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A realocação de investimentos estrangeiros diretos (IED) como reflexo do aumento de tensões geopolíticas, com os países priorizando negócios dentro de casa ou com nações amigas, pode causar grande impacto a países emergentes e aqueles em desenvolvimento, em um cenário já desafiador com juros elevados no mundo e dólar forte.

Estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta para o impacto para a economia global, estimado em cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial no longo prazo, considerando uma redução de 50% nos fluxos de investimento. Entre os países mais afetados, o organismo cita economias como Brasil, China e Índia. Os emergentes e economias em desenvolvimento tendem a sentir mais os efeitos de uma realocação de IED uma vez que os investimentos estrangeiros diretos vêm de nações desenvolvidas e que estão mais próximas umas das outras, explica o FMI em relatório publicado nesta quarta-feira, 5.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A economia brasileira deve se ver em posição nada invejável em 2022, pois terá o pior desempenho entre 12 grandes países emergentes, segundo compilação do jornal O Estado de S. Paulo e do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de cinco grandes consultorias e bancos. As expectativas de Bradesco, Goldman Sachs, Capital Economics, Fitch e Nomura vão de 0,8% a 1,9%.

Já o FMI vê avanço de 1,5%, contra média de 5,1% do mundo emergente.

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Entre as nações analisadas, os piores desempenhos, após o brasileiro, são de África do Sul (2,2%) e Chile (2,5%).

Essas perspectivas, porém, podem ser consideradas até otimistas, pois a média das expectativas do economistas do relatório Focus, do Banco Central, está em 0,93% para o PIB. E já há bancos, como o Itaú, prevendo até retração de 0,5% no ano que vem.

Economista para emergentes da consultoria britânica Capital Economics, William Jackson diz que essas nações sofreram com a pandemia e a alta de inflação e juros. "Mas, no Brasil, tudo isso parece um pouco mais extremo", afirma.

Jackson cita a exposição da economia brasileira ao consumo chinês e problemas estruturais sérios, como a fragilidade das contas públicas nacionais.

Juros

Enquanto o Brasil só faz subir a taxa Selic, na Ásia emergente, por exemplo, os bancos centrais têm conseguido segurar o ritmo de elevação nos juros por terem sentido menor impacto da inflação.

Para a coordenadora do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Fabiana D'Atri, há frustração com as reformas e o eventual "furo" do teto de gastos. "O Brasil, relativamente, parece ter recuperação mais modesta", diz, destacando ao menos um ponto positivo: "Temos recuperação importante no mercado de trabalho." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O dólar abriu esta quarta-feira (19) em alta ante o real, descolado da queda predominante no exterior em relação a divisas emergentes ligadas a commodities, e renovou máxima em R$ 4,3723 (+0,30%) no mercado à vista. Por volta das 9h40, O BC apenas observava.

O operador da Commcor, Cleber Alessie Machado Neto, diz que alta é estrutural com os juros baixos no País. Ele cita várias razões que justificam sua avaliação: não há atrativo para carry trade com o achatamento do diferencial de juros interno externo, há carência de entrada de fluxo estrangeiro para a Bolsa, o País carece de grau de investimento e o PIB interno pode ser comprometido pelos efeitos do coronavírus na economia chinesa. "Tudo isso é ruim para o real. O investidor nacional é que está apoiando as altas recentes da Bolsa e faz hedge cambial para exposição em renda variável", acrescenta.

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Machado Netto relata que aumentou a posição comprada em dólar de investidores nacionais. "Ontem (terça) o investidor local estava comprador em dólar futuro em US$ 5,964 bilhões, ante uma exposição vendida desses players de US$ 837,5 milhões em 31 de janeiro", comenta.

"O investidor nacional se protege no dólar por temer eventual revés na economia interna ou estresse externo mais forte", avalia. Sua percepção é de que o real opera descolado, mas se o movimento se acentuar e persistir, o BC pode mostrar as caras. "Aparentemente, não há uma defesa de nível de preço, mas de eventual volatilidade", diz.

Machado Netto avalia que não há disfuncionalidades. "Se houvesse, o cupom cambial estaria subindo. Até 9h17, o cupom cambial curto (abril) ainda não tinha negócio registrado, e ontem fechou a 2,43% - "dentro da normalidade para o período do mês", afirma ele. Às 9h30, a taxa do dólar casado estava em 0,90 pontos, queda de 0,40 ante o fechamento anterior, também considerada normal por ele.

Às 9h32, o dólar à vista subia 0,32%, a R$ 4,3710. Na mínima, ficou a R$ 4,3628 (+0,12%). O dólar futuro para março estava em alta de 0,33%, a R$ 4,3720, após máxima aos R$ 4,3730 (+0,36%). Esse contrato já teve mínima em R$ 4,3630 (+0,13%).

Considerado a maior rede social profissional do mundo, o LinkedIn divulgou, nesta quarta-feira (8), a relação das 15 profissões emergentes para 2020. O estudo é focado no mercado brasileiro e, em seu decorrer, também aponta as habilidades mais requisitadas pelos selecionadores e os setores que mais realizam contratações.

De acordo com a pesquisa, as profissões consideradas emergentes são as que estão experimentando grande crescimento. Nesse sentido, a rede social interpreta que essas áreas expressam força de trabalho.

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Gestor de redes sociais aparece na primeira colocação da lista, seguido de engenheiro de cibersegurança e representante de vendas. Ocupações vinculadas aos segmentos de tecnologia e internet são as que mais aparecem na relação, correspondendo a 13 dos 15 cargos mencionados no levantamento. “Dentre as profissões estão cargos como o engenheiro de cibersegurança e cientista de dados, que têm sido contratados também pelo segmento financeiro e bancário, como grande movimento das fintechs e bancos digitais. O próprio setor financeiro em si aparece em duas profissões: investidor day trader e consultor de investimentos. Além disso, temos como destaque na edição deste ano o motorista. Ao observar os três setores da economia que mais devem demandá-los no próximo ano, constata-se que, entre eles, estão as empresas ligadas a internet e a serviços e facilidades ao cliente, como os aplicativos de transporte de passageiros e os de compras e entregas. O segmento de logística também aparece na segunda posição no índice de contratações”, detalhou o LinkedIn.

O diretor geral do LinkedIn na América Latina, Milton Beck, acredita que a pesquisa pode nortear a decisão de pessoas que buscam espaço no mercado de trabalho e, consequentemente, renda financeira. “Ao pensar a carreira no médio e no longo prazo - seja para permanecer em uma posição ou mudar - devemos mapear os riscos para assumir as responsabilidades do caminho que vamos seguir. Neste processo, a análise das informações disponíveis se torna essencial para tomar a decisão certa. Esperamos que essa lista seja um norte para as pessoas que estejam nessa transição ou ainda, no início da carreira”, destacou o diretor, conforme informações da assessoria de imprensa da empresa.

Para o apontamento dos resultados, o relatório utilizou dados de usuários da rede social com perfil público que tenham ocupado uma ou mais posições em tempo integral no Brasil. O período dessa atuação corresponde aos últimos cinco anos. Segundo a companhia, por meio de uma avaliação detalhista, foi identificado o grupo de profissões que mais se movimentaram.

“Aplica-se, a cada uma delas, uma fórmula que inclui o número de contratações e a taxa de crescimento anual entre 2015 e 2019 para mapear as que tiveram maior expansão”, informou o LinkedIn. A seguir, confira a relação completa:

1. Gestor de mídias sociais

Cinco conhecimentos primordiais: Marketing digital; redes sociais; Adobe Photoshop; Adobe Illustrator; e marketing.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Publicidade e marketing; mídia online; e internet.

2. Engenheiro de cibersegurança

Cinco conhecimentos primordiais: Docker Products; Ansible; DevOps; Amazon Web Services, AWS; e Kubernetes.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Tecnologia da Informação e serviços; software de computadores; serviços financeiros.

3. Representante de vendas

Cinco conhecimentos primordiais: Outbound Marketing; inbound marketing; pré-venda; vendas internas; e prospecção.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Softwares de computadores; tecnologia da Informação e serviços; e internet.

4. Especialista em sucesso do cliente

Cinco conhecimentos primordiais: Inbound marketing; auxiliar no sucesso do cliente; relações com o cliente; marketing digital; e experiência do cliente.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Tecnologia da Informação e serviços; software de computadores; e internet.

5. Cientista de dados

Cinco conhecimentos primordiais: Machine Learning; ciência de dados; linguagem Python; linguagem R; e ciência de dados.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Tecnologia da Informação e serviços; bancos; e softwares de computadores.

6. Engenheiro de dados

Cinco conhecimentos primordiais: Apache Spark; Apache Hadoop; grandes bancos de dados; Apache Hive; e a linguagem de programação Python.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Tecnologia da Informação e serviços; bancos; e serviços financeiros.

7. Especialista em Inteligência Artificial

Cinco conhecimentos primordiais: Machine learning; deep learning; linguagem de programação Python; ciência de dados; Inteligência Artificial (IA).



Três segmentos que mais buscam a profissão: Tecnologia da Informação e serviços; softwares de computadores; e instituições de ensino superior.

8. Desenvolvedor em JavaScript

Cinco conhecimentos primordiais: React.js; Node.js; AngularJS; Git; e MongoDB.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Tecnologia da Informação e serviços; softwares de computadores; e internet.

9. Investidor Day Trader

Cinco conhecimentos primordiais: Bolsa de valores; Technical Analysis; investimentos; mercado de capitais; e o investimento de curto prazo Trading.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Serviços financeiros; mercado de capitais; e gestoras de fundos de investimentos.

10. Motorista

Cinco conhecimentos primordiais: Serviço ao cliente; Microsoft Word; liderança; Microsoft Excel; e vendas.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Internet; transportes terrestres e ferroviários; e serviços e facilidades ao cliente.

11. Consultor de investimentos

Cinco conhecimentos primordiais: Investimentos; mercado de capitais; mercado financeiro; renda fixa; e análise financeira.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Serviços financeiros; mercado de capitais; e bancos.

12. Assistente de mídias sociais

Cinco conhecimentos primordiais: Redes sociais; marketing digital; Adobe Photoshop; Instagram; e publicidade.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Publicidade e marketing; internet; Tecnologia da Informação e serviços.

13. Desenvolvedor de plataforma Salesforce

Cinco conhecimentos primordiais: Desenvolvimento de Salesforce.com; linguagem de programação Apex; recursos do Salesforce.com; administração de Salesforce.com; e Visualforce.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Softwares de computadores; Tecnologia da Informação e serviços; e consultoria em gestão.

14. Recrutador especialista em Tecnologia da Informação

Cinco conhecimentos primordiais: Recrutamento em TI; recrutamento; entrevista; pesquisa de executivos; e técnicas de recrutamento.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Tecnologia da Informação e serviços; recrutamento e seleção; e Recursos Humanos.

15. Coach de metodologia Agile

Cinco conhecimentos primordiais: Kanban; metodologia Agile; Scrum; gestão de projetos em Agile; e agilidade para os negócios.



Três segmentos que mais buscam a profissão: Tecnologia da Informação e serviços; softwares de computadores; e internet.

O real foi a moeda que mais se valorizou nesta terça-feira, 29, ante o dólar entre as principais divisas mundiais, tanto de países desenvolvidos como emergentes. O apetite por risco melhorou no mercado financeiro internacional e ajudou a enfraquecer a moeda americana, que caiu influenciada pela alta do petróleo e o recuo acima do previsto na confiança do consumidor norte-americano. Os investidores aguardam o final da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), nesta quarta-feira e, no mercado local, a volta ao trabalho do Congresso, na sexta-feira. O dólar à vista fechou em queda de 1,28%, a R$ 3,7194, o menor valor em 11 sessões.

Profissionais das mesas de câmbio observaram ingresso de recursos externos, com estrangeiros buscando ações baratas na B3, sobretudo o papel da Vale, que caiu 24% na segunda-feira. Notícias de empresas que planejam captações externas e de que o governo quer mesmo privatizar muitas estatais repercutiram positivamente nas mesas de operação, segundo operadores. O secretário-geral de Privatizações do Ministério da Economia, Salim Mattar, disse que a venda de todas as estatais e suas subsidiárias pode render até US$ 30 bilhões, ou seja, mais do que o sinalizado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Nas captações, a Suzano anunciou uma reabertura de um bônus, a Eldorado Celulose planeja emitir US$ 500 milhões e comenta-se também de uma emissão externa da Latam.

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No ambiente político, as atenções estão voltadas agora para o fim do recesso parlamentar, com os deputados e senadores voltando ao trabalho no dia 1º, sexta-feira. O presidente do Credit Suisse, José Olympio Pereira, disse nesta terça que, apesar da tragédia da Vale em Minas Gerais, o "clima de otimismo com o Brasil" prossegue e a aposta é de que o novo governo fará "profundas mudanças" e vai equilibrar as contas públicas. Ao mesmo tempo, ele reforçou que a sinalização de Jair Bolsonaro de uma forma diferente de fazer política, sem mais o presidencialismo de coalização, traz incertezas sobre o apoio do Congresso às propostas do governo. Mas o tom visto em evento do Credit nesta terça com mais de 600 investidores e empresários era de otimismo com as reformas.

Os estrategistas da Nomura em Nova York fizeram aposta que preveem valorização do real, com o dólar podendo cair para a casa dos R$ 3,52 a R$ 3,67 nos próximos três meses. Eles acreditam que, após a resistência vista nos últimos dias de a moeda americana cair abaixo de R$ 3,70, a divisa pode buscar nas próximas semanas um novo ponto de equilíbrio, na casa dos R$ 3,50, por conta do possível avanço da Previdência, da possibilidade de acordo comercial entre China e EUA e de um Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais 'dovish', ou seja, defendendo juros mais baixos.

A moeda norte-americana fechou o primeiro pregão da semana em alta de 2,49%, cotada a R$ 3,918 para venda. A valorização de hoje representa a quinta alta seguida do dólar e a maior desde 14 de junho. O Banco Central manteve as ofertas tradicionais de swaps cambiais, sem efetuar leilões extraordinários de venda futura da moeda norte-americana.

O Ibovespa, índice da B3, encerrou o pregão em queda de 0,79%, com 85.546 pontos. As principais ações também mantiveram a tendência de baixa, com Vale caído 0,87%, Petrobras com menos 0,66%, Itau com desvalorização de 1,65% e Bradesco com perdas de 1,85%.

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O Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo e com sede em Washington, apontou, em relatório divulgado nesta terça-feira, 1, que a economia mundial passa por um período de mudanças e que os riscos para os emergentes estão aumentando. O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) está em um processo de elevação das taxas de juros, movimento que está afetando o mercado de câmbio de vários países emergentes.

Além disso, o crescimento da economia mundial começa a se "dessincronizar". Os EUA estão crescendo mais que outras regiões, refletindo estímulos fiscais, enquanto outras partes do mundo crescem menos. Este fator aliado ao aumento de juros pelo Fed contribuem para a valorização do dólar e "fazem a vida mais difícil para os emergentes, especialmente para aqueles com maior dependência de financiamento externo".

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Para o instituto, intervenções oficiais dos bancos centrais nos mercados de câmbio podem ser fontes de estabilidade durante períodos de moedas muito voláteis. Nesse contexto, Argentina e Turquia são os emergentes "para se observar" nesse momento, por conta dos elevados déficits em conta corrente. O relatório mostra ainda que Brasil e Indonésia também merecem ser monitorados.

Os países emergentes, incluindo os da América Latina, tendem a intervir no mercado de câmbio de forma "assimétrica", ressalta o IIF. Os BCs parecem muito mais dispostos a impedir valorizações de suas moedas aumentando as reservas internacionais do que reduzir essas reservas para conter desvalorizações quando a pressão no câmbio aumenta, de acordo com o IFF, que observa os movimentos dos BCs desde o início dos anos 2000. Entre os emergentes que têm tido maior pressão para desvalorização de suas moedas estão, pela ordem, Argentina, Turquia, Hong Kong, Brasil e Indonésia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O aumento do nervosismo no mercado financeiro mundial desde o começo de fevereiro levou os investidores a retirarem US$ 9,3 bilhões apenas neste mês dos principais mercados emergentes, segundo o Instituto Internacional de Finanças (IIF), entidade formada pelos 500 maiores bancos do mundos. Nos últimos dias, o estresse diminuiu, mas a incerteza permanece alta e a tendência é de que os investidores passem a fazer maior diferenciação entre os emergentes quando forem decidir onde aportar recursos, ressalta relatório divulgado no domingo, 18, pela instituição. Os países mais vulneráveis podem sentir mais estes efeitos.

Desde 30 de janeiro, quando os emergentes passaram a registrar fuga de capital, os investidores retiraram US$ 7,5 bilhões das bolsas destes mercados e US$ 1,8 bilhão do mercado de renda fixa, segundo os dados ainda preliminares do IIF, baseados em indicadores de alta frequência dos principais emergentes.

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Nos últimos dias, o ritmo de fuga de recursos se reduziu, seguindo a melhora do humor dos investidores, mas o tom que segue é o de cautela e que os investidores fiquem mais seletivos, diz o relatório.

As principais bolsas mundiais voltaram a subir na semana passada, mas sinais de "tensões" começaram a aparecer nos mercados de crédito, ainda que de forma "modesta", e os retornos ("yields") dos bônus dos países desenvolvidos estão em alta, de acordo com o IIF.

O relatório alerta ainda que cresce no mercado a aposta de que o Fed (o banco central dos EUA) vai subir os juros quatro vezes este ano, o que pode levar a nova reprecificação dos ativos com a divulgação do novo gráfico de pontos do Fed, que reúne a previsão de todos os dirigentes do BC para os juros nos EUA nos próximos anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O mercado de títulos públicos e o câmbio de países emergentes pagaram um preço alto com a eleição do republicano Donald Trump, nos Estados Unidos, conforme constatou o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês). No relatório trimestral de dezembro, divulgado hoje sob o título "Uma mudança de paradigma nos mercados?", a instituição salientou que o movimento de elevação dos retornos dos títulos públicos globais e o fortalecimento do dólar pesaram sobre os ativos dessas economias.

Até o início de novembro, os mercados emergentes (EMEs) estavam evoluindo na esteira das economias avançadas. "Então, o sentimento do investidor mudou marcadamente. As saídas vistas no mercado de títulos e a depreciação cambial na semana pós-eleição ficaram ainda maiores do que na época do mau humor visto em 2013", compararam os técnicos da instituição. Aquele ano foi o pior para a economia mundial desde a crise financeira internacional de 2008 e 2009.

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Já as reações dos mercados de crédito e de ações nos emergentes foram mais discretas do que há três anos. Para o BIS, isso ocorreu possivelmente refletindo um cenário econômico e financeiro diferente. Os fundos dos EMEs já tinham visto grandes saídas nos últimos anos, diminuindo pressões sobre avaliações dos ativos. O BIS salientou que um "boom" prospectivo nos Estados Unidos também pode trazer benefícios para essas economias. Os técnicos da instituição ressaltaram, porém, que os riscos continuam a existir, principalmente por causa do elevado grau de incertezas políticas em vários países considerados chave.

"Além disso, 10% das dívidas corporativas denominadas em dólar estão programadas para vencer em 2017, o que poderia gerar mais pressão sobre os mercados financeiros emergentes", consideraram. Segundo eles, as taxas de financiamento em dólares de curto prazo aumentaram significativamente, principalmente em resposta a mudanças em regulamentações relativas aos fundos monetários "prime", que entraram em vigor em outubro.

No relatório, o BIS destacou que as taxas de rentabilidade dos títulos globais continuaram a subir sensivelmente nos últimos meses. O documento salientou que, após as taxas de juros terem atingindo o menor nível da história no verão europeu, todos os yields dispararam no fim de novembro - na realidade, numa magnitude similar ao acesso de mau humor que foi visto no mercado de maio a setembro de 2013.

Para a instituição, apesar de haver um risco de as taxas permanecerem altas por um longo tempo, há alguns sinais de estresse no mercado de crédito. "Inicialmente apoiado por notícias macroeconômicas positivas em todo o mundo, o aumento das taxas se acelerou após as eleições presidenciais nos Estados Unidos. A reação do mercado de bônus no dia da eleição foi parecida com o que se viu na primeira eleição de Ronald Reagan, em 1980", trouxe o documento.

Os técnicos do BIS continuaram dizendo que os mercados de ações dos EUA também ecoaram aquele momento do passado, sugerindo que os mercados passavam a prever um "boom" no país e maiores lucros corporativos em um ambiente de política fiscal mais expansionista, uma redução dos impostos e uma regulamentação mais flexível. "Consequentemente, as probabilidades de política monetária mais restritiva aumentaram nos Estados Unidos e o dólar ficou fortalecido."

Os mercados emergentes registraram ingressos líquidos de US$ 37 bilhões de capital externo em março, o maior volume mensal de recursos em 21 meses, de acordo com dados preliminares divulgados nesta terça-feira (29) pelo Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos maiores bancos do mundo.

O Brasil foi um dos destaques mundiais e recebeu recursos externos em ritmo forte este mês, em meio ao aumento da expectativa de impeachment da presidente Dilma Rousseff, de acordo com o relatório do IIF, com sede em Washington.

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Os investidores estrangeiros mostraram este mês maior apetite tanto por ações, com ingressos líquidos de US$ 18 bilhões, como por bônus de renda fixa, com US$ 17 bilhões, de acordo com os cálculos do IIF. Apenas nos investimentos em renda variável, o IIF destaca que o Brasil recebeu mais de US$ 2 bilhões este mês direcionados a papéis "com perspectiva atrativa e crescente esperança de mudança política".

A região que mais recebeu recursos este mês foi a Ásia, com US$ 20 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A desaceleração das economias emergentes parece ter atingido o piso em 2015 e há expectativa de aumento do vigor desse conjunto de países em 2016 e 2017. As únicas exceções são o Brasil e a Rússia, que devem continuar em recessão profunda neste ano. A avaliação foi apresentada na quarta-feira (16) pelo economista-chefe do banco Nordea, Helge Pedersen. Apesar do risco de pouso forçado, a China parece caminhar rumo à normalização, com crescimento esperado de 6,5% pelos próximos anos.

Para o banco, o ritmo de crescimento do conjunto de países emergentes vai aumentar de 3,6% em 2015 para 4% em 2016. Nas economias desenvolvidas, há ligeira desaceleração, de 2,1% para 2%. No conjunto da economia global, o PIB do mundo deve ganhar força e passar de 3% no ano passado para 3,1% em 2016.

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Entre as economias com ritmo mais forte, destaque para a Índia, que deve ter expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 7,6% neste ano, ante 7,5% no ano passado. Assim, o país vai crescer mais rápido que a China, que deve terminar o ano com expansão de 6,5%, ante 6,9% no ano passado.

Para o Brasil, o banco prevê contração do PIB de 3,5% neste ano - o pior desempenho entre 24 economias e blocos destacados no documento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A turbulência nos mercados financeiros da China pode recomeçar mais adiante neste ano, provocando a saída de capital das economias emergentes, afirmou o presidente do Banco Central da Indonésia, Agus Martowardojo, nesta sexta-feira (8).

"A recente [turbulência] não é o fim, mas o início", afirmou Martowardojo. Ele acrescentou que a China pode ainda desvalorizar sua moeda para fortalecer as exportações e o crescimento econômico, enquanto pode avaliar que o yuan está menos competitivo que outras moedas, como o won sul-coreano.

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"A China envia sinais divergentes. Por um lado eles ainda veem a necessidade de desvalorizar o yuan, mas por outro o superávit comercial deles cresceu para o recorde de US$ 600 bilhões em 2015", afirmou a autoridade monetária.

Outra fonte de incerteza é a forte queda nos preços globais do petróleo, sem sinal de recuperação à vista. As grandes petroleiras não planejam cortar a produção, o que deve continuar a agir como um freio para os preços das commodities, avaliou Martowardojo. A Indonésia e outros países exportadores de commodities têm sofrido bastante com a forte queda nos preços desses itens.

Na frente doméstica, o BC indonésio se preocupa com a inesperada alta mensal de 0,96% na inflação do país em dezembro, disse o presidente do BC. Ele acrescentou que o BC indonésio prevê que os preços de bens e serviços podem avançar 0,70% neste mês, na comparação com o anterior.

O BC indonésio continuará concentrado em controlar a inflação e em reduzir a volatilidade no câmbio da rupia indonésia ante o dólar, mas que o banco central veja "espaço para afrouxamento" na política monetária, disse Martowardojo. As declarações dele podem sugerir que o banco central não deve ter pressa para cortar os juros, quando se reunir na próxima quinta-feira. Fonte: Dow Jones Newswires.

Os fluxos de capital internacional para investimentos em renda fixa e ações nos países emergentes podem ter alguma recuperação em 2016, depois de apresentarem neste ano o pior nível desde a crise financeira mundial de 2008. A melhora, porém, deve ser modesta e os analistas em Wall Street falam que será bastante difícil por enquanto a volta das aplicações para patamares dos anos de boom, como 2011, principalmente agora que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) iniciou o ciclo de alta de juros.

Economistas de bancos e organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial já alertavam para o risco de saída de capital dos emergentes em razão do cenário externo adverso e de problemas internos de alguns dos países. Este ano já foi marcado pela saída forte de recursos. Só em novembro houve retirada de US$ 3,5 bilhões.

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O Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos maiores bancos do mundo, projeta que os fluxos de capital privado para investimento em renda fixa e ações devam ficar em US$ 550 bilhões este ano, a metade do que foi em 2014. Para 2016, o IIF estima que fiquem em US$ 780 bilhões, número que ainda será revisto. Apesar da melhora em relação a este ano, o valor está abaixo do que foi 2014, quando os investimentos líquidos de não residentes somaram US$ 1,1 trilhão.

Na América Latina, o movimento dos estrangeiros deve ser semelhante, com recuperação também fraca prevista para 2016, estimada pelo IIF em US$ 282 bilhões, ante US$ 274 bilhões esperados para 2015 e abaixo dos US$ 316 bilhões de 2014.

Analistas falam que três fatores externos podem influenciar o interesse dos investidores por emergentes, sem considerar os problemas internos de cada mercado. O principal deles é a alta de juros pelo Fed, que tende a continuar no ano que vem. O segundo é a desaceleração da China, que pode provocar estresse no mercado financeiro se ocorrer de forma mais intensa que o previsto. O terceiro é a queda do preço do petróleo, que traz preocupação sobre o crescimento econômico mundial.

No caso do petróleo, o chefe da área de Estratégia para Mercados Emergentes do Bank of America Merrill Lynch, Alberto Ades, avalia que a manutenção das cotações abaixo dos US$ 40 o barril pode piorar a situação de alguns emergentes dependentes da commodity e reduzir previsões de expansão para esse grupo de países. Por enquanto, ele prevê recuperação do PIB dos emergentes em 2016, com o ano marcando o primeiro período de aceleração do crescimento desde 2010. O Brasil, porém, deve ser exceção, com a economia encolhendo 3,5%.

Para o economista do BoFA, 2016 não promete ser um ano bom para os fluxos de capital internacional em direção aos emergentes. "Dificilmente será uma repetição de anos como 2011", disse. Naquele ano, ganhou repercussão internacional a expressão do então ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que os emergentes estavam sendo invadidos por um "tsunami financeiro", em razão dos juros muito baixos nos países desenvolvidos e da política de compra de ativos do Fed, que despejou US$ 4 trilhões na economia e foi encerrada em 2014. Para Ades, um dos maiores riscos para os emergentes é o Fed elevar os juros de forma mais intensa que o previsto, o que deve levar a nova realocação internacional das carteiras.

O diretor e chefe do Departamento de Pesquisa do Barclays, Christian Keller, também espera um ano fraco para os fluxos internacionais de capital. Além dos juros americanos, ele ressalta que há dúvidas sobre o que vai ocorrer com os preços das commodities. Por isso, o tom é de cautela entre investidores.

No caso brasileiro, o estrategista do Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC), John Welch, avalia que fatores externos, como a queda dos preços das commodities, devem seguir pesando, mas o problema principal é o mercado doméstico, com forte incerteza tanto no campo político como no econômico. Não se sabe, por exemplo, se Dilma Rousseff continuará no mandato no ano que vem ou mesmo quem pode ser seu substituto. O diferencial do País, diz ele, é que os juros estão muito altos e podem atrair o aplicador mais propenso a risco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta quinta-feira (8) que não lamenta ter aceitado o convite da presidente Dilma Rousseff para ser ministro. "Não é ruim trabalhar para seu país quando você tem um objetivo claro, que é preparar uma economia para passar pelos ajustes e para o caminho do crescimento", disse, ao ser questionado por um jornalista se ele se arrepende de ter ido para Brasília. O ministro fez as declarações em evento durante a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Lima.

Em outro momento, Levy foi questionado se o Brasil está preparado para enfrentar uma eventual fuga de capital por conta de mudanças que ocorrem na economia mundial. Ele disse que não espera ver fuga de recursos do País neste momento. "Não há razões para saída maior de capital do Brasil neste momento", afirmou, destacando que o Brasil passa por um reequilíbrio este ano. "Se permitirem o ajuste, a economia vai se ajustar", disse.

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Emergentes

Levy também afirmou que o Brasil e os emergentes estão melhor preparados para lidar com os desafios que as mudanças na China e a elevação dos juros nos Estados Unidos devem trazer para a economia mundial. "Estamos de muitas formas preparados para enfrentar estas mudanças."

"As mudanças na China são importantes, mas quando você olha em muitos mercados emergentes, em particular na América Latina, a força da economia está muito diferente agora do que era há 15 anos", disse ele. O ministro afirmou ainda que muitos países emergentes não têm bolhas de ativos, problemas financeiros ou alavancagem financeira excessiva. "Isso nos dá uma condição de lidar com o novo ambiente."

Levy reconheceu que a baixa confiança dos agentes tem tido impacto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, com as pessoas adiando decisões. "O Brasil é uma economia ampla e tem muita flexibilidade para responder às mudanças", disse ele, destacando que a desvalorização do real tem permitido que o setor industrial se recupere.

"Todo mundo que tem um choque real está em recessão", disse Levy, ao ser questionando pelo moderador do evento, o apresentador da CNN, Richard Quest, por que o Brasil está com a economia em forte contração neste momento. "Muitos de nós agora temos colchões em termos de reservas internacionais que podem ser amortecedores como não tínhamos antes", disse o ministro.

O Brasil e outros emergentes, de acordo com Levy, têm procurado avançar na agenda de investimentos estruturais. Ele mencionou que o dinheiro para financiar estes projetos deve vir especialmente do setor privado.

Citando preocupações com o exterior, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) manteve inalterada a taxa básica de juros entre 0% e 0,25%. A decisão teve 9 votos a favor e 1 contra. Apesar de não deixar claro quando vai haver a primeira alta dos juros nos EUA, os dirigentes da instituição acreditam que ela vai ocorrer ainda este ano.

"Desenvolvimentos econômicos e financeiros globais recentes podem restringir um pouco a atividade econômica e são susceptíveis de colocar ainda mais pressão descendente sobre a inflação no curto prazo", diz o comunicado do Fed. O texto cita ainda que os dirigentes vão "acompanhar os acontecimentos no exterior", em um sinal de elevada preocupação de que o crescimento lento fora no exterior pode prejudicar a economia dos EUA.

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A decisão mostrou que 13 dos 17 dirigentes acreditam que vai haver uma elevação de juros em dezembro, embora sem citar quando isso vai ocorrer. Na reunião de junho, 15 apostavam em uma alta até o final do ano. As duas próximas reuniões da instituição são em outubro e dezembro.

Os juros estão na faixa entre 0% e 0,25% desde dezembro de 2008. A última vez que o BC norte-americano iniciou um período de aperto monetário foi em junho de 2004.

O único voto dissidente nesta reunião foi o do dirigente da distrital de Richmond, Jeffrey Lacker. Ele queria elevar a taxa de juros em um quarto de ponto porcentual, o que não é propriamente uma surpresa. No começo do mês, ele afirmou que havia forte motivos para elevar a taxa de juros agora. "Eu não estou argumentando que essa economia é perfeita, de jeito nenhum, mas também não está mal, fazendo com que a elevação dos juros necessite voltar à cena", disse Lacker em um discurso no dia 4 de setembro.

Em um tom ponderado, a presidente da instituição, Janet Yellen, afirmou que a queda dos preços do petróleo e a valorização do dólar colocaram pressão maior sobre a inflação. No entanto, "os efeitos da alta do dólar e da queda no petróleo sobre a inflação devem ser transitórios", sinalizando para que o aperto monetário comece até o final do ano.

Apesar disso, alguns analistas comentaram que o tom do comunicado do banco central dos EUA e da presidente da instituição, Janet Yellen, sugere que uma elevação pode não vir neste ano. "Eu acho que o sentimento suave nos comentários e o aumento no número de dirigentes que adiaram suas expectativas [para a elevação] sugerem que o primeiro trimestre [de 2016] também está em jogo", disse George Zivic, da Oppenheimer. Fonte: Dow Jones Newswires.

A Capital Economics aponta, em relatório divulgado nesta segunda-feira, que a maioria das moedas de países emergentes recuou ao longo do último mês, com várias em mínimas de anos ante o dólar, ou perto disso. Segundo a consultoria, para a maioria dos países, o impacto econômico da recente fraqueza nas moedas deve ser pequeno. "Mas para aqueles emergentes com alto nível de dívida em dólar ou um problema de inflação, notadamente a Turquia, as moedas mais fracas são uma importante ameaça à estabilidade macroeconômica", afirma.

A Capital Economics diz que o principal gatilho para as quedas mais recentes entre as moedas emergentes é o recuo nos preços das commodities, afetando mais os principais produtores de commodities na América Latina, junto com Rússia e África do Sul. Além disso, fatores específicos de cada país pesam, entre eles a piora na situação de segurança na Turquia, sinais de recuos nas reformas econômicas no México e a piora na perspectiva de crescimento em Taiwan e na Coreia do Sul.

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"As recentes quedas reativaram os temores entre alguns de que podemos estar à beira de outra crise da dívida de emergentes", afirma a consultoria. Segundo ela, em alguns países, principalmente a Turquia e a Rússia, grandes dívidas em dólar podem significar um peso. "Mas na maioria dos lugares as dívidas em dólar estão relativamente baixas e não devem representar uma ameaça à estabilidade financeira."

Segundo a Capital, o Brasil é um dos países em que a fraqueza da moeda deve manter a inflação alta, ao lado de Rússia, Turquia e África do Sul. A consultoria diz que esse cenário representa um importante freio na capacidade dos formuladores da política nesses países de afrouxar a política monetária para impulsionar o crescimento. Por outro lado, a análise lembra que a moeda mais fraca pode levar os déficits externos a "um nível mais sustentável", inclusive em Brasil e Turquia, dois países que "têm grandes déficits em conta corrente".

Em resumo, a consultoria diz que o impacto econômico das recentes desvalorizações cambiais deve ser limitado na maioria dos emergentes. "As exceções são alguns dos emergentes com grande endividamento em dólar ou alta inflação, notadamente Brasil, Turquia e África do Sul, onde a fraqueza da moeda é uma ameaça à estabilidade econômica e um freio na capacidade dos formuladores da política para sustentar o crescimento", afirma.

O Brasil aparece no topo de novos rankings criados pelo Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês), formado pelos maiores bancos do mundo, para identificar os países mais vulneráveis entre os emergentes. No levantamento entre os mercados com a política econômica mais vulnerável, o País está em terceiro lugar, atrás apenas da Ucrânia e Argentina, de acordo com o levantamento da instituição.

O IIF desenvolveu um mapa para medir a vulnerabilidade dos emergentes, formado por três índices - vulnerabilidade externa, doméstica (setor real e financeiro) e de política econômica (credibilidade e estabilidade política). Além de estar em terceiro na ranking de vulnerabilidade de política econômica, o Brasil está em segundo lugar, atrás da Turquia, no levantamento de vulnerabilidade doméstica, por causa do risco trazido pelo crescimento do endividamento em moeda estrangeira de empresas e nos passivos dos bancos. No ranking de vulnerabilidade externa, liderado por Turquia e Ucrânia, o Brasil está em melhor posição, por ter volume alto de reservas internacionais, e figura como um dos menos vulneráveis, junto com Chile, México e Tailândia.

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"A vulnerabilidade dos emergentes permanece em foco desde meados de 2013", ressalta o IIF, citando que foi naquele momento que o Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) pela primeira vez sinalizou que mudaria a política monetária do país. Em tempos de maior aversão ao risco, os investidores aumentam a diferenciação entre os emergentes, baseados no grau de vulnerabilidade de cada mercado.

No Brasil, a inflação persistentemente acima da meta e a deterioração de indicadores fiscais estão entre as razões que explicam porque o País tem um índice alto de vulnerabilidade, de acordo com o IIF. Quando os investidores estrangeiros aumentam a diferenciação entre os emergentes para tomar decisões de alocação de recursos, a vulnerabilidade alta pode ser um problema, diz o IIF.

"Países onde crescentes tensões políticas internas ameaçam a gestão prudente da política macroeconômica, como o Brasil e Turquia, sofreram grandes oscilações de preços", ressalta o IIF no estudo. Na medida em que o Fed se aproxima do momento de elevação dos juros, os países mais vulneráveis podem ficar nos holofotes e ser novamente os mais afetados, afirma o IIF, como já ocorreu em meados de 2013.

Dívidas em dólar

O IIF ressalta que alguns emergentes, que têm tido elevação das taxas de juros, terão também que lidar no futuro próximo com juros maiores nos EUA. Nesse ambiente, surge outra preocupação: as dívidas em moeda estrangeira de empresas e bancos, que aumentaram muito desde a crise global de 2008. Os juros maiores, junto com a forte depreciação de moedas de alguns emergentes, aumentam o temor de que as companhias podem ter dificuldade para honrar os serviços da dívida ou cumprir os pagamentos dos passivos.

O real brasileiro foi a divisa que mais se desvalorizou, apesar dos juros altos no Brasil e da relativa menor vulnerabilidade do País pelo lado externo, afirma o IIF. Por isso, em um documento anterior sobre o Brasil, o IIF enfatiza que o ajuste fiscal é "essencial" para garantir a melhora do ambiente econômico.

O atual ciclo de baixa nos preços do petróleo pode beneficiar o Brasil no curto prazo, mas o aprofundamento dessa tendência traz ameaças, avaliam especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. A aversão dos investidores estrangeiros ao risco, evidenciada esta semana por quedas fortes dos ativos russos e de outros emergentes, mostra que um movimento de fuga de capital poderia causar crises graves nesses mercados.

O ex-diretor do Banco Central e sócio-fundador da gestora Mauá Sekular, Luiz Fernando Figueiredo, observa que, se por um lado a queda no preço do petróleo desestabiliza a Rússia, por outro traz algum benefício para o Brasil. Como qualquer importador de petróleo, há um efeito positivo na balança comercial. Nos cálculos da Tendências Consultoria, o novo nível da commodity permitirá que o déficit na conta petróleo seja de US$ 7,7 bilhões em 2015, considerando um preço médio ao longo de todo o ano de US$ 73,50 por barril. A estimativa anterior indicava um déficit de US$ 11,3 bilhões, segundo o analista Walter de Vitto.

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O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, afirma que o petróleo e derivados mais baratos geram um impacto positivo na inflação brasileira. "O sinal [do atual ciclo de baixa do petróleo] é bastante claro para a inflação brasileira", diz. Gonçalves destaca que, mesmo que não ocorra uma transferência do preço menor para o consumidor de combustíveis, o ritmo inflacionário tende a desacelerar por conta do impacto difuso dos efeitos do petróleo. O preço da commodity influencia a nafta, as matérias-primas petroquímicas e insumos para o agronegócio e para a indústria, além de bens de consumo. "Estamos falando de um ritmo menor na inflação em uma cadeia que tem ramificações muito amplas", diz.

Para o sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, o atual ciclo de baixa no preço da commodity tende a durar cerca de quatro anos. Para o petróleo voltar à faixa de US$ 100 o barril, a economia mundial precisaria voltar a crescer de forma consistente, diz ele. Pires explica que os ciclos do setor do petróleo não têm uma duração padronizada. O último ciclo de baixa, que começou em meados dos anos 80, durou cerca de uma década.

Mesmo com a possibilidade de Europa, Ásia e Estados Unidos retomarem um crescimento mais duradouro, o setor do petróleo não será mais o mesmo, na avaliação de Pires. O atual ciclo de baixa ocorre em um momento de revisão da matriz energética mundial em razão da poluição e do aquecimento global. "Diferentemente das outras vezes, a matriz energética vai sair desse atual ciclo de baixa com uma outra cara. Teremos uma matriz menos monoenergética", diz.

No médio prazo, Pires acredita que o gás natural liquefeito (GNL) assumirá uma maior participação na matriz energética mundial. Isso vai ocorrer porque a tecnologia já esta mais difundida no mundo e também porque investimentos em novas plantas de GNL já foram feitos. "Antes do GNL, o gás natural exigia a implantação de dutos. Agora, não é mais assim. É possível exportar o gás liquefeito para qualquer lugar", diz o analista.

Ameaças

O sócio-fundador da Mauá Sekular diz que o atual movimento dos mercados torna ainda mais urgente a realização de uma política econômica assertiva e com resultados. É dessa forma, argumenta o economista, que o Brasil vai se diferenciar dos outros países afetados pelo atual movimento de muita volatilidade em todos os mercados. "Por enquanto, temos apenas promessas", diz Figueiredo.

Ele ressalta que o comportamento dos mercados hoje "não tem nada a ver com os fundamentos econômicos do Brasil". "Ninguém imagina que a taxa [básica de juros] vai ter aumentos de 100 pontos-base [como chegou a precificar o mercado nesta terça-feira]. Mas ninguém quer ficar exposto ao risco, especialmente porque é fim de ano", afirma o economista.

Marcelo Ribeiro, estrategista da Pentágono Asset Management, tem uma visão mais pessimista sobre a crise do petróleo e seu impacto para o Brasil. Para o analista, o movimento reflete fundamentos da economia global e o estouro da bolha das commodities, que vai afetar principalmente os mercados emergentes considerados mais vulneráveis, como os chamados Cinco Frágeis (Brasil, África do Sul, Indonésia, Índia e Turquia).

"A queda do petróleo não é positiva para o Brasil em nenhum aspecto. Ela leva junto outras commodities, e a economia brasileira é totalmente ligada às commodities. Além disso, a questão da balança comercial é mínima diante dos problemas que essa crise gera, sendo o principal deles o contágio financeiro, que já atinge a Rússia", comenta Ribeiro. Lembrando a crise russa de 1998, ele ressalta que hoje os mercados emergentes têm um peso muito maior na economia global, ou seja, possuem potencial elevado de causar estragos no caso de uma crise. "Existia uma tese de que as grandes reservas internacionais atuais dos emergentes os protegeriam, mas a Rússia tem mais de US$ 400 bilhões em reservas e está no olho da crise", aponta.

Ele diz que, com a crise na Rússia, o investidor estrangeiro começa a olhar outros emergentes que não estão em uma situação confortável - como é o caso do Brasil, com crescimento baixo, inflação elevada e grande déficit em conta corrente. "Acho que o investidor deve ficar preocupado mesmo. O caso da Rússia não é isolado e não tem a ver com as sanções impostas pelo Ocidente." Segundo ele, diferentemente de episódios anteriores, desta vez não são especuladores que estão derrubando os preços do petróleo, mas sim os fundamentos do mercado, em meio à recuperação lenta da economia global e a desaceleração da China.

Em relatório divulgado no início deste mês, os analistas do Deutsche Bank disseram que a queda nos preços do petróleo, aliada à alta do dólar, pode acabar prejudicando a Petrobras, que tem quase US$ 80 bilhões em dívidas em moeda estrangeira, tornando-a uma das maiores emissoras de bônus não financeiras do mundo. "Somando-se à pressão dos preços baixos do petróleo estão as recentes notícias sobre denúncias de corrupção na empresa. Isso aumenta a chance de o mercado de dívidas de alto retorno ser testado por um 'anjo caído' de US$ 80 bilhões", diz o texto.

Para a equipe do Bradesco, não há ainda uma tendência definida em relação aos mercados emergentes em geral - aqueles que não são grandes exportadores de petróleo. Os que são importadores líquidos serão beneficiados, assim como aqueles que enfrentam pressões inflacionárias. É o caso da Índia (onde as compras de petróleo representam 39,5% do total importado), do Brasil (18,2% do total importado) e da China (16,2%).

Por outro lado, os países que são dependentes das exportações de outros tipos de matérias-primas, como também é o caso do Brasil, com o minério de ferro, podem ver uma piora no comércio externo. "Isso acontece através da influência dos combustíveis em outras commodities, por meio das cadeias produtivas (o petróleo como um insumo direto ou indireto) e a distribuição (transporte), ou em função da competição com biocombustíveis", explica o relatório do Bradesco. Segundo o texto, considerando o período desde 2009, o preço do barril de petróleo Brent tem um índice de correlação de 0,75 com a soja e 0,33 com o minério de ferro, por exemplo.

A volatilidade do mercado de câmbio e a queda do preço do petróleo aparecem como duas grandes ameaças à economia mundial. A avaliação é do chefe do Departamento Monetário e Econômico do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), Claudio Borio. "Esses desenvolvimentos serão especialmente importantes para as economias emergentes", disse em teleconferência com jornalistas.

A primeira preocupação citada por Borio são as taxas de câmbio. Diante de políticas monetárias divergentes - com os Estados Unidos em processo de alta do juro e Europa e Japão ainda com medidas para relaxamento da economia -, o economista do BIS nota que as taxas de câmbio podem ter tendências mais pronunciadas de valorização, no caso do dólar, e queda, para o euro e iene, nos próximos trimestres.

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O segundo item de preocupação é a queda do preço do petróleo em ritmo muito superior ao observado ante outras commodities. Borio destacou que o barril já está 40% mais barato na comparação com o preço de junho. "Parte dessa queda reflete fatores de demanda que não são apenas relacionados com a desaceleração da China, mas também refletem o aumento inesperado na oferta", diz.

Os dois fatores - câmbio e petróleo - tendem a afetar especialmente os países emergentes, diz Borio. A vulnerabilidade é criada pela grande exposição de alguns países às commodities e também às taxas de câmbio. "Exportadores de commodities podem enfrentar desafios, especialmente aqueles que estão nas fases posteriores ao crescimento do crédito e boom do mercado imobiliário", disse, sem citar nenhum emergente específico.

Ainda sobre o câmbio, o chefe de departamento do BIS lembra que a alta do dólar pode gerar descasamento para quem tem dívida na moeda norte-americana. Isso ocorre quando as receitas são em moeda local e a dívida é na divisa estrangeira. A valorização do dólar, nesse caso, pode tornar o compromisso mais caro na moeda local e comprometer maior fatia das receitas ou renda.

Empresas não financeiras de países emergentes estão usando cada vez mais as filiais no exterior para conseguir crédito via emissão de dívida. A tendência cresceu nos últimos anos e começa a chamar atenção do Banco de Compensações Internacionais (BIS). Para a instituição, essa busca de financiamento via filiais pode se tornar um problema e ter "implicações financeiras" para países emergentes. Um dos riscos é que o endividamento das empresas e dos países emergentes seja efetivamente muito maior que o calculado atualmente. Outro problema é que recursos carimbados como "Investimento Estrangeiro Direto" (IED) possam ter como destino operações financeiras e a não atividade real.

Relatório divulgado neste domingo (7) revela atenção do BIS para o financiamento das empresas emergentes. Em meio a um cenário de grande liquidez internacional, estudo dos economistas do BIS Stefan Avdjiev, Michael Chui e Hyun Song Shin - que é chefe do Departamento de Pesquisa da casa - destaca o fenômeno de emissão de dívida de companhias emergentes nos mercados internacionais. Entre 2009 e 2013, empresas emergentes não financeiras emitiram US$ 554 bilhões em dívida internacional. Cerca de metade desse montante - de US$ 252 bilhões - foi via filiais no exterior, diz o BIS.

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Para os pesquisadores, os dados trazem "evidência de que as subsidiárias estrangeiras de empresas emergentes não financeiras estão atuando cada vez mais como intermediários substitutos ao obter fundos de investidores globais através de emissão de bônus e repatriar os proventos para a sede". Em países como a China, existiria US$ 1 emitido em dívida não bancária para cada US$ 3 em crédito bancário. O estudo alerta que, diante desse cenário, "o cálculo da dívida externa baseada no princípio de residência pode ser problemático".

A preocupação do BIS trata da real exposição que empresas têm à dívida externa e eventual vulnerabilidade dos países emergentes a esse tema. Isso acontece porque o aumento da atividade das filiais como captadores de recursos nem sempre aparece adequadamente nos resultados corporativos e no balanço de pagamentos dos países.

Os pesquisadores do BIS notam que há casos em que recursos são transferidos entre filial e sede e, de acordo com as atuais regras, são classificados como "Investimento Direto Estrangeiro". Mas, apesar da classificação, o dinheiro poderia ser alocado em investimento financeiro de curto prazo pela matriz.

Há a percepção de que o fenômeno está mudando a "natureza da vulnerabilidade" relacionada à dívida externa. Enquanto na crise de 2008 o grande problema foi gerado pelos problemas do setor bancário, o novo fenômeno aponta para uma vulnerabilidade "não bancária". Isso ocorre porque os créditos tomados no exterior são feitos diretamente pelas empresas com a emissão de dívida - o que reduz os controles que existem em operações como o crédito bancário.

Há ainda preocupação sobre eventual divergência entre as receitas e obrigações dos tomadores de crédito, já que a maioria dos empréstimos é feita em moeda estrangeira, mas normalmente as receitas das empresas são em moeda local. Em um momento como o atual - de normalização da política monetária dos Estados Unidos e fortalecimento do dólar - as dívidas em dólar tendem a ficar ainda maiores na moeda local.

O estudo publicado dentro do relatório trimestral da entidade nota que essas transferências de filiais para matriz podem utilizar três canais: 1) diretamente para a matriz (fluxo intracompanhia), 2) crédito para empresa não relacionada (fluxo intercompanhia) e 3) depósito bancário internacional (fluxo de depósito corporativo). "O fluxo de capital internacional para emergentes relacionado a essas três operações aumentou consideravelmente nos últimos anos. A ampliação desses fluxos foi dominada mais por operações financeiras que por atividades reais, o que pode aumentar a preocupação sobre estabilidade financeira."

Diante das várias possibilidades de transferência dos recursos de volta para a matriz, o estudo reconhece que "a dívida externa calculada pelo conceito de residência pode subestimar a real exposição econômica de uma empresa que emprestou via filial". "Se a sede da empresa ofereceu garantias ao crédito tomado pela filial, então a dívida da subsidiária deveria ser devidamente parte do cálculo global de dívida da empresa", diz o texto. O procedimento, porém, não necessariamente é usado pelas companhias.

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