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A tragédia da escassez de oxigênio, que acometeu Manaus nos últimos dias, fez com que a cidade batesse um mórbido recorde. A capital amazonense registrou, entre quarta (13) e sexta-feira (15), 213 sepultamentos em seus cemitérios. O número é maior do que quando o município enfrentou seu ápice de mortes por Covid-19, com 198 pessoas sepultadas, em 2020.

O Estado do Amazonas tem enfrentado um colapso no sistema de saúde, agravado pela quantidade de infectados após as festas de final de ano. Além das mortes por conta da falta de oxigênio, muitas pessoas têm morrido em casa, segundo o monitoramento da Prefeitura de Manaus. 

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De acordo com a White Martins Gases Industriais do Norte Ltda, responsável por fornecer oxigênio à rede de saúde do Estado, houve um aumento no consumo diário de oxigênio, que saltou de 40 mil metros cúbicos em 30 de dezembro, para 76,5 mil metros cúbicos. Com a falta do insumo para o tratamento adequado muitos pacientes morreram asfixiados. 

Artistas se unem para conseguir oxigênio

Encorajados pelo humorista Whindersson Nunes, diversos artistas fizeram a compra de oxigênio para Manaus. Whindersson se prontificou a doar 20 cilindros de 50L de oxigênio para hospitais da capital amazonense e cutucou os colegas famosos. "Alô, meus amigos artistas! Na hora de fazer show é tão bom quando o público nos recebe com carinho, né. Vamos retribuir?". Assim como ele, Tirulipa, Simone e Simaria, Tatá Werneck, Luciano Huck, Marília Mendonça, Bruno Gagliasso, Paola Carosella, Paulo Coelho, Marcelo Adnet e o sertanejo Gusttavo Lima fizeram suas contribuições.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação (MEC) anunciaram, na noite desta sexta-feira (15), que pretendem realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), versão impressa, no Amazonas, nos dias 23 e 24 de fevereiro. A Justiça Federal e um decreto do governo amazonense pediram a suspensão da aplicação do processo seletivo no domingo (17) e no dia 24 deste mês, diante do sério aumento nos casos da Covid-19 no Estado.

Segundo o Inep, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), foi conseguida a suspensão dos efeitos da liminar, oriunda da 3ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Amazonas, “nos autos da Ação Popular que pedia a suspensão da realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 até o término do estado de calamidade pública decretado no estado do Amazonas”. A entidade promete dialogar com o Governo do Amazonas para adotar “soluções administrativas” que possam permitir a realização da prova nos dias 23 e 24 do próximo mês.

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O Inep argumenta que manteve diálogo com o Governo do Estado e com a Prefeitura de Manaus – que não liberou escolas municipais para a prova -, tentando assegurar aos candidatos do Amazonas a participação no Enem 2020. No entanto, esta semana, o presidente do Inep, Alexandre Lopes, chegou a dizer que o Exame poderia ser cancelado em locais que não permitissem a aplicação do processo seletivo. E

m outros Estados, até então, as provas impressas estão mantidas para este domingo (17) e para o dia 24 deste mês. No primeiro dia, os candidatos enfrentarão questões de Ciências Humanas, Linguagens e redação, enquanto na segunda parte haverá quesitos de Ciências da Natureza e matemática. Confira, a seguir, a nota do Inep divulgada à imprensa, que tratou, inclusive, das ações judiciais sobre a realização do Enem:

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação (MEC), por intermédio da Advocacia-Geral da União (AGU), obtiveram a suspensão dos efeitos da liminar concedida pela 3ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Amazonas, nos autos da Ação Popular que pedia a suspensão da realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 até o término do estado de calamidade pública decretado no estado do Amazonas.

O Inep e o MEC cumprirão a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e irão unir esforços institucionais, em conjunto com o governo do Amazonas, para a adoção de soluções administrativas alternativas com vistas à realização do Enem nas datas previstas de reaplicação, em 23 e 24 de fevereiro.

É importante destacar que o Inep e o MEC já dialogavam com o governo do estado e a prefeitura de Manaus, na busca de uma solução para assegurar que os participantes do Amazonas possam realizar o Enem 2020, o que se tornará possível a partir da decisão proferida.

A decisão da Justiça Federal do Amazonas impedia qualquer atuação do Inep e do governo local para a realização do Enem em outra data, nos próximos meses, enquanto durasse o estado de calamidade acionado em função da pandemia de COVID-19, motivo pelo qual a autarquia investiu na suspensão da decisão. É importante destacar que o Inep e o MEC compreendem a gravidade da situação no Amazonas e se solidarizam com as vítimas. Na decisão, o desembargador federal Ítalo Fioravanti Sabo Mendes destacou as medidas de cunho sanitário adotadas pelo Inep para combate à propagação do novo coronavírus durante a aplicação do Enem. “Adicionalmente a todas as medidas em relação aos procedimentos durante a aplicação das provas, a quantidade de participantes alocados em cada sala será consideravelmente inferior à sua capacidade máxima. Tal medida preza pela manutenção do distanciamento social, indispensável para o momento”, ponderou.

O desembargador também ressaltou, em sua decisão, que “os procedimentos de aplicação, desde a entrada dos participantes até a conclusão das provas, foram revisados para evitar o contato físico nos locais de provas, reduzir os controles e procedimentos da equipe de aplicação ao mínimo necessário, bem como reforçar os cuidados com a higienização de todos os envolvidos nos dias do exame”.

A Prefeitura do Recife e o Governo de Pernambuco devem enviar 200 concentradores de oxigênio para auxiliar a cidade de Manaus, Amazonas, no enfrentamento à Covid-19. Serão 100 enviados pelo governo municipal e 100 pelo estadual.

O prefeito João Campos (PSB) afirmou que esses equipamentos estavam no estoque da cidade e eram provenientes dos hospitais de campanha que foram desativados. Esses aparelhos evitam, em muitos casos, a necessidade da utilização de um respirador.

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"Cada concentrador enviado representará uma vida com mais chance de superar esse que é o maior desafio das gerações vivas. A pandemia pede compromisso, urgência e humanidade", disse João Campos.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, informou na tarde desta quinta-feira (15), que vai encaminhar agora à tarde um pedido de convocação da Comissão Representativa para que possam discutir o colapso na saúde pública de Manaus.

Além disso, ele quer debater todo o processo que envolve a vacinação no Brasil. "É mais do que urgente que o Parlamento esteja de portas abertas, trabalhando para encontrar soluções para essa situação tão drástica e urgente. Não podemos nos omitir", revela.

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O presidente Jair Bolsonaro reagiu nesta sexta-feira, 15, a declarações de autoridades que o responsabilizam pela crise causada pela pandemia de covid-19 no País. Em entrevista ao apresentador José Luis Datena, da TV Band, o presidente atacou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), a quem chamou de "moleque", e disse que ele se aliou ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para o tirar do cargo.

"Eles querem essa cadeira (de presidente) para roubar, para fazer o que sempre fizeram. Estamos dois anos sem corrupção, isso incomoda Maia e Doria", afirmou Bolsonaro. "Esse inferno que querem impor na minha vida não vai colar. E eu vou continuar fazendo meu trabalho. Não tem do que me acusar. Tem 40 a 50 processos de impeachment, não valem nada."

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Mais cedo, em entrevista após almoço com Maia em São Paulo, Doria responsabilizou o governo federal pelo cenário de falta de tubo de oxigênio em Manaus, em que pacientes estão morrendo por asfixia. Segundo o governador de São Paulo, a postura do presidente é de "genocida". Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem minimizado a doença, adotado posições contrárias a recomendações de autoridades sanitárias e já disse que não irá se vacinar.

Ao rebater a declaração de Doria, Bolsonaro voltou a distorcer uma decisão do Supremo que reconheceu a autonomia de Estados e municípios para adotar medidas de enfrentamento contra a doença, em parceria com o governo federal. Na versão do presidente, no entanto, a Corte o "proibiu" de fazer qualquer coisa.

"O Supremo me tirou esse direito em abril do ano passado. Eu não posso fazer nada no tocante ao combate ao coronavírus, segundo decisão do STF", afirmou Bolsonaro.

O presidente voltou a negar atraso da vacinação no País, o que só deve ocorrer a partir do próximo dia 20, enquanto os principais países do mundo já vacinam há semanas.

"E se daqui 10 a 15 dias tivermos problemas? Eu vou ser responsabilizado? Temos que ter responsabilidade", disse ele. Após dizer que o governo já fez a sua parte no enfrentamento à crise em Manaus (AM), o presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira, 15, em entrevista ao Brasil Urgente, da Band, que as ações não estão restritas a discurso.

"Mais do que discurso, o nosso governo está em Manaus, está no Amazonas para ajudar o povo. Mesmo proibidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) temos levado alento", disse.

Na manhã desta sexta-feira, em conversa com apoiadores, Bolsonaro declarou que "o problema em Manaus é terrível. Fizemos a nossa parte, com recursos e meios".

Com coordenação do Ministério da Saúde, uma rede de apoio está sendo criada em todo o Brasil para receber os pacientes de Manaus com Covid-19 que não encontram mais vagas para internação na capital amazonense. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) disponibilizou 150 leitos, distribuídos em nove hospitais universitários federais do País, que fazem parte da rede administrada pela Ebserh, com o intuito de ajudar o estado do Amazonas. 

O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE)/Ebserh é um deles e confirmou, nesta sexta-feira (15), que vai disponibilizar dez leitos para esses pacientes com Covid-19. A data em que esses dez pacientes irão chegar ainda não foi definida.

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Para recebê-los, uma força-tarefa foi montada para redefinir os fluxos, reorganizar as equipes e redistribuir os leitos. Os pacientes de Manaus irão ficar internados na enfermaria de Doenças Infecciosas e Parasitária do HC – espaço que, em julho do ano passado, passou por requalificação estrutural para garantir mais conforto e qualidade para os pacientes e profissionais.

“Nosso hospital está preparado para receber esses pacientes. Temos uma equipe multiprofissional altamente qualificada, além de infraestrutura física, equipamentos e insumos de qualidade”, garantiu o superintendente do HC-UFPE/Ebserh, Luiz Alberto Mattos.

Como os pacientes infectados pelo novo coronavírus não podem receber visitas devido ao alto risco de contágio, serão feitas visitas virtuais para diminuir a angústia e a distância entre os pacientes e seus familiares, por meio de tablets e outros instrumentos de comunicação.

O reitor da UFPE, Alfredo Gomes, disse que a Universidade se solidariza com o estado amazonense. “A Universidade cumpre sua função social e compromisso com a vida, colocando seu hospital escola a serviço do povo brasileiro. O HC é um patrimônio público. Só podemos dar a resposta necessária a essa pandemia com a união de profissionais da saúde, cientistas, governos, instituições e a sociedade. A UFPE esteve atuante no enfrentamento da pandemia e permanece à disposição”, afirmou o professor Alfredo Gomes.

A Justiça Federal do Amazonas deu prazo de 24 horas para que a União e o estado do Amazonas apresentem um plano urgente para resolver o desabastecimento de oxigênio na rede de saúde, de modo a “garantir o direito fundamental  à vida durante a pandemia.”

Enquanto isso, a juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe, da 1ª Vara Federal Cível do Amazonas, determinou que o governo federal é responsável pela transferência imediata para outras unidades da federação de pacientes da rede pública “que por ventura estejam na iminência de perder a vida em razão do desabastecimento do insumo oxigênio.”

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A juíza ordenou que fique no estado apenas o número de pacientes que possam ainda ser atendidos com as reservas ainda existentes.

“Fica expressamente esclarecido que qualquer ação ou omissão criminosa de servidores públicos ou agentes políticos, proprietários ou acionistas de empresas fornecedoras de insumos (oxigênio) e que resulte em óbito levará à imediata apuração e responsabilização dos culpados, sujeitos ativos de ilícitos, sem prejuízo das ações de improbidade”, afirmou a magistrada.

Além do planejamento, a juíza determinou que a União e o governo estadual informem se localizaram cilindros de oxigênio em outros estados e que requisitem, transportem e instalem de imediato o material.

O despacho da magistrada, assinado na noite de quinta-feira (15), foi proferido em uma ação aberta pelo Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) e Defensoria Pública da União (DPU), Defensoria Pública do Estado do Amazonas e Tribunal de Contas do Estado do Amazonas.

Os órgãos pedem uma liminar urgente para obrigar os governos federal e estadual a agirem para resolver a situação de desabastecimento de oxigênio. Entre as medidas, além da requisição de oxigênio na indústria e em unidades de saúde de outros estados, a peça inicial pede também que a Força Nacional seja mobilizada.

Nesta sexta-feira (15), a Força Aérea Brasileira começou a transferir 235 pacientes de Manaus para hospitais de outras 8 unidades da federação: Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Segundo o Ministério da Defesa, desde o início da semana a FAB tem levado cilindros e tanques de oxigênio para o Amazonas.

As transferências de pacientes estão sendo realizadas em meio à sobrecarga do sistema de saúde no Amazonas, em decorrência do avanço dos números da pandemia de covid-19 no estado.

Segundo boletim divulgado na noite de ontem (14) pela Fundação de Vigilância Sanitária do Amazonas (FVS-AM), foram registrados 3.816 novos casos de contágio e 51 mortes nas últimas 24h no Amazonas. Desde o início da pandemia, são 223.360 casos e 5.930 mortes.

 

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a reforçar, nesta sexta-feira (15) críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e disse ter certeza de que "muitas vozes vão começar a se levantar em defesa do Brasil" e contrárias à atual atuação do Executivo. "Se não fizermos isso, Brasil estará em dois anos destruído pela inépcia", afirmou o governador.

Em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do deputado federal e candidato à sucessão da Casa Baleia Rossi (MDB-SP), Doria repudiou as declarações do presidente de que o Brasil estaria quebrado, e de que não seria possível fazer mais pelo País. "Esse não é o Brasil que eu amo e gosto", disse.

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Apesar das críticas, Doria afirmou, sobre as manifestações convocadas para este domingo (17) contrárias ao presidente Jair Bolsonaro, que "não é o momento para aglomerações". No lugar, o governador de São Paulo sugeriu às pessoas que se manifestassem de suas janelas, por meio de panelaços, ou pelas redes sociais.

Mais cedo, durante coletiva de imprensa convocada para o almoço, Doria se exaltou ao comentar a falta de oxigênio em Manaus, capital do Amazonas, pela alta demanda, em razão do aumento de internações pela covid-19, que atinge, inclusive, bebês recém-nascidos. Para Dória, "não ter oxigênio disponível para bebês é uma irresponsabilidade do governo Bolsonaro".

Milhares de pessoas subiram a #impeachmentBolsonarourgente no Twitter por conta das falhas do governo federal na gerência da Covid-19 no Brasil. Um dos principais pontos é a situação calamitosa que o estado do Amazonas está vivendo atualmente.

Sem oxigênio em estoque, algumas pessoas estão morrendo nas UTIs de Manaus. Sem a gerência do Estado, famosos e anônimos estão se mobilizando para comprar cilindros de oxigênio e organizar a logística de entrega

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Um panelaço também está sendo organizado pelos internautas para a noite desta sexta-feira (15), para chamar a atenção das pessoas sobre o impeachment do presidente da República. 

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Parlamentares aguardam uma decisão do Palácio do Planalto sobre o pedido feito por deputados do PSL por uma intervenção federal na área de saúde do Amazonas. O Congresso se divide sobre a possibilidade de o governo do presidente Jair Bolsonaro assumir a crise. A explosão de casos de covid-19 em Manaus levou o sistema de saúde da cidade ao colapso. O estoque de oxigênio se esgotou em diversos hospitais e pacientes morreram por asfixia, segundo relato de médicos.

Parte dos parlamentares considera que a intervenção é essencial para controlar a situação no Estado, enquanto outros avaliam que o momento é de união e não de ruptura. Nos bastidores, alguns temem a postura negacionista do governo e avaliam que a insistência na defesa de medicamentos sem comprovação científica pode ser ainda pior.

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O requerimento pela intervenção federal na área da saúde do Amazonas foi protocolado na quinta, 14, pelos deputados Delegado Pablo (PSL-AM), Felício Laterça (PSL-RJ) e Marcelo Freitas (PSL-MG). "O povo não aguenta mais, hoje chegamos no limite, desde abril do ano passado vemos a pandemia crescer a níveis alarmantes", afirmou Pablo, em vídeo divulgado nas redes sociais.

Pablo disse ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) já ter solicitado uma audiência com Bolsonaro para debater a questão, mas ainda aguarda a resposta. "Já fizemos uma intervenção branca, mas o que precisamos agora é de uma intervenção real", disse.

O governo chegou a cogitar uma intervenção federal no Estado em abril, mas, na época, o governador Wilson Lima (PSC) disse que a situação estava sob controle, o que fez o Palácio do Planalto recuar.

Decretos de intervenção federal em Estados são feitos pelo presidente da República, mas precisam ser aprovados pelo Congresso Nacional. O Legislativo, porém, está em recesso até o início de fevereiro. Uma sessão extraordinária somente seria realizada com a aprovação da maioria absoluta da Câmara e do Senado, ou seja, 257 deputados e 41 senadores. Se houver convocação, a intervenção poderia ser aprovada por maioria simples de votos.

O retorno dos trabalhos do Congresso, a quem cabe a análise do pedido de intervenção, tem sido defendido por vários deputados e senadores, entre eles o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "O parlamento deveria estar funcionando para discutir a crise no Estado do Amazonas e a questão da vacina", disse, por meio de sua conta no Twitter.

Senador pelo Amazonas, o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga, também defende o retorno das atividades do Legislativo e a intervenção. De acordo com o parlamentar, o governo federal precisa "assumir as rédeas" no Estado para estabelecer "um verdadeiro estado de guerra contra a covid-19".

Um manifesto assinado por 37 parlamentares do movimento suprapartidário 'Acredito' - entre eles Tábata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-SP)- também apoia a retomada do Congresso. "O Brasil vive um dos seus piores momentos desde o início da pandemia e discussões importantes acerca do estado de calamidade, do fim do auxílio emergencial e do cronograma de vacinação não podem esperar", diz nota do movimento.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-ES) também apresentou um requerimento para a convocação de uma sessão extraordinária do Parlamento para deliberar sobre assuntos de urgência nacional.

Mas nem todos os parlamentares são favoráveis à intervenção e à convocação do Congresso, que está em campanha para definir os próximos presidentes das duas casas legislativas. Nos bastidores, alguns acreditam que o governo do presidente Jair Bolsonaro poderia adotar uma política negacionista no Amazonas, como fim do isolamento social e tratamento com medicamentos sem comprovação científica, o que pode agravar a situação do Estado.

Parlamentares do Amazonas dizem que o momento é de unir forças para buscar uma solução para o problema. "Não é momento de pedir intervenção federal. É hora de união de todos. Neste momento, não há culpados. Temos que atravessar esse túnel escuro. Quando clarear, e vai clarear, aí então veremos onde erramos e o que é preciso fazer para corrigir", afirmou o senador Plínio Valério (PSDB-AM).

"Sou contra a intervenção. Tanto o governo do Amazonas como o governo federal têm demonstrado dificuldades para enfrentar a crise. A hora é de uma ação sinérgica entre os governos. Quanto menos trauma e ruptura, mais rápido superarmos esse drama", comentou o deputado Marcelo Ramos (PL-AM).

O Ministério da Saúde informou, nesta sexta-feira (15), que um novo caso de reinfecção por Covid-19 registrado no País, em Manaus, deu-se por contaminação de uma nova variante do coronavírus identificada no Estado do Amazonas. De acordo com a pasta, uma mulher foi diagnosticada com Covid-19 pela primeira vez em 24 de março do ano passado e, novamente, em 30 de dezembro, com exame positivo de RT-PCR. Na segunda análise, observou-se que o vírus tinha um padrão de mutações compatível com a variante do vírus Sars-CoV-2 que foi identificada no Japão em quatro turistas do País que tinham recentemente voltado do Amazonas.

Análise feita na Fiocruz-Amazônia sobre o genoma do vírus encontrado nos japoneses revelou se tratar de uma nova variante do coronavírus que surgiu no Amazonas entre dezembro e janeiro, que foi denominada provisoriamente de B.1.1.28 (K417N/E484K/N501Y). O caso da mulher de Manaus reinfectada foi analisado também pela Fiocruz, que constatou se tratar da mesma variante.

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Um alerta foi enviada pela fundação ao Ministério da Saúde no dia 12, informando que havia identificado a nova variante em uma mulher de 29 anos que já havia sido infectada nove meses antes. O Estado fez também uma notificação no dia 13 e o ministério confirmou nesta sexta-feira. De acordo com a pasta, este é o segundo caso de reinfecção observado no Brasil por uma nova cepa. O primeiro foi na Bahia, mas com a variante identificada na África do Sul.

"A informação foi compartilhada, como parte da rotina da vigilância epidemiológica, com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) e com toda a Rede do Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde (Cievs). O Ministério da Saúde recomendou aos Estados, Distrito Federal e municípios o contínuo fortalecimento das atividades de controle da Covid-19, a ampliação do sequenciamento de rotina dos vírus Sars-CoV-2, a investigação de surtos e o rastreamento de contatos de todo caso de Covid-19", informou a pasta.

Há uma preocupação de que a nova cepa identificada no Amazonas seja um dos motivos para a explosão recente de casos em Manaus, que culminou nesta quinta-feira (14), com o esgotamento dos estoques de oxigênio em hospitais da cidade e com a morte de pacientes por asfixia. A Fiocruz-Amazônia está investigando se nova cepa está circulando na região em grande quantidade e se ela é mais contagiosa que as 11 variantes anteriores que tinham aparecido na região.

Um outro estudo feito pela estudo feito por pesquisadores do Centro Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (grupo Cadde), que conta com a participação do Instituto de Medicina Tropical (IMT) e da Faculdade de Medicina da USP, revelou que a nova linhagem identificada em Manaus estava presente em 42% dos pacientes infectados testados na cidade.

O grupo analisou 31 amostras que deram positivo em teste de RT-PCR coletadas entre 15 e 23 de dezembro. A nova linhagem foi identificada em 13 dessas amostras, segundo estudo publicado como pré-print (ainda sem revisão de pares) na publicação Genomic characterisation of an emergent sars-cov-2 lineage in Manaus: preliminary findings.

Eram 19 horas da quarta-feira (13) quando o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz-Amazônia, divulgou um alerta nas redes sociais, para órgãos do governo e até para a Câmara e o Senado. Manaus, segundo ele, tinha se tornado a "capital mundial da pandemia de Covid-19".

No alerta, Orellana adverte: "o caos sanitário e humanitário em que a cidade mergulhou durante a segunda onda, traduzido pelo pico explosivo de mortalidade e de internações em leitos clínicos e de UTI no início de janeiro, não deixa qualquer dúvida sobre a extensão da tragédia anunciada." Foi o 13.º alerta que ele divulgou desde agosto.

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Na manhã desta quinta-feira (14), Orellana viu seus temores se concretizando. Por pelo menos cinco horas, boa parte dos hospitais da cidade ficou sem oxigênio e pacientes morreram asfixiados. "Leitos viraram câmaras de asfixia", comparou.

Em entrevista ao Estadão, o pesquisador afirmou que desde agosto havia sinais de que a situação ia piorar se não fosse interrompida a circulação do vírus. Ele criticou a divulgação de um estudo segundo o qual Manaus poderia ter atingido a imunidade de rebanho. E afirmou que uma nova cepa do coronavírus, identificada em turistas japoneses após viagem à Amazônia, é a explicação mais plausível para a explosão atual de casos.

Você vem defendendo há meses que Manaus deveria decretar um lockdown. Como anteviu tão cedo o colapso de ontem?

Começamos a visualizar os primeiros sinais da segunda onda na primeira quinzena de agosto. A curva (de óbitos) estabilizou e começou a subir. Muitos ignoraram. Em setembro a situação piorou. Estávamos em contato com Ministério Público, Defensoria Pública e Secretaria de Saúde e recomendamos o lockdown. Fomos muito criticados mas conseguimos convencer o ex-prefeito (Arthur Virgílio Neto, que propôs a medida ao governador Wilson Lima). Mas não durou 24 horas a decisão. Depois que o presidente Bolsonaro classificou a medida como absurda, o governador a descartou totalmente. E tivemos um agravante sério de má ciência quando pesquisadores publicaram que Manaus tinha atingido a imunidade de rebanho. Fizemos um comentário do artigo apontando os erros, mas ele nunca foi retratado. Isso circulou pelo meio político, nas mesas de bar. A partir dali a população relaxou e o final da história é esse.

Quanto esta cepa do coronavírus identificada em turistas japoneses pode ter colaborado com essa explosão de casos?

Acreditamos que esta nova cepa é a explicação mais plausível para um crescimento tão explosivo. Essa disseminação que estamos vendo só pode ser porque ela se propaga muito mais rapidamente que todas as 11 variantes que circularam antes. E a pior consequência é a possibilidade de se ela disseminar Brasil afora. Estamos mandando o vírus para outros Estados.

Como a notícia chegou a você?

Eu estava trabalhando normalmente quando recebi uma mensagem, depois uma ligação, vídeos, fotos. Era uma avalanche de informações que vinham das pessoas em quem confio, dentro dos hospitais. Pessoas que estavam 20 minutos seguidos em cima dos pacientes, fazendo ventilação manual… Depois de algumas horas os hospitais foram provisoriamente supridos, mas não sabemos como vai ser amanhã. Podemos ter nova avalanche de internações. É um caos absoluto.

Como ficou o clima na cidade?

O governo do Estado colocou polícia na frente de hospitais. Dezenas de pessoas foram a óbito em menos de cinco horas. Literalmente os leitos se tornaram câmaras de asfixia. Isso não é uma imagem artística. Essa é uma das maiores tragédias recentes da história da saúde pública mundial.

A crise sanitária que assola o Amazonas tem levado muitos famosos a se manifestarem nas redes sociais. O apresentador Luciano Huck também  se pronunciou através de seus perfis no Twitter e Instagram e fez um convite ao público. Huck convocou os seguidores para um panelaço, nesta sexta (15), às 20h30, em protesto pela falta do oxigênio em Manaus e de vacina no país como um todo. 

Em alguns vídeos, Luciano Huck explicou a situação de Manaus e a logística necessária para ajudar a cidade. Demonstrando indignação, ele falou sobre a importância de ajudar os amazonenses e culpou o governo federal pela crise. “Isso é consequência sim da irresponsabilidade, da ingerência, da falta de respeito, da negação da ciência, de todos os absurdos e maluquices que a gente viu, ouviu e leu, de como as autoridades brasileiras vêm tratando a crise da Covid-19”. 

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Além disso, Huck fez uma postagem convocando os seguidores para um protesto em forma de panelaço, nesta sexta, às 20h30. Com a hashtag #BrasilSufocado, o post dizia: “Sem oxigênio; Sem vacina. Sem governo”. 

O Partido dos Trabalhadores entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir uma atuação de urgência por parte do governo federal para tentar minimizar a crise de saúde no Estado do Amazonas. O pedido, uma tutela de urgência, lista as ações que o governo deve fazer para ajudar na contenção da pandemia.

"O colapso de saúde em Manaus estava pré-anunciado, mas mais uma vez temos de recorrer ao Judiciário para obrigar o governo Bolsonaro a fazer aquilo que não faz ou por omissão por desprezo à vida" disse ao Estadão/Broadcast o ex-ministro da Saúde e deputado Alexandre Padilha (PT-SP).

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No documento, o PT pede que o Ministério da Saúde garanta em 24 horas, impreterivelmente, o abastecimento de oxigênio e de outros insumos necessários ao atendimento dos internados nos hospitais de Manaus.

A explosão de casos de Covid-19 na capital do Amazonas levou o sistema de saúde da cidade ao colapso. O estoque de oxigênio se esgotou em diversos hospitais e pacientes morreram por asfixia, segundo relato de médicos.

O PT pede ainda a instalação de hospitais de campanha e a instituição do regime de lockdown na cidade de Manaus, com exceção dos serviços essenciais, pelo prazo necessário à normalização da demanda pelos serviços e insumos médicos.

O uso da Força Nacional em Manaus também é citado no requerimento ao Supremo, para garantir e auxiliar na segurança pública na decretação de lockdown, além da convocação de médicos dos Programas Mais Médicos e Mais Médicos para o Brasil para o Estado do Amazonas, inclusive médicos brasileiros formados no exterior.

O governador Helder Barbalho anunciou, na quinta-feira (14), novas medidas de combate à covid-19 no Estado. Dentre elas, mudanças no Decreto Estadual 1.273/2020, que proíbe a entrada no Pará de embarcações de passageiros vindos do Amazonas. Segundo o chefe do Poder Executivo, a mesma determinação será estendida também a transportes terrestres de passageiros.

A rede hospitalar do Amazonas entrou em colapso. Pacientes estão morrendo asfixiados por falta de oxigênio (leia aqui). No Pará, segundo boletim da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), são 307.520 os casos confirmados de covid-19, com 7.376 óbitos. 

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O governador Helder Barbalho solicitou informações à Infraero e à Agência Nacional de Aviação Civil quanto às medidas, urgentes, de prevenção ao novo coronavírus em voos vindos do Amazonas em direção ao Pará. A medida se fez necessária visto o aumento considerável dos casos positivos da doença no estado vizinho. 

O governador também solicitou detalhes dos procedimentos que estão sendo realizados nos aeroportos paraenses. Ofícios foram enviados ao Aeroporto Internacional de Belém/Val-de-Cans - Júlio Cezar Ribeiro, Aeroporto Internacional de Santarém — Maestro Wilson Fonseca, Aeroporto Interestadual de Altamira, Aeroporto de Marabá - João Correa da Rocha, Aeroporto de Carajás/Parauapebas e ao Aeroporto Belém Brigadeiro Protásio, na Capital. 

Com informações da Agência Pará.

 

O Amazonas vive uma crise sanitária ainda pior do que a que foi registrada no auge da pandemia da Covid-19 em 2020. O número diário de novas internações é o mais alto já registrado, tendo duplicado nas últimas duas semanas. Até quinta-feira (14), 427 pacientes das redes pública e privada de saúde aguardavam um leito para internação, a maioria em Manaus, que concentra a maior parte das hospitalizações no Estado e enfrenta falta de oxigênio para atender a todos os pacientes.

O boletim epidemiológico de quinta-feira divulgado pelo governo estadual, aponta que a ocupação na UTI para Covid-19 é de 93,9% na rede pública da capital amazonense e de 86,73% na rede privada da cidade, o que representa uma média geral de 90,4%. A situação também se repete em leitos de enfermaria, que estão com uma ocupação média de 103,46% na rede pública de Manaus (ou seja, acima da capacidade do sistema) e de 80,9% na particular, com média de 93,1%.

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Na quinta-feira, o Amazonas teve 258 novas internações por Covid-19, número que é 53% maior do que o pico do novo coronavírus em 2020, quando foram registradas 168 novas hospitalizações em um único dia de maio. Como a atual crise sanitária se concentra principalmente na capital, o recorde é ainda mais expressivo em Manaus, que teve 254 novas internações na quinta-feira, número que é 141% maior do que os picos de 105 hospitalizações de 2020, registrados em abril e maio.

A quinta-feira também teve recorde histórico no número de novos casos confirmados, com 3.816 em todo o Estado, enquanto o maior registro em um único dia de 2020 foi de 2.763, em maio. Apenas em Manaus, foram 2.516 testes positivos, enquanto, no auge de 2020, foram confirmados 1.723 novos casos, também em maio.

O último balanço de óbitos pela doença é de quarta-feira, 13, com 44 mortes confirmadas no dia em todo o Estado, abaixo do auge registrado em 2020, que foi de 99, em abril. Diferentemente das internações, o número de óbitos costuma levar mais dias para refletir nos registros, pois depende do resultado de testes.

Entre os 427 pacientes que aguardavam leito até quinta-feira, 422 são do sistema público e outros cinco da rede privada. Do total, 371 são de Manaus e 60 precisavam de leitos de UTI. Ainda de acordo com o balanço mais recente, entre instituições públicas e privadas, Manaus tem 1.126 pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19 na UTI e outros 2.567 em leitos de enfermaria.

Ao todo, o Amazonas tem 223.360 casos e 5.930 óbitos confirmados de Covid-19. Além disso, o número de sepultamentos em Manaus aumentou 450% em um mês, segundo a prefeitura da capital.

Alguns artistas brasileiros se uniram em uma verdadeira força-tarefa para coletar doações para os hospitais  da cidade de Manaus (AM), que estão em colapso por conta da alta de casos da Covid-19. A cantora Roberta Miranda, uma das que estão na missão, foi às redes sociais para fazer um alerta sobre revendedores de oxigênio e outros insumos hospitalares que estão aumentando os preços dos itens para se aproveitar do momento de emergência.

Com um breve vídeo em seu Instagram. Roberta  disse estar “indignada” e relatou o que está acontecendo. Segundo ela, revendedores de oxigênio e demais insumos faltantes em Manaus estão “aumentando os preços de meia em meia hora”. “Tão se aproveitando da pessoa que está morrendo sem oxigênio. Se você não tem medo do castigo de Deus, o seu tá reservado. Como é que você se aproveita do sofrimento do próximo?”, disse.

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Desde a última quinta (14), vários artistas, arregimentados pelo humorista Whindersson Nunes, estão movendo esforços para comprar oxigênio e outros materiais hospitalares e enviar o apurado para Manaus. A capital amazonense está vivendo um verdadeiro colapso em sua rede de saúde devido a uma nova alta de casos da Covid-19. 

 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta manhã ser "terrível" o problema em Manaus, porém ressaltou ter feito "a sua parte". Em encontro com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada nesta sexta-feira (15), Bolsonaro afirmou: "Agora, nós fizemos a nossa parte de recursos e meios".

"Hoje as Forças Armadas deslocaram para lá um hospital de campanha. O ministro da Saúde Eduardo Pazuello esteve lá na segunda-feira e providenciou oxigênio. Começou o tratamento precoce que alguns criticam - quem critica, não tome", disse o presidente que defendeu o uso de remédios sem comprovação.

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Nesta semana, Manaus voltou a viver o colapso do sistema de saúde. O estoque de oxigênio envasado chegou ao fim em alguns hospitais da capital amazonense nesta quinta-feira (14), e dezenas de pacientes graves morreram por asfixia.

'Gripezinha'

Bolsonaro também tratou de relativizar declarações anteriores sobre a gravidade da Covid-19. Em março do último ano, Bolsonaro, em pronunciamento em rede nacional de televisão, havia afirmado: "90% de nós não terá qualquer manifestação caso se contamine".

"No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus não precisaria me preocupar. Nada sentiria, ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão". Hoje, voltou a repetir: "Quem falou gripezinha não fui eu, foi o médico Dráuzio Varella. Eu já tive e estou imunizado aqui. O que eu falei e desafiei a imprensa depois a me desmentir: era gripezinha para mim".

Vacina

Sem dizer a qual imunizante se referia, Bolsonaro disse que não faz "campanha contra vacina". Entretanto, o presidente ressaltou se tratar, segundo ele, de algo "experimental" e disse que tornar a vacinação obrigatória seria "uma irresponsabilidade". "Queriam aplicar em crianças", afirmou.

Ao comentar com apoiadores sobre a situação de outros países, Bolsonaro ressaltou que "a média está abaixo de 2%" de vacinados em nações que já iniciaram a imunização. Ontem, em meio à nova alta de casos e a situação de sobrecarga da rede de saúde de Manaus, o presidente voltou a negar atraso do país para iniciar sua campanha de vacinação e pediu "calma" à população.

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, nesta sexta-feira (15), que o governo tem feito "além do que pode dentro dos meios que dispõe" para auxiliar no combate à segunda onda da Covid-19 em Manaus. A capital do Estado do Amazonas sofre com a sobrecarga da rede de saúde e a falta de oferta de oxigênio para atendimento de pacientes.

"O governo está fazendo além do que pode dentro dos meios que a gente dispõe", disse em conversa com jornalistas nesta manhã na chegada à vice-presidência. Mourão destacou que na Amazônia "as coisas não são simples" e citou os desafios de logística da região. "Manaus é a cidade mais populosa da Amazônia Ocidental e você só chega lá de barco ou de avião. Então, qualquer manobra logística para aumentar a quantidade de suprimento lá requer meios", afirmou.

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O vice-presidente criticou a falta de recursos da Força Aérea Brasileira (FAB), que segundo ele teve que se desfazer de aeronaves do tipo Boeing por "problemas de orçamento". Como Estadão/Broadcast mostrou, a FAB também está enfrentando falta de recursos para manutenção de sua frota. "Chega nessa hora a gente vê que não pode deixar com que a nossa última reserva, que são as Forças Armadas, sem terem as suas capacidades", ressaltou o vice.

Mourão negou, contudo, que tenha ocorrido um despreparo do governo em termos de logística quanto à oferta de oxigênio. "Você não tem como prever o que ia acontecer com essa cepa que está ocorrendo lá em Manaus totalmente diferente do que tinha acontecido no primeiro semestre (a pandemia)", disse.

Para ele, o governo estadual e municipal "deveriam ter tomado as medidas necessárias no momento certo" quanto à conscientização das pessoas sobre a pandemia. "Não é questão de ter um lockdown, é você comunicar à população que ela tem que manter determinadas regras no intuito de não se contaminar em uma velocidade tal que o sistema de saúde não consiga absorver", observou.

O vice-presidente sugeriu ainda que o brasileiro não é propenso a seguir medidas de restrição. "Nosso povo, ele não tem essa, vamos dizer assim... Essa imposição de disciplina em cima do brasileiro não funciona muito. A gente tem que saber lidar com essas características e buscar informar a população no sentido de que ela se proteja", opinou.

Vacina indiana

Mourão afirmou que é preciso "confiar na palavra do ministro da Saúde", Eduardo Pazuello, sobre a garantia de chegada dos 2 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford vindas da Índia. "Por enquanto é o que ministro da Saúde está dizendo, então vamos confiar na palavra dele", disse.

Em missão coordenada pelo Ministério da Saúde, um avião deve sair do Brasil, na noite desta sexta-feira (15), rumo à Índia, para buscar as doses da vacina, produzidas pelo laboratório indiano Serum. O governo conta com essas doses para iniciar a vacinação no dia 20 de janeiro, após possível autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O avião estava previsto para decolar de Recife ontem, mas o voo foi adiado por "problemas logísticos internacionais", segundo Pazuello. Ainda não há previsão sobre a chegada das doses ao Brasil. Em nota, o Ministério da Saúde disse que a data de retorno "está sendo avaliada de acordo com o andamento dos trâmites da operação de logística feita pelo governo federal em parceria com a Azul". O pouso será no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Anurag Srivastava, disse nesta quinta-feira (14), que é "muito cedo" para falar sobre exportação de vacinas para outros países.

As polícias Civil e Militar do Amazonas apreenderam um caminhão com 33 cilindros de oxigênio em Manaus, na tarde da quinta-feira (14). O sistema de saúde do Amazonas vive um caos, com recorde de internações, falta de leitos e de oxigênio para pacientes da Covid-19.

A apreensão dos cilindros ocorreu após denúncia anônima. Um homem de 38 anos foi detido e vai responder por reter produtos para fim de especulação.

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O caminhão estava distante da empresa e os cilindros, sendo distribuídos paulatinamente. Dos 33 cilindros encontrados, 26 tinham oxigênio.

Durante interrogatório, o suspeito informou que possui uma empresa de comercialização de oxigênio e que ficou com medo de que a população invadisse o estabelecimento em busca do material. 

Os materiais apreendidos foram encaminhados na noite da quinta-feira para hospitais de Manaus. O Hospital Beneficente Português recebeu 11 cilindros. Seis foram para a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), seis para o SPA do São Raimundo e três para o SPA do Coroado.

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