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Os Estados membros da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) votaram nesta quarta-feira para suspender os direitos da Síria pelo suposto uso de armas químicas, uma decisão inédita na história da instituição.

A moção que priva Damasco de "direitos e privilégios", apoiada por países ocidentais como Estados Unidos, França e Reino Unido, obteve a maioria necessária de dois terços dos votos.

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"À luz deste resultado, o projeto de resolução é aprovado", anunciou Jose Antonio Zabalgoitia Trejo, que presidiu a reunião dos países membros da OPAQ, que tem sede em Haia.

Oitenta e sete países votaram a favor da moção e 15 contra, incluindo a própria Síria, Rússia, China e Irã. Dos 193 Estados membros, 136 participaram na votação.

A moção priva a Síria de seu direito de voto, uma medida sem precedentes na história da organização, fundada há 25 anos para que o mundo acabe com as armas químicas.

As medidas são uma resposta a uma investigação da OPAQ no ano passado que considerou a Força Aérea síria responsável por ter usado gás sarin e cloro em um ataque em 2017 contra a localidade de Ltamenah controlada pelos rebeldes.

Damasco tampouco respeitou o prazo de 90 dias estabelecido pela OPAQ para que declarasse as armas utilizadas nos ataques e revelasse os depósitos restantes.

A delegação francesa afirmou que o "uso reiterado de armas químicas pela Síria é inaceitável para a comunidade internacional". O Reino Unido considerou a decisão um "passo crucial para manter a credibilidade da OPAQ".

O regime sírio, que sempre negou qualquer envolvimento, afirma que os ataques químicos foram uma 'encenação'. A Síria e sua aliada Rússia acusam as potências ocidentais de organizar, por meio da OPAQ, uma campanha "politizada".

A OPAQ, prêmio Nobel da Paz em 2013, se tornou cenário de tensão recentemente entre os países ocidentais e a Rússia.

Os direitos da Síria permanecerão suspensos até que os Estados membros decidam que o país revelou a totalidade de suas armas químicas e instalações de fabricação de armas, de acordo com a moção.

A organização abriu uma nova investigação após as explicações "insuficientes" apresentadas pela Síria, após a descoberta de produtos químicos em setembro de 2020 em um local onde as autoridades negavam a fabricação de armas químicas.

De acordo com a ONU, Damasco ainda não respondeu a 19 perguntas feitas nos últimos anos sobre as instalações que teriam sido usadas para a produção ou armazenamento de armas químicas.

Janeiro é considerado o mês dedicado à visibilidade trans. A data foi definida em 29 de janeiro de 2004, quando homens e mulheres trans e travestis foram até o Congresso Nacional com a campanha Travesti e Respeito, pautando a visibilidade das vidas trans e a promoção da cidadania. Mas, 17 anos depois, para as pessoas trans, o Brasil ainda é o retrato da falta de direitos, do preconceito e da violência.

De acordo com a ONG Transgender Europe (TGEU), responsável por monitorar 71 países, o Brasil é o que país que mais mata transexuais no mundo. Em 2020, o Brasil teve 175 assassinatos de pessoas trans. Segundo o relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), o número equivale a uma morte a cada dois dias. Todas as vítimas eram mulheres não cis (leia sobre gêneros aqui), e em sua maioria negras, pobres e que trabalhavam como prostitutas na rua.

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A prostituição é um dos principais motivos do número alto de mortes. Sem perspectivas e sem o apoio da família, da sociedade e do mercado de trabalho, grande parte das mulheres trans acaba seguindo esse caminho que, por muitas vezes, é o único que pode gerar a renda necessária para sobreviver. Expostas aos perigos da rua, muitas se tornam estatística. O fator está diretamente ligado ao baixo tempo médio de vida de uma pessoa trans, que é de apenas 35 anos, enquanto a expectativa de vida da população em geral - pessoas cis e heterossexuai s- é de 75,5 anos.

As dificuldades começam dentro de casa. Com medo da reação da família, muitas transexuais demoram a iniciar o tão sonhado processo de transição, período pelo qual uma pessoa passa para se adequar ao gênero a que ela realmente sente pertencer, podendo se submeter a tratamentos hormonais, cirúrgicos, fonoaudiológicos, entre outros.

É o caso da universitária Bruna Tavares, nascida em um âmbito familiar conservador, que já se identificava como mulher trans desde os 15 anos, mas só conseguiu dar os primeiros passos aos 19. “A parte mais difícil de todo esse processo foi contar para as pessoas mais próximas que eu estaria começando uma transição. Muitas pessoas não esperavam que eu fizesse algo assim. Depois da transição, eu pude ser mais eu mesma, isso me abriu portas. Fiquei mais confiante comigo mesma”, disse.

A estudante, no entanto, ainda sente medo de andar na rua. “Ser uma pessoa trans no Brasil é muito complicado. A gente sai na rua e bate aquele medo de alguém estar percebendo que somos trans. Sempre vemos notícias de transexuais sendo mortas. Não deixa de passar pela nossa cabeça que poderia ter sido eu ou alguma amiga próxima. Vivemos com um medo constante de uma coisa simples, que é ser quem a gente é”, desabafou.

Um dos casos de maior repercussão e que causou comoção mundial foi o assassinato da travesti Dandara Santos, de 42 anos, em 15 de fevereiro de 2017, no Ceará. O homicídio obteve visibilidade após o compartilhamento, nas redes sociais, do vídeo que mostra a vítima sendo agredida por um grupo no meio da rua. 

A gravação, com pouco mais de um minuto, mostra os momentos de tortura e agressão, realizados por pelo menos quatro homens, com chutes, chineladas e pedaços de madeira. Ao final, é possível ver os culpados descendo a rua, com a travesti desacordada num carrinho de mão. O crime não parou por aí. Dandara foi morta a tiros.

Uma escultura em homenagem à travesti foi exposta em Nova York, em 2019. A obra, do artista Rubem Robierb, simboliza as asas de uma borboleta. A intenção foi representar a ideia de tolerância, e de que as pessoas devem acreditar em seus sonhos.

Em 2020, A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou um projeto que denomina uma rua com o nome de Dandara Ketley, no bairro Bom Jardim, onde a travesti foi assassinada. A proposta é conscientizar sobre a necessidade de políticas públicas que promovam a proteção e a cidadania.

Mesmo com o alto índice de violência, conquistas também marcam os anos de luta. Nos últimos 17 anos, a população trans conseguiu passar a doar sangue e caracterizar a transfobia como racismo, além de obter o direito a mudar seus nomes de registro civil, como é o caso da digital influencer de Belém do Pará Francielle Neriah, que leva, com frequência, informações e vivências de sua realidade como pessoa trans.

Os seguidores puderam acompanhar todo o seu processo de transição. “Não é uma vitória de casa, uma vitória de bem material, é uma vitória de bem-estar espiritual, ainda que eu saiba que sou mulher, não por ter silicone ou traços femininos, mas sim por agora ter meu registro civil feminino. Isso significa que eu, como mulher trans, posso obter os mesmos direitos que as demais, porque além de ser mulher de alma, sou uma mulher em documento. Não foi fácil, mas eu consegui”, declarou.

A influencer conta que, antes da transição, se sentia feliz, mas não completa, e não conseguia se ver no futuro sendo Forlan - seu nome de batismo. “Não tinha como eu me ver e me idealizar com algo que não era eu. A partir do momento em que eu me libertei, consegui querer ter minha casa, querer ter meu espaço, meu lugar de fala, querer voltar a sonhar sabendo que eu estaria me encaixando naquilo que eu me vejo”, contou.

por Lucas Ribeiro, André Maia e Larissa Silva.

 

 Nesta segunda (5), faleceu o ativista pelos direitos urbanos, Leo Cisneiros, no Recife. O militante, filiado ao Psol, sofreu um infarto no último domingo e veio a óbito nesta segunda (5), durante um procedimento de ponte de safena, um tipo de cirurgia cardíaca na qual um pedaço da veia safena da perna é colocada no coração, com o objetivo de transportar sangue da aorta até o músculo cardíaco.

Cisneiros foi uma das lideranças do Movimento Direitos Urbanos, uma das organizações que esteve à Frente do Movimento Ocupe Estelita.

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Nas eleições de 2016, ele chegou a ser candidato a vereador do Recife, pelo Psol. 

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"Não dou conta de perder mais irmãos queridos de luta. Neste final de semana se foram o artista Flávio Emanuel e meu correligionário Leo Cisneiros. Em ambos os casos, não foi o Covid, mas os corações. Hoje é o meu coração que não aguenta mais chorar", publicou o vereador do Recife, Ivan Moraes (Psol), em suas redes sociais. 

Cisneiros tinha 44 anos e deixa companheira e filho. 

Nota

Por meio de nota, o Psol lamentou o falecimento do ativista Cisneiros. o partido frisou que "perde um grande quadro político".  Leia na íntegra: 

"É com grande pesar que a direção estadual do PSOL Pernambuco recebe a notícia do falecimento do camarada Leonardo Cisneiros, filiado ao partido e militante dos direitos urbanos. Leonardo era professor universitário, pensador e ativista da cidade. Teve grande participação no movimento Ocupe Estelita e na criação do grupo “Direitos Urbanos - Recife”. O camarada está filiado ao PSOL desde 2015 quando participou da construção do nosso primeiro mandato parlamentar estadual.

Em 2016 foi candidato a vereador do PSOL na cidade do Recife. Em 2017 foi um dos principais idealizadores do processo de reconstrução do PSOL Pernambuco. O partido perde um grande quadro político e o Recife perde um dos seus maiores lutadores. Manifestamos toda nossa consternação e profunda tristeza por essa perda irreparável. Externamos nossas considerações aos familiares, amigos e amigas. Que sigamos firmes na luta em memória da militância de Leonardo Cisneiros.

Direção Estadual do PSOL Pernambuco Recife, 05 de abril de 2021".

 

As vendas aumentam no Dia Internacional da Mulher. Flores, chocolate, pelúcias em formato de coração. Apesar do apelo comercial, a data não tem nada com romance, afirma a socióloga e doutora em Antropologia Rachel Abreu. “O 8 de março é muito celebrado pela sociedade de consumo capital, mas na sua origem nada há de romantismo, e sim marca a força, luta e conquistas de relações igualitárias das mulheres e em busca de respeito em várias esferas da sociedade”, afirmou. Em conversa sobre as conquistas femininas, Rachel Abreu falou das origens da comemoração, expectativas para o futuro e da visibilidade da mulher na política.

Qual é o objetivo principal dessa comemoração?

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Essa data é resultado de um caminho de luta por igualdade. O Dia Internacional da Mulher tem como principal objetivo relembrar as batalhas enfrentadas pelas mulheres durante toda a história e dar foco às demandas por direitos que foram e que ainda são negados nos dias atuais. Esse dia é marcado por mobilizações em todo o mundo em prol dos direitos das mulheres, por coletivos, por grupos de debates e discussões sobre a relação entre homens e mulheres. A gente está falando de uma relação de gênero que é assimétrica, que não é igualitária, que é desigual e o tempo todo nós estamos buscando por um processo igualitário de visibilidade, respeito e justiça social para mulheres.

O que pode ser feito para conseguir a igualdade entre gêneros?

Isso é um processo que a gente tende a alcançar a partir do debate sobre a violência contra a mulher, a falta de respeito, a objetificação do corpo da mulher, o feminicídio. Temos vários elementos para pensar as relações de poder. Isso tem que estar em pauta na educação para que a gente possa ter mentalidades desconstruídas para termos práticas sociais diferenciadas no futuro. Vivemos em uma sociedade que tem o passado de relações assimétricas de gênero para analisar, um presente que é resultado desse passado e um futuro a alcançar, que vem a partir das prevenções do que a gente não quer que se repita.

No cenário atual, com aumento dos casos de violência doméstica devido ao isolamento social, como a senhora vê a importância do dia 8 de março no combate à violência contra mulher?

As restrições impostas pela covid-19 foram estabelecidas para manter a quarentena, com objetivo de ficarmos em casa e nos proteger e proteger os nossos. Muitas mulheres ficaram no alvo de seus algozes, sofrendo agressões físicas, psicológicas, simbólicas e vários outros tipos de violência. Esse cenário também dificulta o acesso dessas mulheres às redes de proteção e aos canais de denúncia. As estatísticas da segurança pública mostram esse aumento nos números e ainda tem casos que não chegam à tona para a grande sociedade. A data 8 de março é emblemática para que não esqueçamos quem são essas mulheres. Ser mulher no Brasil é um estado de alerta permanente. A realidade da mulher negra, indígena, homoafetiva, com deficiência física e outras deve ser visibilizada e respeitada, todos os dias, não somente em datas festivas.

Qual o papel dos homens nessa balança desigual e como conscientizá-los sobre a luta feminina?

Culturalmente, nós fomos educados a pensar e esperar e ter expectativa diferenciada para meninos e meninas a partir do sexo biológico. A sociedade traz uma educação e socialização em que a mulher está para o privado, para as emoções, família, sensibilidade, fragilidade e que os homens estão para o público para guerra, trabalho, rua e força. Isso é uma construção de poder. O homem já nasce empoderado. A mulher tem que construir o seu empoderamento. Esse modelo de socialização atribui valores distintos e assimétricos na vivência em sociedade, gerando relações desiguais e de violência. A sociedade precisa dialogar e entender como essas relações de poder se impõem e é necessário que esse debate esteja também partindo para os homens, que se dialogue com os eles sobre essa questão, para entender que a desigualdade não é natural, não é normal, é uma construção de relações de poder a partir do gênero, que manifesta uma potencialidade de violências que precisam ser percebidas, discutidas e desconstruídas. 

A senhora percebe mudanças na forma como a mulher é vista atualmente?

Sim. Hoje, a mulher chega ao mercado de trabalho e assume liderança de gestão, assume espaços de trabalho que antes eram eminentemente da área do homem e isso incomoda porque passa a ser uma ameaça para sociedade que se ergue a partir do patriarcado, a partir do machismo. Hoje, a mulher constrói a sua autonomia, identidade, exerce a sexualidade. A gente tem também mudanças na representatividade política. As últimas eleições mostram como as mulheres estão trazendo a representatividade política. Muitas mulheres se elegeram nas últimas eleições e isso é importante porque são mulheres que estão lá que sabem dessa cena feminina desigual e que podem lutar pelos nossos direitos. Essas mulheres (eleitas) entusiasmam outras mulheres a participar da política, da discussão e do debate.

O que a senhora espera para o futuro? Acredita que alcançaremos a igualdade total entre mulheres e homens?

A sociedade está em transformação. Espero que dias melhores possam vir, que a visibilidade, a justiça, o respeito para as mulheres possam vir a partir de toda essa movimentação que nós o tempo todo fazemos, trazendo esse tema para a roda de debate. Essa discussão não é somente acadêmica, ela tem que sair dos muros da universidade e ir para rodas de conversa, para o meio familiar. Ela tem que sair para o campo social e político para que a gente alcance a visibilidade e o respeito que as mulheres devem ter na sociedade brasileira.

Por Sarah Barbosa.

 

 

 

 

 

O primeiro dia de aplicação da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, realizado no último domingo (17), foi marcado por denúncias de casos de constrangimentos a pessoas trans, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Ao LeiaJá, duas mulheres trans denunciam a falta de sensibilidade quanto ao tratamento das participantes momentos antes do início do Exame e como isso impactou no desempenho na avaliação.

Tido como o mês da visibilidade trans, janeiro recebeu a edição 2020 do Enem, devido ao cancelamento de aplicação em novembro do ano passado, em razão da crescente nos números da Covid-19 no Brasil. Até o momento, são mais de 210 milhões de mortes. Apesar da importância desse mês para a população trans, e do tema da redação do Exame abordando questões relacionadas à saúde mental, os direitos básicos conquistados por essa parcela da população, segundo candidatas, seguem desrespeitados, o que, segundo elas, causa desestabilidade de ordem mental às participantes vítimas de constrangimento momentos antes da realização da prova.

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Há dois anos com todos os documentos de identificação retificados, a estudante Luana Maria da Luz Barbosa, 20 anos, relatou que mesmo com nome atualizado no sistema de inscrição do Enem, na ata da sala de aplicação de prova, o nome registrado na lista era  ‘nome morto’. A participante realizou a prova em uma unidade de ensino superior, na área central do Recife. “Houve problemas, porque não estavam batendo os nomes. Daí o aplicador me levou até as pessoas que são responsáveis pelo departamento de aplicação de prova. E lá as pessoas não sabiam me dar informação se eu iria assinar como Luana ou com o nome antigo”, relatou Luana.

Segundo a estudante, a equipe ligou para o Inep para obter orientações sobre como proceder nessa situação. Após essa ligação, Luana recebeu a notícia de que teria que assinar o ‘nome morto’, assim como no cartão de confirmação de inscrição da estudante, que também não estava devidamente atualizado, tal como mostra na página do participante.

Luana assinou com o ‘nome morto’, despertando um sentimento de revolta diante da negação aos seus direitos. “Será que eu não posso passar por um processo de exame de vestibular, sem passar nenhum tipo de constrangimento? Sou sujeita a passar por esses tipos de violência de negações de direito?”, questionou Luana. “Meu sentimento é de revolta… É uma luta histórica”, enfatizou a estudante.

A estudante relatou que esse episódio potencializou uma situação de ansiedade. Isso, também levando em consideração, todas as preocupações em torno da prevenção contra a pandemia da Covid-19, no local de prova, que também impactaram no desempenho na prova. “Tive crise de ansiedade no meio da prova, fiquei bastante nervosa, mais ainda do que já estava com a pressão que essa prova tem sobre nós, estudantes, que vão prestar esse vestibular”, afirmou, emocionada, ao LeiaJá.

“Para nós, travestis e transexuais, é uma cobrança triplicada [em provas como essas]. Passei mal, durante e assim que terminou a prova, fiquei me sentindo tonta, sentindo como se tivesse feito uma péssima prova, sabe?”, relatou a estudante com a voz trêmula.

Insensibilidade social e desistência

Luana Maria, cria da comunidade do Ibura, localizada na Zona Sul do Recife, por um momento pensou em desistir de tudo. Ao LeiaJá, ela afirmou que não foi a única a passar por esse constrangimento e insensibilidade, problemas recorrentes contra pessoas trans. A participante presenciou quando outras duas meninas também passaram pela mesma situação de constrangimento, e uma delas desistiu de realizar a prova dado o impacto negativo causado pelo tratamento no local.

A reportagem do LeiaJá entrou em contato com as vestibulandas, mas não obteve retorno. No entanto, por meio de stories no Instagram, uma das candidatas afirmou que essa é “a última vez que precisei fazer o Enem, pois mesmo retificada tive que assinar e ser tratada por outro nome que não me pertence”.

Mesmo abalada, Luana realizou a prova e na redação disse ter que reforçar suas vivências com uma crítica ao constrangimento que ela e outras pessoas trans passam no “cistema” vigente. “O tema da redação é ‘O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira’. E é justamente o que eu passei, não é? Esse constrangimento. Essa irresponsabilidade social das pessoas contra nós”, pontuou Luana.

“Eu tive que falar um pouco das minhas dores. Dos meus sofrimentos na redação, não só o meu”, concluiu. Atitudes como essas afastam pessoas travestis e transexuais dos ambientes acadêmicos, em que são praticamente invisíveis, representando apenas cerca de 0,1% do total de alunos das instituições federais de ensino superior. Os dados são do levantamento realizado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em 2018.

Posicionamento do Inep

O LeiaJá procurou o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para obter um posicionamento diante do caso denunciado pelas estudantes. No entanto, o Inep não deu uma resposta objetiva aos ocorridos.

Responsável pela organização do Enem, o órgão apenas orientou que os estudantes que se sentirem prejudicados por "problemas de logística" podem solicitar “reaplicação do Exame em até cinco dias após o último dia de aplicação”, por meio da Página do Participante.

No próximo dia 24 de janeiro serão aplicadas as provas de matemática e Ciências da Natureza, na modalidade impressa. Já as provas da versão digital estão marcadas para os dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro. Confira, a seguir, na íntegra, o posicionamento do Inep sobre o caso:

O edital da versão impressa do Enem 2020 já prevê que: “O participante afetado por problemas logísticos durante a aplicação poderá solicitar a reaplicação do Exame em até cinco dias após o último dia de aplicação, no endereço. Os casos serão julgados, individualmente, pelo Inep. São considerados problemas logísticos para fins de reaplicação, fatores supervenientes, peculiares, eventuais ou de força maior, como: desastres naturais (que prejudiquem a aplicação do Exame devido ao comprometimento da infraestrutura do local), falta de energia elétrica (que comprometa a visibilidade da prova pela ausência de luz natural), falha no dispositivo eletrônico fornecido ao participante que solicitou uso de leitor de tela ou erro de execução de procedimento de aplicação pelo aplicador que incorra em comprovado prejuízo ao participante. A aprovação ou a reprovação da solicitação de reaplicação deverá ser consultada pelo endereço enem.inep.gov.br/participante.” O participante que se sentiu prejudicado deverá relatar o ocorrido. O Inep receberá os pedidos por reaplicação entre 25 e 29 de janeiro, pela Página do Participante do Enem. O Inep, junto às aplicadoras, vai apurar a situação e avaliar o pedido. A reaplicação do Enem, prevista em edital, será nos dia 23 e 24 de fevereiro, mesma data e com a mesma prova aplicada para pessoas privadas de liberdade, o chamado Enem PPL. Trata-se de uma nova prova, com mesmo nível de dificuldade, possível pelo fato de o Enem adotar a metodologia de Teoria de Resposta ao Item (TRI). Todos os anos o Inep prepara duas provas: a regular e a de reaplicação/PPL. Este ano, com o Enem Digital, foram preparadas três provas. 

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--> 'A sala ficou cheia', diz candidata do Enem

A temporada da Fórmula 1 chegou ao fim no último domingo, mas as negociações para a transmissão da categoria na TV continuam agitadas. Tudo caminhava para que uma parceria entre SBT e Disney pudesse assumir o controle das exibições da F-1, mas as conversas travaram e a Globo volta a se animar com a possibilidade de permanecer com os direitos da principal categoria de automobilismo mundial.

O SBT e a Disney conversam há algumas semanas para selar a parceria. Os canais assumiriam a transmissão. A ideia seria que o SBT passasse a corrida na TV aberta e os canais Disney (ESPN e Fox Sports) ficariam com os treinos e reprise das provas, em horários alternativos. Mas a empresa americana decidiu recuar após longa análise mercadológica. O acordo ainda não está totalmente desfeito, mas as chances de acordo foram reduzidas.

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A visão da Disney é que não seria rentável investir na Fórmula 1 neste momento, em que o mundo tenta se reerguer economicamente, em razão do novo coronavírus. O retorno de patrocinadores e audiência não seriam suficientes para a transmissão gerar lucro. A emissora de Silvio Santos descarta a possibilidade de fazer uma proposta sozinha, também pela questão financeira. O recuo da Disney pegou o SBT de surpresa. A emissora até analisava o mercado em busca de comentaristas para a F-1. O narrador seria Téo José.

A Liberty Media, grupo proprietário da Fórmula 1, deixou claro aos interessados que por menos de US$ 22 milhões (cerca de R$ 112 milhões) nem se sentaria para conversar. Mas as desistências e a dificuldade de acerto fizeram com que a empresa já aceitasse reduzir valores. A Band e a TV Cultura chegaram a demonstrar interesse, mas também saíram da briga em razão das altas cifras.

A transmissão da Fórmula 1 para o Brasil parece estar mais complicada que o esperado. Em setembro, o consórcio Rio Motorsports comprou os direitos e o objetivo era revender para alguma emissora. Mas em novembro, o acordo foi desfeito. Neste momento, a temporada de 2021 da F-1 não terá transmissão no Brasil, embora o GP de São Paulo tenha sido confirmado para os próximos cinco anos.

GLOBO VAI TRANSMITIR A FÓRMULA 1 EM 2021? - Em agosto, a emissora carioca informou que não renovaria o contrato com a Liberty Media. O motivo principal seria a situação financeira. A Globo, assim como a maioria das empresas pelo mundo, teve uma queda brusca de receitas e analisou que seria pesado manter a prova em sua grade de programação. Mas a falta de opção pode fazer com que a emissora continue como detentora dos direitos da F-1.

A Globo conversa com a Liberty Media há alguns meses, mas deixa claro que os valores para um acerto seriam menores do que eram pagos anteriormente. O acordo poderia ser fechado entre US$ 18 milhões (R$ 91,7 milhões) e US$ 20 milhões (R$ 101, 9 milhões). Como os possíveis concorrentes também não conseguem oferecer ofertas melhores, neste momento a Globo é quem aparece como favorita para assinar.

A diferença de valores parece ser pequena entre o que quer a Liberty Media e o que oferece a Globo. Algo em torno de R$ 10 milhões. Neste pacote não está incluso o valor gasto para viagens, equipamentos e transmissão das corridas, sejam elas no SporTV ou na Globo.

O grupo Universal Music comprou os direitos do catálogo completo das canções de Bob Dylan, uma das aquisições mais importantes na história da música, anunciou a empresa em um comunicado nesta segunda-feira (7).

O acordo envolve mais de 600 canções, incluindo as mais famosas do único cantor que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura (2016), assim como títulos icônicos dos anos 60 como "Blowin' In the Wind", "The Times They are a-Changing" ou "Like a Rolling Stone".

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Também inclui suas músicas mais recentes, como "Murder Most Foul", uma canção-poema de 17 minutos que fala sobre o assassinato de John F. Kennedy.

A gravadora não especificou o valor da compra. Segundo o jornal The New York Times poderia superar 300 milhões de dólares.

"Não é nenhum segredo que a arte de escrever canções é a chave fundamental de toda boa música, e não é nenhum segredo que Bob é um dos maiores mestres desta arte", disse o presidente da Universal Music Group, Lucian Grainge, no comunicado.

"Não é exagerado dizer que seu trabalho impressionante é merecedor do amor e da admiração de bilhões de pessoas em todo o mundo. Não tenho nenhuma dúvida de que nas décadas, se não nos séculos a seguir, a música de Bob Dylan continuará sendo cantada, interpretada e muito querida em todos os lugares", acrescentou.

Com 79 anos, Bob Dylan, que estreou no Greenwich Village no início da década de 1960, vendeu mais de 125 milhões de álbuns e até antes da pandemia continuava fazendo shows com frequência.

Em junho, 58 anos após seu primeiro disco, ele lançou seu primeiro álbum de canções originais em oito anos, "Rough and Rowdy Ways", do qual faz parte "Murder Most Foul".

De acordo com informações do Disque 100 e do Ligue 180, as denúncias de violações contra idosos, mulheres, crianças e pessoas com deficiência, feitas até setembro de 2020, cresceram 32,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos primeiros nove meses deste ano foram contabilizados 237.992 registros, enquanto em 2019 os canais de atendimento registraram 179.051 casos.

No caso dos idosos, por exemplo, o número de denúncias passou de 36.181 para 62.109, apresentando aumento de mais de 70% nos primeiros nove meses deste ano. O recorte que contempla as mulheres, registra um crescimento de 67.880 para 91.043 ligações, correspondente a mais de 34%.

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As denúncias de violações de direitos de pessoas com deficiência foram de 9.778 em para 11.530, um salto de 18%. Quanto às crianças e adolescentes, o aumento foi de 12,4%, de  65.212 queixas para 73.310.

"Parte desse aumento é justificada pela nova metodologia adotada. Antes, havia uma subnotificação. Cada ligação era registrada sob um número de protocolo, que comportava apenas uma denúncia. A partir da unificação da Central de Atendimento do Disque 100 e do Ligue 180, no final de 2019, cada protocolo passou a comportar mais de uma denúncia, que é definida pela relação entre suspeito e vítima", comenta o ouvidor nacional de direitos humanos, Fernando Ferreira.

Segundo Ferreira, cerca de 94% dos atendimentos foram realizados em até 30 segundos. "Nós ampliamos e facilitamos a comunicação do cidadão com a nossa central de atendimento. Fizemos isso antes do previsto em razão da pandemia que enfrentamos, que já sabíamos que demandaria maior atenção com violações de direitos humanos em todo o país ", destaca.

Canais

O Disque 100 e o Ligue 180 podem ser acessados pelo site da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH) e por outros aplicativos como o Direitos Humanos Brasil. O serviço também está disponível no WhatsApp e no Telegram. As denúncias são gratuitas e anônimas, podendo ser realizadas em qualquer horário de qualquer dia, incluindo sábados, domingos e feriados.

Os candidatos à prefeitura de Belém (PA) foram convidados a assinar pacto pela garantia dos direitos infantojuvenis. O convite foi feito pelo Ministério Público Estadual (MPPA), Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Trabalho (MPT), e pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJPA). 

O evento on-line de assinatura será nesta quarta-feira (28), às 10 horas, com transmissão ao vivo no canal de YouTube do MPF no Pará.

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Pelo pacto, os candidatos se comprometem, caso eleitos, a garantir e defender os direitos das crianças e adolescentes, reconhecendo a sua plena responsabilidade pela cumprimento de medidas e deveres indispensáveis à plena concretização do princípio constitucional da proteção integral de crianças e adolescentes.

O pacto cita obrigações estabelecidas pela Constituição, por normas internacionais, como da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por resoluções do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), e por leis das áreas da educação e assistência social.

O compromisso público proposto pelos MPs e pelo TJPA é que o candidatos cumpram, se eleitos, todos os deveres e medidas citados no documento mediante a devida previsão, nas leis orçamentárias, de recursos suficientes ao desenvolvimento de políticas públicas adequadas e eficientes à garantia total dos direitos das crianças e dos adolescentes na capital paraense.

Confira os compromissos citados no pacto

1 – Destinar os recursos necessários à composição eficiente do orçamento municipal e do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente, inclusive com a definição de percentual mínimo, visando à promoção das políticas públicas de atenção à infância e à juventude, de acordo com as diretrizes e planos formulados pelo Conselho Municipal de Direitos da Criança e Adolescente e demais Conselhos Setoriais com atribuição na matéria.

2 – Cumprir as deliberações do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, respeitando a sua atuação quanto à elaboração e controle da execução da Política Municipal de Atendimento aos Direitos de Crianças e Adolescentes, assim como garantindo os recursos indispensáveis às suas atividades.

3 – Fortalecer os Conselhos Tutelares, assegurando adequada estrutura de funcionamento, bem como a formação e capacitação continuada de seus membros, além de zelar por seus direitos laborais.

4 – Promover o protagonismo infantojuvenil, garantindo a participação espontânea, autônoma e consciente de crianças e adolescentes nos processos de planejamento, execução e avaliação das políticas públicas municipais versando sobre os seus direitos.

5 – Intensificar as ações do Poder Público Municipal visando ao incremento da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente, promovendo o permanente aprimoramento técnico dos servidores municipais que trabalham no seu atendimento, sobretudo nas áreas da saúde, educação, assistência social e direitos humanos.

6 – Desenvolver ações, programas, serviços, projetos e benefícios de Proteção Social às famílias e às comunidades inseridas em contextos de vulnerabilidade, objetivando garantir alimentação, moradia digna, geração de trabalho e renda, segurança, prevenção ao uso excessivo de álcool e outras drogas, acolhimento de pessoas em situação de risco, tais como moradores de rua, migrantes e refugiados (com atenção especial aos indígenas da etnia warao oriundos da venezuela), e demais direitos consubstanciados na Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e na Política Nacional de Direitos Humanos (PNDH).

7 – Impulsionar políticas públicas municipais visando à permanência de crianças e adolescentes junto às suas famílias, buscando evitar, ao máximo, a sua institucionalização, mediante o resgate e fortalecimento de seus vínculos familiares, realização de visitas domiciliares, atendimento socioassistencial e outras estratégias de atendimento e proteção nesta seara.

8 – Aderir ao Compromisso Nacional pela Erradicação do Sub-Registro Civil de Nascimento e Ampliação do Acesso à Documentação Básica (Decreto Federal nº 6.289/2007), promovendo a busca ativa de crianças e adolescentes sem documentos, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social em articulação com outros órgãos de defesa e proteção de direitos, visando eliminar o sub-registro e registro tardio de nascimento.

9 – Implementar a Lei nº 13.257/2016, fomentando a elaboração do Plano Municipal pela Primeira Infância, com vistas ao desenvolvimento de políticas, programas e serviços intersetoriais para crianças, com idade entre 0 a 6 anos ou 72 meses, considerando a especificidade e relevância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento infantil e do ser humano.

10 – Estimular a criação, organização e ampliação de espaços que propiciem o brincar, o lazer, a prática de esportes e de outras atividades culturais e lúdicas para crianças e adolescentes na cidade, em locais públicos e privados, assegurando a convivência comunitária de forma livre, segura e saudável.

11 – Garantir o atendimento prioritário de crianças e adolescentes nas unidades municipais integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS), com a devida observância do princípio da equidade no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde, sem olvidar da especial atenção às gestantes, puérperas e lactantes, na forma do Estatuto da Criança e do Adolescente e demais documentos legais pertinentes.

12 – Fortalecer e ampliar as estruturas e os serviços municipais direcionados aos cuidados da saúde mental de crianças e adolescentes portadoras de transtornos mentais graves e persistentes, inclusive decorrentes do uso de substâncias psicoativas, especialmente Centros de Atenção Psicossocial Infantis (CAPSi), de acordo com a Lei nº 10.216/2001 e demais normativas sobre o assunto.

13 – Promover o acesso universal e permanente de crianças, com 0 a 5 anos de idade, às creches e pré-escolas, além de garantir espaços de aprendizagem e de profissionalização para adolescentes, cumprindo o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNDH) e o Plano Nacional de Educação (PNE-2014/2024), inclusive para estudantes de comunidades tradicionais, ribeirinhos, quilombolas e povos indígenas.

14 – Garantir os recursos tecnológicos e de acesso à internet a famílias de alunos da rede municipal de ensino, especialmente para os que necessitem permanecer em atividades escolares à distância em decorrência da pandemia da covid-19, bem como a continuidade de prestação de merenda escolar para todos os estudantes sob sua responsabilidade.

15 – Fomentar a criação e o efetivo funcionamento dos Grêmios Estudantis nas escolas do município, bem como assegurar a efetiva participação dos representantes dos alunos nos Conselhos Escolares, a fim de fortalecer o seu diálogo permanente com gestores, professores, servidores e demais segmentos da comunidade escolar, cumprindo o princípio da gestão democrática da educação.

16 – Combater o trabalho infantil, sobretudo nas suas piores formas, tais como na exploração sexual e no tráfico de drogas, promovendo campanhas de sensibilização social, assim como garantindo cursos e espaços de aprendizagem e de profissionalização para adolescentes no âmbito da Administração Pública Municipal e mediante convênios com entidades privadas.

17 – Implementar, na esfera municipal, o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Decreto Federal nº 7.612/2011), garantindo a inclusão social e acessibilidade de crianças e adolescentes com deficiência, para atendimento de suas necessidades gerais de saúde e específicas de tratamento, habilitação e reabilitação, como também de seu direito à educação, mediante transporte escolar acessível, adequação arquitetônica dos espaços educacionais, oferta de recursos multifuncionais e formação especializada de professores.

18 – Fomentar a elaboração de Programa Municipal de Prevenção à Violência e de Enfrentamento à Letalidade Infantojuvenil, objetivando proteger a integridade e a vida de crianças e adolescentes, principalmente dos residentes em áreas de vulnerabilidade e de risco social, assegurando a interlocução permanente dos órgãos municipais com o Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM).

19 – Aderir ao Pacto Nacional pela Escuta Protegida de Crianças e Adolescentes Vítimas ou Testemunhas de Violência, celebrado em 13/06/2019, que visa a implementação da Lei nº 13.431/2017, regulamentada pelo Decreto Federal nº 9.603/2018, promovendo campanhas periódicas de sensibilização social, bem como divulgando amplamente os serviços de proteção, acolhimento e atendimento integral às vítimas e às suas famílias.

20 – Aperfeiçoar e monitorar a execução das medidas socioeducativas em meio aberto (liberdade assistida e prestação de serviços à comunidade), em consonância com o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo e diretrizes estabelecidas pela Lei n.º 12.594/2012 (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Sinase).

Íntegra do Pacto pela Garantia dos Direitos Infantojuvenis - Eleições 2020

Da assessoria do  MPT/PA.

O desembargador Kassio Nunes Marques, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que há uma "pacificação social" sobre direitos da comunidade LGBT como casamento homoafetivo e adoção de crianças por casais do mesmo sexo. Em sabatina no Senado, o magistrado evitou se colocar como um juiz ativista nas pautas morais.

Durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Marques foi questionado pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES) sobre seu posicionamento em relação a temas demandados pela comunidade LGBT: casamento, adoção, reconhecimento de união estável e de nome social, criminalização da homofobia e direito de doar sangue.

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"Minha opinião, como operador do Direito, é que esses limites foram atingidos, ou seja, há certa pacificação social no que diz respeito a isso. Agora, compete ao Congresso Nacional - e eu reconheço as dificuldades que vossa excelência mencionou - fazer a transformação dessa jurisprudência em norma", afirmou o indicado.

Em outro momento da sabatina, o desembargador foi questionado pelo senador Marcos Rogério (DEM-RR) sobre o ativismo judicial em pautas morais. O senador criticou a decisão do Supremo que equiparou a homofobia ao crime de racismo, previsto na legislação penal.

O magistrado não se manifestou concretamente sobre o tema, mas se colocou em uma posição intermediária entre o juiz ativista e aquele que chamado de "boca da lei", que só repete as normas escritas. "O garantista busca garantir direitos aplicando as leis e a Constituição", afirmou Marques, colocando-se nesse perfil.

Os Correios e as representações sindicais participaram de audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília-DF, mas não chegaram a um consenso. Por causa do impasse, a ministra Kátia Magalhães Arruda, designada relatora do dissídio coletivo, marcou para o dia 21 de setembro o julgamento da ação.

Na tentativa de conciliação, a ministra sugeriu que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) avançasse em cláusulas sociais, como as relativas a licença-adoção, prorrogação da licença-maternidade para 180 dias, campanha de enfrentamento de violência contra a mulher, assédio sexual e racismo. Os advogados rejeitaram a possibilidade, afirmando que havia impacto financeiro indireto e que a empresa está em regime de austeridade. Mantiveram apenas a proposta de nove cláusulas, que, segundo a ministra, seriam apenas duas (manutenção do plano de saúde e vale-refeição), pois as outras seriam obrigatórias pela legislação vigente.

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A greve nacional dos funcionários dos Correios foi iniciada em 17 de agosto. A categoria questiona a retirada de cláusulas no Acordo Coletivo de Trabalho.

A empresa diz estar sendo transparente sobre sua situação econômica-financeira, agravada pela crise decorrente da pandemia da Covid-19. "É importante relembrar que os Correios têm preservado empregos, salários e todos os direitos previstos na CLT, bem como outros benefícios concedidos aos trabalhos", diz em nota.  A ECT foi superavitária em 2019, mas aponta prejuízo acumulado de anos anteriores.

Para a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a postura dos Correios já era esperada. Os trabalhadores acusam a presidência da ECT de estar sucateando e destruindo a estatal para uma futura privatização.

No dissídio coletivo de 2019, 79 cláusulas foram julgadas pelo TST, uma delas estabelecendo vigência de dois anos para a sentença normativa. A extensão seria uma forma de evitar um novo conflito e de dar prazo maior para que as relações se pacificassem. A direção da ECT entendeu, entretanto, que essa cláusula feria a legislação e foi ao Supremo Tribunal Federal, onde conseguiu a suspensão da cláusula de vigência e de outras. Em agosto, o STF suspendeu de forma definitiva a cláusula que estendia o acordo até 2021. Com o fim da validade, os trabalhadores deflagraram a greve. 

Segundo os Correios, medidas estão sendo tomadas para reduzir os efeitos da paralisação dos empregados. Nas últimas quatro semanas, mais de 187 milhões de objetos postais, entre cartas e encomendas, foram entregues no país.

A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da iniciativa Educação para Justiça (E4J), e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), realizará a "Videoconferência: Justiça Global, Direitos Humanos e Prevenção ao crime", nesta quinta-feira (27), às 10 horas, no horário de Brasília, em plataforma on-line. O debate terá duas sessões e reúne mestres, doutores e acadêmicos das universidades brasileiras.

O projeto Educação para a Justiça (E4J) tem o intuito prevenir o crime e promover uma cultura de legalidade, por meio de atividades educacionais destinadas aos níveis de ensino primário, secundário e terciário ou superior. As atividades ajudam os educadores a ensinar as próximas gerações a entender e resolver melhor os problemas que podem prejudicar o Estado de Direito e incentivar os alunos a participarem ativamente de suas comunidades e futuras profissões.

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Em parceria com a Universidade Federal do Maranhão e a Universidade Presbiteriana Mackenzie, e com a participação da UNAMA - Universidade da Amazônia e Faculdade de Direito de Vitória, a conferência tratará de temas relacionados com Integridade e Ética, Anticorrupção, Cibercriminalidade, Crime Organizado, Contraterrorismo, Tráfico de Seres Humanos e Tráfico Ilícitos de Migrantes. Os participantes terão acesso a materiais da UNODC disponíveis na plataforma.

A doutora em Direito do Estado, mestra em Direito das Relações Sociais e coordenadora do Programa de Pós-graduação em Direito da UNAMA, Carla Noura, participará no segundo momento da webconferência compondo a mesa voltada para o tráfico ilícito de pessoas.

Carla Noura conta que os dados estáticos globais de tráfico de pessoas são altíssimos, e que ela vai focar na palestra a reflexão do fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil, principalmente aqueles que passam na fronteira de Roraima, na cidade de Pacaraima, e seguem para o município de Belém-PA.

Por meio de um panorama de imigração do século XXI e alternando com fluxos de dados do Brasil, a professora vai explicar sobre as políticas nacionais, regionais e locais. “Quero mostrar as respostas que estamos dando à presença dos migrantes venezuelanos e a exposição da vulnerabilidade a partir do ingresso ao território nacional”, afirma Carla Noura sobre a abordagem na conferência.

De acordo com a pesquisadora, com a verificação dos documentos de identificação para a permanência no Estado, o imigrante poderá ter acesso ao trabalho, aos estudos e à saúde. Com isso, pode ser integrado ao território brasileiro de acordo com todas as garantias da legislação.

Carla Noura também pretende debater sobre o tráfico de crianças imigrantes e sensibilizar para o volume de jovens que são retirados de seus lares. A grande maioria é deixada com outros familiares.

 “Temos um problema sério nesse cenário de subnotificação de casos de tráfico de crianças imigrantes. Torna-se uma afronta para os Direitos Fundamentais na Constituição brasileira e os compromissos internacionais assumidos pelo Estado. É um alerta para se observar mais e agir, evitando que aconteça com outros jovens”, assinala Carla Noura.

De acordo a coordenadora do curso de pós-graduação, é muito válido e significativo, para uma pesquisadora, participar do evento e levar a UNAMA a ingressar no corpo de especialistas na área de Direito Internacional.

O evento também contará com a participação dos conferencistas Joana Daniel – Wrabetz, Alexandre de Castro Coura, Felipe Chiarello, José Manuel Peixoto Caldas, Thamara Duarte Medeiros e Cássius Guimarães Chai.

Para participar da webconferência bastar acessar o link de inscrição.

Por Amanda Martins.

 

Com a crise do coronavírus (Covid-19), muitos casais tiveram que adiar ou cancelar o tão esperado dia do casamento. Em dezembro de 2019, os noivos Bruna Petrocelli, 29 anos, e Carlos Eduardo de Paula, 30 anos, anunciaram o enlace para 1º de agosto de 2020, mas a quarentena adiou os planos do casal. "Não sabíamos quando tudo ia voltar ao normal e mesmo que passasse dois meses já comprometeria a organização toda, fora o medo que todos sentímos", relembra Bruna.

Bufê, música, fotógrafos e filmagem já estavam contratados e pagos. Mas para adiar o evento, alguns contratempos surgiram. A equipe do bufê cobrou um reajuste de preço para alterar a data, o que os noivos consideraram injusto. "Consultamos um advogado especialista em direito do consumidor, que nos orientou a não entrar com processo, pois essa situação estava se tornando comum", diz Bruna.

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O casal Carlos Eduardo de Paula e Bruna Petrocelli | Foto: Arquivo Pessoal

Diante do momento atípico, não existem leis exatas para esse tipo de situação. Contudo, a MP 948, de 8 abril de 2020, diz que empresas de turismo, viagens e eventos não são obrigadas a reembolsar o cliente, mas devem oferecer soluções, como conceder crédito ou remarcar o serviço contratado. E foi o que aconteceu com Bruna e Carlos: depois de muito estresse e algumas reuniões, o casal e a equipe do bufê chegaram a um acordo e o casamento foi remarcado para o primeiro semestre de 2021.

"É bom observar que, diante da impossibilidade, o consumidor deverá ser ressarcido em até 12 meses a contar da data do fim do estado de calamidade pública, ou seja, 31 de dezembro de 2020. Portanto, seria uma boa solução para ambas as partes partir para uma negociação", aponta a advogada especialista em direito do consumidor, Bruna Giannecchini.

Que seja bom para os dois lados

A pandemia atingiu tanto o fornecedor quanto o cliente, assim, muitos acordos deixaram de ser cumpridos por motivos de força maior. É por isso que os contratos devem ser pautados pela boa fé de ambos, pois não é justo que apenas um lado suporte as consequências. "Dessa maneira, reaver a totalidade do pagamento da festa desequilibraria 'a balança' e não seria algo justo. O diálogo deve estar aberto para uma negociação pautada no princípio da solidariedade contratual e na teoria da imprevisão para resolução dos contratos", afirma a advogada Bruna.

O diálogo entre a empresa e o consumidor também deve pautar a decisão sobre novas datas, e cada caso deve ser avaliado de maneira individual. "Um evento já bem próximo a data para a qual o fornecedor chegou a realizar compras que podem ter vencido os produtos, por exemplo, é diferente de outro evento em que o fornecedor não chegou a fazer compras. O fornecedor deve demonstrar documentalmente com transparência seu prejuízo", explica a especialista.

Em caso de casais que já pagaram uma parte do contrato, mas por conta da pandemia não vão conseguir honrar com o restante, as empresas não poderão aplicar multas. Se os noivos preferirem cancelar o casamento, ambas as partes devem entrar em um acordo para restituir o valor de alguma maneira. "Tudo vai depender de cada caso. Na hipótese dos noivos optarem por celebrar o casamento mantendo o evento, caberá uma repactuação do contrato entre as partes contratantes e ajuste da nova forma de pagamento. A negociação é um dever de ambas as partes", aponta Bruna.

No caso da empresa falir durante a pandemia, os clientes primeiro devem tentar um acordo com os contratantes, e se não for possível, devem procurar a Justiça. "Será analisada a forma da devolução dos valores. Se não houver acordo, virá uma sentença condenatória. E se não houver pagamento espontâneo, as partes contratantes precisam partir para a execução", explica a advogada.

Bruna também aconselha as empresas a buscarem remarcar a data ou substituir os créditos dentro do período vigente. Elas também devem documentar e demonstrar aos clientes para negociar a devolução dos valores, considerando a porcentagem total do serviço realizado. Já para os noivos, a melhor opção é trocar a data para evitar maiores problemas. "Porém, é importante lembrar que para a renegociação de data é preciso que ambas as partes façam concessões, pois os fornecedores estarão com as agendas mais restritas devido a quantidade de noivos, debutantes e outros remarcando no mesmo período", aconselha.

Para fazer frente ao "breque dos aplicativos" - nome escolhido pelos entregadores para batizar os protestos realizados neste mês -, deputados avançam no debate sobre os direitos desses profissionais. Com o apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), parlamentares devem iniciar uma série de debates sobre o tema tendo como base projeto de lei da deputada Tabata Amaral (PDT-SP), que cria uma relação de "trabalho sob demanda" com sistema de salário mínimo por hora.

Considerando o salário mínimo atual (R$ 1.045), o salário hora seria de R$ 9, acrescido de parcelas relativas a 13.º, férias e recebimento de 30% da remuneração quando tiverem esperando o pedido ficar pronto.

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Em geral, aplicativos se definem como empresas de tecnologia que fazem apenas a intermediação entre clientes e prestadores autônomos. Algumas companhias até estimulam a regularização dos trabalhadores como microempreendedores individuais (MEIs). Mas, na prática, a informalidade ainda é expressiva.

O mais comum é o pagamento por quilômetro rodado, considerando o meio de transporte usado na entrega (moto, bicicleta), entre outras variáveis. Geralmente, não há pagamento por tempo de espera. As empresas pagam um piso e há também pagamento por horas trabalhadas, mas sem considerar benefícios como 13.º e férias. Algumas companhias oferecem seguros e programas de vantagens para os entregadores.

No início deste mês, entregadores realizaram o primeiro boicote nacional de sua história contra aplicativos de entregas, como iFood, Rappi, Loggi e Uber Eats, em uma mobilização inspirada na greve dos caminhoneiros de maio de 2018. Entre as reivindicações, uma taxa fixa mínima de entrega por quilômetro rodado e o aumento dos valores repassados aos entregadores por serviços realizados. Eles também cobram das empresas uma ajuda de custo para a aquisição de equipamentos de proteção contra a covid-19, como máscaras e luvas.

'Plano B'

Na pandemia, a função foi uma saída para muitos que perderam seus empregos com a crise e levou uma legião a buscar, em aplicativos de entrega, uma espécie de "plano B" para conseguir uma renda. A procura intensa chegou a "entupir" as empresas desses serviços com pedidos de cadastro, como mostrou o Estadão.

"Estamos vendo algo novo surgir muito pela revolução tecnológica", diz Tabata. "Estamos falando sobre um tipo de relação em que o trabalhador escolhe quando e se vai trabalhar."

O projeto da deputada prevê ainda indenização por manutenção e depreciação de equipamentos, além de ferramentas sobre descadastramento de entregadores por avaliações ruins e também portabilidade das notas que eles recebem dos usuários entre os aplicativos. Segundo a deputada, a ideia é abrir o debate para aprimorar o texto.

Tabata quer levar as empresas e representantes dos entregadores para o debate com o Legislativo. "Não dá para fazer um puxadinho para dizer que é autônomo e nem que é CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), vamos ter de repensar cada um desses pilares do ponto de vista desse novo modelo de trabalho", disse. A septuagenária CLT reúne as leis que regem o trabalho com carteira assinada no Brasil. Em 2017, durante o governo do ex-presidente Michel Temer, foi aprovada reforma trabalhista que alterou mais de 100 pontos da CLT.

Os parlamentares querem também avançar nos debates sobre a proteção social aos entregadores. A criação de um salário maternidade é um ponto de convergência na discussão. Outros projetos também estão em debate, como o do deputado Ivan Valente (PSOL-SP) que trata, principalmente, sobre o trabalho durante a pandemia.

Em nota, o Ifood disse estar aberto ao diálogo e entende que aplicativos de delivery, poder público e entregadores devem ser corresponsáveis e "cocriadores da nova ordem". A empresa disse ainda que espera um amplo debate para se encontrar um modelo novo de regulação. Procurados, Rappi e Uber não se manifestaram.

A Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) afirmou, também em nota, que as pessoas que buscam seus ganhos através das plataformas não podem depender de uma fórmula engessada. A organização afirma que, para serem competitivas, as empresas precisam oferecer condições atrativas e compatíveis com a realidade do mercado. "Trabalhando com incentivos, desincentivos e promoções, além de não poderem impor uma determinada jornada e a aceitação de um serviço - bem diferente do modelo CLT", diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quando a gente cresce, vislumbra as lembranças da infância pelas lentes da maturidade e percebe que as experiências da menoridade nos moldaram e incutiram valores, que hoje, determinam nossas atitudes. Ainda que pareça uma simples relação de salvaguardar o crescimento da árvore para a prosperidade da colheita, na prática, muitas sementes são plantadas em locais degradantes e com pouca luz. Com a responsabilidade de garantir as condições ideais para um futuro frondoso, há 30 anos, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) era sancionado e ampliava o debate sobre a importância da criança no recorte social.

A lei 8.069, de 13 de julho de 1990, preconiza os direitos fundamentais e apoio jurídico para o pleno desenvolvimento dos pequenos, e partilha a manutenção de tais garantias entre a família, comunidade, sociedade e o estado. Embora promova políticas de fiscalização e assistência, a gestão pública não alcança toda demanda de jovens em vulnerabilidade e, nesse contexto, a dignidade acaba sendo preservada pela atuação da sociedade civil, através de organizações não governamentais (ONGs).

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No Grande Recife, dois projetos foram fundados um ano após a criação do ECA e, ao longo de quase três décadas, conseguiram ampliar a perspectiva de milhares de jovens desamparados. Por meio da “política de cultura de paz”, a cientista social Adriana Duarte, coordena o Coletivo Mulher Vida (CMV) com a proposta de formar atores sociais e “ressignificar as dores provocadas pela violência” nos ciclos familiares de áreas carentes de Olinda. Já no Recife, o Espaço Criança A.R.H. se mistura à história de Núbia Mesquita, que herdou o projeto da mãe e recebe crianças e adolescentes de comunidades do centro com a metodologia da Educação por Princípios.

Protagonistas da própria história

Além de prover uma jornada ampliada de educação em um ambiente saudável de socialização com outras crianças, as organizações fornecem refeições e cuidados com a saúde. Outra preocupação é estimular as potencialidades de cada uma delas, permitindo-as desfrutar da infância entre brincadeiras e atividades lúdicas. Toda essa dedicação concede leveza ao processo de autodescobrimento dos menores, que conseguem suprir a realidade violenta a qual estão expostas e passam a perceber-se como protagonistas.

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Embora o avanço das políticas voltadas aos direitos das crianças e dos adolescentes seja motivo de comemoração, há a consciência de que falta o incentivo para que mais ações criem barreiras entre os menores e a criminalidade, e devolver aos jovens apreendidos a chance de um novo futuro. “Além da própria estrutura, faltam políticas públicas sérias e acreditar que esse menor pode ser de fato ressocializado. Porque existe todo um preconceito e uma descrença. Tem que mudar muita coisa”, ressalta Núbia. Para Adriana, a pauta deveria ter mais atenção das administrações locais e do Governo Federal para que os sonhos não se esmoreçam no percurso à vida adulta.

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O fundador e idealizador do Movimento República de Emaús, padre Bruno Sechi, morreu numa sexta-feira, 29 de maio, aos 80 anos, em Belém. A Arquidiocese de Belém informou que ele teria apresentado sintomas da covid-19 e estava se recuperando, mas as complicações avançaram. Segundo amigos mais próximos e familiares, o padre foi encontrado desacordado dentro de casa, levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu.

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 “Seria triste vivermos numa sociedade onde não haja lugar para solidariedade”, disse padre Bruno Sechi em uma das últimas entrevistas. Natural da Sardenha, na Itália, Bruno Sechi, também conhecido carinhosamente por bispos, sacerdotes e amigos como "campeão da caridade", tem mais de 50 anos de história em Belém do Pará, terra na qual ele se sensibilizou com a vida de crianças e adolescentes das periferias, que ficavam expostos ao risco de violência e afastados da escola para ajudar a família vendendo produtos diversos nas ruas e feiras da capital.

Na década de 70, padre Bruno fundou o Movimento da República do Pequeno Vendedor, no bairro da Cremação, com o intuito de retirar e transformar com oficinas educacionais a realidade de meninos e meninas que trabalhavam nas ruas e feiras do local.

O padre se dedicou durante décadas aos combates à desigualdade e era um defensor dos diretos humanos e da justiça social. Na década de 80, Bruno Sechi ganhou destaque mundial participando de ações políticas no Brasil, que resultaram na criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Segundo o pároco da Paróquia Cristo Peregrino, padre Nilton César Reis, o padre Bruno foi um homem que fez história e marcou a Arquidiocese de Belém e as igrejas do Brasil e do mundo. Ainda jovem veio para o Brasil como missionário e se doou para os mais necessitados. Passou por várias paróquias, dedicando-lhes a sua vida, e a sua última experiência paroquial foi na paróquia São João Paulo II, no bairro do Marco. “Ele deixa esse legado de amor e de paixão pelo que fazia, mas também de compaixão pelos menos favorecidos”, afirma o paroco. “Continuará vivo em nossa memória e lembrado, sobretudo em cada sorriso e vitória de nossas crianças e adolescentes”, complementa.

O diácono permanente da Arquidiocese de Belém, Edson Alves, conheceu Bruno Sechi em 1979 quando recebeu a missão de Dom Alberto Ramos, então arcebispo metropolitano, de acompanhar um padre que trabalhava com a juventude. “Eu não sabia que esse padre viria ser o padre Bruno. A partir daquele momento começamos a estabelecer um relacionamento de troca de conhecimento, ele era uma pessoa muito sábia, apaixonado pelo jovens e crianças, amava os seus ideais”, afirma.

“A lembrança mais bonita que tenho do padre Bruno foi quando realizamos um treinamento de liderança cristã na cidade de Bragança. Eu tive a oportunidade e a surpresa de encontrá-lo. Sempre tive um apreço muito grande por ele. Se hoje sou diácono, devo a ele, que me ensinou a lutar pelos direitos e querer uma sociedade mais justa”, declara Edson Alves.

Para o diácono, o Movimento de Emaús tem uma importância muito grande para a sociedade, porque ele é o chamado para a consciência da solidariedade e do respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes. “O padre Bruno era a pessoa que estendia as mãos e o Movimento são os braços que acolhem cada uma dessas crianças, jovens e adolescentes”, afirma, sobre a importância do padre na vida das gerações que passaram pelo o projeto. “Ele nunca será esquecido e permanecerá vivo nos corações e na lembrança de todos nós”, complementa.

Sempre de braços abertos

A professora Patrícia Nascimento conheceu o padre Bruno Sechi quando ele chegou para ser o vigário paroquial na Paróquia São Domingos de Gusmão, na Terra Firme, na época em que ela frequentava um grupo da Pastoral da Juventude. “Sempre acolhedor, ouvia a todos e dava muita atenção. Desde o início eu e os outros jovens cultivamos uma relação de amizade com o padre Bruno. Fazíamos as reuniões de grupo e almoço no domingo na casa dele”, afirma. “Sempre foi essa que estava disposta a receber de braços apertos quem frequentasse o seu lar”, complementa.

“Certa vez eu e os meus amigos da Pastoral da Juventude tivemos a ideia de fazer uma serenata na porta da casa dele na noite do seu aniversário. Ele fazia aniversário no dia 31 de julho. Então, do dia 30 para o dia 31 sempre íamos para a janela cantar uma música e desejar parabéns. Lembro-me das vezes que nós ficávamos cantando por muito tempo até ele acordar, pois já estava dormindo. Ano passado, ele já estava com um bolinho esperando a gente, porque sabia que todos os anos nós íamos lá”, conta Patrícia.

Para a professora, a grande importância do Movimento República de Emaús é a oportunidade que muitas crianças e jovens têm de transformar as suas realidades por meio de formação técnica. “A oportunidade faz com que o Emaús se torne importante para a construção da formação política que vai torná-los multiplicadores dessa capacidade social na vida deles e vida de outros jovens. O legado do padre Bruno é o comprometimento com a solidariedade capaz de transformar o mundo”, afirma Patrícia Nascimento.

Referência na defesa dos direitos da infância

A jornalista Adelaide Oliveira conta que conheceu o padre no início da vida profissional de comunicadora. Nos anos 90, Bruno Sechi já era uma referência quando se tratava de falar sobre os direitos da infância da juventude. Ele deixou de ser apenas uma fonte jornalística e a jornalista criou laços afetivos com ele. “Conheci mais da imagem daquele homem que passava uma aparência de alguém frágil naquele corpo franzino, mas era gigantesco e extraordinário”, afirma a jornalista. “Um ser humano disposto a ouvir e a aconselhar, eu abusava às vezes, ele me aconselhou em momentos importantes, sempre sensato e paciente. Ele cuidava do seu rebanho de especial. Qualquer pessoa podia ir e pedir um conselho, não interassava se era mais ou menos próximo, ele ia tratar a todos com muito carinho e cuidado”, complementa.

Recentemente, a jornalista teve a experiência de trabalhar com o padre Bruno Sechi no programa de televisão "Pensando Bem", da emissora TV Nazaré. “Ele me ligou e conversou sobre o convite para apresentar e formatar o programa. Quando não pude estar mais à frente, ele virou apresentador e não se intimidava, não era um papel que dominava, mas entendia como poucos o conteúdo que falávamos naquele programa", relata. "O padre Bruno não tinha nenhum preconceito com pauta, nem com as mais espinhosas”, afirma a jornalista.

“O padre Bruno Sechi tinha um sonho e eu acho que precisa ser de todos nós também, que era construir e fundar, se possível em 2020, o Museu dos Direitos da infância e da Juventude. Mostrar a luta a favor dessas crianças no momento em que ninguém olhava para elas como seres de direitos. Ele andava nas feiras de Belém e chegava junto com aquela criança que estava trabalhando e com os responsáveis para entender o porquê dela estar ali”, afirma a jornalista. “Manter o trabalho no Movimento de Emaús e as lideranças que foram feitas através de todo esse trabalho do padre Bruno é fundamental. São homens e mulheres que têm 50 anos, ou até mais, e tiveram suas vidas salvas por ele, que percebeu aquelas pessoas e tirou da invisibilidade”, complementa.

Um legado que atravessa a cidade

O historiador e professor Michel Pinho afirma não ter tido muita proximidade com padre Bruno Sechi, mas acompanhou o que ele fazia. “Tive contato quando entrei na universidade em 1993 e ele abriu na cidade de Emáus, no Bengui, uma turma de preparação de pré-vestibular para alunos trabalhadores na turma da noite. Ficava impressionado com a empolgação de ver aquelas pessoas depois de trabalhar o dia inteiro se predispuserem a ficar até 22 horas estudando. A minha carreira profissional tem uma mão muito forte do padre Bruno”, afirma.

“Uma das memórias mais tocantes foi do ano passado. Fui convidado pelo o Movimento Emaús a fazer uma fala sobre a história da cidade na década de 80 para os dias de hoje, falar sobre o que mudou e qual a importância do movimento. Quando terminei a palestra lembrei ao padre Bruno a história da Lígia Constantino, que é minha avó postiça e lutou na década de 70 e 80 pelas mulheres camponesas e eles juntos fizeram ações em relação às pessoas mais vulneráveis do campo, da cidade e da Amazônia. Terminei a fala e ele me pediu um abraço, sempre muito afetuoso, e vai marcar pelo o resto da vida”, declara Michel Pinho.

"O legado do padre Bruno atravessa a cidade de forma mais clara possível. Você tem um padre Bruno no Jurunas, um na Cremação, um no Curió, um padre Bruno no Guamá, você tem um padre Bruno na Terra Firme, entre outros bairros. Faz parte de constituir a memória do padre Bruno, de alguém que escolheu estar onde as pessoas mais precisam e é dele como líder político, líder religioso e líder social que vamos ficar com essa memória. Poucas pessoas marcaram a história dessa cidade e da Amazônia como ele marcou”, afirma o historiador.

Amizade, solidariedade, religiosidade

A aposentada Mariza Mendes, participante do grupo Movimento Independente de Pessoas Idealistas (MPI), conheceu o padre Bruno Sechi por meio do marido que pertenceu ao primeiro grupo de voluntários na República do Pequeno Vendedor. Ficou  afastada por um tempo do Movimento Emaús e depois, com uma amiga do grupo dos anos 70 e a pedido do padre, formou o grupo MPI para arrecadar alimentos para o Dia da Campanha.

 “Nós nos reuníamos uma vez por mês para arrecadar recursos para comprar alimentos. Passávamos o domingo com o padre Bruno, almoçávamos todos juntos e fazíamos a reunião. Era um dia de muita alegria e confraternização”, afirma Mariza Mendes. “Ultimamente todos estavam muito preocupados com essa situação da pandemia, e que pudesse faltar recursos para a arrecadação. Inclusive ele foi à televisão pedir para que a sociedade participasse. Padre Bruno estava muito preocupado com o Movimento Emaús”, complementa.

Segundo a aposentada, o legado que o padre Bruno Sechi deixa para a sociedade é o princípio da solidariedade, da amizade e da religiosidade. Ele plantou uma semente na área do movimento social, diz. "Era um padre que não vivia dentro da igreja, e sim no meio do povo e da comunidade. Ele deixa uma saudade muito grande em todos nós. Vamos dar continuidade ao projeto dele”, afirma.

Clique aqui para contribuir com o trabalho de Emaús.

Por Amanda Martins.

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Os direitos das crianças são "gravemente afetados" pela crise da Covid-19 em quase todo o mundo, uma vez que a mesma aumenta as chances de trabalho e casamento infantis forçados, alertou nesta terça-feira (26) uma ONG internacional com sede em Amsterdã.

As consequências econômicas da pandemia e as medidas impostas pelos governos para conter a propagação da doença "têm um impacto desastroso sobre muitas crianças", advertiu a ONG de defesa dos direitos infantis KidsRights.

"Esta crise joga por terra anos de progresso no bem-estar das crianças", assinala em comunicado o fundador e presidente da ONG, Marc Dulleart. O fechamento de escolas tornou os jovens "muito vulneráveis" ao trabalho e casamento infantil, destaca a organização.

A pressão sobre o sistema de saúde também interrompeu alguns programas de imunização contra doenças como poliomielite e sarampo, e "provocará um aumento da mortalidade infantil, com centenas de milhares de mortes adicionais", afirma a KidsRights.

Segundo a ONG, a suspensão das campanhas de vacinação contra o sarampo em 23 países já afetou mais de 78 milhões de crianças menores de 9 anos.

Dispensar uma atenção especial aos direitos das crianças é, "consequentemente, mais necessário do que nunca", assinala Dulleart, por ocasião da publicação do KidsRights Index 2020, que classifica 182 países segundo o respeito a estes direitos.

A Islândia ocupa o primeiro lugar na listagem anual, sobre a base de dados da ONU, seguida da Suíça e Finlândia. Chade, Afeganistão e Serra Leoa ocupam as últimas posições.

Na última terça-feira (10), a Câmara dos Vereadores de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife (RMR), aprovou, em uma primeira votação, o projeto de lei nº 042/2020, do vereador Antônio Oliveira (PP), presidente da Casa, que proíbe o comércio, propaganda, distribuição ou implantação de contraceptivos pós-coitais, a exemplo de pílula do dia seguinte, dispositivo intra uterino (DIU), implante subcutâneo de liberação de progestógeno (Norpant), pílula RU 486 e vacina anti-HCG, pela rede municipal de saúde. A matéria passará por segunda votação na próxima sessão ordinária, que ocorrerá na terça-feira (17), a partir das 9h.

Em sua redes sociais, o vereador Antônio Oliveira afirmou que é cristão e que seu projeto surge em “defesa da vida”. “Meu compromisso como cidadão, legislador, pai e avô é lutar com todas as minhas forças para impedir por fim a uma vida humana inocente”, publicou.

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De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), todas as mulheres e meninas em risco de uma gravidez indesejada têm o direito de acesso à contracepção de emergência e esses métodos devem ser rotineiramente incluídos em todos os programas nacionais de planejamento familiar. Além disso, a contracepção de emergência deve ser integrada aos serviços de cuidados de saúde para as populações em maior risco de exposição a relações sexuais desprotegidas, incluindo cuidados e serviços de pós-estupro para mulheres e meninas que vivem em situações humanitárias e de emergência.

“As estimativas mais recentes indicam que 222 milhões de mulheres e meninas adolescentes têm uma necessidade não atendida de contracepção, e a necessidade é maior quando os riscos de mortalidade materna são mais altos. A rápida expansão programas anticoncepcionais será essencial para reduzir a necessidade não atendida de informações e serviços. O compromisso com os direitos humanos na prestação de serviços de saúde sexual e reprodutiva articulados na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), em 1994, não deve ser comprometido pela pressão para uma rápida expansão”, diz relatório da OMS intitulado “Garantir os direitos humanos dentro programas contraceptivos: uma análise de direitos humanos de indicadores quantitativos existentes”.

O dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, marca a luta por direitos iguais entre homens e mulheres. Durante muito tempo, a mulher foi subjugada na sociedade, educada para o casamento, servir ao marido, cuidar dos filhos e ser dona do lar. Hoje, com a construção do protagonismo feminino, assumindo profissões consideradas “masculinas”, elas mostram que lugar de mulher é onde ela quiser.

Segundo a antropóloga Rachel Abreu, com a Lei do Divórcio em 1977, o fim último que era o casamento não se sustenta mais, e a mulher começa ter a emancipação e ser inserida no mercado de trabalho. “Nos dias atuais, o panorama de profissões é abrangente. As mulheres estão indo cada vez mais longe e conquistando patamares inimagináveis”, diz a antropóloga. “Mulheres são jogadoras de futebol, dirigem coletivos, estão em gestão de empresas, em cargos altos, na construção civil e na ciência, espaços que antes eram predominantemente masculinas”, complementa.

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Luísa Dias Barros, geóloga, é a primeira mulher assumir a gestão do curso de Geologia da Universidade da Amazônia – UNAMA. Segundo ela, nas décadas de 1960 a 1980 havia poucas mulheres no curso de geociências, uma em cada turma. “Na minha geração, os comentários machistas são menores. Atualmente, por exemplo, nós temos a primeira mulher paraense na Agência Nacional de Mineração como gerente e a Associação Brasileira de Mulheres na Geociência”, afirma.

“A maioria das mulheres sente-se reconhecida por ocupar cargos predominantemente masculinos. É gratificante estar nesse posto mostrando que não é questão de gênero e, sim, de postura profissional. Acho legal servir de exemplo para meninas”, declara a geóloga.

De acordo com dados do estudo “Estatística de gênero: indicadores sociais das mulheres do Brasil”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mulheres trabalham, em média, três horas a mais por semana que homens. Apenas 39,1% dos cargos gerenciais são ocupadas por elas – e o número diminui ainda mais conforme aumenta a faixa etária.

“Ser mulher e trabalhar com futebol masculino é ter sempre que fazer duas vezes mais. Produzir duas vezes mais, estudar duas vezes mais, fazer aquela foto diferente, ter um olhar mais sensível para então conseguir um destaque e ser reconhecida. No meu início foi assim, ninguém acreditava no meu trabalho. Demorei a encontrar alguém que quisesse pagar pelas minhas fotos”, declara a fotografa Talita Gouvêa.

“Já sofri vários tipos de preconceito e comentários machistas, que me deixavam para baixo, mas sempre procurava reerguer a cabeça. Fico feliz por ter vencido barreiras e conseguido trabalhar como frentista sendo uma profissão dominada por homens”, afirma a frentista Herica Nunes.

“É extremamente importante discutir sobre relações de gênero. Não é questão de força, e sim de justiça social. Assim como homens podem desempenhar atividades muito bem, as mulheres também”, reitera Rachel Abreu.

Para a tatuadora Samantha Marques, as críticas machistas sobre o estilo de desenho e traço mais “grosseiro para uma mulher” que trabalha sempre vão existir, mas ela procura absorver apenas as construtivas. “Sinto orgulho por tudo o que conquistei e a minha maior inspiração são outras mulheres artistas, seja de tatuagem ou não”, afirma. "Para o dia 8 de março, desejo mais empatia entre as mulheres, sejam elas cis, trans… Mais sororidade, que possamos nos apoiar e crescer sem pisar umas nas outras. Que as pessoas no geral vejam que mulher não é um objeto de posse. Que sejamos respeitadas em nossas escolhas.”

Por Amanda Martins.

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Nesta sexta-feira (14), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou dados apontando recorde de informalidade na maior parte dos estados brasileiros.

Segundo os dados divulgados pelo IBGE, a taxa de informalidade chegou a 41,1%. Os dados são referentes a 2019 e apontam a maior taxa para o índice desde 2016.

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Entres os estados, a informalidade bateu recorde em 20 unidades federativas. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) apontam também que houve queda no desemprego em 16 estados. No entanto, o principal impulso para a queda é a informalidade.

Os trabalhadores informais são aqueles sem carteira assinada, domésticos também sem carteira, auxiliares de família, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e empregadores sem CNPJ. Ao todo são 38,4 milhões de trabalhadores informais no Brasil.

Segundo os dados da Pnad, a informalidade atingiu recordes em Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Nesse contexto, a taxa de desemprego diminuiu de 12,3% em 2018 para 11,9% em 2019, segundo os dados do IBGE.

Em entrevista ao site do IBGE, a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explicou que o aumento da informalidade teve impacto significativo na diminuição do desemprego. Segundo ela, dentre as 1,819 milhão de pessoas a mais na taxa de ocupação, pelo menos 1 milhão se tornaram trabalhadoras informais.

“Em praticamente todo o país, quem tem sustentado o crescimento da ocupação é a informalidade”, afirmou Beringuy ao IBGE.

Da Sputnik Brasil

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