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A Polícia Federal (PF) informou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não cometeu crime no caso de interferência política na corporação. A autoridade policial concluiu o inquérito nesta terça-feira, 29, e avaliou que, "dentro dos limites da investigação", não há elementos mínimos para indiciar o chefe do Executivo na esfera penal. A apuração se estendeu por quase dois anos, tendo início com o desembarque do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro (Podemos) do governo.

O relatório será analisado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, a quem cabe dar encaminhamento sobre eventual denúncia ou arquivamento.

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Em três volumes encaminhados a Moraes, com mais de cinquenta páginas cada, o delegado Leopoldo Soares Lacerda concluiu que Bolsonaro não cometeu crime, pois "cabe ao Presidente da República nomear e exonerar o Diretor-Geral da Polícia Federal, independente de indicação ou referendo do Ministro da Justiça e Segurança Pública".

Segundo o relatório da PF, "os atos foram realizados dentro da legalidade e formalizados conforme a praxe administrativa" e "os vastos elementos reunidos nos autos demonstram a inexistência de ingerência política que viessem a refletir diretamente nos trabalhos de Polícia Judiciária da União". O delegado responsável por concluir a investigação também eximiu Moro do crime de "falsa imputação" de delito e pediu o arquivamento do caso.

"No decorrer dos quase dois anos de investigação, dezoito pessoas foram ouvidas, perícias foram realizadas, análises de dados e afastamentos de sigilos telemáticos implementados. Nenhuma prova consistente para a subsunção penal foi encontrada", escreveu o delegado. "Muito pelo contrário, todas testemunhas ouvidas foram assertivas em dizer que não receberam orientação ou qualquer pedido, mesmo que velado, para interferir ou influenciar investigações conduzidas na Polícia Federal", completou.

Ao deixar o governo em abril de 2020, Moro acusou Bolsonaro de exigir alterações na Diretoria-Geral da PF e em superintendências nos Estados com o objetivo de blindar seus familiares e aliados de investigações. O Supremo aprovou prontamente o pedido da Procuradoria-geral da República (PGR) para apurar as denúncias. Na ocasião, o ministro Celso de Mello afirmou que, apesar da posição de eminência do presidente, era necessário reconhecer "a possibilidade de responsabilizá-lo, penal e politicamente, pelos atos ilícitos que eventualmente tenha praticado no desempenho de suas magnas funções"

Com o passar do tempo, o inquérito penal autorizado pelo ex-ministro do Supremo se tornou um cabo de guerra entre Moro e Bolsonaro. A investigação, que começou com prazo inicial de 60 dias, foi renovada diversas vezes e chegou a ficar parada por quase um ano. O caso só foi ter a sua tramitação regular retomada por causa do agravamento da crise institucional entre o Executivo e o Judiciário - causado por ataques do presidente contra o ministro-relator do caso - em julho do ano passado.

Outro fato marcante da investigação foi o imbróglio para que o presidente depusesse presencialmente na sede da PF. Na medida em que as tensões com o Supremo se avolumavam, Bolsonaro disse que não iria prestar depoimento, mas recuou quando o plenário da Corte se reuniu para decidir se ele seria obrigado a se manifestar nas dependências da polícia.

No início deste ano, porém, Bolsonaro descumpriu a promessa que havia feito aos ministros e não compareceu para depor. A atitude ocorreu como um desdobramento das manifestações antidemocráticas de 7 de setembro, quando o presidente prometeu a seus apoiadores que não iria mais acatar ordens jurídicas de Moraes. O caso chegou a envolver a Advocacia-Geral da União (AGU) e foi judicializado no Supremo, mas, em fevereiro, a PF decidiu concluir as investigações sem o depoimento do chefe do Executivo.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por 90 dias o inquérito aberto contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro (Podemos), ambos presidenciáveis, por denúncias de interferência do chefe do Executivo no comando da Polícia Federal (PF). O prazo inicialmente previsto para o encerramento das investigações era no dia 27 de janeiro.

O inquérito em curso no Supremo se tornou palco do embate antecipado entre os pré-candidatos à Presidência da República. Durante a entrevista coletiva em que anunciou seu pedido de demissão do governo Bolsonaro, em abril de 2020, Moro deu a entender que o presidente teria solicitado substituições na diretoria-geral e nas superintendências da PF com o intuito de blindar seus filhos e aliados de investigações em curso na corporação.

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Em novembro do ano passado, Bolsonaro prestou depoimento à PF e admitiu ter pedido a Moro as substituições nos postos de comando do órgão de estado, mas disse que "jamais teve qualquer intenção" de interferir na instituição. Segundo o presidente, o pedido de demissão do delegado-geral Maurício Valeixo - pivô da crise que culminou na saída de Moro do governo - para colocar em seu lugar Alexandre Ramagem teria ocorrido "em razão da falta de interlocução" com o antigo responsável pela Polícia.

No depoimento de Moro à PF, em maio de 2020, consta, no entanto, que Bolsonaro teria pedido a substituição porque 'precisava de pessoas de sua confiança, para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligência'. No último dia 27, a Procuradoria-Geral da República acolheu o pedido do ex-ministro da Justiça para juntar aos autos do inquérito o link de uma entrevista concedida por Bolsonaro na qual ele diz que 'não queria ser blindado, mas não podia admitir ser chantageado'.

Ao acolher o pedido de Moro, o vice-procurador-geral da República Humberto Jacques de Medeiros disse que "o embate entre candidatos a cargos políticos é a arena pública, e não o processo penal". "A tentação da transformação da última e derradeira instância do Poder Judiciário em uma caixa de ressonância de aspirações persecutórias ou sancionatórias estranhas ao processo penal, além de poder comprometer a jurisdição do estatuto jurídico do político, pode possuir efeito adverso em todos os avanços civilizatórios plasmados no sistema acusatório e no direito a um julgamento pleno em garantias em todas as instâncias", argumentou.

Procurado pela reportagem, o Palácio do Planalto não se manifestou sobre a decisão do Supremo.

O vice-procurador-geral da República Humberto Jacques de Medeiros enviou ao Supremo Tribunal Federal manifestação em favor de um pedido do ex-juiz e atual presidenciável Sérgio Moro para juntar o link de uma entrevista concedida pelo presidente Jair Bolsonaro aos autos do inquérito que investiga suposta tentativa de interferência política do chefe do Executivo na Polícia Federal. Na entrevista, Bolsonaro afirmou que, em reuniões ministeriais, dizia que 'não queria ser blindado, mas não podia admitir ser chantageado'.

O parecer de quatro páginas foi assinado no último dia 23 e protocolado no STF nesta segunda-feira, 27. No documento, Humberto Jacques ponderou que a entrevista é interessante para que o Ministério Público Federal formule sua opinião sobre o caso, considerando que a investigação mira suposta 'busca de favorecimento pessoal pelo presidente partir da indicação de cargos de direção na Polícia Federal'. Segundo o vice-PGR, ela será analisada 'em momento oportuno, conjuntamente com os demais elementos colhidos no curso da investigação'.

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O documento diz que na entrevista mencionada por Moro - concedida por Bolsonaro ao jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, e publicada no último dia 8 - o presidente tece declarações sobre sua relação institucional com o ex-ministro.

O parecer reproduz trecho da fala do chefe do Executivo: "Eu sempre dizia na reunião de ministros: 'Eu não quero ser blindado por nenhum de vocês, entendeu, Sergio Moro? Eu não posso admitir é ser chantageado, entendeu Sergio Moro? Assim era comum acontecer. E esse cara não fez absolutamente nada para que Coaf, para que Receita, não só bisbilhotasse a minha vida, como a de milhares de brasileiros. Que isso nos atrapalha. Você pode investigar o filho do presidente? Pode. A mulher do presidente? Pode. Mas investiga legalmente, com uma acusação formal. O próprio presidente, eu posso ser investigado, sem problema nenhum, mas não dessa forma como eles fazem".

O ex-ministro ainda pediu que também fosse juntado aos autos o link de uma análise política sobre a entrevista em questão. No entanto, Humberto Jacques afirmou que o juízo de valor emitido por um comentarista político a respeito das declarações de Bolsonaro 'não possui qualquer relevância probatória, tampouco deve ser utilizado como base para a formação de convicção do órgão persecutor'.

As mudanças que o presidente Jair Bolsonaro promoveu no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para atender a interesses de aliados, como o empresário Luciano Hang, não ficaram restritas à presidência do órgão. O chefe do Executivo "ripou" - termo usado por ele mesmo para se referir às exonerações que ordenou - outros cinco diretores do instituto. Seu governo também aprofundou nas superintendências estaduais as indicações políticas e de pessoas com qualificações técnicas não relacionadas à proteção do patrimônio histórico.

Um levantamento do Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro aponta que 12 superintendentes regionais do Iphan têm perfis profissionais incompatíveis com os cargos. Outros cinco são arquitetos ou técnicos da área, mas não têm especialização acadêmica.

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A exigência de capacitação específica para a nomeação está expressa em decreto do próprio governo Bolsonaro, de 2019.

O primeiro a perder o cargo, em outubro de 2019, após as primeiras queixas do dono das lojas Havan, foi o arquiteto Andrey Schlee, então diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização. A seção supervisiona as atividades do Centro Nacional de Arqueologia, responsável pela suspensão provisória da construção da unidade da Havan na cidade de Rio Grande (RS), em 2019.

Na semana passada, Bolsonaro admitiu que "ripou" dirigentes do Iphan por causa de embargo na obra da Havan. Aliado de primeira hora do presidente, Luciano Hang disse que a interrupção causada por achados arqueológicos no terreno o levou a colocar "a boca no trombone".

Depois de Schlee, outros quatro diretores foram substituídos. O mesmo ocorreu com Kátia Bogéa, que teve de entregar a presidência do Iphan para Larissa Pereira, até então servidora do Ministério do Turismo. Kátia atuou no Iphan por quase 40 anos. "Tiraram todos os diretores que estavam há mais de 30 anos na casa. Eram pessoas do Iphan, como eu, funcionária de carreira", disse a ex-presidente ao Estadão. "O que houve no Iphan foi um desmonte."

A Justiça chegou a suspender a nomeação de Larissa por "falta de capacitação técnica". Ela é graduada em turismo e hotelaria, com pós-graduação na área de marketing. A decisão, no entanto, foi revertida em segunda instância.

Loteamento

Entre os novos diretores do instituto está o pastor Tassos Lycurgo, no Departamento de Patrimônio Imaterial. Ele assumiu no lugar do advogado Hermano Guanais, mestre em preservação do patrimônio cultural. A falta de qualificação técnica para atuar no cargo é um dos principais problemas na gestão do órgão apontados por entidades e especialistas. No Distrito Federal, o superintendente, Saulo Diniz, é uma indicação da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF). Antes de assumir o posto no Iphan, ele era do diretório do PSL.

Em Goiás, o superintendente é indicado pelo deputado Alcides Ribeiro (Progressistas-GO). Allyson Cabral é advogado, sem experiência na área em que atua hoje. Olav Schrader, responsável pelo órgão no Rio, é formado em relações internacionais, administrava imóveis antigos e é ligado ao movimento monarquista.

Procurados, o Iphan e o Palácio do Planalto não se manifestaram.

Mário de Andrade fez o primeiro projeto do órgão

Uma das instituições mais antigas do Brasil, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Turismo. O órgão tem, entre suas funções, a de proteger e promover os bens culturais do País, evitando a evasão e perda de obras, objetos de arte e outras peças de relevância.

O Iphan possui 27 Superintendências, uma em cada Unidade Federativa, e 37 Escritórios Técnicos. O primeiro projeto para a criação do Iphan foi redigido pelo escritor modernista Mário de Andrade, em 1936. O órgão seria criado no ano seguinte, por iniciativa do advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco, que presidiu o instituto por 30 anos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério Público Federal pediu o afastamento da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Larissa Rodrigues Peixoto Dutra, após o presidente da República, Jair Bolsonaro, admitir que interferiu no instituto para atender a interesses privados. Nessa quarta-feira (15), o presidente afirmou que trocou o comando da instituição, no fim de 2019, para atender ao empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan.

"Tomei conhecimento que uma pessoa conhecida, o (empresário bolsonarista) Luciano Hang, estava fazendo mais uma obra e apareceu um pedaço de azulejo nas escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta (Marcelo Álvaro Antônio, à época titular do Turismo): 'que trem é esse?' Porque não sou inteligente como meus ministros. 'O que é Iphan?', com 'PH'. Explicaram para mim, tomei conhecimento, 'ripei' todo mundo do Iphan. Botei outro cara lá", disse Bolsonaro durante uma palestra para empresários na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

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"O Iphan não dá mais dor de cabeça para a gente. E quando eu 'ripei' o cara do Iphan… O que teve, me desculpa aqui, prezado Ciro (Nogueira, ministro da Casa Civil), de político querendo indicação não estava no gibi. Daí eu vi, realmente, o que pode fazer o Iphan. Tem um poder de barganha extraordinário", disse o presidente da República.

A ação que pede o afastamento de Dutra do Iphan foi pedida pelo deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ), na época em que ela foi nomeada, em maio do ano passado. Na época, a alegação foi de que ela não atendia aos requisitos para ocupar o cargo. A atual chefe do órgão tem graduação em Turismo e sem qualquer experiência anterior na área de patrimônio histórico.

"Houve uma decisão liminar da Justiça, em 1ª Instância (afastando Larissa do cargo), mas foi cassada pelo Tribunal Regional Federal (da 2ª Região, no Rio de Janeiro). E agora, diante deste novo vídeo, pedimos à Justiça que conceda uma liminar para o afastamento dela", disse ao Estadão o procurador da República Sergio Gardenghi Suiama, autor do pedido.

"É um desvio de finalidade do ato administrativo. A nomeação do presidente do Iphan tem que estar vinculada à finalidade do órgão, que é justamente a proteção do patrimônio (histórico). O Iphan analisa processos de licenciamento ambiental, fiscaliza várias atividades ligadas ao patrimônio. Então, a nomeação do presidente tem que estar vinculada a estas finalidades, e não à finalidade privada de 'não dar dor de cabeça' ao presidente da república", diz o procurador. Larissa é casada com Gerson Dutra - um ex-integrante da equipe de segurança particular do presidente da República.

Interferência em favor de Hang foi arquivada em 2020

A interferência de Bolsonaro no Iphan para favorecer Luciano Hang veio à tona pela primeira vez em 22 de maio de 2020, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou uma reunião ministerial no Palácio do Planalto ocorrida em abril daquele ano. Na gravação, Bolsonaro diz, sem dar detalhes, que mudou o comando do Iphan para evitar a paralisação de obras.

"O Iphan, não é? Tá lá vinculado à Cultura (…). E uma excelente pessoa que tá lá, tá? Mas tinha que ter um outro perfil também. O Iphan para qualquer obra do Brasil, como para a do Luciano Hang. Enquanto tá lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra. O que que tem que fazer? Alguém do Iphan que resolva o assunto, né?", diz o presidente.

Dias depois, a antiga presidente do Iphan, Kátia Bógea, reafirmou em entrevista que foi removida do comando do órgão por causa da pressão do empresário catarinense, depois da paralisação da obra de uma loja na região Sul do país. "Ele (Luciano Hang) criou esse escarcéu porque nem a mais simples das obrigações eles querem fazer. Estávamos ali para cumprir a Constituição. O que queriam é que não observássemos a lei", disse ela, à época. Na ocasião, a servidora também disse que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, pediu mudanças no comando do órgão.

Na época, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou uma notícia de fato sobre o assunto, após as declarações de Kátia Bogéa à imprensa. A representação foi encaminhada à Procuradoria da República no DF, mas acabou arquivada meses depois pelo procurador Helio Ferreira Heringer Junior.

O procurador entendeu que, como o cargo de presidente do Iphan é de livre nomeação e exoneração, Bolsonaro não precisaria apresentar qualquer justificativa para trocar a chefia do órgão, sendo esta uma prerrogativa do presidente. "Ademais, a mera alegação do demissionário (Bogéa) quanto a supostos interesses privados em sua exoneração não fornecem qualquer suporte de justa causa para a abertura de investigações", escreveu ele.

À reportagem, a Procuradoria da República no DF disse que o caso poderá ser reaberto, caso haja uma nova representação. "O MPF arquivou o procedimento com base nos fatos e elementos apresentados à época. Caso seja apresentada uma nova representação, baseada em novos fatos, o caso poderá ser reaberto", disse a PRDF ao Estadão, em nota. Nas redes sociais, Randolfe Rodrigues anunciou que apresentará uma nova representação sobre o caso.

COM A PALAVRA, O PLANALTO

Procurado, o Palácio do Planalto não se manifestou sobre o assunto.

A solenidade do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, realizada nesta quarta-feira (24), em Brasília, contou com a presença de autoridades, entre elas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Educação, Milton Ribeiro. Na ocasião, Ribeiro ressaltou a importância das instituições e enalteceu o Governo Federal ao alegar que "não há mais corrupção".

Após a fala do responsável pela pasta, Bolsonaro, além de destacar o programa, falou sobre o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, realizado no último domingo (21), e das acusações de interferências dele, como também, do ministro da Educação, na construção da avaliação.

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"Acusaram a mim e ao ministro, né? De ter interferido na prova do ENEM. Se eu pudesse interferir, pode ter certeza, que a prova estaria marcada para sempre com questões objetivas de fato, não com questões como ainda vimos nessa prova", criticou o presidente da república.

E continuou: “Até na imprensa saiu, né? Que eu queria botar a matéria da ditadura militar. Não vou discutir se foi ou não foi ditadura militar. Mas, eu queria botar aqui uma questão lá se pudesse. É (...) quem foi o primeiro general que assumiu em 1974 foi Castelo Branco. Em que data? Eu queria botar lá. Duvido que a imprensa acertaria, né? [...] O que que eu quero com isso? Não é discutir o período militar? É começar a história do zero”, afirmou.

Censura ideológica e crise no Inep

As semanas que antecederam o primeiro dia de aplicação do Enem foram marcadas por pedidos de demissões de 37 servidores do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo exame. Os profissionais alegaram assédio moral, praticado pelo presidente do instituto, Danilo Dupas, e interferência, por parte do Governo Federal, na construção da avaliação.

De acordo com os servidores, temas "mais sensíveis ao governo" não deveriam compor a prova. No mesmo período, Jair Bolsonaro alegou à imprensa que, agora, o Enem estava "a cara do governo".

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta terça-feira que o governo federal não alterou questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por motivações políticas, como denunciaram servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Na chegada ao Palácio do Planalto, o general ainda minimizou a fala do presidente da República, Jair Bolsonaro, de que a prova estaria ganhando "a cara do governo".

"O presidente fez menção a algo que é a ideia dele, tem liberdade para isso. E o Enem está baseado em um banco de dados que foi construído há muito tempo, as questões não estão variando, o governo não mexeu em nenhuma questão de Enem", garantiu o vice-presidente.

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No domingo, a TV Globo exibiu entrevistas com servidores do Inep que entregaram seus cargos em meio à debandada do órgão.

Eles relataram tentativas de interferência no conteúdo das provas para agradar o governo. "Começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem", afirmou na segunda-feira Bolsonaro, durante sua visita oficial a Dubai.

Repercussão negativa

A suposta interferência do Planalto sobre o Enem foi criticada por especialistas. A diretora do Centro de Políticas Educacionais da FGV, Claudia Costin, chamou de "inaceitável ingerência".

Ainda assim, Mourão minimizou a fala de Bolsonaro e se irritou com jornalistas que o questionaram sobre o assunto.

"Peraí, gente, vamos abaixar a bolinha. Vocês conhecem o presidente, ele tem a sua maneira de se manifestar. Não vou ficar aqui fazendo crítica se sou vice dele, já falei isso pra vocês várias vezes", declarou o vice-presidente, nesta terça-feira.

Amazônia

Mourão ainda voltou a dizer que as queimadas na Amazônia "diminuíram bastante", apesar de um "outubro ruim", e que o desmatamento "tem oscilado". Dados do sistema de monitoramento Deter mostram alta de 5% no desmatamento ilegal em outubro, um recorde para o mês.

Em Dubai, Bolsonaro afirmou que a floresta amazônica não pega fogo por ser úmida, argumento já desmentido pela ciência.

Pivô do inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o depoimento do chefe do Executivo. Ele pede ao ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação, que cobre parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a oitiva.

O principal ponto questionado por Moro é que o interrogatório foi feito pela Polícia Federal sem a participação de seus advogados e da PGR. A defesa do ex-ministro diz que faltou isonomia no tratamento dispensado ao presidente.

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"Esperavam os signatários da presente serem comunicados da data de oitiva do segundo investigado - e assim também o fosse a própria PGR - mantendo-se o mesmo procedimento adotado quando do depoimento prestado pelo ex-Ministro Sérgio Fernando Moro, em homenagem à isonomia processual. Nada obstante, o depoimento do Sr. Presidente da República foi colhido em audiência reservada, presidida pela autoridade policial em período noturno, sem participação desta Defesa e da Procuradoria Geral da República", dizem os advogados ao STF.

Em depoimento, Bolsonaro admitiu que pediu trocas na diretoria-geral e nas superintendências da Polícia Federal e disse que o ex-ministro da Justiça condicionou as substituições a uma vaga no STF. Interlocutores de Moro disseram que as perguntas foi selecionadas para 'blindar' do presidente. A defesa chegou a preparar uma lista de questionamentos, mas não foi comunicada da data da oitiva, o que impediu o comparecimento no Palácio do Planalto na última quinta-feira, 4, quando Bolsonaro foi ouvido.

Interrogado pela Polícia Federal em maio do ano passado, Moro afirmou que a troca na diretoria-geral teria sido solicitada por Bolsonaro porque o presidente 'precisava de pessoas de sua confiança, para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligência'.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, prestou depoimento, na noite desta quarta-feira, 3, no âmbito do inquérito que investiga suposta tentativa de interferência política do chefe do Executivo da Polícia Federal. Em oitiva realizada no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que "jamais teve qualquer intenção" de interferir na PF quando "pediu" ao ex-ministro Sérgio Moro as mudanças na diretoria-geral e nas superintendências da corporação. O chefe do Executivo afirmou que pediu a substituição do delegado Maurício Valeixo - pivô da última crise entre Moro e Bolsonaro - "em razão da falta de interlocução" com o então diretor-geral.

Em diferentes trechos de seu depoimento, Bolsonaro atacou Moro, o ex-aliado que agora pode ser seu concorrente nas eleições 2022.

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O presidente repetiu a acusação de que o ex-juiz da Lava Jato teria concordado em colocar o delegado Alexandre Ramagem na chefia da PF "desde que ocorresse após a indicação do ex-Ministro da Justiça à vaga no Supremo Tribunal Federal".

Além disso, afirmou que o ex-ministro estava "administrando a pasta sem pensar no todo, sem alinhamento com os demais ministérios e o Gabinete da Presidência".

Em nota, a defesa do ex-ministro Sérgio Moro reagiu ao fato de que não foi comunicada do depoimento, "impedindo seu comparecimento a fim de formular questionamentos pertinentes" (leia a íntegra da nota ao fim da matéria).

O ex-decano Celso de Mello, ao determinar que Bolsonaro prestasse o depoimento presencialmente, havia autorizado os advogados do ex-juiz a formularem perguntas a serem feitas ao chefe do Executivo.

A forma de oitiva do presidente no âmbito da investigação se tornou um impasse no Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro recorreu à corte para depor por escrito, depois quis "desistir" da oitiva e, no início de outubro, manifestou "interesse em depoimento mediante comparecimento pessoal", um ano depois do início do impasse que travou as investigações.

Após Bolsonaro informar à corte que iria depor por escrito no inquérito, o ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação no STF, determinou, no dia 7 de outubro, que a PF ouvisse o presidente em até 30 dias, mediante "prévio ajuste de local, dia e hora".

O depoimento de Bolsonaro era uma das últimas etapas para a conclusão do inquérito. Assim que for finalizado, o relatório da PF será enviado à Procuradoria-Geral da República, a quem cabe decidir se há provas suficientes para a apresentação de uma denúncia contra o presidente.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE MORO

"A Defesa do ex-ministro Sérgio Moro foi surpreendida pela notícia de que o presidente da República, investigado no Inquérito 4831, prestou depoimento à autoridade policial sem que a defesa do ex-ministro fosse intimada e comunicada previamente, impedindo seu comparecimento a fim de formular questionamentos pertinentes, nos moldes do que ocorreu por ocasião do depoimento prestado pelo ex-ministro em maio do ano passado. A adoção de procedimento diverso para os dois coinvestigados não se justifica, tendo em vista a necessária isonomia entre os depoentes.

Rodrigo Sánchez Rios. Advogado do ex-ministro Sergio Moro"

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta segunda-feira, 11, prorrogar por mais 90 dias dois inquéritos que incomodam o Planalto: o que apura se houve tentativa de interferência indevida do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal e o que investiga se a base bolsonarista articulou ações contra a democracia na internet.

"Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento, nos termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90 (noventa) dias, a partir do encerramento do prazo final anterior, o presente inquérito", escreveu o ministro.

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A primeira investigação foi aberta a partir de acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro ao deixar o governo, em abril do ano passado. Na semana passada, Moraes determinou que Bolsonaro seja interrogado dentro de 30 dias. A decisão foi tomada depois que o presidente se antecipou ao julgamento no STF sobre a modalidade do interrogatório e comunicou que se apresentará pessoalmente diante dos investigadores. Ao tribunal, a Advocacia-Geral da União (AGU), que representa os interesses do Planalto, disse que a mudança de posição teve como motivação a 'plena colaboração' com as apurações.

O depoimento de Bolsonaro é uma das últimas pendências para a conclusão da investigação, que ficou quase um ano parada em meio ao impasse sobre o depoimento do presidente. A suspeita lançada por Moro é a de que o chefe do Executivo quis substituir encarregados por postos de comando na Polícia Federal em uma tentativa de blindar familiares e aliados de apurações.

No mês passado, o delegado Felipe Alcântara de Barroso Leal foi afastado do caso ao tentar aprofundar o que chamou de 'novas lacunas investigativas'. Ele mirou a produção de um relatório que teria sido produzido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para orientar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho mais velho do presidente, no caso das rachadinhas e mudanças internas na Polícia Federal, incluindo a exoneração de Alexandre Saraiva da chefia da superintendência da PF no Amazonas após a apresentação de uma notícia-crime contra o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, por suposta atuação em favor de madeireiros.

A investigação das milícias digitais, por sua vez, foi aberta em julho a partir do compartilhamento do material colhido no inquérito dos atos antidemocráticos. A suspeita é que apoiadores do presidente tenham se organizado nas redes sociais para incentivar ataques contra as instituições e a democracia. A apuração também investiga se a articulação da base bolsonarista envolveu dinheiro público.

Nesta quinta-feira (7), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou que a Polícia Federal tome, presencialmente, o depoimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 30 dias. A PF apura se ele interferiu politicamente na instituição.

Em até 30 dias, o presidente poderá marcar a data e o horário para ser interrogado sobre as acusações do ex-ministro Sérgio Moro, que afirmou que Bolsonaro agiu para blindar seus aliados e familiares de investigações da Polícia Federal. 

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Nesta última quarta-feira (07), por meio do advogado-geral da União, o presidente Bolsonaro já havia informado ao ministro Alexandre de Moraes que iria prestar depoimento à Polícia Federal de forma presencial.

O depoimento de Bolsonaro é a única etapa que falta para a conclusão do inquérito. Assim que for finalizado, o relatório da PF será enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), a quem cabe decidir se há provas suficientes para a apresentação de uma denúncia contra o presidente da República.

Minutos antes do início da sessão desta terça-feira, 6, no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro, por meio do advogado-geral da União, Bruno Bianco Leal, encaminhou ao ministro Alexandre de Moraes a informação de que prestará pessoalmente o depoimento à Polícia Federal (PF) no inquérito "Bolsonaro x Moro", que apura se houve interferência política do chefe do executivo na corporação. O ministro Alexandre de Moraes solicitou, portanto, a suspensão do julgamento para avaliar se a pauta foi prejudicada.

"O requerente [Bolsonaro] manifesta perante essa Suprema Corte o seu interesse em prestar depoimento em relação aos fatos objeto deste Inquérito mediante comparecimento pessoal. Nesta oportunidade, requer lhe seja facultada a possibilidade de ser inquirido em local, dia e hora previamente ajustados, e, diz a mensagem da AGU enviada a Moraes.

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No documento, Bolsonaro afirma que a medida foi tomada com o "intuito da plena colaboração com a jurisdição dessa Suprema Corte". Como mostrou o Estadão na semana passada, segundo um interlocutor dos ministros, a tendência na Corte era de que fosse mantido o entendimento elaborado pelo ex-ministro Celso de Mello, que conduziu o inquérito como relator até sua aposentadoria. O ex-decano defendeu a posição de uma oitiva presencial para o presidente da República e do envio de perguntas pelo ex-ministro Sérgio Moro, pivô da investigação.

Em setembro de 2020, o ex-ministro Celso de Mello determinou que o depoimento fosse coletado presencialmente pela PF. Dois meses depois da decisão, o presidente disse ao STF que "declinava do meio de defesa". A indefinição travou o inquérito por quase um ano.

Moraes determinou em julho deste ano que a PF retomasse as investigações sobre a suposta tentativa de interferência política do presidente na corporação. Na ocasião, o ministro apontou a 'necessidade de realização de diligências pendentes para o prosseguimento das investigações', mesmo que o plenário não tenha decidido o modo de coleta das declarações.

O depoimento de Bolsonaro era a única etapa que faltava para a conclusão do inquérito. Assim que for finalizado, o relatório da PF será enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), a quem cabe decidir se há provas suficientes para a apresentação de uma denúncia contra Bolsonaro.

A antecipação de Bolsonaro à decisão do Supremo e o indicativo de cooperação em uma pauta que, possivelmente, elevaria a tensão entre os Poderes surge no momento de recuo tático do Planalto nos ataques à instituição e seus ministros. Na esteira dos eventos das manifestações de 7 de Setembro e da crise política que se seguiu, o presidente costurou uma trégua nos ataques à instituição e ao ministro Moraes, com o auxílio do ex-presidente Michel Temer (MDB) - o emedebista encarnou a figura de conciliador e mediou o contato entre o atual chefe do Executivo e o magistrado.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) devem decidir, em julgamento marcado para esta quarta-feira (29), que o presidente Jair Bolsonaro preste depoimento presencialmente às autoridades policiais no inquérito que apura se ele tentou interferir politicamente no comando da Polícia Federal. A pauta no plenário da Corte questiona se o chefe do Executivo pode se manifestar por escrito na investigação aberta a partir da denúncia do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro de suposto uso da corporação para proteger seus filhos e aliados.

Segundo o Estadão apurou com integrantes da Corte, a tendência é de que seja mantido o entendimento defendido pelo relator original do caso, Celso de Mello, que, antes de se aposentar, votou para que o depoimento do presidente seja realizado presencialmente. Com a matéria parada há quase um ano no STF, os magistrados não têm pressa em julgá-la e analisam com atenção os seus efeitos após o recuo tático de Bolsonaro costurado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB).

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Celso de Mello decidiu que o presidente é obrigado a depor pessoalmente quando estiver na condição de investigado, mesmo que o artigo 221 do Código de Processo Penal diga que autoridades como presidente e vice-presidente da República, senadores e deputados federais poderão optar pela prestação de depoimento por escrito. O ministro aposentado argumentou que a lei só se aplica em caso de vítimas e testemunhas.

De saída do governo, Moro declarou, em abril do ano passado que Bolsonaro estava operando mudanças na diretoria da PF para evitar que investigações atingissem seu círculo de alianças. Em dezembro de 2020, o ministro Alexandre de Moraes, atual relator do inquérito, remeteu o caso ao colegiado do Supremo após Bolsonaro declarar, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), que não iria prestar depoimento.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta segunda-feira, 23, que o delegado de Polícia Federal (PF) Felipe Alcântara de Barroso Leal possa colher novos depoimentos no caso que investiga a denúncia de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF, com o intuito de proteger seus filhos e aliados.

A decisão de Moraes ocorre apenas dois dias após Leal encaminhar uma petição ao Supremo para solicitar a retomada da tramitação regular do inquérito, de forma que as investigações avancem. "Diante do exposto, autorizo o Delegado de Polícia Federal a proceder às oitivas de eventuais testemunhas sem a necessidade de intimação nos termos antes determinados, inclusive dos advogados dos investigados", escreveu o ministro.

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Na petição encaminhada ao gabinete de Moraes, o delegado da PF pede ao relator que julgue se a decisão do ex-ministro Celso de Mello, que divulgou as gravações da reunião ministerial realizada em abril de 2020 pelo governo Bolsonaro, continua valendo. Os vídeos do encontro entre as autoridades do primeiro escalão do governo foram o estopim da crise que atingiu Bolsonaro, a partir da denúncia de que ele estaria interessado em usar politicamente a PF, inclusive com a solicitação de relatórios de inteligência policial.

Em maio daquele ano, Mello autorizou o acesso do Ministério Público, dos advogados do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, do Advogado-Geral da União e da delegada da PF Christiane Corrêa Machado ao vídeo do encontro de ministros. A decisão do magistrado foi tomada para que todos, inclusive os defensores dos investigados, pudessem orientar a formulação das perguntas a serem feitas durante os depoimentos das testemunhas.

O inquérito em curso no Supremo investiga as acusações, apresentadas por Moro, de que Bolsonaro teria agido sem seu consentimento na indicação de nomes para comandar a PF, com o objetivo de interferir politicamente na corporação. De acordo com o ex-ministro, Bolsonaro teria feito uma tentativa de aparelhar o órgão de Estado visando proteger seus filhos e aliados, que naquele momento estavam na mira de investigações em potencial.

Após as declarações de Moro, em coletiva de imprensa para anunciar sua saída do governo, o Supremo barrou a nomeação de Alexandre Ramagem ao cargo de diretor-geral da PF, sob suspeita de que ele poderia atuar na instituição para atender aos interesses do governo. Impedido pela Justiça, Ramagem retomou suas funções na diretoria da Agência Brasileira de Investigação (Abin), onde se encontra até hoje.

Desde então, o ministro Alexandre de Moraes relata o inquérito que investiga as supostas tentativas de Bolsonaro de cooptar os agentes federais. Em julho deste ano, o ministro do STF ordenou a retomada dos procedimentos de apuração da denúncia. Moraes declarou que "há necessidade de realização de diligências pendentes para o prosseguimento das investigações".

Segundo o relator, a regular tramitação da investigação deve ser 'imediata', mesmo que o plenário do Supremo ainda não tenha decidido sobre como deve ser o depoimento de Bolsonaro no caso, se presencial ou por escrito.

A Apple atualizou a lista de eletrônicos da marca que podem interferir o funcionamento de dispositivos médicos, como o marca-passo. "Em determinadas condições, ímãs e campos eletromagnéticos podem interferir em dispositivos médicos. Por exemplo, marca-passos implantados e desfibriladores podem conter sensores que respondem a ímãs e frequências de rádio quando em contato próximo", diz texto na área de suporte da empresa.

Segundo a Apple, para evitar possíveis interações com os dispositivos médicos, o cliente deve manter o produto Apple a uma distância segura de mais de 15 cm de distância ou, durante o carregamento sem fio, mais de 30 cm. "Se você suspeitar de que o produto Apple está interferindo no dispositivo médico, interrompa o uso do produto Apple e converse com um médico e com o fabricante do dispositivo médico", diz a Apple.

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A empresa já havia feito um alerta de segurança com relação aos smartphones da linha iPhone 12 e os acessórios MagSafe no início do ano. O posicionamento foi feito após um estudo apontar que os celulares da linha 12 podiam causar interferências no funcionamento dos dispositivos médicos.

Confira a lista de produtos da Apple que contêm ímãs e que devem ser mantidos a uma distância segura de marca-passos e desfibriladores:

- AirPods e estojos de recarga, com ou sem fio;

- AirPods Pro e estojo de recarga sem fio;

- AirPods Max e Smart Case;

- Apple Watch;

- Pulseiras do Apple Watch com ímãs;

- Acessórios de carregamento magnético para Apple Watch;

- HomePod e HomePod mini;

- iPad, iPad mini, iPad Air e iPad Pro;

- Smart Covers, Smart Folios, Smart Keyboard, Smart Keyboard Folio e Magic Keyboard para iPad;

- Modelos de iPhone 12;

- Acessórios MagSafe;

- Mac mini, Mac Pro, MacBook Air, MacBook Pro e iMac;

- Pro Display XDR da Apple;

- Beats, Beats Flex, BeatsX, Powerbeats Pro e UrBeats3.

O líder da Minoria na Câmara, deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), afirmou que solicitou a convocação do filho do presidente da República e vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), para prestar esclarecimentos à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso sobre suas supostas intenções de contratar um aparelho espião pelo governo federal.

Segundo informações do portal UOL/i>, o vereador teria interferido na licitação que trata da contratação do programa israelense Pegasus, usado para espionar celulares e computadores. Fontes afirmam que Carlos Bolsonaro pretendia integrar o dispositivo ao Ministério da Justiça e à Polícia Federal. A licitação é avaliada em R$ 25,4 milhões.

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Freixo afirmou que também acionou o Ministério da Justiça para esclarecer as intenções do vereador, que, segundo ele, pretendia "criar uma Abin Agência Brasileira de Inteligência paralela e perseguir adversários do governo e jornalistas".

Quatro conselheiros informaram a Petrobras que não pretendem ser reconduzidos ao colegiado na próxima Assembleia Geral Extraordinária (AGE). São eles João Cox Neto, Nivio Ziviani, Paulo Cesar de Souza e Silva e Omar Carneiro da Cunha Sobrinho.

Em Fato Relevante, a companhia informa que Cox Neto e Ziviani alegaram razões pessoais para a decisão. Já Souza e Silva só declarou que por conta de seu mandato ser "interrompido inesperadamente, peço, por favor, para não ser reconduzido ao Conselho de Administração na próxima Assembleia". Ele ressalta o "excelente trabalho" desenvolvido pela diretoria e funcionários, e elogia também o presidente do colegiado, Eduardo Leal.

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Já a mensagem de Omar Carneiro da Cunha revela insatisfação com a decisão do presidente da República, Jair Bolsonaro, de promover uma troca no comando da estatal, com a indicação de Joaquim Silva e Luna para o lugar de Roberto Castello Branco.

"Em virtude dos recentes acontecimentos relacionados às alterações na alta administração da Petrobras, e os posicionamentos externados pelo representante maior do acionista controlador da mesma, não me sinto na posição de aceitar a recondução de meu nome como Conselheiro desta renomada empresa, na qual tive o privilégio de servir nos últimos sete meses", diz Cunha.

Ele faz muitos elogios a Castello Branco e o atual conselho, que "se manteve aderente às estratégias devidamente aprovadas, e seguindo os mais altos níveis de governança e de conformidade com os estatutos da empresa, e aos mais altos padrões de gestão empresarial".

"A mudança proposta pelo acionista majoritário, embora amparado nos preceitos societários, não se coaduna com as melhores práticas de gestão, nas quais procuro guiar minha trajetória profissional", afirma o conselheiro.

A Petrobras lembra que a recondução destes conselheiros havia sido proposta pela União, e que eventuais substitutos indicados pelo governo serão submetidos ao Comitê de Pessoas.

O procurador-geral da República Augusto Aras informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta, 12, que não vislumbra relação entre o inquérito que mira suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal e o caso das orientações dadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) à defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Para o PGR, a suposta atuação da Abin para ajudar o filho do presidente no caso das 'rachadinhas' não tem conexão com as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, que ao pedir demissão em abril do ano passado acusou o presidente de querer interferir no comando da PF para obter informações sigilosas.

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A manifestação de Aras foi enviada após a defesa de Moro pedir ao ministro Alexandre de Moraes que determinasse um novo depoimento do diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem.

Reportagem publicada na revista Época em dezembro e confirmada pelo Estadão revelou que a Abin de Ramagem produziu dois documentos em que detalha o funcionamento de suposta organização criminosa na Receita Federal que, segundo a defesa de Flávio, teria feito uma devassa nos dados fiscais do senador. Em um dos documentos, a finalidade descrita é 'Defender FB no caso Alerj'.

As orientações da Abin à defesa de Flávio teriam sido enviadas pelo WhatsApp. São dois textos digitados diretamente no aplicativo e não compartilhados como relatórios de inteligência em arquivo timbrado da Abin ou papel digitalizado.

Em entrevista publicada na revista Época no mesmo mês a advogada Luciana Pires, que defende Flávio no caso Queiroz, admitiu que recebeu os relatórios informais diretamente de Ramagem.

Ao pedir um novo depoimento de Ramagem o objetivo da defesa de Moro era entrelaçar o caso dos relatórios da Abin à investigação de suposta interferência política de Bolsonaro na PF. Os advogados do ex-ministro relembram que Ramagem era o nome escolhido pelo presidente para comandar a corporação e que, em depoimento à PF, negou o repasse de informações de inteligência a Bolsonaro ou a seus filhos.

Na manifestação enviada a Moraes, Aras se coloca contra a tomada de novo depoimento de Ramagem e afirma que não existe uma ligação entre os dois casos.

O PGR também relembra que abriu uma apuração preliminar para apurar as orientações da Abin à defesa de Flávio e, em caso de algum indício de crime, poderá solicitar a abertura formal de um inquérito.

A embaixada da China repudiou nesta terça-feira que o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, tenha defendido uma proposta americana para impulsionar uma tecnologia 5G "sem espionagem da China", alertando para eventuais "consequências negativas" para a relação bilateral.

A delegação emitiu um comunicado um dia depois que o deputado publicou uma série de tuítes em que afirmou: "Brasil apoia projeto dos EUA para o 5G e se afasta da tecnologia da China." Na mensagem, apagada por Eduardo, ele acrescentava que "o governo @JairBolsonaro declarou apoio à aliança Clean Newtork, lançada pelo governo @realDonald Trump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China." O acordo foi assinado no começo do mês.

Em outro tuíte, o deputado se referia a "entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, exemplo do Partido Comunista da China".

A representação da China, maior parceiro comercial do Brasil, considerou que "tais declarações infundadas (...) prestam-se a seguir os ditames dos Estados Unidos no uso abusivo do conceito de segurança nacional para caluniar a China e cercear as atividades de empresas chinesas", como a Huawei, que busca entrar no mercado de 5G brasileiro.

"Isso é totalmente inaceitável para o lado chinês e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento", assinalou a embaixada, acrescentando que já fez a "gestão formal" ao lado brasileiro pelos canais diplomáticos.

A embaixada lembrou que, em outras ocasiões, o deputado e "outras personalidades" fizeram declarações "infames" que prejudicam a relação entre os dois países. "Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita americana (...) Caso contrário, irão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil."

Presidente nacional do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann disparou contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira (1º). A petista disse que a Justiça Eleitoral tem estimulado a abstenção de votos nas eleições deste ano, marcadas para novembro, ao permitir que o cidadão justifique uma eventual ausência no pleito usando o aplicativo e-Título

No Twitter, Gleisi classificou a ação como uma espécie de "intervencionismo" do TSE no processo político nacional e afirmou que o Congresso Nacional precisa se manifestar diante da alternativa apresentada.

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"Isso é um verdadeiro estímulo a abstenção. O papel do TSE não é este. Deve inovar para assegurar o direito e o dever do voto. O intervencionismo da Justiça Eleitoral está cada vez maior no processo político e partidário. O Congresso precisa se manifestar", escreveu a petista. 

O TSE anunciou a adoção da medida nessa quarta-feira (30). A opção, segundo o órgão, também vai facilitar a justificativa da ausência do voto diante da pandemia do novo coronavírus. Até o último pleito, quem precisasse justificar o voto precisava ir até uma seção eleitoral, preencher a justificativa e entregar ao mesário.

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