênio de outros Estados. No dia 4 de janeiro, antes da escalada sem precedentes do consumo de oxigênio, a White Martins deslocou os primeiros carregamentos de equipamentos criogênicos a partir de Belém (PA) por transporte fluvial", acrescentou a empresa.

A White Martins disse ainda que 27 equipamentos criogênicos foram dedicados adicionalmente a esta operação, "o que representa 20% da frota de carretas criogênicas da White Martins que opera com oxigênio em todo o país". "Importante ressaltar que, mesmo na primeira onda da pandemia em 2020, o fornecimento foi realizado com recursos de distribuição regular da White Martins na região", pontuou.

A nova variante do coronavírus identificada em Manaus (a mesma detectada em viajantes japoneses que estiveram no Amazonas) tem maior potencial de transmissão e, segundo análises preliminares, pode já estar disseminada pela capital amazonense. É o que mostra um estudo conduzido por cientistas do Centro Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (grupo Cadde), que conta com pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP.

Na pesquisa, publicada no site virological.org e ainda sem a revisão de outros especialistas, foram sequenciados os genomas do vírus presente em 31 amostras recolhidas de pacientes infectados entre 15 e 23 de dezembro em Manaus.

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Dessas, 13 (ou 42%) correspondiam à nova variante, batizada pelos pesquisadores de P1. Nas amostras de pacientes da cidade analisadas anteriormente, até novembro, essa linhagem nunca havia sido identificada, o que reforça a hipótese que ela surgiu em dezembro.

A P1 é derivada de uma das variantes predominantes no País, a B.1.1.28. É provável que ela tenha maior poder de transmissão por causa da mutação N501Y, que provoca alterações na proteína spike do vírus. "A nova linhagem contém uma composição única de mutações definidoras de linhagem, principalmente três mutações de importância biológica conhecida, como E484K, K417N/T e N501Y. Estas mutações ocorrem na proteína spike, responsável pela entrada do vírus nas células humanas e poderiam causar um aumento de transmissão", disse Lucas Augusto Moyses Franco, pós-doutorando da Faculdade de Medicina da USP e colaborador do grupo Cadde.

A mesma mutação está presente nas variantes identificadas no Reino Unido e na África do Sul. "A gente ainda não pode afirmar o papel dessa variante na explosão de casos recente no Amazonas. Acredito que ela seja um dos fatores, junto com a temporada de vírus respiratórios, que começa em novembro, e o relaxamento das medidas de distanciamento", afirmou Felipe Naveca, virologista e pesquisador do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia).

Uma das mutações citadas por Franco, a E484K, gera preocupação por já ter sido associada em outros estudos a um potencial de escapar de anticorpos. Isso precisa ser melhor estudado, mas, segundo especialistas, é mais provável que esse escape favoreça reinfecções, mas não atrapalhe a ação das vacinas contra a covid.

"O que pode acontecer é os anticorpos produzidos pelo paciente numa primeira infecção não darem conta de impedir uma segunda. Mas os anticorpos produzidos pela vacina são diferentes. É uma imunidade mais robusta, mais abrangente e, provavelmente, mais duradoura", explicou a biomédica Mellanie Fontes-Dutra, coordenadora da Rede Análise Covid-19. Ela diz que já estão sendo feitos estudos para verificar se vacinas já lançadas têm eficácia contra as novas variantes.

Os especialistas alertam que, embora ainda não haja confirmação, a nova linhagem pode já estar em outros Estados brasileiros e ressaltam a importância das medidas de proteção. "A variante pode ser mais transmissível, mas não é só ela a responsável pelo aumento de casos. As medidas de contenção continuam as mesmas: máscara, distanciamento, lavagem das mãos, e os governos devem restringir as flexibilizações feitas", disse Mellanie.

Perda de controle

O colapso do sistema de saúde de Manaus e a morte de pessoas por asfixia pela falta de oxigênio foram mencionados ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um chamado para que países não descuidem da prevenção à covid-19. "O que está acontecendo em Manaus é um alerta a muitos países. Não deixem que uma falsa sensação de segurança baixe a guarda de vocês. Se vocês construíram uma infraestrutura, com leitos de UTI, oxigênio, não desativem, a pandemia não acabou ainda", afirmou a diretora-geral assistente da OMS, Mariangela Simão.

O diretor executivo da entidade, Mike Ryan, disse que a situação na cidade se deteriorou significativamente e que todo o sistema parece estar implodindo. Ele ressaltou que essa não é uma condição somente de Manaus, mas também de outros Estados, como Amapá e Rondônia. E apontou que a maior parcela de responsabilidade ainda é do relaxamento da população. Nós precisamos ser capazes de aceitar, como indivíduos, como comunidades e governos, nossa parte da responsabilidade para o vírus sair do controle", enfatizou.

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