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Quem nunca sentiu uma dor de coluna depois de um dia estressante de trabalho? Ou uma constante dor de pescoço ao final do dia, uma dor de cabeça persistente? Tudo isso faz parte, muitas vezes, da rotina de milhares de brasileiros. Mas, segundo as fisioterapeutas Andreza Torres e Janaina Kzam, de uma clínica de fisioterapia especializada de Belém, sentir dor não é nada normal. “Para você chegar a manifestar e sentir dor, é porque todos os mecanismos que o organismo tinha de compensar foram esgotados. É tipo assim: ‘Daqui eu não consigo mais me movimentar’, é como se fosse um sistema de alerta”, afirma Janaina.
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As fisioterapeutas atendem várias pessoas de idades variadas, desde crianças até idosos. O objetivo não é somente tratar a dor de uma maneira específica, mas entender o que causa aquela dor, pensando no corpo como um todo. “Hoje a dor tem um caráter social. As pessoas que têm dor, ou que ficam bloqueadas, ou que de uma certa forma deixam de desenvolver as atividades em uma harmonia corporal, são frutos de vários fatores, sejam eles pessoais, profissionais”, afirmam. Segundo elas, dores têm componentes emocionais ligados às experiências como um todo. “Se um paciente chegar com dor, nós vamos minuciosamente começar um processo de avaliação, desde entender como esse paciente vive, as condições emocionais desse paciente, profissionalmente”, explica Janaina.
Para um segmento de estudiosos da saúde, a dor é um tópico importante de ser estudado. No Pará, a Associação Paraense Para o Estudo da Dor (ASPED) é uma associação conveniada com a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED) que conta com mais 19 associações nos outros Estados brasileiros. O objetivo é compreender a dor como um complexo conjunto de coisas, não somente em um ponto específico do corpo.
Um caminho para o tratamento é enxergar o paciente como um todo. Para elas, é importante analisar cada aspecto da vida do paciente, para depois entender de onde essa dor vem. “Se o paciente for um caminhoneiro, por exemplo, isso significa que ele solicita muito a musculatura abdominal e paravertebrais lombares, já que fica muitas horas sentado. gerando sobrecarga no eixo da coluna. Entre as vísceras temos fascias, ligamentos. Temos a impressão de que a tensão se dá somente naquilo que é visível, e não. Por dentro a tensão é a mesma, só que você não vê”, afirma Janaina.
Além do consultório, onde são recebidos por Janaina, que utiliza a mão no tratamento, os pacientes podem partir para o pilates, orientados por Andreza. “No pilates, trabalham-se todos os grupos musculares a partir do estilo de vida do paciente, que irão ajudar no dia a dia”, afirma Janaina. A diferença do pilates da clínica e do praticado nas academias? Os aparelhos que elas usam. “Como a Andreza conhece o paciente, sabe o que pode usar de máximo daquele paciente em determinado aparelho. Na academia, são aulas gerais, e normalmente tem muita gente, não há esse mesmo cuidado.”
Além do pilates e da terapia, Janaina e Andreza recomendam aos pacientes atendidos na sua clínica também o acompanhamento de uma profissional de estética, que ajuda os pacientes com, por exemplo, dificuldade para emagrecer. “Uma paciente muito estressada vai ter dificuldade para emagrecer. Vai liberar muita toxina, ficará muito inchada. O foco da profissional que trabalha estética é tentar fazer com que esse corpo não inche tanto, fazer mais uso de líquidos, ou seja, tem toda uma composição global”, afirma Janaina.
O grupo de idade mais atendido, segundo as fisioterapeutas, é o das pessoas mais ativas, entre 20 e 50 anos, mas hoje em dia até mesmo crianças são pacientes. “Antes, a maioria [das crianças] era procurada com os pais pela alteração postural, não pela dor. Hoje eles já procuram pela dor. Crianças com dor de cabeça, muita tensão na musculatura do pescoço, por conta do uso exagerado da mochila, um padrão de encurtamento do diafragma, porque ficam muito tempo sentados, numa distância muito próxima do videogame, whatsapp”, afirma Janaina, apontando os reflexos de práticas e hábitos da vida cotidiana nessa geração. “Por um lado você tem um mundo que prega muita qualidade de vida, mas tem uma população extremamente sedentária.”
Alguns casos, segundo as fisioterapeutas, são de situações do dia a dia que poderiam facilmente ser alteradas, mas que causam grandes problemas no corpo. “Um dia desses pegamos uma paciente canhota que tinha uma cadeira de destra na escola; ela evoluiu com uma escoliose em virtude de, no dia a dia, ficar nessa posição o tempo inteiro”, afirma Andreza. “Eu atendi uma garota que toca violino, eu não sabia que o violino ficava só numa posição. Ela, para poder compensar, virava muito a cabeça. Então ela gerou toda uma alteração postural”, afirma Janaina.
E os casos variam. No pilates, atendem-se grávidas, atletas, crianças, idosos, manicures. Todas as idades com as mais variadas profissões, o que também ajuda as profissionais a entender o motivo das dores dos pacientes. “As pessoas precisam não só entender o aspecto da dor, mas entender que qualidade de vida é você saber o que aquilo agrega de positivo. De nada vai adiantar se eu disser: tens que fazer três vezes exercício por semana se tu não gostas da musculação”, afirma Janaina. Esse é um dos motivos para que os exercícios oferecidos estejam de acordo com aquilo que o paciente usaria no dia a dia. “Toda terapia que se torna um fardo deixa de ser terapia. Todo mundo que faz diz que é muito chato, porque é repetitivo”, afirma.
Agregar os exercícios e, até mesmo, a psicologia para compreender o funcionamento do corpo pode melhorar a vida do paciente. “Tem gente que entra aqui pela questão terapêutica e acaba continuando pela qualidade de vida. Muito mais importante do que tratar a dor é entendê-la, não somente por isso, mas como associar com cada tipo de paciente, porque se fosse pela técnica, todas elas funcionariam, com todos”, afirma Janaina (veja vídeo abaixo).
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