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A Comissão Especial da PEC 282/2016, que propõe o fim das coligações partidárias e estabelece cláusula de barreira, teve que suspender o processo de votação da matéria devido ao início da ordem do dia no plenário da Câmara. No momento do encerramento da sessão, os membros do colegiado analisavam um destaque ao parecer da deputada Shéridan (PSDB-RR). A presidente da comissão, deputada Renata Abreu (Pode-SP), convocou uma nova reunião para amanhã, às 11 horas.

Ao ler o seu substitutivo, no início da sessão, nesta terça-feira, Shéridan anunciou que fez modificações no texto para atender alguns pedidos dos partidos menores e garantir a aprovação do texto. Entre as alterações, está a flexibilização para federações dentro dos Estados e Distrito Federal. Pelo novo texto, fica estabelecido que "no âmbito dos Estados e Distrito Federal, dois ou mais partidos integrantes de uma federação poderão, para fins exclusivamente eleitorais, organizar-se em subfederações".

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Com a mudança, os partidos podem fazer subfederações durante o período eleitoral de acordo com a conjuntura política de Estados e no Distrito Federal, mas após a eleição as legendas precisam restabelecer a formação constituída pela direção nacional da legenda. Ou seja, se nacionalmente a federação for composta pelos partidos A, B, C e D, nos Estados, para as eleições, a subfederação pode ser formada apenas por A e C. No entanto, não pode ter no grupo estadual o partido E, que não faz parte da federação nacional.

Segundo Shéridan, as federações buscam facilitar o acesso de partidos menores que não conseguirem atingir a cláusula de desempenho ao fundo partidário e tempo de rádio e televisão, que seriam divididos proporcionalmente de acordo com o tamanho das legendas que compõem o bloco. "Essa mudança foi construída para que partidos que não consigam alcançar o quociente eleitoral tenham a possibilidade de se federarem para que, unindo os quocientes eleitorais dos partidos, possam trabalhar nesse modelo de federação", defendeu.

Questionada se a flexibilização vai manter a grande quantidade de partidos, a parlamentar negou. "A federação dificulta e estabelece condições para o acesso aos recursos eleitorais. Agora tem que ter condições, tem que ter voto, por que você vai querer se unir com alguém que não tem voto? Se (o partido) for peso morto, quem vai querer se juntar (a ele)?", questionou.

Além dessas mudanças, a relatora também reduziu em seu dispositivo o número mínimo de parlamentares eleitos para que as legendas tenham acesso ao fundo partidário e ao tempo de rádio e televisão.

De acordo com novo o substitutivo elaborado pela deputada, a partir de 2030, somente os partidos que obtiverem no mínimo 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço dos Estados, terão direito aos recursos do Fundo Partidário. Para terem acesso ao benefício, os partidos deverão ter pelo menos 15 deputados eleitos distribuídos em pelo menos um terço dos Estados, e não 18 deputados como constava inicialmente.

Na legislatura formada a partir da eleição de 2022, o número mínimo para os partidos terem acesso aos recursos passou de 12 para 11 deputados eleitos. Já após o pleito de 2026, o número mudou de pelo menos 15 deputados eleitos para 13 parlamentares.

Votação

Shéridan defende que, se não houver um entendimento no colegiado nos próximos dias, o texto pode ser encaminhado diretamente para o plenário, como também já sinalizou o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O prazo mínimo exigido para que isso aconteça será completado na próxima quinta-feira, 24, quando será contabilizada a 40ª sessão de discussão sobre a proposta.

"O relatório está pronto há três semanas, então, se não avançarmos aqui, acho uma ideia inteligente e razoável levar diretamente para plenário", declarou Shéridan. A parlamentar afirmou ainda que não vê a ideia como "um problema, e sim como uma solução". "Entendo que há um entendimento muito grande no restante dessa Casa para validarmos essa matéria no plenário."

A Proposta de Emenda da Constituição (PEC) do distritão e do fundo público eleitoral está prevista para ser votada ainda nesta terça-feira, 22, sem ser consenso entre parlamentares, acadêmicos e entidades da chamada sociedade civil. O coletivo Nova Democracia reúne diferentes grupos surgidos nos últimos 12 meses com a proposta de oxigenar a política atual, hoje mergulhada em águas turvas, com uma agenda contrária à PEC. Na terça-feira passada, 15, a iniciativa lançou uma plataforma digital contra o distritão e o fundo bilionário, no qual o cidadão pode enviar e-mail para pressionar os parlamentares contra as medidas.

Em uma semana, cerca de 10,8 mil pessoas utilizaram a ferramenta. Formado pelo Agora!, Acredito, Quero Prévias, Bancada Ativista, Brasil 21 e Movimento Transparência, o Nova Democracia recebeu o apoio, nessa empreitada, de nove novas organizações: Avaaz, Congresso em Foco, Fundação Cidadania Inteligente, Instituto Ethos, Instituto de Tecnologia e Sociedade, Open Knowledge Brasil, Revista Construção, Renove e Transparência Internacional.

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"Esta é uma forma de as pessoas se mobilizarem, agiram de alguma forma, para barrar o distritão e o fundo eleitoral. A gente entende que essas duas medidas juntas dão poder muito grande a um sistema, além de ser um valor muitíssimo alto", diz Marina Helou, administradora pública e uma das coordenadoras do ND. Outros pontos da reforma, como o fim de coligações e a cláusula de barreira (que, em tese, dificultariam as pretensões eleitorais desses novos grupos), não entraram na pauta do coletivo por falta de consenso entre os movimentos.

Conheça um pouco sobre o perfil dos seis grupos que formam o Nova Democracia:

Movimento Transparência Partidária (MTP) - Dentre seus principais objetivos, está a aprovação de leis que tornem os partidos mais transparentes na gestão de recursos (publicações digitais e acessíveis ao cidadão) e limitação dos mandatos de dirigentes. "Os partidos políticos prestam contas com pouca frequência e de maneira obsoleta - uma vez ao ano, em papel e sem qualquer padronização. Como são financiados majoritariamente por recursos públicos, consideramos que a transparência é uma contrapartida mínima que precisam oferecer à sociedade", diz Ricardo Martins, cientista social e coordenador do MTP.

Bancada Ativista - Apesar de seus integrantes se dispersarem em dois partidos, Rede e PSOL, eles evitam se classificar como de "esquerda". Suas pautas, segundo eles, são "progressista": direitos humanos, redução de desigualdades e preservação do meio ambiente. Eles conseguiram eleger Sâmia Bonfim pelo PSOL para a Câmara Municipal de São Paulo. O modelo de gestão do grupo é, como chamam, horizontal. Tudo é discutido em reuniões, até mesmo a esta entrevista, a que responderam por e-mail, em grupo.

"Somos um movimento totalmente independente e voluntário. Temos uma estrutura horizontal, com reuniões gerais quinzenais. Toda vez que surge um novo projeto ou ação, cria-se um grupo de trabalho para executar, sempre reportando avanços na reunião geral. Quando nossas ações têm custos, levantamos recursos entre os participantes ou buscamos via financiamento coletivo", afirma o texto. O grupo tem planos para 2018, mas ainda não há uma estratégia definida.

Quero Prévias - O movimento defende a realização de prévias "transpartidárias" para eleições, da qual participariam pré-candidatas e pré-candidatos ligados aos partidos de esquerda e centro-esquerda (e eventualmente lideranças sociais não necessariamente ligadas a partidos) que possam levar a uma "candidatura unificada para uma esquerda renovada", segundo o antropólogo Ricardo Taperman. O movimento costuma fazer uma reunião mensal, tendo já contado com a presença do vereador e segundo colocado nas eleições municipais do Rio, Marcelo Freixo (PSOL), e mesmo o ex-prefeito Fernando Haddad (PT-SP). Taperman acrescenta que o Quero Prévias não tem vínculo institucional com nenhum partido, mas vem dialogando com o PSOL, Rede, PT, PDT e PCdoB desde sua criação, no fim do ano passado, para apresentar a ideia da candidatura unificada. Atualmente, diz, há algumas iniciativas transpartidárias em andamento para candidaturas ao Legislativo, mas não cita nomes.

Acredito - Formado por um grupo de jovens, na maioria egressos de universidades no exterior, eles já começam a organizar apostas para o Legislativo do ano que vem. Bruno Soares, que acaba de chegar ao País de um mestrado na Universidade de Harvard (Estados Unidos), planeja se lançar nas municipais ou nacionais de 2020 ou 2022. "Com o preço e a complexidade das campanhas, é bom começar a planejar desde já", diz. O grupo, que hoje tem cerca de 50 participantes, já chegou a se comparar a um "MBL maduro", em referência ao grupo pró-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, mas hoje tenta se distanciar dessa ideia. Tampouco se classificam como de esquerda ou direita: "Em alguns momentos, vamos ficar alinhados à esquerda, apoiando programas como o Bolsa Família, mas se formos discutir mensalidade de universidades públicas, estamos mais à direita, apoiando a cobrança", afirma Soares.

Eles são contrários ao distritão, "que favorece quem gerou a crise continuar se beneficiando dela", e são favoráveis à cláusula de barreira e ao fim das coligações. Segundo Bruno, o Acredito quer lançar ao menos um candidato por região do País e já tem iniciado as conversas com a Rede e o Livres (antigo PSL).

Agora! - O grupo nasceu de uma discussão entre dois amigos, Ilona Szabó, diretora-executiva do Instituto Igarapé, e o cientista político Leandro Machado. Eles selecionaram a dedo os 50 e poucos que hoje compõem o grupo. Tem uma cartilha de obrigações, como participação de reuniões e experiência em cargo público, em algum momento de suas carreiras - não necessariamente eletivo.

Questionado sobre posição ideológica, Machado diz que "essas nomenclaturas são tão velhas como se a gente perguntasse hoje se você prefere xerox ou mimeógrafo". Ele, que foi assessor da campanha de Marina Silva em 2010, diz que eles têm procurado conversar com partidos novos, "sem vícios e sem esqueletos no armário", como a Rede e o Novo.

"A gente nasce para não polarizar", diz Ilona. "Queremos atualizar o País e melhorar efetivamente a vida das pessoas. Fora do Brasil, buscamos inspiração no (Barack) Obama (ex-presidente dos Estados Unidos), (Justin) Trudeau (presidente do Canadá) e no Macron (presidente francês), no sentido da união nacional", completa. Ilona também é coordenadora da Comissão Global sobre Política de Drogas, que defende a descriminalização das drogas, e tem como membro o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

De acordo com ele, o grupo está formalizando uma agenda de pautas principais, como segurança pública, e vai apresentá-la para candidatos para as eleições do ano que vem.

Brasil 21 - Seu grupo de "experts", como são chamados, conta com o diretor-executivo do Banco Mundial, Otaviano Canuto, tenta conciliar políticas inclusivas, tecnológicas, com união dos movimentos. "A questão mais urgente é impedir o distritão e o fundo bilionário. O que pode ser definido com essa amostra péssima que a gente tem de Congresso pode tem impacto nos próximos 50 anos", afirma Pedro Henrique XX, um dos fundadores do Brasil 21.

Do interior da Bahia, Pedro ficou quase dez anos indo e vindo de países latino-americanos, africanos, para o Morro do Vidigal, no Rio, e Harvard, a universidade nos Estados Unidos. Ele bolou um conceito novo de escola e recebeu bolsa da universidade norte-americana para desenvolvê-lo na comunidade e em outros países.

De volta no Brasil, ele se instalou em São Paulo e se juntou a um grupo de jovens para formular o "movimento humanista", como chama. "O que achamos que tem que mudar é essa cultura política do 'PT tem que ganhar' e 'PSDB tem que perder', ou vice versa, e deixar tudo cair na mão do PMDB. Precisamos criar uma agenda de consenso que possa equilibrar o social e o econômico", afirmou. Rede, PSOL e Novo são os partidos que eles têm dialogado mais sobre o ano que vem. De Eduardo Suplicy (vereador, PT-SP) a Raquel Lyra (prefeita de Caruaru, do PSDB), eles têm tentado manter portas abertas para diálogos sobre as eleições.

A comissão especial da Câmara que analisa novas regras sobre coligações partidárias volta a se reunir nesta terça-feira (22) para votar o parecer da relatora, deputada Shéridan (PSDB-RR), à Proposta de Emenda à Constituição 282/16.

O texto proíbe as coligações nas eleições proporcionais (para deputado e vereador) a partir de 2020 e impõe regras, como cláusula de desempenho, para que os partidos tenham acesso ao dinheiro do Fundo Partidário e à propaganda gratuita no rádio e na TV.

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Um dos pontos em debate é a possibilidade de flexibilização regional das federações partidárias que, conforme o relatório, devem ter orientação nacional. Isso vai permitir que partidos menores se aliem dentro dos estados para alcançar a cláusula de desempenho e ter acesso a recursos.

Questionada sobre a possível semelhança entre a federação e a coligação partidária, o que tornaria sem efeito as alterações propostas pela PEC, Shéridan explicou que, enquanto a coligação é um arranjo específico para um processo eleitoral, as federações devem ter mesma linha ideológica e permanecer unidos durante todo o mandato.

Segundo Shéridan, o modelo da federação beneficia partidos que não alcançaram a cláusula de desempenho e precisam ter acesso a recursos e tempo de rádio e TV.

A relatora não afastou a possibilidade de adaptar a cláusula de desempenho ao voto majoritário do “distritão”, caso este ponto seja aprovado pelo Plenário da Câmara.

Desempenho 

Pelo substitutivo apresentado pela deputada, a partir das eleições de 2030 somente terão acesso aos recursos do Fundo Partidário as legendas que atingirem 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 9 estados, com no mínimo 2% dos votos válidos em cada um deles; ou pelo menos 18 deputados eleitos distribuídos em 9 estados.

A relatora alterou a proposta original, dos senadores Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Aécio Neves (PSDB-MG). Pelo texto original, só teria acesso ao fundo e ao tempo de rádio e TV a legenda que, em 2018, garantisse 2% dos votos válidos nas eleições para a Câmara em pelo menos 14 estados, com 2% de votos válidos em cada um deles. A partir de 2020, o corte subiria para 3% dos votos em 14 estados.

O susbtitutivo traz uma transição gradual da aplicação da cláusula de desempenho:

Na legislatura seguinte às eleições de 2018 - 1,5% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 9 estados, com no mínimo 1% de votos válidos em cada um deles; ou pelo menos 9 deputados eleitos distribuídos em 9 estados;

Na legislatura seguinte às eleições de 2022 - 2% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 9 estados, com no mínimo 1% de votos válidos em cada um deles; ou pelo menos 12 deputados eleitos distribuídos em 9 estados; e

Na legislatura seguinte às eleições de 2026 - 2,5% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 9 estados, com no mínimo 1,5% dos votos válidos em cada um deles; ou pelo menos 15 deputados eleitos distribuídos em 9 estados.

Com um porte menor, o Vem Pra Rua fará um ato no próximo domingo (27) no Recife. A impunidade aos políticos e as mudanças na legislação eleitoral previstas pela reforma política, em análise no Congresso Nacional, são alguns dos motes da manifestação. De acordo com a porta-voz do movimento, Maria Dulce Sampaio, o protesto não sairá em caminhada pela Avenida Boa Viagem, na Zona Sul da capital pernambucana, como de costume, mas vai se concentrar no Segundo Jardim da Orla, às 14h, com um minitrio para os discursos.   

De acordo com a representante, o Vem Pra Rua vai defender novamente a Lava Jato, mas com o pedido de que os políticos citados na investigação sejam julgados e condenados. “O que não pode é você só ver empresários e ex-políticos presos e condenados. Os políticos mesmo ficam livres”, destacou. Indagada se incluíam o presidente Michel Temer (PMDB) na lista, Maria Dulce frisou que o movimento “não tem político de estimação”.  

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“Colocamos sim. Não temos políticos de estimação. O Vem Pra Rua se posicionou pelo afastamento de Temer. Não fomos nós que elegemos Temer. O país foi destruído pela chapa eleita Dilma-Temer. Agora sabemos que houve uma manobra de Janot para derrubar o governo Temer e proteger as delações que incriminam o PT,  Lula principalmente”, acusou. “Que ele [Michel Temer] seja julgado. É óbvio que ele era corrupto sendo vice de quem foi”, acrescentou. 

A reforma na legislação eleitoral também é um dos assuntos alvo de protesto do Vem Pra Rua. O grupo é contra o distritão e a criação de um fundo eleitoral de R$ 3,6 bilhões para financiar as campanhas. “Somos totalmente contra essas manobras que esses políticos estão fazendo para permanecer no poder. Agora querem inserir doação oculta e um fundo bilionário. Sem falar no distritão que se fosse num país sério teria validade, mas no Brasil não. Isso vai favorecer aqueles que tem mais dinheiro”, salientou.

No domingo, o Vem Pra Rua também fará atos em outras 11 capitais do país e mais cinco cidades, entre elas Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. 

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou nesta segunda-feira, 21, que seu partido terá candidato próprio nas eleições de 2018. Em entrevista durante o Fórum Estadão, o parlamentar disse que as divergências dentro do PSDB abrem espaço para que o DEM trilhe caminho próprio.

Maia negou que o DEM tenha convidado o prefeito de São Paulo, João Doria, para ingressar no partido e ser candidato pela sigla ao palácio do Planalto em 2018. "Não, o Dória é do PSDB. O Dória e o Geraldo (Alckmin, governador de São Paulo) vão se entender no PSDB e o DEM vai ter candidato próprio à presidente", afirmou Maia.

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"Divergências dentro do nosso principal aliado, que é o PSDB, são uma oportunidade que o DEM tem de construir o seu próprio projeto. Este foi nosso sonho e nunca foi possível", disse o presidente da Câmara aos jornalistas. Segundo ele, partido "serve para ocupar poder". "Então ninguém pode querer ter um partido para ser auxiliar dos outros."

Na entrevista, Maia negou interesse em ser o candidato do DEM para Presidência da República em 2018. Ele disse que é candidato à reeleição de deputado e, mais ainda, anunciou que pretende concorrer novamente à presidência da Câmara. "Sou pré-candidato a presidente da Câmara", afirmou o parlamentar fluminense.

"O caminho do DEM é organizar, entender toda a crise que o Brasil vive, conversar com a sociedade e construir uma nova mensagem." O partido defende as reformas estruturais e o corte de gastos, disse ele.

Para Maia, o voto distrital misto aprovado é muito além do que um simples imediatismo. "Será uma grande vitória para a democracia brasileira", afirmou aos jornalistas.

"Sou a favor de um fundo temporário até que Senado aprove doação empresarial", disse o parlamentar ao falar do financiamento das campanhas. Ao mencionar recursos públicos para o financiamento, Maia disse que o Brasil tem um déficit fiscal brutal e por isso, em qualquer despesa que se crie, é necessário saber de onde virão os recursos. "Não tem mais orçamento.", enfatizou.

Impeachment

Rodrigo Maia também disse que a autorização de um pedido de impeachment contra o presidente Michel Temer, agora, não parece ser a coisa mais razoável. O deputado afirmou que a Casa já decidiu sobre o assunto, ao rejeitar a denúncia por corrupção passiva contra Temer - a qual, se tivesse sido aceita, poderia ter levado ao afastamento do presidente do cargo.

"A Câmara já julgou os fatos que estão colocados na maioria dos pedidos de impeachment (de Temer) na denúncia. Se a gente for ficar agora remoendo o mesmo assunto, acho que só vai gerar instabilidade no País. A Câmara já decidiu sobre esse assunto. Foi uma decisão democrática. Alguns acham bom outros acham ruim, mas que foi democrática, foi", afirmou, lembrando que a votação se deu por meio de voto nominal e aberto. "Cumpriu todo o regimento", ressaltou.

A declaração foi uma resposta à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Na semana passada, a entidade entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) com mandado de segurança, com pedido de liminar, para tentar obrigar Maia a analisar o pedido de impeachment de Temer feito pelo órgão. O pedido foi protocolado em 25 de maio deste ano, com base na delação de membros do grupo J&F, mas até agora não teve nenhum despacho por parte do presidente da Câmara.

A delação dos executivos e donos do grupo J&F atingiram Temer fortemente e culminaram com a apresentação, pela Procuradoria-Geral da República, de denúncia por corrupção passiva contra o presidente da República. "Fazer o mesmo processo com as mesmas informações que temos em um processo de impedimento é a gente querer parar o Brasil. Não me parece a coisa mais razoável", declarou Maia.

A proposta de reforma política (PEC 77/03) é o destaque da pauta do Plenário da Câmara a partir de terça-feira (22). Os deputados já encerraram a discussão do texto que, entre outros pontos, altera o sistema eleitoral para o Legislativo e cria um fundo para financiar as eleições.

O relator da proposta, deputado Vicente Candido (PT-SP), admitiu que vai propor mudanças em seu substitutivo antes da votação, como sobre o volume de recursos do fundo público criado para financiar as campanhas eleitorais. Em vez de 0,5% da receita corrente líquida, equivalente a algo em torno de R$ 3,6 bilhões no ano que vem, o valor seria definido anualmente na lei orçamentária.

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“Vários líderes afirmaram que o fundo precisa ser mais modesto, que não precisaria estar vinculado neste momento à receita da União”, explicou Vicente Candido.

Além do fundo para o financiamento público das eleições, outro ponto polêmico da proposta são as mudanças na regra de eleição de deputados e vereadores. Atualmente eleitos pelo sistema proporcional, em que a definição dos representantes depende da votação obtida pelos candidatos e pelas legendas, esses políticos seriam eleitos pelo sistema majoritário em 2018 e em 2022; e, nas eleições seguintes, apenas os deputados contariam com o sistema distrital misto.

O sistema majoritário para eleições proporcionais ficou conhecido como "distritão" porque um estado equivaleria a um único distrito. No distrital misto, metade dos representantes eleitos seriam os mais votados nos distritos, com subdivisão a ser definida em lei, e os demais seriam escolhidos por uma lista preordenada pelos partidos políticos.

Qualquer item do texto precisa do voto favorável de 308 deputados. A proposta deverá ser votada em dois turnos na Câmara e no Senado.

Vetos

Também na terça-feira, às 19 horas, os parlamentares farão sessão do Congresso Nacional para analisar vetos presidenciais que foram destacados para votação em separado na última sessão.

Entre esses, merecem atenção os vetos relacionados a dispositivos do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), transformado na Lei 13.408/16, que tratam de despesas prioritárias do orçamento de 2017.

Itens vetados de outros 15 projetos serão analisados com votação pelo painel eletrônico, como o veto ao texto da Medida Provisória 751/16, transformada na Lei 13.439/17, que cria o programa Cartão Reforma para subsidiar, a fundo perdido, a reforma de residências de pessoas de baixa renda.

Um dos dispositivos vetados previa o direcionamento de um mínimo de 20% dos recursos para atender às famílias que residem em zona rural.

Dívida previdenciária

Na quarta-feira (23), os deputados podem continuar a votar a PEC da reforma política e analisar duas medidas provisórias que trancam a pauta. A primeira delas é a MP 778/17, que concede parcelamento de dívidas previdenciárias de estados e municípios com o INSS vencidas até 30 de abril deste ano, mesmo as de parcelamentos anteriores ou inscritas em dívida ativa.

A novidade no relatório do senador Raimundo Lira (PMDB-PB) é o aumento do desconto das multas e dos encargos legais, que passa de 25% para 40%. Segundo ele, o impacto de renúncia fiscal do governo com a mudança será de cerca de R$ 3 bilhões de 2018 a 2020, aumentando o total de descontos concedidos de R$ 35,3 bilhões para R$ 38,3 bilhões.

A outra MP é a 783/17, que permite o parcelamento de dívidas com a União, tanto de pessoas físicas quanto pessoas jurídicas, concedendo descontos e possibilitando o uso de prejuízo fiscal e de base negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para pagar os débitos.

O governo negocia com os parlamentares um texto alternativo ao projeto de lei de conversão do deputado Newton Cardoso Jr (PMDB-MG), que aumenta os descontos de uma faixa de 25% a 90% para 85% a 99% sobre multas, juros de mora, encargos legais e honorários advocatícios.

O plenário da Câmara aprovou há pouco, por 361 votos favoráveis, 68 contrários e 2 abstenções, o requerimento de encerramento da discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 77/03, que muda as regras do sistema político-eleitoral. Em seguida, a sessão foi encerrada e a votação do texto-base, prevista para hoje (16), adiada.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), agendou a próxima sessão para votação da proposta para terça-feira (22). Maia resolveu encerrar a sessão desta quarta-feira ao considerar o quórum de 430 deputados baixo. Nas negociações durante o dia, o presidente havia acordado que a PEC só seria votada com 480 deputados em plenário.

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"Achei melhor encerrar [a sessão] e adiar para a próxima semana. É até bom, porque a gente ganha um tempo de ir construindo as convergências nesta matéria", disse Maia.  "Com quórum de 430, a gente tinha o risco de falta de quórum, já que, nos destaques supressivos, quem tem que votar é quem quer manter o texto, tinha o risco de não aprovar nada na noite de hoje".

O presidente da Câmara disse ainda que é possível que seja retirado do texto o item que define mandato de dez anos para magistrados de tribunais superiores. Atualmente o mandato é vitalício. "Avançamos na retirada do 0,5% no texto do fundo, que é uma decisão importante, e avançamos num acordo de votar o texto principal e ir para o debate nos destaques. O que nós temos que organizar é que a gente possa ter resultados que atendam àquilo que é importante: reorganizar o sistema eleitoral brasileiro não só para 2018, mas também para 2020 e 2022", disse.

Mudanças

A PEC propõe a mudança do sistema proporcional para as eleições de deputados e vereadores para a  modalidade chamada “distritão”, no qual são eleitos os candidatos mais votados, sem considerar a proporcionalidade dos votos recebidos pelos partidos e coligações. Além disso, está no texto a criação de um fundo para financiar as campanhas eleitorais a partir de 2018.

Ao longo do dia, diversas reuniões entre lideranças partidárias foram feitas com a participação do presidente da Câmara em busca de entendimentos para viabilizar a votação. Ficou definido que só seria votado nesta noite o texto principal. Os destaques que visam modificar a proposta já estavam definidos que seriam apreciados na próxima semana.

De acordo com o líder da minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), ficou acordado a retirada do dispositivo que institui o fundo e incluído um instrumento para o financiamento público de campanhas cujos recursos e valores serão definidos no Orçamento da União. Ainda segundo ele, há destaques para retirar as propostas do “distritão” e do distrital misto, que estaria previsto para entrar em vigor a partir de 2022.

Para ter efeito nas eleições de 2018, a PEC tem que ser aprovada pela Câmara e pelo Senado, em dois turnos de votação em cada uma das Casas e promulgada até o dia 7 de outubro, um ano antes das eleições em primeiro turno.

 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes criticou a tentativa de fixar um mandato de dez anos para integrantes de tribunais superiores. Na noite desta quarta-feira, ele usou sua conta no Twitter para dizer que a ideia é mais uma "jabuticaba" brasileira.

"Não posso deixar de registrar, a proposta de fixar mandato de 10 anos para tribunais é mais uma das nossas jabuticabas", escreveu o ministro.

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A mudança consta no relatório da reforma política apresentado pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP) na Câmara. A proposta começou a ser discutida no plenário da Casa. A regra valeria para ministros do Supremo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Tribunal Superior do Trabalho (TST), do Tribunal de Contas da União (TCU), entre outras cortes.

Prevista para esta quarta, a votação - que inclui a adoção do chamado distritão e um fundo eleitoral de R$ 3,6 bilhões para as eleições de 2018 - foi adiada e deve ocorrer somente na próxima terça-feira, dia 22.

Prevista para começar às 13h, a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma política deve ser discutida em plenário somente no final do dia. Segundo deputados ouvidos pela reportagem, a ideia é que nesta quarta-feira, 16, seja votado o texto-base da proposta, que instituiu o chamado "distritão" e o fundo público de campanha, e que as emendas para alterar o projeto fiquem para a próxima semana.

Após a repercussão negativa, o relator da proposta, deputado Vicente Cândido (PT-SP), já afirmou que vai apresentar uma emenda para retirar do texto a parte que estabelece que o fundo será formado por 0,5% da Receita Corrente Líquida da União (RCLU) do ano anterior, o que em 2018 daria R$ 3,6 bilhões. Sem entrar em detalhes, ele afirmou que a ideia é que o valor do orçamento do fundo seja definido a cada eleição pela Comissão Mista de Orçamento (CMO).

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Outros deputados também articulam a volta do financiamento privado, proibido pelo Supremo Tribunal Federal desde 2015. Essa proposta, no entanto, depende da aprovação de um projeto que está no Senado.

Além do fundo, outro ponto polêmico é a mudança do sistema eleitoral para o "distritão", modelo pelo qual os candidatos mais votados são eleitos. Os defensores da alteração admitem que ainda não tem os 308 votos necessários para aprovar a proposta.

Comissões

A expectativa é avançar com os trabalhos das duas comissões que ainda debatem alterações no sistema político-eleitoral. Há reunião marcada tanto para discutir as propostas infraconstitucionais apresentadas por Vicente Cândido, como a volta da doação oculta e os limites para doações de pessoas físicas, quanto o texto relatado pela deputada Shéridan Oliveira (PSDB-RR), que trata do fim de coligações e da cláusula de desempenho.

Marina Silva (Rede) publicou um vídeo nas redes sociais, no final da noite de terça-feira (15), em que afirma que a reforma política em discussão no Congresso Nacional institucionaliza o abuso do poder econômico revelado pela operação Lava Jato.

A ex-senadora e postulante a disputar mais uma eleição para a Presidência da República em 2018 convoca a sociedade a lutar contra a aprovação do fundo eleitoral de R$ 3,6 bilhões e também do distritão, novo sistema para a contabilização de votos para deputados e vereadores. As propostas devem ser levadas ao plenário da Câmara dos Deputados ainda nesta quarta-feira, 16.

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"A crise que estamos enfrentando no Brasil é dramática e já criou muitos problemas para os brasileiros, com 14 milhões de desempregados. E a política, infelizmente, em lugar de ajudar a resolver os problemas está criando mais problemas do que resolvendo. É o que acontece agora com a dita reforma política que cria um fundo eleitoral, principalmente para os grandes partidos, de R$ 3,6 bilhões", disse.

"O que eles estão querendo fazer é institucionalizar o abuso do poder econômico que foi revelado pela operação Lava Jato para continuarem fazendo campanhas milionárias, só que que agora com o dinheiro público, com o dinheiro do contribuinte", afirmou Marina no vídeo.

De acordo com a ex-senadora, que recebeu 22 milhões de votos para presidente em 2014, o distritão também deve ser combatido. "Ele facilita a eleição apenas daqueles que já estão consolidados em uma representação política e dificulta muito a eleição de pessoas e segmentos que têm causas e que dificilmente conseguiriam sozinhos o número de votos suficientes para se eleger. Por isso, é muito importante a sociedade se mobilizar para a aprovação do fundão e do distritão", afirmou.

Aliado de Marina, o deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ) também tem usado as redes para criticar ambas as propostas de mudança. Segundo o deputado, a criação do fundo vai tornar as campanhas mais caras e ainda trocar o dinheiro privado pelo dinheiro público.

A advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, usou o Twitter para pedir aos deputados que desistam do fundo eleitoral com dinheiro público. "Não precisa de bilhões para falar a verdade. Ninguém aguenta mais aquele lenga-lenga das campanhas políticas. Corta esse fundo, aí aparecerão as pessoas que realmente se importam com o Brasil."

Movimentos sociais também intensificaram suas publicações contra o fundo bilionário em análise pelos deputados. O Vem Pra Rua criou uma página na internet com uma espécie de mapa que visa a informar como devem votar os parlamentares.

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A criação de um fundo de R$ 3,6 bilhões, oriundos de recursos públicos, para o financiamento das campanhas eleitorais tem causado uma reação negativa dos deputados federais pernambucanos. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 77/2017 que institui o novo fundo está na pauta de votação do Plenário da Câmara dos Deputados desta quarta-feira (16). Na bancada há quem seja totalmente contra a nova forma de financiamento e quem defenda o modelo, mas com um valor menor do que o proposto.

Para o deputado Danilo Cabral (PSB) “não é justo que a sociedade pague mais esta conta”. “Não é razoável que se crie um fundo de quase R$ 4 bilhões para bancar as eleições, enquanto a sociedade já está pagando uma conta enorme com os cortes que estão sendo feitos nas políticas públicas”, afirmou, lembrando do novo déficit fiscal de R$ 159 bilhões anunciado nessa terça-feira (15). “É um debate que precisa feito com responsabilidade, porque a sociedade não aceita nenhum tipo de elevação na sua conta ou a retirada das políticas públicas recursos para financiar o sistema eleitoral”, reforçou.

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Mais radical diante do assunto, o deputado Gonzaga Patriota (PSB) disse que “não deveria existir financiamento de campanhas”. “Os partidos já têm seu dinheiro. Eles que custeiem seus candidatos. Só os partidos podem ajudar seus candidatos. Arrecadação do dinheiro do povo para custear campanha, isso não. Sou totalmente contra. Um país falido, 15 milhões de pessoas desempregadas, o governo cortando salários. Como pode dar R$ 3 a R$ 4 bilhões para campanha?”, indagou. 

Um valor menor

Já sob ótica do deputado Betinho Gomes (PSDB), há a necessidade da criação de um fundo, mas não com um montante de recursos tão alto. “É preciso que discutamos uma forma de ter recursos razoáveis no ponto de vista fiscal. Não dá para imaginar campanhas nacionais sem ter uma forma de financiamento claro. Se não tivermos um modelo claro, passaremos a ter um sistema que estimule aquilo que todos condenam: um caixa 2 e recursos de origem ilícita. Embora seja um tema delicado, a Câmara precisa dar um instrumento”, frisou.

Segundo o tucano, os R$ 3,6 bilhões previstos podem ser reduzidos após uma “experiência adquirida”, ou seja, uma eleição. “É uma projeção que você pode fazer um ajuste e adequar a realidade. Afinal, 50% dele é apenas para candidatura majoritária, como nem todos os partidos vão ter não será gasto isso na realidade”, complementou. 

A redução do valor também foi corroborada pelo deputado Daniel Coelho (PSDB). "Com a metade dos recursos que estão sendo propostas seria possível fazer campanhas tranquilamente em todo o país. Até um pouco menos. Creio que algo em torno de R$1,3 bilhão seria suficiente. Há um exagero no volume e formato da proposta", destacou. "O financiamento público tornou-se a solução inevitável. O modelo privado está esgotado até pelos escândalos recentes", acrescentou defendendo.

Além do fundo público, também está pronta para ser apreciada no Plenário a questão do chamado "distritão". Por esse sistema, serão eleitos os candidatos mais votados para o Legislativo, sem levar em conta os votos recebidos pelo conjunto dos candidatos do partido, como é o sistema proporcional adotado hoje.

A resistência à criação de um fundo eleitoral com R$ 3,6 bilhões, abastecido com recursos públicos, e a indefinição das fontes orçamentárias para custeá-lo reacenderam no Congresso o debate sobre a volta do financiamento de campanhas por empresas. Deputados e senadores favoráveis à doação empresarial discutem nos bastidores a retomada dessa modalidade como alternativa ao financiamento público, caso emperre a aprovação do fundo eleitoral.

O plenário da Câmara vota nesta quarta-feira, 16, a proposta que cria a reserva pública bilionária para campanhas. Um dos entraves é o controle sobre a distribuição dos recursos e como o governo vai cobrir as novas despesas. Os deputados não aceitam abrir mão de cerca de R$ 3,07 bilhões em emendas de bancada, uma das possibilidades previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

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Em 2015, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional as doações realizadas por pessoas jurídicas para candidatos e partidos e, nas eleições de 2016, apenas pessoas físicas puderam fazer aportes em campanhas. A regra será mantida para o ano que vem caso o Congresso não modifique a tempo a Constituição Federal - o prazo é até o fim de setembro.

Na semana passada, os senadores Armando Monteiro (PTB-PE), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor de Mello (PTC-AL) defenderam a volta do financiamento por empresas durante um jantar oferecido pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), na residência oficial.

Segundo parlamentares presentes, a ideia não foi bem recebida por causa das revelações da Operação Lava Jato relacionadas à prática de caixa 2 e também colocou em suspeita a legalidade das doações declaradas à Justiça Eleitoral. Deputados dizem ter receio da repercussão ao apresentar a proposta.

"Costumam dizer que não tem sentido trazer o financiamento empresarial por causa das mazelas expostas pela Lava Jato. Eu acho o contrário. Se tiver financiamento com regras muito claras e rígidas, com limites individuais, podemos fazer algo compatível com o modelo adotado no Brasil", disse Armando Monteiro ao Estado. "Não faz sentido em um momento de crise você sobrecarregar o financiamento público." Ele afirmou que está pesquisando as maneiras como o financiamento por empresas pode ser incluído na reforma política para aplicação em 2018, embora admita que o prazo é curto.

Um dos caminhos mais rápidos para retomar as doações empresariais seria a aprovação, pelo Senado, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 113A/2015. O texto originado na Câmara foi relatado pelo atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quando a Casa era comandada pelo ex-deputado Eduardo Cunha, condenado e preso na Lava Jato.

Em maio, a PEC passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e está pronta para deliberação do plenário. Questionado ontem, Eunício disse que não se recordava da PEC. A proposta abre a possibilidade de os partidos voltarem a arrecadar de empresas, embora mantenha a vedação aos candidatos. A norma diz que os limites de arrecadação devem ser estabelecidos por meio de lei, sem determinar o teto.

O senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado do PSDB, disse que a retomada seria "um dos caminhos" alternativos ao fundo, mas que deve ser questionado no Supremo e duvidou que "haja tempo hábil para que isso se construa". "Vai esbarrar no Supremo."

Porcentual

Diante da repercussão negativa entre a população, um grupo de deputados da base aliada e da oposição negocia a aprovação de uma emenda para reduzir o valor do fundo eleitoral de R$ 3,6 bilhões e para torná-lo temporário.

A ideia é diminuir o fundo para o equivalente a 0,25% da Receita Corrente Líquida da União (RCLU) e restringi-lo às eleições de 2018 e 2020. A partir do pleito de 2022, a articulação é para a retomada do financiamento empresarial. Pelo texto da reforma política aprovado na comissão especial da Câmara, o fundo será permanente e equivalente a 0,5% da RCLU.

Maia é simpático à ideia. "Parece interessante", afirmou. Embora já tenha defendido publicamente o retorno do financiamento empresarial, o presidente da Câmara disse não participar da articulação de bastidores para aprovar uma permissão para doação empresarial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Menos de 24 horas após a comissão especial encerrar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma política, o texto que institui o chamado distritão e cria o fundo público para financiamento das campanhas será analisado hoje pelo plenário da Câmara.

A pressa expõe o desejo dos parlamentares em alterar as regras eleitorais já para 2018, principalmente criando uma fonte de financiamento, já que as doações empresariais estão proibidas. Para ter validade no ano que vem, a nova regra precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado até o fim de setembro.

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Apesar da decisão de antecipar a votação, definida em reunião de líderes de partidos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que só iniciará se houver um quórum de 490 deputados, considerado elevado. Para aprovar a PEC, são necessários 308 votos. Se houver o quórum, Maia admite aprovar o texto-base e deixar os destaques para depois.

A previsão inicial era de que o tema, debatido por meio da PEC 77, fosse apreciado pelos parlamentares somente na semana que vem. Mas a avaliação nos bastidores é de que as críticas ao fundo público de R$ 3,6 bilhões ganham cada vez mais corpo e dificultariam sua aprovação na próxima semana.

Há ainda o receio de que o tempo não seja suficiente para a proposta ser aprovada até o fim de setembro. Por ser PEC, a medida precisa passar por duas votações no plenário da Câmara e outras duas no Senado. Além disso, caso os senadores modifiquem o texto, a PEC volta novamente para a Câmara.

Apesar das divergências em relação ao "distritão", nenhum líder se opôs à proposta de levar o texto ao plenário hoje, a partir de 13h. Depois de uma frente de partidos, principalmente de oposição, ter feito campanha contra o distritão, siglas da bancada governista aderiram ao movimento.

Surpresa

O acordo para votar hoje surpreendeu a oposição, que prometeu obstruir o assunto. "Esse fundo público de financiamento de campanhas é uma afronta à população brasileira. Pelo resultado da votação na comissão, não se alcança três quintos dos votos necessários (308 votos) em plenário. No entanto, a pressa de se votar me leva a crer que os que querem o distritão avaliam que já haja votos suficientes", disse o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ).

Como o Regimento Interno da Câmara prevê um número mínimo de duas sessões entre a votação na comissão e a apreciação no plenário, os deputados precisarão votar a chamada "quebra de interstício" para que o texto possa, de fato, ser alvo de discussões.

Mais mudanças

Além do texto que será analisado no plenário da Casa, ontem o deputado Vicente Cândido (PT-SP) apresentou outro relatório na comissão especial com mais mudanças nas regras eleitorais. Essas alterações serão votadas na comissão e depois seguem para o plenário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma das comissões especiais que debate a Reforma Política na Câmara encerrou na tarde desta terça-feira, 15, o debate sobre a Proposta de Emenda à Constituição que instituiu o chamado 'distritão' para 2018 e a criação do fundo público de R$ 3,6 bilhões para financiamento das campanhas.

O texto agora está pronto para ir à votação no plenário. A previsão é que isso ocorra somente na próxima semana, pois não há consenso sobre os temas aprovados.

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A resistência ao 'distritão', mesmo como modelo de transição para o distrital misto em 2022, aumentou entre os deputados, que chegaram a criar uma frente contra o modelo. O tamanho do fundo público também tem sido criticado por deputados e especialistas.

Por se tratar de uma PEC, o texto tem de ser votado em dois turnos tanto na Câmara quanto do Senado. Em cada votação, é necessário o apoio de 308 dos 513 deputados e 49 dos 81 senadores.

A discussão da PEC foi iniciada na semana passada, mas ainda havia ficado pendente a votação de três destaques ao texto principal. Nesta terça-feira, eles foram rejeitados.

Ainda funcionam na Câmara duas outras comissões que debatem mudanças no sistema político-eleitoral. Uma delas se reúne nesta terça, e discute alterações que dependem de projeto de lei, que podem ser votadas com um quórum menor em plenário. Um dos temas discutidos é a proibição de se publicar pesquisas eleitorais na semana que anteceder as eleições.

Nesta semana, também deve ser concluído o debate sobre a PEC que veio do Senado e que acaba com as coligações nas eleições proporcionais e cria uma cláusula de desempenho para impedir a proliferação de partidos nanicos.

A proposta de reforma política que tramita hoje no Congresso Nacional, não deve melhorar o enfrentamento da corrupção no sistema político brasileiro. A afirmação foi feita nesta terça-feira, 15, pelo juiz condutor da Operação Lava Jato na 1ª instância, Sergio Moro, em evento em São Paulo. "Essa reforma política, como está sendo pensada, não é uma verdadeira reforma política", disse o magistrado.

Em seu entendimento, foi um grande avanço o Supremo Tribunal Federal (STF) ter proibido a forma como se dava o financiamento privado às campanhas eleitorais, que permitia "relações espúrias" entre grandes doadores e políticos. No entanto, Moro avaliou que a democracia de massa tem um custo e, dado o momento atual da economia do Brasil, um sistema de financiamento eleitoral exclusivamente público poderia não ser o melhor caminho.

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"Até tenho simpatia pelo financiamento público, mas não exclusivo", declarou. "Não apenas pelo custo fiscal, mas da forma como esse dinheiro seria distribuído e se isso não dificultaria a renovação dos mandatos. Há uma tendência de quem está dentro querer ficar dentro", acrescentou, dizendo que é preciso "regras rígidas" aos recursos privados em campanhas.

Em sua apresentação, o juiz da Lava Jato afirmou que o País nunca teve grande tradição de punir a corrupção, que é sistêmica, e que a impunidade era a regra geral, o que afetava não apenas a economia, mas a própria qualidade da democracia praticada no Brasil. Segundo ele, Esse quadro começou a mudar nos últimos anos, com as investigações do mensalão, mas é algo que é e continua sendo capitaneado pelo Judiciário e pela polícia.

"Tinha expectativa de que essa atuação gerasse ações no Legislativo e Executivo mas, sinceramente, muito pouca coisa tem sido feita nessa área", criticou, lembrando que o Ministério Público tentou se aproveitar do momento apresentando as chamadas dez medidas contra a corrupção.

Moro elogiou também a atuação do STF nesse sentido, em especial ao possibilitar a execução provisória da pena a partir da segunda instância, uma inovação que creditou ao ministro Teori Zavascki, falecido no início do ano em um acidente aéreo. "Poderosos usam brechas da lei para perpetrar impunidade", comentou.

Moro disse ainda que, quando a Lava Jato começou, era impossível saber onde poderia chegar e comemorou a condenação de grandes nomes do mundo político e empresarial. E lembrou do avanço da Geórgia no índice de percepção de corrupção organizado pela ONG Anistia internacional (49ª hoje). "Em 2016, o Brasil está na 79ª posição, mesma colocação da Geórgia em 2006. Quem sabe daqui dez anos, tenhamos avançados as mesmas 30 posições."

Presidência

Moro descartou novamente sua candidatura à Presidência da República nas eleições de 2018. "Não serei candidato", disse, em resposta a uma pergunta da plateia, após proferir palestra em na capital paulista.

"Penso que é preciso ter um certo perfil (para ser político) e sinceramente não me vejo com esse perfil", frisou Moro, ressaltando que fez uma opção pela magistratura. "Já disse mais de uma vez e reitero quantas vezes forem necessárias que não sou e não serei candidato", repetiu, sob aplausos da plateia.

"A profissão política é uma das mais belas. Há muitos bons políticos", afirmou o juiz, ressaltando que há, às vezes, uma imagem pejorativa da classe. "É uma minoria que adere a essas práticas."

O evento no qual Moro participa é organizado pela rádio Jovem Pan e conta também com a participação da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia.

O líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), afirmou nesta segunda-feira, 14, que a Câmara avalia que os recursos para o fundo público para financiar as campanhas eleitorais venham de uma contribuição de funcionários comissionados - que não são concursados - dos próprios parlamentares.

"Existe uma possibilidade agora de uma contribuição dos próprios funcionários comissionados dos deputados e senadores, um desconto do porcentual da remuneração deles", afirmou o líder do governo.

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De acordo com Moura, ainda não há consenso sobre de onde virão os recursos do Fundo Especial de Financiamento da Democracia. A estimativa é de que o valor chegue a R$ 3,6 bilhões na disputa eleitoral de 2018.

Moura disse que há muitas propostas em debate na Câmara e que os deputados resistem a abrir mão dos recursos das emendas de bancadas e estudam maneiras para que esses valores não sejam retirados do Orçamento da União, o que poderia afetar áreas sociais.

Dedução

Para Moura, o governo não deve conceder a dedução do Imposto de Renda às emissoras de rádio e TV que transmitem o horário eleitoral gratuito. Hoje, parte do valor é abatida tendo em vista o que as empresas receberiam caso comercializassem o espaço ocupado pela propaganda dos candidatos.

Segundo o líder, o valor dessas deduções chega a R$ 3 bilhões em ano eleitoral, o que seria suficiente para alimentar o fundo destinado a campanhas.

A proposta para a criação do fundo público de financiamento de campanha foi aprovada na semana passada pela comissão especial que discute reforma política na Câmara. Partidos como o PSOL têm criticado o valor do fundo, considerado muito alto. Por se tratar de uma emenda à Constituição, a proposta terá de receber o apoio de 308 dos 513 deputados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Comissão Especial da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 77/03, que trata de mudanças no sistema político-eleitoral, retoma nesta terça-feira (15) a votação das sugestões de alteração ao texto do substitutivo apresentado pelo relator da reforma política na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP).

Estão pendentes de votação dois destaques. Um visa retirar a permissão para que um candidato dispute mais de um cargo, majoritário e proporcional, em um mesmo pleito. O outro destaque pretende suprimir o artigo que estabelece que o suplente de senador seja o deputado federal mais votado do partido.

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Os membros da comissão aprovaram na última semana o texto base do relator, mas incluíram na proposta o voto majoritário, conhecido como distritão, pelo qual ganha o candidato que receber mais votos. O novo modelo valeria para as eleições de 2018 e 2020, como uma transição para a adoção do voto distrital misto em 2022.

O chamado distritão permite que deputados federais, estaduais, distritais e vereadores, antes eleitos de forma proporcional considerando os partidos e coligações, passem a ser escolhidos pelo número absoluto de votos, da mesma forma como são eleitos prefeitos, governadores e o Presidente da República.

No relatório inicial, Cândido propôs a manutenção do sistema atual para 2018 e 2020 e, a partir de 2022, a adoção do voto distrital misto, que combina votos majoritários e em lista preordenada dos partidos. A sugestão, no entanto, foi rejeitada pela maioria dos deputados da comissão.

Do texto original proposto pelo relator, os deputados aprovaram a criação de um fundo público com a previsão de R$ 3,6 bilhões para financiar as campanhas eleitorais a partir do ano que vem. Os parlamentares mantiveram também a sugestão de estabelecer um mandato temporário de 10 anos para ministros do Poder Judiciário.

Além de rejeitar o sistema eleitoral proposto por Cândido, os deputados também divergiram da proposta de extinguir os cargos de vice para os cargos de prefeito, governador e Presidente da República, além da forma de eleição de vereadores a partir do sistema distrital misto.

Concluída a votação na comissão especial, a proposta deve seguir para plenário. Como se trata de emenda à Constituição, para ser aprovada precisa de pelo menos 308 votos do total de 513 deputados.

Financiamento privado e coletivo

Ainda nesta terça-feira, após o encerramento da votação da PEC 77/03, os deputados podem retomar a análise de um projeto de lei ordinária que altera a legislação eleitoral e partidária que está sob análise em outra comissão especial que trata da reforma política. Cândido também é relator desta comissão.

O deputado apresentou no semestre passado três relatórios parciais, dos quais dois já foram aprovados pela comissão. O primeiro propõe a regulamentação dos mecanismos de democracia direta, como referendos, plebiscitos e a apresentação de projetos de iniciativa popular.

O segundo relatório já apreciado pela comissão uniformiza em 4 meses os prazos de desincompatibilização ou afastamento de candidatos de diferentes cargos ou funções públicas.

O terceiro é o que está pendente de votação e trata das novas regras para financiamento privado das campanhas eleitorais. De acordo com o voto do relator, as doações de pessoas físicas em dinheiro ficam fixadas, em 2018, a 10% dos rendimentos brutos do doador.

Limite

O valor não pode ultrapassar o total de R$ 10 mil para cada cargo em disputa. Há ainda a previsão de coleta de recursos por meio do chamado crowdfundig, financiamento coletivo na internet.

Na última versão protocolada pelo relator, também figura a proposta de criação da habilitação prévia das candidaturas. A ideia é antecipar o processo de registro dos candidatos para dar mais tempo para a Justiça Eleitoral julgar todas as candidaturas antes das datas do pleito.

Nesse período de pré-registro, o candidato pode ser atingido pela Lei da Ficha Limpa. O projeto também prevê a possibilidade de propaganda eleitoral paga na internet.

As mudanças eleitorais analisadas nesta comissão serão apresentadas por meio de projeto de lei, por não envolverem alterações na Constituição. O projeto também deve ser apreciado em plenário

Fim das coligações

A Câmara ainda tem uma terceira comissão especial que analisa mudanças no sistema político-eleitoral e deve voltar a se reunir na próxima quinta-feira (17). É a comissão da Proposta de Emenda à Constituição – PEC - 282/2016, que propõe o fim das coligações partidárias para eleições proporcionais, estabelece normas sobre fidelidade partidária e acesso dos partidos políticos aos recursos do fundo partidário.

A relatora proposta é a deputada Sheridan (PSDB-RR), que apresentou o parecer na última semana. O projeto substitutivo apresentado pela parlamentar prevê a formação da federação de partidos que tenham o mesmo programa ideológico no lugar das coligações partidárias que vigoram atualmente nas eleições proporcionais.

O substitutivo estabelece ainda que não há obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal.

Outro ponto que Sheridan incorporou à proposta foi a perda do mandato em caso de desfiliação partidária, inclusive para suplentes e detentores dos cargos de vice-presidente, vice-governador ou vice-prefeito. A deputada propõe que este ponto, se aprovado, já deve valer a partir do resultado das eleições do ano que vem.

Cláusula de desempenho

De acordo com o substitutivo elabora pela deputada, a partir de 2030, somente os partidos que obtiverem no mínimo 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço dos estados , terão direito aos recursos do Fundo Partidário. Para terem acesso ao benefício, os partidos também deverão eleger pelo menos 18 deputados distribuídos em pelo menos um terço dos estados.

O mesmo critério será adotado para definir o acesso dos partidos à propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. A mudança, no entanto, será gradual, começando pelo piso de 1,5% dos votos válidos nas eleições de 2018, chegando a 2%, em 2022, e a 2,5% em 2026, até alcançar o índice permanente de 3% em 2030.

Os membros da comissão devem voltar a se reunir na próxima quinta-feira (17), depois de respeitado o prazo de duas sessões no plenário em cumprimento ao pedido de vista coletivo feito na semana passada pelos deputados.

A expectativa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é que pelo menos o conjunto de propostas da reforma política já esteja apto para apreciação em plenário a partir da semana que vem.

O objetivo é votar as mudanças eleitorais na Câmara até o fim de agosto e encaminhá-las o quanto antes ao Senado. Para que as novas regras tenham validade nas eleições do ano que vem, os projetos devem ser aprovados pelo Congresso até o dia 7 de outubro.

Prevista para ser votada no plenário na Câmara dos Deputados na quarta-feira, 16, a reforma política será adiada por uma semana. Depois de uma frente de partidos, principalmente da oposição, ter feito campanha contra a mudança do sistema de votação para o chamado distritão, siglas da base governista aderiram ao movimento.

PR, PRB e PV fecharam questão contra o sistema em que apenas os parlamentares mais votados de cada Estado são eleitos - atualmente, as vagas são distribuídas por meio de um cálculo que leva em conta os votos dos deputados e os recebidos na legenda. Também há resistência ao modelo nas cúpulas do PP e do PSD.

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O líder do governo André Moura (PSC-SE) afirmou nesta segunda-feira, 14, que hoje não há os votos necessários para aprovar o distritão. Por tratar-se de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), precisa de 308 votos para passar a mudança.

Segundo o deputado Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), presidente da comissão especial que debate o tema, os deputados devem aguardar a conclusão dos trabalhos sobre a PEC 77/2003, que institui o distritão e um fundo eleitoral de R$ 3,6 bilhões, o que deve ocorrer nesta terça-feira, 15. Há divergências sobre a forma como o dinheiro vai ser controlado pelos partidos e também sobre a fonte de recursos. Moura também já disse que a Câmara estuda que recursos venham da contribuição de comissionados.

"Com certeza só vai ao plenário na semana que vem", disse Vieira Lima. Nesta semana, também deve avançar a discussão sobre a cláusula de barreira e o fim das coligações, além de outras mudanças na legislação, como o prazo de seis meses para pré-candidatos deixarem seus cargos e funções públicas e a proibição de pesquisas às vésperas da votação.

O líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), afirmou nesta segunda-feira, 14, que a mudança do sistema eleitoral para o chamado "distritão" não tem hoje os votos necessários para ser aprovada pela Câmara. A expectativa é que a reforma política seja votada no plenário nesta quarta-feira, 16.

"A grande maioria prefere aprovar o 'distritão', mas tem partidos que fecharam questão contra, como o PT, PR, PRB. Por ser uma PEC, que precisa de 308 votos, eu não posso afirmar que vai passar o 'distritão'. Eu até creio que hoje o 'distritão' vai ter a maioria dos votos, mas também creio que hoje não tem os 308 votos necessários para ser aprovado", disse.

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Moura afirmou que ainda não há consenso sobre de onde virão os recursos que serão usados para a criação do fundo público para financiar as campanhas. A estimativa é que o valor chegue a R$ 3,6 bilhões nas eleições de 2018.

Segundo o líder do governo, os deputados resistem em abrir mão dos recursos das emendas de bancadas e estudam novas maneiras para que esses valores não sejam retirados do Orçamento da União, o que poderia afetar áreas como saúde e educação.

"Existe uma possibilidade agora de uma contribuição dos próprios funcionários comissionados dos deputados e senadores, um desconto do porcentual da remuneração deles", afirmou.

Ele admitiu que a criação do fundo é uma medida impopular, mas defendeu que essa é uma discussão que tem que ser feita diante da proibição das doações empresariais.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu nesta segunda-feira (14) as críticas ao chamado distritão e disse que o sistema, como um modelo de transição, "não é tão ruim assim".

"Eu acho que se a gente tiver uma transição, com o distrital misto em 2022, a gente deu um grande passo e conseguiu construir, a médio prazo, um modelo que vai conseguir dar racionalidade ao sistema brasileiro", disse.

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Para Maia, que também já fez críticas ao modelo majoritário, o sistema não vai impedir a renovação da Câmara e que o problema, na verdade, é "a prática de criticar tudo".

Desde a semana passada, o modelo, aprovado na comissão especial que debate a reforma política na Câmara para valer nas eleições de 2018, vem sendo criticado por parlamentares e especialistas.

Pelo distritão, são eleitos os candidatos mais votados em cada Estado. A principal crítica é que isso enfraquece os partidos e dificulta a eleição de novos nomes, pois as legendas iriam optar por lançar menos candidatos e dariam prioridades para os políticos que já possuem mandatos.

Maia também voltou a defender que a criação do fundo público para financiamento de campanhas deveria ser uma medida provisória. "O fundo público permanente, no momento de crise que estamos vivendo, não parece também a melhor alternativa", disse.

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