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Xuxa Meneghel, de 56 anos de idade, usou sua coluna na Vogue para abrir o coração sobre os abusos que sofreu em sua infância. No texto, Xuxa descreve o caso como o mais difícil que já viveu e que tomou a iniciativa de falar abertamente sobre o tema para tentar ajudar outras pessoas. Para começar o relato, ela começa falando da época que tinha quatro anos de idade e morava no Sul com sua família quando o caso ocorreu.

Minha mãe costumava colocar um edredom no chão depois do almoço e deitar com nós cinco para tirar um soninho na parte da tarde. Eles costumavam nos dar um elixir que abria o apetite. Como sou intolerante ao álcool e sei que este elixir tinha - mesmo que em dose pequena - dormia mais profundo do que meus irmãos. No Sul também era comum misturar vinho com água e açúcar e dar para as crianças, o que também me deixava com mais sono do que o normal, falou.

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Também explicou que sua mãe não teve auxílio de nenhuma babá para cuidar dela e de seus irmãos.

Minha mãe ficou grávida muito cedo e nunca teve babá, tentava dar de tudo para nós cinco. Hoje em dia, as pessoas podem ver isso como falta de cuidado, mas não foi o caso da minha mãe, que nunca deixaria nada de mal acontecer com um dos cinco filhos dela. Mas aconteceu. Depois de anos, perguntei às minhas irmãs se algo parecido tinha acontecido com elas também, mas para minha surpresa, não, revelou.

Logo em seguida, a apresentadora deu detalhes sobre o abuso.

Por que fui a escolhida? Não sei, mas me lembro de um cheiro de álcool de alguém, uma barba que machucou o meu rosto e algo que foi colocado na minha boca. Acordei dizendo que alguém tinha feito xixi na minha boca e os meus irmãos disseram que eu tinha sonhado. Essa foi minha primeira experiência com abuso sexual, que, diga-se de passagem, eu não me lembro direito, mas existiram outros casos..., falou.

Xuxa, então, relembra outro caso que teria ocorrido quando ela tinha cinco ou seis anos de idade.

Me lembro que andávamos de Kombi. Nós crianças íamos atrás. Eu tinha cinco ou seis anos e os mais velhos eram pré-adolescentes, primeiros de segundo grau e amigos muito próximos da família. Sentia tocarem em mim, colocavam o dedo, doía, não sabia distinguir o que sentia, por isso não chorava e nem reclamava com ninguém sobre o acontecido. Essa mesma pessoa vinha ao Rio quando eu já tinha entre nove e dez anos, e, quando a família dormia, colocava seus dedos por debaixo dos lençóis e me tocava. Nesse tempo, esse parente distante já era um adolescente e sempre que podia me tocava. Por que eu não gritava, não chorava? Não sei!, desabafa.

Quando tinha 11 anos de idade, a apresentadora também conta de outro caso que sofreu com um professor.

Meu professor de matemática do colégio Itu, que atendia pelo nome de Maurício, me chamou depois da aula e, mesmo na frente da minha amiga Yara, ele disse que queria me deixar só de calcinha e colocar nas minhas coxas. Me perguntava: o que seria isso? Foi então que eu vi pela primeira vez alguém se masturbar. No outro dia, ele mandou que eu fosse ao quadro para escrever alguma coisa antes que os outros alunos da sala entrassem. Era hora do recreio, ele disse que isso iria me ajudar nas notas finais. Escrevi o que ele queria no quadro e vi que ele se tocava embaixo da mesa, usava uma calça quadriculada e se mexia muito, não entendia muito bem o que ele tava fazendo... foi aí que o ouvi gemer e depois se limpar. Eu perguntei o que tinha acontecido, se aquilo era colocar nas coxas. Ele riu e disse que não, mas que faria isso em mim, que não iria me machucar e que se eu falasse pra alguém sobre o que eu tinha visto ou o que ele havia falado, ninguém iria acreditar, pois entre a palavra de um aluno e de um professor, o professor sempre ganha, contou.

A apresentadora contou que, depois do ocorrido, ela e seus irmãos foram transferidos para outra escola. No entanto, Xuxa voltou a sofrer com assédios, desta vez dentro de casa. O agressor seria um namorado de sua avó identificado como Ubirajara.

Eu ia ao apartamento dela, ficava vendo TV e o futuro vovô ficava perto e me fazia carinho até que minha vó fosse costurar e ele pedia para eu sentar no colo dele. Às vezes ele tomava banho e deixava a porta aberta. O barulho que minha vó fazia enquanto cozinhava ou costurava o deixava livre para vir até a porta se tocar me olhando. Eu não entendia por que ele fazia isso e nunca perguntei nada. Então, ele começou a tocar meus futuros peitos - sim, ainda não tinha nada a não ser um mamilo um pouco maior. Uma vez vendo TV, ele acariciou meu cabelo, o cheirou e logo depois desceu a mão para os meus (quase) seios e os apertou. Doeu e eu o fiz parar, e ele disse que era só um carinho e que só o vovô podia fazer porque me amava como neta, detalhou.

Por fim, Xuxa conta por que decidiu quebrar o silêncio sobre o abuso anos após o ocorrido.

Me calei até os quase 50 anos, quando resolvi falar no Fantástico, pois queria divulgar o disque denúncia, o Disque 100. Queria alertar as pessoas. Nós geralmente não queremos falar, porque é feio, porque não é certo, porque aprendemos que sempre tem que ter um culpado numa situação como essa. E é claro que nos sentimos culpados - eu me sentia culpada apenas por existir. Dos 4 até os meus 13 anos, eu passei por várias situações que me fizeram ter mania de limpeza. Tomo de 3 a 4 banhos por dia, tenho vontade de estar com crianças pois elas não me fariam nenhum mal - isso é coisa de adulto. Hoje, quero emprestar minha voz em campanhas para crianças que não falam, não gritam e choram sozinhas. Eu preciso fazer isso por elas, já que não fiz por mim, concluiu.

A gigante tecnológica americana Google atualizou, nesta quarta-feira (20), suas orientações para manejar os anúncios políticos, em um momento em que as plataformas on-line seguem sob pressão com o objetivo de que evitem ser utilizadas para difundir informação enganosa ou falsa destinada a influenciar os eleitores.

O Google disse que suas regras já proíbem qualquer anunciante de difundir elementos falsos, incluindo aqueles com mensagens políticas. Mas está tornando sua política mais clara e acrescentou exemplos de como se proíbe conteúdo como imagens ou vídeos manipulados ou dirigidos com interesses específicos.

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"Vai contra nossas políticas que qualquer anunciante faça um aviso falso, seja sobre o preço de uma cadeira ou um de que você pode votar por mensagem de texto, que o dia das eleições é adiado ou que um candidato faleceu", detalhou o vice-presidente de gestão de produtos de anúncios do Google, Scott Spencer, em uma publicação on-line.

Os exemplos de material publicitário proibido incluem anúncios ou links para informações que fazem afirmações demonstravelmente falsas e que poderiam afetar a confiança dos eleitores ou sua participação nas eleições.

O cineasta Pedro Almodóvar revelou nesta terça-feira (7), em entrevista à revista "Vanity Fair", que sofreu tentativas de abuso sexual por "padres pedófilos" durante a infância.

De acordo com o diretor espanhol, a sua experiência no colégio católico que estudava foi "atroz", já que na instituição "havia muitos abusos".

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"Uma experiência atroz. Fizeram de mim uma criança ignorante que passava o tempo cantando, com professores completamente inadequados para a tarefa. No colégio havia muitos abusos, especialmente entre as crianças mais novas. Eu tinha 10 anos e passava 24 horas por dia com meus colegas. No dormitório, à noite, conversávamos sobre nossas experiências, e pelo menos 20 crianças que viviam no colégio foram assediadas", contou Almodóvar.

O espanhol também revelou que sofreu tentativas de assédio, mas o cineasta "sempre conseguia escapar".

"Também tentaram comigo, mas eu sempre conseguia escapar. Havia um padre que sempre me dava a mão no pátio para beijá-la, mas nunca beijei aquela mão. Sempre fugi pelas arcadas do claustro. Quando eu estava sozinho, não andava, mas corria", disse Almodóvar.

O premiado cineasta também revelou que os rumores dos abusos ultrapassaram as paredes do colégio, mas nenhum dos religiosos foram punidos. Segundo o espanhol, os sacerdotes foram enviados a um internato para adolescentes.

Almodóvar contou que os padres ajudavam uns aos outros e na única vez que falou sobre o assunto, durante uma confissão na igreja, o padre pediu ao espanhol "entender" e "não falar com ninguém" sobre as tentativas de abuso.

"Eu não sei se o Papa está realizando uma revolução ou se ele não está fazendo nada. O que eu sei, é que ele não está fazendo o suficiente. Não apenas contra o abuso, mas também com tudo o que tem a ver com a sexualidade dos padres", criticou o diretor.

Com quase 70 anos de idade, o filme "Pain and Glory", dirigido pelo cineasta espanhol, está concorrendo para vencer o principal prêmio do Festival Internacional de Cinema de Cannes, a Palma de Ouro.

Da Ansa

Violência sexual é um assunto que precisa ser discutido, especialmente entre adolescentes e jovens, para que tenham conhecimento e saber denunciar. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2011 e 2017, o Brasil teve aumento de 83% nos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Foram registrados mais de 180 mil casos de violência, durante o período. Só no Pará, segundo o Pro Paz, mais de 12 mil crianças e adolescentes foram atendidas vítimas de violência sexual, de 2004 a março deste ano.

Para levar a discussão sobre o assunto para a sala de aula, Diego Martins, que é mestre em Segurança Pública, falou aos alunos da Escola Ruth Rosita, no Guamá, sobre o passo a passo para o atendimento dos casos de violência contra crianças e adolescentes em Belém do Pará, mesmo tema da cartilha criada por ele durante o mestrado. 

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A palestra ocorreu na tarde de quarta-feira (10), na própria escola. Participaram do encontro estudantes do cursinho pré-vestibular gratuito, projeto criado para preparar os alunos da escola a uma vaga no vestibular deste ano. 

Para Vilcilene Duarte, coordenadora da escola e professora de Sociologia, o evento foi de grande relevância social. Para ela, a comunidade escolar carece de mais informações e orientações sobre o assunto. "Para candidatos do Enem 2019, é de suma importância dominar temas relevantes, como esse, que podem ser bem produtivos na hora de desenvolver uma redação, ou questão. A palestra foi muito significativa, principalmente pela simplicidade do palestrante, e pelos projetos sociais que ele desenvolve. Percebe-se uma preocupação social", afirmou.

Diego Martins elogiou a atenção e a participação dos alunos durante a discussão. "É sempre muito gratificante quando as pessoas participam e interagem. Dá vontade de falar e de contribuir mais, só que tem que respeitar o tempo, porque tinham outros compromissos na escola. A professora (Vilcilene) relatou que é um bairro muito humilde e que há muitos casos de abuso sexual, então achei muito importante explicar melhor a cartilha, divulgar a cartilha para que eles tenham acesso, mostrar como é que ela pode ser usada, como é que funciona. Espero que de alguma forma essa sementinha plantada contribua para reduzir o número de casos desse tipo de violência que acontecem no bairro", ressaltou.

Na cartilha os leitores tem acesso detalhado aos procedimentos que devem ser feitos, aos órgãos que devem procurar e quais etapas são feitas após as denuncias. A cartilha está disponível neste link.

 

O nome de Lorena Bobbit sempre é associado a um riso contido ou a uma piadinha, mas pouco se sabe de seu passado de abusos domésticos que a levou ao ato de cortar o pênis de seu marido.

Vinte e cinco anos depois, ela, que agora se chama Lorena Gallo, conta sua história em um documentário da Amazon.

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"Eu sabia que cicatrizes seriam abertas, que sofreria um pouco de ansiedade ao reviver estas memórias dolorosas que eu havia praticamente enterrado", afirma à AFP a mulher de 48 anos nascida no Equador. "Mas eu fiz porque acredito que como mulher, mãe e sobrevivente era meu dever usar a voz que muitas vítimas de violência doméstica não têm".

O caso de Lorena e John Wayne Bobbitt gerou manchetes em todo o planeta.

Em 23 de junho de 1993, Lorena mutilou com uma faca o pênis de seu marido enquanto ele dormia depois que, segundo ela, a estuprou. Era a história perfeita para a imprensa sensacionalista e para as piadas.

Mas também abriu o caminho para um debate até então ignorado.

"Meu caso ajudou a desestigmatizar a violência doméstica, o abuso sexual e o estupro dentro do casamento", afirma Lorena.

E levou à aprovação em 1994 de uma lei nos Estados Unidos sobre violência contra a mulher.

As estatísticas no país, no entanto, ainda são alarmantes: uma em cada três mulheres é abusada física ou sexualmente em algum momento de suas vidas; quatro mulheres são assassinadas a cada dia por seu companheiro; uma mulher é maltratada a cada 15 segundos.

O documentário de Joshua Rofé, produzido pelo vencedor do Oscar Jordan Peele, foi exibido em janeiro no Festival de Sundance, quando movimentos como o #MeToo e Time's Up ainda organizam protestos contra o abuso sexual em Hollywood.

"Muitas vítimas conseguiram falar, praticamente sem tabu, e por isso agradeço mil vezes a Deus", comemora.

- "John não está em minha mente" -

Quando Rofé apresentou a proposta do documentário, Lorena já havia "enterrado" muitas recordações.

"Eu não queria fazer", conta Lorena. "Eu tinha cuidado porque até agora o enfoque era sempre John, a ação (a mutilação), muito sensacionalista, ignorando o que eu sofri, e isso me desagradava muito".

Em quatro episódios de uma hora, Rofé percorre de maneira cuidadosa a vida de Lorena: da jovem que se mudou de Caracas, onde sua família morava, para Virginia, Estados Unidos, onde ainda vive. Fala sobre seu casamento, o início dos abusos, a amputação do pênis, o julgamento... até os dias de hoje.

"Este é talvez o caso mais infame sobre uma pessoa que age a partir do trauma, onde ela é a vítima e ninguém se pergunta o que levou esta pessoa a fazer o que fez", explica à AFP o diretor, que registrou, além do relato de Lorena, o de seu ex-marido John Wayne, que até hoje nega os maus-tratos.

"É um mentiroso patológico", afirma Lorena, sempre de maneira calma. "Como é possível que continue mentindo? Ele foi preso por abuso doméstico, no por mim, mas por outras mulheres".

Rofé também conversou com os policiais que investigaram o incidente, os advogados, o promotor, jornalistas e ativistas.

O documentário exibe trechos do julgamento, dos depoimentos das testemunhas. Também aborda a vida midiática de Bobbitt, que inclui uma passagem pela pornografia e uma operação para aumentar o pênis que havia sido reconstruído. Mostra ainda o assédio da imprensa a Lorena, como ela tentou retomar sua vida, com o novo marido e sua filha de 13 anos.

"Você perdoa, mas não esquece", disse, antes de explicar: "John não está em minha mente, não acontece assim de repente, eu não vivo pensando nele".

Lorena foi julgada e absolvida por ter atuado sob um estado de perturbação mental temporária.

Católica praticante, tem uma ONG, a Lorena's Red Wagon, dedicada a combater o abuso. Ela passa dias em abrigos, onde não hesita em falar sobre seu passado para ajudar outras mulheres que são vítimas. Ela considera o trabalho terapêutico.

"Quanto mais falo, mais ajudo", revela.

Lorena não tem arrependimentos.

"Como se arrepender de algo que você não tem o controle? Eu não queria estar na situação, não era algo que eu procurava nem é agradável".

"Eu posso contar a qualquer pessoa, e eu fui uma das que se salvou, há muitas que não sobrevivem".

E retoma o discurso de luta: "Meu caso ajudou muito, mas ainda há muito por fazer".

Ela afirma que as leis devem mudar e cita como exemplo o fato de um agressor sexual ter a possibilidade de comprar uma arma de fogo.

"John Wayne Bobbit certamente tem uma e não é piada".

O Vaticano reúne, a partir do dia 21 até domingo (24), representantes das conferências episcopais, da Igreja Católica Romana, de 130 países para discutir as denúncias de abusos sexuais cometidos por religiosos contra crianças e adolescentes. No encontro, estarão presentes integrantes de grupos de vítimas de abusos.

Nesse domingo (17), durante a celebração pública, o papa Francisco pediu orações a todos. Segundo ele, todos devem assumir suas responsabilidades diante de “um desafio urgente do nosso tempo”.

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De acordo com o Vaticano, o encontro pretende adotar ações concretas e decisões em nome da justiça e verdade. Em recente discurso ao Corpo Diplomático na Santa Sé, o papa ressaltou que "abusos contra menores" constituem um dos piores e mais vis crimes possíveis.

O presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, cardeal Seán O'Malley, disse que a reunião marcará o momento de desenvolvimento de um caminho claro para a Igreja, baseado em verdade, justiça e maior transparência.

Segundo O’Malley, a conferência "é dirigida principalmente aos bispos", que "têm grande responsabilidade" sobre a questão, mas, ao mesmo tempo, leigos e mulheres "especialistas no campo do abuso darão sua contribuição e ajudarão a entender o que precisa ser feito para garantir transparência e responsabilidade".

Os quatro dias de reuniões serão marcados por temas específicos: deveres e atitudes pessoais dos bispos; a comunidade dos bispos e da sua solidariedade; na terceira etapa, o papa Francisco participa e ao final, uma espécie de balanço do encontro.

Expulsão

No sábado (16), o Vaticano anunciou que a Congregação para a Doutrina da Fé expulsou do sacerdócio o ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington (EUA) Theodore McCarrick, de 88 anos.

O religioso foi acusado de abusos sexuais a menores e seminaristas, informou a assessoria de imprensa da Santa Sé, em comunicado.

*Com informações da rádio pública do Vaticano

O papa Francisco devolveu ao estado laico o ex-cardeal americano Theodore McCarrick, de 88 anos, acusado de abusos sexuais contra ao menos um adolescente há quase meio século, indicou um comunicado do Vaticano neste sábado (16).

Essa é a primeira vez na história da Igreja Católica que um cardeal perde seu título por motivos de abusos sexuais.

O papa argentino declarou definitiva uma sentença nesse sentido da Congregação para a Doutrina da Fé, instituição do Vaticano que vela pelo respeito do dogma católico, detalhou um comunicado da Santa Sé.

Esta punição, sem apelação possível e, portanto, definitiva, é aplicada pouco antes de uma reunião crucial, de 21 a 24 de fevereiro, com os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo no Vaticano, onde abordarão a responsabilidade dos prelados que mantiveram silenciadas as agressões sexuais a menores de idade executadas pelo clero.

Os grandes escândalos que foram revelados nos Estados Unidos, no Chile e na Alemanha mancharam a credibilidade da Igreja Católica.

O papa Francisco, que quer aplicar sua promessa de "tolerância zero", prometeu nestes últimos meses que seria intransigente com a alta hierarquia eclesiástica.

O ex-cardeal emérito de Washington já estava proibido desde julho de exercer seu ministério e depois renunciou ao seu título honorário de cardeal. Com sua exclusão oficial da Igreja, o homem, recluso atualmente no estado do Kansas, nos Estados Unidos, simplesmente se torna Theodore McCarrick.

A Santa Sé solicitou em setembro de 2017 uma investigação ao arcebispado de Nova York, após o depoimento de um homem que acusou o prelado de ter abusado sexualmente dele nos anos 1970.

Diante dos "indícios graves" revelados na investigação, o papa destituiu no final de julho o monsenhor McCarrick do título de cardeal.

Este caso abalou a hierarquia da Igreja Católica americana, pouco antes da publicação de um relatório devastador sobre os abusos maciços cometidos na Pensilvânia.

Em 2015, o papa Francisco aceitou a renúncia do monsenhor Keith O'Brien a todos os direitos do cardeal, após ter demitido dois anos antes como arcebispo de Edimburgo quando foi acusado de "atos inapropriados" com jovens padres. O prelado, no entanto, manteve o título do cardeal até a sua morte, em março de 2018.

O único caso de abandono do título supremo do cardeal remonta a 1927, quando o papa Pio XI aceitou a renúncia do cardeal francês Lois Billot, que havia renunciado por motivos políticos.

Os padres de todas as dioceses do Estado da Paraíba estão proibidos de ficar na companhia de crianças, adolescentes e de adultos vulneráveis, desacompanhados dos pais ou responsáveis, na casa paroquial, no carro do padre ou em outros ambientes reservados. A medida faz parte de um decreto assinado no último dia 6 pelo arcebispo d. Manoel Delson Pedreira da Cruz, superior máximo da Igreja Católica na Paraíba.

Segundo ele, o decreto visa a criar um ambiente seguro para possíveis vítimas de assédio de religiosos e leva em conta a necessidade de proteger crianças e adultos vulneráveis. No mês passado, a Justiça do Trabalho condenou a arquidiocese a pagar indenização de R$ 12 milhões por casos de exploração sexual contra menores cometidos por padres.

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O documento dispondo sobre a "prudente tutela e proteção do clérigo, menores e vulneráveis" foi apresentado aos padres e bispos durante reunião com o arcebispo. O decreto reforça aos religiosos que condutas de abuso sexual de crianças, adolescentes e adultos em situação vulnerável é crime com punição pela justiça estatal e canônica.

Conforme o arcebispo, não é mais permitido que as paróquias ofereçam alojamento a menores sem a presença dos pais ou responsáveis. Ele alerta que a posse de material pornográfico pelos padres é delito grave e que os atos praticados contra menores não perdem a gravidade mesmo que haja consentimento suposto ou expresso das vítimas.

Até atendimentos espirituais, como o sacramento da confissão, devem ser feitos com o padre dentro do confessionário ou em locais adequados no interior das igrejas, desde que garantam "segurança e visibilidade". O arcebispo alertou que, em casos de condutas suspeitas, o exercício da atividade pastoral dos religiosos será limitado ou suspenso até que as acusações seja esclarecidas.

D. Manoel determina que, diante de casos suspeitos, a Igreja deve colaborar com a justiça. Ele também vai contra o acobertamento, determinando que, no caso de sacerdotes acusados de violar direitos de menores e adultos vulneráveis, a Arquidiocese deve ser comunicada o mais rápido possível.

Conforme d. Manoel, não só a Igreja, mas também outras instituições que lidam com esse público devem ter os mesmos cuidados. Segundo ele, o decreto não guarda relação com as decisões recentes da Justiça envolvendo abusos sexuais de padres da arquidiocese. Isso porque, alegou, as normas vinham sendo preparadas desde o fim do ano passado, com base em orientação do Vaticano.

Assim como a Igreja Católica em todo o mundo, a Arquidiocese da Paraíba enfrenta denúncias de pedofilia e abuso sexual por padres. Além da condenação pela Justiça do Trabalho, contra a qual a Igreja entrou com recurso, outra ação envolvendo acusações de pedofilia com mais de vinte jovens está em julgamento na 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, já com maioria formada. Conforme o Ministério Público Estadual, um padre já falecido é acusado de vários crimes sexuais contra menores ou adultos vulneráveis. O julgamento deve ser retomado no próximo dia 12.

A Justiça determinou nesta quinta-feira (17) a prisão do médico Augusto César Barreto Filho, de 74 anos, acusado de abusar sexualmente de pacientes em seu consultório. O pedido partiu do Ministério Público Estadual (MPE) e a decisão foi do juiz João Pedro Bressane Barbosa, da 2ª Vara Criminal de Presidente Prudente (SP), onde o acusado atuava na área de cardiologia.

O MPE alegou que havia risco de o médico voltar a agir, uma vez que continua com registro profissional ativo. Nesta quinta, mais sete mulheres foram à Delegacia de Defesa da Mulher e chegou a 33 o número de denúncias contra o cardiologista. Outras 20 ligaram dizendo que também foram vítimas, mas que ainda estudam se irão à polícia.

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"É normal que algumas mulheres se sintam um pouco constrangidas EM ir diretamente fazer a denúncia", diz a delegada Adriana Pavarina, responsável pelo caso. A polícia acreditava que os abusos tinham começado em 2008, mas há relato de uma vítima do cardiologista há mais de 20 anos. Conforme as denúncias, ELE agia durante as consultas. "Na hora de medir a pressão arterial ou batidas do coração, ele acariciava as partes íntimas das pacientes e até encostava seus órgãos genitais nelas", afirma Adriana.

Defesa

O médico é acusado pelo crime de violação sexual mediante fraude, que pode render até 6 anos de reclusão. Ele foi chamado à Polícia Civil no mês passado, negou as acusações e disse que só falaria sobre o caso em juízo.

Já o advogado de defesa, Emerson Longhi, diz que não se manifestará em respeito às partes e porque o caso tramita em segredo de Justiça. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Testemunhos públicos de quatro vítimas de abuso sexual contra um médico pediatra que trabalhou durante décadas em uma das escolas mais conceituadas da Argentina provocaram um escândalo, que reacendeu o debate sobre o abuso de menores.

Ao menos 26 vítimas apontam o pediatra como o autor dos abusos cometidos entre 1978 e 2011.

Nesta quarta-feira (9), quatro vítimas relataram ao canal de notícias TN os exames invasivos realizados pelo médico Alberto Cirulnik, um caso que veio à tona em meados de dezembro, quando três jovens o denunciaram à Justiça e pediram sua prisão.

Depois, outras vinte pessoas também o acusaram, a maioria por casos ocorridos na prestigiosa escola ORT da comunidade judaica, onde o acusado foi médico por mais de 20 anos. Ele também atendia em um consultório particular e em um plantão hospitalar 40 anos atrás.

Em dezembro passado, Cirulnik foi denunciado à Justiça por abuso sexual e corrupção de menores por dois rapazes e uma mulher, Malena Filmus, hoje com 28 anos, filha do ex-ministro da Educação e ex-senador Daniel Filmus, por atos ocorridos há 14 anos.

As vítimas decidiram recorrer à Justiça, depois que veio à tona a acusação de estupro contra um ator popular, feita por uma colega de elenco. Os abusos teriam ocorrido quando ela era menor, durante uma turnê pela Nicarágua.

- "Não sabemos se é pediatra" -

Depois das primeiras denúncias, a Sociedade Argentina de Pediatria (SAP) condenou essas práticas em um comunicado. "Não sabemos se o doutor Cirulnik realmente é pediatra, mas certamente não é, nem nunca foi, membro da nossa instituição", informou a SAP.

Darío Schvartz, de 34 anos, contou que seus pais eram muito amigos do casal Cirulnik e ele, amigo de um de seus filhos e que o médico era seu pediatra.

"Aos 8 anos, Cirulnik me levava para deitar, me fazia massagens para que relaxasse e manipulava meu pênis. Isso se repetia no clube, na casa dele... Além disso, me pedia que eu fizesse nele as mesmas massagens", contou Schvartz.

Mariana López, hoje com 51 anos, tinha 10 anos em 1978, quando a levaram a um hospital com febre alta e dor de garganta. O médico que a atendeu examinou-lhe a garganta, os gânglios e os genitais. Depois ela soube que se tratada de Cirulnik.

"Não usava luvas, me lembro perfeitamente. Eu sentia muita vergonha e não entendia o que ele fazia. Pediu à minha mãe que nos deixasse sozinhos", contou ela à TN.

Federico, de 22 anos, disse ter sido abusado em 2011 pelo médico quando estudava na ORT.

A estas denúncias, somou-se à de um sobrinho do médico, Gabriel, que hoje tem 44 anos e mora em Nova York. Ele contou que quando tinha 10 anos, seu pai morreu em um acidente de carro e que Cirulnik se tornou uma espécie de figura paterna e de confiança que abusava dele.

A pedido do Ministério Público de Goiás (MP-GO), o Tribunal de Justiça estadual (TJ-GO) determinou o bloqueio de R$ 50 milhões de contas pessoais do médium goiano João Teixeira de Faria, o João de Deus.

Segundo o MP-GO, o pedido foi atendido na noite desta quinta-feira (27). A defesa do médium disse não ter conhecimento da decisão.

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No pedido apresentado à Justiça, os promotores goianos pedem que R$ 20 milhões sejam destinados a reparar as eventuais vítimas de João de Deus, que é acusado de abusar sexualmente de mulheres que frequentavam o centro espírita Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). Os R$ 30 milhões restantes serão reservados a indenizar danos morais coletivos.

Só em uma mala encontrada num dos endereços de João de Deus, a polícia apreendeu R$ 1,2 milhão. No mesmo local, haviam ainda US$ 908 e 770 euros, além de pedras preciosas.

O médium está preso em caráter preventivo desde o último domingo (16), quando se entregou às autoridades policiais. Ele está em uma cela de 16 metros quadrados do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO).

Também nessa quinta-feira, o juiz Wilson Safatle Faiad, responsável pelo plantão no TJ-GO, converteu em domiciliar a prisão preventiva decretada pela posse ilegal de cinco armas de fogo apreendidas durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços associados ao médium. Mesmo com esta decisão, João de Deus permanece preso devido a outro mandado de prisão preventiva, decretado em face das acusações de crimes sexuais.

Denunciado por crimes sexuais, João de Deus garante ser inocente. Na quarta-feira (26), ao prestar depoimento no MP-GO, o médium disse aos promotores Luciano Miranda Meireles e Paulo Eduardo Penna Prado que nunca cometeu nenhum abuso contra frequentadores do centro espírita e que não se recordava das três mulheres em cujas denúncias os promotores se fixaram neste primeiro depoimento. O médium também afirmou que, ao contrário do que as vítimas afirmam, ele não atendia aos frequentadores do centro em ambientes separados do centro espírita.

Até a última quarta-feira, o MP-GO já tinha recebido mais de 600 mensagens de mulheres que afirmam ser vítimas do médium. Nem todos os contatos serão convertidos em inquéritos já que, além de avaliar a consistência dos relatos, os promotores precisam verificar quais deles caracterizam potenciais casos de abuso sexual, descartando aqueles que não passam de desabafos ou de denúncias em duplicidade.

Dos mais de 600 relatos recebidos por meio do endereço denuncias@mpgo.mp.br, dos telefones 62 3243-8051 e 8052 ou presencialmente, há, segundo o MP estadual, pelo menos 260 potenciais vítimas do médium, sendo que 11 delas residem no exterior: Estados Unidos (4), da Austrália (3), da Alemanha (1), da Bélgica (1), da Bolívia (1) e da Itália (1).

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou nessa quarta-feira (26) ao Supremo Tribunal Federal (STF), manifestação em que defende que o médium João de Deus permaneça preso.

Para a procuradora, a concessão de um habeas corpus "representa dupla supressão de instâncias do Judiciário, pois o mérito do Habeas Corpus apresentado pela defesa de João de Deus não foi analisado pelo Tribunal de Justiça de Goiás ou pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ)". O documento foi encaminhado ao presidente da Corte, ministro Dias Toffoli.

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A defesa dele espera que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprecie o pedido de liberdade apresentado depois que o Tribunal de Justiça de Goiás e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negaram os pedidos de liminar (decisão provisória) para que o acusado fosse liberado para responder ao inquérito em casa, usando, se necessário, tornozeleira eletrônica. João de Deus é acusado de ter cometido crimes de abusos sexuais contra mulheres que frequentaram a casa onde oferece atendimento espiritual. O Ministério Público apura mais de 250 casos. Ele nega as acusações.

Raquel Dodge ainda defende a manutenção da prisão preventiva, "já que a conduta prévia do investigado revelou risco de fuga e a intenção de dificultar as investigações". João de Deus está preso desde 16 de dezembro por ordem da Justiça de Goiás.

"Segundo Raquel Dodge, as provas revelam que houve movimentação financeira de vultosas aplicações bancárias e que João de Deus chegou a abrir mão de rendimentos para realizar saque imediato da conta. A PGR contesta ainda a alegação de apresentação espontânea de João de Deus à autoridade policial. Isso só aconteceu após a decretação da prisão preventiva e quando eram conhecidas as movimentações financeiras recentes", diz nota publicada pela PGR. 

A procuradora diz que manter a prisão é interromper a prática de mais crimes, intimidação de vítimas e testemunhas e impedir possível fuga.

Em sua tradicional mensagem de Natal à Cúria, o papa Francisco pediu na sexta-feira (21) aos padres que abusaram sexualmente de menores que se entreguem à Justiça. Em um dos discursos mais duros de todo o seu pontificado, ele destacou que a Igreja não esconderá mais os erros. "Àqueles que abusam de menores, eu diria isto: convertam-se e se entreguem à Justiça humana, e se preparem para a justiça divina", disse Francisco.

Ele admitiu que existem homens consagrados que "cometem abominações e continuam a exercer o seu ministério como se nada tivesse acontecido; não temem a Deus nem o seu juízo, mas apenas ser descobertos e desmascarados". O papa reconheceu que a instituição cometeu erros graves no passado e tratou muitos casos de abusos sexuais sem a devida seriedade e rapidez - e o combate a esse mal seria agora "opção e desejo de toda a Igreja Católica".

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"A Igreja nunca mais vai esconder ou subestimar os casos de abusos sexuais de menores cometidos pelos padres", afirmou. Ele prometeu "fazer dos erros passados oportunidades para eliminar este flagelo tanto da instituição quanto da sociedade em geral". "Que fique claro que, diante destas abominações, a Igreja não poupará esforços para fazer todo o necessário para levar à Justiça todo aquele que tiver cometido tais crimes. A Igreja jamais tentará silenciar ou não encarar seriamente nenhum caso", afirmou.

O forte discurso teve início com a afirmação de que "no atual mundo turbulento, a barca da Igreja viveu este ano e ainda vive momentos difíceis, sendo acometida por tempestades e furacões". "A Esposa de Cristo prossegue a sua peregrinação entre alegrias e aflições, externas e internas. Com certeza, as dificuldades internas continuam sempre a ser as mais dolorosas e destrutivas."

No fim da tradicional mensagem, o pontífice recordou que a força de toda e qualquer instituição não reside "em ser composta por homens perfeitos, mas na sua vontade de se purificar continuamente".

Fevereiro

Francisco convocou reunião extraordinária no Vaticano, de 21 e 24 de fevereiro, com os líderes de 110 conferências nacionais de bispos católicos, incluindo a CNBB, e dezenas de especialistas e líderes de ordens religiosas - para tratar de abusos sexuais. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A força-tarefa criada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) apurou denúncias de abuso sexual contra o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, em seis países. Possíveis vítimas procuraram o grupo para denunciar casos de abuso sexual, mesmo vivendo na Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, nos Estados Unidos e na Suíça.

Desde o dia 10, quando foi criado o e-mail para receber denúncias de vítimas, 335 mensagens e contatos por telefone foram atendidos. O e-mail específico para essa finalidade é o denuncias@mpgo.mp.br.

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De acordo com o Ministério Público, as denúncias se referem a possíveis vítimas que estão em Goiás, no Distrito Federal, em Minas Gerais e São Paulo, no Paraná e Rio de Janeiro, em Pernambuco, no Espírito Santo e Rio Grande do Sul, em Mato Grosso do Sul, no Pará, em Santa Catarina, no Piauí e Maranhão.

Também já houve levantamento do número de depoimentos coletados em outros estados. Ao todo, foram 30 colhidos pelos MPs de São Paulo, Minas Gerais, do Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Espírito Santo.

Reunião

No esforço de ampliar a integração da atuação do MP e da Polícia Civil no caso, o procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto, esteve com o delegado-geral da Polícia Civil, André Fernandes. Mais dois nomes serão incorporados à força-tarefa.

Um deles é o de uma promotora de Abadiânia, cidade goiana onde o médium presta atendimento espiritual, e outro é de uma delegada na força-tarefa criada pelo MP. O grupo era, até então, formado por cinco promotores e duas psicólogas da equipe do MP.

O procurador-geral de Justiça também encaminhou um ofício-circular aos procuradores-gerais de Justiça dos MPs estaduais e do Distrito Federal solicitando a designação de unidades de atendimento para coleta de depoimentos de possíveis vítimas do médium.

Uma importante operação da Europol, da qual agentes de mais de vinte países participaram, tornou possível identificar mais de 240 crianças vítimas de abuso sexual desde 2014 em todo o mundo, informou a agência de polícia criminal europeia nesta sexta-feira (26).

É a primeira vez que a Europol publica os números obtidos pelo grupo de investigação anual sobre a identidade das vítimas de abuso sexual. Nesta sexta-feira foi concluída a quinta operação deste grupo, que durou duas semanas.

Depois dessas investigações, a agência europeia "conseguiu identificar e salvar 241 vítimas no mundo" durante os últimos quatro anos, disse Fernando Ruiz, diretor do centro de cibercrime da Europol. "Noventa e quatro suspeitos foram perseguidos judicialmente em 28 países", afirmou Ruiz à AFP.

Este ano, 27 agentes de 21 nacionalidades diferentes participaram das investigações, incluindo agentes dos Estados Unidos e da Austrália. A AFP teve acesso ao coração do Centro Europeu de Luta contra o Cibercrime (EC3), no qual agentes analisam milhões de imagens de vídeo para encontrar evidências de abuso sexual.

Em seguida, eles alertam os países em que as vítimas e os agressores foram identificados. A Europol igualmente elogiou os esforços do público no sentido de fornecer informações sobre suspeitos e vítimas de abuso sexual através do website "Stop Child Abuse", promovido no ano passado pelo organismo europeu de polícia criminal.

O papa Francisco "implorou", neste domingo (26), "o perdão do Senhor" pelas agressões sexuais cometidas na Irlanda por padres católicos, no segundo dia de sua visita ao país.

"Imploro o perdão do Senhor por estes pecados, pelo escândalo e pela traição sentida por muitas pessoas na família de Deus", declarou o papa durante uma visita ao Santuário de Knock, a 180 km de Dublin.

Desde 2002, mais de 14.500 pessoas foram vítimas de abusos sexuais por membros do clero na Irlanda. A hierarquia da Igreja irlandesa é acusada de ter encoberto centenas de padres.

Várias investigações também revelaram práticas ilegais de adoção de crianças nascidas de mulheres solteiras, realizadas pelo Estado irlandês com a cumplicidade da Igreja Católica.

A magnitude desses escândalos explica em parte a perda de influência da Igreja sobre a sociedade irlandesa, historicamente muito católica, nos últimos anos.

"Nenhum de nós pode evitar sentir-se comovido com as histórias de crianças que sofreram abusos, que tiveram sua inocência roubada e que foram abandonadas a dolorosas lembranças. Isso nos desafia a ser firmes e determinados na busca da verdade e da justiça", disse o pontífice.

No sábado (25), em Dublin, o papa falou de sua "vergonha" e "sofrimento" diante do "fracasso das autoridades da Igreja" para enfrentar adequadamente os "crimes hediondos" do clero na Irlanda.

Antes de Francisco, Bento XVI, seu antecessor, escreveu em 2010 uma carta a todos os católicos irlandeses, reconhecendo a responsabilidade da Igreja nos abusos cometidos no país.

As autoridades da Igreja Católica chilena "poderiam e deveriam" ter evitado muitos abusos, acusou o presidente Sebastián Piñera, em sua primeira declaração pública sobre o escândalo.

"Poderiam e deveriam ter evitado muitos abusos e muito sofrimento de crianças chilenas, e isso também me entristece profundamente", disse Piñera em entrevista à Associação Regional de Canais de Televisão (Arcatel), divulgada neste sábado pela imprensa local.

"Também me entristece que muitas autoridades da Igreja católica tenham conhecimento desses fatos e, em vez de enfrentá-los com a verdade, por negligência, por prudência, por erros, ou pelo que seja, ocultaram esses fatos".

"Espero que isso seja uma profunda lição para a Igreja católica e digo isso com toda clareza e respeito como católico: a Igreja nunca deve acobertar um crime e muito menos quando são crimes de abuso sexual contra crianças", afirmou Piñera, na entrevista.

Esse foi o primeiro comentário público do presidente chileno sobre o escândalo de abusos sexuais que abala há meses a Igreja católica do país.

De acordo com um documento entregue pelo Ministério Público na segunda-feira, 158 bispos, padres e laicos foram, ou estão sendo, investigados por abusos sexuais no Chile desde 1960.

Até o momento, o MP relata 266 vítimas, 178 delas meninos, meninas e adolescentes que sofreram abusos sexuais por parte de membros ligados à Igreja católica. Mantém abertas 36 investigações, enquanto 108 já foram concluídas.

O arcebispo australiano Philip Wilson, que encobriu casos de pedofilia na Igreja e um dos eclesiásticos de mais alto posto na hierarquia católica envolvido neste tipo de escândalo foi condenado nesta terça-feira (3) a 12 meses de prisão.

Em maio, Wilson, 67 anos, arcebispo de Adelaide, foi declarado culpado de encobrir abusos cometidos nos anos 1970 pelo padre Jim Fletcher na região de Hunter (Nova Gales do Sul), ao não comunicar as denúncias contra o religioso.

Durante o julgamento, não se questionou que Fletcher, já falecido, abusasse sexualmente do coroinha Peter Creigh, mas, sim, o fato de Wilson, então um jovem padre, não ter feito nada a respeito quando foi informado.

O arcebispo negou todas as acusações, e seus advogados alegaram que ele sofria do Mal de Alzheimer para evitar o julgamento.

O tribunal de Newcastle condenou Wilson a 12 meses de prisão, sem possibilidade de progressão da pena antes de seis meses, mas o juiz Robert Stone suspendeu sua aplicação até 14 de agosto, para avaliar a possibilidade de detenção na residência de algum familiar do religioso.

Wilson foi pároco em Nova Gales do Sul antes de ser nomeado bispo de Wollongong, em 1996. Cinco anos depois, foi nomeado arcebispo.

Após ser declarado culpado, Wilson se afastou da Igreja mas manteve o título.

O número de abusos contra pessoas idosas diminuiu 2% em todo o estado de São Paulo. De acordo com informações do governo estadual, no ano passado foram registradas 7.155 denúncias pelo Disque 100 contra 7.284 em 2016. A administração do estado reconhece que com o baixo percentual de queda no índice de violência “ainda não há muito o que comemorar”.

Segundo o levantamento do Disque 100, 38% dos casos de abusos ocorrem por negligência, seguido por violência psicológica (27%) e abuso financeiro e violência patrimonial (18%).

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Para enfrentar os abusos contra pessoas idosas, o governo paulista informou que oferece uma ampla rede de serviços socioassistenciais, que realizam ações preventivas e atendimento a idosos em situação de violência, além de 56 Centros Do Idoso (CDI), 48 Centros de Convivência do Idoso (CCI) e mais 210 instituições estaduais de amparo em todo o estado. “É necessário incorporar o tema em toda a sociedade, a fim de se criar uma cultura para o envelhecimento com foco na garantia de direitos”, avalia o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Gilberto Nascimento.

 

 

Uma arquidiocese da Igreja Católica no estado americano de Minnesota fechou nesta quinta-feira (31) um acordo de 210 milhões de dólares com mais de 100 vítimas de abusos cometidos por integrantes do clero, após uma longa disputa judicial.

A arquidiocese de Saint-Paul e Mineápolis, que recorreram em 2015 à proteção da lei de falências, informou que o acordo deve responder a todas as demandas, terminar com o processo de falência e permitir a criação de um fundo financeiro especial para 450 vítimas.

"Os sobreviventes dos abusos podem esperar seus pagamentos assim que o tribunal aprovar o plano", disse o arcebispo Bernard Hebda.

"Estou grato por todas as vítimas sobreviventes que, corajosamente, se apresentaram", afirmou durante uma entrevista coletiva.

"Reconheço que os abusos roubaram muito de vocês... A Igreja os decepcionou, sinto muito".

As vítimas receberam a notícia do acordo com alívio, mas destacaram que as cicatrizes emocionais continuam.

"Este é um grande dia para todos nós e para todos os sobreviventes", afirmou Jamie Heutmaker.

O acordo foi possível graças a uma lei de Minnesota aprovada em 2013, que permite processar os supostos agressores em casos que já haviam prescrito.

O acordo encerra um dos mais longos processos de casos de abusos vinculados à Igreja Católica nos Estados Unidos.

Em 2012, analistas citaram no Vaticano a cifra de 100.000 menores de idade vítimas de abuso por milhares de membros do clero nos Estados Unidos, com alguns casos que aconteceram em 1950.

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