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Deputados da oposição protocolaram um pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por conta de declarações recentes onde o chefe do Executivo disse que a cassação do mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) teria sido um "golpe de Estado". O pedido de afastamento de Lula já foi assinado por 40 parlamentares até a noite desta quarta-feira (30).

Dos 40 signatários, 31 são deputados do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Três são do PP e do Republicanos, partidos que devem receber ministérios de Lula na nova reforma ministerial. A lista também tem cinco assinaturas de parlamentares do MDB, PSD e União Brasil, siglas que fazem parte da base do governo federal.

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O pedido trata sobre falas de Lula em uma entrevista à imprensa em Luanda, na Angola, no último sábado, 26. Ao comentar sobre o arquivamento da ação de improbidade pelas "pedaladas fiscais" no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), o presidente afirmou ser necessário "reparar" a ex-presidente por ter o seu mandato cassado em 2016.

"Depois que eu deixei o governo houve um golpe no Brasil, que muita gente acha que não foi golpe", disse Lula. "Mas o fato de a presidenta Dilma ter sido absolvida pelo Tribunal Federal de Brasília demonstra que o Brasil deve desculpas à presidenta Dilma", completou o presidente.

O autor do pedido de impeachment é o deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS). Ele afirma que Dilma foi cassada por ter cometido crimes de responsabilidade e que Lula atacaria "de forma raivosa, abjeta e contrária à verdade a democracia brasileira", o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), que tiveram papéis importantes durante processo de impeachment de 2016.

"Lula está mentindo. A decisão do TRF-1 não inocentou Dilma Rousseff. Ao contrário, apenas declarou que, no caso concreto, não se tratava de improbidade administrativa, mas sim de responsabilidade, reafirmando a competência do Congresso Nacional para julgar os crimes de responsabilidade", afirma Sanderson.

O deputado do PL reconheceu que "é difícil" que o projeto de impeachment contra Lula avance, mas reforçou que a medida seria essencial para mostrar a reação da oposição ante as declarações do petista. "É preciso marcar posição política e mostrar que Lula mente ao dizer que Dilma foi absolvida no caso das pedaladas. Não podemos admitir", disse.

Lula tem outros dois pedidos de impeachment pelo mesmo motivo

Esta não é a primeira vez em que Lula recebe pedidos de impeachment por falar que a cassação do mandato de Dilma Rousseff foi um golpe. No final de janeiro, dois pedidos de cassação foram protocolados pelos deputados Evair Vieira de Melo (PP-ES) e o próprio Sanderson, após o petista dizer que a sua correligionária foi afastada de forma inconstitucional em uma viagem ao Uruguai.

Os dois pedidos foram arquivados pela Câmara dos Deputados por terem sido protocolados antes do dia 1º de fevereiro. Nesta data, as legislaturas do Congresso são renovadas e todos os pedidos de impeachment não apreciados perdem o seu valor automaticamente.

PT quer anulação do impeachment de Dilma

Após a decisão do TRF-1, o Partido dos Trabalhadores solicitou a anulação do impeachment da ex-presidente Dilma no Congresso e, consequentemente, a devolução simbólica do seu mandato. Em um projeto apresentado nesta segunda-feira, 28, a bancada do PT defende a ilegalidade do processo de impeachment e chama o processo de cassação de "um dos maiores equívocos jurídico-políticos perpetrados contra uma mulher séria, honesta e dedicada à causa pública".

Segundo os petistas, o arquivamento da ação de improbidade pelas "pedaladas fiscais" no TRF-1 enfatiza a "inexistência de crime de responsabilidade" da ex-presidente.

A tentativa de parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) de anular os atos da Câmara e do Senado que levaram ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) tem efeitos mais simbólicos do que práticos. Como o retorno da petista à cadeira da Presidência é juridicamente impossível, a proposta, como o próprio texto do projeto diz, é promover uma "reparação histórica".

A anulação das etapas do processo de impeachment equivaleria a uma admissão, por parte do Congresso, de que houve um erro. Hoje, Dilma comanda o banco dos países do Brics, em Xangai, centro financeiro da China.

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Nesta terça (29), o projeto havia sido assinado por 24 parlamentares - dentre eles, o único que não é filiado ao PT é o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). Desde que ele deixou a Rede, em maio deste ano, há rumores de que ele poderia se filiar à sigla do governo.

A movimentação dos parlamentares atende a uma demanda externalizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a visita que fez a Angola. No último sábado, 26, o presidente disse que é necessário "reparar" Dilma. "É preciso ver como é que se repara uma coisa que foi julgada por uma coisa que não aconteceu", disse o petista durante uma entrevista coletiva em Luanda, capital do país.

A declaração foi dada após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) decidir, no último dia 22, pelo arquivamento da ação de improbidade contra Dilma sobre o caso das "pedaladas fiscais", prática revelada pelo Estadão que embasou o impeachment da petista.

O que o PT quer?

O texto da proposta de resolução é enxuto, contém apenas dois artigos e algumas páginas de justificativa. O objetivo é anular quatro atos:

- A sessão plenária da Câmara dos Deputados que admitiu o processo de impeachment no dia 17 de abril de 2016;

- Duas sessões plenárias do Senado, uma que admitiu o processo, no dia 11 de maio, e outra que condenou Dilma pelo crime de responsabilidade das "pedaladas fiscais", em 31 de agosto;

- A resolução n° 35/2016 do Senado, que formaliza o impeachment e destitui Dilma do cargo de presidente da República.

Na época, o presidente do Senado era Renan Calheiros (MDB-AL), aliado do presidente Lula. Ele tenta retomar o protagonismo no Congresso.

Quais são as consequências da aprovação do projeto?

A proposta legislativa ainda não começou a tramitar. Caso venha a ser aprovada, terá poucos efeitos práticos. O próprio texto do projeto reconhece que a restituição do mandato de Dilma é inviável.

O objetivo é fazer com que as duas Casas do Congresso voltem atrás em cada uma das decisões que levaram ao impeachment da ex-presidente, anulando-as uma por uma. É o equivalente a admitir um erro.

Se aprovada, a proposta pode inocentar Dilma na Justiça?

O pedido dos parlamentares petistas não tem influência no que o Judiciário decidiu sobre o caso das "pedaladas fiscais". O Tribunal Regional Federal da 1ª Região manteve por unanimidade o arquivamento do processo de improbidade administrativa de que Dilma foi ré. O Ministério Público Federal (MPF) ainda pode recorrer, mas as possibilidades são mais restritas.

O MPF propôs uma ação de improbidade administrativa contra a ex-presidente por causa das "pedaladas fiscais". É um tipo de processo que investiga ilícitos administrativos praticados pelo gestor público.

O processo de impeachment, por sua vez, investiga crimes de responsabilidade - que, apesar do nome, não são "crimes" como os do Código Penal, mas infrações administrativas elencadas em uma lei de 1950, as quais tornam a permanência do gestor no cargo inviável.

O entendimento do TRF-1 para arquivar o caso de Dilma é de que ela não poderia ser punida duas vezes pelo mesmo ilícito. Os desembargadores decidiram que, como ela já perdeu o cargo de presidente da República, foi penalizada pela lei de crime de responsabilidade e, por isso, não pode ser novamente condenada em uma ação de improbidade administrativa.

Como funciona a votação do projeto?

A proposta dos parlamentares do PT se inspira em outro projeto de resolução, apresentado em 2013, para desfazer a declaração de vacância da cadeira da Presidência da República no dia 2 de abril de 1964. O ato do presidente do Senado na época formalizou a destituição de João Goulart e permitiu a entrada dos militares na gestão do País.

O projeto de resolução é um tipo de proposta que está previsto no regimento interno do Congresso Nacional. Ele é apreciado em uma sessão conjunta das duas Casas do Legislativo Federal.

Há chance de ser aprovado?

Na segunda-feira (28), o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) anunciou o protocolo do projeto de resolução nas redes sociais. O grupo signatário busca o apoio de outros parlamentares além dos 24 (incluindo o próprio deputado) que já estão na lista.

Além de estar em busca de outros membros do PT, os parlamentares da sigla também tentam o endosso de membros de outros partidos, o que vai medir a possibilidade de aprovação da proposta.

Nos primeiros seis meses de governo, Lula enfrentou alguns reveses principalmente na Câmara dos Deputados - o governo foi derrotado no marco do saneamento, na votação do PL do marco temporal de demarcação de terras indígenas e precisou fazer negociações para a aprovar a MP dos Ministérios, que passou na véspera de caducar, e a reforma tributária.

Como mostrou o Estadão, o presidente é recordista em emendas parlamentares. Até o final de julho, Lula liberou R$ 11,8 bilhões para Estados e municípios indicados por deputados e senadores.

O Partido dos Trabalhadores (PT) quer a anulação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no Congresso Nacional e, consequentemente, a devolução simbólica do mandato dela. O pedido ocorre após o arquivamento da ação de improbidade pelas "pedaladas fiscais" no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). No fim de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uma "reparação" para a correligionária.

No projeto apresentado nesta segunda-feira (28), a bancada do PT defende a ilegalidade do processo de impeachment e chama o caso de "um dos maiores equívocos jurídico-políticos perpetrados contra uma mulher séria, honesta e dedicada à causa pública". A justificativa do texto afirma que o arquivamento da ação de improbidade pelas "pedaladas fiscais" no TRF-1 enfatiza a "inexistência de crime de responsabilidade" da ex-presidente.

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"A presente resolução tem como objetivo principal reparar o seu passado recente, ao corrigir um dos maiores equívocos jurídico-políticos perpetrados contra uma mulher séria, honesta e dedicada à causa pública, Dilma Vana Rousseff, quando injustamente lhe foi imputada a sanção de perda do cargo de Presidente da República, decorrente de um hipotético crime de responsabilidade que, sob as perspectivas fática e jurídica, nunca aconteceu", diz o documento.

A decisão do TRF-1 foi divulgada após o colegiado da 10ª Turma se reunir para julgar uma apelação do Ministério Público Federal (MPF). Como mostrou o Estadão, o Tribunal decidiu que Dilma não poderia responder nos termos Lei de Improbidade Administrativa porque já havia sido responsabilizada por meio da norma que define os crimes de responsabilidade. Em 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que o Presidente da República não deveria estar à mercê do sistema de dupla responsabilização.

Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que o arquivamento da decisão não inocenta Dilma, visto que o mérito da ação não foi analisado. A apreciação teve caráter formal e processual em resposta à decisão do STF em 2018. Eles ainda afirmam que não existe correlação entre a decisão de arquivar a ação no TRF-1 e o processo que levou ao afastamento da ex-presidente, já que cada um dos acontecimento se refere a leis diferentes: a ação no Tribunal enquadra Dilma na Lei de Improbidade Administrativa; enquanto, no passado, ela já havia sido responsabilizada pela Lei do Impeachment.

A narrativa de que Dilma teria sido inocentada pelo TRF-1 foi fomentada pelo presidente Lula durante discurso no Fórum Econômico Brasil-Angola, na capital de Luanda, no sábado, 26. O petista defendeu era necessário discutir como "reparar" a ex-presidente.

O processo

Dilma deixou o governo em 2016 após sofrer um impeachment. O processo ocorreu baseado na acusação de que a petista infringiu a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ao editar decretos para abertura de crédito suplementar sem autorização do Congresso Nacional e atrasar, de maneira proposital, o repasse de dinheiro da União para bancos com o objetivo de melhorar artificialmente as contas. A manobra, batizada de "pedaladas fiscais", foi revelada pelo Estadão.

O projeto de resolução apresentado nesta segunda-feira contém a assinatura do vice-líder do governo no Congresso, deputado Lindbergh Farias, da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, do líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu, do líder do governo Lula no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, e de mais 20 deputados federais.

O desembargador Carlos Augusto Pires Brandão, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, decidiu que a União deve recontratar mais de 1,7 mil médicos cubanos que participaram do programa Mais Médicos.

O governo de Cuba decidiu deixar o programa social em 2018, citando declarações "depreciativas e ameaçadoras" do então presidente eleito Jair Bolsonaro (PL) sobre a presença dos médicos cubanos no Brasil.

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Com o rompimento do acordo, os profissionais que faziam parte do 20º ciclo do programa precisaram voltar ao país de origem. O grupo é o único que não pode renovar o contrato com o governo brasileiro.

Brandão determinou que os médicos tenham o contrato de trabalho renovado por um ano. O desembargador deu dez dias para o Ministério da Saúde apresentar um plano de reincorporação dos profissionais.

A decisão cita a crise humanitária vivida pelo povo Yanomami. Na avaliação do desembargador, o programa vai ajudar a implementar ações de saúde pública urgentes nas comunidades indígenas. "Há estado de emergência de saúde pública declarado, decretado por intermédio do Ministério da Saúde", aponta a decisão.

O Mais Médicos foi criado em 2013, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), para atender regiões carentes sem cobertura médica. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia sinalizado interesse em retomar o programa.

A decisão judicial atendeu a um pedido da Associação Nacional dos Profissionais Médicos Formados em Instituições de Educação Superior Estrangeiras e dos Profissionais Médicos Intercambistas do Projeto Mais Médicos para o Brasil (Aspromed).

Para o coordenador jurídico da entidade, Humberto Jorge Leitão de Brito, a decisão corrige uma "injustiça" e "observa o caráter humanitário do projeto".

"Os profissionais intercambistas atuam, em sua grande maioria, em regiões de difícil acesso, onde a presença de um médico para prestar a assistência primária para a população se faz ainda mais necessário. É o caso das localidades onde vive o povo Yanomami que têm passado por uma crise sanitária gravíssima", defende.

A presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Maria Thereza de Assis Moura, acolheu um pedido da União e liberou a compra de blindados italianos pelo Exército. A ministra argumentou que a "continuidade do projeto de renovação do parque bélico deve ser assegurada" e sustentou que a decisão do Tribunal Regional Federal (TRF-1), que havia barrado a compra, "compromete a estrutura e o plano de defesa externa alinhavado pelo Ministério da Defesa e pelo Exército e a própria capacidade de defesa nacional".

A presidente do STJ disse que a suspensão da compra poderia causar "inequívoca lesão à ordem, à capacidade de segurança externa e à economia pública". O argumento acolhido pela ministra Maria Thereza de Assis Moura é o de que a compra dos blindados "faz parte de uma política pública de longo prazo".

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"O projeto em questão - 'Projeto Forças Blindadas' - teve início em 2012, há, portanto, mais de dez anos, não sendo algo traçado de forma açodada ou repentina. O gasto foi devidamente incluído no Plano Plurianual de 2020-2023, aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro de 2019, e incluído como 'Investimento Plurianual Prioritário'", afirmou a ministra.

A assinatura do contrato estava prevista para o último dia 5, mas foi suspensa por ordem do desembargador Wilson Alves De Souza, plantonista do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O magistrado considerou "evidente a ilegalidade" da compra dos veículos em meio a "grave crise financeira", " sem que haja qualquer necessidade desses equipamentos bélicos, como se o País estivesse em guerra iminente ou atual".

Como mostrou o Estadão, contrato a ser fechado com o consórcio italiano Iveco-Oto Melara (CIO) trata da compra de 98 veículos blindados pelo Exército Brasileiro, ao custo de 900 milhões de euros - cerca de R$ 5 bilhões. No entanto, a presidente do STJ assinalou em sua decisão, que a aquisição "será feita ao longo de 17 anos, estendendo-se até 2040".

Assim, Maria Thereza de Assis Moura considerou "descabida" a ponderação de Wilson Alves De Souza, de "vultosas despesas em momento de restrição orçamentária". "Ao contrário do que se fez constar na decisão objurgada, não há previsão de desembolso instantâneo da quantia de R$ 5 bilhões. Há, sim, a necessidade de pagamento de R$ 1 milhão (cifra significativamente inferior à apontada) até o dia 15/12/2022, como forma de confirmação do contrato e dentro do prazo de empenho da dotação orçamentária de 2023", disse.

A compra é questionada no bojo de uma ação civil pública que sustenta que a compra dos blindados, "ao apagar das luzes" do governo Jair Bolsonaro (PL) e diante do "estado calamitoso em que se encontram outras áreas de maior urgência", "representa verdadeira violação à moralidade pública".

Como mostrou o Estadão, os veículos foram escolhidos pelo Exército após a realização de uma concorrência pública global. Os novos blindados Centauro II são fabricados pelo consórcio italiano Iveco-Oto Melara, formado pelas empresas Iveco Veículos de Defesa e Leonardo. O modelo é considerado uma viatura "caça-tanques" com canhão 120 mm, de longo alcance, capaz de disparar munições especiais, como projéteis supersônicos.

Ao STJ, a União sustentou que a suspensão da aquisição "causa grave lesão à ordem e à segurança públicas, tendo em vista as necessidades estratégicas do Exército". O governo contestou os valores citados na ação popular e alegou que apenas dois blindados seriam adquiridos no primeiro momento.

Ao analisar o caso, a ministra Maria Thereza de Assis Moura disse que o plano plurianual com a previsão do investimento foi aprovado pelo Congresso, "sendo impossível desvincular as despesas para direcioná-las a outras áreas".

"As despesas empenhadas na categoria 'defesa nacional' não podem, por mando de lei, ser deslocadas para qualquer fim diferente, por mais relevante que seja, não se prestando, assim, a afetar gastos com saúde ou com educação", afirmou.

Após decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que barrou a compra de 98 blindados ao custo de R$ 5 bilhões, o Exército circulou internamente nesta terça-feira, 6, um informe no qual afirma que a aquisição do 'caça-tanques' Centauro II visa atender 'evidente necessidade de atualização tecnológica' e garantir 'indispensável segurança' a soldados.

A mensagem assinada pelo Chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, general de Divisão Júlio César Palú Baltieri, diz que a compra tem o objetivo de substituir parte da frota de blindados, que 'chegou ao final de vida útil após quatro décadas de exaustiva utilização'.

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Palú Baltieri sustenta que o processo 'contribuirá para o fortalecimento da Base Industrial de Defesa, com criação de novos empregos e a participação efetiva de empresas nacionais na produção da viatura em território nacional'.

O general destaca que a assinatura do contrato inicial com o consórcio italiano Iveco-Oto Melara (CIO), que estava prevista para esta segunda-feira, 5, trata da entrega de dois veículos, que seriam testados pelo Centro de Avaliação do Exército.

"Somente após a aprovação desses protótipos, o contrato principal será assinado, visando à obtenção de um total de 98 veículos ao longo de 15 anos, de acordo com a disponibilidade orçamentária da Força Terreste", diz a 'palavra oficial' do Exército.

A compra dos blindados foi suspensa, liminarmente, por ordem do desembargador Wilson Alves De Souza, plantonista do Tribunal Regional Federal da 1ª Região na madrugada de segunda, 5. O magistrado considerou 'evidente a ilegalidade' da compra das viaturas em meio a 'grave crise financeira', ' sem que haja qualquer necessidade desses equipamentos bélicos, como se o País estivesse em guerra iminente ou atual'.

"É evidente a falta de razoabilidade, desvio de finalidade, ilegalidade e até mesmo de elementar bom senso, pois outra classificação não há quando ao mesmo tempo em que se faz cortes de verbas da educação e da saúde por falta de dinheiro, se pretende comprar armas em tempos de paz", argumentou o desembargador.

Os blindados foram escolhidos pelo Exército após concorrência pública global. O novo veículo é considerado uma viatura 'caça-tanques' com canhão 120 mm, de longo alcance, capaz de disparar munições especiais, como projéteis supersônicos.

A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, decidiu, por unanimidade, anular as condenações dos ex-presidentes da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves na Operação Sépsis, que investigou desvios no Fundo de Investimento do FGTS. Os desembargadores acolheram o argumento da defesa de incompetência da Justiça Federal para analisar o caso, determinando o envio dos autos à Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte.

No caso em questão, Cunha havia sido condenado a 24 anos e 10 meses de reclusão, em regime inicialmente fechado. A sentença foi imposta ao ex-parlamentar em junho de 2019 pelo juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do DF, em razão dos crimes de corrupção, violação de sigilo e lavagem de dinheiro. Já o ex-deputado e ex-ministro Henrique Eduardo Alves havia sido condenado a mais de oito anos em regime inicialmente fechado.

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Cunha responde às ações penais em liberdade desde maio deste ano, quando o desembargador Ney Bello, do TRF-1, revogou a última prisão preventiva decretada contra o ex-presidente da Câmara. A cautelar havia sido decretada em 2017.

O ex-presidente da Câmara chegou a ser condenado em outras duas ações no âmbito da Operação Lava Jato, pegando penas de 15 anos de prisão em cada um dos processos. Uma das sentenças, relacionada à propinas na compra do campo petrolífero de Benin, na África, pela Petrobras, em 2011, foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal em setembro. Resta a condenação do emedebista por propinas no âmbito dos contratos de fornecimento dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitoria 10.000.

A Operação Sépsis foi deflagrada pela Polícia Federal e pela Procuradoria-geral da República em julho de 2016. A ação teve como base a delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa, Fabio Cleto, e dos executivos da Carioca Engenharia que detalharam como o grupo político de Cunha e Alves se valiam da nomeação de diretores na Caixa para cobrar propina de empresas interessadas em aportes do FI-FGTS.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE EDUARDO CUNHA

"A defesa de Eduardo Cunha, a cargo dos Advogados Aury Lopes Jr e Délio Lins e Silva Jr, comemora a decisão que reconhece, mais uma vez, as gravíssimas ilegalidades praticadas no âmbito da Operação Lava Jato. Eduardo Cunha foi injustamente condenado, por um juiz absolutamente incompetente. Ficou quase 4 anos preso ilegalmente por conta deste processo agora anulado. Além da grave violação do devido processo, a defesa sustenta a inocência de Eduardo Cunha, acusado e condenado injustamente, com base apenas nas declarações não comprovadas de corréus delatores. Espera a defesa que agora, anulado o processo e remetido para a justiça eleitoral competente, possa efetivamente demonstrar a inocência de Eduardo Cunha. Também foi uma vitória o reconhecimento de que os 4 processos da operação 'cui bono' devam ser igualmente anulados e remetidos para justiça eleitoral junto com a operação 'Sepsis'. Era um absurdo 'bis in idem', uma ilegal litispendência que agora é reconhecida, afirmam Aury Lopes Jr e Délio Lins e Silva Jr."

A desembargadora Maria do Carmo Cardoso, do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região, em Brasília, suspendeu o inquérito aberto para apurar se o delegado federal Everaldo Jorge Martins Eguchi vazou informações sigilosas de investigações a empresários em troca de financiamento para sua campanha eleitoral. Ele foi candidato a deputado federal em 2018.

Bolsonarista, o delegado foi o principal alvo da Operação Mapinguari, em junho. Na ocasião, policiais federais fizeram buscas e encontraram uma mala com dinheiro vivo, em reais, dólares e euros, que pertenceria a ele.

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Ao atender ao pedido apresentado pela defesa, na terça-feira, 9, a desembargadora disse que 'questões políticas e pessoais' foram 'determinantes' para a abertura da investigação contra o delegado.

"Não há fato novo a justificar a investigação do paciente no bojo da Operação Migrador, uma vez que os fatos imputados como criminosos ocorreram em 2018, e as ações contra o requerente remetem ao ano de 2020, ou seja, mais de dois anos depois dos supostos fatos", diz um trecho da liminar que, além de suspender a investigação, autoriza a volta de Eguchi ao cargo. A decisão vale até a análise do mérito.

A investigação contra o delegado foi aberta em 2018. Ele é suspeito de repassar informações sobre a Operação Migrador, conduzida por ele na Delegacia de Polícia Federal de Marabá, que investigou a exploração ilegal de minério de manganês. A PF acredita que parte dos investigados foi previamente informada sobre a operação, o que impediu o cumprimento de mandados de prisão preventiva.

O Ministério Público Federal chegou a comunicar à Justiça que o delegado 'tem se valido de sua função na Polícia Federal para alcançar fins ilícitos e ilegítimos, havendo ele se apropriado, de maneira pouco republicana, do aparelho estatal para privilegiar interesses próprios'.

Além da campanha a deputado federal, Eguchi também disputou a prefeitura de Belém no ano passado pelo Patriota e ficou em segundo lugar na eleição municipal. Ele se diz alvo de uma perseguição política por ser 'conservador e bolsonarista'.

"Como relata a o habeas corpus criminal, não houve comprovação de acusação, diversos indícios de acusações sem fundamento e com questões de oposição política", escreveu em uma rede social. "A decisão judicial resguarda a minha história junto à Polícia Federal, que sempre foi de lutar e defender o Brasil e nossa Constituição.".

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, remeteu, para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, o inquérito contra o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por supostos crimes de obstrução de investigação ambiental, advocacia administrativa e organização criminosa. A medida se dá em razão de tramitar, naquela corte, um processo que vai decidir se as investigações abertas a partir da Operação Handroanthus - que registrou apreensão histórica de madeira - ficarão sob a alçada da Justiça Federal no Amazonas ou no Pará.

De acordo com a ministra do STF, assim que o TRF-1 decidir qual juízo é o competente para seguir com as apurações, os autos devem ser encaminhados ao mesmo. A ministra registrou ainda que caberá a tal juízo analisar as medidas cautelares deferidas por ela, como a suspensão de todos os processos em trâmite no Pará e do Amazonas relativos à Operação Handroanthus e a entrega do passaporte de Salles. Até lá, as medidas seguem em vigor.

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Na decisão datada de quarta, 30, Cármen registrou que, como Salles foi exonerado do cargo no último dia 23, não há mais a competência penal originária do STF para supervisionar o inquérito. Nessa linha, a ministra considerou que não poderia analisar alguns pedidos feitos nos autos do processo: um de autoria de uma madeireira, para que bens apreendidos no âmbito da Handroanthus fossem restituídos; e um recurso da defesa de Salles contra a decisão que determinou a retenção de seu passaporte.

A ministra do STF chegou inclusive a rebater argumentos da defesa de Salles, de que a ordem para a entrega do passaporte do ex-ministro foi dada após sua saída do governo Jair Bolsonaro. Cármen destacou que a 'urgência da medida', registrando que a mesma 'não representa maiores transtornos'.

"Não há limbo jurídico-processual a permitir que processo em trâmite e no qual haja reconhecimento de incompetência de um juízo possibilite que o investigado ou acusado possa ficar fora do espaço de aplicação da legislação penal e processual penal do País", destacou.

Ricardo Salles ainda é alvo de um outro inquérito que corre junto ao Supremo Tribunal Federal e que também deve ser enviado para primeira instância. Tal caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes e investiga a suposta participação do ex-ministro num 'grave esquema de facilitação ao contrabando de madeira'. As apurações culminaram até em uma fase ostensiva, a Operação Akuanduba, ocasião na qual Salles foi alvo de buscas e Eduardo Bim foi afastado da presidência do Ibama.

Como mostrou o Estadão, Salles decidiu pedir demissão do Ministério do Meio Ambiente quando soube no último dia 22, que o ministro Alexandre de Moraes determinaria sua prisão. Ao tomar conhecimento da informação por meio de um colega, Salles viu que sua permanência no governo era insustentável.

Um ano e meio depois de ter suas atividades paralisadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) vive um novo impasse após ser mais uma vez enquadrado, agora por ordem do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Desembargadores viram ilegalidade na produção de um relatório sobre as movimentações financeiras de Frederick Wassef, ex-advogado do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, e mandaram a Polícia Federal investigar quem foi o responsável por elaborá-lo.

A decisão de agora guarda semelhanças com o que determinou o então presidente do STF, Dias Toffoli, em julho de 2019, tanto pelos personagens quanto por questionar ritos de investigações. Na ocasião, o ministro aceitou um pedido da defesa de Flávio e impediu o Coaf de encaminhar seus relatórios de inteligência financeira (RIFs) ao Ministério Público para que a Corte discutisse antes com quem e como estes documentos poderiam ser compartilhados. O veto foi derrubado seis meses depois, pelo plenário, que liberou a troca de informações.

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Agora, porém, o TRF-1 coloca um novo debate sobre o que pode motivar a produção destes RIFs, etapa que antecede o compartilhamento.

No caso de Wassef, os três desembargadores da 3ª Turma do tribunal entenderam que não houve motivação legal para a criação de um relatório sobre movimentações financeiras do advogado do filho do presidente.

Segundo uma fonte no tribunal com acesso à decisão sigilosa, os juízes entenderam que o Coaf precisava ter recebido algum tipo de provocação, como um alerta de banco, por exemplo, para analisar as contas de Wassef e isso não teria acontecido. Com esse raciocínio, os desembargadores apontaram que houve uma ilegal "geração espontânea" do relatório que mostrou, entre outros pontos, pagamento de R$ 10 milhões da JBS a Wassef. Assim, os magistrados suspenderam o inquérito em tramitação na Procuradoria da República do Distrito Federal. Além disso, o tribunal mandou a PF investigar se houve interesses por trás da produção e do vazamento daquele relatório.

O Ministério Público Federal recorreu sob o argumento de que os procedimentos do órgão de inteligência foram seguidos. Questionado, o Coaf também defendeu a regularidade na elaboração de seus relatórios. "A produção de inteligência financeira consiste no recebimento de informações de fontes legalmente previstas, principalmente comunicações provenientes dos vários setores obrigados definidos no art. 9º da Lei nº 9.613, de 1998, e na análise dessas informações. Nos casos em que as referidas fontes apontem situação suspeita, são produzidos e disseminados Relatórios de Inteligência Financeira (RIF)", disse o Coaf.

Na resposta à reportagem, o conselho também fez referência à decisão do Supremo de 2019, que validou o compartilhamento de informações com órgãos de investigação. Na ocasião, a Corte deixou claro não ser preciso autorização judicial nem de ter recebido pedido da polícia ou do MP para produzir um relatório de inteligência financeira. Na visão do TRF-1, contudo, é preciso ter ao menos a comunicação de entidades como bancos sobre movimentações atípicas, para, aí sim, o órgão atuar - e isso não teria ocorrido. Uma das explicações é de que não se pode permitir que servidores públicos acessem os dados bancários de uma pessoa sem que o Coaf tenha recebido um alerta de que ela pode ter cometido alguma irregularidade.

Ao refutar a tese, o Coaf se baseia em trecho do voto de Toffoli de 2019 que menciona as recomendações do Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (Gafi), organismo internacional de combate à corrupção vinculado à OCDE. De acordo com o grupo, em cada país, o órgão que tem a função do Coaf "deverá ser capaz de disseminar, espontaneamente ou a pedido, as informações e os resultados de suas análises para as autoridades competentes relevantes".

O conselho não quis se manifestar sobre o caso específico de Wassef. Até agora, tanto o relatório do Coaf que originou a disputa judicial quanto a decisão do TRF-1 que anulou a apuração sobre Wassef estão sob sigilo. No recurso, o MPF pediu também a queda do sigilo.

A defesa de Wassef, por sua vez, alegou que o recurso da Procuradoria Regional foi apresentado ao tribunal fora do prazo e deve ser rejeitado. Ainda não há definição de data do julgamento.

O juiz Ricardo Leite, substituto da 10ª Vara Federal de Brasília, revogou nesta segunda-feira, 28, as prisões de Walter Delgatti Neto, o 'Vermelho', e Thiago Eliezer Martins dos Santos, o 'Chiclete', denunciados na Operação Spoofing pela invasão de celulares de autoridades do País, incluindo o ex-ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) e o procurador da República Deltan Dallagnol.

Os dois foram presos preventivamente em julho do ano passado e denunciados como mentores dos crimes cibernéticos em janeiro deste ano ao lado de outras quatro pessoas. Além dos hackeamentos, o grupo é acusado por fraudes bancárias, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

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Na decisão, o juiz levou em conta um habeas corpus concedido pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região que, a pedido da Defensoria Pública da União, anulou as audiências realizadas desde o início da instrução da Spoofing. No entendimento do magistrado, manter as prisões preventivas durante toda a instrução criminal 'acarretará inevitável excesso de prazo'.

"Manter a prisão preventiva de Thiago Eliezer Martins dos Santos e de Walter Delgatti Neto durante toda a instrução criminal acarretará inevitável excesso de prazo. Mesmo tendo a defesa pugnado pela nulidade da instrução processual, tendo dado causa à demora na instrução processual, entendo que objetivamente há excesso de prazo na increpação dos custodiados sem que tenha havido o desenvolvimento da relação processual. Além disto, sequer houve oferta de denúncia em relação ao outro inquérito pelo qual constam como investigados", escreveu o magistrado.

Em substituição às preventivas, o juiz fixou medidas cautelares que incluem o uso de tornozeleiras eletrônicas e proibição de contato com outros réus, testemunhas ou pessoas relacionadas aos fatos investigados. Ricardo Leite ainda determinou a 'proibição absoluta de acessar endereços eletrônicos pela internet - inclusive com a utilização de smartphones -, redes sociais, aplicativos de mensagens tipo whatsapp ou outro, exceto para videoconferências e compromissos com a justiça'.

O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), votou nesta terça-feira (22) para trancar as investigações da força-tarefa da Operação Greenfield sobre o ministro da Economia, Paulo Guedes. O caso foi suspenso por um pedido de vista (mais tempo para análise) da desembargadora Maria do Carmo Cardoso.

Para o desembargador, a Justiça "não pode ficar surda" aos impactos da apuração para a sociedade. Até agora, Ney Bello não identificou elementos de prova suficientes para caracterizar crime.

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"Não se trata do sangramento de um cidadão comum, mas o sangramento da própria Economia, que vai se espraiar por toda e qualquer casa, toda e qualquer relação econômica de qualquer cidadão", observou Bello.

Procuradores investigam operações financeiras realizadas por Fundos de Investimento em Participações - FIPs geridos pela BR Educacional Gestora Ltda, à época vinculada a Paulo Guedes. Investigações do Ministério Público Federal (MPF) apontam suspeitas de irregularidades em um investimento feito na empresa Enesa Participações, feito pelo FIP Brasil Governança, gerido pela BR Educacional. Esse investimento gerou perda total a seus cotistas.

Os advogados de Guedes argumentam, no entanto, que, no geral, os investimentos no FIP Brasil Governança tiveram resultado positivo. Além disso, a defesa de Guedes afirmou ao TRF-1 que os fatos sob apuração no MPF já haviam sido analisados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que teria apontado inexistência de irregularidades. O ministro da Economia estaria sendo submetido a constrangimento ilegal, segundo seus defensores.

"Se a CVM disser que não houve crime, não houve temeridade, não houve fraude, estaremos enquanto Justiça premidos por essa obrigação", frisou Bello.

A Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) trancou nesta terça, 1º, ação penal que acusava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de corrupção e lavagem de dinheiro em suposto esquema de propinas da Odebrecht em troca de influência sobre contratos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltados para financiamento de obras em Angola.

A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal havia sido parcialmente rejeitada no ano passado pelo juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília. À época, o magistrado recusou 17 imputações a Lula e seu sobrinho, Taiguara Batista, por crimes de lavagem de dinheiro, mantendo outros atos classificados no mesmo crime.

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Taiguara recorreu ao TRF-1 em junho, que arquivou a ação penal contra o sobrinho de Lula por unanimidade. A defesa do petista recorreu, pedindo uma extensão do entendimento para o caso de Lula. O habeas corpus foi atendido pela Quarta Turma, também por unanimidade.

Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirmou que o Ministério Público Federal 'fez uma acusação precária, sem qualquer suporte probatório mínimo e sem sequer especificar as condutas atribuídas a Lula'. Segundo a defesa do petista, esta é a quinta ação penal contra o ex-presidente que foi trancada.

"Sempre que foi julgado por um órgão imparcial e independente - fora da Lava Jato de Curitiba - Lula foi absolvido ou a acusação foi sumariamente rejeitada", apontou Zanin.

Mais cedo, a defesa do petista não conseguiu emplacar nenhum dos diversos recursos apresentados ao Superior Tribunal de Justiça para anular ou reduzir a sentença imposta a Lula no caso do tríplex do Guarujá. Neste processo, o ex-presidente foi condenado a oito anos, dez meses e 20 dias de prisão.

Um dos agravos interpostos pela defesa de Lula pedia a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro e dos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região Carlos Eduardo Thompson Flores e João Pedro Gebran Neto.

Outro pedido buscava o acesso do petista aos autos da Operação Spoofing, que mirou os hackers que invadiram as contas de diversas autoridades brasileiras, como a do procurador Deltan Dallagnol, então coordenador da Lava Jato em Curitiba. Mensagens divulgadas pelo portal The Intercept Brasil levantaram questionamentos sobre a conduta do procurador à frente dos casos envolvendo Lula e sua proximidade com Moro.

A Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) formou maioria, na terça-feira (25), para absolver o ex-presidente Michel Temer (MDB) do crime de obstrução de Justiça no episódio que ficou conhecido pela frase 'tem que manter isso, viu?'. A declaração foi dita em encontro com o empresário Joesley Batista no Palácio do Jaburu, em 2017.

O julgamento ainda não foi concluído e aguarda voto da desembargadora Monica Sifuentes, que pediu vista (mais tempo para analisar o caso) na sessão desta terça. Ela é a última a votar, mas o placar já conta com os votos dos desembargadores Ney Bello e Maria do Carmo Cardoso para absolver Temer.

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O recurso foi apresentado pelo Ministério Público Federal contra decisão do juiz federal Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, que em outubro do ano passado absolveu Temer de obstrução de Justiça por considerar a acusação 'frágil' e que 'não suporta sequer o peso da justa causa para a inauguração de instrução criminal'.

A denúncia contra Temer foi apresentada em 2017 pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot. Ela foi embasada em uma conversa gravada entre Joesley e o então presidente em que, este dizia 'tem que manter isso, viu?'. Segundo a PGR, a fala era uma tentativa de silenciar o operador Lúcio Funaro e o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), presos pela Lava Jato.

Temer sempre negou as acusações. Quando deixou o cargo e perdeu o foro privilegiado, em janeiro do ano passado, o processo deixou o Supremo Tribunal Federal e correu na primeira instância da Justiça.

COM A PALAVRA, O EX-PRESIDENTE MICHEL TEMER

Até a publicação desta matéria, a reportagem não havia obtido contato com a defesa do ex-presidente Michel Temer. O espaço permanece aberto a manifestações.

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) absolveu, por unanimidade, o lobista Mauro Marcondes, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em ação penal no âmbito da Operação Zelotes sobre suposto esquema de compra de medidas provisórias nos governos petistas. A corte ainda condenou os réus por advocacia administrativa, mas reconheceu a prescrição do crime. Marcondes havia sido condenado a 11 anos e 8 meses.

Também foram absolvidos o lobista Alexandre Paes dos Santos, o advogado José Ricardo da Silva, o lobista Francisco Mirto, os ex-representantes da montadora MMC (Mitsubishi) Paulo Arantes Ferraz e Robert de Macedo Rittcher, o ex-diretor de comunicação do Senado Fernando Mesquita e o advogado Eduardo Valadão.

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A decisão reverte sentença condenatória do juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília. O magistrado considerou haver provas suficientes de que o grupo formou um "consórcio" que praticava tráfico de influência e pagava propina a servidores públicos para viabilizar a edição, pelo governo, e a aprovação, pelo Congresso, de MPs que prorrogaram incentivos fiscais a indústrias automotivas instaladas no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste.

Os "serviços" teriam sido contratados pela MMC Automotores (fabricante Mitsubishi) e pela Caoa (que monta veículos Hyundai), ao custo de R$ 32 milhões.

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região mandou soltar o primeiro dentre os seis presos na investigação sobre as invasões de aplicativos de telecomunicação de altas autoridades da República. Por decisão da Quarta Turma, nesta quarta-feira, 2, Suelen Priscila de Oliveira poderá cumprir medidas alternativas à prisão. Por outro lado, o colegiado negou soltar o DJ Gustavo Santos, companheiro de Suelen, e o motorista de Uber Danilo Marques.

Suelen foi presa em Araraquara na primeira fase da operação Spoofing, deflagrada pela Polícia Federal, em 23 de julho, sob a acusação de integrar um grupo de hackers suspeito de ter grampeado o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, procuradores da Lava Jato e outras autoridades como ministros de Estado e de tribunais superiores.

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O desembargador Antonio Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), aumentou para R$ 200 mil a multa diária para a Vale por dia que sejam feitas atividades na mina Onça Puma, no Pará. A multa de R$ 100 mil por dia foi aplicada em março, e o Ministério Público Federal (MPF) estima que a desobediência da companhia já acumula um valor total de R$ 19,5 milhões.

"Os peritos que foram até as instalações da mineradora, em Ourilândia do Norte, no sudeste do Pará, constataram que os setores de metalurgia e beneficiamento estavam em pleno funcionamento e sendo sistematicamente abastecidos por caminhões de minério", explicou o MPF em nota.

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Onça Puma é uma mina de níquel da Vale e, segundo o MPF, o empreendimento cercou por todos os lados três aldeias indígenas na região do Cateté, no sudeste do Pará entre as cidades de Ourilândia do Norte, Parauapebas e São Félix do Xingu. De acordo com o MPF, são 14 empreendimentos no total, extraindo cobre, níquel e outros minérios, todos de propriedade da Vale, alguns já implantados, outros em implantação.

Segundo o Ministério Público, Onça Puma é um desses empreendimentos e foi implantado sem o cumprimento da legislação ambiental. Em sete anos de atividade, contaminou com metais pesados o Rio Cateté e inviabilizou a vida dos cerca de 1.300 Xikrin. O processo judicial que visa assegurar compensações para os indígenas tramita desde 2012.

"A Vale desobedece, desde 26 de fevereiro, uma ordem do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) para cessar todas as atividades na mineradora Onça Puma, que extrai e beneficia níquel no sudeste do Pará, e causou graves danos ambientais que atingem os povos indígenas Xikrin e Kayapó", informou o MPF.

Procurada, a Vale ainda não tinha uma resposta sobre o aumento da multa.

O Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1) recuou de sua decisão de retirar todos os processos de grandes operações da 10.ª Vara Federal de Brasília, cujo titular é o juiz Vallisney de Souza Oliveira.

Em sessão ordinária realizada nesta quinta-feira, dia 1º, o Conselho de Administração do Tribunal aprovou mudanças no provimento da Corregedoria que havia norteado a redistribuição de processos da 10ª para a 12ª Vara, esta última recentemente transformada em especializada em lavagem de dinheiro e crimes financeiros.

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A redistribuição foi contestada pelo Ministério Público Federal (MPF) nesta quarta-feira, 28. Para os procuradores, ao realizar a redistribuição, o TRF-1 violou uma série de regras processuais. "Discorda-se da redistribuição em virtude da não observância da aplicação dos preceitos do Código de Processo Penal da Constituição da República e, mais, da não observância das próprias regras definidas pelo provimento Coger 136", afirmaram os procuradores em petição encaminhada na quarta-feira ao Tribunal.

O TRF-1 divulgou uma nota em seu site sobre a decisão. O Tribunal afirma que "após discutir os termos do normativo, o colegiado decidiu, por unanimidade, em relação ao inciso II, do artigo 10, que não deverão ser redistribuídos processos que tiverem audiências e/ou interrogatórios realizados".

A reportagem apurou que os juízes da 10ª e 12ª Varas Federais ainda não foram informados sobre como ficará a distribuição de processos após a decisão, mas fontes relataram à reportagem que, em tese, dos quatro processos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dois continuarão sob a tutela do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara, e outros dois irão para o juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, da 12ª.

Ficarão com o juiz Vallisney os processos contra Lula por obstrução de Justiça, derivado da delação do ex-senador Delcídio do Amaral, e a ação penal relacionada à compra dos caças suecos investigada na Operação Zelotes.

As ações penais da Operação Sépsis, que investiga desvios na Caixa e que têm os ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, ambos do MDB, também ficam com Vallisney.

Outro caso que retorna para a 10ª Vara é o de obstrução de justiça em que o ex-ministro Geddel Vieira Lima é réu. A nova decisão do TRF-1 também deve manter 14 processos relacionados à Zelotes na 10ª Vara.

Indefinição

Mesmo com a decisão, os juízes da duas varas especializadas não sabem como ficará a distribuição dos processos envolvendo as Operações Greenfield, que apura desvios em fundos de pensão, e Patmos, derivada da delação premiada dos executivos da JBS.

Em tese, como nesses casos ainda não foram designadas as audiências, os processos deveriam migrar para a nova Vara, a 12ª. Entretanto, há uma discussão sobre a conexão entre essas investigações e as desenvolvidas nas operações Sépsis e Cui bono?.

Fontes na Justiça Federal afirmaram que uma definição sobre essas operações se dará somente após o TRF-1 formalizar aos juízes quais serão os processos de cada um. Após isso, as partes envolvidas também poderão acionar o Tribunal solicitando uma nova redistribuição.

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) manteve suspensa as obras da hidrelétrica Teles Pires, em fase de construção no Rio Teles Pires (MT). A decisão da 5ª turma reafirmou a liminar concedida pelo desembargador federal Antônio Souza Prudente ao Ministério Público Federal recentemente, que pedia a paralisação da obra sob a pena de multa de R$ 500 mil por dia descumprimento.

Apesar da decisão, há dúvidas sobre se as obras realmente irão parar. Isso porque há uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que permite a continuação das obras da usina, gerando dúvidas se a manifestação do TRF1 prevalecerá nesse caso. A 5ª turma negou os recursos ingressados pela Companhia Hidrelétrica Teles Pires, concessionária que está construindo e irá operar a usina, e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) na última quarta-feira, dia 9.

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A Procuradoria Regional da República da 1ª Região, órgão do MPF, entrou com ação solicitando a paralisação das obras sob a alegação de que os estudos de componente indígena previstos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) não foram feitos para Teles Pires em seu processo de licenciamento ambiental. De acordo com o MPF, a EPE copiou os estudos de outras duas usinas a serem construídas no mesmo rio, São Manoel e Foz do Apiacás.

Além disso, o MPF alegou que o estudo ambiental desconsiderou um dos principais impactos ambientais do projeto, que é a destruição das corredeiras Sete Quedas, de alto valor religioso e simbólico para as comunidades indígenas Munduruku e Kayabi, além de não ter contemplado os impactos sobre a ictiofauna (conjunto das espécies de peixes numa determinada região). Avaliando os argumentos do Ministério Público, o desembargador federal Prudente julgou procedente o pedido de liminar para a paralisação das obras.

A concessionária e a EPE recorreram da decisão no TRF-1 e entraram com pedido de suspensão no STF, cujo recurso foi aceito pelo ministro Ricardo Lewandowski. A usina Teles Pires tem uma capacidade instalada de 1,82 mil MW e previsão contratual para entrar em operação em 2015. A concessionária da hidrelétrica tem como acionistas a Neoenergia (50,1%), a Eletrosul (24,5%), Furnas (24,5%) e a Odebrecht Energia (0,9%).

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