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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) fará sua estreia internacional no Fórum Econômico de Davos, que começará na semana que vem, e deverá assumir o protagonismo do evento, que não contará com as participações dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da França, Emmanuel Mácron.

As promessas de abertura do mercado brasileiro, o combate à corrupção e o discurso liberal da equipe econômica, liderada pelo economista Paulo Guedes, atraem as atenções de empresários e do governo da Suíça. Mas o presidente brasileiro, que estará no evento entre os dias 22 e 24, também será cobrado a se posicionar sobre temas importantes, como defesa da floresta, imigrantes, igualdade de gênero e direitos humanos.

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O discurso do presidente em áreas sociais constrange organizadores e autoridades, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. O foco será em sua agenda econômica, sobretudo o pacote de privatização e abertura comercial, além dos planos do ministro Sérgio Moro para combater a corrupção.

Davos sofreu, nos últimos dias, duas perdas importantes em sua programação, com o anúncio de que Trump e Macron não iriam comparecer ao evento internacional. Um dos dirigentes do fórum não escondeu que, diante dessas desistências, Bolsonaro desponta como "uma das principais atenções" da edição do evento em 2019.

Uma lista preliminar dos convidados obtida pelo jornal revela que, de fato, a presença de chefes de Estado traz nomes de pouco destaque internacional. As apostas recaem sobre a participação de países latino-americanos, com a presença de líderes eleitos no ano passado, como o presidente da Colômbia, Ivan Duque, e Lenin Moreno, do Equador, além de Mario Abdo Benitez, do Paraguai.

Comitiva

Além de Bolsonaro, a comitiva vai contar com os ministros da Fazenda, Paulo Guedes; da Justiça, Sérgio Moro; e o chanceler Ernesto Araujo. O filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, também estará presente. A lista ainda inclui o governador de São Paulo, João Doria, e Luciano Huck, ainda que ele seja classificado na agenda do Fórum apenas como um "apresentador de TV".

O setor privado estará representado pela Apex-Brasil e executivos do Bradesco, do Banco BTG Pactual - que terá a presença do banqueiro André Esteves -, Eletrobrás, Embraer, Itaú Unibanco, Petrobrás e Vale.

"Há muita curiosidade para saber o que Bolsonaro é e o que pensa. Mas, mais que ouvir Bolsonaro, os empresários vão querer buscar garantias com seu ministro da Fazenda (Paulo Guedes)", comentou um dos diretores de Davos, na condição de anonimato. "Ele é de Chicago e isso, claro, dá certo conforto a muitos que estarão em Davos", disse, em referência ao fato de Guedes seguir uma linha de pensamento desenvolvida na universidade da cidade americana em que o liberalismo é o grande foco.

Moro também ganhará protagonismo. O ex-juiz fará apresentação aos empresários sobre seus planos para reforçar o combate à corrupção. O fórum, que chegou a entregar um prêmio de estadista do ano para Luiz Inácio Lula da Silva, tinha Marcelo Odebrecht como um de seus copresidentes e ainda a Petrobrás como apoiadora financeira de uma campanha contra a corrupção.

Hoje, entre os organizadores do fórum, não se disfarça o mal-estar diante de algumas das primeiras decisões do presidente brasileiro relativas a minorias e à proteção do meio ambiente. Tampouco é apreciado o ataque constante do chanceler Ernesto Araújo contra o "globalismo". Davos, para muitos na Suíça, foi uma das peças centrais desse processo de construção de uma ordem mundial a partir dos anos 1990.

Pauta

Autoridades europeias acreditam que está na hora de "fazer negócios" com o Brasil. O presidente da Suíça, Ueli Maurer, e também membro da direita conservadora, tenta um encontro com o presidente Jair Bolsonaro. Na pauta está a aceleração do processo para tentar fechar um acordo entre o Mercosul e o bloco composto pela Suíça e Noruega.

Nem todos na Suíça, porém, aceitam um diálogo apenas sobre economia com Bolsonaro. Para a imprensa suíça, o deputado Carlo Sommaruga chamou o presidente brasileiro de "figura terrível" e exigiu que o governo, ao negociar com o Brasil um acordo de livre comércio, fale em assuntos como democracia, direitos humanos e minorias.

Elisabeth Schneider-Schneiter, outra deputada suíça, também quer que seu governo insista em tratar com Bolsonaro sobre "os valores suíços da democracia, dos direitos humanos e do Estado de direito". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro se prepara para participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. A reunião será de 22 a 25 deste mês com representantes do G20, que engloba as maiores economias mundiais, e convidados estrangeiros. No total, líderes de cerca de cem países estarão presentes. A informação foi confirmada pela Presidência da República.

Ao retornar ao Brasil, Bolsonaro pretende fazer a cirurgia para a retirada da bolsa de colostomia, em São Paulo, prevista para o dia 28. O presidente fará sua estreia internacional em Davos. Também será a primeira vez que o vice-presidente Hamilton Mourão assumirá interinamente o poder.

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O tema do fórum este ano é "Globalização 4.0: Moldando uma arquitetura global na era da quarta revolução industrial". Na ocasião, os líderes devem discutir o esforço conjunto para a elaboração de uma agenda econômica global, regional e setorial.

Além dos líderes mundiais, devem comparecer ao fórum representantes de mais mil empresas internacionais, além de organizações não-governamentais e entidades estrangeiras. Serão quatro dias de reuniões destinadas a discutir questões relativas a economia, segurança na internet, geopolítica, cultura e indústria.

A Argentina está de novo aberta para negócios, depois de uma fase de isolamento, disse o presidente Maurício Macri numa sessão do Fórum Econômico Mundial, retomando em pontos essenciais a mensagem transmitida no dia anterior, no mesmo auditório, por seu colega brasileiro Michel Temer.

Em dois dias, governantes das duas maiores economias da América do Sul apresentaram a executivos, investidores e políticos, em Davos, uma profissão de fé democrático-liberal, num esforço para dissipar a imagem do populismo recente em seus países. Ao cumprir essa tarefa, apresentaram também um Mercosul diferente, restituído, nas palavras de Temer, à vocação original de integração nos mercados mundiais.

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No caso de Macri, a nova apresentação em sessão plenária do fórum é a continuação de um trabalho. Empossado em dezembro de 2015, ele começou logo depois a proclamar a mudança de rumo do governo argentino, depois de 11 anos de kirchnerismo. Passados pouco mais de dois anos, ele tem resultados para exibir. O crescimento voltou. No terceiro trimestre do ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) foi 4,2% maior que o de igual período de 2016. A comparação de três trimestres com três do ano anterior indicou um avanço de 2,5%.

Macri também mencionou o combate à inflação, mas sem detalhar o assunto. A inflação de fato caiu - de 40% em 2016 para 24,8% em 2017. Mas ficou de novo acima das expectativas anunciadas pelo governo, de um resultado entre 20% e 22%. Mas houve melhora, apesar de tudo, e, além disso, os números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) têm mais credibilidade que na fase kirchnerista.

Durante anos, dados econômicos da Argentina publicados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) foram acompanhados de ressalvas quanto à sua veracidade. Sem mencionar esse histórico, Macri realçou pelo menos o aumento da transparência e da credibilidade.

Transparência e fiscalização foram temas ainda citados por Macri, na resposta a uma pergunta sobre o combate à corrupção no Brasil e na Argentina. Macri citou de forma positiva as operações desenvolvidas no Brasil e citou esforços semelhantes em curso em seu país.

Como Temer, o presidente argentino realçou a fase pós-populista do Mercosul. Segundo Macri, esse bloco já foi o mais fechado e mais protecionista do mundo, mas agora está voltado para a busca de mais parcerias comerciais. O objetivo imediato é a conclusão do acordo com a União Europeia, em negociação há mais de 20 anos.

Desta vez, o grande obstáculo é a resistência dos agricultores europeus - posição respaldada pelo governo de uma das maiores potências europeias, a França. Com encontro marcado em Davos com o presidente francês, Emmanuel Macron, Macri expressou a esperança de convencer o colega francês das vantagens do acordo.

Segurança alimentar

Macri insistiu, tanto no discurso quanto na entrevista coletiva concedida mais tarde, no potencial do Mercosul como garantidor da segurança alimentar em todo o mundo. Esse é um dos três grandes temas propostos por Buenos Aires para as discussões do Grupo dos 20 (G-20) em 2018. Neste ano, a Argentina exercerá a presidência rotativa do grupo, formado pelas maiores economias, tanto desenvolvidas quanto emergentes.

O primeiro tema é o futuro do trabalho. Para cuidar disso será necessário um grande esforço de educação e treinamento. A conclusão de todos os trabalhadores nas condições de tecnologia e produção do mundo globalizado dependerá desse esforço. O segundo tema é o cuidado com a infraestrutura, com programas de expansão, de modernização e de eliminação das deficiências. Isso é parte da política interna desenhada pelo governo argentino. Como no Brasil, essa política envolve licitações de projetos e serviços e a mobilização de capitais privados. O terceiro tema é a segurança alimentar.

Romaria

Foi montada este ano uma Casa Argentina, em Davos, onde Macri tem recebido políticos e empresários para tratar da pauta do G-20 e também para discutir planos de investimento no país. Lá estiveram na terça-feira, 23, entre outras figuras, a chanceler alemã Angela Merkel, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, a rainha Máxima, da Holanda, o empresário Bill Gates e presidentes de vários grupos multinacionais, como Cargill, Total e Siemens. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Michel Temer (PMDB), nesta quinta-feira (25), voltou a defender a reforma da Previdência ao falar sobre uma viagem que fez a Davos, na Suíça. O peemedebista contou que foi até o país para participar de diversos encontros com empresários que investem no Brasil. Segundo ele, esses investidores pretendem aplicar “ainda mais porque confiam naquilo que o país está fazendo”. 

Em seguida, Temer falou que muitos dos empresários estavam pedindo pela aprovação da reforma da Previdência. “Tendo em vista que a reforma da Previdência aumenta ainda mais a credibilidade e a confiança no nosso País”, argumentou. 

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“Portanto, foi uma satisfação enorme estar aqui em Davos ao lado de líderes que também se manifestaram revelando as potencialidades do nosso País. Mais do que as potencialidades, as realidades econômicas e sociais que já, digamos assim, ultrapassam as fronteiras do Brasil e ganharam as fronteiras de Davos”, concluiu Michel Temer. 

No início deste mês, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), também defendeu a proposta falando que será “a mais profunda reforma social do Brasil”. Também ressaltou que era “desumano” deixa a desigualdade prosperar sem haver uma agenda de resultados que combata a extrema pobreza. 

O presidente Michel Temer discursou pela primeira vez na manhã desta quarta-feira (24) em sessão plenária do 48º Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça. O evento reúne chefes de Estado, empresários e especialistas de mais de 70 países para tratar das tendências de negócios e investimentos em nível global.

Em seu discurso, Temer defendeu a agenda de reformas que está em andamento no país e destacou as principais ações de seu governo. O presidente ressaltou que sua gestão está centrada em cinco palavras-chaves: responsabilidade, diálogo, eficiência, racionalidade e abertura.

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Para o presidente, estes princípios permitiram ao governo lidar com a crise econômica, resgatar a relação com o Congresso Nacional, aumentar a competitividade da economia brasileira, ampliar o investimentos em obras de infraestrutura, além de reforçar a vocação de integração do Brasil a outros países.

Para acalmar os investidores, Temer ressaltou que as eleições de 2018 não ameaçam essas conquistas e adiantou que o governo vai prosseguir com a agenda de modernização e simplificação da legislação.

“Nós completaremos nossa jornada, o Brasil que vai às urnas em outubro, sabe que a responsabilidade dá resultados, traz equilíbrio de contas, crescimento e empregos, viabiliza políticas sociais. Aliás, hoje, os principais atores políticos e econômicos convergem em que não há alternativa à agenda de reformas que estamos promovendo. O espaço para uma volta atrás é virtualmente inexistente”, declarou Temer.

O presidente citou a reforma da Previdência como uma das principais tarefas do governo neste momento e demonstrou otimismo sobre sua votação na Câmara dos Deputados.

“Nosso próximo passo é consertar a Previdência Social, tarefa para a qual estamos muito empenhados e cada vez mais o povo brasileiro percebe que o sistema atual é injusto e insustentável. Portanto, nós vamos batalhar dia e noite pelo voto no Congresso Nacional para aprovar a proposta que ali está. Nossa reformas aliás tem sido aprovadas com maiorias muito sólidas no parlamento”, acrescentou.

Depois de discursar, Temer respondeu a algumas questões do presidente do Fórum, Klaus Schwab. Questionado pelo professor sobre o impacto dos casos de corrupção no Brasil nas eleições deste ano, o presidente brasileiro afirmou que este tema naturalmente deverá ser tratado no período eleitoral e assegurou aos investidores que o país tem segurança institucional e jurídica.

“No Brasil, as instituições estão sobranceiramente funcionando. Nós temos uma separação absoluta dos poderes, naturalmente cada qual exercendo suas atividades livre e independentemente, temos os órgãos de fiscalização, por exemplo, a Polícia Federal, Ministério Público Federal, Tribunal de Contas que fiscalizam permanentemente os atos da administração. Nós temos instituições funcionando com toda a tranquilidade, veja que o Judiciário julga com toda isenção e tranquilidade, aplicando naturalmente o direito e quando há penalidades, são punidas”, disse Temer.

É primeira vez que Temer participa do Fórum Econômico Mundial. O presidente está acompanhando de alguns parlamentares da base governista e de ministros da área econômica. A expectativa do governo é atrair mais investimentos para o país. O Fórum encerra na próxima sexta-feira (26).

O presidente Michel Temer garantiu a empresários de todo o mundo e aos mercados que a recuperação econômica do Brasil "não está ameaçada pelas eleições" e que não existe alternativa às reformas. Em seu discurso diante de empresários no Fórum Econômico de Davos e sob a pressão do rebaixamento da nota de risco do País, ele insistiu na tese de que está "transformando" o Brasil e não deixou de atacar governos passados, alertando para o populismo econômico e lembrando aos executivos que "herdou" uma crise.

"Sei que muitos podem estar se perguntando se continuaremos nesse caminho; se nossa jornada não estaria ameaçada pelas eleições que se avizinham no Brasil. Permitam-me dizer-lhes, sem rodeios e com convicção: completaremos nossa jornada", disse o presidente nesta quarta-feira, 24.

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Temer apresentou "o Brasil da responsabilidade, não do populismo". "Do diálogo, não da intransigência. Da eficiência, não da burocracia. Da racionalidade, não do irrealismo. Da abertura, não do isolacionismo."

Nos últimos dias, alguns dos principais empresários e organizadores de Davos deixaram claro que as dúvidas que existem sobre o Brasil são de natureza política, principalmente por conta das eleições e do julgamento nesta quarta-feira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sem dizer uma só palavra sobre o processo em Porto Alegre, o que Temer fez foi dar uma mensagem de tranquilidade aos mercados. "O Brasil que vai às urnas em outubro sabe que a responsabilidade dá resultados. Traz equilíbrio das contas, crescimento e empregos. Viabiliza políticas sociais. Hoje, os principais atores no Brasil, políticos e econômicos, convergem em que não há alternativa à agenda de reformas que estamos promovendo. O espaço para uma volta atrás é virtualmente inexistente", garantiu.

Como já havia anunciado, Temer usou o palco para convocar os investidores a apostar no Brasil. "Trago-lhes uma mensagem clara: o Brasil está de volta. E o Brasil que está de volta é um país mais próspero, um país mais aberto, um país de mais oportunidades de investimentos, de comércio, de negócios".

No discurso, ele apresentou os números do País e insistiu que a economia voltou a crescer. "A inflação, que chegara a dois dígitos, fechou 2017 novamente sob controle, em menos de 3%. Os juros estão caindo de forma consistente, e atingiram seu menor patamar histórico. As empresas estatais, que haviam amargado prejuízos bilionários, agora têm lucros expressivos", disse.

"Nossa safra agrícola bateu recordes. Nossa balança comercial registrou, em 2017, superávit de mais de 60 bilhões de dólares. Também em 2017, só até novembro, o ingresso líquido de investimentos diretos somou 64 bilhões de dólares. O risco-país tem caído consistentemente - de mais de 500 pontos verificados em janeiro de 2016 para o patamar de 200 pontos", afirmou.

Outro ponto do discurso foi sua promessa de que as reformas continuarão. "Levamos adiante uma ampla agenda de reformas para modernizar a economia, o ambiente de negócios, o mercado de trabalho, a gestão pública, a administração de empresas estatais. Uma agenda de reformas que é reconhecida como a mais abrangente implementada no Brasil em muito tempo", disse.

"Nosso próximo passo é consertar a Previdência, tarefa em que estamos muito empenhados", prometeu. "Cada vez mais, a população brasileira percebe que o sistema atual é injusto e insustentável. Vamos batalhar, dia e noite, voto a voto, para aprovar a proposta que está no Congresso. Nossas reformas, aliás, têm sido aprovadas com maiorias muito sólidas no Parlamento", garantiu.

"E nossa agenda não se esgota na Previdência. Até o final do ano, queremos também promover a simplificação de nosso sistema tributário, para facilitar a vida do empresário, do trabalhador, do cidadão brasileiro, enfim", disse.

Populismo

Para explicar a situação do País, Temer não deixou de criticar os governos passados e indicou que, em sua gestão, a meta era a de ser "responsável". "Ao lidar com a crise que herdamos, rejeitamos, desde logo, os falsos atalhos populistas. Havia que governar com visão de longo prazo. Nosso diagnóstico foi e é inequívoco: o populismo nos legara uma crise grave de origem fiscal - e somente a responsabilidade nos tiraria dessa crise", disse. "É com responsabilidade que temos atuado."

Temer ainda apontou que adotou transparência em relação às contas públicas "revelando, sem meias palavras, qual era a situação fiscal do País".

Segundo ele, como resultado de certas reformas, o déficit fiscal primário ficou "abaixo da meta, bem abaixo das expectativas". Mas ele insistiu que a responsabilidade do governo também é social. "São duas faces de uma mesma moeda: sem responsabilidade fiscal, a responsabilidade social é mero discurso vazio", afirmou. "Apenas com as contas em ordem temos crescimento e empregos; apenas com as contas em ordem temos o espaço orçamentário para políticas sociais que são indispensáveis em um país ainda desigual como o nosso", defendeu.

Temer também garantiu que vai manter o diálogo. "Na política, na vida em geral, pouco se pode conquistar sozinho - menos ainda superar obstáculos da dimensão daqueles que encontramos. Era preciso unir forças", disse.

Também numa crítica ao governo de Dilma Rousseff, o presidente insistiu que mudou sua relação com o Poder Legislativo. "Antes esgarçadas, as relações entre o governo e o Congresso Nacional foram recompostas - e o Legislativo, como deve ser em democracias, tornou-se protagonista da obra coletiva que é a reconstrução do Brasil", afirmou. "Para cumprir a missão que nos cabe, é preciso saber ouvir, é preciso saber persuadir, é preciso saber agregar, sem intransigências", afirmou.

Num discurso cuidadosamente talhado para atender aos empresários, Temer ainda tentou dar um sinal de que sua gestão é marcada pela "eficiência". "Aprovamos reformas cruciais para melhorar a produtividade na economia, para aumentar a competitividade do produto brasileiro. Com a reforma trabalhista, trouxemos nossa legislação laboral, concebida há quase 80 anos, para o século XXI", disse.

"Engajamos toda a administração pública em intenso esforço para melhorar o ambiente de negócios. Estamos desburocratizando o País: já foram dezenas de procedimentos eliminados ou simplificados, tudo para tornar mais fácil importar e exportar, abrir ou fechar uma empresa", destacou.

Privatização

Temer ainda indicou que vai "racionalizar o Estado". "Adotamos modelo de concessões e privatizações realista, com marco regulatório seguro e estável. Em apenas um ano e meio, foram 70 projetos licitados à iniciativa privada - e mais 75 ainda o serão em 2018", disse.

O presidente listou as áreas que oferecer oportunidades aos estrangeiros: portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, linhas de transmissão, jazidas de gás e petróleo.

Ciente da necessidade de recuperar a imagem da Petrobras depois da Operação Lava Jato, Temer destacou a aprovação das novas leis das estatais. "Ela garante profissionalismo na gestão das grandes empresas públicas brasileiras", afirmou.

"Instituímos regras objetivas para o setor de petróleo e gás, desobrigando o Estado de necessariamente participar, por meio da Petrobras, de todas as atividades de exploração do Pré-Sal", explicou.

Abertura

Por fim, Temer explicou como o governo passou a adotar uma nova política comercial, baseada em uma maior abertura, se distanciando da estratégia do governo Dilma.

Ele, porém, deixou claro que não compartilha das tendências registradas no governo americano de Donald Trump. "Vivemos em um mundo em que ganham força tendências isolacionistas", disse. "Sabemos, porém, que o protecionismo não é solução. Quando nos fechamos em nós mesmos, nos fechamos a novas tecnologias, a novas ideias, a novas possibilidades", afirmou.

"Nosso governo tem atuado para integrar, cada vez mais, o Brasil à economia global. Junto com nossos sócios do Mercosul, resgatamos a vocação original do bloco para o livre mercado. Identificamos barreiras ao comércio e estamos tratando de eliminá-las", disse.

Temer indicou como novos acordos foram assinados no Mercosul, a adesão à OCDE, a aproximação aos países da Aliança do Pacífico e a abertura de processos de negociação com Canadá, Coreia do Sul e Cingapura. Ele ainda aposta na perspectiva "realista" de concluir o acordo Mercosul-União Europeia

"Nosso País saiu mais forte da crise e retornou ao trilho do desenvolvimento. Agora que as grandes economias voltam a crescer simultaneamente, estamos dando - e daremos cada vez mais - nossa contribuição. O Brasil está de volta - e convidamos todos a fazer parte deste novo momento de nossa História", concluiu.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta terça-feira, 23, em Davos, na Suíça, que tem sido frequentemente abordado para ser candidato à Presidência da República nas eleições deste ano.

"Isso é recorrente. Sempre tem essa história. É normal", disse a jornalistas. Ele acrescentou, ainda, que sua resposta é a mesma que tem dado oficialmente à imprensa nos últimos meses: de que está 100% focado na economia e que, em abril, decidirá sobre a candidatura. Meirelles está em Davos para participar do Fórum Econômico Mundial.

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Questionado sobre a possibilidade de complementar alguma chapa como vice-presidente, o ministro descartou imediatamente a hipótese. "De jeito nenhum".

Lula

Na véspera do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Meirelles evitou dar um palpite sobre o desfecho da vida política do petista. Ele voltou a avaliar, no entanto, que a participação de Lula como candidato na corrida presidencial deste ano poderia ser um bom momento para um julgamento pela população brasileira.

"Não me compete dar opinião sobre isso. Não dou opinião sobre ações da justiça. Decisão judicial se obedece", afirmou. Para ele, é preciso separar a decisão política da judicial. "Isolando a judicial, a candidatura é positiva. Dá aos eleitores a oportunidade de julgar", considerou.

O ministro, que foi presidente do Banco Central durante todo o governo do petista, salientou que, até 2002, tinha propostas mais radicais. "Ele fez a carta aos brasileiros e não foi levado muito a sério. Quando assumiu, me convidou e fez uma administração fiscal conservadora, foi surpresa positiva para o mercado", lembrou.

O que o PT defende agora, na avaliação de Meirelles, é diferente do que fez. Mais importante ainda, continuou, é que o governo de sua sucessora, Dilma Rousseff, foi muito mais diferente, principalmente em relação à mudança de orientação fiscal. "Foi completamente em outra linha."

O prefeito de São Paulo, João Doria, estreou no Fórum Econômico Mundial de Davos já com a ideia de que sua cidade receberá o evento localmente em março. De 11 a 13 de março, ele espera receber os líderes da América Latina. "Se há cinco anos o continente caminhava para ser bolivariano, hoje isso é fato passado e é focada mais uma posição mais realista: com visão social, econômica e política", salientou.

Para o prefeito, não apenas o Brasil, mas outros países estão ressurgindo mais fortalecidos. "Agora caminham juntos com uma visão mais liberal, menos intervencionista, e não populista, principalmente", disse, citando além de Brasil e Argentina, as maiores economias do sul, também o México, o Chile e a Colômbia. Segundo as primeiras informações que disse ter recebido dos organizadores de Davos, Doria disse que vários dos líderes da América Latina, além de empresários, já confirmaram sua presença no evento do Brasil.

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Em sua participação em Davos, ele disse que conta com uma perspectiva de crescimento maior de investidores nacionais e internacionais na cidade. Ele atribuiu o movimento, primeiro, ao programa de desestatização de São Paulo e, depois, a uma melhora da economia brasileira. "Estou sentindo aqui investidores americanos, europeus, asiáticos, e do Oriente Médio e chineses e até indianos para minha surpresa", mencionou. Ele disse que teve hoje uma "agradável surpresa" ao conversar com investidores indianos interessados em investir na maior cidade do País em áreas como de óleo e gás, entretenimento e distribuição de oxigênio. "Eles estavam fora dos nosso radar", explicou.

O julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostra que as instituições brasileiras estão "funcionando com tranquilidade". A avaliação é do presidente Michel Temer, que nesta terça-feira, 23, desembarcou em Zurique e, amanhã, 24, segue para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Sua participação, porém, coincide com o julgamento do ex-presidente, em Porto Alegre, nesta quarta-feira, 24, pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). Ainda que empresários e organizadores tenham declarado à reportagem que estarão com um olho em Davos e outro no tribunal brasileiro, Temer insiste que não há risco de "mal-estar". "Não acredito que isso ocorra. Não vai causar mal-estar nenhum. É natural", disse, ao entrar em seu hotel em Zurique.

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"Isso significa que as instituições brasileiras estão funcionando e funcionando com toda a tranquilidade, o que naturalmente dá muita segurança para quem quer investir no País", disse Temer.

O presidente indicou que sua esperança é de que, com sua participação em Davos, "os investidores se interessem cada vez mais pelo Brasil".

Incógnita

Entre os organizadores, não se esconde o fato de que tão importante quanto ouvir a mensagem de Temer nesta quarta será saber o que ocorrerá em Porto Alegre, 10,5 mil quilômetros de distância de Davos.

Em declarações à reportagem, o presidente do Fórum, Borge Brende, insistiu na semana passada que o empresariado internacional aposta no fato de que 2018 será um ano de recuperação para a economia brasileira. Mas ele também admitiu que o julgamento de Lula é "uma incógnita". Sua avaliação é a mesma traçada por diversos outros organizadores consultados pela reportagem.

Davos, porém, deixa claro que colocou o palco para que as autoridades brasileiras possam dar suas versões do que ocorre no País. Numa delas, Temer, empresários e banqueiros falarão sobre a tarefa de "moldar a nova narrativa do Brasil".

Organizadores do evento admitiam que sabiam da coincidência das datas. Mas, não por acaso, o principal discurso de Temer em Davos ocorre na manhã desta quarta-feira, quando o processo de Lula no Brasil nem mesmo terá sido iniciado.

Com o lema "o Brasil voltou", o presidente Michel Temer desembarcou nesta terça-feira, 23, à Suíça, onde participa a partir desta quarta-feira, 24, do Fórum Econômico Mundial de Davos. Se sua agenda é a de mostrar que o crescimento da economia foi retomado e sinalizar passos concretos no que se refere às reformas e privatizações, ela coincide com o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aguardado por empresários e líderes internacionais para traçar o cenário do Brasil em 2018.

Temer chegou pouco antes das 15h do horário europeu em Zurique (12h horário de Brasília) e passa o dia na cidade suíça. Apenas na quarta-feira pela manhã é que ele toma o caminho de Davos, num trajeto de cerca de duas horas. Lá, permanecerá durante todo o dia e ainda será o convidado de honra de um jantar oferecido pelos organizadores do evento com alguns dos principais CEOs de multinacionais.

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Se por anos Lula foi um dos principais protagonistas de Davos e usado pelo Fórum como uma "ponte" entre a elite mundial e os movimentos sociais, o Brasil teve uma atuação apagada no evento desde 2014. O espaço acabou sendo ocupado pela Argentina, México e Chile.

Agora, Temer volta à estação de esqui para ser o primeiro presidente brasileiro em quatro anos a ser confrontado pelos empresários. A comitiva brasileira, uma das maiores em anos, ainda conta com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, Moreira Franco, o CEO da Petrobras, Pedro Parente, o ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho, e o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior.

Grande parte da agenda irá tratar da captação de investimentos, principalmente para o setor de energia, além de indicar as próximas etapas das reformas.

A Agência de Promoção de Exportações também realiza um evento, enquanto os ministros repartiram funções para proliferar encontros com empresários. "Vamos nos mostrar mais proativos", disse Maggi, que terá a função de desfazer "lendas urbanas" sobre o desmatamento no Brasil.

Temer ainda ocupará um quarto de um hotel em Davos para, durante a tarde de quarta, receber empresários, líderes internacionais e conceder entrevistas para meios estrangeiros. Até a tarde de hoje, porém, o Palácio não divulgava o nome dos presidentes estrangeiros que estariam com Temer.

Incógnita

Entre os organizadores, porém, não se esconde o fato de que tão importante quanto ouvir a mensagem de Temer nesta quarta será saber o que ocorrerá em Porto Alegre, distante 10,5 mil quilômetros de distância de Davos.

Em declarações ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente do Fórum, Borge Brende, insistiu na semana passada que o empresariado internacional aposta no fato de que 2018 será um ano de recuperação para a economia brasileira. Mas ele também admitiu que o julgamento de Lula é "uma incógnita". Sua avaliação é a mesma traçada por diversos outros organizadores consultados pelo Estado.

Davos, porém, deixa claro que colocou o palco para que as autoridades brasileiras possam dar suas versões do que ocorre no País. Numa delas, Temer, empresários e banqueiros falarão sobre a tarefa de "moldar a nova narrativa do Brasil".

Organizadores do evento admitiam que sabiam da coincidência das datas. Mas, não por acaso, o principal discurso de Temer em Davos ocorre na manhã desta quarta-feira, quando o processo de Lula no Brasil nem mesmo terá sido iniciado.

Quem também admite a incerteza é James Zhan, diretor do Departamento de Investimentos da Conferência da ONU para Comércio e Desenvolvimento. Segundo ele, é ainda "difícil dizer" se os acontecimentos políticos no Brasil terão um impacto na recuperação da economia, prevista para 2018.

Outro que estará em Davos e aponta para as incertezas políticas do Brasil é o diretor-geral da OIT, Guy Ryder. "O Brasil tem desafios como a reforma trabalhista e questões políticas. As incertezas que rondam essas questões podem gerar um impacto na recuperação do País. Queremos um Brasil forte", disse.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, será um dos convidados especiais na edição deste ano do Fórum Econômico Mundial de Davos diante do interesse da comunidade internacional, empresários e políticos estrangeiros sobre qual será o desdobramento do combate à corrupção no Brasil.

Janot viaja no dia 15 de janeiro e tem três palestras programadas. Na Suíça, nos dias 18 e 19, ele vai falar da luta contra a corrupção, participar de um seminário sobre "lideranças" e discutir cibercriminalidade.

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A opção de Davos por dar um tratamento especial a Janot marca uma mudança profunda no tom adotado pelo Fórum em relação ao Brasil, que por anos foi considerado como o "queridinho" do evento nos Alpes. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a receber um prêmio de estadista do ano dos organizadores. Mas, sob a gestão de Dilma Rousseff, a participação brasileira no encontro foi reduzida. A presidente cassada resistiu em diversas ocasiões a participar do Fórum e, nos últimos anos, o País havia passado a fazer parte de um time de segundo escalão no evento.

Cooperação

Além de Davos, Janot vai se reunir com o procurador-geral da Suíça, Michael Lauber. Segundo o Estado apurou, um das intenções é traçar objetivos comuns para uma segunda fase de investigações da Operação Lava Jato relacionadas às mais de mil contas bloqueadas pelos suíços. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Michel Temer não deve mais participar do Fórum Econômico Mundial, que ocorrerá de 17 a 20 de janeiro, em Davos, na Suíça, para acompanhar o clima político e o período que antecederá a eleição da Câmara e do Senado, marcadas para o início de fevereiro. Apesar de repetir oficialmente que "não interfere" no processo sucessório do Legislativo, o presidente quer acompanhar as negociações de perto e garantir que a base não ficará rachada. O presidente já está até providenciando uma carta com pedidos de desculpas pela sua ausência. O mais provável é que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, represente Temer.

Além do clima político interno, Temer também decidiu não ir por considerar que o encontro estará esvaziado. Será próximo da posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, no dia 20 de janeiro. Temer também não vai a Washington, já que não há uma tradição de presença de outros chefes de Estado em posses nos EUA.

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Em novembro, Temer chegou a indicar aos organizadores do Fórum Econômico Mundial que poderia ir para explicar às principais multinacionais do mundo e aos xerifes da economia internacional quais são seus planos para recolocar o Brasil num caminho de crescimento. A meta seria a de reconquistar a confiança internacional.

O presidente voltou a Brasília ontem, depois de quatro dias de recesso em uma reserva da marinha no Rio, mas não há previsão de agendas oficiais externas e nem de uma reunião ministerial completa nesta semana, já que muitos ministros estão fora da capital.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Embora não estivesse explicitamente em nenhuma parte do imenso programa de painéis e debates do Fórum Econômico Mundial, o populismo latino-americano foi um tema marcante este ano em Davos. Diversas autoridades de países da região deram diferentes perspectivas sobre o fenômeno, mas todas elas tiveram um ponto em comum: tentar mostrar que seus respectivos países já não sofrem da crônica instabilidade político-econômica característica da história da América Latina.

No contexto dessa narrativa, a Argentina assumiu papel de protagonista. O novo presidente Mauricio Macri e seus principais auxiliares econômicos desfilaram por Davos em uma programação intensa, cujo objetivo principal era o de anunciar e celebrar o fim do ciclo populista no país.

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Segundo Federico Sturzenegger, novo presidente do Banco Central da Argentina, o kirchnerismo representou "um gênero muito especial de populismo". O economista notou que, no típico ciclo populista, o governo se endivida ao máximo, gasta tudo o que puder e deixa a conta dos problemas posteriores para os sucessores.

Na Argentina dos Kirchner, no entanto - na visão de Sturzenegger - o "ódio ao mundo" era tão forte que o país optou por cortar definitivamente todos os laços com o mercado internacional de capitais. O custo desta alternativa, para o presidente do BC argentino, foi o de parar de crescer nos últimos anos, quando se esgotou o ciclo de commodities, e também o de recorrer ao financiamento interno, com aumento de tarifas e impostos (incluindo a taxação da exportação de commodities agrícolas, que Macri já começou a reverter).

O ministro da Fazenda de Macri, Alfonso Prat-Gay, considera que a Argentina se saiu razoavelmente bem na tarefa inicial de desvalorizar o peso, liberar as extremas amarras cambiais do regime anterior e reintroduzir uma política mais normal de juros reais para dar partida ao combate à altíssima inflação. Num passo posterior, cogita-se implantar um regime de metas de inflação.

As negociações com os "hold-outs" (credores da dívida externa da Argentina que não aceitaram os termos da reestruturação) estão avançando e Prat-Gay vê a derrubada da inflação e a rearrumação fiscal como os próximos grandes desafios. Tanto ele quanto Sturzenegger apostam que o baixo nível de endividamento argentino permitirá uma retomada rápida do crescimento.

Uma mensagem diferente, que corresponde a uma etapa mais avançada do pós-populismo, foi dada em Davos por autoridades dos países latino-americanos que adotam o chamado "modelo do Pacífico" de economias em busca de maior abertura e liberalismo, como Chile, Peru, Colômbia e México.

A ideia vendida é de que eles são países que superaram a gangorra de booms e crises característica da região, por meio de regimes monetários e instituições fiscais que permitem navegar em momentos turbulentos da economia mundial.

Nesse sentido, o fim do ciclo de alta das commodities e a aguda queda das matérias-primas nos últimos meses fornecem o "teste" ideal para a tese defendida pelos países do modelo do Pacífico. Em Davos, os ministros das Finanças do Chile, do Peru e da Colômbia procuraram mostrar como a queda das commodities afetou as suas economias, com desaceleração e pressões inflacionárias, mas nem de longe as tirou do trilho. Nos três casos, o PIB continua e território positivo.

O Peru, inclusive, já voltou a acelerar, como apontou o ministro peruano, Alonso Segura Vasi. Em um dos debates, ele afirmou que os últimos presidentes peruanos - inclusive o atual, Ollanta Humala - sofrem com a falta de popularidade, mas há um consenso entre sucessivas equipes econômicas que mantêm o país numa trilha de políticas ortodoxas e liberais.

Já o presidente do México, Enrique Peña Nieto, garantiu em Davos que "somos hoje uma economia que praticamente de ‘despetrolizou’". Ele insistiu na tecla de que o México atual é um país de manufaturas diversificadas, com muitos segmentos de alto valor agregado, e que promoveu uma drástica redução do petróleo na pauta de exportações e na arrecadação tributária. Da mesma forma que Peru, Chile e Colômbia, a mensagem foi de superação da fase de booms e crises.

Coube a Nelson Barbosa, ministro da Fazenda do Brasil, a tarefa difícil de mostrar um país que, sem troca de governo, manteve os compromissos de inclusão social da era do boom de commodities, mas adaptando-os às vacas magras da etapa atual. Barbosa rechaçou o rótulo de populismo para fase de ouro do governo Lula, afirmando que o Brasil aproveitou a alta das matérias-primas para reduzir a pobreza e a desigualdade e agora, sem descartar programas sociais, está redimensionando-os para uma etapa de orçamentos mais restritos.

O pano de fundo negativo para a discussão do populismo, finalmente, foi a Venezuela. O economista Ricardo Hausmann, de Harvard, disse que a Venezuela (seu país de origem) viverá em 2016 um colapso econômico de enormes proporções, que vai causar uma "crise humanitária". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil em crise continuará com o passo errado num cenário global de recuperação, com os Estados Unidos liderando o crescimento no mundo rico e a China ainda avançando, embora mais lentamente que nos últimos 25 anos. Os mercados têm reagido com exagero a alguns sinais considerados negativos, como a queda dos preços do petróleo, mas deverão acomodar-se. Isto resume as conclusões moderadamente otimistas de um grupo de líderes - incluídos o ministro do Tesouro do Reino Unido, George Osborne, e a diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde - reunidos ontem no painel sobre perspectivas econômicas globais do Fórum Econômico Mundial.

A economia brasileira deve encolher 3,5% neste ano e ficar estagnada no próximo, enquanto o produto bruto mundial deve crescer 3,4% e 3,6%, de acordo com as novas projeções do FMI, aceitas de modo geral pelos participantes do painel. A maior parte dos emergentes continuará afetada pela baixa de preços dos produtos básicos e pelas condições menos favoráveis do mercado financeiro, mas quase todos terão desempenho melhor que o do Brasil.

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A China, segunda maior economia do mundo, deve completar seu ajuste com um pouso suave, concordaram todos os participantes da discussão. O ajuste já iniciado inclui uma alteração nos motores do crescimento chinês - da exportação para o mercado interno, do investimento para o consumo e da indústria para os serviços.

Outro emergente, a Índia, deverá liderar o crescimento mundial, com avanço previsto de 7,5% neste ano. Para a economia indiana as cotações menores do petróleo são um fator positivo e uma justificativa a mais para o bom humor exibido pelo ministro das Finanças, Arun Jaitley, participante do painel.

Também o Japão, há algum tempo em convalescença de duas décadas de recessão, deve continuar em crescimento, com expansão de1% prevista para este ano e uma das taxas de desemprego mais baixas do mundo, cerca de 3%. Mas o presidente do Banco do Japão (banco central), Haruhiko Kuroda, teve de reconhecer mais uma vez um insucesso parcial. A inflação anual continua abaixo de 2%, apesar do afrouxamento monetário iniciado em 2013.

A explicação, desta vez, é a baixa das cotações do petróleo, mas nem tudo é má notícia. Descontados os preços da energia e dos alimentos, a inflação chegou a 1,2%. Se for necessário, a política monetária poderá ser afrouxada mais um pouco, prometeu Kuroda. No ano passado ele já teve de explicar, numa discussão em Davos, por que o BC japonês falhou na tentativa de criar uma inflação de 2%. Pelo menos desse constrangimento as autoridades brasileiras estão livres em Davos. No máximo, podem ter alguma dificuldade para explicar como se pode combinar uma inflação desse tamanho com uma retração econômica igual ou superior a 3,5%.

Quem primeiro chamou a atenção para a reação excessiva dos mercados foi o executivo principal do banco Crédit Suisse, Tidjane Thiam. Ele classificou este começo de ano como o pior já registrado e classificou como um exagero o temor de um pouso acidentado (hard landing) da China. Quanto aos preços baixos do petróleo, são um bônus, segundo ele, para a economia mundial.

A diretora gerente Christine Lagarde reafirmou a expectativa de uma modesta aceleração do crescimento global, de 3,1% em 2015 para 3,4% neste ano e 3,6% no próximo. Concordou com a crença em um ajustamento chinês sem maiores problemas. "Há dez anos", comentou, "ouço falar de um hard landing da China e isso jamais aconteceu".

Chamou a atenção, no entanto, para alguns fatores de risco, especialmente importantes para os emergentes, como a baixa de preços das commodities, incluído o petróleo, e a assincronia das políticas monetárias das grandes economias, com aperto nos Estados Unidos e afrouxamento na zona do euro e no Japão. O desvio de capitais para os Estados Unidos, com dólar forte, juros altos e economia em expansão, é um dos riscos associados à divergência das políticas dos bancos centrais.

Apesar do problema das commodities, o desempenho recente e as perspectivas dos emergentes diferem muito. Brasil e Rússia, lembrou, apresentam os piores números, mas por diferentes fatores. Christine Lagarde se dispensou de detalhar o assunto, mas explicações têm aparecido nos cenários globais divulgados pelo FMI.

As dificuldades da Rússia estão vinculadas a questões geopolíticas, como conflito com a Ucrânia, às sanções comerciais impostas por grandes potências do Ocidente e, enfim, à desvalorização do petróleo. Ao tratar do Brasil, os documentos do Fundo têm realçado os grandes desajustes nas contas públicas, a inflação elevada e o baixo potencial de crescimento decorrente de limitações como as deficiências da infraestrutura e a baixa produtividade da mão de obra.

O ministro George Osborne mostrou confiança em relação às perspectivas de crescimento do Reino Unido e quase se limitou a falar sobre os problemas da relação com a União Europeia.

Mal na foto

O painel sobre a economia global é um dos mais tradicionais e concorridos do Fórum Econômico Mundial. O Brasil apareceu mal nesse painel, mas a imagem do País já estava em deterioração nos últimos anos, com crescimento bem inferior ao de outros emergentes, incluídos vários latino-americanos, fundamentos em mau estado e nenhuma perspectiva crível de mudança.

A passagem do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, parece ter produzido resultados escassos, segundo avaliação de veteranos frequentadores de Davos. As exposições ouvidas num almoço com autoridades sul-americanas mostraram mais claramente as diferenças entre Brasil e outros países da região, comentou o economista Ricardo Hausmann, professor de Harvard. As tentativas do ministro brasileiro de mostrar um esforço de ajuste foram consideradas pouco convincentes, até porque a execução da política orçamentária dependerá de um apoio parlamentar ainda muito duvidoso - para a aprovação de uma nova CPMF, por exemplo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A zona do euro não deve fazer movimentos unilaterais para limitar a quantidade de títulos de dívida dos governos que os bancos podem possuir, disse o ministro das Finanças da Itália. Em entrevista durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, Pier Carlo Padoan pediu cautela enquanto a região se adapta a novas regras no sistema financeiro.

Os comentários evidenciam as fortes discordâncias que ainda existem entre membros da zona do euro sobre do que a região de moeda comum precisa para controlar riscos e impulsionar o crescimento da economia. Os limites de exposição a títulos dos governos têm o apoio de países como Alemanha, Holanda e Finlândia, mas significariam um grande impacto para a Itália e seus credores, os quais detém mais de 70% da dívida do país.

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"Precisamos ser cautelosos ao colocar em prática regras que parecem bonitas no papel", disse Padoan.

Jeroen Dijsselbloem, ministro das Finanças holandês, que preside as conversas entre os ministros da zona do euro, quer um acordo para o limite a exposição dos bancos a títulos dos governos ainda este ano, com os limites entrando em vigor completamente em 2024. Isso asseguraria que os credores pudessem sobreviver à reestruturação da dívida dos governos, diz o ministro.

Padoan argumenta, porém, que os limites aumentariam o custo de funding dos governos e poderiam desestabilizar os mercados caso os bancos sejam forçados a uma venda apressada dos papéis. "Isso seria uma provável fonte de instabilidade", declarou, acrescentando que qualquer limite de exposição precisaria de acordo para implementação em nível global.

Pelas leis internacionais, títulos soberanos são considerados risco zero, o que faz com que credores possam acumulá-los sem precisar de proteção extra. Em 2014, os bancos da zona do euro detinham títulos de seus países-sede avaliados em 118% de seu capital, muito mais do que o que ocorre com bancos dos Estados Unidos, em que a média de exposição a títulos do governo norte-americano é 14% do capital social.

De acordo com uma análise da Fitch Ratings de 2014, os maiores bancos da zona do euro precisariam se desfazer de € 1,1 trilhão em títulos dos governos se fosse exigido que eles reduzissem sua exposição a 25% do capital, o que está em linha com limites de exposição para outros tipos de ativo. Se a exposição for limitada à 50% do capital, as vendas de títulos poderiam alcançar € 800 bilhões.

Roma tem repetidamente discordado de Bruxelas e Berlim em meses recentes, em tópicos que variam da política energética ao fluxo de refugiados. Na terça-feira, Padoan terá um encontro com a Comissária Europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, para resolver uma disputa sobre um mecanismo de ajuda aos bancos italianos que permitiria que eles lidassem com bilhões de euros em maus empréstimos os quais tem contaminado seus balanços e estão impedindo-os de fornecer novos empréstimos. A comissão até agora tem rejeitado as propostas da Itália alegando que o país estaria usando dinheiro de impostos para subsidiar maus empréstimos. Fonte: Dow Jones Newswires.

O debate sobre a política econômica adotada pelo governo brasileiro não deve ser avaliado pelo dualismo entre "heterodoxia" e "ortodoxia". A avaliação é do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Para ele, que é taxado de desenvolvimentista pelo mercado financeiro, as ações propostas pelo governo - como o incentivo à oferta de crédito para alguns setores da economia - devem ser avaliadas pela eficiência para ajudar na retomada do crescimento.

"Acho que heterodoxia e ortodoxia não são corretos para avaliar. É algo de ser eficiente ou não eficiente", disse ao ser questionado sobre a percepção de economistas de que o esforço para incentivar o crédito seria uma medida "heterodoxa" dentro do ajuste fiscal. Entre os segmentos que devem ser beneficiados por novos empréstimos, está o capital de giro para agricultura e construção. "No momento em que a economia precisa de capital de giro e havendo recursos sem custo adicional, é obrigação fazer isso."

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Barbosa nega que o apoio ao crédito seja uma volta às políticas do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. "Estamos falando de usar espaço financeiro dentro da legislação vigente. São operações que ocorriam antes de 2008. O crédito do BNDES com a Taxa de Juro de Longo Prazo existe há muito tempo. Foi novo colocar equalização de juros", disse ele, ao argumentar que a política de subsidiar o crédito "foi usada enquanto foi necessário".

"Agora, estamos voltando a práticas normais e não vejo nada de heterodoxo nisso", disse, ao frisar que esses financiamentos não terão custo fiscal. Além do BNDES sem subsídio, Barbosa prometeu a volta da operação de pré-custeio ao setor agrícola e mais financiamentos com a liquidez disponível gerada pelo aumento dos depósitos de poupança no Banco do Brasil e pelo pagamento das pedaladas ao FGTS.

Sobre o ceticismo e a relativa descrença de parte dos economistas com o trabalho do novo ministro, Barbosa respondeu que "as ações vão falar por si mesmo". "As pessoas estão entendendo a sequência da política de estabilização. Cada política acontece na sua velocidade", disse, ao lembrar que promessas feitas há um ano - como a reforma do seguro-desemprego, da pensão por morte e a correção de preços de combustíveis, energia e câmbio - foram executadas nos últimos meses. "Isso não elimina o fato de que muito precisa ser feito", disse.

Questionado sobre eventual diferença entre a percepção dos brasileiros e estrangeiros sobre o trabalho do novo ministro, Barbosa encara com naturalidade que os nacionais sejam mais críticos. "Sempre somos mais críticos com que nós conhecemos melhor. A auto crítica é boa porque força melhorar", disse, ao citar que o pessimismo, porém, "não pode ser exagerado porque temos muitos acertos".

Retomada

O ministro acredita que a economia brasileira poderá voltar a crescer no quarto trimestre de 2016. Mesmo assim, o ano deve terminar em recessão. Após reunião com vários investidores e executivos internacionais, Barbosa anunciou que o governo deve trabalhar para ter uma agência para atrair investimentos internacionais. Em tempos de ajuste fiscal, ele ressaltou, porém, que nenhum órgão novo será criado.

Após conversar com diversos investidores internacionais, Barbosa disse que "a maior angústia" de estrangeiros é a necessidade de melhora da regulação no Brasil, como o sistema tributário. O encaminhamento desses problemas poderia potencializar o crescimento no País, disse o ministro.

Diante desse cenário, ele disse que o governo deve trabalhar para criar uma agência de fomento ao investimento estrangeiro em conjunto com o Ministério do Planejamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Arábia Saudita pode suportar os baixos preços do petróleo por muito tempo, disse nesta quinta-feira (21) o presidente da estatal Aramco, Khalid Al-Falih. "Caso os preços continuem baixos, poderemos suportá-los por muito, muito tempo", disse Al-Falih, que participa do Fórum Econômico em Davos. "Certamente não desejamos isso, mas estamos preparados", acrescentou.

O presidente da Saudi Aramco disse também que alguns produtores serão forçados para fora do mercado caso as atuais cotações do barril, que julga "irracionais", continuem neste patamar por muito tempo. Ele disse que a Arábia Saudita não irá agir sozinha, mas está disposta a cooperar caso outros produtores também estejam. Fonte: Dow Jones Newswires.

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A evasão fiscal chega a US$ 320 bilhões anuais nos países latino-americanos, segundo a secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Barcena. O dinheiro enviado ilegalmente ao exterior soma US$ 150 bilhões por ano. O estudo com esses dados e informações detalhadas por país ainda será publicado pela organização.

A secretária Alicia Barcena coordenou na quarta-feira (20), à tarde, no Fórum Econômico Mundial, um painel sobre transformações na região. Ela mesma contribuiu com um dado importante para mostrar a baixa integração econômica na região. No ano passado, enquanto o comércio exterior latino-americano diminuiu 14%, as trocas intrarregionais encolheram 21%.

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Os países mais fechados da América Latina continuam sendo os do Mercosul e sua negociação mais ambiciosa - com a União Europeia - continua emperrada. O próximo passo deve ser a troca de ofertas entre os dois blocos. Mas a troca só ocorrerá se os dois lados apresentarem suas propostas ao mesmo tempo, disse na quarta a ministra de Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, numa entrevista depois do painel.

Os governos do Mercosul, explicou a ministra, só levarão adiante a discussão quando os europeus esclarecerem suas intenções em relação ao comércio de produtos agropecuários. A decisão de só apresentar a proposta quando a União Europeia puser sua oferta sobre a mesa já havia sido indicada pelo governo brasileiro. Segundo fontes europeias, a abertura comercial oferecida pelo Mercosul - oficialmente ainda mantida sob reserva - é inferior aos padrões previstos na negociação.

Embora os dois governos tenham decidido unir-se para manter o impasse com a União Europeia, a ministra argentina reafirmou a disposição, anunciada pelo recém-eleito presidente Mauricio Macri, de trabalhar pela dinamização do Mercosul, com eliminação das barreiras entre os países do bloco e maior empenho na busca de acordos com mercados relevantes. O bloco tem poucos acordos de livre-comércio, e só com economias em desenvolvimento, algumas com pouca presença nos mercados internacionais.

Dependência

Além de pouco integrados entre si, os latino-americanos, com exceção do México, são muito dependentes da exportação de commodities - matérias-primas e produtos pouco elaborados.

Todos foram afetados pela queda dos preços das commodities, determinada em grande parte pela desaceleração da economia chinesa. O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu no ano passado 6,9%, segundo informação oficial divulgada nesta semana. Pela primeira vez, em mais de 20 anos, a variação anual ficou abaixo de 7,0%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê para a economia chinesa taxas de expansão de 6,3% neste ano e de 6,0% no próximo.

O baixo crescimento da segunda maior potência econômica do mundo e principal importadora das commodities latino-americanas é mais um sinal - reconhecido pelos participantes do painel - da urgência de mudança do padrão comercial da região.

No caso do Brasil, a dependência excessiva de exportações de produtos básicos e, portanto, da demanda chinesa, resulta de uma decisão política formulada em 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu dar prioridade à integração comercial com os países emergentes, enquanto os governos de vários outros emergentes, incluída a China, davam atenção preferencial aos mercados mais desenvolvidos.

Apesar das dificuldades comerciais, os participantes do painel mostraram otimismo em relação a mudanças na região, com destaque para a derrota do kirchnerismo na Argentina, a vitória da oposição na eleição para o Legislativo na Venezuela e a expectativa de acordo entre Estado e a guerrilha na Colômbia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, negou qualquer plano de usar as reservas internacionais para reagir à situação de crise na economia. Ao contrário, disse que o ideal é manter as reservas em patamar elevado. "Em um momento de volatilidade, a melhor política é continuar mantendo um estoque elevado de reservas e, eventualmente, adotar medidas para reduzir volatilidade no câmbio com swap cambial", disse em entrevista coletiva.

Além de mostrar solidez com as reservas e corrigir eventuais desequilíbrios no câmbio, Barbosa repetiu que a equipe econômica continua comprometida em adotar medidas para equilibrar as condições macroeconômicas. "Vim para mostrar que muito se avançou, mas obviamente vivemos uma fase de retração da atividade econômica. Vamos continuar adotando medidas para estabilizar", disse após o primeiro dia de participação no Fórum Econômico Mundial.

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"O Brasil está em processo de reequilíbrio da política econômica em um ambiente adverso. Mas muito já foi feito. Um ano atrás o ministro (Joaquim Levy) colocou como prioridades a reforma do seguro-desemprego, do seguro por morte e dos subsídios fiscais e financeiros como o crédito PSI e a energia", disse Barbosa, ao citar que esses problemas foram encaminhados e o governo tomou medidas para corrigir essas distorções. "Então, se avançou na direção correta."

Agora, o esforço está em "completar o ajuste fiscal e avançar para um reforma fiscal". "Esse é maior desafio neste momento e tenho certeza que as lideranças políticas entendem", disse.

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, se reunirá nesta segunda-feira, às 10 horas, com a presidente Dilma Rousseff para afinar o discurso da delegação brasileira no Fórum Econômico Mundial de Davos. À tarde, Barbosa seguirá para Suíça, onde cumprirá agenda a partir do dia seguinte.

Barbosa aproveitará o evento para se apresentar à comunidade econômica mundial. Ele terá reuniões com executivos de multinacionais, ministros e representantes do mercado financeiro no Fórum Econômico Mundial. Sua missão será conquistar a confiança dos investidores internacionais.

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Ele é o terceiro ministro da Fazenda brasileiro a participar do encontro em três anos - no ano passado, foi o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e, em 2014, Guido Mantega. A expectativa do governo é avançar principalmente nas discussões sobre infraestrutura, um dos temas chave dos encontros.

Na última sexta-feira, Dilma comandou no Palácio da Alvorada uma reunião com a equipe econômica. Na ocasião estavam os ministros Valdir Simão (Planejamento), Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Kátia Abreu (Agricultura) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), além do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e o vice-presidente de Agronegócios e Micro e Pequenas Empresas do Banco do Brasil, Osmar Fernandes Dias. A pauta do encontro foi o comércio exterior brasileiro em 2016.

Na agenda de Barbosa estão ainda reuniões bilaterais com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jacob Lew, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Luis Alberto Moreno.

Na terça-feira, em Zurique, Barbosa encontra o representante permanente do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), embaixador Marcos Bezerra Abott Galvão.

Na quarta-feira, a agenda em Davos começa com um almoço organizado pelo Banco Itaú com 50 a 60 CEOs de grandes empresas, além do presidente do Banco Central argentino, Frederico Sturzenegger. Ainda neste dia, Barbosa terá reunião com o presidente do banco Lloyds, John Nelson, com o ministro de Finanças da Argentina, Alfonso Prat-Gray, e com o vice-presidente do Citibank, Jay Collins.

A agenda do dia seguinte é destinada principalmente a encontros com empresários, como o presidente do Walmart Internacional, David Cheesewright, o diretor financeiro da ArcelorMittal, Aditya Mittal, e o chefe de divisão da Novartis, Richard Francis.

Haverá ainda o painel Business Interaction Group on Brazil, feito geralmente com ministros que estão assumindo o cargo e CEOs. Esse é o principal momento de interação do ministro com um grupo maior de executivos, que poderão fazer perguntas sobre diversos temas. Já são mais de 90 inscritos, mas somente 40 deverão participar.

Em seguida, ocorrerá um painel aberto - How to reboot the global economy - no qual participam ainda o economista Joseph Stinglitz e representantes do governo da Turquia, Canadá e Irlanda. A sessão será transmitida pela internet.

Na sexta-feira, o ministro abre o dia com um painel com investidores em infraestrutura e participa também de um painel sobre a América Latina. Barbosa terá ainda reunião com o ministro da Fazenda do Chile, Rodrigo Valdés e concederá coletiva para a imprensa, retornando ao Brasil no dia seguinte.

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