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Ao menos 33 pessoas morreram na madrugada desta quarta-feira (15), quando o ônibus em que viajavam, junto com outros migrantes, rumo aos Estados Unidos, colidiu com outro veículo em uma estrada do Panamá — informaram as autoridades.

"Temos informação de 33 pessoas que morreram neste momento", disse ao canal Telemetro a diretora nacional de Migrações, Samira Gozaine, atualizando o balanço preliminar de 15 mortes divulgado anteriormente pelo presidente panamenho, Laurentino Cortizo.

"Com muita tristeza recebo a notícia do acidente de estrada em Gualaca, Chiriquí (400 km ao oeste da capital)", tuitou o presidente. Os migrantes "perderam a vida enquanto eram transportados de Darién para um abrigo localizado neste local", acrescentou.

O ônibus transportava os migrantes de Darién, área florestal fronteiriça com a Colômbia, até a fronteira com a Costa Rica para que prosseguissem a viagem em busca de uma vida melhor.

O veículo tinha 66 pessoas, incluindo o motorista e um ajudante, afirmou o chefe de operações de trânsito da polícia, comissário Emiliano Otero.

As autoridades não divulgaram as causas exatas do acidente nem as nacionalidades dos passageiros.

"Estamos investigando neste momento", disse Gozaine por telefone à AFP.

Vários feridos foram levados em ambulâncias para o hospital da cidade de David, na província de Chiriquí, segundo as autoridades.

Por engano, o motorista do ônibus não parou no abrigo perto de Gualaca, onde os viajantes deveriam descansar antes de seguir para a fronteira com a Costa Rica. Após perceber e dar meia-volta para ir até o local, o ônibus colidiu com um micro-ônibus, segundo a imprensa local.

- Recorde de migrantes -

Milhares de migrantes em situação irregular chegam da Colômbia, caminhando pela floresta, onde um trecho da rodovia Pan-Americana que faltava nunca foi construído devido à vegetação, aos rios e pântanos. Muitos morrem nessa jornada.

Esta fronteira de 266 km de floresta e 575.000 hectares é uma rota repleta de perigos, como animais selvagens, rios caudalosos e grupos criminosos.

Apesar disso, e segundo dados do governo panamenho, 248.000 pessoas entraram no Panamá por Darién em 2022. Esse número pulverizou os registros do ano anterior, quando 133.000 migrantes fizeram a travessia.

São, em sua maioria, venezuelanos, embora também haja equatorianos, haitianos e cubanos, além de africanos e asiáticos.

- "Faz parte do risco" -

Para ajudar os viajantes, o governo panamenho, juntamente com diferentes agências das Nações Unidas e de outras organizações internacionais, montou vários acampamentos de assistência humanitária para os migrantes.

As autoridades panamenhas facilitam a transferência de migrantes em ônibus privados para Paso Canoas, fronteira da rota interamericana com a Costa Rica.

"Este acidente de estrada é lamentável. São pessoas que procuram melhores condições de vida [...], mas faz parte do risco" de fazer esta travessia, disse Samira Gozaine à Telemetro.

Ela acrescentou que os ônibus com migrantes para Paso Canoas "viajam à noite, porque há menos trânsito", então a viagem costuma ser mais segura, rápida e "mais fresca".

O navio humanitário "Ocean Viking" resgatou, neste sábado (7), 37 migrantes que naufragaram perto da costa da Líbia, no Mediterrâneo, segundo a ONG SOS Méditerranée, proprietária da embarcação.

Na manhã deste sábado, o "Ocean Viking" resgatou "37 pessoas" a bordo de "um pequeno barco inflável superlotado em águas internacionais perto da Líbia", comunicou a ONG em sua declaração.

A SOS Méditerranée disse à AFP que o navio humanitário segue em direção a Ancona, no nordeste da Itália, após as autoridades italianas permitirem o desembarque neste porto.

"O porto está localizado a 1.575 quilômetros da área de operação, ou seja, quatro dias de navegação", lamentou a ONG.

"As previsões meteorológicas vão piorar a partir de domingo à noite" e isso pode expor os migrantes a "ventos fortes e mar agitado", explicou.

Das 37 pessoas resgatadas, duas são mulheres e 12 menores de idade sem a companhia de parentes.

Depois de resgatar 113 migrantes no final de dezembro, o "Ocean Viking" precisou desembarcar no porto de Ravenna, distante de sua área de operação, após mais uma polêmica decisão do governo de extrema-direita da Itália.

"Não venham à fronteira" sem iniciar um processo legal, pediu, nesta quinta-feira (5), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aos migrantes que chegam ao país em número recorde, prometendo uma nova estratégia migratória "segura e humana".

Em discurso na Casa Branca, Biden admitiu falhas no sistema de imigração americano, ao revelar um plano para aliviar a pressão na concorrida fronteira com o México.

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"Eu enviei para o Congresso uma proposta de legislação abrangente que reformularia completamente o que há muito tempo tem sido um sistema de imigração falho", disse Biden em um discurso da Casa Branca.

O presidente americano também reforçou que a nova estratégia seria o que ele denominou de organizada. "É segura, é humana e funciona", afirmou.

Este sistema abrirá as portas a cada mês para até 30.000 migrantes de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela, mas endurecerá as restrições na fronteira com o México.

A cota de migrantes se limitará aos que tiverem um patrocinador em solo americano. Já os que tentarem entrar ilegalmente serão expulsos com base na norma sanitária conhecida como "Título 42" e com a intervenção da polícia, em coordenação com as autoridades mexicanas.

Biden disse ter enviado anteriormente ao Congresso a legislação para revisar o sistema migratório americano.

"Mas os republicanos do Congresso se negaram a considerar meu plano integral", acrescentou, culpando os "republicanos extremistas" pelo fato de o projeto não avançar.

O tema migratório será um dos principais de seu encontro com o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, na próxima semana no México.

"Temos uma agenda apertada" para esta cúpula de líderes da América do Norte, que acontecerá na segunda e na terça-feira e também contará com a participação do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse Biden.

E acrescentou: "Parte importante dessa agenda é reforçar a fronteira entre nossos países".

O barco humanitário "Ocean Viking" resgatou 113 migrantes no mar Mediterrâneo em sua primeira operação desde que atracou no porto de Toulon, no sul da França, em novembro - anunciou nesta terça-feira (27) a ONG francesa SOS Méditerranée, que opera o navio.

Entre as pessoas resgatadas, estão "23 mulheres, algumas delas grávidas, cerca de 30 menores desacompanhados e três bebês, o mais novo com apenas três semanas de vida", disse a SOS Méditerranée, com sede em Marselha, no sudeste da França.

Os migrantes foram resgatados no início da manhã desta terça em águas internacionais que dependem da zona de busca e resgate maltesa, perto da zona líbia, acrescentou.

As pessoas estavam em "um barco inflável preto sobrecarregado, na escuridão total", acrescentou a instituição.

A Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho participaram do resgate.

Por enquanto, o "Ocean Viking" "continua patrulhando" e "ainda é muito cedo" para saber onde poderá desembarcar as pessoas resgatadas, disse à AFP a porta-voz da SOS Méditerranée, Meryl Sotty.

Em meados de novembro, o "Ocean Viking" atracou em Toulon com 230 migrantes que havia resgatado no Mediterrâneo, após três semanas no mar em busca de um porto para desembarcá-los.

O governo francês concordou em receber o navio "em caráter excepcional", depois que a Itália se recusou a fazê-lo. O episódio gerou um conflito diplomático entre os dois países.

Os migrantes foram levados para uma zona de espera internacional, enquanto aguardam a tramitação de suas solicitações de asilo.

Desde o início do ano, 1.998 migrantes desapareceram no Mediterrâneo, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Milhares de pessoas que fogem da guerra, ou da pobreza, tentam chegar à Europa todos os anos, cruzando o Mediterrâneo a partir da Líbia.

Para Rosa Falcón foi "desumano" ver centenas de migrantes dormindo nas ruas da cidade americana de El Paso, Texas, em temperaturas abaixo de zero, então uma noite ela decidiu transformar sua própria casa em um abrigo para uma família. Desde então, não parou.

"Com tudo o que eles viveram, deixá-los assim, à deriva, na rua, me parece ilógico e desumano", contou Falcón durante uma de suas já habituais rondas noturnas pelo centro da cidade, vizinho da mexicana Ciudad Juárez, que acumula décadas de história e tradição migratória.

Mais de 53.000 migrantes se entregaram às autoridades fronteiriças neste setor da fronteira somente em outubro, um aumento de 280% em comparação com o mesmo mês do ano passado e o maior aumento de toda a fronteira sul dos Estados Unidos.

Muitos chegam quase sem roupa, molhados ou sujos, depois de atravessar a selva de Darien, no Panamá, ou o Rio Grande, que separa o México dos Estados Unidos. Em El Paso, enquanto buscam uma forma de comprar passagens para ir a outras cidades, enfrentam temperaturas gélidas dessa forma precária, chegando a dormir na rua.

"É de partir o coração, principalmente quando há crianças", afirma Falcón, professora de uma escola, que à noite construiu uma rede de apoio com outros voluntários e igrejas locais.

- "Como podemos confiar?" -

Um pico migratório foi registrado nos últimos dias, o que levou o prefeito Oscar Leeser a decretar estado de emergência para agilizar os recursos.

Na noite de sábado, após o anúncio, um ônibus chegou à rodoviária do centro de El Paso, ponto frequente de migrantes com poucos recursos que buscam seguir viagem para outras cidades.

"Quem não tiver passagem até amanhã pode vir conosco", disse um responsável municipal ao descer do ônibus, explicando que seriam levados para um hotel para dormir em virtude do estado de emergência.

Mas muitos migrantes permaneceram imóveis, com medo. "Ouvimos tantas coisas", disse Santiago, um colombiano de 23 anos. "Como podemos confiar? E se nos levarem para outro estado?", se questionou o jovem, que diz ter saído de seu país devido à situação econômica.

A fronteira sul dos Estados Unidos está fechada para imigrantes sem visto há mais de dois anos, sob uma polêmica medida sanitária lançada pelo ex-presidente Donald Trump durante a pandemia.

O chamado Título 42 impede que os solicitantes de asilo se apresentem nos portões de entrada dos Estados Unidos, razão pela qual muitos se entregam às autoridades nas brechas dos mais de 3.000 quilômetros de muro da fronteira.

Após uma batalha jurídica, essa medida deve ser revogada à meia-noite de 20 de dezembro. As autoridades locais do Texas, Arizona, Novo México e Califórnia especulam que a fronteira e o sistema de imigração dos EUA serão postos à prova.

Os especialistas aplaudem o fim da aplicação da medida, que consideram discriminatória.

"Aqui estamos todos na luta, o que queremos é trabalhar, é uma oportunidade", disse um venezuelano que entrou ilegalmente em El Paso, evitando as autoridades, para não ser devolvido sob a aplicação do Título 42.

Com seu carro e auxiliada por sua mãe, sua filha e seu genro, Falcón acomoda entre quatro e cinco migrantes na sala de sua casa todas as noites, além de oferecer comida e, às vezes, roupas.

"Mesmo que eu não os conheça, sinto que fazem parte da minha família", diz ela. Falcón sustenta todos com seus próprios recursos. Em troca, pede apenas orações. "Eles são a minha bênção", afirma.

Um bebê de dois meses foi encontrado morto na madrugada de sexta-feira, depois que uma embarcação de migrantes naufragou na costa de Lesbos, na Grécia, disse um legista à AFP neste sábado (17).

O menor foi levado para o hospital, onde sua morte foi certificada, disse o legista Theodoros Nousias.

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O naufrágio ocorreu quando o barco inflável - que transportava principalmente migrantes africanos - se chocou contra as rochas da costa na área de Fara, explicaram à AFP fontes do centro de acolhimento de migrantes.

Na operação de resgate, 32 pessoas foram resgatadas com vida, segundo o último balanço da guarda costeira, que inicialmente havia falado em 34 resgatados. Duas delas tinham ferimentos leves e foram socorridas.

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) acusou as forças de segurança gregas de impedir que suas equipes tivessem acesso aos migrantes no mar por duas horas.

“Nunca saberemos se essas duas horas nos permitiriam salvar a vida do bebê”, disse a ONG.

A guarda costeira grega registrou 1.500 pessoas resgatadas nos primeiros oito meses deste ano, em comparação com menos de 600 no ano passado.

Desde o início do ano, 360 pessoas que fugiam da guerra ou da pobreza na África ou na Ásia morreram afogadas no Mediterrâneo oriental tentando chegar à Europa, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Dois ônibus com 88 migrantes a bordo, a maioria colombianos e nicaraguenses, chegaram nesta sexta-feira (16) à Filadélfia, no nordeste dos Estados Unidos, vindos do estado do Texas, que faz fronteira com o México, informou à AFP uma associação humanitária.

São principalmente homens, embora também haja mulheres e cinco crianças, que cruzaram a fronteira perto de Eagle Pass, no Texas, segundo a fonte.

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Há vários meses, o Texas e outros estados republicanos do sul alugam ônibus para enviar migrantes para cidades no nordeste dos Estados Unidos governadas por democratas, em protesto contra a política migratória do presidente Joe Biden.

"Eles não sabiam o que os esperava na Filadélfia. Na verdade, ficaram positivamente surpresos que um grupo de pessoas os esperava na rodoviária com roupas, café e cobertores, porque o clima está bastante frio aqui no momento", disse à AFP Emilio, da Associação Casa de Venezuela, que foi um dos que se mobilizaram para recebê-los.

A associação tenta "realocar o maior número possível", acrescenta Emilio, que não quis revelar seu sobrenome. "A maioria deles tenta ir para Nova York", acrescentou.

A AFP contactou o gabinete do governador do Texas, Greg Abbott, sem sucesso.

Esta nova operação ocorre dias antes do levantamento de uma norma sanitária, o "Título 42", que permite às autoridades americanas barrar migrantes que tentam atravessar a fronteira dos Estados Unidos.

A medida, lançada em 2020 pelo governo do então presidente republicano Donald Trump devido à pandemia de covid-19, é considerada "desumana" por seus detratores. Um juiz a proibiu em novembro, embora tenha dado às autoridades até 21 de dezembro para se prepararem.

Os republicanos se opõem à chegada em massa de migrantes, a grande maioria deles latino-americanos, e tomaram medidas, algumas delas altamente controversas, para expulsá-los de seus estados.

Em meados de setembro, o governador da Flórida e potencial candidato à presidência em 2024, Ron DeSantis, enviou dois aviões de migrantes para a ilha de Martha's Vineyard, um luxuoso destino de verão onde os Kennedys, os Clintons e os Obamas passam férias.

Na semana anterior, seu homólogo texano, então candidato à reeleição, despachou dois ônibus com migrantes para uma área próxima à residência da vice-presidente democrata Kamala Harris em Washington.

Desde abril, o Texas já enviou milhares de migrantes para Washington, Nova York e Chicago.

Segundo especialistas, metade da escassez de mão de obra observada nos Estados Unidos, estimada em cerca de 3,5 milhões de empregos pelo banco central, está ligada à falta de imigrantes.

No ano fiscal que vai de 1º de outubro de 2021 a 30 de setembro de 2022, 2.229.718 migrantes foram interceptados na fronteira entre EUA e México, de acordo com as autoridades.

Um barco com centenas de migrantes a bordo, que emitiu um pedido de ajuda no mar na madrugada desta terça-feira (22), atracou num porto da ilha grega de Creta, anunciou a Guarda Costeira.

As pessoas resgatadas "ainda não desembarcaram", disse à AFP uma porta-voz da Guarda Costeira.

Segundo o canal público ERT, 430 pessoas estão a bordo deste barco que foi rebocado por uma embarcação de pesca até o porto de Palaiochora, no sudoeste de Creta.

Mais cedo, a Guarda Costeira da Grécia havia anunciado uma operação de resgate de um pesqueiro com centenas de migrantes a bordo, que estava em situação de perigo ao sudoeste da ilha de Creta.

"O pedido de emergência afirmou que 400 a 500 pessoas estão a bordo", afirmou à AFP uma porta-voz da Guarda Costeira, antes de informar que os fortes ventos dificultavam a operação.

"Eles podem ver o barco, que está à deriva. Há um grande número de pessoas a bordo", acrescentou.

Dois navios de carga, um petroleiro e dois pesqueiros italianos prestaram ajuda, segundo a mesma fonte.

Com o aumento das patrulhas da Guarda Costeira grega e da agência de fronteira da UE Frontex no Mar Egeu, os traficantes de migrantes estão utilizando cada vez mais a rota mais longa e perigosa ao sul de Creta, segundo as autoridades gregas.

"Quase 80% dos fluxos da Turquia vão diretamente para a Itália", disse o ministro grego da Migração, Notis Mitarachi, na semana passada.

O navio humanitário "Ocean Viking" atracou nesta sexta-feira (11) no porto militar de Toulon, sul da França, com 230 migrantes resgatados no Mediterrâneo, na costa da Líbia.

Depois de passar três semanas no mar em uma busca infrutífera por um porto seguro na Itália, o "Ocean Viking" chegou ao cais na cidade francesa às 8h50 locais (4h50 de Brasília).

Este é o primeiro desembarque na França de um navio que ajuda os migrantes no Mediterrâneo, após uma disputa diplomática com a Itália, que se negou a permitir o acesso a seus portos.

"De maneira excepcional recebemos este navio, levando em consideração os 15 dias de espera no mar que as autoridades italianas fizeram os passageiros sofrerem", declarou na quinta-feira o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin.

O ministro criticou o comportamento "incompreensível e contrário ao direito internacional" da Itália, que tem um governo de extrema-direita, e alertou para "consequências" nas relações bilaterais.

O "Ocean Viking" tentou inicialmente atracar nas costas da Itália, as mais próximas do local onde os migrantes foram resgatados.

O governo italiano negou o acesso, alegando que outras nações devem assumir uma responsabilidade maior na recepção ao migrantes que tentam chegar à Europa a partir do norte da África a cada ano.

Os migrantes, que incluem mais de 50 crianças, serão levados para uma zona de espera internacional para aguardar a tramitação das solicitações de asilo.

O barco humanitário "Rise Above" atracou durante a noite na Sicília e todos os 89 migrantes resgatados no Mar Mediterrâneo desembarcaram depois que receberam autorização do governo italiano, anunciou nesta terça-feira a ONG alemã Lifeline, que freta a embarcação.

"O desembarque dos 89 resgatados terminou", afirmou à AFP o fundador da ONG, Axel Steier.

Quatro migrantes foram retirados por razões médicas no domingo desta embarcação de pequenas dimensões em comparação com outros três navios de ONGs que operam atualmente no Mediterrâneo.

As organizações de resgate de migrantes enfrentaram recentemente obstáculos do novo governo italiano para desembarcar seus passageiros.

Depois de passar várias semanas no mar, o navio de bandeira alemã "Humanity 1", da ONG SOS Humanity, recebeu autorização para atracar no domingo na região de Catania e desembarcar 144 pessoas, essencialmente mulheres e menores de idade, mas 35 homens adultos foram obrigados a permanecer abordo.

O "Geo Barents", navio com bandeira norueguesa da organização Médicos Sem Fronteiras, também atracou no domingo em Catania, mas as autoridades permitiram o desembarque de apenas 357 pessoas e proibiram a entrada de outras 215.

Deste grupo, dois sírios pularam na água na segunda-feira e uma terceira pessoa pulou para socorrê-los. Os três estão bem e, depois de dormir em um veículos no cais, poderão solicitar asilo, disse à AFP o senador democrata Antonio Nicita.

O "Ocean Viking", da ONG SOS Méditerranée e também de bandeira norueguesa, não recebeu autorização para entrar no porto italiano e navega na costa de Siracusa.

"A situação a bordo do 'Ocean Viking' se tornou insuportável para os 234 resgatados. Depois de 17 dias a bordo, a saúde mental deles está gravemente afetada: muitos sofrem de insônia e demonstram sintomas graves de ansiedade e depressão", afirmou a ONG.

O novo governo italiano, o mais à direita desde a Segunda Guerra Mundial, se comprometeu a manter a linha dura contra a migração.

O ministro do Interior, Matteo Piantedosi, afirmou que os migrantes resgatados no mar eram responsabilidade do país sob cuja bandeira navega o barco.

A Itália registrou um forte aumento de pessoas que chegam pelo mar este ano, com 88.100 pessoas desde janeiro, contra 56.000 e 30.400 no mesmo período dos dois anos anteriores, marcado pela pandemia, segundo o ministério do Interior.

Apenas 14% deles foram resgatados e desembarcaram de navios humanitários, segundo a mesma fonte.

Dois bebês morreram com graves queimaduras em um barco de migrantes que navegava na costa de Lampedusa, no sul da Itália, nesta sexta-feira (21).

Segundo a Capitania dos Portos, as vítimas tinham um e dois anos de idade, e outras duas pessoas - um homem e uma mulher grávida - também sofreram ferimentos graves e foram encaminhadas para hospitais.

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O incidente ainda deixou mais quatro mulheres e duas crianças feridas. Inicialmente, fontes da Capitania dos Portos informaram que as queimaduras haviam sido provocadas pela explosão de um cilindro de gás.

Neste caso, no entanto, o barco provavelmente teria afundado, e o número de vítimas seria muito maior. Um inquérito foi aberto para apurar o caso, mas uma das hipóteses é de que um recipiente de gasolina do estoque de combustível da embarcação tenha pegado fogo.

"O fato de que o barco tenha sido deixado à deriva ainda flutuando é um indicativo de que não pode ter havido uma explosão", explicou o procurador da República em Agrigento, Salvatore Vella.

O barco transportava cerca de 40 pessoas na rota migratória mais mortal do mundo, no Mediterrâneo Central, que liga o norte da África ao sul da Itália.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), quase 1,3 mil migrantes já morreram ou desapareceram nessa travessia apenas em 2022.

Segundo o Ministério do Interior, a Itália já recebeu 76,7 mil migrantes forçados via Mediterrâneo neste ano, crescimento de cerca de 50% em relação ao mesmo período de 2021.

A morte das duas crianças acontece no dia em que a deputada de extrema direita Giorgia Meloni receberá o encargo de formar o novo governo da Itália, após ter construído sua trajetória política em cima de propostas anti-migrantes.

Uma de suas principais promessas é impor um bloqueio naval para impedir que deslocados internacionais cheguem ao litoral italiano no Mediterrâneo.

Da Ansa

Ao menos 16 migrantes morreram e dezenas estão desaparecidos após dois naufrágios na costa da Grécia, informou nesta quinta-feira (6) a Guarda Costeira.

De acordo com o porta-voz da Guarda Costeira, Nikos Kokkalas, 16 corpos de mulheres foram encontrados após um naufrágio ao leste da ilha de Lesbos.

Nove mulheres foram resgatadas e 14 pessoas estão desaparecidas. As autoridades gregas acreditam que 40 pessoas estavam a bordo da embarcação.

"As mulheres estavam em pânico absoluto", disse Kokkalas.

Algumas horas antes aconteceu outro naufrágio, perto da ilha de Citera, ao sul da península do Peloponeso. A embarcação transportava 95 pessoas, segundo a Guarda Costeira.

Kokkalas afirmou que não há um balanço oficial do naufrágio. Alguns migrantes conseguiram nadar até o resgate e uma operação combinada de navios, bombeiros e policiais conseguiu encontrar 80 pessoas, procedentes do Irã, Iraque e Afeganistão.

O grupo tinha sete mulheres e 18 crianças. Kokkalas afirmou que a embarcação foi completamente destruída.

Os ventos, que chegavam a 102 km/h, prejudicaram os trabalhos de resgate na região de Citera.

O tráfico de migrantes a partir da Turquia aumentou no sul da Grécia à medida que os contrabandistas tentam evitar o reforço dos controles no Mar Egeu.

Grécia, Itália e Espanha são as principais vias de entrada na União Europeia para milhares de pessoas que fogem da África e do Oriente Médio em busca de segurança e melhores condições de vida.

A Guarda Costeira grega informou que resgatou 1.500 pessoas nos primeiros oito meses do ano, contra menos de 600 no ano passado.

Desde janeiro, 64 pessoas morreram em tentativas de chegar à Europa a partir das costas da Turquia, contra 111 em todo o ano de 2021, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A Grécia nega as afirmações de grupos de defesa dos direitos humanos de que muitas pessoas foram devolvidas para a Turquia sem a oportunidade de solicitar asilo.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que tem uma forte rivalidade com Atenas, afirmou em setembro que as "políticas opressivas" da Grécia contra os imigrantes estavam transformando o Egeu em um "cemitério".

O ministro das Migrações da Grécia, Notis Mitarakis, respondeu esta semana que a Turquia está "empurrando violentamente os migrantes para a Grécia".

Ele disse que a Turquia viola as "leis internacionais" e um acordo migratório de 2016 entre a UE e a Turquia, pelo qual o bloco concedeu ajuda econômica a Ancara para que limitasse as saídas de migrantes a partir de seu território. A Turquia nega as acusações.

Ao menos 73 migrantes morreram em um naufrágio na costa da Síria, informou nesta sexta-feira o ministro sírio da Saúde, no acidente no mar com o maior número de vítimas nos últimos anos para o Líbano, de onde zarpou a embarcação.

"Em um balanço provisório, o número de vítimas do naufrágio está em 73, enquanto 20 pessoas recebem atendimento no hospital Al Basel em Tartus", cidade síria, afirmou Hassan Al Ghubach em um comunicado.

Poucos minutos antes, o ministro libanês dos Transportes, Ali Hamie, anunciou um blanço de 61 mortos.

O ministro libanês informou que mais de 100 pessoas, em sua maioria libaneses e sírios, estavam a bordo do pequeno barco que naufragou no Mediterrâneo, na costa da cidade síria de Tartus.

De acordo com as autoridades sírias, a embarcação transportava 150 pessoas.

Entre os resgatados estão cinco libaneses, acrescentou o ministro.

Tartus é o mais meridional dos principais portos sírios e fica pouco mais de 50 quilômetros ao norte da cidade portuária libanesa de Trípoli.

Com a grave crise econômica do Líbano, cada vez mais refugiados sírios e palestinos, e também libaneses, tentam cruzar o Mediterrâneo em embarcações improvisadas rumo aos países europeus e até para a ilha do Chipre, a 175 km da costa libanesa.

Segundo a ONU, pelo menos 38 embarcações com mais de 1.500 pessoas saíram ou tentaram sair ilegalmente do Líbano por via marítima desde 2020.

Pelo menos nove imigrantes morreram afogados e dezenas foram resgatados da água depois de tentarem cruzar o Rio Grande do México para os Estados Unidos, disseram autoridades na sexta-feira.

O Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) dos Estados Unidos disse em comunicado à AFP que os afogamentos ocorreram na quinta-feira (1º), quando um grande grupo tentou atravessar o Rio Grande perto de Eagle Pass, no estado do Texas.

O CBP confirmou 37 pessoas resgatadas, mas encontraram os corpos de nove migrantes, três pelas autoridades mexicanas e seis pelos agentes americanos.

Um total de 53 migrantes foram detidos no lado americano e 39 no lado mexicano do rio.

Nenhuma informação foi fornecida sobre as idades ou nacionalidades dos migrantes.

"A busca continua por outras vítimas em potencial", alertou o escritório.

Um funcionário do CBP disse ao The Washington Post que o afogamento em massa parecia ser o pior em anos no Rio Grande.

Quase 50.000 imigrantes foram presos em Eagle Pass no mês passado, segundo dados do governo.

O chefe dos bombeiros da cidade, Manuel Mello, disse ao The New York Times que os migrantes foram arrastados por fortes correntes a 1,6 km ao sul da Ponte Internacional que liga Eagle Pass a Piedras Negras, no México.

Mello indicou que os afogamentos se tornaram frequentes na região, chegando a ocorrer um por dia.

As recentes mortes em massa de migrantes colocaram em evidência as perigosas jornadas que centenas de milhares fazem todos os anos tentando chegar aos Estados Unidos a partir do México.

Em junho, mais de 50 pessoas morreram sufocadas após serem deixadas em um caminhão em San Antonio, Texas.

A Guarda Costeira grega busca nesta quarta-feira (10) dezenas de migrantes após o naufrágio de sua embarcação na costa da ilha de Cárpatos, no sudeste do mar Egeu, segundo um comunicado dessa instituição.

O navio partiu da cidade turca de Antália, no sul do país e não muito longe das ilhas gregas, e tinha como destino a Itália, segundo a Guarda Costeira.

"Até o momento 29 pessoas, afegãs, iraquianas e iranianas, foram resgatadas e a busca continua porque, segundo suas declarações, entre 20 e 50 outras pessoas estavam no barco que afundou", disse à AFP uma assessora de imprensa da Guarda Costeira.

O canal estatal de televisão ERT informou que o número de pessoas a bordo era de entre 30 e 60.

"Não é possível que esta embarcação transportasse 80 migrantes. Estamos falando de um número menor", disse o porta-voz da Guarda Costeira, Nikos Kokalas, à emissora.

A operação de resgate foi ordenada na madrugada desta quarta-feira pelo ministro da Marinha Mercante, Yannis Plakiotakis, após ser informado do naufrágio.

Quatro barcos que navegavam na área do naufrágio, dois barcos de patrulha da Guarda Costeira e um helicóptero da força aérea grega estão envolvidos na busca dos desaparecidos.

A operação é prejudicada por ventos fortes de 40 km/h a 50 km/h, disse Kokalas à rádio Skai. "Muitos dos náufragos não usavam coletes salva-vidas", acrescentou.

Dezenas de mortos

Um vídeo divulgado pela Guarda Costeira mostrou um helicóptero da força aérea resgatando dois sobreviventes do mar e transportando-os para Karpathos.

Outras 27 pessoas foram transferidas para terra em um cargueiro que se juntou à busca na ilha de Kos, segundo a Guarda Costeira.

No domingo, a Guarda Costeira grega informou que 122 imigrantes foram resgatados perto de Rodes depois que seu barco teve problemas.

A perigosa travessia entre as ilhas gregas e a costa turca no mar Egeu, localizada no leste do Mediterrâneo, ceifa a vida de muitos migrantes e refugiados que tentam chegar à Europa a bordo de barcos improvisados para fugir da guerra e da miséria.

Desde janeiro de 2022, 64 pessoas morreram no Mediterrâneo oriental e 111 em 2021, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM). O número de chegadas de migrantes e refugiados na Grécia, principalmente da Turquia, aumentou este ano, segundo as autoridades gregas.

Atenas acusa Ancara de fechar os olhos aos traficantes de seres humanos e permitir que migrantes cheguem à Grécia em violação de um acordo de março de 2016 que exige que a Turquia reduza a migração de seu território em troca de ajuda financeira europeia. A Turquia nega as acusações.

Quarenta e seis migrantes foram encontrados mortos na segunda-feira (27) dentro e ao redor de um caminhão abandonado em uma rodovia de San Antonio, Texas, informaram as autoridades.

A descoberta macabra é uma das piores tragédias com migrantes nos Estados Unidos nos últimos anos e aconteceu cinco anos após um incidente fatal com características similares na mesma cidade do Texas, que fica poucas horas da fronteira com o México.

"Até o momento registramos 46 corpos", disse o comandante dos bombeiros de San Antonio, Charles Hood.

Ele informou que 16 pessoas - 12 adultos e quatro crianças - foram levadas para o hospital vivas e conscientes.

"Os pacientes que vimos estavam quentes ao toque, estavam sofrendo de insolação, exaustão pelo calor e sem sinais de água no veículo. Era um caminhão refrigerado, mas não havia unidade de ar condicionado visível em funcionamento", disse Hood.

"Esta noite estamos lidando com uma horrível tragédia humana", lamentou o prefeito de San Antonio, Ron Nirenberg, em uma entrevista coletiva.

"Por isso, peço a todos que pensem com compaixão e rezem pelos falecidos, pelos feridos, pelas famílias", disse. "E esperamos que os responsáveis por colocar estas pessoas em condições tão desumanas sejam processados em todo o rigor da lei".

San Antonio, a 250 km da fronteira, é uma importante rota de trânsito para os traficantes.

A cidade sofre com uma onda de calor, que na segunda-feira chegou a 39,5 ºC.

O veículo foi encontrado em uma estrada perto da rodovia I-35, que segue de maneira direta até a fronteira com o México.

Uma grande operação de emergência foi mobilizada com a presença de policiais, bombeiros e ambulância.

O chefe de polícia de San Antonio, William McManus, afirmou que as autoridades foram alertads às 17H50 locais.

"Um funcionário de um dos edifícios atrás de mim ouviu um grito de socorro", disse. "(Ele) saiu para investigar, encontrou um contêiner com as portas parcialmente abertas, ele abriu para dar uma olhada e encontrou vários indivíduos falecidos".

Três pessoas foram detidas, mas o chefe de polícia não sabe se "estão absolutamente conectadas com isto ou não". A investigação foi transferida para o Departamento de Segurança Nacional.

Quase 60 bombeiros foram enviados ao local e devem receber apoio psicológico, confirmou Charles Hood. "Não estamos preparados para abrir um caminhão e ver diversos corpos lá", explicou.

O governador do Texas, Greg Abbott, republicano que defende a linha dura contra a migração, atacou o presidente Joe Biden e culpou as "mortais políticas de fronteiras abertas" do democrata.

"Estas mortes estão na conta de Biden", tuitou Abbott. "Mostaram as consequências mortais de sua recusa em fazer cumprir a lei".

O ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, lamentou a tragédia. Ele disse que as nacionalidades das vítimas não foram determinadas, mas que entre os sobreviventes estão dois guatemaltecos.

Caminhões como o encontrado em San Antonio são um meio de transporte amplamente utilizado por migrantes que buscam entrar nos Estados Unidos.

A viagem é extremamente perigosa, principalmente porque os veículos desse tipo geralmente não possuem sistemas de ventilação ou refrigeração.

"O Senhor tenha misericórdia deles. Esperavam uma vida melhor", escreveu no Twitter o arcebispo de San Antonio, Gustavo Garcia-Siller.

"Mais uma vez, a falta de coragem para lidar com uma reforma migratória está matando e destruindo vidas.

- Tragédia repetida -

San Antonio foi cenário de uma tragédia similar em 2017, quando 10 pessoas morreram sufocadas em um contêiner que seguia para os Estados Unidos. O ar condicionado do caminhão estava danificado e os espaço de ventilação cobertos.

Dezenas foram hospitalizadas por insolação e desidratação, embora se acredite que o caminhão transportasse até 200 pessoas - a maioria fugiu quando o veículo parou em um estacionamento.

O motorista do caminhão, que alegou não saber que transportava mais de 100 pessoas no veículo, foi condenado em abril de 2018 à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

A embarcação humanitária da ONG SOS Mediterranée, Ocean Viking, resgatou neste domingo (26) 75 migrantes que estavam em "uma embarcação inflável sobrecarregada e em perigo" em águas líbias, aumentando para 90 o número de sobreviventes a bordo, indicou a ONG em comunicado.

Entre os resgatados neste domingo, "nenhum dos quais possuía coletes salva-vidas, estão 34 menores desacompanhados, quatro mulheres grávidas, oito crianças e um bebê de 9 meses", detalhou a ONG sediada em Marselha, no sul da França.

Na sexta, o Ocean Viking já havia resgatado 15 pessoas "que estavam em perigo em uma embarcação de fibra de vidro em águas internacionais em frente à Líbia", indicou a SOS Mediterranée. Estes resgatados também não levavam coletes salva-vidas.

Com a ação deste domingo, o número de resgatados a bordo da embarcação humanitária, fretada pela ONG em associação com a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, chega a 90.

Cerca de 17.000 pessoas cruzaram o Mediterrâneo Central desde o início deste ano, segundo Ministério do Interior italiano.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), pelo menos 1.553 pessoas perderam a vida ou desapareceram no Mediterrâneo em 2021.

Mais de 100 migrantes foram resgatados no Mar Egeu neste domingo (19), e quatro deles estão desaparecidos - informou a Guarda Costeira grega.

"Uma grande operação de resgate de imigrantes está em curso desde sábado à noite, ao sul da ilha de Delos. Até agora, 108 imigrantes foram resgatados e, segundo eles, outros quatro estão desaparecidos", disse a Guarda Costeira em um comunicado.

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Entre os migrantes resgatados, há 24 mulheres e 21 crianças. Três pessoas foram levadas para um centro de saúde de Mykonos.

Após receber um pedido de socorro, a polícia portuária enviou três barcos e um rebocador para ajudar os migrantes, em uma embarcação procedente da Turquia, relatou a Guarda Costeira à AFP.

Hoje de manhã, os migrantes foram levados para a ilha de Mykonos. Os trabalhos de busca continuam, segundo a mesma fonte.

Em um tuíte, o ministro grego das Migrações, Notis Mitarachi, pediu ao governo turco que faça mais para proteger as vidas humanas e erradicar as redes de tráfico de pessoas.

Os migrantes que entram em território mexicano pela fronteira sul sofrem "abusos" pelas medidas adotadas pelo México e por Washington para impedir sua chegada aos Estados Unidos, denunciou a Human Rights Watch nesta segunda-feira (6), coincidindo com o início da Cúpula das Américas.

Os pedidos de status de refugiados e as detenções de migrantes no México "têm aumentado drasticamente" na medida em que o presidente americano, Joe Biden, segue restringindo o acesso ao asilo na fronteira sul", alertou a ONG em um relatório.

Segundo a HRW, "aqueles que cruzam a fronteira sul do México fugindo da violência e da perseguição tem dificuldades para obter proteção, enfrentam graves abusos e atrasos".

"Muitas vezes se veem obrigados a esperar durante meses em condições desumanas perto da fronteira sul do México, enquanto batalham para encontrar trabalho ou moradia".

Para Tyler Mattiace, pesquisador para as Américas da Human Rights Watch, "a delegação da aplicação migratória americana ao México deu lugar a graves abusos e obrigou centenas de milhares de pessoas a esperar, em condições assustadoras, para buscar proteção".

Em 2021, o México deteve 307.569 migrantes e 130.863 pessoas solicitaram o status de refugiado, um recorde para ambos, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).

Biden "continuou com muitas das políticas abusivas contra a imigração" de seu antecessor, Donald Trump, "como pressionar o México para que impeça os migrantes de chegar aos Estados Unidos" e bloquear o acesso ao asilo na fronteira através de políticas como o Título 42, uma norma sanitária que Biden tentou rescindir, mas foi impedido por um juiz, e o "Fique no México", denunciou a ONG.

O chefe de Estado mexicano, Andrés Manuel López Obrador, enviou quase 30.000 soldados e agentes do Instituto Nacional de Migração (INM) para deter os imigrantes irregulares no país, acrescentou.

O Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos estima um total de aproximadamente 7.500 detenções de imigrantes não autorizados por dia ao longo da divisa com o México, um número quase cinco vezes maior que a média entre os anos de 2014 e 2019.

E milhares de pessoas continuam chegando a essa fronteira: hoje, uma caravana que se reuniu no sul do México partiu rumo ao norte.

Biden espera alcançar uma declaração regional sobre migração durante a Cúpula das Américas, que acontece esta semana em Los Angeles, um tema essencial a poucos meses das eleições de meio mandato de novembro.

Mas os líderes de países-chave para discutir a crise migratória, como México, Honduras e Guatemala, se recusaram a participar da reunião regional.

A maioria dos migrantes que entra pela fronteira sul do México vem da América Central e do Caribe, e quase metade dos que pediram asilo eram haitianos, informou a Human Rights Watch. A organização apontou também que a maior parte entra pelas redondezas da cidade de Tapachula, no estado de Chiapas.

Segundo entrevistas e documentos da ONG citados no relatório, a maioria afirma fugir da violência ou da perseguição em seus países.

Muitos dizem escapar de ameaças de morte, extorsão e do recrutamento forçado por parte de gangues e cartéis de drogas em Honduras, Guatemala e El Salvador. Fogem também da perseguição política e dos abusos generalizados contra os direitos humanos em Cuba, Nicarágua e Venezuela.

Ao chegar ao México, temem que os agentes do INM os deportem. Alguns afirmam que lhes foi negada proteção, que foram dissuadidos de solicitar o status de refugiados e pressionados a aceitar o retorno voluntário.

"Pensei que nos ajudariam quando chegássemos ao México, mas [...] nos rejeitaram", declarou um homem que afirma fugir do recrutamento forçado de gangues em Honduras, citado no relatório.

A autoridade responsável pelos refugiados no México, a Comissão Mexicana de Atenção ao Refugiado (Comar, independente do INM) recebeu em 2021 mais de 130.000 pedidos, mas só processou 38.000.

Fraturas expostas, órgãos perfurados e aborto espontâneo: esse é o triste balanço das tentativas desesperadas dos migrantes de escalar o muro na fronteira entre o México e a cidade californiana de San Diego, fechado pelas autoridades americanas com o pretexto do coronavírus.

"Você e eu não pularíamos um muro de nove metros, mas eles pulam. É o desespero", explica o médico Jay Doucet, chefe de traumatologia do Hospital da Universidade da Califórnia, em San Diego.

Sem surpresa, o número de mortos e feridos aumentou proporcionalmente à altura do muro.

Um estudo publicado por Doucet e colegas em abril contabiliza 67 pacientes em San Diego entre 2016 e 2018 ligados ao muro. Mas desde 2019, quando vários trechos foram aumentados de 5,4 para 9,1 metros, por ordem do ex-presidente Donald Trump, 375 pessoas foram hospitalizadas e 16 morreram.

"Temos evidências empíricas claras que esses muros mais altos não param nem desviam os fluxos migratórios, mas causam ferimentos cada vez mais graves", lamenta Carlos González Gutiérrez, cônsul mexicano em San Diego, que acompanhou a hospitalização de centenas de mexicanos.

O muro, que em sua maior parte é uma cerca de barras muito grossas, impossíveis de segurar com as mãos, margeia o país por meio de morros e dunas, entrando até nas águas do Pacífico.

Se de longe é imponente, de perto parece intransponível.

"Não sei como subi, foi tudo muito rápido, quando vi, já estava do outro lado", diz M., imigrante que deixou a Colômbia com sua família que estava sob ameaça. Sua filha quebrou o tornozelo e esteve hospitalizada por várias semanas.

Em busca de asilo, a família não procurou as autoridades por medo de que seu caso fosse ignorado sob o Título 42, a política de saúde que os Estados Unidos implementaram na fronteira durante a pandemia com base em uma lei de 1893 e que permite a expulsão de qualquer pessoa sem visto, incluindo os requerentes de asilo.

O muro assustou, mas não os impediu: "Não podíamos voltar".

"Durante a pandemia, muitos migrantes em busca de asilo se desesperaram porque não podem se apresentar legalmente. Isso os leva a seguir rotas perigosas pelo deserto, montanhas ou oceano", diz Pedro Ríos, da ONG Comité de Servicio de los Amigos de Estados Unidos.

Washington anunciou que anularia a medida em 23 de maio, mas com a oposição de vários governadores, a justiça tem a palavra final.

"O título 42 gera enorme sofrimento humano", explica Aaron Reichlin-Melnick, consultor de políticas da organização sem fins lucrativos American Council for Migration.

"2021 e 2022 serão os anos mais mortais para as pessoas que cruzam a fronteira", acredita.

As autoridades registraram 557 mortes na fronteira sudoeste dos Estados Unidos em 2021, mais que o dobro das 283 mortes em 2018, antes do Título 42 e da construção do muro.

"Os números continuam aumentando", aponta o Dr. Doucet, que atualmente trata sete pacientes, um em estado crítico com múltiplas fraturas e lesões no cólon e nos pulmões.

- "Desesperados"-

O Título 42, usado mais de 1,8 milhão de vezes, contempla a expulsão imediata sem consequências legais, razão pela qual os imigrantes podem tentar atravessar infinitas vezes.

As autoridades americanas interceptaram 1,73 milhão de pessoas no ano fiscal de 2021 (de outubro a setembro), mais da metade pelo Título 42. Esse recorde poderá ser superado em 2022, que já soma 1,2 milhão.

"Muitas das expulsões são de uma mesma pessoa que atravessou várias vezes", esclarece Reichlin-Melnick, que descarta a falta de recursos ou motivos sanitários para manter a medida.

"Mais de 20.000 ucranianos foram admitidos em San Diego e outras fronteiras em dois meses", aponta Reichlin-Melnick.

"Isso mostra que o Título 42 não é sobre saúde. Não há razão para admitir milhares de ucranianos e impedir que nicaraguenses, venezuelanos ou haitianos busquem asilo".

"Parte do problema é que pensamos que soluções simples, como um muro, fariam o problema desaparecer, mas pioraram", diz Doucet, que tratou mulheres grávidas e idosos.

Ele faz uma pausa de alguns segundos quando ouve um helicóptero que, segundo sua experiência, pode estar trazendo outro paciente do muro.

O Dr. Doucet não tem dúvidas de que, se expulsos, muitos tentarão novamente. "As pessoas não entendem o quão eles estão desesperados para entrar nos Estados Unidos em busca de uma vida melhor."

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