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O Ibama divulgou na sexta-feira, 24, um comunicado em que informa que fará operações de fiscalização contra desmatamento e garimpo na região sudoeste do Pará. "Estão planejadas operações de fiscalização contra desmatamento e garimpo em Terras Indígenas e Unidades de Conservação no sudoeste do Pará, região que abriga a Floresta Nacional do Jamanxim", diz o texto. Até o ano passado, as informações sobre os locais de fiscalizações e operações do Ibamaeram mantidas em sigilo, para que não atrapalhassem os resultados das ações. Desta vez, o texto foi disponibilizado, em português e inglês.

Na nota, o Ibama também afirma que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) "trabalha em uma nova metodologia de alertas de desmatamento e busca desde o início da atual gestão uma ferramenta tecnológica que permita a detecção diária de desmatamentos de até 1 hectare". Segundo a nota, "o sistema atual detecta desmatamentos superiores a 6,25 hectares e emite alertas com lapso temporal que não favorece ações de caráter preventivo".

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Procurados, o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) afirmaram que apenas o MMA se manifestaria sobre o tema. O Estado também procurou o MMA, que não se manifestou até as 18h50.

Os dados sobre o desmatamento na Amazônia foram revelados na semana passada pelo Estado, com base em informações oficiais, produzidas pelo próprio Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter), ferramenta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, órgão do governo federal.

Conforme informado, foram perdidos oficialmente, em uma quinzena de maio, 6.880 hectares de floresta preservada na região amazônica, oequivalente a quase 7 mil campos de futebol. Esse volume ainda está próximo do desmatamento registrado na soma de todos os nove meses anteriores, entre agosto de 2018 e abril de 2019, que chegou a 8.200 hectares. Em 2018, o País registrou os maiores números de desmatamento na região amazônica de toda a história. Desde agosto, a devastação ilegal continua e atinge, em média, 52 hectares da Amazônia/dia.

Os dados mais recentes, dos primeiros 15 dias de maio, são os piores no mês em uma década - 19 hectares/h, em média, o dobro do registrado no mesmo período de 2018.

Em 2018, o País registrou os maiores números de desmatamento na Região Amazônica de toda a história. Desde agosto, a devastação ilegal continua e atinge, em média, 52 hectares da Amazônia por dia. O novo problema é que os dados mais recentes, dos primeiros 15 dias de maio, são os piores no mês em uma década - 19 hectares/hora, em média, o dobro do registrado no mesmo período de 2018.

Foram perdidos oficialmente em uma quinzena 6.880 hectares de floresta preservada na Região Amazônica, o mesmo que quase 7 mil campos de futebol. Esse volume ainda está próximo do desmatamento registrado na soma de todos os nove meses anteriores, entre agosto de 2018 e abril de 2019, que chegou a 8.200 hectares.

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Os dados foram levados ao governo, que os confirmou. O Estado teve acesso a informações atualizadas do Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter), ferramenta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que fiscaliza ações de desmatamento. Os números se referem à devastação registrada nas unidades de conservação, florestas protegidas que são administradas e fiscalizadas por órgãos como o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). Uma das regiões mais devastadas é a Floresta do Jamanxim, alvo histórico de saques de madeira a partir da BR-163, que perdeu nada menos que 3.100 hectares.

Normalmente, as medições oficiais são feitas de agosto até julho do ano seguinte. No período encerrado em julho de 2018, a região registrou 20.200 hectares de desmatamento, um recorde histórico. No atual ciclo, aberto em agosto e já considerando os números até 15 de maio, o acumulado hoje chega a 15 mil hectares - e pode alcançar um novo recorde.

Questionado, o ministro do Meio Ambiente (MMA), Ricardo Salles, disse que a responsabilidade pela curva crescente do desmatamento é de governos anteriores. "Ainda não deu tempo de implementarmos nossas políticas", disse. Já Ibama e ICMBio não responderam aos questionamentos.

Técnicos do governo observam que o grande volume de desmatamento em duas semanas pode estar ligado à meteorologia. É que março e abril são de muita chuva e a maior incidência de nuvens dificulta o uso de satélites. Com o fim das chuvas, o céu se abre e a área captada cresce. As taxas da devastação, porém, confirmam os técnicos, referem-se exclusivamente ao desmatamento efetivado neste ano. E a questão climática vale para os anos anteriores, que registraram números menores.

As fiscalizações em campo feitas por agentes do Ibama e ICMbio na região continuam em andamento, mas os dados obtidos pelo jornal mostram que o número de multas diminuiu. Entre 1.º de janeiro e 15 de maio deste ano, o Ibama emitiu 850 multas, 35% menos do que no mesmo período do ano passado, quando foram 1.290. No ICMBio, entre 1.º janeiro e 15 maio, seus agentes emitiram 317 multas na região, praticamente metade do aplicado no mesmo intervalo de 2018.

O MMA não comenta a redução. Já o presidente Jair Bolsonaro tem criticado regularmente o que chama de "indústria das multas". Em janeiro, o MMA acabou com o Departamento de Florestas e Combate ao Desmatamento, que funcionava dentro da pasta desde 2007. O órgão tinha 15 servidores e estava ligado à Secretaria de Mudanças do Clima e Florestas. Com o fim dessa secretaria, os funcionários foram realocados. O MMA também não comentou a situação.

Crítica

A justificativa do ministro Ricardo Salles para os dados oficiais de desmatamento foi rebatida por seu antecessor no MMA. "Não há surpresa nessas informações. Há tristeza. Quando um governo resolve desmoralizar os agentes do Ibama, desmontar o ICMBio e acabar com as unidades de conservação, ele só está dando o sinal verde para o desmatamento", disse Sarney Filho, hoje secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal. "Como diminuir os índices, se os instrumentos criados para combater esses crimes estão sendo desmontados pelo discurso e pela ação concreta do governo?"

Multas

No Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), a cobrança das multas que já tramitaram pela área técnica, administrativa e já receberam justificativas dos autuados está parada. A reportagem apurou que 354 autos de infração emitidos por agentes do ICMBio estão prontos para serem homologados pelo presidente do órgão, para que sejam cobrados.

Neste ano, a chefia do órgão não homologou nenhuma multa - como determina o regimento interno. As cobranças prontas para serem aplicadas somam a quantia de R$ 146,2 milhões que o ICMbio poderia receber. O ICMBio foi procurado, mas não comentou o assunto.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) também foi questionado pela reportagem sobre as motivações da paralisação nas cobranças, mas não se manifestou. O ministro do MMA, Ricardo Salles, tem trocado todos os cargos de liderança do ICMBio desde que assumiu - nomeando militares.

Conversão

O presidente Jair Bolsonaro, que foi multado em 2012 pelo Ibama quando pescava numa área proibida de proteção integral em Angra dos Reis (RJ), alterou no mês passado um decreto - de 2008 - que dispunha sobre crimes ambientais. A mudança cria "núcleos de conciliação" para discutir as multas ambientais aplicadas pelos órgãos, além de modificar o programa de conversão de multas em projetos de restauração florestal, que vinha sendo realizado pelo Ibama.

Ao justificar a mudança, o governo argumentou que "a conciliação deve ser estimulada pela administração pública federal ambiental (…) com vistas a encerrar os processos administrativos federais relativos à apuração de infrações administrativas por condutas e atividades lesivas ao meio ambiente". Pela regra, quando o autuado for notificado, será chamado a uma audiência de conciliação, já com dia e horário marcados, caso queira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Imagens de satélite mostram ano a ano a redução que a Floresta Amazônica vem sofrendo por causa do desmatamento. Agora elas começam a revelar também um outro impacto sobre a região - a redução de superfície de água. A Amazônia, aos poucos, está secando. Em 33 anos, foram perdidos, em média, 350 km2 de superfície de água por ano.

Os dados foram revelados a partir da análise de imagens do Landsat feitas da região entre 1985 e 2017, compiladas pelo projeto MapBiomas, iniciativa multi-institucional que investiga as transformações do território brasileiro. O trabalho, feito por pesquisadores das ONGS WWF-Brasil e Imazon, também conta com apoio da ferramenta Google Earth Engine.

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As imagens mostram que nesse período a dinâmica natural dos rios da região mudou. "Existe uma variação natural, com anos mais cheios e anos mais secos, mas temos visto que não tem ocorrido a recuperação após uma temporada mais seca. São justamente as várzeas, as regiões mais sensíveis, que estão sendo mais afetadas, estão deixando de ter água", explica Bernardo Caldas de Oliveira, especialista em conservação da WWF-Brasil. Essas regiões são importantes para a reprodução de peixes e outras espécies.

O levantamento apontou que desde a grande seca registrada na Amazônia em 2010 essa dinâmica natural é mais forte - como em planícies de inundação às margens dos grandes rios, áreas de várzea e lagoas e praias que se formam com o pulso de cheias e vazantes dos rios. "São locais que passaram a ficar mais expostos", afirma Carlos Souza Jr, pesquisador do Imazon e primeiro autor do trabalho, publicado na revista Water. A pesquisa será divulgada nesta sexta-feira, 22, por ocasião do Dia Mundial da Água.

Fatores conectados

De acordo com os pesquisadores, uma série de fatores combinados pode estar contribuindo para essa situação, como as mudanças climáticas, a própria perda de vegetação, a construção de hidrelétricas e o avanço da agricultura nas cabeceiras de bacias, além de outras alterações na paisagem produzidas pelo homem, como a construção de açudes e pequenas barragens ou bebedouros para os animais.

"A gente já tinha bons indícios relacionando essas mudanças com impactos aos ecossistemas aquáticos, mas não tínhamos ideia da dimensão do problema", afirma Souza Jr. O que o trabalho revela é que a perda de vegetação e outras alterações antrópicas estão conectadas com os ambientes aquáticos. "Dependendo de como vamos usar o solo, isso vai afetar os recursos hídricos."

O mapeamento permite observar também o que é corpo d'água natural e o que são obras humanas. "Conseguimos identificar áreas de preservação permanente transformadas em bebedouros ou tanques para aquiculturas. Observamos mais de 50 mil minirrepresas, obras que precisam ser licenciadas, locais que precisam ser recuperados. A ferramenta ajuda a reconhecer o problema e mostra o desafio de recuperar essas áreas", diz Souza Jr. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Se o desmatamento na Amazônia continuar no ritmo atual, a perda da floresta pode levar, até 2050, a um aumento médio da temperatura da região de 1,45°C, o que, além de afetar a biodiversidade local, poderá ter impactos econômicos e sociais, incluindo o aumento da ocorrência de algumas doenças infecciosas e da demanda por energia elétrica e água.

Além disso, haverá redução na produtividade de cultivos. O alerta está em um estudo publicado nesta quarta-feira (20) na revista PLoS ONE por pesquisadores da Universidade Estadual do Rio (Uerj), da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.

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O grupo analisou o impacto já sentido da retirada da cobertura vegetal na reflexão da luz solar e na capacidade de evapotranspiração da floresta (perda de água do solo por evaporação e da planta por transpiração) sobre a temperatura do solo em regiões tropicais e o que pode ocorrer no futuro na Amazônia.

De acordo com o trabalho, o desmatamento já promoveu em áreas tropicais da Terra um aumento de 0,38°C entre 2000 e 2010. Mas esse valor é uma média para todas as regiões, considerando um desmatamento também médio para essas de 26% no período. A maioria das áreas analisadas (67%) sofreu menos de 20% de desmatamento. Onde a perda florestal foi mais intensa, o aquecimento observado também é maior.

"Quando olhamos áreas tropicais que sofreram taxas maiores de desmatamento, o aumento de temperatura foi muito maior. Por exemplo, em áreas que perderam 50% de sua cobertura florestal, o aumento médio foi de 1,08°C. Em áreas com 100% de desmatamento, o aumento pode chegar a quase 2°C. Isso provavelmente ocorreu em áreas ao longo do arco do desmatamento da Amazônia", disse o ecólogo Jayme Prevedello, da Uerj - o primeiro autor do trabalho.

O pesquisador explica que esses valores de aquecimento são uma média entre as temperaturas diurna e noturna. "Se considerarmos apenas a temperatura durante o dia, os aumentos são ainda mais dramáticos. Na média, o aumento foi 0,87°C. Para locais com 50% de desmatamento, foi de 1,7°C, e para 100% de desmatamento, foi de 3°C em média, podendo chegar a 5,1°C", afirma.

'Dramático'

Os autores também mediram os impactos que podem ser sentidos entre 2010 e 2050 especificamente para a Amazônia, em um cenário com taxas de desmatamento em alta semelhantes às atuais e considerando que o Código Florestal seja cumprido. No primeiro cenário, a temperatura pode subir em média até 1,45°C.

"Este nível de aquecimento é dramático em áreas com alto nível de desmatamento e rivaliza com o aumento de temperatura pelas mudanças climáticas. Honestamente, fiquei surpreso com esses valores. Já sabíamos há muito tempo que nas margens da floresta, próximo de uma área desmatada, é muito mais quente, mas não sabíamos que esse nível de aquecimento penetrava em áreas tão grandes", complementa Barry Sinervo, da Universidade da Califórnia, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Os resultados são consistentes com outros trabalhos que compararam áreas florestadas com pastagem e cultivos de soja. Um estudo de 2015de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e do Centro de Pesquisa Woods Hole, em Mato Grosso, mostrou que, quando a floresta é convertida em soja, ocorre um aumento na temperatura da superfície de mais de 5°C. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) utilizou sua conta oficial no Twitter para falar sobre o desmatamento da Amazônia e as ações do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em função da causa ambiental.

Marina, que foi candidata nas eleições presidenciais de 2018, afirmou que o desmatamento “cresceu 54% no primeiro mês de governo Bolsonaro, em comparação com janeiro de 2018”.

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A ambientalista ainda completou criticando o trabalho do ministro Ricardo Salles. “Os ataques do atual ministro do Meio Ambiente contra os órgãos ambientais é um apoio direto aos que desrespeitam a legislação e promovem o pior dos tipos de desenvolvimento”, concluiu.

Em sua postagem, Marina ainda anexou uma imagem com informações que dão conta de que o aumento da destruição ocorreu no período chuvoso, onde normalmente a derrubada da floresta diminui.

Na série de podcasts sobre O BRASIL QUE TEREMOS, o LeiaJá ouviu especialistas sobre diversos temas da atualidade para construir um cenário para os próximos quatro anos de governo, com Jair Bolsonaro na Presidência da República. Carlos Augusto Ramos, engenheiro florestal, consultor socioambiental e diretor da empresa Estuário Serviço Ltda., e Fernanda Mendes, engenheira florestal, doutora em Engenharia Florestal, professora na área de manejo florestal da Universidade Estadual do Pará (Uepa), avaliaram as propostas da nova gestão federal na área do meio ambiente. Clique no ícone abaixo e ouça.

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O governo do presidente Michel Temer encerra seu ciclo com um aumento expressivo nos índices de desmatamento da Amazônia, registrando o pior volume de devastação na região nos últimos dez anos. Dados oficiais do governo apontam uma expansão de 13,7% no desmate da região amazônica no período de agosto de 2017 a julho de 2018, quando comparado com o mesmo ciclo anual anterior. Ao todo, a remoção total da vegetação (corte raso) na Amazônia atingiu 7.900 km², uma área equivalente a mais de cinco vezes a capital de São Paulo.

Trata-se da maior área devastada desde o ciclo de 2007/2008, quando 12.911 km² foram desmatados. Os dados são apurados pelo sistema de monitoramento da Amazônia, o Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O crescimento na taxa de desmatamento frustra os resultados de queda do período anterior, entre agosto de 2016 e julho de 2017, quando o governo comemorou um recuo de 16% nessas ocorrências, com 6.947 km² desmatados.

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No ano passado, o governo comemorou a "tendência de queda" nos índices. Nos dois ciclos anteriores - agosto de 2014 a julho de 2015 (6.207 km²); e agosto de 2015 a julho de 2016 (7.893 km²) - houve aumento nas taxas de desmatamento, com altas de 24% e 27%, respectivamente.

Os Estados que apresentaram os valores mais elevados de desmatamento foram Pará (35,9% do total), Mato Grosso (22,1%), Rondônia (16,7%) e Amazonas (13,2). O governo procura relevar o resultado ruim, ao observar que o desmatamento de 2018 corresponde a uma redução de 72% em relação à área registrada em 2004, quando 28.772 km² foram desmatados, a maior perda florestal registrada no século 21.

O mapeamento se baseia em imagens de satélite para registrar e quantificar as áreas desmatadas maiores do que 6,25 hectares. Foi considerado como desmatamento a remoção completa da cobertura florestal, independentemente da futura utilização dessas áreas.

Fiscalização

No ciclo 2017/2018, o Ibama aumentou o número de autuações em 6%. As áreas embargadas na região tiveram ampliação de 56%, o volume de madeira apreendida cresceu 131% e a apreensão de equipamentos, alta de 183%, em relação ao período anterior.

Em unidades de conservação ambiental fiscalizadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), aumentaram em 40% as autuações, 20% as áreas embargadas e 40% as apreensões de madeira e equipamentos. Como o desmatamento ilegal muitas vezes está associado a outros crimes, como lavagem de dinheiro, tráfico de armas, drogas e animais e trabalho escravo, a Polícia Federal instaurou 823 procedimentos criminais no período.

O ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, não deu entrevista sobre os resultados. Por meio de nota, Duarte declarou apenas que "o recrudescimento do crime organizado que atua no desmatamento ilegal da Amazônia, destruindo as riquezas naturais do país e causando danos para toda sociedade, está associado a outras práticas criminosas, como tráfico de armas e animais, trabalho escravo, evasão de divisas e lavagem de dinheiro".

Segundo o ministro, além de intensificação das ações, é preciso "ampliar a mobilização de todos os níveis de governo, da sociedade e do setor produtivo no combate aos ilícitos ambientais e na defesa do desenvolvimento sustentável do bioma".

Depois de apresentar uma queda no ano passado, o desmatamento na Amazônia pode ter voltado a subir neste ano. É o que indica um monitoramento paralelo ao do governo feito pela ONG Imazon, que divulga mês a mês alertas do que pode estar sendo perdido de vegetação. Segundo a organização, esses alertas subiram 39% de agosto do ano passado a julho deste ano, na comparação com o período de agosto de 2016 a julho de 2017.

Por ser feito com uma metodologia diferente da usada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) - órgão responsável pelo Prodes, o sistema que fornece os dados oficiais de desmatamento na Amazônia -, o monitoramento do Imazon não costumava ser comentado pelo governo. Mas, em geral, ele aponta uma tendência do que está acontecendo no campo.

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No ano passado, por exemplo, o Imazon indicou que o desmatamento tinha caído 21%, dado que chegou a ser comemorado pelo então ministro de Meio Ambiente, Sarney Filho. Em outubro o governo anunciou que de fato houve uma queda - de 16%.

O valor depois foi corrigido para uma redução real de 12%. A perda total da Amazônia entre agosto de 2016 e julho de 2017 foi de 6.947 km², contra 7.893 km² no período anterior.

Procurado pela reportagem, o Ministério do Meio Ambiente disse desta vez que os dados do Imazon e do Inpe indicam tendência completamente diferente. Para isso, citou os números dos três últimos anos. Em 2015, Imazon mostrou alta de 215% e o valor oficial foi de +24%; em 2016, alta de 97% contra 27%; em 2017, queda de 21% contra queda real de 12%.

"Nossos alertas são uma espécie de termômetro do que está acontecendo. Hoje temos um sistema mais refinado, com resoluções compatíveis com as do Prodes, o que nos dá um nível de certeza maior", rebateu Carlos Souza Jr., um dos responsáveis pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon.

De acordo com o sistema, que monitora uma área bem menor da Amazônia Legal do que faz o Inpe, houve o corte raso (quando a terra é desmatada totalmente) de 3.949 km² de agosto de 2017 a julho de 2018, contra 2.834 km² no período anterior.

A ONG também aponta uma alta de 224% na degradação da floresta, com atividades como exploração de madeira e queimadas.

Considerando a margem de erro, Souza diz que estima que a taxa de desmatamento oficial deste ano pode ficar em torno do valor do ano passado ou acima dos 7 mil km².

O pesquisador afirma que três regiões da Amazônia têm chamado atenção nos últimos anos: a do sudoeste do Amazonas, na fronteira com Acre e Rondônia, no entorno de Lábrea, onde está sendo feito o asfaltamento da BR-319; na fronteira do Amazonas com Mato Grosso, perto de Apuí; e no entorno da Terra do Meio, no Pará.

"Está ocorrendo um deslocamento em relação ao avanço que víamos antes só no Arco do Desmatamento, a fronteira mais atingida. Verdade que lá já foi muita coisa destruída, mas agora vemos que está avançando para áreas mais internas da Amazônia. É importante segurar agora, para que essa cultura não se consolide."

Metas

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 24, duas semanas depois de o governo federal ter anunciado que já conseguiu cumprir suas metas de emissões de gases de efeito estufa previstas para 2020.

O feito teria sido possível, de acordo com o Meio Ambiente, por causa da queda do desmatamento observada no ano passado.

Um trabalho científico publicado em julho na revista Nature Climate Change, porém, trouxe conclusões na direção oposta.

Pesquisadores da UFRJ e da UFMG calcularam que se o desmatamento da Amazônia e do Cerrado seguir a tendência de alta observada nos últimos cinco anos, piorando a contribuição do Brasil ao aquecimento global, outros setores do País terão de compensar essas emissões de gás carbônico. E o custo para a economia pode ser de pelo menos US$ 2 trilhões.

Oito meses depois do pior incêndio da sua história, que destruiu cerca de 30% de sua área, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, um dos maiores símbolos do Cerrado, dá sinais de recuperação e se prepara para lançar novos atrativos, ao mesmo tempo em que passa pela concessão de serviços a fim de incentivar o turismo.

Com suspeita de ter origem criminosa - apenas alguns meses depois de o parque ter passado por uma ampliação que triplicou a área -, o fogo acabou atraindo o apoio da sociedade. "O parque saiu fortalecido na sua relação com a sociedade. Recebemos um apoio muito grande durante o incêndio e isso continuou depois, inclusive com apoio financeiro que estamos usando até hoje", conta Fernando Tatagiba, diretor do local, gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

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Esse apoio já se transformou em maior segurança. A equipe fixa de 36 brigadistas foi contratada em um regime de dois anos, renovável por mais um. E mais de cem pessoas das comunidades do entorno vêm passando por uma formação para atuarem na prevenção e no combate ao fogo. "É gente, que, ao receber o certificado do ICMBio de brigadista voluntário, poderá atuar na proteção do parque", diz. "Hoje contamos com mais gente preparada e da região."

Recuperação

A vegetação começa a dar sinais de recuperação. "A regeneração ocorre de maneiras diferentes. Nas fisionomias mais abertas, nos campos nativos do Cerrado, que são a paisagem predominante aqui, para um olhar leigo quase não se percebe a passagem do fogo. Está exuberante", diz. "Mas quando levamos o olhar para a beira dos rios, onde ficam as vegetações mais florestais - como as matas de galeria -, e para as veredas, ainda observamos a vegetação sofrendo."

O parque retomou a visitação normal e espera ampliá-la com a concessão. A ideia é oferecer para a iniciativa privada os serviços de venda de ingresso, loja de suvenires, lanchonete, quiosque de alimentação, área de camping e transporte interno.

Em julho, será aberta a área conhecida como carrossel, com cachoeira, parede de escalada, mirante e trilha suspensa. "E contará com uma interpretação geológica. Ali há rochas com 1,5 bilhão de anos que apresentam marca de ondinhas onde antes chegava o mar", conta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A destruição da Mata Atlântica teve queda de 56,8% entre 2016 e 2017, de acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado nesta sexta-feira, 25, pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O valor representa o menor índice de desmatamento já registrado desde o início do monitoramento, em 1985.

O relatório aponta que, entre 2016 e o ano passado, foram destruídos 12,5 mil hectares dos 16,2 milhões de hectares restantes do bioma no Brasil. No período de 2015 a 2016 haviam sido devastados 29 mil. Cada hectare equivale aproximadamente a um campo de futebol.

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Sete dos 17 Estados que ainda têm Mata Atlântica, de acordo com o relatório, registraram perdas em torno de 100 hectares ou menos, o que é considerado tecnicamente como "desmatamento zero". O Estado de São Paulo é um deles: entre 2016 e 2017 foram devastados 90 hectares dos 2,3 milhões de hectares que restam do bioma no Estado - queda de 87% em comparação aos 698 hectares destruídos no período anterior.

De acordo com Marcia Hirota, coordenadora do Atlas e diretora executiva da SOS Mata Atlântica, múltiplos fatores levaram à redução histórica da devastação do bioma. "A Mata Atlântica é o único bioma que tem uma lei específica para protegê-lo, desde 2006. Houve também um esforço de controle das autoridades ambientais, com mais fiscalização e autuação ao desmatamento ilegal. Além disso, a atuação do Ministério Público tem sido muito intensa e há uma mobilização consistente da sociedade civil."

Segundo Marcia, também é plausível considerar que, depois de séculos de devastação, restou pouco a ser destruído. Dados da SOS Mata Atlântica indicam que o bioma cobria originalmente 15% do território brasileiro e atualmente se estende por apenas 1% do território. Mais de 92% da cobertura original já foi eliminada. "Essa leitura faz sentido também. Se olharmos para São Paulo, veremos que a maior parte do que sobrou do bioma está na Serra do Mar, em terreno acidentado que não foi possível explorar - e por isso não houve desmatamento. No interior não restou quase nada", diz Marcia.

Missão: restaurar

Embora o desmatamento continue, a redução deve ser comemorada, na opinião de Marcia Hirota. "Esses resultados mostram que estamos no caminho certo para alcançar o desmatamento ilegal zero, que já é uma realidade em sete Estados. Para isso vamos precisar do compromisso de toda a sociedade, incluindo proprietários de terras, governos e empresas", declarou.

Nos Estados onde já há desmatamento zero, a prioridade é a restauração da Mata Atlântica. "Esperamos um compromisso das autoridades para preservar o que resta do bioma e sobretudo para aumentar a cobertura de florestas, especialmente nas áreas produtoras de água."

Além de São Paulo, que desmatou 90 hectares no período entre 2016 e 2017, os outros Estados que atingiram o desmatamento zero foram o Ceará e o Espírito Santo - ambos com 5 hectares -; a Paraíba, com 63 hectares; o Rio, com 19 hectares; o Rio Grande do Norte, com 23 hectares; e Mato Grosso do Sul, com 116 hectares. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Corte Suprema de Justiça da Colômbia ordenou que o governo federal e as adminstrações regionais do país adotem um plano de ação para proteger a Amazônia do desmatamento. A decisão foi tomada hoje (6), após análise da situação, em conjunto com o Centro de Estudos Judiciais.

Além disso, a corte afirma que o governo não enfrentou o desmatamento no país, que cresceu 44% entre 2015 e 2016, passando de 56.972 para 70.074 hectares. Sendo assim, a Justiça colombiana exigiu, através de comunicado oficial, que o governo elabore o “Pacto Intergeracional pela Vida da Amazônia Colombiana (Pivac)” para reduzir também os gases de efeito estufa.

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Sobre os governos regionais, a corte afirmou que as autoridades ambientais não estão cumprindo a função de avaliar, controlar e monitorar os recursos naturais. “O desmatamento ocorre em locais sobre a tutela da Parques Nacionais Naturais da Colômbia (PNN). Departamentos como Amazona, Caquetá, Guaviare e Putumayo também descumprem suas funções de proteção ambiental. Municípios da área amazônica concentram altos níveis de desmatamento sem resistirem a essa situação", diz a nota da Corte Suprema.

De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, o desmatamento irregular na Amazônia está em constante queda em 2018 após dois anos de aumento nas taxas de desflorestamento. Em 2017 houve redução de 16% e agora, entre agosto do ano passado e janeiro deste ano, os levantamentos indicam uma queda de 20%.

Entre agosto de 2016 e julho de 2017, a taxa estimada pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontou 6.624 quilômetros quadrados (km²) de corte raso, que é a eliminação de toda vegetação existente sobre a área. O resultado indicou uma diminuição de 16% em relação a agosto de 2015 e julho de 2016, quando foram apurados 7.893 km² de desflorestamento ilegal.

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Para Sarney Filho, a queda no desmatamento é resultado da melhora no orçamento dos órgãos de fiscalização. “Temos um monitoramento online muito bom e temos recursos assegurados pelo orçamento do Ibama, suplementado com o Fundo Amazônia. Então, hoje não há problema financeiro para promover o comando e controle na Amazônia”, disse.

A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) emitiu dois autos de infração contra a empresa Viver Bem Imobiliária Ltda, nesta terça-feira (9). A construtora é acusada de iniciar instalação de condomínio residencial sem licenciamento ambiental, suprimindo vegetação nativa da Mata Atlântica em Aldeia, bairro de Camaragibe, Região Metropolitana do Recife (RMR).

Foi determinado o embargo das obras e aplicadas multas que somam mais de R$ 109 mil. Os crimes ambientais foram cometidos em área da Granja Piricirica, no quilômetro 17 de Aldeia. Através de imagem de satélite, a CPRH verificou o desmatamento de 6,5 hectares, sendo 0,7 hectares em Área de Preservação Permanente (APP). 

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Durante a vistoria, a CPRH presenciou oito trabalhadores no local. Havia rastros indicando uso recente de trator para abertura do sistema viário do empreendimento. Foi constatado também o corte de espécies de sucupira, murici, embaúba, pau-lacre, ingá, sambacuim, cajazeira, embiriba , macaíba e embira. 

O primeiro auto de infração determinou a suspensão total das atividades por falta de licença ambiental e multa de R$ 32.939,32. Já o segundo, multa de R$ 77 mil e embargo da obra ou atividade devido à supressão de 6,5 hectares de vegetação secundária do bioma Mata Atlântica.

A conversão da floresta amazônica em áreas de plantio e de pasto tem sido apontada como responsável por redução das chuvas, aumento das secas e degradação dos ecossistemas aquáticos. Agora, um novo estudo liderado por um cientista brasileiro nos Estados Unidos mostra que o desmatamento também tem impactos na produção comercial de peixes.

A pesquisa, publicada na revista científica Fish and Fisheries, revela uma queda na produtividade da produção pesqueira em rios adjacentes a áreas desmatadas. O trabalho foi liderado por Leandro Castello, professor da Faculdade de Recursos Naturais e Meio Ambiente da Virginia Tech (Estados Unidos), especialista em ecologia e conservação da pesca na Amazônia.

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De acordo com Castello, a pesquisa mostra que a qualidade de conservação das áreas de florestas adjacentes aos rios - as chamadas várzeas, ou planícies de inundação da Amazônia - têm um papel fundamental para a produção de peixes. "As florestas em planícies de inundações podem fornecer estruturas que protegem os peixes e servem como habitat para insetos que são o alimento de muitas das espécies de peixes. Essas florestas também produzem plantas que fornecem comida para alguns deles", afirmou Castello.

Para descobrir se a destruição das florestas de planícies de inundação tem influência nas populações de peixes e na produção pesqueira, os cientistas cruzaram dois conjuntos de dados. O primeiro deles incluiu informações sobre a produtividade pesqueira em um período de 12 anos ao longo de uma área de mil quilômetros quadrados, o mapeamento de 1500 lagos e entrevistas com pescadores locais. Com isso, foi possível mapear o rendimento da pesca nessas áreas ao longo dos anos. "Compilamos dados de cerca de 36 mil pontos diferentes e, com isso, produzimos um mapa que mostra de onde vinham os peixes", explicou Castello.

Essas informações foram então cruzadas com dados de satélites da Nasa sobre características do habitat nessas áreas, para determinar se a presença de florestas tinha impacto sobre a produtividade pesqueira. "Queríamos saber, essencialmente, se a nas áreas com florestas de várzea a produtividade da pesca é maior, se é a mesma, ou se é menor do que em áreas onde essas florestas foram devastadas", explicou Castello. "Nossos resultados indicam que os lagos com florestas de várzea fornecem aos pescadores uma produtividade maior. Isso nos permite inferir que, quando as florestas são cortadas, o rendimento da pesca nesses lagos é reduzido. O desmatamento não é apenas uma questão terrestre - ele pode reduzir o número de peixes disponíveis para uma das populações mais pobres do mundo", disse o cientista.

De acordo com Castello, para manter a produção de alimentos e a renda das populações ribeirinhas, é necessário proteger esses habitats. "As planícies de inundação produzem mais peixe que qualquer outro sistema de água doce no mundo. Neste momento, a Amazônia é um caso único, já que a maior parte das suas várzeas ainda está intacta. Mas, se as florestas continuarem sendo derrubadas e os habitats modificados, isso reduzirá a quantidade de peixes que as pessoas têm para se alimentar e ganhar a vida. Se não protegermos essas áreas, vamos perder os rios e os peixes", afirmou Castello.

Gado e pesca - "O conflito entre a criação de gado e a gestão da pesca é uma preocupação compartilhada pelos habitantes das planícies de inundação, mas até agora não haviam sido feitos estudos rigorosos de como a perda de florestas afeta a produtividade da pesca nessas áreas", disse outro dos autores do estudo, David McGrath, diretor do Instituto de Inovação da Terra (Estados Unidos).

"Esse estudo nos dá as ferramentas que precisamos para mostrar as trocas que existem entre a criação de gado e a gestão da pesca em planícies de inundação. Podemos utilizar esse trabalho para mostrar às comunidades o que elas perdem quando não há controle da densidade de gado nas várzeas e da conversão das florestas em pastos", disse McGrath.

O estudo tem implicações diretas para a gestão e a conservação da Amazônia, de acordo com outra das autoras do estudo, Victoria Isaac, professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), que foi responsável pela coleta de dados sobre a pesca.

"O uso da terra sem planejamento e outras interferências humanas estão modificando drasticamente a paisagem da Amazônia. As políticas para proteção do meio ambiente e para evitar o desmatamento deveriam ser mais robustas, para garantir a segurança alimentar das populações locais e a produtividade da pesca", afirmou Victoria.

"Um estudo dessa escala sobre a pesca e a cobertura florestal ainda não havia sido feito na Amazônia. Foi muito importante descobrir uma forte evidência de associação entre desmatamento e queda no rendimento da pesca", declarou outra das autoras da pesquisa, Laura Hess, pesquisadora do Instituto de Pesquisas da Terra, da Universidade da Califórnia (Estados Unidos).

Uma ação conjunta da Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH) e 1ª Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma), da Polícia Militar, encontrou 12 pontos de desmatamento e invasão para ocupação, alguns já com início de construções, em área de mata próxima à Estação Ecológica de Caetés (Esec Caetés) e da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, na Região Metropolitana do Recife (RMR), no domingo (3). A fiscalização resultou na destruição de um acampamento, de cercas e das construções, além da apreensão de ferramentas.

Os pontos identificados ficam em território do município de Abreu e Lima e são classificados como áreas de preservação. Segundo a CPRH, a partir desta semana, haverá reforço de monitoramento com a participação de equipe da prefeitura. 

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Em alguns pontos, o desmatamento foi recente, sendo utilizada a própria madeira desmatada para construção de barracos. Seis homens, provavelmente invasores, fugiram pela mata em um dos pontos identificados.

Na última semana de novembro, foram constatados desmatamos em três áreas da Estada de Aldeia, em Camaragibe. Juntas, elas somavam pouco mais de 15 hectares. 

O Brasil se comprometeu, junto ao Acordo de Paris, a zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030, mas bem antes disso, até 2020, tem de conseguir reduzir em cerca de 70% os níveis atuais de perda da vegetação - dois resultados que parecem difíceis de alcançar considerando a flutuação observada nos últimos cinco anos. Diante desses desafios, um grupo de oito ONGs brasileiras apresentou um roteiro de como o País poderia não só cumprir esses compromissos, como zerar completamente o desmatamento.

Anunciado em meio à Conferência do Clima da ONU, que ocorre em Bonn (Alemanha), o relatório "Desmatamento zero na Amazônia: como e por que chegar lá" se vale do fato de que o desmatamento é hoje, e historicamente, a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa do País. No ano passado, quando o corte da floresta esteve em alta de 27%, a mudança do uso do solo representou 51% de todas as emissões do País.

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De agosto do ano passado a julho deste ano, a situação melhorou um pouco e a taxa de desmatamento caiu 16%, mas, conforme alerta a análise, a média de perda observada entre 2013 e 2017 foi 38% maior que a de 2012, o menor nível histórico.

Para chegar àquele nível, foram anos de quedas consecutivas que reduziram a taxa de desmatamento em mais de 80% desde o nível máximo, de 2004. Mas de lá para cá, não só não foi possível cair mais como em alguns anos houve altas expressivas, como entre 2014 e 2016.

Para as organizações, os resultados obtidos até 2012 indicam que o Brasil já tem os elementos para alcançar o desmatamento zero, mas é preciso implementar as políticas públicas. "Sabemos o caminho, muitas medidas foram adotadas para chegar à taxa mais baixa, mas desde então estamos na direção certa? Deveríamos estar caindo ainda mais para chegar aos 3.900 km2 prometidos para 2020. E estamos enfrentando um momento político difícil, com medidas sendo discutidas no Congresso, como tentativas de reduzir unidades de conservação, o que pode elevar o desmatamento", disse Cristiane Mazzetti, do Greenpeace.

Os pesquisadores e ambientalistas sugerem um caminho de ações, recomendando quem deveria fazer o quê. "Os elementos para chegar lá já existem, mas precisamos de novas maneiras de agir, ações urgentes e mais ambiciosas tanto dos governos federal e estaduais quanto de companhias que trabalham com cadeias de produção ligadas ao desmatamento e investidores", complementa Cristiane.

Além de retomar e melhorar as políticas públicas e os mecanismos de comando e controle, um dos caminhos citados no relatório é melhorar a economia florestal - o clássico fazer a floresta em pé valer mais que ela no chão.

Ela cita como exemplo o impulso que houve no preço do açaí quando houve investimento nesse sentido, saltando 77% entre 2011 e 2016. De acordo com o documento, a extração de produtos florestais rendeu cerca de R$ 3 bilhões em me´dia de 2015 e 2016, dos quais R$ 1,8 bilhão são oriundos da exploração de madeira e R$ 537 milhões de extração de açaí.

Talvez a ação considerada mais importante é o combate à grilagem de terras públicas. "Uma coisa que precisamos entender é que temos também o bom exemplo sobre como controlar isso que é usar a própria floresta remanescente como ferramenta", diz Paulo Moutinho, pesquisador sênior do Ipam.

"Há 70 milhões de hectares na Amazônia de floresta pública não destinada para nenhum tipo de uso pelo governo. Se fizermos como no passado - designar áreas públicas para unidades de conservação ou de uso sustentável dos recursos naturais - podemos interromper imediatamente os níveis de desmatamento ali", recomenda.

Moutinho lembra que essa ação pode colaborar também para manter o clima local equilibrado. "Pesquisas recentes mostram que a retirada de floresta altera o regime hídrico. Então para o agronegócio, a melhor forma de garantir o cultivo nos próximos anos é investir em conservação, porque vai preservar a água para a agricultura", afirma.

É com esse tipo de dado que os ambientalistas esperam conduzir novos diálogos com a bancada ruralista no Congresso para tentar encampar um aumento das unidades de conservação.

Paulo Barreto, do Imazon, lembrou também do papel da sociedade nesse processo. "Foi a forte reação da sociedade civil que conseguiu neste ano fazer o governo voltar atrás em duas áreas que queria reduzir. É preciso essa ajuda para desmantelar políticas ruins e dar suporte às boas", diz.

As ONGs que realizaram o relatório são Greenpeace, Instituto Centro de Vida, Imaflora, Imazon, Instituto Socioambiental, IPAM, TNC e WWF.

* A repórter viaja como bolsista do fellowship Climate Change Media Partnership.

O debate que se acendeu no País no final de agosto sobre os riscos da mineração para a floresta, por ocasião da tentativa do governo federal de extinguir a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), acaba de ganhar uma boa dose argumentos científicos. O primeiro estudo já feito sobre o papel da mineração sobre o desmatamento da Amazônia revelou que a atividade foi responsável, direta e indiretamente, por 9,2% de toda a perda florestal registrada no bioma entre 2005 e 2015.

O alerta foi dado por um grupo de pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, da Austrália e do Brasil em pesquisa publicada na quarta-feira (18), na revista Nature Communications. O trabalho, liderado por Laura Sonter, que fez a pesquisa em seu pós-doutorado na Universidade de Vermont, analisou imagens especiais e as mudanças na paisagem em torno das 50 maiores minas ativas da Amazônia - só foi levada em conta a mineração autorizada; garimpos ilegais ficaram de fora. A ideia era medir não só o impacto imediato no ponto da lavra, mas o desmatamento induzido para o funcionamento de toda a operação.

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A descoberta é que o corte da floresta se estende por até 70 quilômetros além das fronteiras das lavras, em razão do estabelecimento da infraestrutura, como estradas, ferrovias e aeroportos, e da expansão urbana de suporte para o crescimento da força de trabalho. No período de dez anos avaliado, o desmatamento total induzido pela mineração foi de 11.670 km2. A maior parte disso - 90% -, aponta o trabalho, ocorreu fora do local de extração. Em outras palavras, a devastação fora das minas foi 12 vezes maior do que dentro.

Estimativas anteriores, comentam os autores do trabalho, eram de que a mineração respondia por apenas 2% ou 3% do desmatamento. "Era sabido que existia uma influência, mas ela nunca havia sido mensurada. Normalmente se pensa só no buraco, na cava, mas não é só isso. Junto com mineração vem toda a infraestrutura associada. O impacto indireto é muito maior", explica ao Estado o pesquisador Britaldo Soares-Filho, do Centro de Sensoriamento Remoto, Universidade Federal de Minas Gerais, e um dos autores do trabalho.

Ele afirma que perto das minas até existe preservação da floresta. "Em várias delas, a empresa estabeleceu buffer de floresta no entorno, mas além disso, toda a infraestrutura, as siderúrgicas associadas à mineração de ferro, a migração populacional no entorno. Isso tudo obviamente acelera o desmatamento", diz.

Os autores alertam que os dados são importantes sobretudo quando se discute no Congresso abrir terras indígenas e unidades de conservação para a mineração. Soares-Filho destaca que isso também deveria ser levado em conta na discussão que ocorre neste momento de mudança no licenciamento ambiental. "O processo de licenciamento hoje como existe no Brasil já é muito falho por não considerar a cadeia de impactos. Esses empreendimentos avaliados passaram todos por licenciamento, mas ele só considera o entorno. Isso não é só para a mineração, mas para hidrelétrica e todo o resto. Tem de haver uma avaliação dos possíveis impactos futuros", defende o pesquisador.

A Polícia Militar, através da 1ª Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma), está desenvolvendo um projeto de aplicativo para denúncias de crimes ambientais. O recurso estará disponível para as plataformas Android e iOS.

O aplicativo será gratuito. Através dele, será possível denunciar crimes como tráfico de animais silvestres, queimadas, desmatamentos e poluição do ar. 

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As denúncias poderão ser anônimas. Será obrigatório preencher um formulário e anexar pelo menos uma evidência do fato denunciado. Segundo a Polícia Militar (PM), os usuários poderão enviar fotos, vídeos, áudio e texto. 

O desmatamento na Amazônia Legal caiu 21% em um ano, interrompendo as sucessivas altas verificadas nos últimos cinco anos, apontam dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados nesta terça (22). Entre agosto de 2016 a julho de 2017 foi desmatada uma área de 2.834 quilômetros quadrados (km²). No período anterior, o acumulado chegou a 3.579 km². Apesar da melhora, a área desmatada corresponde a quase ao dobro do território da cidade de São Paulo (a capital paulista tem área de 1.521 km²). Já o desmatamento em unidades de conservação subiu 22%.

De acordo com Antônio Victor, pesquisador do Imazon, um dos motivos que podem explicar essa redução é o fato de a base de comparação do ano anterior ser alta. “Em 2016 tivemos a maior área já desmatada em um ano. Foi o maior pico de desmatamento já detectado pelo SAD desde 2008. Estamos comparando 2017 com um número bastante elevado”, disse. Além disso, ele destaca que, apesar de ser importante o recuo no desmatamento, o volume ainda impressiona. “É uma área considerável, pensando que o objetivo do Brasil é reduzir a zero.

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Victor também chama atenção para o aumento do desmatamento em unidades de conservação. Em julho, foi a segunda área mais afetada, com 22% do total. “Há grande incidência do crescimento de alertas, nos últimos anos, na região do sul do Amazonas, envolvendo o estado do Amazonas e de Rondônia, onde há uma concentração de unidades de conservação, que estão sofrendo forte pressão para redução, alteração dos limites ou mesmo a extinção”, disse.

A maioria das áreas desmatadas estão em terras privadas (61%) , seguida pelos assentamentos (15%) e terras indígenas (2%) .

O levantamento, feito mensalmente, considera o período de agosto a julho por reunir os períodos de maior e menor quantidades de chuvas. “A chuva é um fator importante na logística de quem pratica o desmatamento, pois dificulta muito o acesso”, explicou. Victor explica que, historicamente, nos meses de julho a outubro – o verão amazônico, período com menos precipitações – costuma aumentar o desmatamento. “Se forem tomadas medidas de controle, fiscalização e de punição, tende a passar a mensagem que o Estado está atuante e tende a levar a uma redução”, disse.

Dados

Em julho deste ano, o SAD detectou 544 km² desmatados na Amazônia Legal – área que engloba os sete estados da Região Norte, o Mato Grosso e parte do Maranhão. O valor é semelhante ao verificado em julho de 2016, quando foram verificados 539 km².

No período entre agosto de 2016 a julho de 2017, Mato Grosso é o estado que lidera em volume de desmatamento, com 810 km², mas reduziu 15% em um ano. Em seguida está o Pará, com 714 km², uma queda de 31% em relação aos 1.030 km² somados em 2016. A mair diminuição foi detectada em Roraima, que passou de 71 km² para 45 km², um decréscimo de 37%.

O monitoramento oficial do desmatamento na Amazônia é feito pelo Sistema Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgada anualmente. Ainda não há dados de 2016/2017. Victor explica que os modelos de monitoramento não permitem comparação, pois utilizam metodologias diferentes.

Fiscalização

Para o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, a queda no desmatamento reflete o “reforço na fiscalização”. “A presença do Estado na Amazônia está muito forte e os resultados já estão sendo sentidos”, disse por meio de nota.

Entre as medidas destacadas pelo ministro está a recomposição orçamentária do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “Pela primeira vez, recursos do Fundo Amazônia foram destinados para ações adicionais de comando e controle”, diz o texto.

Sarney Filho também apontou o incentivo ao desenvolvimento sustentável na região. Segundo ele, além das operações de fiscalização, é necessário estabelecer medidas para fortalecer a economia e a conservação ambiental na região. “Estamos implantando um modelo sustentável que valoriza a floresta em pé”, disse.

Uma fiscalização apreendeu um caminhão que carregava 30 toras de espécies nativas, como Ipê e Cupiúba, no município de Primavera, Mata Sul de Pernambuco, na última sexta-feira (4). A madeira deverá seguir para doação entre instituições.

O material estava sendo transportado sem o Documento de Origem Florestal (DOF), que indica sua procedência e comprova se tratar de um desmate autorizado. A fiscalização foi realizada pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e Companhia Independente de Policiamento de Meio Ambiente (Cipoma).

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O proprietário teve o veículo, as toras e uma motosserra apreendidos além de ser multado em R$ 3 mil. O carregamento foi levado inicialmente para a Delegacia de Vitória de Santo Antão, onde foram emitidos os quatro autos de infração, da apreensão do veículo, madeira e motoserra e da multa ao proprietário, de R$ 100 por cada tora. 

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