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A Petrobras anunciou na última segunda-feira (1) novos reajustes nos preços dos combustíveis nas refinarias de todo o país. A gasolina teve aumento de 4,8% e o óleo diesel, de 5%. O gás de cozinha também apresentou elevação dos preços para o mês de março.

Famílias de classe baixa são mais prejudicadas com a explosão inflacionária. Segundo o economista e consultor de empresas Nélio Bordalo Filho, os aumentos anunciados pela estatal afetam as pessoas de duas maneiras. A primeira é a forma direta, quando a família possui carro, moto ou qualquer tipo de veículo automotor, com efeito negativo imediato no orçamento. A segunda é a forma indireta, por meio do reajuste de preços de produtos que circulam no mercado com o suporte de transporte automotivo, como é o caso dos alimentos e roupas, por exemplo.

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“Tudo o que compramos nas feiras, supermercados e no comércio em geral deve ter um reajuste de preços. Isso não é de forma automática, é claro, mas existe esse impacto. Normalmente, o que a gente percebe de imediato são os produtos comercializados nas feiras, porque os transportadores desses produtos já cobram frete maior”, afirmou o economista.

Além disso, são fatores determinantes para o aumento de preços dos combustíveis impostos como o ICMS, que tem percentual diferente em cada Estado. Também a incidência de PIS e COFINS, impostos federais, influencia.

Bordalo Filho comenta também que o governo precisa rever a política de aumentos na refinaria, para evitar reajustes contínuos no preço dos combustíveis. “Acredito que os governadores poderiam pensar em uma redução desse ICMS, porque existe todo um percurso desde a compra no mercado internacional, entrar na refinaria, passar pelas distribuidoras, processamento de logística de toda a cadeia pra chegar nos postos de venda. Então os comerciantes, nesse caso, os donos dos postos, têm os seus aumentos de preços.”

O advogado e professor de Direitos Fundamentais Paulo Barradas afirmou que a questão dos aumentos contínuos dos combustíveis vai além da relação do consumo. Envolve também o monopólio na produção dos derivados de petróleo do Brasil.

 “Esse é o grande problema. Porque se a Petrobras não tivesse este monopólio, outra empresa, por exemplo, a PDVESA da Venezuela, poderia concorrer com a Petrobras e, certamente, operar preços infinitamente inferiores ao da estatal, mas isto é proibido pela determinação do monopólio da Petrobras, ou seja, não é um assunto entre fornecedor e consumidor. Envolve o Estado e envolve o poder público", assinalou. "O fato é que o preço operado de venda da Petrobras é várias vezes superior ao custo que ela tem de produção e a margem de lucro dela, então, fica fantástica, fica astronômica. O que é proibido pelo Código de Defesa do Consumidor”, comenta o advogado.

Por Erick Baia.

 

 

 

“Essa política de câmbio ajuda o agronegócio e destrói a renda da população urbana. Tentar segurar preços artificialmente fez a Venezuela ser a Venezuela”, afirma o parlamentar

O vice-líder do Cidadania na Câmara dos Deputados, Daniel Coelho (PE), demonstrou, nesta quarta-feira (3), preocupação com o ritmo acelerado da inflação no país. E culpou a política cambial brasileira por fomentar a alta nos preços.

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De acordo com o boletim Focus, do Banco Central, a expectativa para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 subiu de 3,82% para 3,87%. A realidade é que as famílias brasileiras têm sentido no bolso os efeitos dessa inflação.

Gás de cozinha, gasolina, carne e arroz estão entre os vilões no quesito subida de preços. A arroz, por exemplo, subiu mais de 70% no ano passado.

Com a moeda americana mais valorizada que o real, o produtor de commodities tem maior lucratividade ao vender seus produtos para o mercado externo. O valor do dólar nas alturas também impacta na compra de insumos importados por muitas empresas brasileiras.

Para o vice-líder do Cidadania, não adianta adotar soluções artificiais para solucionar o caso.

“Com dólar a 5,7 reais, é impossível segurar a inflação e consequentemente o empobrecimento da população brasileira. Essa política de câmbio ajuda o agronegócio e destrói a renda da população urbana. Tentar segurar preços artificialmente fez a Venezuela ser a Venezuela”, afirmou Daniel Coelho.

Para o parlamentar uma das soluções para conter a inflação seria diminuir o custo do Estado sobre os empresários.

“Qual a solução? Reformas que diminuam o custo do Estado. Estabilidade política sem ataques ou conflitos com instituições e poderes estabelecidos. Menos intervenção estatal. VACINAÇÃO EM MASSA. Já basta Maduro e Fernandez tentando reinventar a roda na Venezuela e Argentina”, acrescentou.

 

A nova rodada de aumento de preços de commodities, sem contrapartida de valorização cambial, e a perspectiva de extensão do auxílio emergencial dispararam uma onda de revisões para a inflação neste ano, com crescimento do número de apostas superiores ao centro da meta (3,75%), mesmo com o cenário de alta de juros.

A combinação nefasta e atípica para a inflação, de commodities em alta e câmbio depreciado, vista também no segundo semestre de 2020, já produz seus efeitos nos preços no atacado, que registram fortes altas mensais. No Índice Geral de Preços -10 (IGP-10) de fevereiro, o aumento foi de 2,97%, acumulando 28,17% em 12 meses. E as notícias ruins não param de chegar, como o aumento de 10,2% da gasolina nas refinarias pela Petrobrás na última sexta-feira.

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Na avaliação de economistas ouvidos pelo Estadão, o repasse dessa pressão de custos deve ser inevitável, hipótese que ganha força considerando que a renovação do auxílio emergencial pode favorecer repasses de custos, principalmente em alimentos.

Recentemente, o Itaú Unibanco elevou sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 de 3,6% para 3,8%. O Santander também aumentou sua aposta de 3% para 3,6%. O Banco Inter e a XP Investimentos também anunciaram novas estimativas acima do centro da meta, de 4% e 3,9%, respectivamente, citando tanto as commodities e os combustíveis, como as novas parcelas do "coronavoucher". O Barclays já havia alterado a previsão de 3,6% para 3,9% após o IPCA de janeiro.

O Boletim Focus da semana passada trouxe a sexta elevação seguida da mediana para o IPCA de 2021, com alta marginal, de 3,6% para 3,62%, ainda abaixo do centro da meta. "A projeção da Focus me parece fora de lugar. A perspectiva de inflação, considerando os preços de atacado, não é de arrefecimento, não é de pressão temporária, passa a ser persistente, considerando o patamar do câmbio e o aumento dos preços das commodities em dólar. Há custos represados no IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo)", diz o economista-chefe da Parallaxis, Rafael Leão. Ele projeta 4,5% para a inflação no fim do ano, sob a hipótese de que o câmbio deve continuar flutuando no patamar atual.

A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, afirma que os maiores temores se confirmaram, com o cenário de inflação a mercê de um choque duplo de câmbio e de commodities. "Mal terminamos de digerir o choque fortíssimo do ano passado e já entramos 2021 com novo choque de preços no atacado."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado no reajuste de contratos de aluguel, registrou inflação de 2,58% em janeiro deste ano. A taxa é maior que as de dezembro (0,96%) e janeiro de 2020 (0,48%). Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV),  em 12 meses o  acumulado é de 25,71%.   

A alta de dezembro para janeiro foi puxada pelos preços no atacado, medidos pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo, cuja inflação subiu de 0,90% para 3,38% no período.

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O Índice Nacional de Custo da Construção também teve alta, ainda que de forma mais moderada, ao subir de 0,88% em dezembro para 0,93% em janeiro.

Já o Índice de Preços ao Consumidor, que mede o varejo, teve queda ao passar de 1,21% em dezembro para 0,41% em janeiro.

Em dezembro, o reajuste salarial no Brasil ficou abaixo da inflação (-0,9%). É o que revela o boletim Salariômetro, divulgado nesta sexta-feira (22) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O Salariômetro analisa os resultados de 40 negociações salariais, que são coletados no portal Medidor, do Ministério da Economia.

O reajuste mediano negociado foi de 4,3% em dezembro, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), no acumulado de 12 meses, ficou em 5,2%. O piso salarial mediano [que corrige discrepâncias] negociado foi de R$ 1.333 em dezembro, enquanto o piso médio foi de R$ 1.442.

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“Em dezembro, tivemos um repique muito forte da inflação. E a inflação, na mesa de negociação, é medida pelo INPC. Como no final do ano tivemos um aumento muito grande, principalmente na alimentação, isso refletiu no custo de vida dessas famílias e o INPC mostrou isso”, disse Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Projeto Salariômetro, em entrevista à Agência Brasil.

Dezembro foi o único mês no ano passado em que o reajuste das negociações salariais ficou abaixo da inflação. Nos outros meses do ano, os reajustes se equipararam, com um pequeno reajuste real de 0,1% em fevereiro. Em todo o ano passado, 5.038 instrumentos foram negociados, sendo que 4.472 deles por meio de acordos coletivos e 566 por convenções coletivas.

Em dezembro, a proporção de reajuste nessas negociações, que ficou abaixo do INPC, atingiu 70,2%. “São negociações que não deram nem a inflação acumulada. Só 10,6% ficaram acima [da inflação]”, afirmou Zylberstajn. Já as negociações salariais que terminaram em reajustes que corrigiram a inflação [ou seja, ficaram iguais à inflação] somaram 19,1%.

“Para uma empresa que esteja disposta a repor a inflação com o sindicato, já teria que começar com 5,2%. Se for dar aumento real, teria que ser mais do que isso. E isso em uma época de recessão profunda”, acrescentou.

Considerando-se todo o ano de 2020, o reajuste mediano nominal foi de 3% e o piso mediano de R$ 1.273.

Para 2021, a Fipe prevê que os reajustes reais serão raros, já que as projeções para o INPC continuam altas, superiores a 5%, podendo chegar a 7% em junho.

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) disparou no ano passado, mas isso não mexeu no preço de aluguéis no Brasil, embora o indicador seja comumente usado como indexador de contratos de locação.

Segundo especialistas em inflação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), diferentes fatores seguraram os reajustes. A queda na renda da população por causa da crise provocada pela pandemia de Covid-19, o mercado de trabalho ainda deteriorado e o elevado estoque de imóveis vazios disponíveis levaram a negociações diretas entre inquilinos e proprietários.

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Em consequência, o aluguel residencial encerrou 2020 com uma alta de apenas 2,77%, segundo a inflação oficial no País, apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE. Já o IGP-M avançou 23,14% no ano passado, divulgou a FGV. A taxa acumulada em 12 meses já tinha iniciado 2020 em 7,81%, permanecendo elevada durante todo o ano.

"Teve muita negociação de inquilinos em função da pandemia e da dificuldade financeira que ela representou. O aluguel residencial subiu menos em 2020 do que em 2019", lembrou André Almeida, analista do Sistema de Índices de Preços do IBGE.

Em 2019, o aluguel residencial ficou 3,80% mais caro, segundo apurado pelo IPCA, embora o IGP-M tenha encerrado o ano com uma elevação de 7,30%.

André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), argumentou no mesmo sentido. "O IGP-M ainda é amplamente utilizado como indexador dos aluguéis residenciais. Só que no momento, principalmente por conta da pandemia, o mercado imobiliário foi bem afetado. Muitas famílias perderam emprego, renda, sua capacidade de pagar aluguel. Então a oferta de imóveis para alugar aumentou nos últimos meses. Isso aumenta o poder de barganha do inquilino, porque como a oferta é maior, consegue espaço para negociar melhor o reajuste do aluguel."

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 14,3% no trimestre encerrado em outubro de 2020, mostrou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE. O País tinha então 14,1 milhões de pessoas atrás de emprego. A massa de salários em circulação encolheu em R$ 11,721 bilhões em um ano.

Índice

Especialista em inflação, o professor Luiz Roberto Cunha, decano do Centro de Ciências Sociais da PUC-Rio, lembra que o IGP-M é muito influenciado pelo câmbio e pelos preços de commodities, como minério de ferro, soja e milho, no mercado internacional. Embora esses fatores pressionem diretamente a inflação no atacado, influenciam pouco os preços ao consumidor. Logo, não deveriam ser usados como referência nos contratos de locação. "O mercado de aluguel depende da demanda aquecida ou não. Se a demanda está fraca, e tem um inquilino que está fazendo tudo certo, você faz negociação", opinou Cunha.

No início de janeiro, o assistente de direção de TV Luiz Henrique Campos recebeu o aviso de que o reajuste anual no contrato de locação do apartamento em que mora com a família deixaria o aluguel 20% mais caro. Reajustado em contrato pelo IGP-M, o valor mensal subiria dos atuais R$ 3.000 para quase R$ 3.700. "O prédio tem vários apartamentos vagos. Soubemos de um apartamento no mesmo andar que o nosso, todo reformado, muito melhor que a unidade em que eu moro. Então decidimos nem negociar o reajuste do aluguel, vamos fazer a mudança", contou Campos.

A família planeja se transferir para a casa nova já no início de fevereiro. Pagará menos do que antes do reajuste, R$ 2.800.

Segundo o Índice de Preços ao Consumidor-Semanal (IPC-S) apurado pela FGV, o aluguel residencial subiu em média 3,22% entre janeiro e dezembro de 2020. Ficou abaixo da inflação de 5,17% acumulada pelo índice no período.

Desequilíbrio

Braz lembrou que os reajustes salariais dos trabalhadores costumam usar como referência índices de preços ao consumidor. Isso faz com que a adoção do IGP-M para reajuste do aluguel prejudique o orçamento de quem aluga.

"Como o IGP-M não indexa salário, ele fica um pouco distante da realidade dos inquilinos", reconheceu Braz. "O que interessa para o proprietário agora é um inquilino bom pagador, aquele que coloca as contas em dia, que cuida bem do imóvel. Então muitas vezes o proprietário também abre espaço para negociação para não ficar com o imóvel vazio tendo ele que arcar com boa parte dos encargos, seja condomínio, IPTU, e também sem a renda do aluguel. Então no momento tem havido muito espaço para negociação", avaliou.

Em todo o Brasil, 90% dos contratos de locação são regidos pelo IGP-M, de acordo com estimativas do Secovi-SP, sindicato de profissionais do setor imobiliário. Uma sondagem da entidade entre imobiliárias da capital paulista sobre contratos de locação que utilizam o IGP-M e fizeram aniversário recentemente apontou dificuldades para reajustes. Elas vieram tanto da pandemia quanto do aumento exacerbado do indicador de inflação no último ano. Não foi detectado nenhum padrão de aumento. Prevaleceram as negociações, apontou o Secovi-SP.

"O que a gente tem visto é que os proprietários que têm inquilino bom pagador têm preferido negociar e não repassar", contou Adriano Sartori, vice-presidente de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP.

Uma das ferramentas utilizadas em algumas negociações foi a de adiar o reajuste para o ano seguinte, para então verificar se haveria equilíbrio entre o valor de mercado e o valor do contrato. Na sondagem, também foram frequentes as menções a negociações que resultaram em manutenção dos valores; reajustes de 10%; ou reajustes de metade da variação do IGP-M acumulado em 12 meses. Uma fatia menor apontou aumentos de até 5% ou aplicação integral do reajuste pelo IGP-M.

A última Pesquisa de Valores de Locação Residencial, divulgada mensalmente pelo Secovi-SP, mostrou aumento de 1,71% entre dezembro de 2019 e novembro de 2020 no valor dos contratos de locação residencial na cidade de São Paulo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O salário mínimo de R$ 1.100 em 2021 não repõe a inflação do ano passado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), indicador que corrige o salário mínimo, registrou alta de 5,45% em 2020, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 12, acima do reajuste de 5,26% dado no salário mínimo.

Isso significa que a alta no piso não repõe o poder de compra, como assegurado pela Constituição. Para isso, o piso deveria subir para R$ 1.101,95 ou R$ 1.102, após arredondamento.

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O jornal O Estado de S. Paulo procurou o Ministério da Economia para saber se o governo definirá um novo valor para o salário mínimo, como foi feito em 2020, mas, até o fechamento deste texto, não houve resposta.

No ano passado, o governo anunciou que aumentaria o salário mínimo de R$ 998 para R$ 1.039, mas depois da divulgação do INPC, o valor foi reajustado para R$ 1.045 a partir de fevereiro.

Em 30 de dezembro, o secretário de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, disse em coletiva de imprensa, que o governo poderia reavaliar a situação e talvez até incorporar a diferença de forma imediata.

"Nosso compromisso é atender ao mandamento constitucional de manutenção do poder aquisitivo do salário mínimo, e assim será feito", disse Waldery. "Após a divulgação do INPC, será reavaliado se o valor de R$ 1.100 corresponde ou não. A previsão é 5,22%. O valor (do mínimo) pode ser alterado? Sem dúvida, pode ser alterado, depende do dado realizado, e não do previsto, para o INPC em dezembro", afirmou.

A política de valorização do salário mínimo, com reajustes pelo índice de preços e pela variação do PIB, vigorou entre 2011 e 2019, mas nem sempre o salário mínimo subiu acima da inflação. Em 2017 e 2018, por exemplo, foi concedido o reajuste somente com base na inflação porque o PIB dos anos anteriores (2015 e 2016) encolheu.

Por isso, para cumprir a fórmula proposta, somente a inflação serviu de base para o aumento. Em 2019, houve um aumento real de 1%, refletindo o crescimento de dois anos antes e marcando o fim da política.

Vilões da inflação em 2020 e muito pressionados pelo dólar, os preços dos alimentos devem dar uma trégua para o bolso do brasileiro em 2021, especialmente a partir do segundo trimestre. Nessa época o ano, é despejada no mercado a safra de grãos, que promete bater novo recorde. O alívio no gasto com a comida não deve ser pequeno. Os alimentos responderam por dois terços da inflação deste ano acumulada em 12 meses até novembro de 4,3%, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A folga dos alimentos, no entanto, poderá comportar o novo foco de pressões esperado para a inflação em 2021. Ele deve vir de dois grupos que neste ano ficaram bem comportados por causa da pandemia: os serviços e os preços administrados, cujos reajustes precisam ser autorizados pelo governo.

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Com o isolamento social, a demanda por serviços despencou e impediu os aumentos. Por sua vez, os preços administrados, que incluem tarifas de transporte, combustíveis, planos de saúde, medicamentos, por exemplo, ficaram estacionados boa parte do ano. Só a energia elétrica voltou com força este mês, com a bandeira tarifária vermelha que cobra uma taxa extra de R$ 6,243 a cada 100 kWh.

"Não há espaço para os alimentos continuarem subindo em 2021", prevê o economista Heron do Carmo, professor sênior da FEA/USP e um dos maiores especialistas em inflação. A disparada dos alimentos neste ano ocorreu por conta da maxidesvalorização do câmbio combinada com a maior demanda no mercado interno e externo. "Juntaram duas coisas que nem sempre ocorriam ao mesmo tempo." Na sua avaliação, a perspectiva é que essa escalada não continue porque os alimentos já estão num patamar muito alto. Além disso, o câmbio começa a arrefecer.

Como a folga na inflação dada pelos alimentos será muito grande, quase de três pontos porcentuais, observa Heron, ela poderá acomodar pressões vindas de outros grupos de preços. Por isso, levando em conta as informações disponíveis até o momento, ele espera que o IPCA feche 2021 em torno de 3%. O último Boletim Focus do Banco Central mostra que o mercado espera uma inflação em 3,37% para o ano que vem.

"O problema será a trajetória da inflação ao longo de 2021", pondera o economista. Como a disparada dos alimento ocorreu a partir de setembro, a inflação acumulada em 12 meses deve atingir o pico e beirar ou até passar do teto da meta que é 5,25% para 2021 em maio, mas depois deve cair, prevê.

Outro especialista em inflação, o economista da LCA Consultores Fabio Romão, concorda com Heron. "A alimentação pode perder bastante força em 2021." No entanto, ele projeta um IPCA mais salgado para o próximo ano: 3,5% e com possibilidade de ser maior.

Romão alerta que os freios da inflação deste ano - os serviços e os preços administrados - devem jogar no sentido oposto em 2021. "Provavelmente os serviços vão acelerar com a recuperação da economia e os preços administrados também. Os papéis se invertem."

A alta acumulada nos bens industriais no atacado ao longo deste ano, em torno de 25%, é outro risco importante à inflação de 2021, na opinião de Romão. "É uma pressão grande de custo e, com o crescimento da economia, haverá espaço para repasse. Para 2021, ele espera um aumento 3,4% dos bens industriais no varejo, ante uma alta de 2,9% este ano. No entanto, o economista ressalva que o fim do auxílio emergencial e o desemprego elevado poderão mitigar essa pressão.

Herança. Para o economista Fabio Silveira, sócio da MacroSector Consultores, o que mais vai pesar na inflação de 2021 é exatamente essa herança de custos elevados de 2020 dos bens comercializáveis. "Os preços ao consumidor estão hoje aquém dos preços de equilíbrio porque as empresas, para sobreviver, estão contendo ao máximo os reajustes."

O movimento de repasse de custos herdados de 2021 deve, na opinião de Silveira, impulsionar os índices ao consumidor no primeiro semestre de 2021. Com isso, o IPCA deve fechar o ano que vem girando em torno de 4,3%. É meio ponto acima do centro da meta de 2021, de 3.75%.

Silveira acrescenta também como outro foco de pressão para o IPCA de 2021 a defasagem dos preços dos combustíveis, que hoje estão entre 10% a 12% abaixo das cotações no mercado internacional. "Não há como segurar preços de diesel e gasolina que estão rebaixados artificialmente pela Petrobrás", afirma.

Para o economista da Tendências Consultoria Integrada, Marcio Milan, o preço dos combustíveis e outros preços administrados são foco de preocupação da inflação de 2021. Neste ano, os administrados aumentaram 2,2% e a sua expectativa é de um avanço de 4,8% para o ano que vem. Isto é, mais que dobra o ritmo de alta.

Milan, que projeta aumento de 3,4% para a inflação geral de 2021, observa que entre os grupos do IPCA, o de preços administrados é o que mais deve avançar em relação a 2020 e responder por quase a metade (1,23 ponto porcentual) da inflação do ano que vem.

Entre os administrados, o economista destaca a pressão que deve vir da gasolina. "Com o cenário de recuperação da economia mundial, a expectativa é que o preço do petróleo volte a acelerar e tenha um repasse significativo para os combustíveis no varejo ao longo de 2021."

Fiscal

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, reconhece que a preocupação com a inflação de 2021 passa pela recuperação dos preços dos serviços e dos administrados. Mas, na sua opinião, o maior fator de risco a médio prazo para a inflação é a questão fiscal do País, se nenhuma mudança relevante for aprovada. "Existe a expectativa de uma ampla reforma, mas se ela for frustrada, isso deve manter o câmbio pressionado e pode afetar os preços em reais e a inflação." A MB Associados projeta um IPCA de 3,8% para o ano que vem.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Região Metropolitana do Recife registrou 1% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), conhecido como prévia da inflação. O percentual de dezembro foi o segundo maior do ano e ficou atrás apenas do mês de outubro, quando o índice foi de 1,12%. As informações fazem parte do balanço mensal divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta terça-feira (22).

Esta também foi a quinta menor variação entre as 11 localidades pesquisadas. Já no Brasil, o IPCA-15 foi de 1,06%. Mesmo com a prévia da inflação abaixo da média nacional, o Grande Recife registrou, em dezembro, o segundo maior acumulado do ano no país, com 5,06%, atrás apenas de Fortaleza (5,79%). 

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O índice mede as variações de preços, coletados entre os dias 13 de novembro e 11 de dezembro, de nove grupos de produtos e serviços. O setor mais atingido foi o de Habitação, com reajuste que chegou aos 2,17%, puxado pelos materiais de construção e reparos. Entre os demais, o único a apresentar uma ligeira queda foi o de Educação, com baixa de 0,04%.

Em segundo lugar no IPCA-15 de dezembro, estão os Transportes, cuja alta foi de 1,44%, seguido pelo setor de Alimentação e Bebidas, com aumento de 1,18% no mês. Os outros setores que registraram alta foram os de Artigos de Residência (0,85%), Vestuário (0,59%), Comunicação (0,49%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,31%) e Despesas Pessoais (0,21%).

Após uma redução significativa em novembro, as passagens aéreas voltaram ao pódio de produtos e serviços mais inflados do mês de dezembro. O setor acumula uma variação de 44,19%, que se assemelha à alta registrada em outubro, quando a variação foi de 39,83%. Em novembro, a prévia da inflação foi de -6,61%.

Outros produtos que enfrentam alta variação são a cenoura, com aumento de 11,64%, e o revestimento de piso e parede, cujo reajuste foi de 9,21%. Para fechar a lista dos cinco itens que mais aumentaram de preço, estão duas carnes: o contrafilé (8,98%) e o patinho (8,82%). Os combustíveis e a energia elétrica também tiveram impacto considerável no índice do mês, com alta de 4,74%.

Já no acumulado do ano, a maior variação ficou por conta do óleo de soja, que teve um aumento de 93,94%. O tomate, por sua vez, ficou em segundo lugar, com alta de 68,39%. O arroz ocupa o terceiro lugar no ranking de produtos e serviços que mais subiram de preço, com avanço de 67,84%. Na sequência, estão a batata-inglesa (51,3%) e a uva (49,57%).

Por outro lado, a mercadoria que mais baixou de preço entre novembro e dezembro, de acordo com o IPCA-15, foi a macaxeira, com queda de -14,01%, junto com a melancia (-7,72%), a cebola (-6,6%), a reforma de estofados (-6,2%) e o seguro voluntário de veículos (-5,11%).

Outros itens cujos preços foram reduzidos e tiveram impacto na inflação foram refrigerante e água mineral, com redução de -1,84%, queijo (-1,64%) e roupa feminina (-1,11%). As cinco maiores quedas no acumulado do ano foram em produtos farmacêuticos neurológicos (-15,74%), seguro voluntário de veículo (-13,86%), mochila (-13,38%), bolsa (-13,18%) e macarrão (-12,34%).

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Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 8 de dezembro, a inflação cresceu 0,48% na Região Metropolitana de Belém, acumulando uma variação de 3,07% no ano. Desde o mês de julho as variações são positivas, levadas pelo aumento do preço dos alimentos, principalmente. Em novembro, aumentou 1,89%, tendo a maior influência na alta da inflação.

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Para parte da população, a inflação parece uma ideia vaga e distante, mas ela impacta a vida de todo cidadão. Significa o aumento dos preços de produtos e serviços, reduzindo o poder de compra dos indivíduos. Ou seja, faz o consumidor pagar mais pelo mesmo produto e/ou serviço. Ela é calculada pelo IPCA, o qual é utilizado como referência para as metas de inflação do país.

A inflação pode ser alterada por diversos fatores. O mestre em Economia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), e professor da UNAMA - Universidade da Amazônia, João Claudio Tupinambá Arroyo, acredita que a pandemia e o reajuste do salário mínimo, desde 2017, contribuíram para esse cenário, ao reduzir a renda das famílias e, assim, diminuir a demanda de produtos. “Diante disso, os produtores retraíram a produção e com a escassez de produtos os preços sobem. Este é um movimento geral que pode ter diferenciação em cada setor”, esclarece o economista.

Na prática, a inflação pesa mais no bolso dos brasileiros, como acontece com a Fátima Margarete Oliveira, de 57 anos. Manicure autônoma, ela mora com mais quatro pessoas e duas, incluindo ela, são responsáveis pelo sustento da casa. Em relação ao aumento dos preços nas últimas semanas, Fátima conta que seu perfil de consumidora mudou. “Tomei o maior susto quando fui ao supermercado, no mês de outubro, porque o leite que eu comprava de 1 kg a 18 reais, estava 28 reais. Fiquei assustada”, disse.

A manicure afirmou que na casa houve reorganização dos gastos. “Eu começo a incrementar ou a reduzir porque a gente compra uma quantidade de algo, arroz ou feijão, e sempre sobra. Então se ainda tem X de algo lá em casa, a gente leva menos”, explica.

Com inflação em alta, o pobre é o grupo mais atingido, entende Arroyo. “O Brasil é um dos países com pior distribuição de renda do planeta, são os mais pobres que mais sofrem. A cesta básica já custa mais da metade do salário mínimo. E temos 14 milhões de desempregados que nem salário recebem”, afirma o professor.

A pandemia foi um dos motivos para o aumento da inflação. “A redução da atividade econômica gera diminuição do consumo. Sem perspectiva de vender, o produtor produz menos e desemprega. Isto provoca queda da renda e menos consumo levando a maior queda da oferta, o que gera inflação dos preços”, explica Arroyo.

No setor alimentício, a batata-inglesa (29,64%), o tomate (18,46%), o óleo de soja (12,53%), as carnes (5,44%), aves e ovos (3,62%) e o arroz (4,69%) são produtos do cardápio que apresentaram alta. “Este setor, além de viver a tendência geral recessiva, também sofre com sazonalidade de algumas culturas”, relata o economista.

O mesmo acontece com os transportes, com aumento de 0,35%, em relação ao mês de outubro. A inflação desse setor é gerada pelo crescimento no preço de acessórios e peças (2,88%) e de automóvel novo (0,94%).

Em contrapartida, os preços de alimentos como leites e derivados (-2,69%), da melancia (-6,15%), da manteiga (-2,47) e do azeite de oliva (-2,29) caíram.  Os preços de itens de vestuário também diminuíram (-0,74%), devido à queda nos preços de calçados e acessórios (-1,95%) e no preço de roupas (-0,34%).

Outros setores que tiveram os preços reduzidos foram de artigos de residência (-0,41%), saúde e cuidados pessoas, com (-0,58%) cada. Esta última categoria teve queda, principalmente, no preço de artigos de maquiagem (-7,79%), remédios antidiabéticos (-3,58%) e serviço médico (-3,02%).

O economista Arroyo diz que inflação atual é causada pela queda da produção em função da expectativa negativa de venda. “Ou seja, poderíamos ter uma produção muito maior, temos capacidade instalada e mão de obra disponível. Mas não há confiança de que as pessoas vão ter condições de comprar", expõe.

“A solução é o fortalecimento de consumo interno com a elevação do salário mínimo e de outras faixas para mostrar aos produtores que podem produzir porque haverá consumo”, conclui o economista João Arroyo.

Por Carolina Albuquerque, Isabella Cordeiro e Karoline Lima.

 

Os preços internos do arroz, um dos vilões da recente aceleração da inflação de alimentos, deverão experimentar um alívio apenas no início de 2021, com a entrada da nova safra do grão, sustentam pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A redução de tarifas de importação para o arroz produzido fora do Mercosul deverá ter efeito apenas de limitar a alta de preços.

"As menores vendas do arroz beneficiado e a expectativa de importações do arroz de fora do Mercosul podem limitar a alta dos preços nos próximos meses. Com a oferta restrita, apenas com a entrada de uma nova safra no primeiro trimestre de 2021 pode haver algum ajuste negativo de preços", diz um trecho da Nota de Conjuntura 21 da Carta de Conjuntura do quarto trimestre, divulgada no site do Ipea.

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Na comparação de janeiro a setembro de 2020 com relação ao igual período de 2019, o Indicador Esalq/Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Rio Grande do Sul (Senar-RS) de preço do arroz em casca acumulou um salto de 50,8%. Segundo os pesquisadores do Ipea, a inflação reflete a baixa disponibilidade de arroz no mercado doméstico e os "altos valores das paridades de exportação e importação".

Os preços do arroz passaram a aumentar de forma mais acelerada no terceiro trimestre, quando a produção nacional, colhida no início de cada ano, já estava no mercado. Para tentar reduzir a restrição de oferta, o governo federal liberou a importação de 400 mil toneladas de fora do Mercosul com isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) até 31 de dezembro de 2020.

Nas estimativas do Ipea, a produção de arroz na safra 2020/21 será menor do que a anterior. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) "espera aumento de 1,6% na área plantada, mas produtividade 4,2% menor, resultando em queda de 2,7% da produção", diz a nota técnica do Ipea. "A expansão prevista da área reflete os bons preços do produto", continua o texto. Mesmo assim, o simples aumento da disponibilidade de arroz no mercado doméstico poderá trazer algum alívio para os preços.

A prévia da inflação oficial do país teve alta de 0,81% em novembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado hoje (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é 0,13 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de outubro, de 0,94%.

De acordo com o IBGE, essa foi a maior variação para um mês de novembro desde 2015, quando o IPCA-15 ficou em 0,85%. No ano, o índice acumula elevação de 3,13% e nos últimos 12 meses, de 4,22%. No mesmo período imediatamente anterior estava em 3,52%. Em novembro de 2019, a taxa alcançou 0,14%.

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Alimentos

O grupo alimentação e bebidas (2,16%) foi o que teve maior influência no índice no mês (0,44 p.p.) e acumula alta de 12,12% no ano.

Os destaques foram os preços dos alimentos para consumo em domicílio, que avançaram 2,69% influenciados pela alta de itens importantes no consumo das famílias, como as carnes (4,89%), o arroz (8,29%) e a batata-inglesa, que passou de -4,39% em outubro para 33,37% em novembro. Houve aumento também no tomate (19,89%) e no óleo de soja (14,85%). Entre as quedas, a principal foi a do leite longa vida (-3,81%).

A alimentação fora de casa também contribuiu para o IPCA-15 de novembro e passou de 0,54% em outubro para 0,87% em novembro, a alta do item lanche (1,92%) contribuiu para o resultado. Já a refeição variou (0,49%), menos que a alta de outubro (0,93%).

Transportes

Outro impacto forte (0,20 p.p) foi o do grupo de transportes (1%), influenciado pela elevação da gasolina (1,17%), item de maior peso do IPCA-15. Os preços de outros combustíveis também tiveram alta na passagem de outubro para novembro, como o etanol (4,02%), o óleo diesel (0,53%) e o gás veicular (0,55%). O item automóvel novo foi outra contribuição importante no grupo com a alta de 1,07%.

Em movimento contrário, o aumento nas passagens aéreas (3,46%) em novembro mostrou desaceleração frente a outubro (39,90%). As passagens dos ônibus interestaduais (-0,52%) e dos ônibus intermunicipais (-0,40%) foram destaques de quedas no grupo de Transportes.

As maiores contribuições em Artigos de residência (1,40%), partiram dos itens mobiliário (2,40%) e eletrodomésticos e equipamentos (2,23%). Já os preços os aparelhos de ar-condicionado tiveram alta de 11,23%.

Habitação

A variação positiva das taxas de água e esgoto (0,33%), que refletem os reajustes tarifários de 3,04% em Belo Horizonte (1,33%), em vigor desde 1º de novembro, e de 5,88% em uma das concessionárias de Porto Alegre (1,69%), desde 1º de outubro contribuíram para o resultado do grupo Habitação (0,34%).

O resultado do item energia elétrica (-0,04%) teve impacto de dois reajustes e uma redução tarifária. “Em Brasília (-0,01%), com redução de 0,63% a partir de 22 de outubro; Goiânia (0,79%), com reajuste de 2,57% a partir de 22 de outubro; e São Paulo (-0,39%), com reajuste de 3,87% em uma das concessionárias pesquisadas, vigente desde 23 de outubro”, informou o IBGE.

A prévia mostrou ainda que em São Paulo, apesar do reajuste tarifário, houve redução na alíquota de Pis/Cofins em uma das concessionárias pesquisadas. Isso fez o resultado ficar negativo.

Regiões

As altas se espalharam pelo país e todas as regiões pesquisadas apresentaram elevação. O menor resultado foi anotado na Região Metropolitana de Recife (0,31%), especialmente por causa da queda nos preços da gasolina (-1,37%). O maior foi em Goiânia (1,26%). Lá a alta de 3,25% na gasolina foi a principal responsável.

Coleta

Os preços para o cálculo do IPCA-15 foram coletados no período de 14 de outubro a 12 de novembro de 2020 (referência) e comparados com os vigentes de 12 de setembro a 13 de outubro de 2020 (base).

“O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica”, acrescentou o IBGE.

O presidente Jair Bolsonaro reconheceu e lamentou nesta segunda-feira, 23, a alta no preço de alimentos, mas voltou a isentar o governo da responsabilidade pelos aumentos. Para apoiadores no período da manhã, o chefe do Executivo culpou adversários políticos e a política de isolamento social adotada no início da pandemia da covid-19.

"O pessoal tem reclamado do preço dos alimentos. Tem subido sim além do normal. Lamento isso aí. Também é uma consequência do fica em casa. Quase quebraram a economia", disse ele.

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Em mais uma crítica ao governo de São Paulo, João Doria (PSDB), o presidente citou suposto aumentos no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre produtos da cesta básica em São Paulo e ressaltou que a responsabilidade tem deve ser "apontada para quem de direito".

"Tem muita coisa errada mas a responsabilidade tem que ser apontada para quem de direito. Todo mundo aponta para mim essa questão dos alimentos, estamos fazendo o possível para voltar à normalidade", afirmou o presidente.

Bolsonaro ressaltou que sem medidas do governo federal, como a ajuda para pequena empresas e o auxílio emergencial, "estaria terrível a situação aqui no Brasil".

Segundo ele, as ações do governo também evitaram o desabastecimento. "O governo federal com as medidas que tomou evitou algo muito, mas muito pior do que o aumento de algum alimento, que foi o desabastecimento. Se o campo tivesse ficado em casa não teríamos comida aqui, o Brasil estaria pegando fogo", declarou.

Bolsonaro afirmou ainda que existem "críticas infundadas" ao setor do agronegócio brasileiro e voltou a responsabilizar a política de isolamento social pelos índices econômicos atuais. "Aquela política do fica em casa, a economia a gente vê depois está tendo algum reflexo agora. O pessoal parece que esquece que nesse período da pandemia nos endividamos mais de R$ 700 bilhões e passa a criticar o tempo todo que o agronegócio tem que vender aqui para dentro e não para fora", disse.

O presidente citou o caso da soja, que registrou aumento nos últimos meses, para dizer que o mercado interno não é capaz de absorver toda a produção. "A soja toda tem que ser exportada, não tem como se consumir tudo aqui dentro. Outra coisa, eu sou da lei da livre iniciativa, da oferta e da procura. O mercado é que diz se vai ser vendido mais aqui dentro ou mais lá fora", observou.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou nesta quarta-feira (18), que a inflação no Brasil está "absolutamente sob controle". Questionado em evento virtual a respeito da possibilidade de uma hiperinflação no País, ele lembrou que a inflação em 2020 tende a terminar abaixo do centro da meta para o ano, de 4,00%.

"Até agora, se estamos tendo alguma dificuldade, é de levar a inflação ao centro da meta no horizonte relevante. Em 2020, a inflação dificilmente vai terminar o ano no centro da meta. Está por volta de 90 basis-points (pontos-base) abaixo do centro da meta", comentou o diretor, que participou nesta quarta-feira de live promovida pelo jornal Valor Econômico. "Para 2021, apesar dos comentários, muito pouca gente acha que a gente vai conseguir entregar a meta (cujo centro é de 3,75%). Em 2022, as projeções de mercado estão absolutamente ancoradas no centro da meta (de 3,50%). Até com uma distribuição de frequência, está simétrica para baixo, inclusive para 2022, e as projeções do BC estão 20 basis-points abaixo do centro da meta", acrescentou.

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Atividade

O diretor de Política Monetária do Banco Central avaliou que a reação da economia brasileira no terceiro trimestre do ano foi muito forte, melhor que o esperado, graças às medidas tomadas pelo governo durante a pandemia de covid-19. "É normal uma desaceleração no quarto trimestre, já que medidas vão terminando e perdendo força ao longo do tempo. A realidade econômica de hoje não é a do início de 2021. Não conseguimos perdurar no tempo com medidas com impacto fiscal, não temos capacidade de mantê-las por um tempo prolongado", afirmou.

Segunda onda

O diretor de Política Monetária do Banco Central avaliou que, onde uma segunda onda de contágio de covid-19 já está clara - como a Europa - os ativos financeiros não reagiram como no começo da pandemia. "As condições financeiras não forma apertadas como na primeira onda. Isso pode significar que a estrutura da economia já passou por uma adaptação e está reagindo melhor a essa segunda onda", afirmou.

Serra destacou que o desenrolar da pandemia no Brasil foi diferente do que ocorreu em outros países, o que dificulta previsões. "O primeiro choque foi desinflacionário na Europa, e não está claro se será assim na segunda onda. O diagnóstico não está claro", completou.

Cenário fiscal

O diretor de Política Monetária do Banco Central esclareceu que a avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom), de que o regime fiscal permanece de pé para 2021, não é muito otimista. Para o diretor, esse é o cenário mais razoável.

"Naturalmente existem cenários em que as coisas mudam, nos quais o Executivo e o Congresso decidem algo diferente sobre o teto de gastos. Isso é possível, mas não é desejável. O nosso regime fiscal está escrito na Constituição, e mudar a Constituição está longe de ser uma coisa fácil, ainda mais em um tema dessa relevância", afirmou o representante do BC.

Autonomia do BC

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes, negou que as mudanças no texto da lei de autonomia do BC aprovada pelo Senado tenham enfraquecido a atuação da autoridade monetária. "O texto aprovado foi muito adequado, com benefícios para a toda a economia, para a curva de juros, para a credibilidade do BC e da economia. Nos aproximamos de economias institucionalmente mais avançadas, o que é desejável", afirmou.

Outubro registrou a maior alta da inflação na Região Metropolitana do Recife, que alcançou 0,82%, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (6). No período, o maior aumento de preços foi registrado no setor de alimentos e bebidas, enquanto a maior redução foi verificada no segmento de habitação.

Este é o quinto mês seguido de aumento nos índices da RMR em 2020, consolidando tendência de alta nos preços de produtos e serviços. Nesse sentido, as passagens aéreas foram o produto com maior alta de preço, com 47,67%.

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Mesmo com a inflação em alta no Grande Recife, a região teve a quinta menor variação mensal de preços entre as 16 localidades pesquisadas pelo IPCA. A RMR, no entanto, ostenta a segunda maior inflação acumulada do ano, com 3,62%, ficando atrás apenas do município de Campo Grande (4,36%).

A representante pernambucana no índice também tem o sexto maior índice no acumulado da inflação dos últimos 12 meses, com 4,77%. Nas duas variações acumuladas, os indicadores superam a média brasileira, que marcou inflação de 2,22% no ano e 3,92% nos últimos 12 meses.

Ainda assim, o resultado é ligeiramente inferior ao da média nacional, que registrou 0,86%, o maior percentual para um mês de outubro desde 2002.

Impressão por produto e serviço

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito apresentaram alta em outubro. O setor de Alimentos e Bebidas, com 1,74%, repetiu o desempenho de setembro e apresentou os maiores índices.

No entanto, a maior variação individual de preço ficou por conta das passagens aéreas, com 47,67%, que foram as principais responsáveis pelo crescimento do índice. Em segundo lugar, está a batata-inglesa, com 25,16%, e em terceiro, o coentro, com 19,98%.

O arroz, cujo aumento de preços chamou a atenção ao longo do ano, ficou em 7º lugar entre os dez produtos com maior reajuste no mês, 15,08%. Já o ritmo da escalada de preços do óleo de soja diminuiu. Em setembro, foi de 39,33%; em outubro, o índice baixou para 9,47%, deixando o item em 12º lugar.

O segundo grupo com maior aumento foi, novamente, o de Artigos de residência, com avanço de 1,57% em outubro frente a setembro. O preço do ar-condicionado subiu 16,67% no período e foi o quarto produto/serviço que mais subiu de preço no mês passado, aumentando o impacto dos utensílios domésticos na inflação do período.

Transportes (1,33%) e Vestuário (1,30%) estão em terceiro e quarto lugar, seguidos por Comunicação (0,33%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,19%), Despesas Pessoais (0,09%) e Educação (0,05%).

Habitação foi o único grupo que apresentou queda, com -0,09%. Os cinco produtos e serviços que mais baixaram de preço em outubro foram a cebola (-11,34%), o mamão (-7,69%), os exames de imagem (-5,82%), a água sanitária (-3,37%) e a melancia (-3,13%).

Com informações de assessoria

Ainda que o choque inflacionário seja temporário, como caracterizado pelo Banco Central, a duração deve ser de pelo menos mais seis meses, afirmam especialistas ao Estadão/Broadcast. Com o dólar em níveis recordes e uma recuperação inicial forte da economia, a avaliação é de que as empresas devem continuar repassando os custos da alta de insumos enquanto houver gargalos na produção. Já os agricultores tendem a preferir o mercado externo, mais rentável, limitando a oferta doméstica de alimentos, que também deve ser afetada por problemas climáticos.

Os especialistas consultados pela reportagem dizem ainda que parte do aumento de preços de alimentos, principalmente de grãos, pode ser mais estrutural, sustentado pela maior demanda da China. "Minha avaliação é de que o choque de inflação é temporário, mas temos de saber o que significa temporário. Os preços de commodities agrícolas devem seguir pressionados até o fim do primeiro trimestre de 2021", afirma o economista Alexandre Lohmann, da GO Associados. Segundo ele, para os preços domésticos, a alta ganha contornos mais dramáticos por causa do câmbio.

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Problemas climáticos podem diminuir a oferta de grãos nos próximos meses. O tempo seco no Brasil deve atrasar a colheita da soja, que normalmente ocorre na virada do ano, para fevereiro. Da safra deste ano, só há sobra de 5% - que, com a demanda alta, deve ser disputada, sustentando os preços.

Desde janeiro, o preço da soja e do milho subiram 85,99% e 70,45%, respectivamente, em reais. O aumento dos preços ao produtor já praticamente "contratou" um repique na inflação ao consumidor no quarto trimestre do ano, diz o coordenador de índices de preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz. A dúvida, argumenta, é o quanto dessa alta ainda pode ser repassada em 2021.

Industrializados

O economista João Fernandes, sócio da Quantitas Asset, afirma que a falta de insumos na indústria em conjunto com o câmbio mais depreciado têm potencial para elevar o IPCA de 0,30 a 0,40 ponto porcentual de outubro a março, pois, mesmo que temporária, a recuperação forte da economia já tem permitido repasses. "A recessão não está sendo forte o bastante para que esses repasses não ocorram. Começaram mais tarde, mas muda a perspectiva para o fim de ano e o início de 2021."

Lohmann, alerta que, quando houver vacina, há risco de alta de preços de combustíveis, com a demanda por petróleo se normalizando e a oferta ainda restrita. O reajuste represado de preços administrados é outro fator a pesar sobre a inflação de 2021, diz ele, que estima avanço de 3,50%.

A disparada no preço dos alimentos fez a inflação percebida pelos brasileiros mais pobres mais do que triplicar em relação à dos mais ricos em 2020. De janeiro a outubro, a inflação das famílias de renda muito baixa foi de 3,68%, enquanto a da alta renda ficou em apenas 1,07%.

Os dados são de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) feito com exclusividade para o Estadão/Broadcast, considerando informações do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), apurado pelo IBGE. O levantamento simula que o desempenho do IPCA de outubro seja idêntico ao da prévia, o IPCA-15, divulgado na sexta-feira passada.

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Comer e beber já ficou 9,75% mais caro entre janeiro e outubro de 2020, nos dados da inflação pelo IPCA-15, que subiu 2,31% no período. Considerados apenas os alimentos consumidos no domicílio, aqueles comprados em supermercados, o avanço de preços no ano foi de 12,69%.

"O preço dos alimentos mudou de patamar e vai continuar subindo, só vai subir menos", alertou o professor Luiz Roberto Cunha, decano do Centro de Ciências Sociais da PUC-Rio.

Como consequência, a inflação percebida pelas famílias de renda mais baixa subiu a 5,48% nos 12 meses encerrados em outubro, acima da meta de 4,0% perseguida pelo Banco Central. Entre os mais ricos, a inflação foi de 2,50% no período.

"Os alimentos no domicílio representam 30% do cálculo da inflação da baixa renda. Enquanto que entre a dos mais ricos não chega a 10%. Então o impacto do aumento de preços acaba sendo muito menor entre os mais ricos", explicou Maria Andréia Parente Lameiras, técnica da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, responsável pelo cálculo do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda.

O Ipea usa os dados do IPCA para calcular a inflação em seis faixas de renda familiar mensal, conforme a cesta de consumo adequada à realidade financeira de cada um desses grupos. O grupo de renda mais baixa considera as famílias que recebem menos de R$ 1.650,50 mensais, enquanto que a faixa mais rica tem renda domiciliar mensal acima de R$ 16.509,66 mil.

O encarecimento da comida penaliza mais as famílias de baixa renda, que já destinam uma fatia maior de seu orçamento mensal para a alimentação. Ou seja, agora eles precisam dirigir ainda mais de seus escassos recursos às compras nos supermercados.

Peso de alimentos

"O que tem subido é aquilo que mais pesa no consumo das famílias mais pobres: arroz, feijão, carne, óleo de soja, ovos, leite. Os alimentos já pesam muito, e dentro da alimentação esses são os que mais pesam. São alimentos básicos, de difícil substituição. Vai trocar o arroz e feijão pelo macarrão? Mas o macarrão também está subindo, porque a farinha de trigo está mais cara", ressaltou Maria Andréia.

O arroz subiu 51,72% de janeiro a outubro. O feijão carioca, espécie mais consumida no País, avançou 21,15%. A farinha de trigo está 13,76% mais cara. A alta acumulada pelo óleo de soja alcançou 65,08%. As frutas aumentaram 18,49%; o tomate, 52,93%; as carnes, 11,04%; o leite longa vida, 32,75%.

A técnica do Ipea lembra que os preços dos alimentos subiram tanto por um choque de oferta, uma vez que o dólar valorizado e a demanda externa impulsionaram o aumento das exportações brasileiras, quanto por um aumento na demanda doméstica por alimentos básicos, sustentada pelo pagamento do auxílio emergencial em meio à pandemia do novo coronavírus.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outubro, a Região Metropolitana Recife (RMR) atingiu o maior percentual do ano e dobrou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), com a prévia da inflação em 1,12%. De acordo com o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta sexta-feira (23), a região registrou a segunda maior inflação no acumulado do ano, com 3,70%.

Das 11 localidades pesquisadas, a RMR apresenta a terceira maior projeção, atrás apenas de Fortaleza (1,35%) e Belém (1,33%). O estudo recolheu os preços entre os dias 12 de setembro e 13 de outubro e apontou que o setor de alimentos e bebidas sofreu o maior aumento, com o acréscimo de 2,36%. Artigos para a casa (2,17%) dão continuidade à lista, seguida por transportes (1,69%), vestuário (1,10%), habitação (0,36%), saúde (0,29%), despesas pessoais (0,25%) e educação (0,06%), aponta a pesquisa. Apenas o setor de comunicação permaneceu estável.

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Já entre os produtos, as passagens aéreas foram responsáveis pela maior variação, com a taxa de 47,67%. O arroz aparece em segundo lugar com 21,16%, seguido por óleo de soja (18,10%), carne de porco (10,64%) e a batata-inglesa (10,03%). O IBGE ainda destaca os impactos na gasolina (1,96%) e no gás de cozinha (3,86%).

Em contrapartida, o abacaxi foi o produto com maior queda no preço (9,6%). Ônibus interestaduais (6,88%), melancia (5,4%), carne-seca e de sol (1,95), energia elétrica residencial (0,47%) e carro novo (0,33%) complementam os principais itens com redução.

No Brasil, o IPCA-15 teve alta de 0,94% neste mês, o que representa o maior resultado para um mês de outubro desde 1995, quando foi registrado 1,34%. No ano, a alta soma 2,31%. O cálculo atende às famílias com renda mensal de até 40 salários mínimos e abrange as metrópoles do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta sexta (23) pelo IBGE, foi de 0,94% em outubro, maior resultado para o mês desde 1995. No ano, a prévia da inflação acumulou alta de 2,31% e em 12 meses atingiu 3,52%.

Os preços dos alimentos e bebidas pressionaram o indicador com a maior alta (2,24%) entre os grupos e o maior impacto (0,45 ponto percentual). A maior contribuição veio das carnes (4,83%), na quinta alta consecutiva. O índice também foi puxado pelas altas do óleo de soja (22,34%), do arroz (18,48%), do tomate (14,25%) e do leite longa vida (4,26%). Por outro lado, houve queda nos preços da cebola (-9,95%) e da batata-inglesa (-4,39%).

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O grupo dos Transportes teve a segunda maior variação em outubro (1,34%), puxado pelas passagens aéreas, que subiram 39,90% e contribuíram com 0,13 p.p. no IPCA-15 do mês. Houve altas em todas as áreas, variando desde os 21,66% de Por-to Alegre até os 49,71% de Curitiba. O segundo maior impacto (0,04 p.p.) veio da gasolina (0,85%), sua quarta alta consecutiva, embora menos intensa que no mês anterior (3,19%).

Ainda no grupo dos Transportes, os preços do seguro voluntário de veículo subiram 2,46%, após sete meses consecutivos de quedas. Apenas ônibus interestadual (-2,73%) e gás veicular (-1,36%) tiveram variações negativas.

Os Artigos de residência subiram 1,41%, acelerando em relação a setembro (0,79%), com altas em todos os itens, destacando-se mobiliário (1,75%) e TV, som e informática (1,68%).

Após recuar 0,27% em setembro, o grupo de Vestuário teve alta de 0,84%, puxado por roupas masculinas (1,31%) e infantis (1,07%). Já os preços de roupas femini-nas caíram 0,10%. As joias e bijuterias subiram 1,73%, acumulando alta no ano de 10,68%.

Em Habitação (0,40%), o maior impacto (0,02 p.p.) veio do gás de botijão, alta de 2,07%. Já o gás encanado recuou 0,17%; taxa de água e esgoto subiu 0,16%, e energia elétrica subiu 0,11%.

Em outubro, o IPCA-15 subiu em todas as localidades pesquisadas. O maior resultado foi o da região metropolitana de Fortaleza (1,35%), puxado pelos preços do arroz (23,02%), das carnes (4,79%) e da gasolina (2,78%). Já a menor variação foi a da região metropolitana de Salvador (0,43%), por conta da queda nos preços da gasolina (-5,87%).

Da Agência IBGE

A disparada dos preços dos alimentos impulsionou a inflação oficial no País a 0,64% em setembro, maior resultado para o mês desde 2003, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados ontem pelo IBGE.

Carnes, arroz e óleo de soja pesaram no bolso das famílias, assim como a gasolina, que pode voltar a pressionar em outubro, devido ao novo reajuste divulgado pela Petrobrás nas refinarias. Também esboçam reação alguns itens ligados ao turismo, como passagens aéreas, locação de veículos e pacotes turísticos.

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O IPCA veio acima do previsto até pelos economistas mais pessimistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam um avanço mediano de 0,54%. O resultado motivou uma série de revisões para cima nas estimativas do mercado financeiro para a inflação no encerramento de 2020. No entanto, as apostas permanecem abaixo da meta de 4% perseguida pelo Banco Central. Em setembro, a taxa do IPCA acumulada em 12 meses alcançou 3,14%.

"É uma inflação (de setembro) preocupante, mas não tem nenhum risco para este ano, quando é provável que o IPCA fique em 2,5%. A questão mesmo está em 2021, quando devemos ter câmbio pressionado, commodities pressionadas e a China com um crescimento forte", previu o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale.

O economista João Fernandes, da Quantitas, não acredita que a inflação mais elevada de setembro ameace a condução da política monetária pelo Banco Central. Ele argumenta que o IPCA foi impulsionado por fatores pontuais, enquanto que o risco para o quadro de juros baixos no País permanece sendo fiscal.

"Não tem comparação da importância desse IPCA com a incerteza fiscal de curto prazo. A inflação mais alta reduz a chance de um novo corte da Selic (taxa básica de juros), mas é um efeito limitado. O que poderia suscitar uma alta de juros agora seria o governo romper o compromisso com o teto, não uma reação a essa inflação", opinou Fernandes.

Ajuste fiscal

O cenário atual de incertezas sobre o ajuste fiscal tem ajudado a desvalorizar o real ante o dólar, o que encarece commodities e insumos no atacado e acaba chegando também ao varejo, lembra André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

"Nossas coletas preliminares (do Índice de Preços ao Consumidor da FGV) indicam que outubro já está bem salgado, inflação mais alta que setembro. Eu diria que ficará perto de 0,8%. A inflação de serviços vem um pouco maior, puxada por passagem aérea, que está subindo mais de 40% em outubro, um choque. Essa alta pode ser confirmada pelo IPCA-15", relatou Braz.

Em setembro, as famílias gastaram 2,28% a mais com alimentação. Segundo Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, houve uma disseminação maior de produtos alimentícios com aumentos de preços, o que levou a uma inflação de alimentos também mais elevada que o habitual para meses de setembro.

"Tem dois componentes influenciando preços. Tem a questão do auxílio emergencial, uma vez que os recursos são direcionados pelas famílias mais pobres para a compra de alimentos, e tem a questão do câmbio, que torna mais atraente a exportação e acaba restringindo a oferta desses produtos no mercado doméstico", justificou Kislanov.

O óleo de soja aumentou 27,54%, enquanto o arroz ficou 17,98% mais caro. No ano, o óleo de soja já acumula uma alta de 51,30%, e o arroz subiu 40,69%. As famílias também pagaram mais em setembro pelo tomate, leite longa vida e carnes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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