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Em um novo apelo ao Supremo Tribunal Federal (STF), o governo pede que o juiz Sérgio Moro remeta todas as investigações que envolvam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Corte.

A manifestação aconteceu depois de Moro, que é responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, decidir encaminhar ao STF as informações sobre a quebra de sigilo telefônico de Lula, mas suspender o envio dos inquéritos que apuram ocultação patrimonial e crimes envolvendo a família do ex-presidente.

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A argumentação do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, é que como as intercepções das ligações de Lula envolveram pessoas com foro privilegiado como a presidente Dilma Rousseff e o então ministro da Casa Civil Jaques Wagner, a competência para analisar o caso é do Supremo.

Na peça, a AGU afirma que, assim como Moro infringiu a lei ao divulgar uma conversa telefônica que envolvia a presidente, ele também "não poderia ter selecionado a priori quais inquéritos ou processos judiciais poderiam ou não ser encaminhados à Suprema Corte para exercício pleno de sua competência".

Para o governo, ao decidir tornar público os telefonemas entre Lula e Dilma, Moro colocou em risco a "soberania nacional". A AGU também rebate a tese de que o ex-presidente assumiu um cargo no governo para ganhar foro privilegiado e passar a ser julgado pelo Supremo.

Numa das gravações, Dilma afirma que está mandando o termo de posse a Lula, antes mesmo da cerimônia oficial, para que ele a use "em caso de necessidade".

Apesar dos diversos recursos impetrados pelo governo, a tendência é que a questão se Lula vai ser ou não julgado por Moro só seja decidida quando o Supremo levar a plenário a análise da decisão do ministro Gilmar Mendes, que barrou a posse do ex-presidente e decidiu manter as apurações em Curitiba. Por conta do feriado da Páscoa, que no Judiciário começa a partir desta quarta, a próxima sessão na Corte está marcada somente para dia 30.

No seu primeiro evento público após a divulgação de grampos que supostamente indicam obstrução de Justiça, a presidente Dilma Rousseff esforçou-se para explicar a uma plateia de beneficiários do programa Minha Casa Minha Vida que não cometeu crime de responsabilidade ao convidar o ex-presidente Lula para a Casa Civil.

Ela ainda aproveitou para desqualificar o juiz responsável pelos processos da Operação Lava Jato, Sérgio Moro, sugerindo que ele deveria ser preso.

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Um dia após Moro citar o caso do ex-presidente dos Estados Unidos Richard Nixon (1969-1974) para justificar a divulgação dos grampos, Dilma fez questão de mencionar o próprio Nixon para criticar o juiz de Curitiba. O republicano Nixon foi o primeiro presidente dos EUA a sofrer impeachment sob a acusação de autorizar gravações clandestinas em uma sede do partido Democrata.

A presidente lembrou que Nixon foi proibido de gravar as conversas que mantinha na Casa Branca. "Nixon grampeava todos que entravam na sala dele. E aí o que aconteceu? A Suprema Corte dos EUA mandou ele entregar todos os grampos e o proibiu de grampear", disse.

Dilma voltou a afirmar que não pode ser alvo de interceptação telefônica sem mencionar, porém, que o grampo ocorreu no telefone de Lula, que não tinha foro privilegiado.

"Um presidente tem garantias constitucionais. Ele não pode ser grampeado sem autorização expressa da Suprema Corte. Em outros países, quem grampeia vai preso. Grampeia o presidente dos EUA e veja o que acontece", disse.

As declarações foram feitas no evento de entrega de cerca de 1,6 mil unidades do programa Minha Casa Minha Vida em Feira de Santana, cidade baiana localizada a 108 quilômetros da capital.

Dilma falou para cerca de 2 mil pessoas que se apinhavam para assistir o evento realizado no meio do condomínio de prédios. Quando a presidente chegou, um pequeno grupo à frente do palco gritou "não vai ter golpe". Dilma estava acompanhada do governador da Bahia, Rui Costa (PT).

Ambos foram aplaudidos. Ex-governador e atual ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência, Jaques Wagner também compareceu. O atual prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo (DEM), também foi aplaudido pelo público, mas acabou vaiado por um pequeno grupo de militantes petistas.

Discurso

A presidente não citou nominalmente o juiz Sérgio Moro, mas fez questão de explicar o episódio da conversa gravada com o ex-presidente Lula. E como já havia feito ontem, no Palácio do Planalto, ressaltou que irá "tomar as medidas cabíveis" contra o juiz."Um presidente tem garantias constitucionais, não pode ser grampeado sem autorização expressa".

A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) reagiu a notícias de que estaria monitorando o juiz Sérgio Moro, em Curitiba. "A ABIN esclarece, em resposta a rumores veiculados na imprensa e nas redes sociais, que não tem nenhum tipo de envolvimento ou participação nas investigações realizadas pela Operação Lava Jato", afirma a Agência, em nota oficial.

"A ABIN não possui a prerrogativa de interceptação das comunicações e não realizou - nem realizará - ações de Inteligência de qualquer natureza, sob qualquer pretexto, que tenham por objetivo influenciar ou prejudicar o andamento da operação, ou que envolvam qualquer tipo de investigação ou monitoramento dos acusados, órgãos públicos ou seus agentes", prossegue a nota.

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Segundo notícias veiculadas em alguns órgãos de imprensa e nas redes sociais, a Agência estaria monitorando o juiz Sérgio Moro e o Palácio do Planalto teria sido informado da sua intenção de deter o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As notícias justificavam ainda que por este fato, a presidente Dilma Rousseff teria se apressado em nomeá-lo ministro da Casa Civil. Com a nomeação, em Diário Oficial extra, na quinta-feira, Lula conquistou o foro privilegiado e qualquer ação contra a sua pessoa só poderia ser adotada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e não mais por Moro.

A Associação dos Oficiais de Inteligência (AOFI) também divulgou nota intitulada "o papel da inteligência". Nela, a AOFI defende a necessidade de serem feitas "leis que estabeleçam de modo claro as atribuições e limites da atividade de Inteligência, e que orientem as áreas específicas a serem cobertas pela Inteligência de Estado".

Depois de reiterar "o compromisso dos Oficiais de Inteligência com sua carreira, que é apartidária", acrescentando que seu pessoal "está sempre a serviço do Estado e da Sociedade brasileiros", a Associação pede que a Comissão de Controle de Atividade de Inteligência CCAI do Congresso Nacional, "atue de forma mais próxima da Abin". Segundo a nota, "se pairam quaisquer dúvidas sobre a retidão, competência e eficiência da Inteligência de Estado, busquem-se explicações, questione-se ou substitua-se o senhor Wilson Roberto Trezza, que já está há 8 anos como Diretor Geral da Abin".

Na mesma nota, a Associação dos Oficiais de Inteligência "felicita os deputados Heráclito Fortes e José Aleluia por seu compromisso em elucidar os fatos e questionar o papel da Abin". Para a entidade, esta "será a oportunidade de abrir uma necessária discussão acerca da atuação do órgão", lembrando que "esta discussão garante que a atuação da Agência seja legítima e democrática" e acentuando que "o Estado não pode se omitir em orientar qual deve ser o papel de sua Inteligência".

O juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, autorizou prisão domiciliar por três meses - monitorado com tornozeleira eletrônica -, para o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula. Diagnosticado com câncer na bexiga, Bumlai, de 71 anos, está preso desde 24 de novembro de 2015, alvo da Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato.

A Polícia Federal e a Procuradoria da República atribuem a Bumlai os crimes de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta pelo empréstimo de R$ 12 milhões que tomou em outubro de 2004 junto ao Banco Schahin. O dinheiro, segundo o próprio pecuarista, foi destinado ao PT. Em troca, o Grupo Schahin fechou contrato sem licitação de US$ 1,6 bilhão para operar navio sonda da Petrobras.

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Ao comunicar o juiz Moro que Bumlai tem câncer na bexiga, a defesa pediu revogação do decreto de prisão preventiva do amigo de Lula. O juiz da Lava Jato considerou a 'elevada idade e o acometimento de doença grave' para autorizar transferência do pecuarista que, atualmente, aguarda julgamento no Complexo Médico de Pinhais, nos arredores de Curitiba, base da Lava Jato.

"O tratamento envolveria ressecção do tumor e a submissão à terapia intravesical através de BCG, com aplicações semanais", anotou o juiz. "A defesa argumenta que o acusado tem elevada idade e que a manutenção dele em estabelecimento prisional pode afetar a eficiência do tratamento. Juntou laudos médicos para amparar o requerimento', registrou Sérgio Moro.

O Ministério Público Federal se manifestou pela autorização de intervenção cirúrgica e o tratamento, 'mas que não há demonstração da incompatibilidade deles com a prisão preventiva, sendo possível autorizar a internação hospitalar durante o período do procedimento curativo'.

Para o juiz Moro, no entanto, 'a prudência recomenda, para evitar que o recolhimento ao cárcere comprometa de qualquer forma o êxito dos cuidados médicos recomendados, a concessão a ele de tratamento mais leniente, enquanto durar o tratamento'.

"Não é o caso de revogação da preventiva, mas é pertinente a concessão do benefício da prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, enquanto durar o tratamento e até nova deliberação do Juízo", decidiu Moro.

A revista britânica The Economist afirma que o "confronto entre o governo do Brasil e o sistema Judiciário acaba de ficar mais estranho e mais implacável". Em reportagem publicada na página na internet, a publicação diz que o debate tem girado em torno de "sutilezas legais" e, ao comentar a divulgação de grampos telefônicos, a Economist cita que o juiz Sérgio Moro pode ter "ido longo demais".

Com o título "Aborto do retorno de Lula ao governo espalha novos protestos e suspeitas", a reportagem afirma que a crise política no Brasil está "mais profunda e estranha". A Economist relembra os últimos desdobramentos da crise com o anúncio da nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva como ministro, a divulgação de gravações entre o ex-presidente e a presidente Dilma Rousseff e a reversão da nomeação de Lula pela Justiça do Distrito Federal.

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A Economist ressalta que o governo reagiu especialmente à divulgação das gravações que envolvem a presidente Dilma. O texto diz que, enquanto o governo diz que houve "flagrante violação da lei e da Constituição", o juiz Sérgio Moro argumenta que as gravações "têm interesse público".

"Mas liberar uma gravação de conversa em que uma das partes, não menos que a presidente, que não está formalmente sob investigação e goza de forte proteção constitucional parece com uma violação da sua privacidade", diz a Economist.

"No passado, o senhor Moro já pareceu algumas vezes ter ido longe demais na sua perseguição obstinada contra a corrupção", completa o texto que argumenta que "vários membros do Supremo Tribunal Federal, por exemplo, acham que a detenção de Lula para interrogatório, que foi determinada pelo senhor Moro, foi injustificada".

Apesar da guerra de argumentos jurídicos, a Economist nota que o cenário político é que pode determinar o futuro do governo Dilma Rousseff. "Cada nova revelação afasta alguns dos aliados centristas remanescentes no Congresso", cita o texto.

A Economist diz que em maio, quando o processo de impeachment pode ser avaliado pelo Congresso, "a presidente pode ter poucos e preciosos amigos da esquerda".

O governo iniciou na quinta-feira, 17, uma ofensiva com questionamentos sobre a ação do juiz federal Sérgio Moro, que tornou públicos anteontem os áudios do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em conversa com a presidente Dilma Rousseff. A iniciativa começou com a própria presidente durante a cerimônia de posse de Lula. Em um claro recado a Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato na Justiça Federal em Curitiba, a petista criticou a quebra do sigilo e a divulgação do conteúdo de conversas entre eles.

"Não há justiça quando as próprias garantias da Presidência da República são violadas. O Brasil não pode se tornar submisso a uma conjuração que invade garantias constitucionais da Presidência da República, não por que a presidente seja diferente de outros cidadãos. Mas se fere essas prerrogativas, o que farão com as prerrogativas do cidadão?", questionou Dilma, ao discursar na solenidade, em Brasília.

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A presidente garantiu que todo o fato será investigado. "Vamos avaliar as condições desse grampo. Quem autorizou, por que autorizou, e por que foi divulgado quando ele não continha nada, nada, eu repito, nada que possa levantar qualquer suspeita sobre seu caráter republicano", disse a presidente. Na sequência, Dilma declarou: "A justiça e o combate à corrupção sempre são mais fortes e dignos quando respeitam os princípios constitucionais".

Documento

A presidente da República fez questão de mostrar o documento na cerimônia e afirmou que ele foi enviado porque Lula poderia não comparecer ao evento devido a um problema de saúde de Marisa Letícia, sua mulher, também investigada.

Dilma mostrou ainda que o termo estava assinado apenas por Lula, e, sem sua assinatura como presidente, não teria qualquer validade para impedir uma eventual prisão. "Em que pese o teor absolutamente republicano do diálogo que tive ontem com ex-presidente Lula, ele foi publicizado com interpretação desvirtuada", afirmou a petista.

A presidente disse ainda que é preciso "superar os ódios" no País e afirmou que a "gritaria dos golpistas" não vai tirá-la do rumo, não vão "colocar nosso povo de joelhos" nem causarão "caos e convulsão social". O clima na solenidade no Planalto foi de ato político, com gritos de que "não vai ter golpe".

Depois da posse, ministros também atacaram Moro. O novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, sugeriu que o juiz cometeu crime. "Se houve conversa da presidente que merecesse atenção jurisdicional não caberia ao juiz de primeira instância nem sequer aquilatar o valor daquela prova e muito menos dar-lhe publicidade." Já o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, declarou que o sigilo da conversa da presidente é questão de "segurança nacional".

Os argumentos serão usados pelo governo para partir para o enfrentamento da decisão do juiz de divulgar a conversa. A investida, no entanto, pode ser articulada internamente no governo, mas protagonizada por parlamentares do PT e do PC do B, a exemplo do que foi feito no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar o rito do processo de impeachment.

O plano é argumentar que a escuta já deveria ter sido encerrada por ordem do próprio Moro no momento da gravação de Dilma e que, ao encontrar autoridade com foro privilegiado, o juiz precisaria encaminhar o caso imediatamente ao STF.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Corregedoria Nacional de Justiça já recebeu, até o fim da tarde desta quinta, 17, três representações com pedidos para investigar o ato do juiz Sérgio Moro de tornar públicos áudios interceptados em que a presidente Dilma Rousseff foi gravada. Os casos são mantidos em sigilo no órgão, ligado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas as informações foram confirmadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

As três representações encaminhadas à Corregedoria já foram convertidas em reclamação disciplinar. Um dos pedidos foi protocolado pelo Sindicato dos Advogados da Paraíba. A segunda representação encaminhada ao órgão veio de um advogado do Maranhão e a terceira, de um cidadão do Distrito Federal.

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A estratégia de recorrer ao CNJ contra Moro também é discutida entre parlamentares da base aliada e no governo.

Os casos que já chegaram ao órgão foram encaminhados para a corregedora nacional de Justiça, Nancy Andrighi, que irá instruir cada um dos casos com informações. Em regra, a ministra costuma levar ao plenário do CNJ os casos em que verifica a presença de requisitos para abrir um processo administrativo disciplinar. Caberia ao pleno, portanto, decidir sobre a abertura de um processo administrativo contra Moro.

O CNJ pode estabelecer sanções aos juízes que cometem infrações disciplinares, como advertências, suspensões ou até afastamento das funções.

A Operação Lava Jato monitorou conversas telefônicas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que sugerem tentativa de influência no Ministério Público e no Judiciário e também conversa desta quarta-feira, 16, entre o ex-presidente e a presidente Dilma Rousseff e o ministro.

"Trata-se de processo vinculado à assim denominada Operação Lava Jato e no qual, a pedido do Ministério Público Federal, foi autorizada a interceptação telefônica do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de associados", registra o juiz Sérgio Moro.

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Moro registra que Lula sabia ou desconfiava que era monitorado. "Rigorosamente, pelo teor dos diálogos degravados, constata-se que o ex-presidente já sabia ou pelo menos desconfiava de que estaria sendo interceptado pela Polícia Federal, comprometendo a espontaneidade e a credibilidade de diversos dos diálogos."

O juiz da Lava Jato remeteu o conteúdo referente a Lula para o Supremo Tribunal Federal (STF), após ele ser nomeado ministro da Casa Civil, nesta quarta-feira. "A interceptação foi interrompida." O juiz registra que "alguns diálogos sugerem que tinha conhecimento antecipado das buscas efetivadas em 4 de março de 2016." Neste dia, o ex-presidente foi alvo da Operação Aletheia e levado coercitivamente para depor. Sua casa e a dos filhos passaram por buscas.

Influenciar

"Observo que, em alguns diálogos, fala-se, aparentemente, em tentar influenciar ou obter auxílio de autoridades do Ministério Público ou da Magistratura em favor do ex-presidente", afirma Moro.

Ele pondera, no entanto, que "não há nenhum indício nos diálogos ou fora deles de que estes citados teriam de fato procedido de forma inapropriada e, em alguns casos, sequer há informação se a intenção em influenciar ou obter intervenção chegou a ser efetivada".

Um dos casos citados envolve uma ministra do STF. "Há, aparentemente, referência à obtenção de alguma influência de caráter desconhecido junto à Exma. Ministra Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal, provavelmente para obtenção de decisão favorável ao ex-presidente na ACO 2822, mas a eminente Magistrada, além de conhecida por sua extrema honradez e retidão, denegou os pleitos da Defesa do ex-Presidente."

Há ainda citação do presidente do STF, Ricardo Lawandowski. "De igual forma, há diálogo que sugere tentativa de se obter alguma intervenção do Exmo. Ministro Ricardo Lewandowski contra imaginária prisão do ex-Presidente, mas sequer o interlocutor logrou obter do referido Magistrado qualquer acesso nesse sentido. Igualmente, a referência ao recém nomeado Ministro da Justiça Eugênio Aragão ("parece nosso amigo") está acompanhada de reclamação de que este não teria prestado qualquer auxílio."

Moro destaca ainda que fez essas referências apenas para deixar claro que as aparentes declarações pelos interlocutores em obter auxílio ou influenciar membro do Ministério Público ou da Magistratura não significa que esses últimos tenham qualquer participação nos ilícitos, o contrário transparecendo dos diálogos".

"Isso, contudo, não torna menos reprovável a intenção ou as tentativas de solicitação."

O juiz da Lava Jato levantou sigilo sobre os áudios. "Observo que, apesar de existirem diálogos do ex-Presidente com autoridades com foro privilegiado, somente o terminal utilizado pelo ex-Presidente foi interceptado e jamais os das autoridades com foro privilegiado, colhidos fortuitamente."

E remeteu a parte referente a Lula ao STF. "Diante da notícia divulgada na presente data de que o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria aceito convite para ocupar o cargo de Ministro Chefe da Casa Civil, deve o feito, com os conexos, ser remetido, após a posse, aparentemente marcada para a próxima terça-feira (dia 22), quando efetivamente adquire o foro privilegiado, ao Egrégio Supremo Tribunal Federal."

A íntegra de uma das conversas

MORAES: MORAES!

MARIA ALICE: MORAES, boa tarde, é MARIA ALICE, aqui do gabinete da PRESIDENTA DILMA.

MORAES: Boa tarde..ô, senhora MARIA, pois não!

MARIA ALICE: Ela quer falar com o PRESIDENTE LULA.

MORAES: Eu tô levando o telefone pra ELE então. Só um minuto, vou ver e te passo, tá? Por favor.

MARIA ALICE: Muito obrigada.

MORAES: Tá bom, de nada.

(pequeno intervalo)

MORAES: Só um minuto, senhora MARIA ALICE.

MARIA ALICE: Tá "ok"

LILS: Alô!

MARIA ALICE: Alô, só um momento PRESIDENTE.

(intervalo - música de ramal)

DILMA: Alô.

LILS: Alô.

DILMA: LULA, deixa eu te falar uma coisa.

LILS: Fala querida. "Ahn"

DILMA: Seguinte, eu tô mandando o "BESSIAS" junto com o PAPEL pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o TERMO DE POSSE, tá?!

LILS: "Uhum". Tá bom, tá bom.

DILMA: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.

LILS: Tá bom, eu tô aqui, eu fico aguardando.

DILMA: Tá?!

LILS: Tá bom.

DILMA: Tchau

LILS: Tchau, querida.

As manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, consideradas as maiores da história, e a decisão da Justiça de São Paulo de transferir para o juiz Sérgio Moro o veredicto sobre o pedido de prisão feito pelo Ministério Público Estadual aumentaram as chances de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumir um posto na Esplanada. Lula ainda não comunicou oficialmente sua decisão, mas tanto o PT quanto o Palácio do Planalto dão como certo que o ex-presidente ocupará uma espécie de superministério, a ser criado sob medida para ele.

A reviravolta no núcleo do governo é vista como o último lance para evitar a queda de Dilma, ainda que o poder dela seja desidratado por esse novo arranjo. Até agora, a tendência é de que o ex-presidente assuma a Secretaria de Governo, hoje controlada por Ricardo Berzoini. Segundo apurou a reportagem, porém, a pasta será reformulada e dará a Lula poderes de interlocução com o Congresso e com os movimentos sociais. Por esse acerto, ele comandaria a estratégia do enfrentamento à oposição nas ruas e na política.

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A ida de Lula para a equipe de Dilma só não foi anunciada ainda porque o governo e advogados do ex-presidente estudam se não há empecilho jurídico para a posse. O cuidado ocorre para que Dilma não seja acusada de obstruir a Justiça, uma vez que Lula é alvo da Lava Jato.

No governo, o ex-presidente ganha prerrogativa de foro privilegiado. Isso significa que, em caso de denúncia, a ação tem de ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal, saindo da alçada de Moro, considerado implacável com investigados pela Lava Jato. Ontem, a juíza Maria Priscilla Ernandes, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, transferiu para Moro a decisão sobre a denúncia e o pedido de prisão preventiva de Lula, apresentados pelo Ministério Público paulista no caso do tríplex do Guarujá. A defesa do ex-presidente vai recorrer.

Reconfiguração

Lula viaja na noite desta terça-feira, 15, para Brasília e deve se encontrar com Dilma amanhã para bater o martelo sobre o assunto. Segundo seus aliados, Lula rejeitou a Casa Civil nos moldes em que o ministério funciona hoje por considerar que a pasta tem muitas atribuições administrativas. Essa pasta teria de passar por uma reconfiguração para ele aceitar, transferindo as atribuições administrativas para outra pasta.

Caso aceite o convite para integrar o governo, Lula terá a tarefa de reunificar as bases parlamentar e social de Dilma para tentar barrar o impeachment da presidente. Ele tem dito que isso só será possível se houver um redirecionamento da política econômica do governo.

Em conversa por telefone com Dilma, no fim da tarde de ontem, Lula disse a ela que resistiu muito sobre a ida para o governo para não passar a ideia de que aceitara um cargo com o objetivo de obter foro privilegiado. Mudou de ideia, porém, após os protestos de domingo, que tiveram como alvo ele próprio, a presidente e o PT.

"Eu quero ajudar a salvar o nosso projeto", afirmou Lula, segundo um amigo dele que esteve ontem à noite no Planalto, para acertar detalhes sobre as novas funções do ex-presidente. "É fato que nós o pressionamos muito. Ele não topava, mas hoje (ontem) me disse: 'Tem uma hora em que a guerra se torna tão difícil que precisamos agir rápido'."

No modelo sob análise, a principal missão de Lula será estancar a debandada do PMDB, principal partido da base aliada, e segurar os outros partidos que ainda apoiam o governo. Em convenção no sábado, o PMDB fixou prazo de 30 dias para resolver se abandona Dilma. Foi uma espécie de aviso prévio para uma decisão praticamente tomada.

Berzoini, nesse organograma, viraria secretário executivo do ministério que hoje comanda. Dilma também ofereceu a Lula a Casa Civil, mas ele não quer assumir essa pasta. Em conversas reservadas, o ex-presidente disse que a Casa Civil tem muito poder e que, ocupando esse cargo, seria considerado primeiro-ministro, constrangendo Dilma. "Se Lula vier, seguramente será para cuidar do que mais conhece, que é a política", declarou o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), pediu que o juiz Sérgio Moro apresente informações sobre a prisão do marqueteiro do PT João Santana. A defesa do publicitário entrou com pedido para que a Suprema Corte anule sua prisão.

Santana está preso desde 23 de fevereiro, quando foi deflagrada a 23ª fase da Operação Lava Jato, denominada Acarajé. A força-tarefa da Lava Jato investiga supostos pagamentos de US$ 3 milhões ao marqueteiro pela Odebrecht em paraísos fiscais para financiar campanhas eleitorais do PT.

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A defesa de Santana questiona a autoridade de Moro para conduzir as investigações. A alegação é de que "se trata de apurar a ocorrência de possíveis crimes eleitorais, que envolvem, ao que tudo indica, autoridades detentoras de prerrogativa de foro".

De acordo com os advogados do marqueteiro, as investigações sempre tiveram como objetivo as campanhas eleitorais do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff. Por isso, deveriam ser examinadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não pela Justiça Federal do Paraná.

Moro também decretou a prisão temporária de Mônica Moura, mulher e sócia de Santana na empresa Polis Propaganda e Marketing, que fez as campanhas de Dilma em 2010 e 2014.

O nome de Mônica apareceu para os investigadores durante busca e apreensão em endereço do lobista Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro de Cingapura que prestou serviços à Petrobras. O executivo seria o operador da propina paga pela empresa no país.

A Keppel Fels firmou contratos com a Petrobras entre 2003 e 2009 no valor de US$ 6 bilhões. Skornicki também foi preso preventivamente durante a Operação Acarajé.

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Manifestantes que participam do ato pró-impeachment neste domingo (13), na Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife, usam termos pejorativos para classificar a presidente Dilma Rousseff (PT) e defendem a atuação do juiz Sérgio Moro à frente da Operação Lava Jato. 

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Um dos cartazes erguidos pelos presentes diz "balança que essa quenga cai", outro chama Dilma de "jararaca" e pede a destituição do mandato dela. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também é amplamente mencionado como ladrão nos cartazes.

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O médico Luiz Eduardo vestiu-se de "Lula presidiário" para participar do ato. "Sou a caracterização do que Lula já deveria ser há anos", disse ao LeiaJá

Em contrapartida, os manifestantes apoiam Sergio Moro usando camisas com dizeres "somos todos Moro", "eu apoio a Lava Jato" e "força Moro".

Para o metroviário Waldecy Marques, o juiz é o líder que o país precisa. " Assim como Joaquim Barbosa, Sérgio Moro representa aquele líder que vai colocar moral e reestabelecer a ética do país", disse.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos em primeiro grau da Operação Lava Jato, defendeu publicamente esta semana o direito a manifestações, "seja de um grupo ou seja de outro", desde que realizadas "sem violência e sem ódio". Estão marcadas manifestações pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff em todo o País para o domingo, 13.

"São compreensíveis as angústias e as reclamações diante do contexto econômico e político, mas ainda sim é importante que isso seja desenvolvido sem discurso de ódio, sem violência contra ninguém", afirmou Moro em palestra para empresários, em Curitiba.

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"Apesar desse quadro um tanto quanto desalentador do momento, recessão profunda, desemprego crescente e corrupção sistêmica, eu tenho confiança de que nós brasileiros vamos conseguir superar esses problemas." O juiz da Lava Lato falou a empresários em duas palestras realizadas em Curitiba, nesta quarta-feira, 9, e quinta-feira, 10.

Ele defendeu as investigações da Lava Jato e o enfrentamento ao que chamou de "corrupção sistêmica" no País. Para o magistrado, a crise econômica não é resultado das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal que revelaram o maior escândalo de corrupção do governo federal.

"Temos uma história nesse País, já superamos crises econômicas pretéritas terríveis, nós vencemos duas ditaduras no século 20, Estado Novo e a ditadura militar, tivemos triunfo contra a hiper inflação nos anos 80 anos 90, tivemos a crise da dívida nos anos 80, mas nos superamos todos esses problemas. Mas superamos andando juntos pra frente e não para trás."

O juiz da Lava Jato repetiu nos dois eventos ficar "consternado com esse quadro econômico, de recessão e desemprego". Mas afirmou não acreditar que a culpa seja da Lava Jato. "Trabalhar contra um quadro de corrupção sistêmica é algo que só nos traz ganhos, não tenho nenhuma dúvida quanto a isso."

"Tenho crença que confiando na democracia, confiando nas instituições confiando na regra do direito nos vamos conseguir superar esses desafios", conclui Moro.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, requereu ao Supremo Tribunal Federal que a investigação envolvendo a mulher e a filha do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) seja deslocada para as mãos do juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato. O procurador pediu o desmembramento dos autos que estão sob a guarda do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo. Janot avalia que só deve permanecer na Corte a parte da investigação que envolve o parlamentar, por ele ter foro privilegiado.

Janot sustenta que Cláudia Cordeiro Cruz e Danielle Dytz da Cunha Doctorovich, mulher e filha do presidente da Câmara, estão envolvidas em parte dos crimes a ele atribuídos. O peemedebista foi denunciado na sexta-feira por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade eleitoral.

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Segundo a Procuradoria-Geral da República, elas se favoreceram de valores de uma propina superior a US$ 5 milhões que Cunha teria recebido "por viabilizar a aquisição de um campo de petróleo em Benin, na África, pela Petrobras".

"A reunião de imputados sem foro por prerrogativa de função não traria qualquer benefício à prestação jurisdicional, ao contrário, atrasá-la-ia sem ganhos", destacou o procurador na petição a Teori. "Em relação a Cláudia Cordeiro Cruz e Danielle Dytz da Cunha Doctorovich, a necessidade de união não se verifica necessária. Não haveria razão para denunciá-las aqui (no Supremo) e separar os autos em relação aos demais agentes envolvidos nos fatos."

O procurador-geral relata que "restou claro" que Cláudia Cordeiro Cruz é titular sozinha da conta Kopec - uma das contas na Suíça pela qual foi transmitido dinheiro ilícito, segundo a investigação da Lava Jato.

Viagens e grifes

Dessa mesma conta aparece como beneficiária do cartão de crédito Danielle, filha do deputado. O rastreamento do cartão de crédito mostra gastos sequenciais de grandes valores em restaurantes, hospedagens e viagens ao exterior.

"A conduta das investigadas adquire grau de autonomia apto a justificar a cisão processual", escreveu Janot, ao requerer a remessa de cópia integral dos autos para a 13.ª Vara Federal de Curitiba, aos cuidados de Sérgio Moro, "com o intuito de apurar a conduta de todos os demais agentes envolvidos nos fatos que não possuam foro por prerrogativa de função".

Na denúncia contra Cunha, o procurador assinala que Cláudia Cruz, "nada obstante tenha declarado ser dona de casa nos documentos bancários suíços gastou US$ 7,7 mil na loja da Chanel (grife de luxo) em Paris em 9 de janeiro de 2014".

O rastreamento do cartão de crédito dos Cunha mostra, ainda, que a mulher do deputado réu gastou em 11 de janeiro de 2014 US$ 2,64 mil na Christian Dior, mais US$ 4,18 mil na loja Charvet Place Vendôme e ainda US$ 2,94 mil na loja de roupas Balenciaga.

No dia 2 de março de 2014, agora em Roma, a mulher do presidente da Câmara gastou US$ 4,49 mil na Prada e seis dias depois, já em Lisboa, outros US$ 3,53 mil na Louis Vuitton.

"A filha de Eduardo Cunha também efetuou diversos gastos, inclusive em lojas de grife", apontou Janot. "Todos estes valores foram pagos com parte do dinheiro de propina recebido por Eduardo Cunha."

Cunha nega ter recebido propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um dos advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Roberto Teixeira divulgou nota nesse sábado (5) sobre a 24ª fase da Operação Lava Jato, na qual cita que houve “clara tentativa das autoridades de intimidar um dos advogados do ex-presidente, violando suas prerrogativas profissionais”, e diz que vai levar o caso ao conhecimento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Ele reclama, especificamente, que no comunicado de condução coercitiva do ex-presidente Lula, na véspera, o juiz Sérgio Moro se referiu a ele [Teixeira] como pessoa notoriamente próxima a Lula, e que representou os empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar na aquisição de um sítio em Atibaia (SP), minutando escrituras e recolhendo assinaturas em seu escritório de advocacia.

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Ele questiona "o que esses fatos demonstram", além do simples exercício da advocacia? Teixeira menciona que prestou assessoria a Fernando Bittar e Jonas Suassuna na aquisição do Sítio Santa Bárbara, município de Atibaia (SP), da mesma forma que já representou centenas de outros clientes em assuntos envolvendo direito imobiliário. No seu entender, "não há qualquer justificativa para que tal fato seja indicado no pedido do Ministério Público Federal (MPF) e na fundamentação da decisão judicial que autorizou, dentre outras coisas, medidas invasivas em relação ao ex-presidente Lula, de cuja defesa também participo”.

De acordo com Roberto Teixeira, “a leitura do pedido apresentado pela 'Força Tarefa Lava Jato' ao juiz Sérgio Moro indica a intenção do MPF de envolver a minha atuação profissional nas investigações”. Razão pela qual pretende interpelar a OAB e o CNJ.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depôs na sexta (4) por cerca de três horas no escritório da Polícia Federal, no Aeroporto de Congonhas, zona sul paulistana. Segundo o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), as declarações foram prestadas para dois procuradores, na presença de três advogados. Dentre eles: Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato, considerou o risco de tumultos para decretar a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da 24ª fase batizada de Operação Aletheia. Houve suposto vazamento da operação e identificação de mobilização para gerar tumulto nas buscas.

"Apontado motivo circunstancial relevante para justificar a diligência, qual seja evitar possíveis tumultos como o havido recentemente perante o Fórum Criminal de Barra Funda, em São Paulo, quando houve confronto entre manifestantes políticos favoráveis e desfavoráveis ao ex-Presidente e que reclamou a intervenção da Polícia Militar", diz Moro em despacho.

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"Colhendo o depoimento mediante condução coercitiva, são menores as probabilidades de que algo semelhante ocorra, já que essas manifestações não aparentam ser totalmente espontâneas." Segundo Moro, com a medida, "previnem-se incidentes que podem envolver lesão a inocentes", sem embargo do direito de manifestação política.

"Por outro lado, cumpre esclarecer que a tomada do depoimento, mesmo sob condução coercitiva, não envolve qualquer juízo de antecipação de responsabilidade criminal, nem tem por objetivo cercear direitos do ex-Presidente ou colocá-lo em situação vexatória."

O juiz federal Sérgio Moro determinou a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta sexta-feira, 4, o petista foi levado de sua residência em São Bernardo do Campo até o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde depôs por mais de três horas na Operação Aletheia, ápice da Lava Jato, que o investiga por suspeita de recebimento de propinas do esquema Petrobras.

"Expeça-se quanto a ele mandado de condução coercitiva, consignando o número deste feito, a qualificação e o respectivo endereço extraído da representação. Consigne-se no mandado que NÃO deve ser utilizada algema e NÃO deve, em hipótese alguma, ser filmado ou, tanto quanto possível, permitida a filmagem do deslocamento do ex-presidente para a colheita do depoimento", determinou Moro.

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"Na colheita do depoimento, deve ser, desnecessário dizer, garantido o direito ao silêncio e a presença do respectivo defensor. O mandado SÓ DEVE SER UTILIZADO E CUMPRIDO, caso o ex-presidente, convidado a acompanhar a autoridade policial para depoimento, recuse-se a fazê-lo."

O Ministério Público Federal havia pedido ainda a condução coercitiva da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Moro negou.

"Em relação ao pedido de condução coercitiva de Marisa Letícia Lula da Silva, indefiro. Em relação a ela, viável o posterior agendamento do depoimento com a autoridade policial, sem que isto implique maior risco à ordem pública ou a terceiros", determinou.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato na 1ª instância, converteu as prisões temporárias do marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia Monica Moura em regime preventivo - sem prazo para terminar. Os dois haviam sido detidos temporariamente na Operação Acarajé, 23ª fase da Lava Jato.

"Embora as prisões cautelares decretadas no âmbito da Operação Lava Lato recebam pontualmente críticas, o fato é que, se a corrupção é sistêmica e profunda, impõe-se a prisão preventiva para debelá-la, sob pena de agravamento progressivo do quadro criminoso. Se os custos do enfrentamento hoje são grandes, certamente serão maiores no futuro. O país já paga, atualmente, um preço elevado, com várias autoridades públicos denunciadas ou investigadas em esquemas de corrupção, minando a confiança na regra da lei e na democracia", afirmou Moro no despacho.

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A Polícia Federal e a Procuradoria haviam pedido a conversão da prisão em preventiva sob alegação que os marqueteiros destruíram provas e foram informados com antecedência da Operação Acarajé. A defesa do publicitário e de sua mulher e sócia pediram a ‘imediata colocação em liberdade’ do casal. Segundo os advogados ‘as insinuações da Polícia Federal não escondem sua inconsistência, para dizer o mínimo, e não resistem a uma análise um pouco mais séria e criteriosa’.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato, mandou soltar a funcionária da Odebrecht Maria Lúcia Guimarães Tavares, mas impôs três medidas cautelares. Ela foi presa temporariamente em 22 de fevereiro na Operação Acarajé, a 23.ª etapa da Lava Jato.

O magistrado havia decretado a prorrogação da prisão em 26 de fevereiro. Maria Lúcia deverá entregar o passaporte à Polícia Federal em 48 horas. "Para coibir chances de continuidade delitiva e para proteger a investigação, a instrução e a aplicação da lei penal, foram determinadas as seguintes medidas cautelares alternativas: 

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- proibição de deixar o Brasil sem autorização do Juízo;

- proibição de mudar de endereço sem autorização do Juízo;

- obrigação de comparecimento a todos os atos do processo e de atender convocações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, inclusive por telefone", determinou.

Segundo a Polícia Federal, Maria Lúcia Guimarães Tavares 'era a pessoa responsável pelo controle das entregas dos 'acarajés', como os investigados chamavam os valores repassados'. No despacho, Moro afirmou que a PF havia se manifestado pela 'desnecessidade, quanto a ela, da continuidade de prisão cautelar, solicitando a imposição de medidas cautelares alternativas'.

"Apesar da aparente gravidade dos fatos em apuração, não somente manutenção de conta no exterior, mas corrupção, lavagem de dinheiro além de possíveis fraudes em financiamento político partidário, é certo que Maria Lúcia teria uma função subordinada no suposto esquema criminoso, sendo talvez desproporcional, neste momento, a decretação da preventiva", afirmou Moro.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato em 1º grau, autorizou nessa terça-feira (9) a abertura de inquérito específico para que a Polícia Federal investigue o Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A força-tarefa do Ministério Público Federal suspeita que empreiteiras - como OAS e Odebrecht - tenham realizado obras na propriedade como compensação por contratos com o governo.

O pecuarista José Carlos Bumlai - já investigado na Lava Jato - também pode ser alvo do inquérito por ter, conforme as apurações, emprestado um arquiteto para a obra.

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Até então, as suspeitas eram investigadas em um inquérito que tem como alvo apenas executivos da OAS. Estavam sendo apuradas inicialmente suspeitas de crimes de peculato (apropriação de bem por agente público e seus cúmplices) e lavagem de dinheiro.

"Considerando-se que o IPL (inquérito policial) 0594/14 (já relatado e que aguarda perícia em andamento) diz respeito especificamente à empresa OAS, entendemos ser necessário o desmembramento dos documentos produzidos no bojo deste IPL que digam respeito à investigação da suposta relação do imóvel localizado em Atibaia/SP, com a empresa OAS e outras empresas e pessoas físicas investigadas na Operação Lava Jato, reunindo-se o material produzido em novo IPL a ser instaurado, após a autorização judicial, em dependência ao IPL 1041/13", diz o pedido da PF.

Sigilo

Com a decisão, um novo inquérito - sigiloso - foi aberto. "Além da extensão da investigação para além do âmbito da empresa OAS, entendemos que as diligências em curso demandam necessário sigilo, já que o fato ainda está em investigação", informa a PF na representação a Moro.

Além das obras supostamente realizadas por empreiteiras acusadas de fatiar obras na Petrobrás mediante o pagamento de propinas, a força-tarefa da Lava Jato investiga quem são os donos do sítio e quais as relações do advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente Lula, com a compra e a reforma do Sítio Santa Bárbara.

A propriedade está em nome de Fernando Bittar, filho do ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar (PT), e do empresário Jonas Suassuna - sócio de um dos filhos de Lula. O negócio foi formalizado em 29 de outubro de 2010 no escritório de Teixeira, padrinho do filho caçula do ex-presidente, Luis Claúdio. A família de Lula usa frequentemente o sítio, que foi reformado em 2011, após sua compra.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O juiz federal Sérgio Moro prorrogou nesta segunda-feira, dia 1º, por mais cinco dias a prisão temporária do empresário Ademir Auada - apontado como líder de uma organização que formava empresas offshores para camuflar a propriedade de imóveis no condomínio Solaris, no Guarujá (SP), onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria um tríplex.

Durante as investigações, a Polícia Federal interceptou telefonemas de Auada orientando a filha, Carolina, a destruir provas. Pai e filha destruíram tantos papeis que a máquina de triturar chegou a queimar.

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A Operação Triplo X, deflagrada na semana passada, atribui a Auada o papel de líder do esquema de constituição de offshores. A publicitária Nelci Warken, que também foi presa, aparece como proprietária de um tríplex em uma torre vizinha à qual Lula teria imóvel - o ex-presidente nega a propriedade.

Moro acolheu pedido da PF e da Procuradoria da República ao ampliar em mais cinco dias a custódia temporária do empresário. A PF alertou que "ainda não foi possível no exíguo tempo examinar todo o material apreendido" durante a Operação Triplo X.

"A análise preliminar dos documentos apreendidos na residência do investigado corrobora os indícios de participação em grupo cuja atividade principal é dirigida à ocultação de valores por meio de empresas offshore", assinala a PF. "Destaco, entretanto, que não foi possível esgotar a análise de todo material apreendido, mormente os equipamentos de informática. Considerando o volume de materiais apreendidos, não há nenhuma possibilidade material de encerramento da análise num curto espaço de tempo."

A PF destacou, ainda, para "aparente colaboração de Ademir Auada com as apurações". "Ademir Auda é responsável pela constituição e estruturação empresarial offshore e também pela abertura de contas bancárias internacionais em nome dessas empresas. O preso já foi inquirido e, em sede de interrogatório, confirmou sua atuação no ramo de consultoria e assessoria para criação e estruturação empresarial offshore. Ademais, identificou seus clientes e as respectivas empresas internacionais a que estão vinculados", assinalou o juiz Moro.

Ao acolher o pedido de ampliação da prisão temporária do empresário, o juiz da Operação Lava Jato observou que a solicitação era justificada, "não obstante a aparente colaboração" do suspeito.

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