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O presidente americano, Donald Trump, põe em prática uma "retórica do ódio", dando as costas a refugiados e imigrantes, transformados em bodes expiatórios, denuncia a Anistia Internacional (AI) em seu relatório anual sobre a situação dos direitos humanos no mundo.

No informe, publicado nesta quarta-feira (22), a organização internacional chamou a atenção para um cenário no Brasil marcado por altas taxas de homicídio, violência policial e risco de perda de direitos para algumas minorias desde a posse do governo Temer, em 2016.

No mundo, a AI destacou que no ano passado, "o uso cínico" da retórica do ódio adquiriu proeminência global em uma escala nunca vista desde a década de 1930.

Além de Trump, a Anistia criticou o presidente filipino, Rodrigo Duterte, o turco Recep Tayyip Erdogan e o premiê húngaro, Viktor Orban, que "têm uma agenda tóxica que persegue, transforma em bodes expiatórios e desumaniza grupos inteiros de pessoas".

Donald Trump, segundo a organização, foi eleito presidente dos Estados Unidos em novembro "após uma campanha que causou consternação por seu discurso discriminatório, misógino e xenófobo", que "ilustra a tendência global mais violenta e divisiva de fazer política".

"As decisões que está tomando, seja na construção de um muro na fronteira com o México ou na aceleração das expulsões de imigrantes ilegais, terão repercussões sobre milhões de pessoas", alertou Geneviève Garrigos, encarregada da AI para as Américas.

O secretário-geral da AI, Salil Shetty, advertiu, ainda, contra o "risco de efeito dominó", quando países poderosos, como os Estados Unidos, "retrocedem em seus compromissos com os direitos humanos".

Diante deste cenário, a Anistia conclamou a mobilização de todos. "O ano de 2017 será de resistência", disse Shetty à AFP. "Nossas esperanças estão no povo".

Expulsões e repressões

Em seu informe, que abrange 159 países, a Anistia alertou para a inquietante situação dos refugiados centro-americanos que fogem da violência implacável em seus países e são frequentemente esquecidos.

Em 2016, estas pessoas foram vítimas de expulsões de México e Estados Unidos, apesar dos assoladores indícios de que muitos voltavam a situações de perigo mortal, destacou a AI.

A encarregada da Anistia para a região das Américas denunciou, ainda, a detenção de migrantes, inclusive de menores não acompanhados, nos meses passados na fronteira sul dos Estados Unidos, muitos deles sem acesso adequado a atendimento médico, nem à assistência de um advogado.

"Nos preocupa que esta situação se agrave com a grande quantidade de migrantes cubanos que foram ao Equador para depois tentar chegar aos Estados Unidos ou de haitianos que estão bloqueados na fronteira mexicana, sem nenhum recurso, em condições muito difíceis", acrescentou Garrigos.

A AI também alertou para a grave situação dos presos políticos na Venezuela e a determinação do governo em reprimir a dissidência, assim como a situação dos defensores de direitos humanos em Brasil e Colômbia, que continuam sofrendo ameaças de morte.

O Brasil na era Temer

No Brasil, a AI criticou as políticas de segurança pública adotadas pelo governo conservador de Michel Temer, que substituiu no ano passado a esquerdista Dilma Rousseff, destituída pelo Congresso.

"O foco de qualquer política de segurança pública em um país que tem 60 mil homicídios por ano, em um país que tem milhares de pessoas sendo mortas pela polícia, policiais mortos em serviço todos os anos (...) deveria ser a redução de homicídios, a proteção da vida, controle de armas, a redução da letalidade violenta", disse Renata Neider, assessora de Direitos Humanos da AI no Brasil, durante coletiva de imprensa no Rio.

Mas não foi o que aconteceu. "Hoje, a política de segurança pública é voltada para a guerra às drogas, que resulta em um superencarceramento e que resulta em milhares de pessoas mortas todos os anos", acrescentou, em alusão aos recentes acertos de contas sangrentos entre grupos rivais de narcotraficantes nas superlotadas prisões do País.

Após o impeachment de Dilma, ganharam força as bancadas do agronegócio, dos defensores do porte de armas e das igrejas evangélicas, que lançaram iniciativas que questionam os direitos de diversas minorias.

"No Congresso, várias propostas que prejudicariam os direitos das mulheres, povos indígenas, crianças e lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTI) estavam em discussão", adverte o informe.

A AI também criticou a Lei Antiterrorista, promulgada por Dilma em março de 2016, dois meses antes de sua destituição, "por sua linguagem vaga e por deixar margem para que se aplique arbitrariamente em conflitos sociais".

'Mundo atento à França'

A Anistia Internacional, sediada cuja sede central fica no Reino Unido, apresentou excepcionalmente na França seu relatório anual 2016-2017 para alertar sobre a situação dos Direitos Humanos neste país faltando dois meses para as eleições presidenciais.

"A França está em um ponto de inflexão quanto aos direitos humanos", advertiu Shetty, pedindo aos cidadãos "que não caiam na armadilha dos discursos de ódio, medo e isolamento".

A AI denunciou, ainda, a restrição dos direitos humanos no âmbito das medidas antiterroristas tomadas neste país, em particular as relacionadas com o estado de emergência decretado após os atentados de novembro de 2015, que provocaram a morte de 130 pessoas.

"O governo deve proteger seu povo, mas as medidas devem ser proporcionais", destacou, antes de afirmar que "o mundo está atento à França".

O ex-prefeito de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, Carlos Santana (PSDB), acusou os adversários na disputa pelo comando da prefeitura da cidade de querer ganhar o novo pleito, marcado para o dia 2 de abril, com “ódio no coração”. Em outubro, quando disputou a reeleição, ele foi derrotado após receber 23.765 mil votos dos 66.468 eleitores que foram as urnas. Desta vez, o candidato a vice é Danda Vasconcelos (PP).

O PTB homologou a candidatura de Santana para a eleição suplementar na noite dessa segunda-feira (6). “As pessoas querem ganhar essa disputa com ódio no coração e desse jeito não se ganha nada. Não vamos aceitar provocações, mentiras, agressões. Para cada mentira responderemos com o que já fizemos por Ipojuca e o que muito ainda haveremos de fazer", argumentou durante o discurso no evento. 

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Segundo o tucano, depois que o pleito em outubro foi anulado o município vive dias “tristes”. "As pessoas invadindo a Prefeitura, desacatando quem não compartilha do mesmo sentimento. Isso não é política", afirmou. 

Santana vai disputar a eleição com Célia Sales (PTB), esposa de Romero Sales (PTB), prefeito eleito em outubro com a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral por improbidade administrativa.

Na convenção, Carlos Santana ainda apresentou propostas para o novo governo, caso seja eleito. "Vamos construir mais creches, ampliar o Programa Bolsa Escola, beneficiando mais famílias, o Pré-Vestibular Cidadão para que mais jovens ingressem na universidade. Ofereceremos uma frota de ônibus maior para levar os universitários para as unidades de ensino superior com conforto. Além disso, vamos fechar uma parceria com o governo para implantar o programa Chapéu de Palha", concluiu.

Regras da eleição suplementar

De acordo com a resolução divulgada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), os partidos devem realizar as convenções municipais para a escolha dos candidatos a prefeitos até está quarta-feira (7) e pedido do registro da candidatura deve ser entregue ao Tribunal até às 19h do dia 8. O órgão terá três dias para julgar se acata ou não o pedido.

A campanha eleitoral na cidade inicia no dia 9 de fevereiro e a veiculação da propaganda nas rádios locais no dia 13 de março.  

Ainda de acordo com a resolução, só podem votar em abril eleitores que se alistaram até o dia 2 de novembro de 2016. A diplomação dos eleitos deve acontecer até 20 de abril.

O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Rui Falcão, afirmou que as tragédias que aconteceram fora e dentro dos presídios é consequência de políticas equivocadas. “O descaso com que o governo usurpador de Temer vem tratando os massacres nos presídios, a inépcia do ministro golpista da Justiça e o programa ridículo que apresentou para enfrentar o problema reforçam a necessidade da renúncia imediata deste governo ilegítimo, incompetente, e a realização de eleições diretas antecipadas”, disse Falcão, nesta segunda-feira (9), por meio de artigo publicado no site oficial do PT.

Falcão também sentenciou que o pensamento de direita cultiva o ódio. “A explosão da violência, o assassinato de uma família seguido de suicídio do pai em Campinas é igualmente revoltante e expressa a difusão de um perigoso pensamento de direita, que cultiva o ódio, a violência, a intransigência e naturaliza a intolerância na sociedade”. 

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O presidente acrescentou que, neste ano, o PT irá atualizar suas estratégias. “2017 também é o ano do VI Congresso do PT, que já está mobilizando o partido, envolvido em debates e renovação de esperanças. Vamos realizar um balanço dos nossos governos, promover mudanças organizativas necessárias e eleger novas direções. Tudo isso com muita disposição para as lutas do período junto com os movimentos que enfrentam as medidas regressivas do governo golpista e propõem alternativas para combater o desemprego e a recessão”, concluiu.

O ódio contra migrantes e refugiados está se alastrando pela Europa, alertou hoje a Agência para os Direitos Fundamentais (FRA, na sigla em inglês), apelando a uma “ação concertada” da União Europeia (UE) e dos seus Estados-membros para impedir esse crescimento. As informações são da Agência de Notícias Lusa.

A FRA está, desde setembro de 2015, a pedido da Comissão Europeia, divulgando relatórios mensais sobre os direitos fundamentais das pessoas que chegam aos Estados-membros da UE, particularmente no contexto dos fluxos migratórios.

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No relatório de novembro, divulgado hoje (22), a Agência para os Direitos Fundamentais analisa a situação em 14 Estados-membros (Portugal não faz parte da lista), nos quais detecta “hostilidade e tensão” contra migrantes e refugiados.

O relatório se refere a “incidentes graves e alastrados de violência, assédio, ameaças e discurso de ódio contra migrantes e refugiados e suas crianças”. Os principais autores são “justiceiros e público em geral”. Os muçulmanos, e especialmente as mulheres muçulmanas, são os alvos preferenciais.

Segundo a  FRA, ativistas de direitos humanos, jornalistas e políticos “amigos dos refugiados” também são alvo de crimes de ódio. A agência destaca que há “poucas denúncias e poucos registros” desses delitos. “A maioria dos Estados-membros não colige nem publica estatísticas sobre crimes de ódio contra refugiados e migrantes”, sendo a sociedade civil “muitas vezes a principal fonte de informação”, disse.

“As respostas estatais aos crimes de ódio contra refugiados e migrantes são consideradas frágeis pelas sociedades civis de muitos Estados-membros”, observa a FRA, acrescentando que “os serviços de apoio a vítimas raramente têm em conta as necessidades” daquelas populações.

Ao mesmo tempo, os migrantes e refugiados “raramente reportam crimes de ódio às autoridades ou outras organizações”. Entre as razões para tal estão “a falta de confiança na polícia e nas autoridades”, “o medo de retaliação e de serem presos ou deportados”, “a crença de que nada mudará” e “as barreiras linguísticas”.

A Bélgica recrutou 31 jovens "ciberpatrulheiros" com idades entre 18 e 35 anos para lutar contra a intimidação e perseguição na internet, como parte de um programa europeu de combate à discriminação e radicalização nas redes sociais.

"Os jovens enfrentam cada vez mais na internet discursos de ódio. Não apenas racistas, mas também sexistas e discriminatórios", lamenta Isabelle Simonis, ministra belga da Promoção Social, Juventude, Direitos das Mulheres e Igualdade de Oportunidades, que coordena o projeto.

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"Acreditamos que é aqui que começa um certo grau de radicalização", explica à AFP, ao destacar que este é sobretudo um "trabalho de prevenção".

O objetivo é formar jovens ativos para que atuem diretamente na rede quando detectarem discursos de incitação ao ódio. O projeto é apoiado pelo Conselho da Europa.

A Bélgica é um país especialmente sensível à questão depois dos atentados de 22 de março em Bruxelas, nos quais morreram 32 pessoas, e pelo fato de a capital belga ter servido de base para o planejamento dos ataques em Paris em novembro de 2015.

O ódio nas redes sociais é um problema global, como demonstram as mensagens publicadas após o Brexit ou a vitória de Donald Trump nas eleições americanas.

Florian Vincent, 19 anos, é um dos "patrulheiros virtuais" belgas.

"Não temos uma estratégia, não somos funcionários, não é um trabalho fixo", conta.

"Mas se durante a navegação pela internet encontramos palavras de ódio, estamos formados e tentamos responder", explica.

Vincent afirma que o trabalho consiste em "aplacar os ânimos e tentar explicar a verdade, a uma pessoa comum que publica algo no Facebook, mas também a um político ou uma pessoa conhecida".

De acordo com o Unia, organismo independente de luta contra a discriminação com sede em Bruxelas, dos 365 casos de estímulo ao ódio registrados na Bélgica no ano passado, 92% vieram da internet e 126 aconteceram no Facebook e Twitter.

Apesar das ameaças on-line cada vez mais numerosas e mais graves, a ministra Isabelle Simonis diz que o programa não pretende criar uma polícia na internet e sim "reforçar a cidadania dos jovens".

O governo belga quer ampliar o projeto aos menores de 18 anos, mas neste caso os "ciberpatrulheiros" teriam que atuar sob a supervisão de um adulto.

Florian Vincent acredita que as escolas também deveriam dar este tipo de formação para desmitificar o a perseguição na internet.

"Não se deve considerar piada tudo que é escrito na internet", conclui.

Grupos de extrema direita encontraram na internet uma ferramenta para divulgar seus discursos de ódio, inclusive para as vítimas, que, em sua maioria, desistem de denunciá-los, segundo um estudo de antropologia da Universidade de Barcelona, na Espanha.

Nesta pesquisa, realizada junto a outras entidades de Itália, França, Espanha, Romênia e Reino Unido, denunciam a passividade e a permissividade da sociedade e das plataformas digitais diante destas mensagens que parecem se consolidar tanto na rede quanto na política europeia, com um crescimento constante da extrema-direita.

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"A internet representou um salto de qualidade para muitas coisas e também para a difusão do discurso de ódio", disse em uma coletiva de imprensa o doutor em antropologia Miguel Pajares, que participou deste estudo no âmbito do projeto europeu PRISM para combater estas mensagens. 

"A internet não apenas significou a possibilidade de expandir este discurso, mas também o normalizou e se assume como inevitável", acrescentou.

Durante seu estudo, os pesquisadores entrevistaram 150 usuários das redes sociais e profissionais vinculados a este tema, como policiais ou procuradores, dos cinco países participantes. A principal conclusão é que as vítimas não denunciam estas situações. Segundo uma estimativa da agência de direitos fundamentais da União Europeia (UE), entre 60% e 90% desistiram de fazer isso.

Das vítimas entrevistadas, apenas uma havia denunciado à polícia atitudes xenófobas, afirmam. Isto representa um problema duplo. "Estas ideias se consolidam como válidas e, de quebra, a magnitude do problema é reduzida, já que sem denúncia estes atos não constam nas estatísticas oficiais", adverte a antropóloga Olga Jubany, que liderou o estudo.

Entre os motivos desta passividade, figuram o fato de que a vítima já está acostumada, o desconhecimento de que estas atitudes podem ser um crime e a desconfiança da eficiência dos mecanismos de denúncia tanto por via policial quanto através dos administradores dos sites.

De fato, os pesquisadores denunciaram no Facebook cem comentários racistas na rede social e apenas nove foram eliminados. Entre os que permaneceram visíveis, há alguns pedindo a morte dos muçulmanos ou o envio de judeus a campos de concentração.

"Não denunciam porque não funciona. Estes mecanismos não estão sendo eficientes como deveriam. Se nada é feito, as mensagens permanecem e seguem promovendo estes discursos', alertou Jubany.

Centenas de policiais protestaram nesta quarta-feira (18) na França para denunciar "o ódio à polícia", uma demonstração rara, paralelamente a qual uma contramanifestação em Paris resultou em um veículo da polícia incendiado. Os policiais, que receberam a gratidão dos franceses após os ataques de 2015, dizem que estão "cansados" das tarefas impostas pelo estado de emergência.

Além disso, têm sido alvos da violência de pequenos grupos radicais durante os recentes protestos sindicais contra uma reforma trabalhistas. Assim, convocaram protestos em sessenta cidades do país. A maior manifestação aconteceu em Paris, na simbólica Praça da República, lugar de memória dos ataques de 2015.

Neste mesmo local, uma contra-manifestação que não foi autorizada resultou em violência no início da tarde. Os participantes, que gritavam: "policiais, porcos, assassinos" ou "todo mundo odeia a polícia", foram afastados da praça com gás lacrimogêneo.

Um pequeno grupo lançou com um coquetel Molotov em um veículo da polícia ocupado por dois agentes que precisaram sair às pressas, de acordo com a polícia.

Em frente ao veículo carbonizado, pessoas desconhecidas deixaram um cartaz: "frango assado, preço livre", constatou um jornalista da AFP. Na praça, policiais se reuniram sob a proteção de um cordão de guardas e barreiras.

"Estamos fartos de sermos questionados de forma sistemática e de apanharmos", denunciou um policial à AFP. "Temos de parar os líderes, sabemos quem são", afirmou em referência aos vândalos. Imagens de vândalos, de vitrines quebradas e policiais feridos foram projetadas em uma tela gigante, sob as vaias dos manifestantes.

Mais de 350 membros das forças de segurança ficaram feridos durante as manifestações sociais das últimas semanas, de acordo com as autoridades. "Eu nunca vi isso", disse à AFP Arnaud, CRS há vinte anos. "Os vândalos (...) estão perfeitamente organizados, recolhem tudo o que encontram no chão e nos atacam. Sem pilhagem, somente para atingir os policiais".

Governo criticado

Do lado dos manifestantes, eles denunciam a brutalidade da intervenção da polícia, com vídeos postados nas redes sociais para apoiá-los. Um jovem perdeu a visão de um olho depois de ser ferido no final de abril em Rennes (oeste).

Trinta investigações da "polícia da polícia" sobre a suposta violência policial foram abertas. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, expressou nesta quarta-feira seu "total apoio" à polícia. Mas líderes da esquerda e sindicais, bem como da Liga dos Direitos Humanos, criticam a gestão da manutenção da ordem pelo governo.

Aplaudidos após os atentados de janeiro de 2015 em Paris (17 mortos, incluindo três policiais) por todo um país traumatizado, a polícia ainda assim goza de uma "imagem excepcional", com 82% dos franceses com uma boa opinião, de acordo com um pesquisa divulgada nesta quarta-feira.

Mas os franceses também são predominantemente contra (58%) o projeto de reforma trabalhista que alimenta a contestação social. O presidente socialista François Hollande declarou nesta terça-feira que não iria desistir desta reforma, que fez passar sem o voto parlamentar por falta de maioria.

Sobre os vândalos, "já basta, e isso não vai ficar sem resposta!", ressaltou Francois Hollande. A menos de um ano da eleição presidencial e num momento em que a popularidade do chefe de Estado está em seu menor nível, a aplicação da lei é convidada a ser um dos temas de campanha.

A oposição de direita e a extrema-direta aumentaram nos últimos dias suas acusações. Marine Le Pen, presidente da Frente Nacional (extrema-direita), denunciou na terça-feira "a frouxidão total" do poder frente às "milícias de extrema-esquerda".

O juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, recomendou nesta quarta-feira, 11, que o País deve tratar das questões "contra o ódio". O magistrado sugeriu calma ante "ânimos inflamados".

Moro disse que considera fundamental que "num momento político tumultuado as pessoas pensem de forma apartidária e com tolerância", em sua participação no Simpósio Comemorativo dos 50 anos do Direito da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Paraná.

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Ex-aluno da UEM, Moro afirmou ainda que o País não deve desprezar o combate aos malfeitos. "Devemos continuar sendo intolerantes em relação a esses esquemas de corrupção sistêmica."

O juiz sugeriu à plateia que proceda com "racionalidade e sem rancor no coração". Pregou que todos devem evitar "ódio a quem cair na tentação de cometer esse tipo de crime (corrupção)".

Ao abordar o que chamou de "quadro de corrupção sistêmica", Moro disse que o poder público "não é o único vilão". "A corrupção envolve quem paga e quem recebe", afirmou. "Você quer mudar o País, quer superar a corrupção sistêmica? Não pague propina."

Enquanto Moro discursava na Faculdade de Direito, o Senado discutia a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Durante mais de 20 horas, entre quarta-feira e as 6h33 de ontem, os parlamentares discutiram e votaram o afastamento da petista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Justiça eleitoral homologou arquivamento de investigação - procedimento preparatório - contra Levy Fidelix (PRTB) que, durante a campanha presidencial em 2014, foi acusado de empregar discurso de ódio à comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) em debate realizado pela TV Record. O arquivamento foi promovido dia 29 de abril pelo promotor eleitoral Silvio Antonio Marques e ratificado pelo juiz Roger Benites Pellicani, da 258ª Zona Eleitoral de São Paulo, em 12 de maio.

"O arquivamento dos autos é medida que se impõe", afirmou Silvio Marques. Ele destacou que políticos e entidades que representaram contra Levy atribuíram ao então candidato presidencial conduta que "ultrapassou os limites da liberdade de expressão". O promotor avalia que o fato é criminalmente atípico. "No Brasil, por inércia do legislador federal, o Código Penal e o Código Eleitoral não tratam de crimes contra as minorias ou contra coletividades determinadas. Os crimes contra a honra, dos quais a injúria é espécie, são, por sua vez, espécies dos crimes contra a pessoa, têm como sujeito passivo pessoa determinada."

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O procedimento preparatório eleitoral foi instaurado pela Procuradoria-Geral da República a partir de representações da Comissão Especial de Diversidade Sexual do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, pela deputada federal do PT/DF Erika Jucá Kokay, pelo senador do PSOL/AP Randolph Frederich Rodrigues Alves e por Raquel Dangelo Moura.

No debate da Record no dia 28 de setembro de 2014, a então candidata à Presidência Luciana Genro (PSOL) questionou Levy Fidelix acerca do reconhecimento de casal homossexual como família. Ele respondeu. "Pelo o que eu vi na vida, dois iguais não fazem filho. E digo mais (…): aparelho excretor não reproduz."

Foi requerida a adoção de medidas eleitorais e criminais contra Fidelix. Nos autos, ele alegou "não ter incitado ou propagado ódio contra homossexuais, lésbicas, bissexuais, travestis ou transexuais, mas ter, tão-somente, exercido a manifestação de seu livre pensamento". Afirmou que defendeu o "instituto da família".

Segundo o promotor Silvio Marques, a Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria Geral da República (PGR) informou que não há, nas páginas de Levy Fidelix nas redes sociais, "qualquer retratação ou esclarecimento sobre as declarações transcritas". Segundo a Secretaria da PGR o então candidato reiterou seu posicionamento contrário ao casamento homoafetivo, mas negou ser homofóbico".

O PSDB ingressou nesta sexta-feira (10) com representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) solicitando a suspensão imediata da propaganda partidária do PT. De acordo com os tucanos, as veiculações que começaram a serem exibidas na última terça-feira (7), estimulam o ódio, o preconceito e a divisão de classes sociais, além de usar da mentira para tentar iludir a população.

No documento o partido alega que as propagandas do PT desrespeitam o artigo 45 da Lei 9.096/95, que define as normas para a veiculação da propaganda partidária. “A propaganda do Representado extrapolou os limites legais incorrendo em evidente desvio, abusando dos meios de comunicação social disponíveis, lesando a ordem democrática e a lisura da comunicação partidária”, cita trecho da representação.

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De acordo com o PSDB em uma das propagandas, o PT afirma que é odiado por ter colocado negros e pobres em faculdades e aviões. “As peças publicitárias colocam de lado o salutar embate democrático, de ideias, de críticas e enveredam, equivocada e perniciosamente, pelo caminho do estímulo ao sentimento do ódio, adjacente a imagem estereotipada de que a classe média, os ricos e os brancos são os únicos que têm “motivos para odiar o PT”, afirma a representação do PSDB.

O PSDB também afirma que o PT induz a população ao erro ao afirmar ser responsável pelo aumento das prisões de corruptos nos últimos anos. “Como é sabido, não é o partido político quem realiza prisões, seja ou não aquele que ocupa o poder em determinado momento (...). Somente o Poder Judiciário é que detém a competência constitucional de expedir mandado de prisão, o qual encontra-se livre de qualquer ação de governo para esse fim, nos termos da Constituição Federal, que adota o princípio da separação dos poderes em nosso país”, alega o documento enviado pelo PSDB.

Além de pedir a suspensão das propagandas, o PSDB solicita ao TSE a condenação do partido determinando a cassação do direito a propaganda político partidária no quíntuplo do tempo correspondente e requer ainda que a representação seja encaminhada ao Ministério Público Eleitoral para instauração das providências cabíveis.

Mais de 10.000 pessoas se manifestaram no centro de Bruxelas sob o lema "Juntos contra o ódio", em protesto contra os atentados jihadistas da semana passada em Paris.

A polícia calcula entre 10.000 e 15.000 pessoas participantes da marcha.

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Muitos manifestantes exibiam cartazes "Eu sou Charlie" e faixas com mensagens "Juntos contra o ódio" escrito em francês e holandês.

Esta passeata acontece em paralelo à manifestação em prol da democracia e liberdade de expressão que deve reunir um milhão de pessoas em Paris.

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) anunciou nessa segunda-feira (15) a utilização de uma ferramenta que vai mapear a ocorrência de crimes de ódio na internet. O software vai coletar dados e identificar redes que se reúnem para fazer ofensas a grupos de pessoas. A ferramenta será o pilar das atividades do Grupo de Trabalho contra Redes de Ódio na Internet, criado em novembro para monitorar e mapear crimes contra direitos humanos nas redes sociais.

“A gente tem acompanhado e se preocupado com o crescimento desses crimes de ódio, que são incentivados e divulgados na internet. Já está mais do que na hora de a gente criar mecanismos para rastrear e retirar isso da rede”, disse a ministra da SDH, Ideli Salvatti, à Agência Brasil.

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Ela citou o caso de uma mulher que, em maio, foi espancada até a morte por moradores de Guarujá, em São Paulo, após um falso rumor ter se espalhado nas redes sociais de que ela praticava rituais de magia negra com crianças.

Com base nas informações coletadas pelo software, o grupo de trabalho, cuja reunião de instalação ocorreu ontem, poderá encaminhar denúncias ao Ministério Público ou à Polícia Federal. Três casos já estão sendo analisados, com base em denúncias recebidas pela Ouvidoria da SDH.

Um deles remete ao último episódio envolvendo os deputados federais Maria do Rosário (PT-RS) e Jair Bolsonaro (PP-RJ), na semana passada, quando o parlamentar disse que só não estupraria a deputada porque ela “não merece”.

Um rapaz postou foto em uma rede social “ameaçando a deputada Maria do Rosário de estupro”, de acordo com a SDH. Mais dois casos tratam de um site nazista e outro que prega a violência contra mulheres.

“Vamos documentar, avaliar os três casos e, na quinta-feira (18), devemos dar os encaminhamentos cabíveis, no sentido de tirar do ar, encaminhar para inquérito da Polícia Federal ou para providências do Ministério Público Federal”, explicou Ideli.

Monitorar e mapear crimes contra os direitos humanos em redes sociais será a tarefa do grupo de trabalho lançado hoje (20) pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O objetivo, segundo a pasta, é receber e analisar denúncias sobre páginas da internet que promovem o ódio e fazem apologia à violência e à discriminação.

O grupo também será composto por membros da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), da Secretaria de Políticas para Mulheres, do Departamento de Polícia Federal, do Ministério Público Federal, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais.

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A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, avaliou como assustador o crescimento dos crimes de ódio no Brasil. Segundo ela, dados da SaferNet Brasil indicam um aumento entre 300% e 600% no registro desse tipo de violação no país entre 2013 e 2014. Para Ideli, a legislação brasileira precisa ser revista quando se trata de crimes cibernéticos.

“O crime virtual desemboca, infelizmente, no crime real”, disse ela, ao citar o caso da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, atacada por uma multidão e morta em maio, em Guarujá (SP), depois da publicação de um retrato falado em uma rede social de uma mulher que realizava rituais de magia negra com crianças sequestradas. A dona de casa foi confundida com a mulher do retrato falado.

Em oito anos, segundo o governo, a SaferNet Brasil recebeu e processou 3.417.208 denúncias anônimas envolvendo 527 mil páginas na internet. As demandas foram registradas pela população por meio de hotlines que integram a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos.

A ministra da Seppir, Luiza Bairros, destacou que o lançamento do grupo de trabalho ocorre no Dia Nacional da Consciência Negra. A ideia, segundo ela, não é criminalizar usuários de redes sociais, mas fazer valer os conceitos de democracia e desenvolvimento inclusivo.

“As desigualdades no Brasil foram muito naturalizadas ao longo do tempo”, disse. “Queremos desenvolver um trabalho bastante incisivo de condenação do preconceito”, completou.

O secretário executivo do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, avaliou que o grupo de trabalho deve lidar com um tema que se torna cada vez mais presente e que demanda uma atuação cada vez mais efetiva por parte do Estado brasileiro. Ele lembrou que os crimes de ódio nas redes sociais, muitas vezes, causam sofrimento, geram violência e divisão na sociedade. “Não podemos permitir que o que a internet representa hoje para nós seja desvirtuado de modo a causar violência, sofrimento e divisões”, ressaltou.

Além da criação do grupo de trabalho, o governo anunciou uma parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo. O Laboratório de Estudos em Imagem e Cibercultura da instituição – referência nacional em pesquisas sobre redes sociais – vai desenvolver um aplicativo para que a Secretaria de Direitos Humanos possa acompanhar a atuação das redes de apologia ao crime e também de redes de defesa dos direitos humanos.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse há pouco que o governo da presidente Dilma Rousseff não é "portador de ódio" e, num ataque às candidaturas da oposição, afirmou que as alternativas que se apresentam no cenário eleitoral representam uma "política da exclusão". Na avaliação do ministro, "quem apostar na luta ódio contra ódio vai perder". "Nós não somos portadores do ódio, nem queremos polemizar nesse sentido", disse.

No último domingo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, se em 2002 o PT fez campanha para "a esperança vencer o medo", o foco da próxima corrida presidencial será uma "campanha para a esperança vencer o ódio". Esse comentário de Lula foi feito após a presidente Dilma Rousseff ser vaiada e xingada na Arena Corinthians, palco da abertura da Copa do Mundo.

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"Quem apostar na luta ódio contra ódio vai perder. Não vale a pena. O presidente Lula, como eu, temos denunciado uma prática de disseminação de um ódio de classe contra aqueles que tentam a mudança no País, a gente privilegiada que não quer a mudança. Felizmente ela é uma minoria, e ela dissemina esse ódio difundindo inverdades como, por exemplo, de que nós somos os grande autores da corrupção, que nós somos aqueles que se apoderaram do aparelho de Estado para os seus companheiros, para os 'petralhas', e assim por diante", disse há pouco Carvalho a jornalistas, antes de participar da convenção nacional do PT, em Brasília.

"É disso que se trata a nossa insurgência. Nós não somos portadores do ódio e nem queremos polemizar nesse sentido. Nós queremos que as maiorias vençam as minorias que resistem à mudança. A mudança é pelo bem de todo o mundo, inclusive das minorias. Nós não fizemos um governo de ódio, fizemos um governo que procurou unificar o País", afirmou o ministro.

Enquanto aliados de Dilma apostam no discurso de que Dilma é "vítima das elites", o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Aécio Neves já disse que não vai cair na "armadilha da luta de classes".

Mudanças

Ao falar do slogan da campanha de Dilma, "Mais mudanças, mais futuro", Carvalho afirmou que o Brasil é "testemunha" das mudanças implantadas pela gestão do PT na economia e nas políticas sociais.

"Quem governou esses 12 anos e quem conhece esse país e traz consigo a energia do povo, esse diálogo aberto com a sociedade, como nós sempre fizemos, nós entendemos que (o PT) tem condições objetivas e subjetivas de continuar operando essa mudança que o país precisa", comentou o ministro.

"As propostas que se apresentam como alternativa não são de mudança, representam na verdade o retorno de uma política que era a política da exclusão, em que as pessoas não tinham o direito que hoje têm", disse o ministro, repetindo o discurso de petistas de que a candidatura de Aécio Neves representa um "retrocesso".

"Basta você comparar o Brasil de hoje com o Brasil de 2002. Não há dúvida nenhuma que quem tem condições de continuar fazendo esse processo que o Brasil anseia é a presidenta Dilma e aquilo que ela representa como projeto", concluiu Carvalho.

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