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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se reuniu nesta segunda-feira, 18, com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, e declarou haver um "alinhamento importante" entre as instituições para garantir que as eleições deste ano ocorram dentro da normalidade. As afirmações, porém, vão na contramão dos movimentos do presidente Jair Bolsonaro (PL), que atacou um acordo institucional firmado pela Justiça Eleitoral, com o objetivo de coibir as notícias falsas durante a disputa.

"Há um alinhamento importante entre o Senado e a Justiça Eleitoral. Quero reconhecer o bom trabalho desenvolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral e o nosso compromisso, como Senado Federal, de dar todos os instrumentos legislativos para que isso (a eleição) aconteça dentro da normalidade", disse Pacheco.

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No último fim de semana, Bolsonaro chamou de "inaceitável" e "inadmissível" o acordo celebrado entre o TSE e os representantes do aplicativo WhatsApp para adiar o lançamento de uma nova ferramenta no País, que permitiria a criação de grupos com milhares de pessoas. O presidente atacou a iniciativa da Justiça Eleitoral e prometeu aos seus apoiadores, durante motociata em São Paulo, que o pacto não será cumprido.

O encontro de Pacheco com Fachin logo após os ataques de Bolsonaro à Corte foi registrado na agenda oficial do TSE como uma visita de cortesia. Ao comentar sobre a reunião, o senador disse que as instituições têm o "objetivo comum que é dar toda transparência, lisura e clareza ao processo eleitoral deste ano"

"As eleições são de fato um dos assuntos mais importantes da vida nacional e é importante que elas aconteçam dentro da normalidade. A expressão mais pura da vontade popular se dá através do voto e o Brasil tem instrumentos para garantir que esse voto seja livre e possa transcorrer as eleições dentro da normalidade. Há mecanismos para isso hoje", afirmou o presidente do Senado.

Além do WhatsApp, o TSE já assinou acordos antidesinfomação com as principais redes sociais em operação no País, dentre elas Twitter, TikTok, Facebook, Google, Instagram, YouTube, Kwai e LinkedIn. Depois de uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que suspendeu a operação do Telegram em território nacional, os representantes da plataforma de troca de mensagens aderiram ao Programa de Enfrentamento à Desinformação e deve se reunir com o presidente da Corte Eleitoral para discutir os termos da parceria. O aplicativo é amplamente utilizado por apoiadores de Bolsonaro.

Ao tomar posse como presidente do TSE, Fachin garantiu que seu objetivo nos próximos meses será "desenvolver ações para coibir e também neutralizar a disseminação de notícias falsas nas redes sociais durante as eleições deste ano".

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), e disse que, se depender do magistrado, Luiz Inácio Lula da Silva voltará a ser presidente da República.

"Fachin tirou Lula da cadeia, tornou elegível e está presidindo o TSE. Se depender do Fachin, do voto do Fachin, ele será presidente da República", afirmou Bolsonaro em entrevista ao Podcast Irmãos Dias. O chefe do Executivo ainda declarou que a anulação dos processos o ex-presidente Lula por erros de foro, "não tem cabimento".

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Bolsonaro também disse na entrevista que Lula já "loteou todo o poder" para um eventual novo governo. "Ministérios, bancos, estatais, e agora por último teria loteado as duas vagas no STF". Em 2023, o presidente da República terá o direito de indicar dois novos ministros para a Suprema Corte, com a aposentadoria de Rosa Weber e Ricardo Lewandowski.

Por unanimidade, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acolheu parcialmente parecer do Ministério Público Eleitoral e desaprovou as contas do diretório nacional do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) relativas ao exercício financeiro de 2016.

Os ministros consideraram que a agremiação cometeu irregularidades graves ao não repassar recursos a diretórios estaduais e desrespeitar a cota mínima de 5% do Fundo Partidário para ações de incentivo à participação feminina na política, entre outras.

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Ao todo, 43,44% do montante recebido pela legenda naquele ano foram considerados irregulares, o que levou o colegiado a impor as seguintes sanções: obrigação de ressarcimento ao erário no valor de R$ 1,39 milhão; aplicação de multa de 10% do valor total das irregularidades, correspondente a R$ 139,5 mil; e transferência para conta específica voltada à concretização de programas de incentivo à participação política da mulher no montante de R$ 85,2 mil.

Segundo o relator do processo, ministro Edson Fachin, a ausência de repasse de recurso aos demais diretórios partidários é irregularidade grave e consiste no descumprimento dos artigos 17, inciso 1º, da Constituição Federal, e 44, inciso 1º, da Lei dos Partidos Políticos. Além disso, as condutas do PSTU representaram impedimentos ao exercício da função de fiscalização das contas pela Justiça Eleitoral.

No parecer encaminhado ao TSE, o MP Eleitoral destacou que o uso irregular de recursos do Fundo Partidário acarreta ressarcimento ao erário dada a sua natureza de recurso público, o que deverá ser feito com recursos próprios do partido.

O LeiaJá entrou em contato com o PSTU para ouvir o partido sobre a desaprovação das contas, mas não obteve retorno até a publicação da matéria. O espaço segue aberto.

Com informações da assessoria do MPF

A movimentação das pré-campanhas para arrecadar recursos a seus candidatos entrará na mira do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como mostrou o Estadão, empresários ligados ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e ao presidente do PL, Valdemar Costa Netto, pediram doações a representantes do agronegócio para bancar a campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). No comando do TSE, Edson Fachin afirmou que o atual estágio da corrida eleitoral impõe restrições ainda maiores à busca por financiamento e garantiu consequências a quem atuar fora das regras eleitorais.

"Neste momento em que se vive pré-campanha, os limites legais de comportamento são bem mais elevados. Há um conjunto de vedações, não apenas aquelas aplicadas ao período da campanha, mas um conjunto expressivo de vedações", afirmou em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira (8). "Em havendo notícia, na forma devida e com representação devida para a Justiça Eleitoral, certamente que isso será apurado e todo o tipo de financiamento que derivar de fonte ilícita sofrerá as consequência que a legislação eleitoral prevê", completou.

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A Lei das Eleições proíbe, desde 2016, doações de empresas a campanhas e pré-campanhas. Somente pessoas físicas podem colaborar com os candidatos. O regramento eleitoral também determina que as contribuições só poderão ser feitas diretamente aos postulantes a mandato político após a apresentação de requerimento de registro de candidatura junto ao TSE, abertura de conta bancária e inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), o que só será possível a partir de julho, quando serão definidos os concorrentes nas convenções partidárias, que vão até agosto.

Outra forma de angariar recursos de forma lícita é pela arrecadação coletiva por sites de vaquinha online, que recebem doações individuais. Esse método passou a ser permitido com a reforma eleitoral de 2017 e garante que os valores sejam coletados virtualmente a partir de maio. Os candidatos só recebem os recursos se a candidatura for confirmada. Como mostrou o Estadão, a movimentação precoce de empresários em busca de dinheiro para a reeleição de Bolsonaro deixou representantes do agronegócios desconfortáveis, sobretudo por envolver Costa Neto e Flávio.

Marcelo Weick, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), explica que nesta fase de pré-campanha a única movimentação permitida para a captação de recurso é por meio dos partidos políticos, mediante prestação de contas na Justiça Eleitoral. "Na regra, se eles (Flávio e Valdemar) estão querendo turbinar a pré-campanha, haveria de ter as doações para o PL, o partido faria o custeio dessa movimentação prévia e depois, quando houvesse o período de campanha eleitoral, com registro de candidatura, aí sim poderia haver doação de pessoa física diretamente para a campanha do presidente", afirmou.

Weick, que também é membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), destaca que a movimentação de empresários, como pessoas físicas, na tentativa de arrecadar recursos ao partido não pode ser considerada crime eleitoral. Ele explica, porém, que "se houver uma movimentação para pessoas jurídicas ocultamente gastarem dinheiro em pré-campanha para impulsionar, eventualmente, blogs ou perfis de internet, isso pode ser caracterizado como caixa dois e abuso de poder econômico".

A presidente da Abrabep, Marina Morais, aponta a aproximação do período de declaração do Imposto de Renda à Receita Federal como um elemento impulsionador das buscas por doadores. A legislação eleitoral só permite doações de no máximo 10% do rendimento bruto dos apoiadores no ano anterior, o que será possível identificar durante na contabilidade do imposto. "A partir de agora que as pessoas vão realmente pensar sobre o quanto elas têm de receita declarada no ano passado, quanto podem doar, então me parece fazer sentido que os doadores começarem a se organizar como pessoas físicas para doarem para a campanha", disse.

O ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse que considera haver uma "misoginia estrutural" que favorece a manutenção do modelo patriarcal na política eleitoral brasileira, a despeito dos esforços do órgão pelo contrário. Em entrevista ao programa Roda Viva nessa segunda-feira (7), o ministro afirmou que, apesar da definição de cotas de participação e dos estímulos ao financiamento das campanhas, a representação feminina ainda enfrenta dificuldades para avançar no País.

"Mesmo quando se destinam cotas de participação para que candidaturas femininas se apresentem, mesmo quando se impõe participação no fundo (eleitoral) para que a campanha seja financiada, a condição feminina acaba, a rigor, sendo manipulada perversamente para servir de instrumento à manutenção desse modelo patriarcal, hierarquizado e masculinizado que há na sociedade brasileira", afirmou o ministro.

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Nos últimos anos, iniciativas da Corte eleitoral e do Congresso têm caminhado na direção do estímulo à participação feminina. A legislação eleitoral prevê que os partidos têm de reservar 30% de suas vagas em eleições para mulheres. Uma proposta aprovada pelo Congresso em setembro do ano passado prevê um "bônus" financeiro para as legendas que mais conseguirem votos em candidatos negros e mulheres, o que, na prática, leva as siglas a destinarem mais recursos ao impulsionamento das campanhas femininas.

Eleições seguras

Na mesma entrevista, Fachin também disse ter confiança na lisura das Forças Armadas brasileiras, que, segundo ele, não coadunariam com uma tentativa de golpe no País. De acordo com o ministro, o Exército cumpre bem o papel de se pautar pela Constituição.

"As Forças Armadas não integram conjuntura política, não exercem poder moderador e não tutelam a democracia. São instituições nacionais e permanentes. Historicamente, são parceiras da Justiça Eleitoral nos rincões mais remotos do Brasil", afirmou.

O presidente do TSE relembrou a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, e disse que aquele episódio serve de lição para o que não deve ocorrer no Brasil. Para tanto, segundo ele, é fundamental que os candidatos respeitem as regras do jogo eleitoral. "Quem se inscreve para uma candidatura está se colocando à disposição do resultado legítimo que emergir das urnas", disse.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, não descartou a possibilidade de banimento do Telegram do Brasil. O ministro voltou a defender a regulação da plataforma, pregou o diálogo entre a Corte e o serviço, mas cobrou responsabilidade do aplicativo de mensagens no combate às fake news nas eleições.

"Meios de comunicação que transmitem mensagens não podem operar no Brasil como se fôssemos um mundo sem lei (...) O Tribunal Superior Eleitoral não vai cruzar os braços. Ao fazê-lo, dará as respostas devidas de acordo com os desdobramentos que tivermos", afirmou Fachin nessa segunda-feira (7), em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura.

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O também ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) preferiu não fazer especulações sobre o futuro do Telegram no País, mas citou a experiência da Alemanha, que, segundo ele, endureceu as políticas contra a plataforma no combate à desinformação. "(A Alemanha) Obteve resultados com a exclusão de canais, de traficantes de informação. É isso o que queremos. Não queremos parar tráfego algum. Agora, o futuro dirá o que será necessário", comparou.

O TSE tenta desde 2021 contato com a plataforma para ter respostas sobre o combate às fake news ou uso indevido do Telegram no ano eleitoral. No entanto, não recebeu respostas. Assim, sem a constatação de representação no Brasil, o aplicativo não teria como ser acionado em caso de irregularidades.

Fachin ainda comparou medidas contra o Telegram a barreiras policiais nas estradas para coibir crimes. "Tomemos uma estrada bastante movimentada, como a Régis Bittencourt. Existem muitos motoristas que transportam bens, coisas, de maneira completamente legítima. Mas também há veículos que podem estar trafegando armas, drogas e pessoas. O primeiro passo a dar? Dialogar, implementar as devidas regras para fiscalizar e monitorar. Se isso não surtir efeito e for intensificada as ilicitudes, nós mesmos quando dirigimos, às vezes, paramos na estrada porque há barreiras policiais, tendo em visto que uma ilicitude foi aplicada."

O ministro também negou que tivesse falado em ação de hackers russos contra as urnas eletrônicas brasileiras ao dizer, em entrevista ao Estadão/Broadcast, que a Justiça Eleitoral poderia estar sob ataques cibernéticos.

"A urna eletrônica não se conecta à rede mundial de computadores. Em relação à segurança das urnas, não temos risco e nem receio. Nada obstante, o TSE, como toda e qualquer instituição pública e privada, tem seus bancos de dados. Do ponto de vista da segurança, somos um carro blindado. Isso não significa que um carro blindado não possa sofrer ataques. Estamos atentos aos eventuais riscos e vamos mapeando esses riscos."

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, descartou que tentativas de ataques estrangeiros ao sistema eleitoral do País possam afetar as urnas eletrônicas. Em entrevista ao Estadão, Fachin havia declarado que a Justiça Eleitoral já poderia estar ameaçada por agressões de agentes internacionais e países, como a Rússia e a Macedônia do Norte. Nesta quarta, 23, em sua primeira coletiva de imprensa no comando da Corte, o ministro-presidente explicou que as investidas estariam focadas nos dados e informações da instituição.

Perguntado sobre as provas das ameaças, Fachin disse que o TSE faz o monitoramento dos riscos aos quais está exposto e que esse material é tratado em sigilo. O presidente citou, no entanto, informações de domínio público sobre as tentativas da Rússia de interferir em eleições ao redor do mundo, como apontou um relatório do Senado dos Estados Unidos. Ele também mencionou notícias publicadas em veículos internacionais que indicam ataques russos em regiões de interesse.

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"Nada disso tem a ver com a questão específica das urnas eletrônicas, que não estão na rede mundial de computadores, e, portanto, quando estamos a falar de ataques ou ameaças, dizemos de algo que acontece hoje com organizações e instituições do mundo inteiro", afirmou. "Reitero que nós sofremos, sim, riscos de ataques", garantiu.

"Obviamente temos um desenho que nos dá um diagrama da origem desses ataques, cujos dados e informações têm graus de segurança, que nos permitem apenas dizer que nos países em que há um baixíssimo controle dos sistemas que lá se hospedam - e que dão abrigo a esse tipo de atividade criminosas - é de lá que a maior parte dos ataques partem", disse. "O TSE corresponde a um carro blindado, os passageiros do carro estão seguros, mas isso não quer dizer que o carro não possa ser vítima de algum tiroteio", finalizou.

Diante das ameaças vindas da Rússia, Fachin afirmou que o TSE pode vir a atuar em relação ao Telegram - aplicativo de mensagens russo sem representação no País -, caso seja provocado a se manifestar. O presidente ponderou, contudo, que cabe ao Congresso regular este tema por meio do Projeto de Lei (PL) das Fake News, somente sendo necessária a participação do Poder Judiciário nas discussões sobre o bloqueio da plataforma em caso de omissão do Legislativo.

Fachin considerou oportuna a possibilidade de aprovação do texto, que tramita desde a semana passada em caráter de urgência, neste momento de discussões acirradas sobre o funcionamento do Telegram durante as eleições. Na terça-feira, 22, o Ministério Público Federal (MPF) enviou um ofício ao Google e à Apple com perguntas sobre a política das empresas para proibir a disponibilização de aplicativos que ferem interesses coletivos e desobedecem decisões judiciais de autoridades locais.

A Procuradoria Regional do MPF, em São Paulo, conduz um inquérito civil público contra a disseminação de desinformação nas redes sociais. O principal alvo dos investigadores é o Telegram por sua capacidade de espalhar rapidamente, e sem moderação, conteúdos criminosos e atentatórios às instituições nas áreas de saúde pública, meio ambiente e preservação da democracia.

"Um estado democrático, para garantir a democracia, pode - se me permite o pleonasmo -, democraticamente impor limites. Nenhum mecanismo de comunicação está imune ao Estado de Direito democrático. Esta transterritorialização, em relação a países de governos despóticos e ditatoriais tem outro contexto e outra dimensão sem mecanismos de controle que afetam o conteúdo da própria liberdade e da comunicação", disse Fachin.

Em seu primeiro discurso no comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin mandou duros recados às milícias digitais e personalidades antidemocráticas do País, avisando que sua gestão será "implacável na defesa da história da Justiça Eleitoral". Sem citar o presidente Jair Bolsonaro (PL), que não compareceu à cerimônia de posse nessa segunda-feira (22), mesmo após ser convidado pessoalmente pela nova presidência, o ministro disse que a instituição "não se renderá" a ataques contra o processo eleitoral.

O novo presidente fez um movimento simultâneo de convite ao diálogo a todos os atores envolvidos nas eleições deste ano e alerta a essas mesmas autoridades, com sinalizações de que os integrantes do seu mandato serão firmes na defesa da democracia. "Parece-nos igualmente urgente e imprescindível cessar o esgarçamento dos laços sociais. Uma sociedade quista em comunhão não pode - simplesmente não pode! - flertar com o rompimento", afirmou.

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"Como sabem, vivemos em um mundo novo, em que o espaço das redes digitais precisa ser defendido dos contra-ataques de criminosos que tentam vilipendiar as instituições", disse. "A democracia é, e sempre foi, inegociável", disse.

Além de anunciar o tom "linha dura" que a sua breve gestão deve adotar, Fachin destacou a importância de as autoridades relevantes do processo eleitoral se unirem ao TSE e à sociedade civil no "comprometimento integral" de garantir a "estabilidade democrática". O ministro-presidente anunciou que uma de suas primeiras medidas à frente do cargo, já no mês de março, será a realização de reuniões com os dirigentes de todos partidos, com o objetivo de firmar cooperação institucional, sobretudo na área de combate às notícias falsas.

"A tolerância, a disposição para o diálogo e o compromisso inarredável com a verdade dos fatos afloram no povo quando, primeiramente, constituem faróis para o labor diário das autoridades de todas as esferas. Aos líderes e às instituições, portanto, toca repelir a cegueira moral e incentivar a elevação do espírito cívico e as condutas de boa-fé que abrem portas ao necessário comportamento respeitoso e dialógico", disse. "Paz e segurança nas eleições em 2022, eis o que almejamos", repetiu o slogan da gestão.

Objetivos da gestão

Como mostrou o Estadão, a gestão de Fachin, que deve ter duração de apenas seis meses, tende a representar entraves aos interesses eleitorais de Bolsonaro. Em resposta antecipada, o chefe do Executivo iniciou ataques diretos ao ministro. Apesar de ter se tornado alvo do discurso presidencial e das redes bolsonaristas, o presidente do TSE garantiu que seus objetivos no cargo envolvem o foco no diálogo com as instituições e a formação de alianças estratégicas com entidades "genuinamente interessadas" na manutenção da democracia. Outro pilar da sua atuação será coibir "as formas de expressão violenta da política".

Fachin anunciou a criação do "Programa de Fortalecimento Institucional da Justiça Eleitoral", com o objetivo de robustecer a capacidade de resposta do TSE aos ataques recebidos. A Comissão de Transparência Eleitoral e o Observatório de Transparência, criados durante a gestão de Luís Roberto Barroso, terão suas atividades ampliadas e fortalecidas.

Em sinal de comprometimento com o que declarou em entrevista ao Estadão, quando afirmou que a questão cibernética seria uma prioridade, o presidente prometeu apoio ao à Secretaria de Tecnologia da Informação do Tribunal.

"A Justiça Eleitoral é, para todos os efeitos, ao lado das instituições constitucionais, incansável fiadora da democracia e limite às alternativas opressoras do passado. Dentro desse contexto, as investidas maliciosas contra as eleições constituem, em si, ataques indiretos à própria democracia, tendo em consideração que o circuito desinformativo impulsiona o extremismo", disse.

Além de listar os seus objetivos no cargo, Fachin indicou os principais desafios já identificados pelo TSE. Segundo ele, será necessário "proteger e prestigiar a verdade sobre a integridade das eleições", garantir o respeito ao "escore das urnas" e combater a "perniciosa desconstrução do legado da Justiça Eleitoral" - eixos sob ataque das milícias digitais que promovem desinformação contra o tribunal nas redes sociais.

"É urgente e imprescindível: a união de atores comprometidos com o sistema democrático, a fim de preservar, mediante suas vozes, o protagonismo da verdade no sistema informativo", disse. "Impende preservar a união e a concórdia, recusando, a todo o custo e por todos os meios legítimos, as armadilhas da pirataria informativa", completou. cumpre-nos, assim, preservar o patamar civilizatório a que acedemos e evitar desgastes institucionais", declarou em outro momento,

Embora Bolsonaro tenha se ausentado da cerimônia, o Palácio do Planalto se fez presente na posse de Fachin com o vice-presidente Hamilton Mourão. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Betto Simonetti, também compareceram ao evento, assim como o procurador-geral da República, Augusto Aras.

O ministro Edson Fachin assume a cadeira de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na noite desta terça-feira (22), em uma cerimônia virtual marcada para as 19h. O ministro, integrante da Corte na classe dos membros do Supremo Tribunal Federal (STF), será empossado para cumprir um mandato curto - serão menos de seis meses -, mas simbólico pelo momento de preparação das eleições e ataques à legitimidade do processo eleitoral. O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi convidado pessoalmente por Fachin e Alexandre de Moraes, mas recusou ir à posse. Moraes assume hoje como vice-presidente do TSE.

Fachin chega ao tribunal em meio a atritos com o presidente Bolsonaro, que tem reeditado críticas ao sistema de votação. Em "live" neste mês, o chefe do Executivo disse, sem apresentar provas, que as Forças Armadas haviam encontrado "dezenas de vulnerabilidades" nas urnas eletrônicas. Na verdade, o Exército Brasileiro enviou à Corte uma série de questionamentos descritos pelo ministro Luís Roberto Barroso, que agora deixa a presidência e encerra seu mandato junto ao TSE, como técnicas e desprovidas de juízo de valor.

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Durante o ano passado, a lisura do processo eleitoral foi questionada em diversas ocasiões pelo presidente Bolsonaro, o que fez crescer a tensão em torno do próximo pleito. Como mostrou o Estadão, o ministro Walter Braga Netto, da Defesa, chegou a condicionar a realização das eleições à adoção do voto impresso, bandeira empunhada pelo presidente da República.

Outro destaque do TSE no ano em que Fachin assume a presidência é o acordo selado entre a Corte e plataformas digitais para conter a desinformação no processo eleitoral. WhatsApp, Facebook, Tiktok e outras cinco empresas concordaram em colaborar com o tribunal para dificultar que as fake news exerçam influência no resultado das urnas.

Nesse quesito, Fachin terá de dar prosseguimento à polêmica envolvendo o Telegram, plataforma de mensagens russa que não enviou representante ao Brasil para negociar com o tribunal. O presidente anterior da Corte, Barroso, já disse não gostar da ideia de banir um aplicativo do País, mas ameaçou suspensão se a empresa continuar não colaborando com a segurança das eleições.

Em entrevista recente ao Estadão, Fachin comentou o papel que a internet ganhou no processo eleitoral brasileiro e manifestou preocupação com ataques hackers aos sistemas do TSE, sobretudo vindos da Rússia. "A preocupação com o ciberespaço se avolumou imensamente nos últimos meses, e eu posso dizer a vocês que a Justiça Eleitoral já pode estar sob ataque de hackers, não apenas de atividades de criminosos, mas também de países, tal como a Rússia, que não têm legislação adequada de controle", afirmou.

A Rússia, inclusive, tornou-se um dos temas de embate entre o ministro e o presidente Bolsonaro, que fez visita oficial ao país na semana passada. O mandatário disse em entrevista à rádio Jovem Pan que as declarações do ministro sobre o país de Vladimir Putin são "lamentáveis" e "constrangedoras". Para o chefe do Executivo, Fachin trata a Rússia como se fosse uma "terrorista digital".

Fachin também virou alvo de Bolsonaro após suspender uma lei de Rondônia que proibia a chamada "linguagem neutra" no Estado. "O que ele tem na cabeça?", indagou o presidente. Em outra ocasião, após dar voto contrário à tese do marco temporal, o ministro foi chamado de "leninista e trotskista" pelo chefe do Executivo.

Em entrevista recente, novamente à Jovem Pan, Bolsonaro se queixou de "três ministros" - Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes - que, segundo ele, estariam trabalhando para torná-lo inelegível. "Me parece que eles têm um interesse, né? Primeiro, buscar uma maneira de me tornar inelegível, na base da canetada. A outra, é eleger o seu candidato", disse o presidente.

Ao deixar a Corte, em agosto, Fachin será substituído pelo ministro Alexandre de Moraes, que poderá permanecer no cargo até 2024. Um dos principais adversários de Bolsonaro, tendo sido chamado até de "canalha" por ele, Moraes comandará a Justiça Eleitoral durante as eleições em que o chefe do Planalto tentará a renovação de seu mandato.

Prestes a assumir a Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin citou a Rússia ao comentar sobre a ameaça virtual às eleições deste ano e disse que o Brasil já pode estar sob ataque hacker. O presidente Jair Bolsonaro (PL) cumpre agenda no país euroasiático.

Em entrevista ao Estadão, Fachin confirmou que monitora a intervenção de hackers no processo eleitoral de alguns países, como a Macedônia do Norte.

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"Em relação aos hackers que advêm da Rússia, os dados que nós temos dizem respeito a um conjunto de informações que estão disponíveis em vários relatórios internacionais e muitos deles publicados na imprensa. Há relatórios públicos e relatórios de empresas privadas, que a Microsoft fez publicar perto do fim do ano passado, que (mostram que) 58% dos ciberataques têm origem na Rússia", apontou.

O ministro alertou que o Brasil não possui legislação para controlar esse tipo de perigo e que 2022 será o maior teste para as instituições democráticas. "Nós queremos nessa articulação internacional tornar as eleições do Brasil uma espécie de case mundial sobre a democracia", definiu.

Na sua opinião, apesar de Bolsonaro pregar a desconfiança no processo eletrônico, caso seja derrotado nas urnas, ele não deve estimular uma rebelião como ocorreu nos Estados Unidos com a invasão ao Capitólio. 

"Eu não creio que irá acontecer. Tenho esperança de que não aconteça e vou trabalhar para que não aconteça. Mas, numa circunstância como essa, nós teremos, certamente, o maior teste das instituições democráticas do Brasil. Um grande teste para o Parlamento, que, na democracia representativa, representa a sociedade. Um grande teste para as Forças Armadas, que são forças permanentes, institucionais, do Estado, e que estou seguro que permanecerão fiéis à sua missão constitucional e não se atrelarão a interesses conjunturais. Também será um teste para a Justiça Eleitoral, que é uma instituição permanente do Estado. A nós caberá organizar, realizar as eleições, declarar os eleitos, diplomar e, em seguida, haverá posse para que cada um governe. É para efetivamente isso que vamos trabalhar", resumiu.

O TSE fechou acordo com Twitter, TikTok, Facebook, WhatsApp, Google, Instagram, YouTube e Kwai para combater o compartilhamento de fake news durante as eleições. Do outro lado, o Telegram ignora o contato com o Tribunal para participar do acordo que deve enfraquecera desinformação eleitoral.

Fachin pregou cautela e disse que ainda vai esperar uma posição do Congresso. No entanto, ele sugere uma conversa com os representantes da plataforma depois assumir o TSE.

"Até porque a nossa compreensão é de que uma plataforma, uma rede que tem milhões de usuários num determinado país, não pode se esconder por trás da transterritorialidade. O mundo não virou um planeta sem lei”, criticou.

O ministro reiterou que disseminar informações sabiamente falsas configura crime eleitoral e pode tomar medidas mais severas com os responsáveis. “Este é um ano também muito importante para a atuação do Ministério Público Eleitoral em favor da lisura e da normalidade das eleições”, destacou.

A criação do partido União Brasil foi aprovada nesta terça-feira (8), por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com relatoria de Edson Fachin. A nova sigla, que terá o número de urna 44, é uma fusão entre DEM e PSL. A legenda se configura como a maior bancada do Congresso Nacional, com 81 deputados e sete senadores.

A junção dos dois partidos que receberam juntos, em 2021, R$ 147,5 milhões do fundo partidário, mais do que qualquer outro partido, significa que a União Brasil vai receber o maior valor do fundo. O dinheiro do fundo que será distribuído em junho prevê R$ 4,9 bilhões aos 33 partidos ativos no País. 

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O presidente nacional do DEM, ACM Neto, anunciou a oficialização do partido pela Justiça Federal nas redes sociais. Na publicação, ele afirma que o Brasil está “muito dividido”.  “Temos consciência do nosso papel e, com certeza, vamos corresponder às expectativas dos brasileiros que desejam uma política mais séria, eficiente e que seja capaz de fazer a diferença na vida das pessoas”, publicou. 

Por sua vez, o Twitter da sigla compartilhou um vídeo do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar. Ele parabeniza os membros do “partido que nasceu de uma conciliação”.

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O partido nasceu de um acordo fechado no final de setembro, e é cotado para apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). No entanto, parte das lideranças defende uma aproximação com o ex-ministro e pré-candidato à presidência Sergio Moro (Podemos).

Com a abertura da janela partidária, para a troca de partido dos parlamentares sem punição, a sigla deve ser reduzida. Conduzida pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), que já confirmou sua filiação ao PL, a ala bolsonarista do PSL deve deixar a sigla, assim como fez o presidente no final de 2019. 

Atualmente, o PSL, chefiado pelo deputado Luciano Bivar (PE),  tem a maior bancada na Câmara com 55 deputados, mas o grupo é rachado desde o rompimento do presidente da República. 

Ainda assim, a fusão das duas siglas deve criar uma das maiores forças políticas do Congresso a partir deste ano. Para fazer frente a ela, outras legendas têm articulado a formação das federações partidárias, criadas por lei no ano passado e que devem valer pela primeira vez nas eleições de 2022.

Pela federação, os partidos aliados somarão forças em outubro, mas terão que permanecer unidos por pelo menos os próximos quatro anos. Na prática, as legendas unidas funcionam no Congresso como um só bloco. A articulação mais avançada, que reúne o PT e mais três partidos, pode resultar em uma bancada de cem parlamentares. 

Aprovação

Tendo como relator no processo o ministro Edson Fachin, que votou favorável à integração partidária, ele afirmou ter checado o cumprimento de todos os requisitos necessários para que a fusão fosse aprovada. 

Como aspectos contemplados para a aprovação da nova sigla, o ministro mencionou, por exemplo, a ata da convenção nacional conjunta, realizada em 6 de outubro de 2021, quando os órgãos nacionais de deliberação do DEM e do PSL aprovaram a fusão das siglas. 

O projeto do partido e o estatuto aprovado em convenção, também em outubro do ano passado, foi levado em consideração por Fachin para a aprovação. O Ministério Público Eleitoral também deu parecer favorável à junção. 

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o ex-ministro e ex-deputado federal Geddel Vieira Lima (MDB-BA) a cumprir pena em liberdade condicional no caso do bunker com R$ 51 milhões.

Além da progressão de regime, o ministro também liberou a dedução de 681 dias da sentença de 13 anos e quatro meses imposta no processo. Geddel cumpre pena desde julho de 2017, quando foi decretada sua prisão provisória. Em setembro, ele recebeu autorização para migrar para o semiaberto. Agora, na liberdade condicional, vai poder trabalhar e voltar para casa.

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Em sua decisão, Fachin reconheceu que, pelas critérios definidos em lei, Geddel está habilitado para pedir a liberdade condicional desde dezembro do ano passado.

Ao analisar o requerimento da defesa, o ministro do STF concluiu que os elementos apresentados sugerem 'senso de autodisciplina e responsabilidade' e mencionou que o ex-deputado tem inclusive proposta de trabalho, reunindo 'condições para garantir a própria subsistência'.

"Em síntese, ao que tudo indica, a execução prosseguirá seu curso sem ocorrências que desabonem o Requerente", escreveu.

Os advogados do ex-ministro pediram o abatimento da pena por participação em cursos de capacitação profissional no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, e no Centro de Observação Penal, em Salvador; 'dedicação à leitura e elaboração de resenhas'; e pela aprovação no Nacional do Ensino Médio (Nem) de 2017.

"Portanto, viável o resgate do tempo dedicado a essas atividades", concluiu Fachin.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), inaugurou a divergência ao voto da vice-presidente, Rosa Weber, no julgamento em curso para decidir se será liberada a execução das emendas de relator geral do Orçamento (RP-9) previstas para este ano.

O dispositivo é usado para viabilizar orçamento secreto, revelado em série de reportagens publicadas pelo Estadão. Em uma manifestação contundente contra o acordo de cooptação do Congresso pelo governo Jair Bolsonaro, Fachin afirma que as medidas adotadas até o momento pelo governo e Congresso não reverteram a falta de transparência, isonomia e impessoalidade inerentes ao esquema.

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Em uma série de reportagens do Estadão, iniciada em março deste ano, ficou demonstrado como o governo Bolsonaro, com apoio dos presidentes da Câmara e do Congresso, conseguiu aplacar os instrumentos de transparência ao permitir que parlamentares da base aliada indicassem bilhões de reais aos seus redutos eleitorais por meio das emendas RP-9 - e sem que fossem adotados quaisquer critérios técnicos.

"Cuida-se de uma rubrica orçamentária envergonhada de si mesma, instituída com o propósito de esconder por detrás da autoridade da figura do relator-geral do orçamento uma coletividade de parlamentares desconhecida, favorecida pelo privilégio pessoal de poder exceder os limites de gastos a que estão sujeitos no tocante às emendas individuais, em manifesto desrespeito aos postulados da execução equitativa, da igualdade entre os parlamentares, da observância de critérios objetivos e imparciais na elaboração orçamentária e, acima de tudo, ao primado do ideal republicano e do postulado da transparência no gasto de recursos públicos", escreveu o ministro.

O julgamento teve início na terça-feira, 14, no plenário virtual do Supremo - ou seja, na plataforma em que os votos dos ministros são apresentados remotamente, longe do amplo escrutínio público das sessões presenciais e sem discussões mais aprofundadas. O placar parcial da votação é de 4 votos a favor de liberar a execução das emendas de relator-geral do Orçamento previstas para 2021, ante apenas um voto contrário, o de Fachin. A tese que tem prevalecido foi estabelecida em decisão liminar da ministra Rosa Weber, que foi acompanhada pelos votos de Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski.

 

No último dia 6, Rosa Weber atendeu aos pedidos dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para suspender o trecho da decisão proferida pelo plenário do Supremo em novembro, por 8 votos a 2, que impediu novas indicações de emendas RP-9 e a execução das mesmas neste ano. Por meio de uma decisão liminar, a ministra reconheceu os argumentos dos parlamentares de que o fim dos repasses, e por conseguinte da execução do orçamento secreto, teria como efeito a paralisia de diversos setores essenciais da administração pública.

Rosa Weber

O placar parcial da votação é de 4 votos a favor de liberar a execução das emendas de relator-geral do Orçamento previstas para 2021. Ao lado da ministra Rosa Weber, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski tambem se posicionaram a favor da permanência do mecanismo. Foto: Nelson Jr./STF

A ministra apresentou em seu voto nesta terça-feira os mesmos argumentos contidos na liminar, ou seja, de que as providências adotadas pelo Congresso e o Palácio do Planalto no sentido de dar transparência ao esquema "mostram-se suficientes" diante do "risco de prejuízo que a paralisação da execução orçamentária traz à prestação de serviços essenciais à coletividade".

Para Fachin, porém, as medidas adotadas não demonstraram a eficácia almejada para coibir a compra de apoio parlamentar pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. O ministro afirma em seu voto que a dinâmica persiste e, portanto, "contrapõe-se ao ideal republicano e aos postulados constitucionais da publicidade e da impessoalidade no âmbito dos Poderes Públicos".

"A continuidade do serviço público só poderia servir à liberação dos recursos se o vício quanto à falta de publicidade tivesse sido devidamente sanado, o que não ocorreu. Assim, a lógica da ocultação, os parlamentares incógnitos e os destinatários imperscrutáveis subsistem. Deve, pois, subsistir o termo contido na decisão anterior: "até o final julgamento de mérito desta arguição de descumprimento", sustentou Fachin em seu voto.

Em um recuo estratégico às vésperas da liminar de Rosa Weber, o Congresso informou ao Supremo, no dia 3 de dezembro, que cumpriria parte da decisão da Corte para dar transparência ao orçamento secreto. O presidente do Senado encaminhou ao gabinete da ministra, por meio da Advocacia da Casa, um documento em que afirma ter solicitado ao relator-geral do orçamento de 2021, senador Márcio Bittar (PSL-AC), o detalhamento dos nomes dos parlamentares por trás dos repasses feitos neste ano no esquema que dá sustentação a Bolsonaro no Congresso.

O Poder Executivo seguiu o mesmo caminho. No dia 9 deste mês, Bolsonaro editou um decreto com diretrizes para dar publicidade aos pagamentos feitos no orçamento secreto. A medida, contudo, não menciona o relator-geral do Orçamento, que é o responsável por concentrar as informações de pedidos de deputados e senadores para liberação de verbas das emendas. De acordo com o texto, os pedidos de recursos da União feitos pelos congressistas para destinar as suas bases e recebidos pelo Executivo deverão ser tornados públicos na Plataforma +Brasil.

"No plano material, contudo, há um grupo privilegiado de parlamentares que poderá destinar volume maior de recursos a suas bases eleitorais, utilizando-se, para tanto, das despesas previstas na quota do relator-geral. Não há como saber quem são, de fato, os Deputados Federais e Senadores da República componentes desse grupo incógnito, pois a programação orçamentária utilizada por esse fim identifica apenas a figura do relator-geral", escreve Fachin em seu voto.

Até o momento, Fachin foi o único ministro a manter a posição manifestada no julgamento em novembro deste ano, quando por 8 votos a 2 o Supremo manteve a liminar de Rosa Weber que obrigava o Congresso a publicizar os gastos e cessar a execução das emendas indicadas pelo orçamento secreto. A ministra, porém, mudou de entendimento e foi seguida por Ricardo Lewandowski. Ambos se alinham à posição defendida pelo ministro Gilmar Mendes, que trabalhou desde a primeira votação para construir um entendimento intermediário na corte: de que seria necessário manter a execução das emendas de relator-geral, porém, com a adoção de medidas que conferissem transparência ao esquema de cooptação do Congresso pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Daí o caráter obscuro desse sistema: o relator-geral desonera-se da observância do dever de atender os mandamentos da isonomia e da impessoalidade ao atribuir a si próprio a autoria das emendas orçamentárias, ocultando, dessa forma, a identidade dos efetivos requerentes das despesas, em relação aos quais recai o manto da imperscrutabilidade", completa Fachin.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quinta-feira, 2, para declarar inconstitucional uma série de regras previstas pelo novo marco legal do Saneamento. Até agora, três ministros se manifestaram pela manutenção integral do marco, contra a posição de Fachin.

Uma das discordâncias do ministro é relativa ao principal aspecto da lei: a obrigatoriedade de licitação para os municípios contratarem os serviços de saneamento.

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Fachin também foi contrário a outra importante previsão do marco legal, que é a exigência de adequação dos atuais contratos de programa (fechados sem licitação) como condição para continuarem em vigor.

Para o ministro, essas regras violam a autonomia municipal nos serviços de saneamento e o ato jurídico perfeito. Pela lei, os contratos em vigor que não possuírem as metas estipuladas pelo marco terão até 31 de março de 2022 para viabilizar essa inclusão.

Outro ponto contestado pelo ministro diz respeito ao papel da Agência Nacional de Águas (ANA) como agência reguladora.

Apesar de não discordar da nova atuação do órgão, Fachin disse não ser correto condicionar a contratação de financiamentos com recursos da União ao cumprimento das diretrizes editadas pela ANA, como prevê o marco legal.

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quinta-feira, 2, o julgamento sobre o novo marco legal do Saneamento, após suspender a análise das ações na quarta-feira, durante voto do ministro Edson Fachin. Três integrantes da Corte já votaram pela manutenção integral da lei, mas Fachin antecipou que irá divergir em alguns pontos.

Até o momento, o ministro apontou ser contrário ao principal pilar da lei do saneamento, que foi impor a obrigatoriedade de licitação para contratação dos serviços no setor.

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Antes do novo marco, os municípios podiam fechar contratos diretamente com as empresas estaduais de saneamento.

Com isso, as estatais passaram a dominar o mercado nas últimas décadas. O formato, no entanto, foi considerado fracassado ao deixar relevante parte da população desatendida.

Os ministros Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia e Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram favoráveis à suspensão dos repasses parlamentares feitos por meio de emendas de relator, esquema revelado em maio, pelo Estadão, de envio de recursos parlamentares para bases eleitorais. Os votos foram feitos na madrugada e no início da manhã desta terça-feira (9), por meio do plenário virtual da Suprema Corte.

Ao todo, já são quatro votos favoráveis e nenhum contrário ao veto dos repasses, o que inclui voto e decisão liminar da relatora, ministra Rosa Weber. De acordo com o parecer da ministra, o regramento pertinente às emendas de relator distancia-se de ideais republicanos de transparência e impessoalidade, bem como é incompatível com o regime democrático. O prazo para votação foi aberto às 0h desta terça-feira (9) e segue aberto até as 23h59 de quarta-feira (10).

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Na última semana, Rosa Weber suspendeu os pagamentos do governo de Jair Bolsonaro feitos por meio do orçamento secreto. Em liminar divulgada na noite de sexta-feira (5), a ministra determinou que nenhum recurso indicado por parlamentares via emendas de relator seja liberado até que o plenário da Corte se manifeste sobre o tema. A decisão foi dada no mesmo dia em que o Estadão revelou a distribuição de R$ 1,2 bilhão a deputados na véspera da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.

A ministra também determinou que seja dada ampla publicidade às indicações feitas pelos parlamentares com esse tipo de emenda, diante da ausência de informações sobre os deputados e senadores que solicitam repasses, como o jornal vem mostrando desde maio.

A ação é de autoria do PSOL. Os partidos Novo, Cidadania e PSB também solicitaram a suspensão das emendas de relator-geral. As ações passarão a tramitar em conjunto.

"Causa perplexidade a descoberta de que parcela significativa do orçamento da União Federal esteja sendo ofertada a grupo de parlamentares, mediante distribuição arbitrária entabulada entre coalizões políticas, para que tais congressistas utilizem recursos públicos conforme seus interesses pessoais, sem a observância de critérios objetivos destinados à concretização das políticas públicas a que deveriam servir as despesas, bastando, para isso, a indicação direta dos beneficiários pelos próprios parlamentares, sem qualquer justificação fundada em critérios técnicos ou jurídicos, realizada por vias informais e obscuras, sem que os dados dessas operações sequer sejam registrados para efeito de controle por parte das autoridades competentes ou da população lesada", escreveu a ministra Rosa Weber na decisão, de 49 páginas.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou nesta quarta-feira, 25, o arquivamento de quatro ações encaminhadas à Corte pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo Diretório Nacional do PTB, que questionavam a abertura de inquérito pelo Supremo sem autorização prévia do Ministério Público Federal.

As ações questionavam um artigo do regimento interno que possibilitou a abertura do inquérito das fake news. Bolsonaro e o PTB pediram ao STF que anulasse esse artigo, o que passaria a exigir a autorização prévia do MPF para qualquer novo inquérito da suprema corte. A possibilidade de investigações serem instaladas por decisão própria do tribunal já havia sido analisada pelos ministros no julgamento que permitiu a instauração do inquérito das fake news.

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As ações surgiram logo após o chefe do Executivo ser incluído na lista de investigados do inquérito das fake news sob suspeita de ter promovido a disseminação de notícias falsas com o intuito de atacar ministros do Supremo.

A decisão foi tomada pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, que atendeu à notícia-crime encaminhada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontando possíveis crimes do presidente na transmissão ao vivo em que Bolsonaro prometeu apresentar provas de fraude nas urnas eletrônicas, mas entregou somente um apanhado de notícias falsas já desmentidas pela corte.

Em retaliação, o presidente encaminhou ao Senado um pedido de impeachment contra Moraes. Nesta quarta, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), impôs mais uma derrota ao presidente ao decidir pelo arquivamento da solicitação.

Em sua decisão no Supremo, o ministro Fachin ainda argumentou que os recursos utilizados para contestar a norma do STF, as chamadas Ações de Descumprimento de Preceito Fundamental, não cabem neste caso em questão.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), será o relator da ação movida pelo presidente Jair Bolsonaro para impedir a Corte de abrir investigações sem passar pela Procuradoria Geral da República (PGR).

A ação foi distribuída ao gabinete do ministro por prevenção. Isso porque ele já corre sob sua relatoria uma ação semelhante apresentada pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em junho do ano passado.

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Tanto Bolsonaro quanto o PTB questionam o artigo 43 do regimento interno do Supremo, segundo o qual 'ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição'. A norma foi usada, por exemplo, para instaurar o inquérito das fake news que atingiu a rede bolsonarista e o próprio presidente.

Em dezembro, ao se manifestar sobre a ação do PTB, o procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu o não conhecimento do processo. Na ocasião, ele afirmou que o partido tenta rediscutir uma tema já enfrentado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal ao julgar a constitucionalidade do inquérito das fake news, em meados do ano passado.

"Não cabe ADPF para rediscutir a recepção de norma pré-constitucional cuja compatibilidade com a Carta de 1988 já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal, notadamente quando utilizada com o nítido intuito de desconstituir acórdão prolatado antes do seu ajuizamento e quando inexistente modificação do estado de fato ou ius novum, pertinentes e relevantes, aptos a ensejar a revisão do precedente", escreveu Aras.

Na noite desta segunda-feira (2), por 10 votos a 1, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu arquivar uma notícia-crime que pedia a abertura de uma investigação contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O julgamento virtual que havia sido iniciado no dia 25 de junho tem relação com os cheques depositados pelo ex-assessor Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

O único voto divergente do relator, o ex-ministro Marco Aurélio de Mello, que se aposentou no mês passado, foi dado por Edson Fachin. Apesar disso, antes mesmo do recesso, em 5 de julho, os posicionamentos de Marco Aurélio, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Nunes Marques, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber já eram contrários às investigações.

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O mesmo posicionamento foi seguido pelos ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. É praxe que a corte siga a posição da Procuradoria-Geral da República (PGR), que afirmou não haver indícios de crime nos depósitos.

Dessa maneira, prevaleceu a atuação alinhada aos interesses do Palácio do Planalto do procurador-geral, Augusto Aras. Ele acaba de ser indicado pelo presidente para mais um mandato à frente do Ministério Público Federal.

Ao divergir de Marco Aurélio Mello, Edson Fachin enfatizou que, para ele, “os fatos noticiados são graves e invocam apuração à sua medida, em especial quando considerado o desatendimento, de pronto, dos princípios norteadores da Administração Pública”.

Esquema das ‘rachadinhas’

Com os dois filhos no centro das investigações por supostos esquemas de rachadinha em seus gabinetes - Flávio e Carlos -, o presidente Bolsonaro sempre esteve, de certa forma, próximo desse tipo de narrativa escorregadia. Isso ocorre porque os funcionários dos gabinetes da família eram “conectados” por relações familiares ou chegavam a trabalhar para pai e filhos.

O nome “rachadinha” se refere à prática ilegal de devolução de salários de assessores para determinado parlamentar a partir de um acordo criminoso, ou então como um tipo de exigência para a função. Em novembro de 2020, Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), atualmente senador, foi denunciado à Justiça por indícios de um esquema do tipo enquanto cumpria o mandato de deputado estadual.

Ainda em 2018, às vésperas das eleições presidenciais, o jornal Folha de São Paulo chegou a revelar indícios de funcionários fantasmas no gabinete de Jair, quando desempenhava funções de deputado. Depois disso, O Estado de São Paulo e a revista Crusué divulgaram cheques do ex-PM Fabrício Queiroz depositados nas contas da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

À época, Queiroz era amigo próximo do presidente e foi denunciado pelo Ministério Público do Rio como operador do esquema no gabinete de Flávio. As quebras de sigilos fiscais e bancários do “filho zero um” mostraram outras transações suspeitas dos funcionários de Jair.

A quantia repassada para a primeira-dama

Os depósitos feitos por Queiroz para Michelle aconteceram em momentos variados. Entre outubro de 2011 e abril de 2013, o ex-assessor repassou R$ 36 mil, em 12 cheques de R$ 3.000. Já entre abril e dezembro de 2016, depositou R$ 36 mil em nove cheques de R$ 4.000 cada, chegando à soma de R$ 72 mil.

Segundo a Folha, a esposa de Queiroz, Márcia Aguiar, depositou outros cinco cheques de R$ 3.000 e um cheque de 2.000 para Michelle entre janeiro e junho de 2011. O total de repasses de Queiroz e sua esposa, portanto, chegou a R$ 89 mil.

Na direção oposta, Bolsonaro afirma que os depósitos eram mera devolução de empréstimo, não tendo relação com qualquer esquema ilegal. Os extratos bancários de Queiroz, no entanto, não mostram qualquer depósito feito por Bolsonaro em sua conta.

O vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, fez duras críticas às ameaças que o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, fez chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como revelou o Estadão, colocando em xeque a realização das eleições de 2022, caso não seja aprovado o voto impresso.

Fachin disse na manhã desta quinta-feira, 22, que o sistema eleitoral do País "encontra-se desafiado pela retórica falaciosa, perversa, do populismo autoritário". Segundo Fachin, não é de se espantar que um "líder populista" deseje "criar suas próprias regras para disputar as eleições". As declarações foram feitas em um evento realizado pela instituição Transparência Eleitoral Brasil.

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O também ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) não citou diretamente o presidente Jair Bolsonaro, mas aludiu ao histórico do político que tem, entre suas principais pautas, a aprovação do voto impresso no Congresso. Desde que foi eleito em 2018, Bolsonaro questiona a segurança da urna eletrônica e ataca os membros do Judiciário que se opõem ao projeto, como Luís Roberto Barroso, presidente do TSE.

"No Brasil de hoje, não é de se espantar que um líder populista se recuse a obedecer as regras vigentes, que queira suas próprias regras para disputar as eleições e que se recuse a ter seu legado escrutinado pela sociedade no bojo de uma eleição política. É disso que se faz a democracia, de eleições periódicas", disse Fachin.

Como revelou o Estadão, a ameaça contra as eleições foi levada a Arthur Lira no último dia 8, por meio de um emissário político do general. "A conversa que eu soube é que o ministro da Defesa disse a um dirigente de partido: 'A quem interessar, diga que, se não tiver eleição auditável, não terá eleição'. Teve um momento de muita tensão. Não foi brincadeira, não", descreveu um dos envolvidos no assunto, sob a condição de anonimato.

No início da manhã, o ministro da Defesa classificou as revelações da reportagem como "invenção". Depois, por meio de nota, Braga Netto afirmou que não envia recados "por meio de interlocutores". O Estadão mantém todas as informações publicadas.

Como mostrou a reportagem, no último dia 7, o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior curtiu um post no qual um internauta pedia intervenção das Forças Armadas para aprovar esse sistema. "Comandante, obrigado pelo canal de comunicação. Precisamos do voto impresso auditável. Vocês precisam impor o voto auditável", dizia a mensagem. A nota do Ministério da Defesa não faz comentário sobre esse fato.

O vice-presidente do TSE apontou o que, segundo ele, seriam os três grandes objetivos do movimento populista em curso no país: "a exclusão do pensamento divergente, em primeiro lugar; em segundo lugar, o enfraquecimento dos mecanismos de monitoramento social e do sistema de freios e contrapesos; e, mais especificamente, em terceiro lugar, o descredenciamento das eleições como termômetro acurado da arbitragem social, em paralelo com a defesa inflamada de um novo método de votação".

Fachin apontou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), que busca instituir a impressão do comprovante de voto sob o argumento de ser este mais um mecanismo de auditagem das urnas eletrônicas, como um projeto reconhecido por especialistas por seu caráter "pernicioso, antieconômico e ineficaz".

"Ao lado disso, o Brasil experimenta hoje o assédio discursivo que engloba referências diretas a um eventual boicote ao pleito de 2022", afirmou. O presidente Jair Bolsonaro já declarou publicamente que, sem o voto impresso, "não haverá eleições" em 2022. Em encontro com apoiadores em frente ao Palácio do Alvorada, no dia 8 deste mês, Bolsonaro ameaçou: "ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições". Ele afirma ter provas de que foram fraudadas as eleições presidenciais de 2014 e 2018, mesmo tendo saído vencedor desta última. Derrotado em 2014, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) disse não ver indícios de fraudes no ano em que concorreu à Presidência.

Até o momento, porém, nenhuma evidência de ato ilícito nos pleitos foi apresentada.

Em sua fala à Transparência Eleitoral, Fachin defendeu novamente que os ataques ao sistema eleitoral são baseados em "acusações de fraude categoricamente vazias de provas e sem respaldo na realidade".

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