Tópicos | Igreja Católica

O papa Francisco aceitou a renúncia do cardeal chileno Riccardo Ezzati, arcebispo de Santiago e que em maio de 2018 anunciou sua demissão ao lado de todos cardeais deste país em consequência de um escândalo abusos sexuales, anunciou neste sábado o Vaticano.

A decisão coincide com a confirmação na sexta-feira do processo contra o cardeal Ezzati por um tribunal de apelação chileno por não ter denunciado os abusos sexuais cometidos por três padres.

Ezzati, o principal nome da Igreja católica no país, foi convocado em outubro por um promotor chileno e permaneceu em silêncio, apesar de ter prometido colaborar com a justiça.

Durante a semana, o papa rejeitou, em nome da presunção de inocência, a renúncia do cardeal francês Philippe Barbarin, condenado em primeira instância a seis meses de prisão com suspensão condicional da pena por não denunciar os abusos sexuais de um padre.

Em outubro, Francisco aceitou com relutância a renúncia do cardeal americano Donald Wuerl, arcebispo de Washington, suspeito de acordo com um júri de ter ocultado agressões sexuais na Pensilvânia, embora não estivesse sob a ameaça de uma condenação direta.

O Chile é um dos países mais gravemente afetados pelo escândalo de abusos sexuais cometidos por membros da igreja e pela gestão de suas autoridades eclesiásticas.

O papa Francisco fez uma polêmica visita ao Chile em janeiro de 2018. Em abril enviou uma carta aos bispos chilenos em forma de mea culpa, na qual reconhecia "erros de avaliação" sobre o escândalo na igreja do Chile.

Depois de ouvir as vítimas, o papa convocou todos os bispos chilenos ao Vaticano em maio de 2018 para três dias de reflexão. Após o encontro, todos os bispos do país renunciaram.

Desde então, o papa aceitou sete pedidos de demissão. Em janeiro, ele recebeu cinco religiosos chilenos no Vaticano, entre eles Ezzati, com o qual teve um "diálogo muito fraternal", segundo a conferência episcopal chilena.

O arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, realiza uma reunião emergencial, nesta segunda-feira (18), para discutir alternativas para os moradores do Edifício Holiday. No último domingo (17), o arcebispo celebrou uma missa na capela Nossa Senhora das Graças, localizada na área externa do Holiday.

Foram convidados para a reunião representantes da sociedade civil, do poder público, autoridades locais, além de moradores do imóvel. O encontro ocorrerá na Cúria Metropolitana, no bairro das Graças, às 15h.

##RECOMENDA##

Segundo a Arquidiocese, o arcebispo não se opõe à medida judicial de interdição e de desocupação do prédio e entende que ela foi necessária para preservar vidas. "No entanto, a convocação do arcebispo metropolitano para a reunião desta segunda-feira reflete a preocupação da Igreja Católica no tocante à garantia dos direitos dos moradores do Edifício Holiday", diz nota.

Constam na pauta da reunião as seguintes propostas: apoio às famílias de proprietários residentes que não disponham de meios para a locação de imóvel até que sejam sanados os problemas motivadores da ordem de desocupação; garantia de imóveis desocupados até a volta de seus proprietários; convocação de entidades e órgãos com expertise em projetos de engenharia, para sanar os riscos motivadores da ordem de desocupação; estudo de financiamento das obras necessárias.

Na missa do domingo, Saburido cobrou mobilização da sociedade. “Convidamos quem possa contribuir para a solução desta problemática enfrentada pelos moradores. Vi lá fora da capela o síndico do prédio chorando, aflito, por não ter para onde ir, com a sua família. É papel da igreja e da sociedade lutar contra a indiferença ao sofrimento humano", afirmou. A decisão judicial colocou prazo para desocupação do prédio até a próxima quarta-feira (20). Segundo o síndico do Holiday, Rufino Neto, cerca de 70% dos moradores já haviam deixado o prédio no domingo.

LeiaJá também

--> Holiday: o drama de quem vive no escuro

--> Desocupação: O que acontece com os moradores do Holiday?

--> “Não vamos sair”, afirmam vários moradores do Holiday

 

A Igreja católica destruiu arquivos sobre os autores de abusos sexuais, reconheceu neste sábado o influente cardeal alemão Reinhard Marx durante uma reunião histórica no Vaticano sobre a luta contra a pedofilia.

"Os arquivos que poderiam documentar estes atos terríveis e indicar o nome dos responsáveis foram destruídos ou inclusive não chegaram a ser criados", afirmou o presidente da Conferência Episcopal Alemã.

A denúncia do religioso provocou a reação imediata de uma das organizações de defesa das vítimas de padres pedófilos presentes em Roma para o evento.

"Isto é ilegal", afirmou, indignado, o americano Peter Isely, fundador da ECA (End Clergy Abuse), durante um protesto no centro de Roma para exigir medidas imediatas.

"O abuso sexual de crianças e jovens se deve, em uma parte não insignificante, ao abuso de poder da administração", afirmou o cardeal alemão em seu discurso aos participantes da reunião, entre eles 114 presidentes de conferências episcopais de todo o mundo convocados para falar também sobre o silêncio e acobertamento da pedofilia por parte da hierarquia eclesiástica.

"Ao invés de punir os culpados, as vítimas foram as repreendidas e silenciadas", lamentou.

"Os procedimentos e trâmites fixados para perseguir estes delitos foram deliberadamente ignorados, e inclusive apagados ou anulados", insistiu.

"De fato, os direitos das vítimas foram pisoteados e deixados ao livre arbítrio de indivíduos", denunciou o cardeal.

O arcebispo de Munique e Freising, conhecido por suas posições progressistas, criticou o fato de o "segredo pontifício" ser apresentado com frequência como justificativa pela Igreja e pediu a suspensão para casos de abusos sexuais cometidos por padres, uma solicitação feita por outros religiosos durante a reunião.

- Transparência vs conspiração -

O cardeal pediu mais transparência sobre os julgamentos realizados pela Igreja e exigiu a divulgação do número de casos examinados pelos tribunais eclesiásticos, assim como detalhes sobre os mesmos.

O alemão se reuniu na sexta-feira de modo privado com 16 vítimas de abusos do grupo ECA. Ele citou em uma entrevista coletiva a "abertura e disponibilidade" da hierarquia da Igreja a aceitar uma mudança de mentalidade.

"É impressionante. Em 40 anos de vida religiosa nunca havia visto", confessou, emocionado.

A Igreja católica alemã pediu desculpas oficialmente em setembro do ano passado após a publicação de um relatório que revelou agressões sexuais contra mais de 3.600 menores de idade, cometidas durante décadas por integrantes do clero.

O próprio cardeal fez um pedido público de desculpas após a divulgação do documento, que contabilizou pelo menos 3.677 vítimas entre 1946 e 2014, em sua maioria menores de 13 anos, que sofreram abusos cometidos por 1.670 clérigos.

"A desconfiança institucional leva a teorias da conspiração sobre uma organização e a criação de mitos sobre ela. Isto pode ser evitado se os fatos forem expostos de maneira transparente", disse o religioso aos 190 membros da cúpula da Igreja presentes na reunião do Vaticano.

O discurso duro do cardeal, transmitido por streaming, foi dedicado sobretudo à necessidade de transparência para recuperar o prestígio da Igreja.

"Os procedimentos legais corretos servem para estabelecer a verdade e constituem a base de uma punição proporcional ao delito", destacou o religioso.

"Além disso, estabelecem a confiança na organização e em sua liderança", completou.

O influente cardeal fez um apelo à hierarquia eclesiástica a "dar um passo corajoso para a rastreabilidade e transparência" não apenas nos casos de abusos sexuais, mas também no "setor financeiro", outro tema sensível para a Igreja, acusada por finanças obscuras e demissões misteriosas.

Os debates prosseguiram com dois discursos de mulheres, uma religiosa, a superiora geral da Sociedade do Santo Menino Jesus, Verónica Openibo, e uma laica, a jornalista mexicana Valentina Alazraki, que cobre o Vaticano há quase 40 anos.

A jornalista recordou que a Santa Sé escondeu por mais de 60 anos a pedofilia do fundador do Legionários de Cristo, o mexicano Marcial Maciel, um dos escândalos mais graves da igreja moderna.

A reunião oficial terminará no domingo com um discurso do papa Francisco.

O papa Francisco afirmou nesta quinta-feira (21) que o "povo de Deus" espera "medidas concretas" contra abusos sexuais na Igreja Católica, na abertura de uma cúpula histórica no Vaticano sobre o tema. "Precisamos ser concretos", disse o pontífice, diante de 190 líderes da Igreja Católica de todo o mundo, depois de reconhecer que "o povo de Deus nos observa e espera não óbvias e simples condenações, e sim medidas concretas e eficazes". No evento, ele apresentou uma lista com 21 propostas de medidas de punição e prevenção a abusos sexuais no meio religioso, incluindo mudanças na atual legislação canônica.

O Vaticano tratou o documento, entregue a todos os participantes, como "diretrizes". O papa diz querer mudar a mentalidade dos bispos em quatro dias de debates, discursos, reuniões intercaladas com orações, mas sobretudo por meio dos depoimentos comoventes de vítimas de abusos sexuais. "Escutemos o grito das crianças que pedem justiça", disse o papa, ao convidar patriarcas, cardeais, arcebispos, bispos e superiores religiosos a encarar a "praga dos abusos sexuais" cometidos por membros da Igreja. "Iniciemos nosso percurso armados de fé (...), de coragem e de concretização", disse ele.

##RECOMENDA##

No evento, o arcebispo Charles Scicluna, de Malta, principal investigador de abusos sexuais do Vaticano, disse que a Igreja tem de analisar até como padres e bispos são escolhidos - uma das revisões propostas nesta quinta por Francisco. "A questão da verificação futura de candidatos ao sacerdócio é fundamental", disse Scicluna, em um discurso centrado em detalhes legais sobre como os bispos têm de colaborar com as autoridades civis, adotando uma "cultura de divulgação" para a sociedade saber que "se fala sério".

Na sequência, justamente ao lado do papa, o cardeal colombiano d. Rubén Salazar afirmou ser "injustificável" não denunciar ou ocultar os casos de abusos sexuais na Igreja. Segundo ele, "o inimigo está dentro".

"Não há nenhuma justificativa possível para não denunciar, para não desmascarar, para não enfrentar com valor e contundência qualquer abuso", continuou o arcebispo de Bogotá. "Temos de reconhecer esta crise em profundidade, reconhecer que o dano não vem dos que estão fora, mas os primeiros inimigos estão dentro da Igreja, entre bispos, sacerdotes e consagrados que não têm estado à altura de nossa vocação."

Diretrizes

Os pontos de reflexão levantados pelo papa atingem vários elementos da discussão sobre abusos, como a relação entre religiosos. Para muitos, a "cultura" de acobertamento e de não enfrentamento dos casos passa pelo fato, notadamente entre sacerdotes e bispos, que o convívio lembra muito a relação entre pais e filhos - o que dificulta punições e leva até a transferências.

Na lista de diretrizes do pontífice, solicitam-se normas claras para essas transferências, além de se pedir regras claras para investigação de denúncias, com ampliação da participação dos leigos e a devida publicidade. Há também sugestões para a mudança no Código Canônico, só permitindo casamentos a partir dos 16 anos. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Às vésperas do encontro da Igreja Católica que discutirá abuso sexual, um padre brasileiro, que havia sido transferido para o Paraguai, foi expulso nesta quarta-feira (20) do clero, sob suspeita de abusos no Brasil. Segundo a Diocese de Ciudad del Este, Jean Rogers Rodrigo de Sousa "foi dispensado de suas obrigações clericais" pelo papa Francisco, conforme comunicado assinado ontem pelo monsenhor Guillermo Steckling.

Quando Sousa era seminarista, em 1998, foi responsável por fundar dois institutos, que posteriormente constituíram a Fraternidade Arca de Maria, com sacerdotes e leigos dos dois sexos. Em 2006, houve acusações de mulheres já adultas, ex-freiras, ligadas à organização em várias cidades - que estariam sendo importunadas pelo então padre por Skype. Há queixas de estupro e masturbação. Hoje, o ex-sacerdote não tem mais ligação com a Arca de Maria.

##RECOMENDA##

Após passar por várias circunscrições, acabou na Diocese de Ciudad del Este. Há um ano, ele já havia sido suspenso de cerimônias e proibido de usar seu hábito até o fim da investigação. Meses depois, o jornal Folha de S.Paulo conseguiu contato com o religioso, que negou as acusações e disse ser alvo de "calúnia por 11 mulheres". À época, as vítimas alegaram não ter buscado a Justiça por medo de expor as famílias. A reportagem não localizou Sousa na noite de quarta-feira.

São Paulo

Ainda nesta quarta, continuava a coleta de informações sobre a mais recente intervenção do Vaticano em uma diocese brasileira, com denúncias de suposto abuso de coroinhas por um padre e suposto desvio de dinheiro de fiéis por um bispo no interior paulista. Os crimes teriam sido registrados em Americana, Araras e Limeira, no interior paulista.

Um dos envolvidos é o padre Pedro Leandro Ricardo, de 50 anos, suspeito de fraude e acusado por quatro jovens de ataques sexuais na época em que serviam ao altar. Em vídeo, ele disse ser vítima de "boataria".

O outro investigado é d. Vilson Oliveira, bispo de Limeira, suspeito de fraude e de ser omisso em relação às denúncias de abuso. O religioso não vai se pronunciar. A apuração cabe ao enviado do papa Francisco, o bispo de Lorena (SP), d. João Inácio Muller. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Vaticano promoveu hoje (18) uma entrevista coletiva para a imprensa para informar como será o encontro "A proteção das crianças na Igreja", que discutirá as denúncias de abusos cometidos por religiosos contra crianças e adolescentes, nos dias 21 a 24. Participarão representantes de conferências epicospais de 130 países e integrantes de grupos de vítimas. O Papa Francisco fará a abertura e o encerramento do encontro. 

O secretário da Congregação para a Doutrina da Fé e membro da Comissão Organizadora, arcebispo de Malta Charles J. Scicluna, disse que o silêncio é inaceitável. "A negação é um mecanismo primitivo, mas devemos nos afastar do código de silêncio, quebrar a cumplicidade, porque o silêncio não é aceitável".

##RECOMENDA##

O arcebispo destacou que, quando se trata de "proteger a inocência", não é possível desistir. "A Igreja é um lugar seguro para todos, especialmente as crianças", ressaltou. Segundo Scicluna, "não basta publicar os números, é preciso um estudo aprofundado para dar um contexto".

Organização

Pela organização do encontro, os três dias de discussão serão dedicados a um tema específico: a responsabilidade dos bispos. Os participantes vão assistir três reportagens por dia seguidas de perguntas e respostas e trabalhos em grupo.

Haverá ainda testemunhos dos sobreviventes e momentos de oração, na abertura e no encerramento do dia. O papa Francisco abrirá os trabalhos com uma introdução e os fechará no domingo com um discurso após a missa. 

O presidente da Fundação do Vaticano Joseph Ratzinger - Bento XVI , padre Federico Lombardi, fará reuniões privadas com representantes das associações de vítimas.

O encontro ocorre dias depois de o papa Francisco expulsar o ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington (EUA), Theodore McCarrick, de 88 anos.

*Com informações da rádio Vaticano

Como parte de uma estratégia para combater a ação do que chama de "clero progressista", o Palácio do Planalto recorrerá à relação diplomática com a Itália, que vive um bom momento desde o esforço do presidente Jair Bolsonaro para garantir a prisão de Cesare Battisti. A equipe de auxiliares de Bolsonaro tentará convencer o governo italiano a interceder junto à Santa Sé para evitar ataques diretos à política ambiental e social do governo brasileiro durante o Sínodo sobre Amazônia, que será promovido pelo papa Francisco, em Roma, em outubro.

O jornal O Estado de S. Paulo revelou neste domingo (10), que o Planalto quer conter o que considera um avanço da Igreja Católica na liderança da oposição ao governo, como efeito da perda de protagonismo dos partidos de esquerda. Nos 23 dias do Sínodo, as discussões vão envolver temas como a situação dos povos indígenas e quilombolas e mudanças climáticas - consideradas "agendas de esquerda" pelo Planalto. O governo quer ter representantes nas reuniões preparatórias para o encontro em Roma.

##RECOMENDA##

A ação diplomática do Planalto terá várias frentes. Numa delas, o governo brasileiro quer procurar os representantes da Itália e do Vaticano no Brasil - Antonio Bernardini e d. Giovanni D'Aniello, respectivamente - para pedir a ajuda deles na divulgação dos trabalhos brasileiros nas áreas social, de meio ambiente e de atuação indígena. Serviria como contraponto aos ataques que o governo está certo que sofrerá no Sínodo, por ver influência de partidos de esquerda nesses setores. Os embaixadores do Brasil na Itália e no Vaticano também terão a missão de pressionar a cúpula da Igreja para minimizar os estragos que um evento como esse poderia trazer, dada a cobertura da mídia internacional.

Simpósio. Em outra ação diplomática, o Brasil decidiu realizar um simpósio próprio também em Roma e em setembro, um mês antes do evento organizado pelo Vaticano. Na pauta, vários painéis devem apresentar diferentes projetos desenvolvidos no País com intuito de mostrar à comunidade internacional a "preocupação e o cuidado do Brasil com a Amazônia". "Queremos mostrar e divulgar as ações que são desenvolvidas no Brasil pela proteção da Amazônia na área de meio ambiente, de quilombolas e na proteção dos índios", disse um dos militares do Planalto.

Em nota divulgada na noite de domingo, 10, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) afirmou que a Igreja Católica "não é objeto de qualquer tipo de ação", mas que existe preocupação "com alguns pontos da pauta do Sínodo". "Parte dos temas do referido evento tratam de aspectos que afetam, de certa forma, a soberania nacional. Por isso, reiteramos o entendimento do GSI de que cabe ao Brasil cuidar da Amazônia brasileira."

Paresi. Também no Brasil o governo quer fazer barulho e mostrar projetos sustentáveis. O primeiro evento já será nesta quarta-feira, na aldeia Bacaval, do povo Paresi - a 40 quilômetros de Campo Novo do Parecis, no norte de Mato Grosso. Ali, será realizado o 1.º Encontro do Grupo de Agricultores Indígenas, que tem por objetivo celebrar a Festa da Colheita.

O evento já estava marcado, mas o governo Bolsonaro quer aproveitar o encontro para enfatizar o projeto de agricultura sustentável tocado pelos índios naquela região. Trata-se do plantio de dois mil hectares de soja sob o regime de controle biológico de pragas, ou seja, sem pesticidas. Mais de dois mil indígenas (dados do último censo do IBGE) têm se revezado também no plantio de milho, mandioca, abóbora, batata, batata-doce e feijão. A nova direção da Funai afirma que pretende incentivar projetos semelhantes em áreas onde os índios tenham interesse em plantar em suas terras.

A apresentação de projetos de extração legal de madeira, assim como o apelo às empresas estrangeiras para que só comprem material certificado, é uma outra ideia para divulgar trabalhos realizados no Brasil. Com isso, o governo espera abrir outra frente de contraponto ao que vê como tentativa de interferência externa na Amazônia e ataque a políticas governamentais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Palácio do Planalto quer conter o que considera um avanço da Igreja Católica na liderança da oposição ao governo Jair Bolsonaro, no vácuo da derrota e perda de protagonismo dos partidos de esquerda. Na avaliação da equipe do presidente, a Igreja é uma tradicional aliada do PT e está se articulando para influenciar debates antes protagonizados pelo partido no interior do País e nas periferias.

O alerta ao governo veio de informes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e dos comandos militares. Os informes relatam recentes encontros de cardeais brasileiros com o papa Francisco, no Vaticano, para discutir a realização do Sínodo sobre Amazônia, que reunirá em Roma, em outubro, bispos de todos os continentes.

##RECOMENDA##

Durante 23 dias, o Vaticano vai discutir a situação da Amazônia e tratar de temas considerados pelo governo brasileiro como uma "agenda da esquerda".

O debate irá abordar a situação de povos indígenas, mudanças climáticas provocadas por desmatamento e quilombolas. "Estamos preocupados e queremos neutralizar isso aí", disse o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que comanda a contraofensiva.

Com base em documentos que circularam no Planalto, militares do GSI avaliaram que os setores da Igreja aliados a movimentos sociais e partidos de esquerda, integrantes do chamado "clero progressista", pretenderiam aproveitar o Sínodo para criticar o governo Bolsonaro e obter impacto internacional. "Achamos que isso é interferência em assunto interno do Brasil", disse Heleno.

Escritórios da Abin em Manaus, Belém, Marabá, no sudoeste paraense (epicentro de conflitos agrários), e Boa Vista (que monitora a presença de estrangeiros nas terras indígenas ianomâmi e Raposa Serra do Sol) estão sendo mobilizados para acompanhar reuniões preparatórias para o Sínodo em paróquias e dioceses.

O GSI também obteve informações do Comando Militar da Amazônia, com sede em Manaus, e do Comando Militar do Norte, em Belém. Com base nos relatórios de inteligência, o governo federal vai procurar governadores, prefeitos e até autoridades eclesiásticas que mantêm boas relações com os quartéis, especialmente nas regiões de fronteira, para reforçar sua tentativa de neutralizar o Sínodo.

O Estado apurou que o GSI planeja envolver ainda o Itamaraty, para monitorar discussões no exterior, e o Ministério do Meio Ambiente, para detectar a eventual participação de ONGs e ambientalistas. Com pedido de reserva, outro militar da equipe de Bolsonaro afirmou que o Sínodo é contra "toda" a política do governo para a Amazônia - que prega a defesa da "soberania" da região. "O encontro vai servir para recrudescer o discurso ideológico da esquerda", avaliou ele.

Conexão

Assim que os primeiros comunicados da Abin chegaram ao Planalto, os generais logo fizeram uma conexão com as críticas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Órgãos ligados à CNBB, como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), não economizaram ataques, que continuaram após a eleição e a posse de Bolsonaro na Presidência. Todos eles são aliados históricos do PT. A Pastoral Carcerária, por exemplo, distribuiu nota na semana passada em que critica o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que, como juiz, condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato.

Na campanha, a Pastoral da Terra divulgou relato do bispo André de Witte, da Bahia, que apontou Bolsonaro como um "perigo real". As redes de apoio a Bolsonaro contra-atacaram espalhando na internet que o papa Francisco era "comunista". Como resultado, Bolsonaro desistiu de vez da CNBB e investiu incessantemente no apoio dos evangélicos. A princípio, ele queria que o ex-senador e cantor gospel Magno Malta (PR-ES) fosse seu candidato a vice. Eleito, nomeou a pastora Damares Alves, assessora de Malta, para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Histórico

A relação tensa entre militares e Igreja Católica começou ainda em 1964 e se manteve mesmo nos governos de "distensão" dos generais Ernesto Geisel e João Figueiredo, último presidente do ciclo da ditadura. A CNBB manteve relações amistosas com governos democráticos, mas foi classificada pela gestão Fernando Henrique Cardoso como um braço do PT. A entidade criticou a política agrária do governo FHC e a decisão dos tucanos de acabar com o ensino religioso nas escolas públicas.

O governo do ex-presidente Lula, que era próximo de d. Cláudio Hummes, ex-cardeal de São Paulo, foi surpreendido, em 2005, pela greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio. O religioso se opôs à transposição do Rio São Francisco.

Com a chegada de Dilma Rousseff, a relação entre a CNBB e o PT sofreu abalos. A entidade fez uma série de eventos para criticar a presidente, especialmente por questões como aborto e reforma agrária. A CNBB, porém, se opôs ao processo de impeachment, alegando que "enfraqueceria" as instituições.

'Vamos entrar a fundo nisso'

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno Ribeiro, afirmou que há uma "preocupação" do Planalto com as reuniões e os encontros preparatórios do Sínodo sobre a Amazônia, que ocorrem nos Estados.

"Há muito tempo existe influência da Igreja e ONGs na floresta", disse. Mais próximo conselheiro do presidente Jair Bolsonaro, Heleno criticou a atuação da Igreja, mas relativizou sua capacidade de causar problemas para o governo.

"Não vai trazer problema. (O trabalho do governo de neutralizar impactos do encontro) vai apenas fortalecer a soberania brasileira e impedir que interesses estranhos acabem prevalecendo na Amazônia", afirmou. "A questão vai ser objeto de estudo cuidadoso pelo GSI. Vamos entrar a fundo nisso."

Tanto o ministro Augusto Heleno quanto o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, hoje na assessoria do GSI e no comando do monitoramento do Sínodo, foram comandantes militares em Manaus. O vice-presidente Hamilton Mourão também atuou na região, à frente da 2.ª Brigada de Infantaria de Selva, em São Gabriel da Cachoeira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma ex-freira francesa carmelita, que narrou em um livro o abuso sexual, incluindo estupro, que sofreu nas mãos de um padre francês, elogiou as declarações do papa Francisco em relação à condição de "escravas sexuais" de religiosas dentro do clero.

O pontífice reconheceu na terça-feira que padres e bispos abusaram sexualmente de religiosas e expressou sua disposição de avançar na discussão dessa questão.

Essas declarações são "uma esperança", mas "há muito a ser feito", segundo Claire Maximova, uma ex-irmã que contou sua história no livro, "The Tyranny of Silence".

Claire Maximova nasceu na Ucrânia e foi para a França com 23 anos para ingressar em uma escola de evangelização antes de entrar nas carmelitas.

No mosteiro para o qual foi designada, se sentiu "agonizando e teve a impressão de que todas as suas iniciativas eram limitadas".

"Eu estava completamente arrasada, perdi minha personalidade", resumiu.

Maximova então conheceu um padre carismático, com quem ela encontrou apoio espiritual. Até o dia em que ele tentou beijá-la, ela lembra.

Ela cessou então todo contato com o padre, mas dois anos depois, quando encontrou emprego no exterior, voltou a vê-lo.

Vulnerável, isolada, "cheguei em uma bandeja", afirmou. Segundo sua história, ele então impôs agressões sexuais, até estupro, por um período de um ano e meio. "Toda vez que ele me dizia que era a última vez."

Em 2017, consternada com a reação do superior do padre a quem contou sua história, a mulher decidiu entrar com uma ação judicial: uma investigação preliminar foi aberta, confirmou à AFP a procuradoria competente.

O padre e seu superior, no exterior, não puderam ser contatados nesta sexta-feira.

Um julgamento canônico também foi iniciado, mas a ex-religiosa não tem notícias sobre seu prosseguimento.

Desde então, aquele que ela aponta como seu agressor, cujo nome ela não revela em seu livro, permanece um prior, isto é, superior em um mosteiro.

Com 44 anos, hoje professora, ela tem muita dificuldade para ir à igreja e não se confessa mais.

Apesar disso, não se vê "deixando a Igreja", onde "viveu coisas muito bonitas".

Com seu livro, ele queria "levar luz" para as outras vítimas. Ela queria fazer isso sem precisar do anonimato: "não sou eu quem tem vergonha, é ele".

Ela pede que as coisas mudem. Entre os fiéis, ela diz que a "mentalidade mudou", mas, embora os responsáveis "comecem a dizer que eles se tornaram conscientes, em relação a suas ações, eu não vejo nada em movimento".

O papa Francisco e o grande imã de Al-Azhar se manifestaram juntos nesta segunda-feira (4) contra toda discriminação de minorias religiosas e pediram fraternidade, no segundo dia de uma visita histórica aos Emirados Árabes Unidos, a primeira de um líder da Igreja Católica à Península Arábica, berço do Islã.

Durante todo o dia, o papa, vestido de branco, e o grande imã sunita do instituto egípcio Al-Azhar, o xeque Ahmed al-Tayeb, de preto, apareceram juntos de forma fraterna, diante da grande Mesquita Zayed - uma das maiores do mundo - e se beijaram na tribuna da conferência inter-religiosa.

Este encontro e diálogo inter-religioso tinha sido impulsionado pelo papa e o grande imã de Al-Azhar, a instituição mais importante do Islã sunita.

Ao fim do encontro, Francisco e o imã Ahmed al-Tayeb assinaram uma declaração conjunta, na qual comprometeram os esforços das duas religiões para "lutar contra o extremismo".

"Al Salamò Alaikum!" ("Que a paz esteja convosco!"), afirmou Francisco em seu discurso, no qual reforçou a ideia da fraternidade, mas que incluiu referências diretas à realidade cotidiana dos habitantes do Oriente Médio.

Trata-se de um discurso de alto significado, já que foi afirmado em uma região onde ainda se constatam desigualdades evidentes e há muitas denúncias de discriminação religiosa.

A Arábia Saudita, por exemplo, proíbe a prática de qualquer religião que não seja o Islã, mas o papa fez uma forte defesa da necessidade de garantir a liberdade religiosa.

- Mais direitos -

Em sua participação no encontro inter-religioso, o pontífice fez um pedido para oferecer "o mesmo direito à cidadania" a pessoas de diversas religiões.

"Desejo que, não apenas aqui, mas em toda a amada e neurálgica região do Oriente Médio, haja oportunidades concretas de encontro: uma sociedade onde pessoas de diferentes religiões tenham o mesmo direito de cidadania", manifestou.

Em seu discurso, Francisco insistiu na justiça em geral: "uma justiça dirigida apenas a membros da própria família, compatriotas, crentes da mesma fé, é uma justiça que manca, é uma injustiça disfarçada", indicou.

O pontífice também evocou a não violência, a paz e o desarmamento, expressando firme oposição à utilização da religião para fins que não sejam pacíficos.

"Em nome de Deus Criador, é preciso condenar sem vacilação toda forma de violência, porque usar o nome de Deus para justificar o ódio e a violência contra o irmão é uma grave profanação", afirmou.

Para Francisco, "não há violência que encontre justificativa na religião".

"A fraternidade humana nos exige, como representantes das religiões, o dever de exilar todos os matizes de aprovação da palavra guerra", declarou.

Na visão do pontífice, a guerra é sinônimo de "miséria" e "crueldade".

Por isso, chamou a atenção sobre quatro países que sofrem "as consequências nefastas" de conflitos: Iêmen, Síria, Iraque e Líbia.

"Juntos, irmãos da única família humana querida por Deus, comprometemo-nos contra a lógica do poder armado, contra a mercantilização das relações, dos armamentos das fronteiras, o erguimento de muros, o amordaçamentos dos pobres", disse.

"Nos opomos (a tudo isso) com o doce poder da oração e o com empenho diário do diálogo", acrescentou.

- Visita sem precedentes -

O líder de 1,3 bilhão de católicos teve, nesta manhã, uma reunião privada com o príncipe herdeiro em Abu Dhabi, Mohamed bin Zayed Al-Nahyan, que se orgulha da "coexistência pacífica" das religiões em seu país.

O pontífice entregou ao príncipe um medalhão representando uma reunião em 1219, em plena Cruzada, entre São Francisco de Assis e o sultão Malek al-Kamel, no Egito, um marco de 800 anos no diálogo entre muçulmanos e cristãos.

Francisco também participou de uma cerimônia militar na segunda-feira, na qual caças dos Emirados sobrevoaram o gigantesco palácio presidencial, lançando ao ar uma fumaça amarela e branca, representando as cores da bandeira do Vaticano.

Na reunião com o príncipe herdeiro, Francisco abordou a situação no vizinho Iêmen, palco da pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU, causada por uma guerra que começou há quatro anos.

Antes de embarcar em sua viagem aos Emirados no domingo, o papa pediu para "favorecer com urgência o cumprimento dos acordos firmados" para uma trégua na cidade portuária de Hodeida, no Iêmen, crucial para o acesso à ajuda humanitária.

Na terça-feira, Francisco celebrará uma missa multitudinária que se apresenta como a maior manifestação já organizada neste país, com a presença de mais de 130.000 fiéis.

Cerca de 15 templos católicos receberam cartas ameaçadoras nos últimos dias, na Inglaterra. Por conta disso, a polícia anunciou que está investigando as ameaças. Por meio das cartas, se exige que os sacerdotes suspendam as celebrações religiosas.

É esperado pelas igrejas católicas ameaçadas que as investigações avancem a fim de descobrir quem são os responsáveis. Nada ainda foi desvendado pelas autoridades.

##RECOMENDA##

Segundo publicação da agência de notícias católicas do Brasil, Gaudium Press, a declaração oficial da Polícia confirmou a investigação e o fato de que "várias cartas ameaçadoras foram enviadas principalmente para igrejas e supermercados ao longo da região". A motivação do envio das cartas também é uma incógnita.

Em nota publicada no site da Arquidiocese de Olinda e Recife, o arcebispo dom Fernando Saburido se posicionou contrário ao decreto que flexibiliza a posse de armas de fogo assinado por Jair Bolsonaro na terça-feira (15). O religioso criticou também a promessa para a redução da maioridade penal para 16 anos.

Para o arcebispo, deveria haver empenho "para investimento na área da educação e cultura, sobretudo das nossas crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade". Para defender seu ponto de vista, Saburido cita um trecho do livro de Mateus presente na Bíblia: "Guarda a tua espada (a tua arma). Pois todos os que usam a espada, pela espada morrerão” (Mt 26,52).  Quem quer viver como filho ou filha de Deus, deve refletir o seu caráter de Amor incondicional. Conforme Jesus nos ensina, “bem-aventurados os que promovem a paz porque serão chamados filhos de Deus”.

##RECOMENDA##

O líder da Arquidiocese de Olinda e Recife afirma que a disseminação de armas entre a população agravará a violência. "As empresas fabricantes de armas é que ganharão com essas medidas", assinala.

"A segurança pública não se resolverá apenas por medidas policiais e menos ainda por linguagens que incitam a violência e o ódio em meio às pessoas", ele complementa. Confira o posicionamento na íntegra:

“A Paz é fruto da justiça”

          Os meios de comunicação social vêm noticiando que o Presidente da República assinou decreto que facilita a posse de armas de fogo para a população civil brasileira e declara que esse é o primeiro passo no cumprimento de uma das principais promessas de campanha. Nesse campo, outras mudanças virão. Foi prometido também empenho para a redução da maioridade penal para 16 anos, quando deveria sim, haver empenho para investimento na área da educação e cultura, sobretudo das nossas crianças, adolescentes e jovens, em situação de vulnerabilidade. Qualquer nação que se preza sabe, perfeitamente, que somente um povo bem educado poderá evoluir individual e comunitariamente, sem esquecer a educação da fé. É o único caminho a trilhar para garantir um Brasil melhor, próspero e pacífico.

          Como cristãos, discípulos de Jesus e como pastor desse povo de Deus, já vítima de tantas violências cotidianas, em consciência, me sinto obrigado a me posicionar publicamente contra essas medidas. Quero lembrar às pessoas que se consideram cristãs a palavra de Jesus dirigida ao Apóstolo Pedro no Horto das Oliveiras: “Guarda a tua espada (a tua arma). Pois todos os que usam a espada, pela espada morrerão” (Mt 26,52).  Quem quer viver como filho ou filha de Deus, deve refletir o seu caráter de Amor incondicional. Conforme Jesus nos ensina, “bem-aventurados os que promovem a paz porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).

          Atualmente, os meios para garantir maior lucro às indústrias de armas pessoais é a violência cotidiana. De fato, esta tem aumentado e sempre provoca insegurança e a revolta das pessoas. Disseminar armas entre os cidadãos, porém, não somente não diminuirá a violência, como, ao contrário, ainda mais a agravará, basta ver o exemplo de outros países. As empresas fabricantes de armas é que ganharão com essas medidas.

          Há dez anos (em 2009) a CNBB tomou como tema da Campanha da Fraternidade: A Fraternidade e Segurança Pública. E o lema era a palavra de Isaías 32, 17 que tomei como título dessa declaração: A paz é fruto da justiça. Isso significa que a segurança pública não se resolverá apenas por medidas policiais e menos ainda por linguagens que incitam a violência e o ódio em meio às pessoas. De acordo com a Bíblia, só o cuidado com a justiça social e uma educação para o respeito aos direitos de todos, podem nos conduzir ao Brasil que desejamos e com o qual sonhamos.

          Espero que todos os irmãos e irmãs que constituem as forças vivas da nossa arquidiocese, padres, religiosos, religiosas e leigos/as, saibam discernir o que é correto e justo e não deem um testemunho contrário ao espírito do Evangelho. Recordo a todos que os nossos exemplos de pastores devem ser Dom Hélder Câmara, servo de Deus que liderou no Brasil a Ação Justiça e Paz através da não violência e o bispo Dom Oscar Romero, agora canonizado, que deu a vida para acabar com a violência em El Salvador.

          Por seu modo de ser e de viver, revelemo-nos discípulos/as de Jesus. “Ele é a nossa paz. (…) Em sua carne, derrubou o muro de inimizade que separava os povos e quis assim formar um só homem novo, estabelecendo a paz” (Ef 2, 14–15).

          Recife, 17 de janeiro de 2019

Dom Antônio Fernando Saburido, OSB

Arcebispo de Olinda e Recife
    

Em meio aos casos de abuso sexual contra menores cometidos por religiosos da Igreja Católica Chilena, a hierarquia católica do país publicou orientações voltadas aos sacerdotes, proibindo-os de dar "abraços muito apertados, palmadas nas nádegas, tocar a área dos genitais ou peito, fazer massagens, beijar na boca, deitar ou dormir com meninas, meninos ou adolescentes". A recomendação é assinada pelo arcebispo de Santiago, Ricardo Ezzati.

Segundo publicação do El Pais, o arcebispo responsável pelo documento é acusado de encobrir abusos sexuais cometidos pela Igreja Chilena. Em nenhum momento o manual de nove páginas, que foi retirado do site da igreja poucas horas depois por causa de controvérsias, fala diretamente de abuso sexual, mas de "sinais errados" ou "fatos dolorosos".

##RECOMENDA##

Além das recomendações já citadas, o documento também indica que os sacerdotes não violem a privacidade "olhando ou tirando fotos quando meninos, meninas, ou pessoas vulneráveis estiverem nus, se vestindo ou tomando banho". O texto do documento aponta ainda que "qualquer material sexualmente explícito ou pornográfico é absolutamente inadmissível".

O arcebispo Ricardo Ezzati disse que retirou o texto de circulação para "corrigir certos conteúdos que foram traduzidos literalmente e que não são adequados ou que se prestaram a interpretações incorretas". O religioso pediu desculpas pelo caso e afirmou que publicará uma nova versão no menor prazo possível.

Investigação dos abusos

A Igreja Católica Chilena está no meio de uma tempestade desde a visita do papa argentino no início do ano e da multiplicação de inquéritos por casos dessas suspeitas de abuso sexual por parte de membros da Igreja contra menores e adultos desde os anos 1960. De acordo com um documento entregue pelo Ministério Público, 158 bispos, padres e laicos foram ou estão sendo investigados pelos abusos no Chile.

LeiaJá também

-> Vítimas de abuso sexual na Igreja chilena exigem justiça

-> Igreja chilena 'deveria' ter evitado abusos, diz Piñera

-> Igreja Católica alemã pede desculpas por abusos sexuais

-> Papa aceita renúncia de mais dois bispos chilenos

A Igreja Católica alemã desculpou-se oficialmente nesta terça-feira, após a publicação de um relatório condenatório que denuncia o abuso sexual de mais de 3.600 menores durante décadas por membros do clero.

"Quero pedir desculpas", afirmou o presidente da Conferência Episcopal Alemã, Reinhard Marx, em coletiva de imprensa.

"O abuso sexual é um crime e deve ser punido", acrescentou ele, lamentando que a igreja "por muito tempo tenha olhado para outro lado, disfarçado, negado" os fatos.

O papa Francisco receberá na quinta-feira os principais bispos americanos, indicou nesta terça (11) o porta-voz do Vaticano, em meio ao escândalo sobre os abusos sexuais cometidos por membros do clero, e depois das acusações contra o pontífice de ter protegido um cardeal americano.

O cardeal Daniel DiNardo, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, vai participar do encontro no Vaticano, depois de ter dito no mês passado que queria se reunir com o papa após o escândalo.

Outros dois líderes da conferência também estarão presentes, assim como o arcebispo de Boston, Sean O'Malley, presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, detalhou o porta-voz Greg Burke.

No entanto, a questão da reunião não foi detalhada.

A publicação em meados de agosto de um volumoso relatório sobre os abusos cometidos na Pensilvânia (leste) por membros do clero, junto com a renúncia em julho do cardeal americano Theodore McCarrick, suspeito de praticar abusos sexuais contra seminaristas e sacerdotes, abalaram a Igreja Católica americana e revelaram profundas divisões entre bispos, alguns dos quais criticaram abertamente o papa.

Um arcebispo italiano, Carlo Maria Vigano, ex-embaixador da Santa Sé em Washington, acusou o papa Francisco de ter protegido o cardeal McCarrick.

O prelado italiano afirma que advertiu Francisco desde o início de seu pontificado, em 2013, sobre o comportamento desse cardeal americano.

Além disso, a publicação do espantoso relato sobre abusos na Pensilvânia, que envolve mais de 300 padres e cerca de 1.000 crianças, chocou o público.

A comissão contra a pedofilia, presidida pelo cardeal O'Malley e instituída pelo papa Francisco, afirmou no domingo que a luta contra o abuso de crianças deve ser "prioridade" da Igreja Católica.

Caso contrário, "todas as nossas atividades de evangelização, nossas obras de caridade e educação, ficarão ressentidas", advertiu.

O papa Francisco pediu, neste sábado (8), a dezenas de novos bispos provenientes de "terras de missão" que fujam do clericalismo (a influência do clero na vida pública), que é, a seu ver, a causa de todos os males da Igreja.

"Queridos irmãos, fujam do clericalismo. Dizer 'não' aos abusos, sejam de poder, de consciência, ou de qualquer outro tipo, significa dizer 'não' com força a qualquer forma de clericalismo", declarou o papa, ao receber 74 novos bispos procedentes de África, América Latina, Ásia e Oceania.

##RECOMENDA##

Esses bispos participam de uma formação de duas semanas, na qual a luta contra a pedofilia ocupa um lugar importante, diante dos escândalos que vêm abalando a Igreja, repetidamente, nos últimos anos.

O papa argentino também pediu aos novos bispos que resistam à tentação de se comportarem como "príncipes", ou "patronos", em suas dioceses.

Francisco lhes pediu que sejam "homens pobres em bens e ricos em relações, nunca duros, nem buscando a confrontação, mas afáveis, pacientes, simples e abertos".

Os líderes católicos australianos se comprometeram nesta sexta-feira (31) a combater a pedofilia na Igreja, mas rejeitaram um pedido para suspender o segredo da confissão, mesmo quando envolve tais abusos.

A Igreja respondeu assim ao relatório final da comissão de investigação real que trabalhou durante cinco anos nas respostas institucionais aos crimes de pedofilia.

##RECOMENDA##

"Muitos bispos não escutaram, não acreditaram, ou não agiram", declarou o presidente da Conferência dos Bispos Católicos Australianos, o arcebispo Mark Coleridge.

"Estes fracassos permitiram a alguns autores cometer seus crimes, com consequências trágicas e, às vezes, fatais. Os bispos e dirigentes de ordens religiosas disseram hoje: nunca mais", acrescentou.

Após uma década de pressões, o governo australiano cedeu em 2012 e criou uma comissão de investigação.

Em dezembro do ano passado, a comissão publicou suas conclusões, depois de ter ouvido mais de 15.000 pessoas que afirmavam terem sido vítimas de abusos que envolviam a Igreja, orfanatos, clubes esportivos, escolas, ou organizações para jovens.

Entre as recomendações da comissão estava a ideia de que os padres poderiam romper o sigilo da confissão para denunciar os abusos de pedofilia revelados neste âmbito.

Mas o segredo da confissão "não é negociável", declarou o arcebispo Coleridge.

"Não é porque consideramos que estamos acima da lei, ou porque não pensamos que a segurança das crianças tem uma importância suprema", disse ele.

"Mas não aceitamos a ideia de que a segurança e o sigilo da confissão sejam mutuamente excludentes. Não acreditamos que o fim do sigilo vai reforçar a segurança das crianças", alegou.

Em seu relatório, a comissão concluiu que a Austrália "falhou gravemente em suas obrigações" em relação às crianças durante décadas.

O documento concluiu que 7% dos religiosos católicos australianos foram alvo de acusações de abuso sexual contra crianças entre 1950 e 2010, sem que tais suspeitas levassem a qualquer acusação.

Em algumas dioceses, a proporção atingia 15% de padres suspeitos de pedofilia. O pior caso foi o da Ordem Hospitalar de São João de Deus, com acusações contra 40% de seus integrantes.

"Sabemos que apenas as ações, e não as palavras, podem restaurar a confiança. Todas as desculpas do mundo não serão suficientes", reconheceu.

Em maio, o então arcebispo de Adelaide Philip Wilson, 67 anos, foi condenado a um ano de prisão por omitir e não denunciar os abusos cometidos pelo padre pedófilo Jim Fletcher, nos anos 1970, no estado de Nova Gales do Sul.

Há poucas semanas, um tribunal concedeu permissão para uma prisão domiciliar.

Wilson foi um dos eclesiásticos de mais alto escalão na hierarquia católica mundial a ser condenado por esse tipo de crime. O papa Francisco aceitou sua renúncia no fim de julho.

Associações americanas de vítimas de padres pedófilos reivindicaram nesta quinta-feira (30) que o Vaticano torne público o arquivo de um ex-prelado acusado de agressões sexuais, denunciando uma política de "sufocamento sistemático" por parte da Igreja Católica.

O pedido é feito depois da divulgação no sábado de uma carta do ex-embaixador do Vaticano nos Estados Unidos Carlo Maria Vigano, que acusou o papa Francisco de encobrir os abusos sexuais cometidos há várias décadas pelo cardeal americano Theodore McCarrick.

Essa acusação causou problemas dentro da Igreja, dividida entre a tendência liberal defendida pelo papa argentino, e uma corrente ultraconservadora oposta ao pontífice.

O cardeal McCarrick, de 88 anos, renunciou no fim de julho apesar de negar as acusações. O bispo e arcebispo da arquidiocese de Nova York, antes de partir para Washington em 2001, é um dos cardeais americanos mais proeminentes no exterior.

Peter Isley, da organização Ending Clerical Abuse (ECA), disse que o arquivo "destaca ações sobre o como o papa Francisco e outros dois papas, Bento XVI e João Paulo II, encobriram o abuso sexual de um religioso". "Isso irá nos dar respostas", acrescentou.

Em uma entrevista coletiva em frente à embaixada da Santa Sé em Washington, rechaçou igualmente as correntes "liberais e conservadoras" da igreja.

Isley denunciou que existe "uma rede criminosa dentro da Igreja Católica (...) que é acobertada por bispos de ambos os lados, e devem ser expostos e processados, e o caso (McCarrick) esclarecerá isso", afirmou.

Becky Ianni, diretora da rede de sobreviventes dos abusos dos padres (SNAP) denunciou "o encobrimento sistemático do abuso sexual" do Vaticano.

A Igreja Católica americana também tem sido abalada há semanas por um escândalo de abuso sexual na Pensilvânia (leste) executado por mais de 300 "padres predadores" que agrediram sexualmente pelo menos 1.000 crianças.

A carta de Vigano "parece ser muito oportuna", comentou a advogada da SNAP, Pamela Spees, pedindo uma investigação federal sobre as acusações contra a Igreja e como os padres condenados por pedofilia escaparam da perseguição por serem transferidos ao exterior.

A Igreja chilena informou nesta quinta-feira que abriu uma investigação contra mais um padre por duas denúncias de abuso sexual, incluindo contra um menor.

Em meio à onda de denúncias, o Arcebispado de Santiago informou que na segunda-feira passada abriu uma investigação contra o padre Diego Ossa Errázuriz "por duas denúncias de abuso sexual e de autoridade que teriam ocorrido antes de 2005, quando uma das denunciantes afirma que era menor de idade".

##RECOMENDA##

Enquanto durar a investigação - com prazo máximo de 60 dias - "o sacerdote ficará afastado do ofício de vigário paroquial (...) e não poderá realizar atos públicos próprios do ministério sacerdotal...".

Os elementos do caso foram entregues ao Ministério Público.

Ossa é um dos discípulos do antigo padre da paróquia de El Bosque Fernando Karadima, um influente sacerdote formador de vários bispos chilenos condenado pelo Vaticano em 2011 por abuso sexual de menores, em um caso que abalou a Igreja chilena.

No momento, há 38 processos em curso e 73 pessoas ligadas à Igreja católica chilena investigadas por abuso sexual, em sua maioria contra menores.

Nos últimos 25 anos, a Igreja Católica enfrentou vários escândalos de pedofilia, como o que explodiu na Pensilvânia, onde centenas de padres abusaram sexualmente de mais de 1.000 crianças ao longo de décadas.

ESTADOS UNIDOS

Um relatório do Grande Júri da Pensilvânia, publicado na terça-feira passada, revelou abusos sexuais praticados por mais de 300 "padres predadores" e seu acobertamento pela Igreja católica neste estado americano, onde pelo menos mil meninos e meninas foram vítimas destes atos durante 70 anos.

Não é a primeira vez que um júri popular publica um informe revelando escândalos de pedofilia dentro da Igreja católica americana, mas nunca tantos casos haviam sido revelados.

Em julho, o papa Franciso aceitou a demissão do cardeal americano Theodore McCarrick, de 88 anos, já proibido de exercer seu ministério após acusações de pedofilia.

O ex-arcebispo de Boston Bernard Law, símbolo do silêncio da Igreja diante dos padres pedófilos e que morreu em 2017, havia se refugiado no Vaticano após renunciar ao cargo de arcebispo em 2002. Uma vasta investigação do jornal Boston Globe havia revelado que a hierarquia acobertava os crimes sexuais cometidos por cerca de 90 padres.

A Igreja americana recebeu entre 1950 e 2013 denúncias de cerca de 17.000 vítimas, acusando 6.400 membros do clero por crimes cometidos entre 1950 e 1980. Em 2012, especialistas evocaram no Vaticano o número de 100.000 crianças vítimas.

CHILE

A Igreja chilena também está no centro da tormenta: 158 pessoas - bispos, padres ou leigos ligados à igreja - são alvos de investigações por crimes sexuais contra crianças e adultos desde os anos 1960.

Por hora, 38 investigações, visando 73 pessoas por crimes contra 104 vítimas, foram abertas.

O caso obrigou a uma série de 'mea culpas' do papa Francisco, que primeiro havia defendido o bispo Juan Barros, acusado de encobrir por décadas o padre Fernando Karadima, condenado por abusos sexuais contra menores nos anos 80 e 90.

AUSTRÁLIA

Foi um dos escândalos mais recentes e sérios, já que envolveu o "ministro" da Economia e número três do Vaticano, o cardeal George Pell, de 76 anos, imputado por várias agressões sexuais entre 1979 e 1990.

Em 30 de julho, o papa Francisco também aceitou a renúncia do arcebispo de Adelaide, Philip Wilson, condenado por ter acobertado os crimes sexuais cometidos nos anos 1970 pelo padre Jim Fletcher.

ALEMANHA

Desde o início de 2010, centenas de casos de abusos sexuais de crianças e adolescentes em instituições religiosas foram revelados. Um dos casos mais divulgados foi o do colégio jesuíta Canisius em Berlim envolvendo cerca de vinte crianças.

Em 18 de julho de 2017, um relatório de investigação revelou um dos piores escândalos a atingir a Igreja alemã: ao menos 547 crianças do coral católico de Ratisbonne teriam sido vítimas de pedofilia entre 1945 e o início dos anos 1990.

IRLANDA

Nos anos 2000, acusações de abusos sexuais cometidos durante décadas coloca em xeque a credibilidade das instituições católicas. Mais de 14.500 crianças teriam sido vítimas. Vários bispos e padres, acusados ​​de esconder esses atos, foram punidos.

ÁUSTRIA

Após uma série de revelações no início de 2010 de casos de abusos sexuais e maus tratos por sacerdotes entre as décadas de 1960 e 1980, uma comissão de inquérito foi criada pela Igreja.

Cerca de 800 casos foram identificados e 8 milhões de euros concedidos às vítimas.

BÉLGICA

Em 2010, o bispo de Bruges, Roger Vangheluwe, renunciou após admitir ter abusado sexualmente de dois de seus sobrinhos.

Na sequência, milhares de testemunhos relataram casos de abuso sexual por monges belgas. Acusada de permanecer em silêncio, a hierarquia católica é atualmente alvo de um vasto inquérito judicial.

HOLANDA

No final de 2011, um relatório revelou o caso de "dezenas de milhares de crianças" abusadas sexualmente dentro da Igreja católica holandesa entre 1945 e 2010. Cerca de 800 supostos autores foram identificados.

- POLÔNIA: Em agosto de 2013, o polonês Jozef Wesolowski, núncio na República Dominicana, foi destituído, e uma investigação foi instaurada no âmbito de outro padre polonês suspeito de crimes contra menores de idade.

MÉXICO

O país protagonizou um dos casos mais graves e significativos, o do fundador da influente congregação ultra-conservadora Legionários de Cristo, o padre Marcial Maciel, punido e expulso em 2006 do sacerdócio por Bento XVI por ter abusado de menores, ter tido uma vida tripla, com duas mulheres e vários filhos.

CANADÁ

No final dos anos 1980, as revelações de abusos de crianças em um orfanato em Newfoundland (leste) nos anos de 1950 e 1960 provocaram um enorme escândalo. A hierarquia religiosa também foi acusada de não ter denunciado os casos de pedofilia em suas fileiras.

FRANÇA

Em 2016, o caso do padre Bernard Preynat, suspeito de ter abusado de cerca de 70 escoteiros, manchou a imagem do cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, alvo de denúncias por não denunciar os crimes.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando