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Uma caravana de cerca de 600 migrantes, a maioria centro-americanos, entrou em confronto nesta sexta-feira (1º), usando pedras e paus, com guardas nacionais, que responderam com gás lacrimogêneo, em uma estrada no sul do México, no estado de Chiapas.

O grupo, que tenta chegar ao norte para cruzar para os Estados Unidos, saiu ao amanhecer da cidade fronteiriça de Tapachula e, após caminhar algumas horas, foi inicialmente reprimido por agentes do Instituto Nacional de Migração (INM) e guardas, informaram autoridades e ativistas.

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As forças de segurança se viram superadas pelos migrantes, que depois de alguns empurrões, conseguiram seguir em frente, ainda que em um número menor. Alguns quilômetros adiante, porém, se depararam com uma segunda operação.

Diante do bloqueio, a caravana reagiu lançando paus e pedras, mas foi dispersada com gás lacrimogêneo, segundo imagens da imprensa local e denúncias de ativistas.

Durante a ação, dezenas de pessoas foram detidas e outras se entregaram, em sua maioria mulheres e crianças. Um grupo conseguiu fugir correndo entre a vegetação.

O ativista mexicano Luis Villagrán, que acompanha a caravana, denunciou o uso da força contra os migrantes e lamentou que as autoridades tenham negado a petição para agilizar sua situação legal.

Há anos, logo antes da Semana Santa, migrantes sem documentos acompanhados por ativistas mexicanos realizam uma jornada pelo país, às vezes até a fronteira norte, que chamam de “Via Crucis migrante” e que em 2018 deu origem às caravanas.

A estratégia do governo do México tem sido montar operações de retenção no caminho dos migrantes, especialmente em Chiapas, na fronteira com a Guatemala.

O número de pessoas que tentam chegar aos Estados Unidos cresceu com a chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca em janeiro de 2021. De acordo com dados oficiais, no ano passado, 307.679 migrantes foram detidos.

Espera-se um fluxo ainda maior após a suspensão nesta sexta pelos Estados Unidos da ordem de saúde pública conhecida como Título 42, que previa a expulsão de migrantes sem documentos como medida de precaução pela pandemia de covid-19.

Quase 2.500 migrantes irregulares se aglomeraram na cerca alta que separa Marrocos e Espanha através do enclave espanhol de Melilla nesta quarta-feira (2), e 500 conseguiram atravessá-la - informou a delegação do governo (prefeitura) sobre a maior tentativa desse tipo dos últimos anos.

"Houve um salto em massa para a cerca fronteiriça de Melilla por parte de um grupo composto por cerca de 2.500 subsaarianos", informou a delegação em um comunicado, que estabeleceu em 491 os migrantes que conseguiram entrar nesta cidade que constitui, juntamente com Ceuta, a única fronteira terrestre entre a África e a União Europeia.

"Foi a maior tentativa de entrada já registrada", acrescentaram as autoridades. A delegação do governo se referiu à "grande violência praticada pelos migrantes, que usaram ganchos, paus e parafusos nos sapatos e que se dedicaram a jogar pedras".

Dezesseis agentes e 20 migrantes ficaram levemente feridos. A polícia espanhola "neutralizou, em grande parte, o grande grupo de pessoas que tentou acessar nossa cidade" pela área de Villa Pilar, disse a nota.

Cerca tripla

Imagens da emissora local Faro TV mostram centenas de migrantes em sua chegada. A maioria fazia gestos de felicidade - apesar das feridas ensanguentadas em alguns - por terem conseguido entrar na Europa.

A fronteira em Melilla consiste em uma cerca tripla de arame com vários metros de altura e em torno de 12 km de comprimento. Tal como a de Ceuta, está equipada com câmeras de vídeo e torres de vigilância.

Ambos os enclaves são alvo de inúmeras tentativas de entrada de migrantes clandestinos que tentam chegar à Europa, fugindo da guerra, ou da pobreza, depois de terem atravessado parte da África até o Marrocos.

A entrada desta quarta-feira foi, no entanto, a maior registrada nas cercas dos dois enclaves espanhóis desde julho de 2018, quando 600 migrantes conseguiram pular a de Ceuta.

Em 2021, 1.092 migrantes conseguiram entrar em Melilla, o que representa uma queda de 23% em relação a 2020, segundo dados do Ministério do Interior espanhol. O número de 2021 foi 23% menor que o do ano anterior.

Esta entrada massiva em Melilla ocorre menos de um ano após a de mais de 10.000 migrantes, a grande maioria deles do Marrocos, em maio de 2021, em Ceuta. Aproveitando-se da flexibilização dos controles fronteiriços do lado marroquino, a maioria entra por mar, ou através do dique que marca a fronteira.

Essa chegada excepcional ocorreu no contexto de uma grande crise diplomática entre Madri e Rabat, provocada pela recepção na Espanha do líder do movimento de independência saarauí da Frente Polisário, Brahim Ghali, inimigo jurado de Rabat.

Embora as tensões tenham diminuído desde então, a situação não voltou totalmente ao normal entre os dois países.

A Espanha exerce sua soberania sobre Ceuta desde 1580, e sobre Melilla, desde 1496. Marrocos considera ambas, porém, como parte integrante de seu território.

Centenas de imigrantes se manifestaram nesta segunda-feira (14) em frente à Casa Branca, em Washington, e em outras cidades dos Estados Unidos, e milhares não foram trabalhar em resposta a uma convocação no TikTok para reivindicar uma reforma migratória.

Aos gritos de "não somos um, não somos cem, somos milhões, conte-nos direito!" e "o que queremos? Cidadania, agora, agora, agora", centenas de imigrantes enfrentaram um frio congelante para dizer ao presidente Joe Biden que "se sentem decepcionados e querem que ele cumpra as promessas da campanha eleitoral", disse à AFP Carlos Eduardo Espina, o influenciador que convocou o protesto na rede social.

"Presidente, acorde, essas pessoas que levaram a frente (o país) durante a covid, que cultivaram a terra e levaram comida para as mesas, as mulheres que cuidaram das crianças, os idosos, os que trabalharam na limpeza, na lojas, na construção, as empregadas domésticas" querem ser reconhecidas, declarou no microfone Lenka Mendoza, de origem peruana.

- Os esquecidos -

“São heróis que trabalharam durante a pandemia e não podemos permitir que continuem esquecidos”, acrescentou a mulher, que sabe muito bem o que significa lutar por seus ideais.

No mesmo local, em frente à Casa Branca, há oito anos, fez uma greve de fome de 18 dias para que o ex-presidente Barack Obama assinasse um programa para ajudar pais sem documentos com filhos americanos, que posteriormente seu sucessor Donald Trump encerrou.

Atualmente, estão pedindo a Biden um caminho para a cidadania. O presidente propôs uma reforma para levar cidadania a 11 milhões de imigrantes indocumentados em um país que não tem uma lei desse tipo há 35 anos, mas suas principais iniciativas estão paralisadas, sem apoio suficiente no Senado, onde ele se depara com uma oposição frontal dos republicanos e de alguns centristas.

A iniciativa "Um Dia Sem Imigrantes" - que conta com o apoio de parlamentares como Alexandria Ocasio-Cortez, de origem porto-riquenha, e Ilhan Omar, ex-refugiada somali e muçulmana - mobilizou milhares de pessoas desde que Espina, que tem mais de 2,5 milhões de seguidores no TikTok, a convocou há menos de 15 dias.

A data escolhida corresponde ao Dia dos Namorados nos EUA. “É um dos dias de maior gasto no país. Mas se não fossem os imigrantes, esse dia tão comercial não seria possível", diz a página do movimento no Facebook.

- "É assim que nos pagam" -

O mexicano Leopoldo López, de 43 anos, foi um dos que decidiu aderir à ação e fechou sua empresa de mudanças em Nova York. "Não estamos roubando aqui, estamos criando empregos. Emprego 12 cidadãos e viajo pelo país onde preciso de mão de obra e dou trabalho", disse à AFP.

"Trabalhamos batendo de porta em porta para movimentar a votação e é assim que nos pagam, com essas injustiças", queixou-se Anselmo Salazar, referindo-se aos democratas, diante dos manifestantes que gritavam palavras de aprovação. "Quero te dizer, Joe Biden: se não cumprir sua promessa, ficará sonhando com a reeleição."

Em 2020, os latinos foram a maior minoria com participação nas urnas e, segundo algumas estimativas, votaram em torno de 70% nos democratas e quase 30% nos republicanos, embora os percentuais variem muito entre estados.

Os organizadores do protesto desta segunda-feira pedem a todos os migrantes nos Estados Unidos que liguem e escrevam para os congressistas de seu estado para solicitar que se mobilizem por "uma reforma migratória para todos, que lhes permita trabalhar legalmente e viajar livremente (...) sem risco de deportação”.

"Aqui não temos lados políticos", afirma Espina. "Não apoiamos mais promessas, mas sim fatos."

Ao menos 16 migrantes morreram no mar Egeu na sexta-feira no naufrágio de uma embarcação, poucas horas depois de um acidente similar que provocou 11 óbitos, informou a Guarda Costeira da Grécia.

De acordo com as autoridades do país, a Guarda Costeira encontrou os corpos de 12 homens, três mulheres e um bebê e conseguiu resgatar 63 pessoas de após um naufrágio perto da ilha de Paros.

Esta foi a terceira tragédia do tipo desde quarta-feira no país.

Na manhã de sexta-feira, a Guarda Costeira concluiu uma operação para resgatar 90 migrantes que ficaram bloqueados ao norte da ilha grega de Antikythera, depois que o bote em que viajavam sofreu um acidente. Entre os sobreviventes estavam 52 homens, 11 mulheres e 27 crianças.

Ao menos 11 pessoas morreram na tragédia.

Na quarta-feira, um bote que transportava migrantes afundou perto da ilha de Folegandros e pelo menos três pessoas morreram. Treze foram resgatadas, mas dezenas (entre 32 e 50, segundo os sobrevivente) permanecem desaparecidas.

Pelo menos 53 migrantes morreram e mais de 40 ficaram feridos nesta quinta-feira, 9, quando um caminhão que os transportava ilegalmente pelo sul do México capotou. As pessoas estavam cruzando o país na tentativa de entrar ilegalmente nos Estados Unidos. Em nota, o Ministério Público Federal do México afirma que três dos feridos estavam em estado grave. O diretor de Proteção Civil do Estado de Chiapas, Luis Manuel García Moreno, informou que 40 dos feridos foram transferidos para diversos hospitais.

O responsável indicou que 107 pessoas viajavam no veículo, mas os primeiros socorristas que chegaram ao local afirmaram que devia haver mais, porque vários até fugiram mesmo feridos, com medo de serem detidos por agentes da imigração. Segundo os sobreviventes, a maioria dos migrantes era de guatemaltecos, mas havia hondurenhos e pessoas de outras nacionalidades.

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O acidente ocorreu por volta das 15h30 (17h30, horário de Brasília), quando o caminhão-baú, que aparentemente estava em alta velocidade, capotou em uma curva e atingiu a base de uma passarela em uma área próxima à capital da região de Chiapas, Tuxtla Gutiérrez. Com isso, a carreta que transportava passageiros se desprendeu e as vítimas se espalharam pela estrada.

De acordo com a mídia mexicana, o motorista do caminhão fugiu após o acidente, que ocorreu na rodovia Panamericana. O veículo vinha do município de Comitán, na fronteira com a Guatemala. Bombeiros, agentes da Proteção Civil e da Cruz Vermelha se dirigiram ao local para fazer resgates. Moradores e motoristas que passavam pela estrada cederam seus veículos para levar os feridos aos hospitais.

"Estou um tanto inconsciente '', afirmou o guatemalteco Celso Pacheco, tentando se recuperar do choque e, enquanto ao seu redor, pessoas corriam com feridos em macas. Pacheco afirmou que havia cerca de uma dúzia de crianças no caminhão. Vários corpos de migrantes foram espalhados no asfalto enquanto muitos outros estavam dentro da carreta toMbada, onde alguns sobreviventes se desesperaram entre os cadáveres.

Um dos primeiros paramédicos que atendeu as vítimas e que, como outros socorristas, pediu para não ser identificado por não estar autorizado a fazer declarações públicas, indicou que vários migrantes buscaram refúgio nos bairros próximos, ensanguentados ou machucados.

O diretor de Proteção Civil destacou que, de acordo com os depoimentos dos sobreviventes, o veículo veio de Comitán de Domínguez, município fronteiriço com a Guatemala. É uma rota comum para o contrabando ilegal de migrantes, que são colocados amontoados em caixas de caminhões e, assim, atravessam grande parte do México. (Com agências internacionais).

O papa Francisco conclui nesta segunda-feira (6) a visita à Grécia, marcada por seus apelos para um melhor tratamento aos migrantes na Europa e por seu encontro com refugiados na ilha de Lesbos.

Nesta segunda-feira, após uma reunião com jovens em uma escola católica, o pontífice deixará Atenas e retornará a Roma.

Desde sua chegada no sábado à Grécia, Francisco se reuniu com o líder da Igreja ortodoxa grega e visitou o acampamento de Mavrovouni, na ilha de Lesbos, onde chamou o tratamento reservado aos migrantes de "naufrágio da civilização".

Após sua visita às instalações, o papa celebrou uma missa para 2.000 fiéis na capital grega, onde fez um apelo por respeito aos "pequenos e humildes".

Em 2016, Francisco visitou o acampamento de Moria, em Lesbos, quando a ilha era a principal porta de entrada para migrantes que pretendiam chegar ao continente europeu.

Durante sua visita a Mavrovouni, que foi mais curta que a passagem por Moria, o pontífice foi recebido por vários migrantes no acampamento, que abriga quase 2.200 solicitantes de asilo.

As pessoas se reuniram depois em uma tenda para entoar canções e salmos para Francisco, que não escondeu a emoção.

"Estou tentando ajudá-los", disse o papa a um grupo com a ajuda de um intérprete.

O acampamento de Mavrovouni foi criado rapidamente, após o incêndio que destruiu o de Moria, que era o maior da Europa.

Em uma rodovia mexicana, agentes encontram um grupo de migrantes para oferecer-lhes residência temporária, caso abandonem uma caravana, com a qual pretendem chegar aos Estados Unidos sem visto.

Exaustos, alguns aceitam; outros, desconfiados, continuam a caminhada.

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"Convidamos vocês a se aproximarem para que possam receber um cartão!", anuncia pelo alto-falante o funcionário de um posto de controle de imigração na cidade de Suchilapan, no estado de Veracruz, no sudeste do país.

Dezenas de agentes explicam aos migrantes, com mais de 500 km de caminhada pela frente, que o documento vai permitir que eles permaneçam no país por pelo menos um ano por motivos humanitários.

Se aceitarem, devem entrar em um ônibus e ir para um abrigo para receber a credencial. Depois disso, podem até viajar por conta própria para a fronteira com os Estados Unidos, garantem funcionários do Instituto Nacional de Migração (INM).

Cerca de 1.500 pessoas concordaram, segundo a agência, o que reduziu consideravelmente a caravana desde que ela deixou Tapachula, na fronteira sul com a Guatemala, em 23 de outubro.

Outras 800 pessoas seguiram viagem. A maioria delas são centro-americanos que dizem fugir da violência e da pobreza em seus países.

O trabalho convincente dos agentes chega a vincular sua oferta à reunião que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, terá nesta quinta-feira, em Washington, D.C., com seus homólogos mexicano, Andrés Manuel López Obrador, e canadense, Justin Trudeau.

"Será mais fácil ter residência permanente com os presidentes do México e dos Estados Unidos em acordo", garante um migrante em um posto de controle em Nuevo Morelos, no estado de Veracruz.

- Ato de fé -

Nesse ponto, alguns funcionários diminuem o tom, ao perceberem a proximidade da imprensa.

Em Suchilapan, a resposta é direta.

"Mentira, vão deportar a gente!", gritam homens e mulheres indignados. Alguns dizem que colegas que aceitaram essa opção acabaram detidos em postos de imigração.

A hondurenha Elena Raudales mostra à AFP o "cartão de visitante por motivos humanitários" com seu nome e fotografia.

"Vence em abril do ano que vem e, mesmo assim, me prenderam há dois meses e me mandaram de volta (mais perto da fronteira com a Guatemala). Não vamos acreditar em mais nada", disse ela, em Nuevo Morelos.

Irineo Mujica, líder da organização Pueblos Unidos Migrantes, que acompanha a caravana, adverte que o cartão não é válido para trabalhar.

Com o passar dos dias, as condições se tornam mais difíceis, já que as autoridades proíbem os motoristas de veículos de carga de darem carona aos imigrantes.

O fluxo de imigrantes sem documentos se multiplicou, coincidindo com a chegada de Biden à Casa Branca, após uma campanha na qual prometeu adotar um tratamento mais humano.

Mais de 190.000 deles foram detectados pelas autoridades mexicanas entre janeiro e setembro, um número três vezes maior do que em 2020. Destes,cerca de 74.300 foram deportados.

Entre outubro de 2020 e setembro de 2021, os Estados Unidos registraram o ingresso em seu território, pela fronteira mexicana, de 1,7 milhão de pessoas em condições ilegais - um recorde histórico.

Uma pequena embarcação com 62 migrantes, entre os quais havia sete mortos, foi resgatada no sábado ao sul da ilha de Gran Canária, na Espanha, enquanto outro migrante morreu assim que chegou em terra, informaram neste domingo (14) os serviços de emergência.

Os ocupantes da embarcação, que ficou à deriva por pelo menos uma semana, são oriundos do norte da África, da região do Magrebe.

Durante o resgate, três deles foram levados em um helicóptero a um hospital da ilha para receber atendimento de urgência.

Ao chegarem ao porto de Arguineguín, em Gran Canária, vários ocupantes da embarcação foram conduzidos para centros de saúde para receber tratamento, informou o serviço de emergência do arquipélago espanhol situado no Oceano Atlântico, perto da costa noroeste da África.

A embarcação foi avistada por um veleiro francês por volta das 18h00 locais (15h00 no horário de Brasília), a cerca de 38 milhas náuticas do sul da ilha, informou à AFP a Sociedade de Salvamento e Segurança Marítima (Sasemar) da Espanha, que enviou um navio de resgate ao local. Ainda não se sabe de onde e quando exatamente a embarcação dos migrantes havia zarpado.

Ao chegar no local, a Sasemar constatou a presença de sete corpos entre os ocupantes de pequena embarcação e recorreu à ajuda de um helicóptero para transportar os três migrantes que precisavam de assistência urgente.

Na mesma noite, outro barco com 36 migrantes foi localizado oito milhas ao sul de Gran Canária, com todos os ocupantes em bom estado. Neste grupo, havia uma mulher e uma criança, segundo o serviço de emergência das Ilhas Canárias.

Esses dramas migratórios são recorrentes nas costas espanholas, que os imigrantes tentam alcançar, apesar dos perigos, a partir do Marrocos ou da Argélia, principalmente.

No total, 32.713 imigrantes chegaram por mar à Espanha entre janeiro e outubro deste ano, 24,2% a mais que no mesmo período de 2020, de acordo com os números do Ministério do Interior.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 2021 já é o ano mais mortal na rota migratória até a Espanha, com pelos menos 1.025 óbitos.

A rota até as Ilhas Canárias é particularmente perigosa. Ao menos 785 personas morreram tentando alcanças as praias do arquipélago entre janeiro e agosto deste ano, segundo a OIM.

Polônia e Belarus trocaram acusações nesta terça-feira (9) pela presença de milhares de migrantes que tentavam entrar no território polonês, o que, segundo Varsóvia, ameaça a segurança da União Europeia (UE).

Minsk fez uma advertência contra as "provocações" na fronteira, para onde os dois países mobilizaram soldados em um momento de grande tensão.

Milhares de pessoas, muitas delas em fuga da guerra e da pobreza no Oriente Médio, tentam sobreviver a céu aberto em condições muito difíceis e sob temperaturas gélidas.

A UE acusa o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, de orquestrar a crise em represália pelas sanções ocidentais contra Minsk. Ele nega.

Na segunda-feira (8), a Polônia bloqueou uma tentativa de milhares de migrantes de ultrapassarem o arame farpado da linha de fronteira.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, afirmou nesta terça-feira que Varsóvia continuará impedindo sua entrada.

"Fechar a fronteira polonesa é nosso interesse nacional. Mas agora é a estabilidade e a segurança de toda União Europeia que estão em jogo", escreveu o chefe de Governo polonês no Twitter.

"Este ataque híbrido do regime de (Alexander) Lukashenko está direcionado para todos nós. Não seremos intimidados e defenderemos a paz na Europa com nossos sócios da Otan e da UE", completou.

Em resposta, o Ministério bielorrusso da Defesa considerou a versão como "infundada e injustificada", ao mesmo tempo em que acusou a Polônia de aumentar "deliberadamente" as tensões.

Também afirmou que a Polônia mobilizou 10.000 militares para a fronteira sem aviso prévio às autoridades de Belarus, o que classificou de violação dos acordos de segurança mútua.

"Queremos advertir de antemão à parte polonesa que evite qualquer provocação direcionada à República de Belarus para justificar o uso ilegal da força contra pessoas indefesas e desarmadas, incluindo crianças e mulheres", afirmou o Ministério das Relações Exteriores de Belarus em um comunicado.

Em um cenário de crise, Estados Unidos e UE pediram a Belarus para deter o que chamaram de "fluxo orquestrado de migrantes".

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) também acusou Minsk de usar os migrantes como peões políticos, enquanto a UE pediu novas sanções contra o regime bielorrusso.

- Bloqueados -

Muitos migrantes que desejam entrar na Polônia fogem de conflitos e da pobreza em países do Oriente Médio.

Eles afirmam que estão bloqueados: Belarus impede o retorno a Minsk para uma viagem de retorno a seus países, enquanto a Polônia não permite a entrada para a solicitação de asilo.

"De acordo com nossos cálculos, pode haver entre 12.000 e 15.000 migrantes em Belarus", disse o porta-voz dos serviços especiais da Polônia, Stanislaw Zaryn.

Quase 4.000 estariam na área de Kuznica, perto da fronteira com a Polônia.

A agência de notícias bielorrussa Belta informou a presença de 3.000 pessoas em um acampamento perto da fronteira.

O porta-voz do governo polonês, Piotr Muller, advertiu na segunda-feira que "pode acontecer uma escalada deste tipo de ação na fronteira em um futuro próximo".

Hoje, o ministro bielorrusso do Interior, Ivan Kubrakov, afirmou que os migrantes estão "legalmente" na ex-república soviética e que "até agora não aconteceu violação da lei por parte dos migrantes".

burs-amj/mas/yad/mas/es/fp/tt

O papa Francisco pediu neste domingo (24) à comunidade internacional para solucionar a crise migratória da Líbia, apesar da falta de acordo entre os países da União Europeia (UE) sobre como administrar os fluxos de migrantes ao bloco.

"Expresso minha proximidade com os milhares de migrantes, refugiados e outras pessoas que precisam de proteção na Líbia", afirmou, antes de destacar que nunca esquecerá estas pessoas.

"Escuto os seus gritos e rezo por vocês", declarou Francisco durante a tradicional oração dominical do Angelus na Praça de São Pedro, no Vaticano.

"Muitos destes homens, mulheres e crianças são objetos de uma violência desumana (...) Mais uma vez exorto a comunidade internacional a cumprir suas promessas e encontrar soluções comuns, concretas e duradouras para administrar os fluxos migratórios na Líbia e em todo o Mediterrâneo", acrescentou o papa.

"Devemos acabar com a devolução de migrantes a países inseguros", priorizando o resgate e salvamento no mar, assim como um desembarque seguro, "garantindo condições de vida dignas, alternativas à detenção, rotas migratórias regulares e acesso aos procedimentos de asilo".

A Itália enfrenta ondas de migrantes que atravessam o Mediterrâneo a partir da Líbia, com centenas de pessoas que chegam a suas costas quase diariamente.

Neste domingo, a linha direta para o resgate de migrantes Alarm Phone indicou que dois botes infláveis com entre 60 e 68 pessoas a bordo precisam de ajuda urgente no Mediterrâneo.

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) informou que o navio de auxílio "Geo Barents" resgatou 95 pessoas no sábado à noite, o que eleva a 296 o número de migrantes atualmente a bordo.

A UE, no entanto, deslocou a atenção do Mediterrâneo para a fronteira entre Belarus e seus vizinhos do bloco, Letônia, Lituânia e Polônia, depois que milhares de migrantes tentaram entrar nestes Estados do leste da UE durante os últimos meses.

Uma reunião esta semana mostrou mais uma vez as divisões entre os países membros da UE sobre questão dos migrantes. Alguns Estados, incluindo Polônia e Lituânia, pediram que o bloco financie as barreiras nas fronteiras com países extracomunitários.

No noroeste da Bósnia, migrantes relatam que policiais croatas os espancam com cassetetes, os ameaçam com armas e os roubam. Mesmo assim, não desistem da enésima tentativa de atravessar este país da União Europeia antes do inverno.

"Os policiais croatas reagem como ogros, espancam todos, refugiados, crianças, mulheres, jovens, idosos", conta à AFP Ibrahim Rasool, de 32 anos, que fugiu do Afeganistão há quatro anos.

Com dezenas de famílias, principalmente afegãs, sobrevive em um acampamento em Velika Kladusa, um vilarejo perto da fronteira com a Croácia, onde espera ingressar na União Europeia.

Há anos, os defensores dos direitos humanos acusam a polícia croata de repelir migrantes na fronteira de forma violenta e humilhante, com base em testemunhos de refugiados, mas também de fontes dentro da polícia.

Zagreb negava sistematicamente até a recente publicação na mídia europeia de imagens de policiais devolvendo à força um grupo de refugiados para a Bósnia.

As autoridades croatas não tiveram escolha a não ser reconhecer que membros de sua polícia especial apareciam no vídeo.

Grécia e Romênia também foram criticadas pelo tratamento dispensado aos migrantes.

- Consentimento tácito? -

Bruxelas pediu para investigar o assunto. "A Comissão se opõe veementemente às práticas de devolução que, como tem repetido regularmente, são ilegais", disse o porta-voz Adalbert Jahnz.

Os ativistas consideram insuficiente e acreditam que o bloco dá consentimento tácito a essas atitudes.

"O fluxo de migrantes não é do interesse da Europa e menos virão se a dissuasão for mais violenta", comenta à AFP Jasmin Klaric, editorialista do site croata Telegram.

A Croácia e a Bósnia estão na "rota dos Balcãs", usada por muitos que fogem do conflito e da pobreza no Oriente Médio, Ásia e África.

De acordo com estimativas da Bósnia, desde 2018, mais de 80 mil pessoas conseguiram cruzar seu território a pé e entrar na Croácia a caminho do norte da Europa.

Mas milhares foram devolvidas. E as histórias de violência abundam .

No acampamento de Velika Kladusa, não há água nem eletricidade. Uma mulher aquece os pés perto de uma fogueira.

Com temperaturas noturnas próximas de zero, os migrantes sabem que não têm muito tempo para tentar novamente chegar à Croácia.

Se não o fizerem, terão de passar um novo inverno num dos centros de acolhimento oficiais inaugurados pela Bósnia a pedido de Bruxelas.

Ibrahim Rasool, ex-jogador de futsal, chegou à Bósnia há um mês, após três anos na Grécia. Já foi repelido várias vezes pela polícia croata.

"Pegaram nossos telefones. Estavam armados. Um deles colocou a arma na minha testa", explica.

Viaja com duas famílias, 18 pessoas no total, incluindo crianças. Certa vez, eles encontraram um urso, mas preferem "a floresta e o possível encontro com animais selvagens para evitar a polícia, que é muito mais perigosa".

Amir Ali Mirzai, um músico de 24 anos, deixou o Afeganistão com sua família há três meses em meio à ofensiva do Talibã e conta ter sido atacado pela polícia.

"Eu tinha 400 euros e eles tiraram de mim, também o telefone. Não me devolveram nada. Me espancaram e me mandaram de volta para a Bósnia", lamenta.

A Croácia garante que os casos de violência são atos isolados e anunciou a suspensão de três policiais.

Os defensores dos migrantes dizem que os abusos pioraram após o fechamento da rota dos Balcãs em 2016.

- "Violência física" -

"Os insultos verbais e os maus-tratos se transformaram em violência física", diz à AFP Tea Vidovic, do Centro de Estudos para a Paz, uma ONG de Zagreb.

A Croácia deseja entrar no espaço Schengen de livre circulação de pessoas até 2024, mas, diz, deve proteger suas fronteiras.

"Bruxelas e alguns países são hipócritas", escreveu recentemente o jornal croata Vecernji List.

"Condenam a violência, mas não querem abrir suas portas aos migrantes e insistem que países estrangeiros, incluindo a Croácia, os impeçam de entrar", acrescentou.

De acordo com a ONG dinamarquesa Refugee Council, mais de 30 mil pessoas foram impedidas de passar da Bósnia para a Croácia desde junho de 2019.

Mas em Velika Kladusa, os migrantes estão determinados a chegar à União Europeia antes do inverno.

"Está ficando frio", afirma o afegão Zahir Panahi, de 41 anos. Com sua esposa e quatro filhos, eles agora prepararam sua 29ª tentativa.

A Procuradoria do Panamá informou na sexta-feira (24) a descoberta de dez corpos, incluindo os de duas crianças, possivelmente migrantes haitianos que perderam a vida durante sua jornada a pé pela perigosa selva de Darien, na Colômbia, a caminho dos Estados Unidos.

"Eram provavelmente migrantes, porque durante as investigações um cidadão haitiano mencionou que no rio Tuquesa houve uma enchente devido às chuvas que arrastou nove pessoas", explicou o procurador de Darien, Julio Vergara.

"Presumimos que os cadáveres que encontramos estejam relacionados com o que foi contado por este migrante", apontou.

A ossada de uma décima pessoa também foi encontrada na mesma região.

Os corpos foram descobertos pelas autoridades nas proximidades dos rios Tuquesa e Canaán Membrillo, em uma região indígena Emberá Wounaán, no sul do Panamá. Nenhum tinha documentos.

Até o momento, este ano, 41 corpos de migrantes foram encontrados nas margens dos rios, ao longo do trajeto para cruzar a fronteira entre o Panamá e a Colômbia. As causas das mortes foram por afogamento e insolação, informou a Procuradoria.

Desde o início do mês, as autoridades panamenhas e colombianas validam o acesso diário controlado de no máximo 650 migrantes, em sua maioria haitianos, que fugiram de um país atingido na última década por uma severa crise econômica e política.

A maioria vem da América do Sul, para onde migraram há vários anos, mas não conseguiram legalizar sua permanência ou estavam desempregados pela pandemia de Covid-19.

Eles viajam pela América Central para chegar ao México e depois aos Estados Unidos, em busca de melhores condições de vida. Washington já avisou que não permitirá sua entrada e deportou centenas deles.

Atualmente, cerca de 19 mil migrantes estão em um porto no norte da Colômbia, à espera de embarcar em barcos que os levarão à fronteira com o Panamá.

Os viajantes devem, em seguida, cruzar o Golfo do Urabá, um trecho marítimo de cerca de 60 quilômetros.

Uma vez no Panamá, precisam cruzar a perigosa selva de Darien a pé, uma jornada que leva pelo menos cinco dias, expostos a estupros, assaltos e animais selvagens.

Entre janeiro e agosto, mais de 70 mil pessoas fizeram essa jornada.

A primeira cidade que eles encontram é a aldeia indígena de Bajo Chiquito. Em seguida, eles continuam para a Costa Rica.

O navio de salvamento marítimo da SOS Méditerranée "Ocean Viking" resgatou 129 migrantes na costa da Líbia e de Malta no fim de semana (18 e 19) - anunciou esta ONG europeia em um comunicado.

Por questões de saúde, dois dos sobreviventes foram transferidos, nesta segunda-feira (20), "pela Guarda Costeira italiana, juntamente com quatro membros de suas famílias", já que sofrem de "doenças crônicas e precisam de atenção médica urgente em terra", relatou a SOS Mediterranée.

"Ainda há 123 sobreviventes a bordo do 'Ocean Viking', e o mais jovem tem menos de um mês", acrescentou a ONG.

Realizado ao meio-dia de sábado (18), o primeiro resgate envolveu 25 pessoas que estavam a bordo de "um bote de madeira em perigo, em águas internacionais", frente à costa líbia, segundo esta organização com sede em Marselha, sul da França.

No domingo (19), o "Ocean Viking" resgatou outras 33 pessoas, também na costa líbia.

Na tarde do mesmo dia e na madrugada desta segunda, o navio fez outras duas operações, desta vez, "na zona de busca e salvamento maltesa", acrescentou a SOS Mediterranée.

O "Ocean Viking" primeiro ajudou 58 pessoas e, depois, fez um quarto resgate, recuperando outras 13 pessoas "perdidas à deriva", segundo a ONG.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM, uma agência da ONU), pelo menos 1.369 pessoas morreram no Mar Mediterrâneo desde o início deste ano, tentando chegar à Europa.

Mais de 10 mil migrantes, muitos deles do Haiti, acampavam nesta sexta-feira (17) debaixo de uma ponte na fronteira sul dos Estados Unidos. Trata-se de uma crise humanitária que desafia o governo de Joe Biden.

Estes migrantes chegaram à pequena cidade de Del Río, Texas, cruzando o Río Grande, entre o México e os Estados Unidos. Os 2.000 no início da semana se tornaram 10.500 na noite de quinta-feira, disse Bruno Lozano, prefeito desta cidade fronteiriça com a mexicana Ciudad Acuña.

"São principalmente do Haiti e entram ilegalmente (...) Só estão esperando serem detidos pelos guardas fronteiriços" para iniciarem os trâmites de autorização de estadia, explicou em um vídeo publicado no Twitter.

Nesta sexta, o presidente democrata, que espera outras milhares de chegadas, declarou estado de emergência e fechou a ponte ao tráfego.

"As circunstâncias extremas exigem respostas extremas", declarou ao jornal Texas Tribune. "Há mulheres que dão à luz, pessoas que desmaiam pela temperatura, são um pouco agressivas e isso é normal depois de todos estes dias de calor".

Apesar de seus apelos a uma "ação rápida" do governo federal, o presidente Biden e seu gabinete permanece em silêncio.

Em um comunicado, o Escritório de Alfândega e Proteção das Fronteiras dos Estados Unidos (CBP em inglês) afirmou em nota que aumentou sua equipe para enfrentar a situação de forma "segura, humana e ordenada".

A área sombreada debaixo da ponte serve como local de parada temporária "para prevenir doenças relacionadas ao calor", explicou, afirmando que distribuiu água potável, toalhas e banheiros portáteis.

Assim que são atendidos, "a grande maioria dos adultos que chegam sozinhos e muitas famílias vão continuar sendo expulsos sob o Título 42", uma norma de saúde adotada no início da pandemia para frear a propagação do vírus, segundo a nota.

"Quem não puder ser expulso sob o Título 42 e não tiver uma base legal para permanecer será colocado em processo de deportação acelerado", afirmou o CBP.

No entanto, um juiz federal ordenou na quinta-feira ao governo de Biden que não expulse as famílias neste contexto, o que poderia complicar a tarefa das autoridades, que enfrentam há meses os fluxos migratórios recordes na fronteira com o México. O governo Biden apelou da decisão nesta sexta-feira.

"Desastre"

Mais de 1,3 milhão de pessoas foram detidas na fronteira com o México desde que Biden chegou à Casa Branca, um nível inédito em 20 anos. Delas, cerca de 596 mil vinham de El Salvador, Guatemala e Honduras, e mais de 464 mil do México.

A oposição republicana acusa há meses Biden de ter provocado uma "crise migratória" ao flexibilizar as medidas de seu antecessor Donald Trump, que fez do combate à imigração ilegal um dos pilares de seu governo.

A situação em Del Rio, Texas, lhe deu novos argumentos. Após visitar a região, o senador republicano Ted Cruz denunciou "um desastre" causado por Biden.

Segundo Cruz, os migrantes acabam debaixo da ponte "porque o presidente Joe Biden tomou a decisão política de cancelar os voos de deportação para o Haiti", após o assassinato, em julho, do presidente haitiano Jovenel Moïse, que acentuou o caos na ilha caribenha.

O número de cidadãos do Haiti, país mais pobre das Américas, que chegam sem documentos aos Estados Unidos, aumenta há vários meses.

"Alarmante"

Quase 6.800 haitianos foram detidos em agosto na fronteira sul ou apenas 4% do total de migrantes detidos, porém mais do que em julho (5.000) ou maio (2.700).

Muitos haitianos deixaram seu país depois do terremoto de 2010 (que matou mais de 200.000 pessoas) e se estabeleceram na América Latina, especialmente em Brasil e Chile. Mas encontrar trabalho e renovar uma permissão de residência se tornou complicado para milhares que decidiram ir para o norte.

"Quero continuar minha viagem porque tenho uma irmã em Miami e outra na Holanda", disse Domingue Paul, um haitiano de 40 anos que morou cinco anos no Chile, em declarações à AFP em Tapachula, sul do México.

Sensíveis a suas dificuldades, várias vozes democratas se ergueram para pedir ao governo Biden que resolva rapidamente a situação em Del Rio.

"Estes migrantes haitianos já sofreram muito durante a perigosa viagem à nossa fronteira", tuitou a congressista Ilhan Omar, figura de destaque da ala à esquerda do partido.

"A falta de urgência para ir em sua ajuda é alarmante", denunciou a legisladora, que chegou aos Estados Unidos em 1995 como refugiada somaliana.

A França resgatou na sexta-feira (10) 126 migrantes, incluindo mulheres e crianças, que viajavam em barcos precários para a Inglaterra, informaram as autoridades marítimas neste sábado.

Uma das embarcações, que estava em perigo ao largo do porto de Dunquerque, transportava 43 pessoas, incluindo seis mulheres, duas crianças e dois bebês, informaram as autoridades em um comunicado. Um dos migrantes apresentava sinais de hipotermia.

Outros 40 migrantes foram resgatados na costa de Calais por um rebocador de intervenção, assistência e resgate.

O mesmo rebocador também socorreu 43 outros migrantes em perigo na costa de Dunquerque. Os próprios migrantes pediram ajuda, segundo as autoridades. Todos foram levados para o porto de Dunquerque e entregues à polícia de fronteiras.

As travessias ilegais do Canal da Mancha aumentaram desde 2018, apesar do perigo associado à densidade do tráfego marítimo, fortes correntes e baixas temperaturas da água.

De acordo com as autoridades francesas, cerca de 15.400 migrantes tentaram a travessia entre 1º de janeiro e 31 de agosto, dos quais 3.500 foram "resgatados em dificuldades" e retornaram à costa francesa.

Em 2020, 9.500 pessoas tentaram cruzar, contra 2.300 em 2019 e 600 em 2018.

Em meados de agosto, um migrante da Eritreia morreu quando o barco em que viajava afundou.

No ano passado, quatro membros de uma família curda iraniana morreram e seu filho de um ano desapareceu antes de ser encontrado vários meses depois na costa norueguesa.

Mais de 250 migrantes chegaram na Sicília neste sábado (7) em um barco de resgate de uma ONG, enquanto outra embarcação com 549 pessoas obteve permissão para levá-los à ilha italiana.

Os dois navios lançaram mensagens de alarme para encontrar um porto seguro devido ao agravamento da saúde dos migrantes a bordo, incluindo crianças, após dias de navegação na zona central do Mar Mediterrâneo.

"O #SeaWatch3 chegou ao porto de Trapani esta manhã. Estamos felizes por finalmente ter um porto seguro", tuitou a organização alemã Sea Watch International, informando o desembarque de 257 pessoas.

Na quinta-feira, eles haviam alertado sobre a situação "crítica" a bordo pela falta de medicamentos e sintomas de desidratação entre os migrantes, alguns dos quais estavam no mar havia uma semana.

Enquanto isso, o barco de outra organização, o "Ocean Viking", obteve permissão para levar no domingo 549 pessoas até o porto siciliano de Pozzallo, segundo indicou à AFP.

Este navio, gerenciado pela ONG francesa SOS Mediterranée, estava à espera de um porto seguro de desembarque após a recusa de Malta e a ausência de respostas da Tunísia e da Líbia.

Milhares de pessoas tentam cruzar o Mediterrâneo Central todos os anos para chegar à Europa.

Só este ano, cerca de 1.000 pessoas perderam a vida no mar, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), entidade intergovernamental associada à ONU.

O "Ocean Viking", um navio de resgate da ONG europeia SOS Méditerranée, resgatou outros 88 migrantes no mar nos últimos dias, depois de ter socorrido 44 pessoas na última quinta-feira, disse a organização no domingo.

Com um total de três operações desde quinta-feira, com quatro barcos resgatados, o "Ocean Viking" ajudou 132 pessoas no total, entre elas 9 mulheres e 40 menores, informou um porta-voz da SOS Méditerranée.

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Esses resgates, que ocorreram principalmente em uma zona de busca e salvamento perto de Malta, na costa da Líbia, incluíram três barcos de madeira e um de fibra de vidro, que tinham sido infiltrados por água e combustível.

Entre os resgatados estão líbios, sudaneses do sul, egípcios, gambianos, tunisianos e sírios.

Em 1º de maio, o "Ocean Viking" desembarcou na Sicília, na Itália, 236 migrantes resgatados do Mediterrâneo.

Depois, o navio passou várias semanas em um dique seco em Nápoles para fazer reparos.

Recentemente, a ONU solicitou que a Líbia e a União Europeia (UE) reformem suas operações de busca e resgate no Mediterrâneo, alegando que suas práticas atuais privam os migrantes de seus direitos e dignidade, quando não os levam à morte.

Desde o início de 2021, 866 migrantes perderam a vida tentando cruzar o Mediterrâneo para chegar à Europa, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM, uma agência da ONU).

A SOS Méditerranée afirma, por sua vez, ter ajudado mais de 30.000 pessoas desde fevereiro de 2016, primeiro com o navio "Aquarius" e depois com o "Ocean Viking".

Uma unidade do Exército líbio anunciou nesta quarta-feira a libertação de 120 migrantes, a maioria do Egito, que traficantes de seres humanos mantinham como reféns no oeste do país.

"Nossas forças conseguiram nesta manhã libertar 120 reféns retidos em Bani Walid, após a invasão de esconderijos de traficantes de pessoas", informou a a 444ª brigada de combate. Segundo essa unidade de elite das Forças Armadas do oeste da Líbia, os migrantes libertados relataram "atos de tortura e extorsão" em cativeiro.

A brigada realizou na semana passada uma ampla operação nesse núcleo do tráfico de migrantes localizado na entrada do deserto líbio, a 170 quilômetros de Trípoli. Na última sexta-feira, descobriram seis esconderijos e libertaram 70 migrantes de diferentes nacionalidades.

O caos que se seguiu à queda do regime de Muamar Khadafi, em 2011, converteu a Líbia em rota privilegiada para dezenas de milhares de migrantes que buscam chegar à Europa. Muitos, no entanto, encontram-se bloqueados no país, nas mãos de traficantes.

Traficantes de seres humanos forçaram, na quarta-feira (3), dezenas de migrantes a pular no mar durante a travessia entre Djibouti e Iêmen, provocando a morte de pelo menos 20, anunciou nesta quinta (4) a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

"Os sobreviventes acreditam que pelo menos 20 pessoas morreram. Cinco corpos foram encontrados" na costa de Djibouti, disse à AFP Yvonne Ndege, porta-voz da OIM para a África Oriental e o Chifre da África.

Os sobreviventes, que a OIM abrigou na cidade de Obock, no Djibouti, explicaram que pelo menos 200 migrantes embarcaram no navio, que deixou Djibouti na manhã de quarta-feira.

"Trinta minutos depois, os traficantes forçaram cerca de 80 pessoas a pular na água", disse a organização em um comunicado nesta quinta. Apenas cerca de 60 conseguiram voltar à costa, explicou Ndege.

"Estamos trabalhando com as autoridades de Djibouti para ajudar os migrantes, mas a tragédia de quarta-feira é mais uma prova de que os criminosos continuam a explorar pessoas dispostas a fazer qualquer coisa para melhorar suas condições de vida", acrescentou o chefe da OIM, Stéphanie Daviot, em Djibouti.

- 30 km -

O Estreito de Bab el Mandeb ("porta dos lamentos" em árabe) é o preferido pelos migrantes por causa de seu trajeto mais curto - 30 km - em relação ao resto do Golfo de Áden ou do Mar Vermelho.

Por outro lado, no Iêmen, que sofre uma guerra civil há seis anos, "milhares de migrantes estão bloqueados", diz a OIM, acrescentando que "muitos enfrentam perigos extremos, exploração e/ou abusos".

A organização afirma que as restrições nos deslocamentos devido à pandemia de covid-19 reduziram "drasticamente" as travessias: 37.500 pessoas passaram em 2020, contra cerca de 138.000 em 2019.

"Em janeiro de 2021, mais de 2.500 migrantes chegaram ao Iêmen do Djibouti e o medo é que, apesar das restrições estarem mais flexíveis, mais pessoas esperem para poder cruzar, o que aumenta as chances de futuras tragédias", continua a OIM.

Este é o terceiro incidente nos últimos seis meses, acrescenta a OIM. Em outubro, oito migrantes etíopes morreram em circunstâncias semelhantes e outros 12 desapareceram.

Eles faziam o caminho oposto, saindo do Iêmen para o Djibouti, após fracassarem em sua tentativa de chegar à Arábia Saudita devido aos fechamentos de fronteiras decretados por causa da pandemia de covid-19.

O ministério da Migração da Grécia informou que quase 800 dos 12.000 migrantes que estavam no campo incendiado de Moria se estabeleceram em um novo centro temporário, construído em caráter de urgência pelas autoridades na ilha de Lesbos.

No grupo, 21 testaram positivo para o novo coronavírus, de acordo com os dados divulgados na segunda-feira (14) à noite pelo ministério.

Durante a madrugada de 8 para 9 de setembro, o campo de migrantes de Moria, o maior da Europa e inaugurado há cinco anos, no auge da crise migratória, foi completamente destruído pelas chamas, o que deixou 12.000 pessoas desabrigadas.

A maioria continua dormindo nas ruas, nos campos agrícolas ou em edifícios abandonados. Estas pessoas se recusam a seguir para o novo campo instalado perto das ruínas de Moria - temem não poder sair da ilha.

Mas quase 800 pessoas, de acordo com o governo grego, entraram no campo temporário, fechado à imprensa, apesar do calor e da falta de duchas e colchões, segundo os depoimentos ouvidos pela AFP.

Alguns migrantes temem a animosidade dos habitantes da ilha, muitos deles contrários à permanência dos refugiados em Lesbos. Os incidentes entre solicitantes de asilo e residentes, incluindo partidários da extrema-direita, são frequentes desde o ano passado.

O prefeito de Egeo do Norte, Kostas Mountzouris, um dos maiores opositores ao plano do governo de estabelecer um campo fechado na ilha para substituir Moria, pediu a empresários e trabalhadores que protestem nesta terça-feira para pedir "a retirada dos migrantes da ilha por barco".

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