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Enquanto o governo federal enfrenta um vácuo por causa da troca de gestão, os Estados aproveitaram a Cúpula do Clima (COP-27) em Sharm el-Sheik, no Egito, para ir atrás de verbas e parcerias estrangeiras. Neste ano, pela primeira vez os governadores da região da Amazônia montaram até um pavilhão oficial, um dos mais concorridos.

O Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal é formado pelos nove Estados que abrigam o bioma: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

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O governo do Amapá, por exemplo, foi à África em busca de estabelecer parcerias e possíveis financiamentos para um parque, o Amaparque, projeto socioambiental e urbano na região metropolitana dos municípios de Macapá e Santana. No escopo estão a requalificação ecológica de áreas degradadas, melhorar a mobilidade urbana e diminuir a insalubridade nas áreas úmidas e em seu entorno. O objetivo é criar um complexo ecológico e turístico, com parques lineares em seis trechos da região metropolitana, tratamento de esgoto por fitorremediação, um ecomuseu, além de um centro de vivência da ressaca com acesso na área da Lagoa dos Índios, envolvendo um total de 17,43 km². O custo do projeto é de R$ 21 milhões.

Segundo o secretário de Planejamento do Amapá, Eduardo Tavares, com o projeto a área poderá ser considerada um Sítio Ramsar. "A chancela é reconhecida pela Unesco (braço da ONU para educação e cultura) e denomina as zonas úmidas que têm prioridade no acesso à cooperação técnica internacional e apoio financeiro para promover projetos com intuito de proteção e utilização sustentável dos recursos naturais, favorecendo a implementação de um modelo de desenvolvimento que proporcione qualidade de vida aos moradores da região", afirma.

CARBONO

Em outra frente, nesta semana Amapá, Pará, Mato Grosso e Amazonas assinaram acordo com a Coalizão Leaf para acessar o mercado de crédito de carbono. A Coalizão Leaf é uma iniciativa global voluntária que reúne empresas e governos para fornecer financiamento para a conservação de florestas tropicais e subtropicais - incluindo negociações para compra e venda de créditos de carbono. Foi criada em 2021, na COP-26, para captar dinheiro de grandes empresas, com capital de US 1,5 bilhão para comprar créditos em locais que se adaptem às boas práticas.

Se falta dinheiro e disposição dos países desenvolvidos em estabelecer um fundo de financiamento para as nações em desenvolvimento, o sucesso das negociações entre os entes subnacionais (Estados, províncias e cidades) pode ser medido não só por isso. Alguns dos objetivos são a transferência de informações e conhecimento para que, por exemplo, possam desenvolver os próprios planos.

Outro exemplo é o Consórcio Brasil Verde, lançado na COP de Glasgow, e que reúne todos os Estados do País. Presidido pelo governadordo Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), o objetivo é atrair investidores e internalizar conhecimentos. Para ele, a eleição de Lula e a expectativa de fortalecimento da atuação da União na área ambiental não vão diminuir a relevância desse e de outros consórcios. "O movimento dos governadores surgiu como forma de compensar a ausência do governo federal no tema, mas agora se fortalecerá no esforço conjunto porque o governo federal sozinho não tem condições de atender as NDCs (as metas de redução de emissões de gases de efeito esfufa)", afirma.

"Precisamos andar juntos para fazer a fiscalização do desmatamento, da transição energética e desenvolvimento de tecnologias como o hidrogênio verde."

SP

Esse tipo de negociação é chamado de paradiplomacia e, de fato, tende a crescer na ausência de uma ação efetiva do governo federal, diz a advogada e especialista Carolina Bonatto Fairbanks. Nesta COP, por exemplo, longe das florestas tropicais, Estados como São Paulo também participaram de várias negociações. Na pauta, de escassez hídrica à eletrificação de frotas de transporte urbano. O Estado lançou um Plano de ação Climática visando a mitigar a emissão de 17 milhões de toneladas de Gases do Efeito Estufa até 2030.

O programa é resultado da parceria firmada por 12 Estados com o Pomuc (implementado pela agência alemã de cooperação internacional GIZ - com o apoio do Ministério Alemão de Economia e Clima, no âmbito da Iniciativa Climática Internacional- IKI). A cooperação viabilizou uma série de estudos sobre as trajetórias de carbono para estabelecer metas do Plano de Ação Climática (PAC 2050). Ele entrou em consulta pública esta semana.

Segundo Carolina Bonatto Fairbanks, os acordos e projetos que nascem desses processos paradiplomáticos podem e devem ser cobrados pela população "Toda questão ambiental depende da boa vontade e é mais fácil fazer esforços nos entes subnacionais. É um esforço coletivo."

*O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DO INSTITUTO CLIMA E SOCIEDADE

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Partido dos Trabalhadores vai pedir ao governo federal que as despesas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, passem a ser financiadas com os recursos da União, que reservou R$ 3,216 milhões no Orçamento deste ano para bancar os custos com a transição do governo. A solicitação será feita quando o petista voltar ao Brasil.

A iniciativa ocorre após Lula ter viajado para o Egito no jatinho do empresário José Seripieri Filho, fundador da Qualicorp e dono da QSaúde, empresas que atuam na área de saúde privada. A carona para participar da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP27, foi alvo de críticas da oposição e até de aliados. "Vamos requerer que seus deslocamentos e estadia em Brasília sejam feitos pelo Estado brasileiro. Ele é o presidente eleito", afirmou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Até agora, segundo a assessoria de Lula, os custos com transporte, alimentação e hospedagem do presidente eleito têm sido pagos pelo PT.

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O uso de recursos públicos para bancar a equipe de transição está previsto em lei desde 2002. O que não está claro, porém, é se gastos do presidente eleito com viagens e hospedagem podem ser incluídos. Na quarta-feira, 16, o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) apresentou um projeto de lei que regulamenta o gabinete de transição, com o objetivo de garantir o custeio do transporte do presidente e vice eleitos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após sua participação na 27ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas, a COP-27, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a cobrar de países ricos a destinação de recursos para nações emergentes para a garantia de preservação de suas florestas.

Voltando a se comprometer com a proibição do garimpo ilegal e da preservação das terras indígenas, o petista pontuou: "os países mais ricos têm que assumir um compromisso com a preservação do meio ambiente".

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Segundo ele, em 2009 diversas nações se comprometeram com um fundo de US$ 100 bilhões para ajudar países emergentes a preservar suas florestas "e até agora não foi juntado um dólar do compromisso feito", criticou.

Lula também afirmou que é preciso uma governança global mais representativa, principalmente na questão climática. "A gente não pode tomar uma decisão e depois levá-la para que o Estado Nacional decida se vai cumprir ou não, porque nós temos exemplo de que o protocolo de Kyoto, que foi assinado a tanto tempo atrás, até hoje não foi cumprido por muitos países", disse.

O presidente eleito destacou ainda que a Organização das Nações Unidas (ONU) "não pode continuar sendo a mesma de 1948". "O mundo mudou, a geopolítica mudou" disse, afirmando que o conselho de segurança da organização precisa ter "mais gente representando todos os continentes".

"Precisa acabar com a ideia de que um país pode ter o direito de veto, ninguém é superior a ninguém, independente da sua riqueza, independente do seu poder bélico", disse, durante coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro português, António Costa, em Lisboa.

A presidência egípcia da 27ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP-27) lançou quatro iniciativas de soluções climáticas para aprimorar a ação global e garantir que os países sejam capazes de cumprir suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) e as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris.

A primeira proposta, focada em países da África e em desenvolvimento, visa moldar o processo de planejamento e desenho de políticas econômicas, considerando o impacto das mudanças climáticas, quantificando os esforços feitos para mitigação e adaptação, além de identificar lacunas e necessidades de apoio.

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A iniciativa propõe um conjunto de diretrizes e políticas para acelerar a adequação à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, ao Acordo de Paris e às NDCs.

A segunda propõe mudanças nos sistemas de transportes, a fim de descarbonizar e melhorar o cenário da mobilidade urbana. O objetivo é que a iniciativa seja implementada em diversas regiões do planeta para melhorar o acesso a soluções resilientes e de baixo carbono.

"Com mais da metade da população mundial vivendo em cidades, o transporte representa 37% das emissões de CO2 dos setores de uso final. À medida que a urbanização acelera no sul do planeta, melhorar o transporte e a mobilidade urbana está se tornando cada vez mais importante para enfrentar o desafio das emissões globais", afirmou o ministro de Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, responsável pela presidência da COP-27.

A terceira iniciativa busca identificar as barreiras que limitam as reduções de emissões urbanas - como edifícios, habitações, sistemas de abastecimento e resíduos - e adaptá-los, por meio de parcerias e colaborações com organizações do mundo todo, a fim de construir um sistema urbano mais resiliente.

Por fim, a quarta iniciativa, nomeada "Iniciativa Global de Resíduos 50 por 2050", pretende tratar e reciclar pelo menos 50% dos resíduos sólidos produzidos na África até 2050.

A proposta pretende engajar uma coalizão formada com mais de mais 180 países pelo mundo, a fim de criar uma plataforma colaborativa que permita um tratamento holístico para os resíduos e contribua para o alcance desta meta.

O presidente eleito da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse, nesta quinta-feira (17), esperar que haja relação mútua de respeito do novo governo e do agronegócio e prometeu combater o garimpo em territórios indígenas - prática que é defendida pelo atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). As falas foram a movimentos sociais que participaram de evento na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-27), realizada em Sharm El-Sheik, no Egito.

Na quarta-feira (16), o petista já havia defendido durante discurso na área da ONU da conferência o agronegócio como "parceiro estratégico" no combate às mudanças climáticas e falou na busca de uma "agricultura regenerativa", sem "desmatar nem um metro de floresta". Sua fala, que foi acompanhada com atenção pela comunidade internacional, incorporou os consensos científicos mais recentes sobre como conciliar o setor produtivo e a sustentabilidade.

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"Não me preocupo quando dizem que o agronegócio não gosta do Lula. Eu só peço que me respeitem e eu respeito eles", afirmou o presidente eleito ao grupo de ONGs e movimentos sociais em nova agenda pública nesta quinta. "Vamos evitar de uma vez por todas que haja garimpo em terras indígenas", acrescentou.

No discurso desta quinta, Lula ainda disse que "na COP do ano que vem" o Brasil terá apenas uma delegação. Neste ano, o País está representado em três pavilhões: a ala dos governadores amazônicos, o Brazil Climate Hub, que reúne ativistas, e o estande oficial do governo federal - que tem sido o mais esvaziado ao longo da conferência.

Na quarta, Lula ainda prometeu levar à ONU o pedido para que a Cúpula do Clima de 2025 seja no Amazonas ou no Pará.

Na mesma fala com movimentos sociais, o petista ainda criticou novamente o teto de gastos e disse que não "não adianta só pensar em responsabilidade fiscal". Essas falas têm causado reações negativas no mercado. "Vai aumentar o dólar? Cair a bolsa? Paciência", disse Lula.

*O repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou, na manhã desta quinta-feira (17), o cumprimento do teto de gastos em detrimento da destinação de recursos para a área social. Ele participou de evento promovido na 27ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP-27) pelo Brazil Climate Action Hub, iniciativa de articulação da sociedade civil. A COP-27 ocorre em Sharm El-Sheikh, no Egito.

"Se não resolvermos problemas sociais, não vale a pena recuperar esse País. Não adianta só pensar em responsabilidade fiscal, temos de pensar em responsabilidade social", afirmou o presidente eleito. "Para cumprir teto fiscal, geralmente é preciso desmontar políticas sociais e não se mexe com o mercado financeiro. Mas o dólar não aumenta ou a bolsa cai por causa das pessoas sérias, e sim dos especuladores", continuou.

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Lula concordou que é preciso ter meta de inflação, mas também de crescimento. "Temos de ter algum compromisso com a geração de renda, com aumentar o salário mínimo acima da inflação. Quero provar que é possível acabar com a fome outra vez, gerar empregos."

Educação

Na área de educação, Lula informou que pretende aumentar o número de estudantes em escolas técnicas e recuperar o ministério da Cultura, colocado em segundo plano pela atual gestão. "Governo tem de criar oportunidades (de crescimento das pessoas) e deixar que cada um siga o seu caminho."

País pior

O presidente eleito disse ainda a lideranças da sociedade civil, no período da manhã desta quinta, que assumirá a Presidência em janeiro com o Brasil em situação pior do que quando começou seu primeiro mandato como presidente, em 2003.

"Vamos pegar o País pior do que em 2003 e com algo mais grave, a tentativa de descrédito das instituições. Chegamos a ponto de judicializar todas decisões judiciais, a ter orçamento secreto e um Executivo sem nenhuma relação com sociedade", afirmou Lula. "O governo atual do presidente Jair Bolsonaro nunca se reuniu com organizações da sociedade civil. Nós vamos retomar as conferências nacionais para que o povo decida qual política público quer ver ser colocada em prática; vamos fazer conferências da juventude, do povo negro, da mulher (de vários públicos)", anunciou.

Sobre a situação sócio-econômica da população, Lula avaliou que o Brasil "andou para trás" e que o governo em exercício deixou de fazer investimentos em cultura e educação. "Nós andamos para trás depois de termos conquistado o status anterior (econômico), mas esse status era muito pequeno. As pessoas necessitadas só tinham subido um degrauzinho (em sua condição econômica), mas o pouco tinha sido muito para essas pessoas", disse.

Lula também criticou o atual governo por ter "parado de investir em tecnologia, cultura, escolas técnicas". "Cultura é uma coisa perigosa (na visão de alguns governantes), porque politiza e mexe com a consciência das pessoas. Mas eu assumi a candidatura porque acho que é possível fazer as pessoas da periferia voltarem a sonhar", disse.

Governantes e cobranças

Na participação pela manhã na COP-27, o presidente eleito criticou a pouca disposição de governantes globais em ouvir e serem cobrados pela sociedade. "Não há disposição de muitos governantes no mundo de participar de reuniões com a sociedade civil. Muitos não gostam de ser cobrados e acabam tratando cobradores como oposição, mas a cobrança muitas vezes é até melhor do que as pessoas que concordam conosco, porque nos mostram o que é preciso ver", disse.

Na ocasião, a Coalizão Negra por Direitos, que reúne mais de 200 organizações, associações, ONGs, coletivos, grupos e instituições do movimento negro, entregou uma carta reivindicando ações de combate ao racismo ambiental ao presidente eleito. Lideranças da juventude também levaram uma carta solicitando a criação do Conselho de Juventude Climática.

O presidente eleito cobrou o cumprimento das medidas estabelecidas pelas nações nas conferências da ONU. "Os fóruns da ONU não podem continuar sendo discussões intermináveis que não são concretizadas. Precisaríamos de governança para decidir o que fazer (em caso de não cumprimento), porque se depender de decisões internas dos países, de Congresso, as decisões não são executadas", afirmou.

Lula chamou a atenção também para a perfil do Brasil no cenário global. "O Brasil não tem contencioso com nenhum país do mundo, o último foi na Guerra do Paraguai. Desde a guerra do Paraguai, Brasil mantém relação harmoniosa com todos os países do mundo", disse.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá reuniões bilaterais nesta quinta-feira (17) com o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Jonas Gahr Støre, e a ministra de Relações Exteriores da Alemanha, Annelena Baerbock. Os encontros acontecerão separadamente, segundo a assessoria de imprensa de Lula.

A reunião com o ministro norueguês será realizada em um hotel no balneário de Sharm El-Sheik, no Egito, onde ocorre a 27ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP-27)

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Já o encontro com a ministra alemã ocorrerá em uma sala dentro da COP.

Em um auditório lotado, o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso nesta quarta-feira (16) na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP27, que está sendo realizada em Sharm el-Sheik, no Egito, e afirmou que "o Brasil está de volta" para debater as questões ambientais.

"Quero dizer para vocês que o Brasil está de volta. Está de volta para reatar os laços com o mundo, a combater a fome, a ajudar os países mais pobres, sobretudo na África, aos nossos irmãos latino-americanos, a ter um comércio justo entre as nações, a construir uma ordem mundial pacífica e a uma multilateralidade", afirmou aos presentes.

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Lula ainda lembrou que o convite feito a ele antes mesmo de assumir o cargo de presidente "é o reconhecimento de que o mundo tem pressa em ver o Brasil participando novamente nas discussões sobre o futuro do planeta", ressaltando que sabe que o convite não foi pessoal, mas "sim para todo o povo brasileiro".

O ex-presidente de 2003 a 2010 ainda afirmou que a "frase que mais tenho ouvido dos líderes de diferentes países é que 'o mundo sente saudade do Brasil'.

O recém-eleito, que derrotou o atual mandatário, Jair Bolsonaro, lembrou do discurso que fez no dia de sua vitória eleitoral, em 30 de outubro, de que "não há dois Brasis" e o adaptou para o discurso no Egito.

"Não existem dois planetas Terra, somos uma única espécie, chamada humanidade, e não haverá futuro enquanto continuarmos cavando um poço sem fundo de desigualdades entre ricos e pobres. Precisamos de mais empatia uns com os outros. Precisamos construir confiança entre nossos povos. Precisamos nos superar e ir além dos nossos interesses nacionais imediatos, para que sejamos capazes de tecer coletivamente uma nova ordem internacional, que reflita as necessidades do presente e nossas aspirações de futuro", disse.

Em diversos momentos, Lula cobrou os países ricos a ajudarem os mais pobres, que são os mais afetados pelos desastres climáticos, mesmo não sendo os principais poluidores. Citando dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o presidente eleito afirmou que o impacto econômico provocado por esses problemas deve ficar na casa dos US$ 2 bilhões a US$ 4 bilhões por ano até 2030.

"Ninguém está a salvo. Os Estados Unidos convivem com tornados cada vez mais frequentes,[...] os países insulares podem desaparecer, o Brasil viveu a pior seca em 90 anos e enfrentamos enchentes enormes. A Europa enfrenta mudanças climáticas extremas, com enchentes e queimadas. A África também sofre com eventos climáticos extremos, mesmo sendo o menor poluidor... Ninguém está a salvo. A emergência climática atinge a todos", pontuou ainda.

Fome

Outro ponto destacado por vários momentos é que a "luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a desigualdade e a fome". E criticou o atual governo que, desde 2019, está fazendo o país "piorar" em todos os aspectos.

"Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação dos nossos biomas. Quero aproveitar a Conferência para dizer que o combate às mudanças climáticas terá o mais alto perfil e estrutura no meu próximo governo. Vamos priorizar a luta contra o desmatamento em todos os nossos biomas", disse ainda.

Crimes ambientais

Citando os recentes números recordes de desmatamento na Amazônia, divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Lula afirmou que "essa devastação ficará no passado".

"Os crimes ambientais cresceram de forma assustadora nesse governo que está chegando ao fim. Vamos recriar todos os setores de fiscalização e os sistemas de monitoramento que foram destruídos nesses últimos quatro anos. Esses crimes afetam, sobretudo, os povos indígenas", pontuou confirmando que seu governo terá o Ministério dos Povos Originários porque os "próprios indígenas devem indicar políticas que lhes garantam paz e estabilidade".

Comemorando o anúncio da reativação do fundo amazônico por Alemanha e Noruega, Lula ressaltou que o Brasil vai provar "mais uma vez que é possível gerar riqueza sem provocar mudanças climáticas". O mandatário eleito ainda prometeu que o país "jamais vai renunciar" à soberania nacional.

Lula citou as questões do agronegócio e disse que a "produção agrícola sem equilíbrio ambiental deve ser considerado algo do passado". "Tenho certeza que o agronegócio brasileiro será um aliado estratégico na busca de uma agricultura regenerativa e sustentável", falou.

Iniciativas

Durante o discurso, Lula anunciou duas iniciativas que vai propor assim que assumir o cargo em 1º de janeiro de 2023. A primeira delas é a realização da Cúpula dos Países-Membros do Tratado de Cooperação Amazônia, que inclui, além do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

"Para que, pela primeira vez, [possam] discutir de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado da região, com inclusão social e responsabilidade climática", afirmou sendo aplaudido.

A segunda já havia sido antecipada pela imprensa brasileira, que é a de sediar a edição de 2025 da COP, que será o evento de número 30.

"A segunda iniciativa é oferecer o Brasil para sediar a COP30, em 2025. Seremos cada vez mais afirmativos diante do desafio de enfrentar a mudança do clima, alinhados com os compromissos acordados em Paris e orientados pela busca da descarbonização da economia global. Enfatizo ainda que em 2024 o Brasil vai presidir o G20. Estejam certos de que a agenda climática será uma das nossas prioridades".

Nesse momento, Lula saiu do script e disse que sabe que "há muitas cidades" que querem sediar a COP30, mas que trabalhará "pessoalmente para que o evento seja sediado em um estado amazônico". Segundo o presidente eleito, a ideia é "mostrar para quem defende tanto a Amazônia" como ela é na realidade.

Reforma da ONU

Outro assunto abordado foi a reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas e da própria forma de tomada de decisões da ONU.

"A ONU precisa avançar. Não é possível que a ONU seja dirigida sob a mesma ótima de depois da Segunda Guerra Mundial. O mundo mudou, os países mudaram, e não há explicação para que os vencedores guerra sejam os únicos responsáveis pelas decisões. Precisamos ainda acabar com a questão do veto", acrescentou.

Entre as medidas cobradas, está a criação "com urgência" de "mecanismos financeiros para remediar perdas e danos causados em função da mudança do clima".

"Não podemos mais adiar esse debate. Precisamos lidar com a realidade de países que têm a própria integridade física de seus territórios ameaçada, e as condições de sobrevivência de seus habitantes seriamente comprometidas. É tempo de agir. Não temos tempo a perder. Não podemos mais conviver com essa corrida rumo ao abismo", pontuou ainda.

Citando a aprovação durante a COP15 de que, a partir de 2020, os países ricos dariam US$ 100 bilhões por ano aos mais pobres, Lula alertou que não se podem ficar "acumulando papéis nas gavetas" sobre os encontros e nada ser posto em prática. Lula voltou a cobrar que essas nações mais poderosas façam mais para evitar os problemas.

"Precisamos de uma governança global na questão climática. Temos que ter um fórum multilateral que decida sobre o que precisa ser aplicado. É com esse objetivo que estou aqui falando em nome do povo brasileiro. Esperem um Lula muito mais cobrador para que a gente possa fazer um mundo mais justo", pontuou ainda.

*Da Ansa

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva propôs, nesta quarta-feira (16), uma aliança global contra a fome. A proposta foi feita por Lula durante seu discurso na COP-27, no Egito. O líder petista aproveitou o momento também para cobrar os países ricos por compromissos firmados na COP 15, em 2009, como a destinação de recursos para combater as mudanças climáticas nos países subdesenvolvidos.

Ao tratar da fome mundial, Lula disse que "a luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo."

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"Este é um desafio que se impõe a nós brasileiros e aos demais países produtores de alimentos. Por isso estamos propondo uma aliança mundial pela segurança alimentar, pelo fim da fome e pela redução das desigualdades, com total responsabilidade climática", declarou.

Segundo o presidente eleito, as mudanças climáticas atingem a todos, mas são mais severas para os vulneráveis. E aproveitou para cobrar os países ricos. 

"Eu queria lembrar a vocês que em 2009 os países presentes na COP 15, em Copenhagen, se comprometeram em mobilizar 100 bilhões de dólares por ano a partir de 2020 - portanto, já passaram-se dois anos - para ajudar os países menos desenvolvidos a enfrentarem a mudança climática. Então, eu não sei quantos representantes de países ricos têm aqui, mas eu quero dizer que a minha volta também é para cobrar aquilo que foi prometido na COP 15. É triste, mas esse compromisso não foi nem está sendo cumprido", salientou Lula.

Após fazer a cobrança, a plateia ovacionou o discurso de Lula e iniciou um grito de guerra: "Ô o Brasil voltou". Com a reação, o líder político deixou claro: "Esperem um Lula muito mais cobrador para fazermos um mundo mais justo".

Assista o pronunciomento na íntegra:

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O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou na manhã desta quarta-feira (16) que os governadores da Amazônia Legal (Amazonas, Pará, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Maranhão e Tocantins) buscarão ter uma relação "profícua" com o governo federal, que passará a ser comandado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a partir de janeiro.

"É necessária nova cooperação entre Estados e governo federal", afirmou Barbalho, em evento realizado no estande do Consórcio Interestadual Amazônia Legal, na 27ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP-27).

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Na ocasião, os governadores da região, presentes no evento, entregaram a Lula o documento "Carta da Amazônia: uma agenda comum para a transição climática". "Os governadores (da Amazônia Legal) reafirmam seu compromisso com o desenvolvimento sustentável da Amazônia", disse.

Barbalho chamou a atenção para o fato de os Estados amazônicos terem alcançado, nos últimos quatro anos, um bom nível de relacionamento no exterior, e pediu a Lula que seja alcançado um acordo que facilite parcerias internacionais entre os entes federativos e outros países.

Por fim, Barbalho solicitou a Lula que atue para o País sediar uma COP. "Peço que o senhor peça que a Amazônia brasileira seja sede da COP-30 em 2025", afirmou.

"Pode estar certo que vou falar com o secretariado da COP pra fazer a COP no Brasil, na Amazônia", disse Lula, minutos depois, em resposta ao pedido de Barbalho.

Além do encontro anteriormente anunciado com o enviado norte-americano para o clima, John Kerry, no fim da tarde desta terça-feira, 15, o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), terá encontro presencial com o alto representante da China para Mudanças Climáticas, Xie Zhenhua.

As informações foram confirmadas pela assessoria de imprensa de Lula na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27), realizada em Sharm El-Sheikh, no Egito.

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Lula também conversará por telefone com o presidente do Egito, Abdel Farrah el-Sisi.

É possível criar uma associação de países que possuem florestas, para lutar por sua preservação e ter acesso aos vultosos recursos internacionais disponíveis para a finalidade? Uma primeira resposta a esta pergunta foi anunciada com estardalhaço na primeira semana da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP-27. A segunda é aguardada para esta semana.

A primeira resposta atende pela sigla FCLP, Forest and Climate Leaders Partnership. Trata-se de um consórcio de 25 países que congregam, juntos, 35% das florestas do planeta, liderados por Estados Unidos e Gana. Na COP-26, em Glasgow, líderes mundiais se comprometeram a zerar o desmatamento até 2030 e a FCLP é uma decorrência disso. "A FCLP é um passo importante, e é fundamental para manter vivo o objetivo de limitar a elevação de temperatura em 1,5 °C", disse Alok Sharma, presidente da COP-26, no lançamento da associação.

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Os 25 países da FCLP poderão acessar os fundos de US$ 12 bilhões que foram destinados à preservação de florestas ainda na COP-26. De lá para cá apareceu mais dinheiro na mesa. A Alemanha decidiu engordar o bolo com mais US$ 2 bilhões, e uma vaquinha entre grandes empresas mundiais arrecadou mais US$ 3,6 bilhões.

A FCLP, no entanto, conta com uma limitação. Nenhum dos três países com maior cobertura de floresta tropical - pela ordem, Brasil, República Democrática do Congo e Indonésia - faz parte da associação. Entre os três, apenas a Indonésia, até agora, mostrou algum interesse em aderir.

Há, assim, grande expectativa na COP em relação ao segundo anúncio, prometido para esta semana: uma federação reunindo justamente Brasil, República do Congo e Indonésia. A ideia era que a "Opep das florestas", como vem sendo apelidada no Egito, seja lançada simultaneamente na COP-27 e na conferência do G-20.

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, pretende fazer o anúncio no pavilhão brasileiro, no que seria um dos últimos atos do governo Jair Bolsonaro numa área onde o presidente brasileiro recebe várias críticas internacionais. Em sua gestão, o Brasil se tornou líder mundial de desmatamento. Os outros integrantes da "Opep das florestas", no entanto, não apresentam histórico muito melhor. O Congo é o segundo colocado no ranking funesto, enquanto a Indonésia chega em quarto lugar. A terceira colocada é a Bolívia.

Uma questão que surge é quem ficaria à frente da "Opep das florestas". O Brasil seria o candidato natural por ter em seu território 60% da maior mata tropical do mundo. "Isso não nos qualifica automaticamente à liderança", diz Natalie Unterstell, diretora do Instituto Talanoa. Há expectativa da comunidade internacional de que o governo Lula retome a prioridade da pauta ambiental. E como disse a ex-ministra Marina Silva, os países que quiserem liderar na área ambiental têm de fazê-lo pelo exemplo - e o Brasil tem uma longa lição de casa pela frente.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou o Twitter, nesta segunda-feira (14), para firmar um compromisso de combate às mudanças climáticas durante o seu governo. Lula escreveu sobre o assunto ao pontuar que estava embarcando para o Egito, onde acontece a 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-27). 

"Bom dia. Hoje viajo ao Egito para participar da COP 27. O combate às mudanças climáticas deve ser um compromisso do Estado brasileiro. Trabalharemos pelo futuro do nosso país e do planeta, que é um só e de todos", escreveu o futuro gestor nacional.

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Esta é a primeira agenda internacional de Lula como presidente eleito. Há uma expectativa para a presença do petista na Conferência, uma vez que o Brasil tem sido pauta constante na COP. Lá, ele vai encontrar com os governadores da Amazônia Legal, indígenas e deve se reunir com outras lideranças climáticas internacionais.

Seis empresas anunciaram, neste sábado (12), a criação de uma organização que se dedicará a atividades de restauração, conservação e preservação de florestas no Brasil. São elas: Itaú Unibanco, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale.

A iniciativa, chamada de Biomas, tem planos de recuperar 2 milhões de hectares de áreas degradadas a partir do plantio de 2 bilhões de árvores nativas. No futuro, a partir de 2025, a coligação pretende atingir um espaço protegido de 4 milhões de hectares em diferentes ecossistemas - que incluem Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado -, o que equivaleria à extensão do território do Estado do Rio.

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A aliança foi lançada na Cúpula do Clima das Nações Unidas, a COP-27, e prevê retirar da atmosfera aproximados 900 milhões de toneladas de carbono equivalente em duas décadas. O CO2 equivalente é uma forma de mensurar todos os gases estufa em uma mesma medida. Segundo estimativas do grupo, mais de 4 mil espécies de animais e plantas serão preservados.

Cada uma das empresas envolvidas investirá, inicialmente, R$ 20 milhões, que serão dedicados aos primeiros anos de atividade da nova organização, que quer também estimular o desenvolvimento regional e fortalecer comunidades locais. Um dos principais objetivos é promover um modelo de negócio sustentável também do ponto de vista financeiro, com base na comercialização de crédito de carbono.

Criados pelo Protocolo de Kyoto, em 1997, créditos de carbono se baseiam na não emissão de CO2. Ou seja, países, cidades ou organizações que absorvem mais do que emitem dióxido de carbono podem vender esse crédito para outros com maiores despejos do gás na atmosfera, que vão compensar esse excesso de emissões.

ESG

A Biomas deve ser parte dos esforços dos grandes grupos para mitigação das mudanças climáticas. "O investimento reforça nosso compromisso com a agenda ESG (sigla em inglês que significa sustentabilidade, social e governança)", diz Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco. "Temos como meta zerar nossas emissões de carbono, incluindo das nossas carteiras, até 2050", afirma.

Walter Schalka, presidente da Suzano, destaca que a ação é pioneira. "Reunimos a força dessas empresas em algo inédito no mundo para promovermos um movimento benéfico, com condições efetivas de gerar e compartilhar valor com comunidades locais e o meio ambiente."

Mapeamento

A etapa inicial da Biomas começará com a identificação de áreas para produção em escala de árvores nativas e engajamento de comunidades locais.

Juntamente com isso, serão propostas algumas parcerias com plataformas de certificação de crédito de carbono e a implementação dos projetos-piloto.

Após a primeira fase, deverá haver a expansão para um espaço de 4 milhões de hectares, prevista a partir de 2025. Para a operação ser concluída, serão necessárias aprovações regulatórias usuais para essa extensão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de emocionar a plateia na abertura da COP-26, na Escócia, a ativista indígena Txai Suruí desembarcou na COP-27, no Egito, na qualidade de produtora executiva de um filme candidato ao Oscar. O documentário Território narra a saga da tribo uruê-uá-uá contra os invasores de suas terras.

Para rastrear grileiros e mineradores ilegais, os uruê-uá-uá começaram a usar drones e aparelhos de geolocalização. Obtiveram fotos e mapas que apresentaram na Justiça como provas contra os criminosos. "O filme não mostra apenas a luta dos indígenas, mas também o fato de que as populações tradicionais são essenciais para deter a mudança climática", diz Txai.

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Território recebeu 24 prêmios internacionais, foi exibido em 130 países e já passou por várias peneiras do Oscar.

Txai agora deverá participar das sessões do filme para jurados da Academia, nos Estados Unidos e na Europa.

O documentário foi exibido no Brazil Climate Action Hub - o pavilhão da sociedade civil que, pelo terceiro ano consecutivo, reuniu os principais representantes brasileiros na COP, entre cientistas, empresários, ativistas e artistas.

No coquetel que acompanhou a sessão, Txai apareceu com um cocar de penas de araras, gaviões e papagaios, aves típicas da região onde vivem os suruí, nação vizinha aos uruê-uá-uá em Rondônia.

No mesmo dia, no Pavilhão da Juventude, a cinco minutos de caminhada do Brazil Hub, o DJ Eric Terena levantava a plateia com sua música eletrizante. Entre os que se rendiam ao ritmo irresistível, poucos sabiam que se tratava de uma trabalho exaustivo de pesquisa musical.

Eric já viajou por mais de 60 tribos brasileiras para gravar sons e entender o papel da música em cada nação indígena. "Não me limito a gravar, estudo a cultura de cada território", diz o DJ.

Tradição e tecnologia

A música de Eric combina tradição e tecnologia. Sua composição mais pedida nas pistas dos diversos países em que se apresentou, Djuena Tikuna, mistura percussão da região do rio Solimões, baixo elétrico e ritmos da terra do DJ, Mato Grosso do Sul. Eric se apresenta usando um cocar de arara canindé, típica de sua região.

O filme de Txai Suruí e a música de Eric Terena são expressões culturais da nova postura dos índios brasileiros, principalmente os da geração mais jovem. Ela inclui uma participação internacional mais forte e o uso intensivo de tecnologia. Vale para a área da cultura e para a política.

De acordo com Dinamam Tuxá, da Articulação dos Povos Indígenas no Brasil (Apib), a nova postura começou em 2019.

"As instituições que nos protegiam começaram a ser desmontadas, e deixamos de ter voz no Brasil", diz Dinamam, com seu cocar de penas de gavião - a tribo, os tuxá, é da Bahia, região do Rio São Francisco, onde há muitos pássaros dessa espécie. "Resolvemos então levar nossa mensagem ao exterior", diz.

A primeira viagem levou uma comitiva da Apib a vários países europeus. Eles visitaram o Parlamento Europeu, na Bélgica, e também países como Alemanha, França, Espanha e Holanda. Nessa viagem, queriam alertar políticos e empresários para o fato de que muitos produtos consumidos na Europa eram oriundos de desmatamento em florestas tropicais.

"Visitamos a Siemens, que faz turbinas para hidrelétricas que destroem nossas comunidades, e criadores de gado na Alemanha e na Áustria, alimentado com soja cultivada em área desmatada", diz Dinamam.

A União Europeia acabou de aprovar que pune empresas que usam insumos oriundos do desmatamento - o que Dinamam considera uma vitória da Apib.

Com agenda apertada na COP-27, a deputada federal eleita Marina Silva (Rede) transitou entre a Zona Vermelha, onde se desenrolam as discussões entre os chefes de Estado, e a Zona Azul, onde estão os pavilhões dos países. Participou de debates e palestras e se encontrou com líderes internacionais, como John Kerry, enviado dos EUA. Leia trechos da entrevista dela ao Estadão.

Lula virá à COP-27. Qual a sua expectativa?

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A expectativa é muito grande, de o Brasil assumir o protagonismo ambiental global. Não por acaso, o Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento a assumir metas de redução de CO2 em 2009. Foi responsável, de 2003 a 2008, por 80% das áreas protegidas criadas no mundo. É esse protagonismo que o mundo quer ver o Brasil exercer, liderando pelo exemplo. Lula, no discurso de vitória, disse que a questão climática, o desmatamento zero e demarcar terras dos povos indígenas são prioridades. Atingir um ciclo de prosperidade social conectado com os compromissos do Acordo de Paris é a orientação do seu governo.

Vai estar no governo Lula?

A decisão de quem será da equipe do governo é do presidente. Fico feliz de ter apresentado a ele talvez uma das plataformas mais robustas para o enfrentamento da destruição ambiental, reconhecida no mundo todo. Um grande fundo de investimentos já se dispôs a colocar dinheiro no Brasil. Estive ontem com John Kerry e com três diretores do Banco Mundial e há toda uma disposição de voltar a investir no Brasil, retomar o Fundo Amazônia, retomar as negociações do acordo do Mercosul com a União Europeia. As pessoas não querem apenas o discurso, elas querem a prática. Quando fui ministra do Meio Ambiente disse que a gente não ia se afastar do compromisso de liderar pelo exemplo.

É possível obter financiamento para a Amazônia?

O Brasil não está condicionando a proteção à Amazônia a recursos internacionais, como fez o governo anterior, que fez chantagem, disse que só protegeria a Amazônia se pagassem. Queremos cooperação e abertura para nossos produtos Não operamos no campo da chantagem.

Tem projeto específico para a área ambiental?

Há muitas ações e projetos que já foram aprovados, tudo depende da agenda e das prioridades do governo. Sonho muito que se faça essa destinação das áreas com floresta. Há também projetos que têm inclusive a ver com áreas de reforma tributária. Para criar uma nova economia, precisa de novos instrumentos econômicos, uma agenda que assegure continuidade nos novos processos. É difícil ser um empreendedor que faz todo o esforço para seguir a regra de uma forma correta - e depois tem de competir num ambiente de negócios com quem não teve custos por não ter responsabilidade social nem ambiental.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

E se a corrupção afetasse até mesmo o ar que você respira e a temperatura da sua cidade? Afeta. Estudo inédito da Transparência Internacional-Brasil mostra os efeitos dos desvios éticos e de função dos órgãos de Estado e empresas privadas nas mudanças climáticas. Batizado de Atlas de Clima e Corrupção, a pesquisa lançada nesta sexta-feira (11), durante a na Conferência do Clima da ONU, a COP-27, no Egito, aponta práticas de corrupção, exemplificadas em dez casos reais ocorridos nos últimos anos, no Brasil.

Fazem parte desse rol fraudes em projetos de crédito de carbono, em sistemas de controle de madeira, lavagem de dinheiro e de ativos ambientais, suborno, desvio de recursos em contratações emergenciais, influência indevida em políticas públicas, e favorecimentos em incentivos fiscais e desinformação.

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A definição de corrupção vai além do óbvio desvio de verbas ou pagamento de suborno para entes públicos. Entram nessa categoria o conluio, a obstrução e a coerção para obtenção de determinado fim. Para a Transparência Internacional, corrupção é "o abuso do poder confiado para a obtenção de ganhos privados". Esse ganho pode ser diretamente econômico ou não e está em linha, por exemplo, com a definição do Banco Mundial.

Se à primeira vista nem todos os casos parecem óbvios, as consequências são claras. De acordo com a pesquisa, a corrupção causa cinco grandes impactos no enfrentamento das mudanças climáticas: distorce a formulação de políticas e normas ambientais e climáticas; fragiliza mecanismos de financiamento climático e mercados de carbono; precariza os esforços de adaptação e a resposta aos eventos extremos; impede que a transição energética ocorra na velocidade necessária; e promove desmatamento, degradação florestal e violência contra defensores e defensoras ambientais.

EFEITO DIRETO

A lista é grande, mas ainda assim menor do que a dos exemplos de casos listados pela Transparência Internacional. "Fizemos uma análise da literatura, de outras pesquisas e buscamos casos que interferiram na luta contra as mudanças climáticas", diz Renato Morgado, Gerente de Projetos, da Transparência Internacional Brasil.

"Procuramos identificar casos recentes ou que tiveram repercussões recentes. São casos de corrupção em que já houve investigação do Ministério Público, da polícia e da imprensa investigativa. Não são acusações, são fatos a partir dos relatos de quem os viveu de perto", diz ele. Alguns são emblemáticos e outros menos conhecidos. Em comum o desvio de objetivo e danos causados ao meio ambiente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A ativista sueca Greta Thunberg, de 19 anos, tem afirmado que está cansada do "blá-blá-blá" das cúpulas do clima e já sinalizou que não deve participar da COP-27, que ocorre até a próxima semana em Sharm el-Sheik, no Egito. Mas nem o desânimo de Greta, os altos custos para ir ao evento e as restrições impostas pela ditadura do país africano afastaram os jovens ambientalistas brasileiros - e de muitas outras nacionalidades - da conferência.

Se existe algo que faz falta até agora na COP são os protestos na frente da Zona Azul, onde os países montam seus pavilhões, e também a tradicional marcha de ativistas jovens no centro da cidade. O governo egípcio confinou os protestos a uma região longe da área central, e também do complexo que hospeda o evento.

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MILITÂNCIA

Até ontem, não havia sinal de que isso iria mudar. A única manifestação permitida era a de militantes veganos, alguns deles com fantasias de animais, distribuindo comida saudável na frente da COP - comida muito bem-vinda, por sinal, pois dentro do espaço de eventos há poucos quiosques de alimentação, todos com filas enormes e preços abusivos.

O governo egípcio está evitando protestos, mas os jovens continuam marcando presença na COP.

Pela primeira vez, criou-se um pavilhão destinado a eles na Zona Azul. E é um dos espaços mais animados, sempre lotado, com gente de todos os cantos do Planeta e dos 12 aos 30 e poucos anos.

Alguns figurões já passaram por lá, como o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg. Há debates sobre todos os assuntos abordados na cúpula, mas sempre com enfoque destinado a um público jovem. Nas paredes coloridas, há papéis com mensagens de jovens do mundo todo sobre como combater a mudança climática.

DELEGAÇÕES

A intenção dos mobilizadores brasileiros neste ano foi levar o maior número que fosse possível de jovens participantes. A edição anterior da COP, na Escócia, foi uma das que mais levaram a nova geração para cobrar soluções urgentes para frear a catástrofe climática.

Neste ano, o Engajamundo, organização de liderança que visa a enfrentar problemas ambientais e sociais do País e do mundo, está representada por uma delegação de 19 membros, com ativistas da Amazônia, do Cerrado, da Mata Atlântica, da Caatinga e do Pampa.

DEBATE GLOBAL

Cada um deles quer trazer para o debate global questões e experiências ligadas ao próprio bioma onde vive. A presença no evento das Nações Unidas é um modo de reforçar o recado claro às lideranças mundiais: o tempo está se esgotando.

Sobre as acusações de Greta - de que as cúpulas climáticas têm muita conversa e pouca ação - os jovens do Engajamundo concordam, mas veem necessidade de mostrar presença.

"Todos os espaços de tomada de decisão são muito cheios de blá-blá-blá, mas não é por isso que a gente vai parar de ocupar eles", diz a cientista política Carolina Dias, de 22 anos, do Pampa gaúcho.

Um problema, reclama ela, é que a cada nova conferência aumenta a distância entre líderes e sociedade civil. "Os espaços onde é possível fazer ações de ativismo são muito restritos e inacessíveis", afirma. "Os negociadores estão lá na zona verde, que fica bem distante (da azul). Os negociadores acabam não vendo as manifestações da sociedade civil."

Também do Engajamundo, o sergipano Frances Andrade, de 26 anos, mestre em Ciências Florestais, destaca que Greta "abriu portas" para o ativismo jovem, mas avalia que é hora do Sul global ocupar esse espaço. "Quanto mais rostos, melhor", defende.

VOZ INDÍGENA

Para o indígena João Victor Pankararu, de 26 anos, o momento é de levar a voz deles aos quatro cantos do mundo, e não de retroceder. Ele, que esteve na Semana Climática de Nova York, está no Egito liderando um processo de formação de lideranças da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

"Estamos tentando deixar nossa mensagem para os líderes globais", diz o jovem indígena. "Quando a Greta diz que não vem, parece que nós jovens não queremos participar. Recai sobre todos os jovens, e não é verdade. Precisamos que outros escutem o que estamos falando."

Segundo ele, as regras mais rígidas no Egito não devem desanimar os participantes de ir para festas. O que muda, afirma, é a forma de protestar. "Eles têm regras mais rígidas, então estamos fazendo atos menores", afirma.

ATIVISMO DIFERENTE

Já para Pedro Tufic, do Impact Bank, talvez comece a surgir dissonância entre uma ativista branca e europeia com os jovens do Sul Global.

"Ela (a Greta) proporcionou o nascimento de um movimento que oxigenou o debate", diz. "Mas o Fridays for Future (movimento liderado pela sueca) não é só ela, tem capilaridade muito grande."

Tufic diz que não estará na COP neste ano por compromissos de trabalho, mas não vê nas dificuldades impostas pelo Egito um obstáculo intransponível. "Ano passado fomos em número recorde e acho que neste ano haverá ainda mais", afirma.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na abertura da Conferência das Partes sobre o Clima em Sharm El-Sheikh, no Egito, o presidente da edição anterior, o inglês Alok Sharma, passou o bastão para o egípcio Sameh Shoukry, que pilotará a COP-27. "Fizemos avanços enormes, o mundo antes do Acordo de Paris, em 2015, e da Rio-92 era muito diferente e pior que hoje", disse Sharma em discurso no domingo (6). "Queremos que esta seja a COP da implementação", afirmou Shoukry em sua vez de falar.

O diplomata egípcio, ex-ministro das Relações Exteriores em seu país, se referia ao fato de que a COP-26, em Glasgow, concluiu os últimos detalhes do Acordo de Paris - o "livro de regras".

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Definidas as diretrizes, é hora de intensificar os resultados práticos. A meta é conter o aumento da temperatura para 1,5 grau Celsius até 2100, em relação ao início da revolução industrial. Não se trata, no entanto, de um objetivo para o futuro, mas de algo que já se faz sentir no presente - e de maneira especialmente dramática nos países mais pobres.

As enchentes deste ano, que deixaram metade do Paquistão sob as águas, e a fome na Somália, ao sul de Sharm El-Sheikh, devido a secas recorrentes, são exemplos disso. O objetivo de longo prazo - salvar a vida no planeta - foi atropelado por uma questão urgente: evitar a morte e a destruição que a mudança climática já vem espalhando pelo mundo.

"De quantos alertas os líderes ainda precisam?", questionou Alok Sharma em seu discurso. "Há muito mais a ser feito nesta década crítica."

Recursos

As discussões prévias realizadas no final de semana colocaram o tema das "perdas e danos" no centro da conferência da Organização das Nações Unidas (ONU). Os maiores responsáveis pela mudança climática são os países do "Norte" global, que se industrializaram ao custo de emissões ilimitadas de gases.

Quem sofre as maiores consequências, no entanto, são os países do "Sul", como Somália ou Paquistão, que reivindicam algum tipo de reparação financeira. A isso os ambientalistas chamam "perdas e danos". Estados Unidos e Europa consideram justa uma transferência de recursos do "Norte" para o "Sul", mas não gostam da ideia de reparação histórica.

Há um outro complicador na discussão sobre "perdas e danos". A Guerra da Ucrânia colocou a Europa em crise energética e alimentar. A inflação chegou com força e os orçamentos se estreitaram, deixando menos dinheiro para subsídios. A transição para a energia limpa, nos termos previstos pelo "European Green Deal", também ficou prejudicada. O consumo de combustíveis fósseis disparou, multiplicando os lucros das empresas petrolíferas, e voltou-se a usar energia oriunda da queima de carvão, para diminuir a dependência do gás russo.

A situação compromete ganhos recentes, expostos pelo ensaísta americano David Wallace-Wells em artigo publicado na semana passada no jornal The New York Times. Há cinco anos, um levantamento de Wells mostrou que o mundo caminhava para um aumento de 5 graus Celsius até 2100, o que praticamente inviabilizaria a vida no planeta. De lá para cá, no entanto, as coisas melhoraram, e a perspectiva de aumento caiu para entre 2 e 3 graus Celsius.

Ele mapeia as razões e acha que dá para manter o objetivo de 1,5 grau. O uso de energia à base de carvão começou a diminuir consistentemente. Os preços das energias renováveis caíram - 85% a solar, 55% a eólica - tornando-as alternativas viáveis aos combustíveis fósseis. Por último, começa-se a sentir de forma mais efetiva a atuação de governos e empresas. Wells cita o subsídio do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, às energias renováveis.

Brasil

Uma conferência do clima não se limita às discussões na Zona Vermelha, onde se reunirão os chefes de Estado, como Biden e o presidente da Franca, Emmanuel Macron, e os primeiros-ministros de Alemanha e Reino Unido, Olaf Sholz e Rishi Sunak.

A interação deles com líderes de países emergentes deverá dar o tom da discussão sobre o tema. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, também irá a Sharm El-Sheikh.

Os cientistas, ativistas, empresários e ambientalistas credenciados ficam em outro lugar, a Zona Azul, onde são montados os pavilhões dos países. O Brasil sempre trouxe às COPs comitivas gigantes. Neste ano, são esperados 800 brasileiros, que participarão de três pavilhões. O da sociedade civil, "Brazilian Action Hub", o do governo federal e o dos Estados da Amazônia Legal.

O Brasil é o único país a ter três pavilhões na Zona Azul, e a Amazônia Legal é um dos poucos entes subnacionais representados.

Para além da transição energética, um outro vetor de combate à mudança climática é a preservação das florestas.

Na COP-27 serão discutidos projetos para as regiões da Indonésia, do Rio Congo, e da Floresta Amazônica, a maior mata tropical do planeta. Numa era de crise econômica, preservar florestas é uma oportunidade de melhorar a pegada de carbono, com ganhos sociais e humanos.

O Brasil pode desempenhar um papel importante nessa área - e se tornar protagonista na COP-27 e no debate internacional sobre a economia do futuro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vai participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022 (COP-27), que acontecerá entre os dias 6 e 18 de novembro em Sharm El Sheikh, no Egito. A informação foi confirmada pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

O petista foi convidado a integrar a comitiva do governador do Pará, Helder Barbalho, em nome do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal, e aproveitará o evento para reforçar ao mundo seu compromisso com a agenda ambiental. Gleisi não confirmou as datas da viagem, mas disse que a ida já está decidida. Lula pode se encontrar com líderes mundiais na reunião, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por exemplo. Não está prevista a ida de Bolsonaro para a COP-27, até o momento. É esperado que o pavilhão oficial do governo brasileiro fique esvaziado. Em frente a ele, o espaço reservado ao Brazil Climate Action Hub, da sociedade civil, deve atrair as atenções.

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"A equipe diplomática do presidente vai orientá-lo da melhor maneira", afirmou anteontem Helder Barbalho, quando indicou o interesse de Lula em participar e a ideia é de que isso ocorra entre 14 e 18 de novembro - ou seja, na reta final da COP. "É uma oportunidade de fortalecer o papel do Brasil na discussão sobre o meio ambiente", disse o governador.

Diálogo

O presidente eleito tem dito que quer "recolocar o Brasil" no palco internacional, com a retomada de diálogo com países que se mantiveram distantes do governo Jair Bolsonaro. A questão ambiental tem sido colocada por Lula como uma pauta central no diálogo com outros países. A preocupação climática está no centro das prioridades da agenda internacional de Biden, o que causou atritos com Bolsonaro.

O atual presidente foi pressionado pela comunidade internacional, incluindo europeus e americanos, pela alta nas queimadas na região da Amazônia durante seu governo. Lula recebeu a ligação de cerca de 20 líderes internacionais na segunda-feira, 31, entre eles Biden, que parabenizaram o petista pela vitória. "Ele (o presidente americano) falou do clima. Ele fala uma coisa interessante, que ele sempre sonhou com uma parceria dos Estados Unidos com o Brasil", afirmou o ex-chanceler Celso Amorim.

Marina e Simone

Aliada de Lula, a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) também vai à COP-27, como ambientalista. Ela afirmou durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que a sua ida ao fórum internacional já estava prevista antes da vitória do petista. Marina, que condicionou seu apoio a Lula à incorporação de pautas no programa de governo do presidente eleito, é uma das cotadas para assumir um ministério.

À Agência Reuters, ela disse que o presidente eleito "definitivamente enviaria ampla representação" à COP, mesmo que não seja uma delegação oficial. Entre os cogitados para a visita estão membros do núcleo da campanha, como Simone Tebet (MDB) e o deputado Nilto Tatto (PT).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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