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A partir deste domingo (15), o Shopping Costa Dourada, no Cabo de Santo Agostinho, retoma a sua tradicional feira de adoção de animais. Realizado no corredor da entrada 1 do centro de compras, o evento é gratuito e contará com mais de 15 pets, entre cães e gatos, que precisam de um lar.

Os interessados na adoção devem apresentar um documento pessoal, comprovante de residência e ser maior de 18 anos. Além disso, passarão ainda por uma entrevista para conscientização de uma adoção responsável, evitando assim um novo abandono. Conhecida na região e realizada mensalmente no shopping, a ação surgiu através de uma parceria com a ONG Carinho Pet, que atua há mais de dez anos no Cabo de Santo Agostinho.

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Mônica Nascimento, presidente da ONG, conta como surgiu a iniciativa. "Com o grande número de animais abandonados, passei a oferecer abrigo em minha casa. Tratava, castrava e tentava a adoção. Foi assim que tudo começou. Atualmente contamos com uma sede que protege mais de 130 animais", explicou.

Devido à pandemia, Mônicarelata que os números de animais abandonados só aumentou, enquanto as doações que ajudam a manter o projeto diminuíram: "Antes da pandemia, em um só evento, 30 animais foram acolhidos. Atualmente, são adotados 12 pets por mês, e, no mês passado, apenas cinco. A alta demanda de adoção nos permite resgatar mais animais, pois recebo por semana de 60 a 80 alertas de animais abandonados que não temos como acolher".

Além da feira no Costa Dourada, é possível contribuir com o projeto através de apoio financeiro e divulgação da ONG pelo Instagram do Carinho Pet.

*Da assessoria

A semana do Dia Nacional da Adoção, celebrado em 25 de maio, faz um chamado à reflexão e ao combate ao preconceito sobre o ato de adotar. A data, que foi instituída em 2002, busca ampliar o debate sobre o direito de crianças e adolescentes à convivência familiar. De acordo com o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, existem 4.260 crianças e adolescentes disponíveis para a adoção no país, enquanto outras 32.863 pessoas aguardam o dia em que serão considerados seus tutores legais, ou melhor: pais e mães.

Mesmo em Pernambuco, estado que ocupou a sexta colocação entre as unidades federativas com maior número de crianças e adolescentes adotados em 2020, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os desafios ainda são muitos. A idade das crianças, por exemplo, permanece se estabelecendo como um gargalo nos processos de adoção.

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Quando a idade torna-se um obstáculo

Replicando um cenário que se repete nacionalmente, o estado tem 148 inscritos para serem adotados, destes, 69,5% têm mais de 9 anos, o que equivale a 103 meninos e meninas. No entanto, só 9,9%, ou seja, 67 dos 970 inseridos no Sistema Nacional de Adoção (SNA), aceitariam adotar crianças e adolescentes desta faixa etária. Segundo a juíza e secretária executiva da Comissão Estadual Judiciária de Adoção de Pernambuco (CEJA-PE), Hélia Viegas, um dos caminhos para a superação deste entrave é o Projeto Família, criado para promover a busca ativa.

“Há menos de dez anos, por exemplo, a grande maioria dos pretendentes se habilitavam somente para a adoção de crianças saudáveis, em regra, brancas, e com idade abaixo de seis anos. Graças a divulgação de projetos de busca ativa nas redes sociais, como o Projeto Família, que foi pioneiro no Brasil, e nos cursos de formação de pretendentes à adoção oferecidos pelas Varas da Infância e Juventude e também pelas reuniões mensais oferecidas pelos Grupos de Apoio à Adoção (Os GAAs), as pessoas interessadas a adotar passaram a ter mais familiaridade com o universo da adoção e com o público infanto-juvenil disponível para ser adotado”, explicou a juíza.

O Projeto Família, citado por Hélia Viegas, viabiliza a busca ativa de crianças e adolescentes sem pretendentes no Sistema Nacional de Adoção (SNA). Desde 2014, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), através de resolução, estabeleceu o prazo de 30 dias para que os juízes, a partir da inserção da criança e/ou adolescente no sistema, concluam a busca de pretendentes à adoção. Caso não consiga, o magistrado encaminha a documentação necessária para a CEJA-PE realizar a busca ativa de adotantes.

Com essa proposta, a partir de 2016, a Comissão instalou o serviço Busca Ativa no site do Tribunal, que contém lista das crianças e dos adolescentes incluídos no projeto e que, portanto, já são considerados possíveis adoções tardias. A Comissão também possui um perfil no Instagram e no Facebook para a divulgação da mesma listagem do Busca Ativa. 

“As crianças e adolescentes que são colocadas para adoção vêm de um contexto familiar desestruturado e, em regra, sofreram violações de naturezas diversas (negligência, violência psíquica e/ou física). A família adotiva é o caminho para garantir a essas crianças e adolescentes um ambiente familiar saudável e que lhes permitirá um desenvolvimento físico e emocional equilibrado”, complementa Viegas, destacando a importância da adoção para crianças e adolescentes de todas as faixas etárias.

A escolha do/a adotante

Segundo a secretária executiva da CEJA-PE, o principal elemento motivador para se filiar pela adoção, ou seja, tornar-se pai ou mãe, com o entendimento e maturidade para enfrentar os desafios impostos pela realidade, é o amor. O afeto pode significar a resiliência frente aos processos impostos pelo Judiciário, que buscam garantir a idoneidade do/a adotante e proteger as crianças e adolescentes de espaços insalubres.

“Na fase da habilitação para adoção (quando a pessoa ou casal interessado em adotar ingressa com o pedido de habilitação para adotar), haverá uma avaliação (entrevista, visita à residência), feita por equipe em regra, formada por psicólogo(a), assistente social e pedagogo(a), que avaliará a motivação e condições emocionais e financeiras para adotar”, explica a juíza. “Depois disso, já com o período de adoção iniciado, haverá o estágio de convivência, em que essa equipe interdisciplinar da Justiça verificará também a motivação para aquela adoção”, continua Hélia Viegas.

Entre requisitos para que a adoção aconteça, a idade é um fator decisivo. É preciso ter faixa etária mínima de 18 anos, e diferença de 16 anos entre a idade do adotante e o adotado. No caso de casais, será levada em consideração a idade do cônjuge mais velho. Quanto aos documentos, que estão previstos no artigo 197-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), faz-se necessário apresentar um atestado de sanidade física e mental para prosseguir com a adoção.

“A orientação sexual é uma questão irrelevante no processo. Embora não prevista expressamente na legislação, já foi superada por nossa jurisprudência. O que é importante, do ponto de vista do requisito subjetivo, é o preparo emocional para adotar, ou seja, a motivação genuína, juntamente com o equilíbrio emocional para que a filiação ocorra”, finaliza.

Rede de apoio

Além de estar munido de toda a documentação exigida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), também é determinado ao processo de adoção em Pernambuco que o interessado em tornar-se pai ou mãe faça o curso de pretendente à adoção. Um detalhe importante, como reitera a juíza Hélia Viegas, é que no Recife, pela 2° Vara da Infância e da Juventude da Capital, também é exigido o comprovante de participação em, pelo menos, quatro encontros em Grupos de Apoio à Adoção (GAAs).

Segundo a magistrada, “o curso preparatório é essencial para o amadurecimento da proposta de filiação pela adoção, conhecimento do universo da adoção e do perfil disponível para ser adotado em nosso país”. Atento à nova realidade da pandemia, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) segue realizando, desde julho do ano passado, os cursos de preparação para a adoção no formato de Ensino à Distância (EAD). Para participar do curso, os pretendentes interessados devem procurar a vara de suas comarcas e solicitar a sua inscrição na formação. 

Para Tatiana Valério, fundadora e voluntária do Grupo de Estudo e Apoio à Adoção do Vale do Ipojuca (GEADIP), que existe desde 2008, os GAAs são espaços fundamentais para que “a palavra adoção seja naturalizada e preconceitos sejam quebrados, dando lugar a uma nova cultura de adoção”. De acordo com ela, as trocas de experiências que acontecem nos Grupos de Apoio são essenciais no processo de adaptação da família: tanto para os filhos quanto para os pais.

“Houve uma época em que a adoção era vista como uma filiação de menor valia e sem garantias de direitos para os filhos e filhas por adoção. Mas graças ao trabalho de muitos militantes e famílias adotivas, esse instituto evoluiu e hoje a adoção é uma forma autêntica e legal de filiação e parentalidade”, destaca Tatiana. A ativista também ressaltou que o período pandêmico uniu os Grupos de Apoio à Adoção do estado, promovendo também uma maior aproximação do TJPE e da Comissão Estadual Judiciária de Adoção de Pernambuco (CEJA-PE).

Ansiedade e idealizações

A atuação de profissionais de psicologia nas equipes do Judiciário tem relação com a necessidade de garantir que o processo de adoção se dará de maneira assertiva para ambas as partes, adotante e adotado. É nesta perspectiva que a psicóloga Aline Santana, especialista em adoção, classifica a filiação como “um processo não apenas judicial, mas também psicológico e afetivo”.

Aline Santana destaca os impactos da ansiedade e alerta para os perigos de idealizações exacerbadas no processo de adoção. “A ansiedade de quem pretende adotar pode fazer com que a pessoa pare de olhar com uma lente consciente para o que é realmente o processo. E é um processo de filiação, é uma maneira de formar uma família, mas também existem particularidades que precisam ser olhadas com responsabilidade”, orienta. 

“Essa criança que vai chegar não vai corresponder muitas vezes a esse 'ideal'. E se a pessoa está tomada pela ansiedade, ela vai ignorar esses fatos. O que acontece, na maior parte dos casos, é que o filho ou a filha não vem de acordo com essas projeções que estão muito distantes do mundo real. Todo mundo cria expectativas, mas eu costumo dizer que esse sentimento precisa estar o mais próximo do real possível”, continua.

Sobre a vinculação afetiva, a psicóloga observa que a presença do medo nesta etapa é bastante comum, ressaltando, sobretudo, que não existe fórmula mágica, mas sim o exercício constante da paciência e disposição para que os laços se aprofundem. “Eu não diria que o medo da vinculação é fruto da desinformação, mas posso assegurar que a crença de que o afeto virá de maneira rápida e instantânea, sim”, complementa.

Família completa

Após dar entrada no processo de adoção no TJPE, apresentando os documentos solicitados e após realizar o curso de pretendentes à adoção, a vara tem um prazo legal de até 120 dias (podendo ser excepcionalmente prorrogado por mais 120 dias) para sentença do juízo determinando a habilitação ou não do adotante no Sistema Nacional de Acolhimento (SNA). Na chamada “fila de adoção”, quando a pessoa já é considerada apta para o processo, será levada em consideração a regra cronológica de inscrição no cadastro nacional (SNA), além de outros critérios que abrangem a disponibilidade de crianças ou adolescentes nos perfis traçados pelos futuros pais ou mães.

Para Éden Figueiredo, de 54 anos, o final feliz aparece em uma foto da família completa. O cirurgião dentista é também diretor do GEAD Recife e coordenador do GAFA, ambos Grupos de Apoio à Adoção, e define-se como “pai por adoção” de dois meninos.  “Enquanto um casal homoafetivo, desde o momento da decisão de ampliar a família, nós só traçamos a adoção como uma possível via de chegada aos nossos dois filhos. Como sempre agimos de acordo com o que nos foi permitido juridicamente, não tivemos medos, porque sabíamos dos nossos direitos e desde o início participamos de grupos de apoio à adoção”, conta Éden.

O cirurgião dentista Éden Figueiredo, o marido, e os dois filhos                              Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

O processo que resultou no aumento da família durou, de acordo com o dentista, dois anos e meio. “Pernambuco, com ênfase no Recife, pode ser encarada como uma vitrine de excelência. Da Vara da Infância e Juventude até os grupos de apoio, todos foram parceiros no processo, que foi de 1 ano para a entrada no SNA (Sistema Nacional de Acolhimento), e mais 1 ano e meio à espera dos nossos filhos”, destaca. Eden também citou o acompanhamento de assistentes sociais e psicólogos durante o período de convivência com as crianças.

Quando perguntado sobre a sensação de conhecer os filhos, o pai dos meninos relembra o “coração acelerado”, em um dia que classifica como “indescrítivel”. Sobre o processo de vinculação, Eden é categórico: “É preciso estar presente, disponibilizando tempo, empatia, equidade, respeito, confiança e dedicação. Somos uma família como qualquer outra, a adoção foi ‘só’ uma via da chegada de nossos filhos”.

Para saber mais sobre a adoção, acesse o site da Coordenadoria da Infância e Juventude.

Bruna Marquezine aumentou o 'fofurômetro' da internet, nesta terça-feira (20), ao surgir com uma gatinha. A atriz e o namorado, Enzo Celulari, resolveram juntos adotar o animal de estimação. Bruna encantou os seguidores da plataforma com as fotos de Mia Marquezine Celulari. Após ver a postagem da amada, o filho de Edson Celulari e Claudia Raia brincou: "Coisa mais linda nossa filha. Puxou a mãe, graças a Deus".

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A publicação de Bruna também chamou atenção de Maisa, Fernanda Souza, Mariana Xavier, Fiorella Mattheis, Sandy, Luísa Mell, Carol Castro, entre outras famosas. O conteúdo postado teve mais de 800 mil curtidas. Na última semana, Bruna Marquezine abriu o coração para homenagear Enzo. Ela compartilhou um texto para celebrar o aniversário do rapaz.

"É claro que ao invés de virar tudo do avesso, como as paixões avassaladoras dos filmes, você me ajudaria a botar cada coisinha no seu devido lugar e me ensinaria que isso é melhor do que qualquer roteiro de cinema. É claro que você tinha que me mostrar o quão leve pode ser o amor. É claro que tinha que ser você. Feliz aniversário, amor meu. Seja muito muito feliz. Se possível, comigo, é claro", escreveu Bruna. Os dois assumiram o namoro recentemente.

Nove meses depois de serem devolvidos ao abrigo pela atriz Claudia Ohana, os cachorros Thor e Tigrão ainda aguardam pela adoção. A ONG Projeto Toca do Bicho, do Rio de Janeiro, publicou nas redes sociais que os animais estão tristes desde a devolução e fizeram um apelo para que eles possam encontrar novos tutores.

Os cães foram adotados pela atriz no início de 2020, e devolvido em junho, pois ela alegou não ter condições de oferecer os cuidados que eles necessitavam. De acordo com o post feito no perfil da ONG no Instagram, na última sexta-feira (26), não houve mais interesse pela adoção de Thor ou Tigrão desde que eles voltaram ao abrigo. "Os dois entraram em depressão. Não entendiam o que estava acontecendo, o porquê de estarem no abrigo", diz a publicação.

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Segundo o abrigo, a devolução por parte da atriz implicou em consequências para a vida dos animais. "Thor ainda brinca, faz uma gracinha, mas Tigrão continua triste, e quando algum humano chega perto ele fica num canto, acuado", explica a publicação da ONG. O Projeto Toca do Bicho também afirma que a chances de eles serem adotados diminuem à medida em que permanecem para adoção e por serem cães de porte grande, pois muitas pessoas preferem animais pequenos ou filhotes.

Na época do ocorrido, a atriz Claudia esclareceu os motivos que a levaram a devolver os animais. Ela alegou que os pets não a obedeciam e estavam destruindo a casa. Também afirmou que ela estava com dores na coluna, o que a impossibilitava de andar. A atriz também declarou que durante a pandemia não conseguiria levá-los para fazer exercícios ao ar livre.

Por Isabela de Paula

A campanha "Baby, Me Leva!", realizada em Suzano (SP), tem utilizado as redes sociais para divulgar animais de estimação à procura de um lar durante a pandemia. O projeto, fundado por um petshop no início do ano, tem disponível para adoção dez cães e três gatos. 

A ação já encontrou lares para 14 pets. Dos encaminhados para adoção, nove cães e um gato foram resgatados pelo setor de Bem-Estar Animal da prefeitura, e quatro cachorros estavam aos cuidados da ONG Amparo Animal.

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A seção de Bem-Estar Animal do município tem uma cadela e três gatos, dois machos e uma fêmea, em busca de um lar. Os interessados podem marcar data e horário para conhecer os pets por meio dos números (11) 4749-3943 ou (11) 4745-2055.

A ONG Amparo Animal, associação parceira de protetores de animais, tem nove filhotes de cães disponíveis para adoção. Os futuros tutores podem entrar em contato no (11) 97160-3081 para mais informações.

Todos os pets acolhidos pelos programas de adoção da cidade são divulgados no Facebook e Instagram da Prefeitura de Suzano. Moradores de outras regiões também podem participar do processo de acolhimento dos animais.

Por Thaiza Mikaella

Após perder a guarda da filha adotiva nessa quinta-feira (25), a família de Vivi, de apenas nove anos, conseguiu um habeas corpus e permanece com a criança até novo julgamento no Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Após aguardar anos na fila e cumprir os trâmites de adoção, a família a retirou de um abrigo, o qual ela havia sido acomodada por sofrer maus-tratos dos parentes biológicos.

A desembargadora Maria das Graças Silva Albergaria dos Santos Costa, da Vara de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), retomou a guarda de Vivi para a avó paterna. Ela mora com o pai biológico da garota, que cumpre prisão domiciliar devido à Covid-19, por envolvimento no assassinato do próprio pai, avô da criança. A mãe fugiu após o crime.

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A determinação de reinserir a criança na família biológica após seis anos foi duramente criticada por juristas, organizações de apoio à adoção e, inclusive, pela própria ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

Com duas decisões negativas no TJMG, a batalha judicial foi elevada ao STJ e a família propõe que, caso não consiga a guarda definitiva na instância, vai levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). Eles alegam que a legislação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi desrespeitada e o bem da criança está sendo negligenciado.

Os pais Carolina e Manuel advertem que a postura da Justiça enfraquece o processo de adoção no Brasil. Para mobilizar a população em apoio à causa, eles levantaram um abaixo-assinado virtual com objetivo de recolher 500 mil assinaturas. Até o momento, mais de 351.500 mil pessoas já se cadastraram.

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Após nova posição desfavorável do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), os pais adotivos da pequena Vivi, de apenas nove anos, vão recorrer ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Acolhida há seis anos, nessa quinta-feira (25) a Justiça determinou que a criança deva retornar para a casa da avó biológica.

Os pais adotivos, Carolina e Manuel Bella, classificam a determinação como ‘monstruosa e absurda’, e indicam que podem acionar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para investigar a atuação da desembargadora Maria das Graças Silva Albergaria dos Santos Costa, da Vara de Infância e Juventude. Eles ainda estão com a filha por meio de uma liminar, que pode ser derrubada a qualquer momento.

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"Ao não rever seus erros e contrariedades, o TJMG pode destruir a vida de uma criança. Toda a comunidade adotiva está sofrendo, porém a luta não vai parar. Vivi é sujeito de direito e deve ser ouvida!", posicionaram-se nas redes sociais.

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De acordo com a Associação dos Grupos de Apoio à Adoção de São Paulo (AGAAE-SP), apesar do recurso tentar esclarecer "pontos obscuros, contraditórios ou omissos da decisão", os advogados do casal não tiveram direito de fala concedido pela desembargadora. A defesa já trabalha em um recurso frente ao STJ e não descarta a possibilidade de levar o caso ao Supremo Tribunal de Federal (STF).

Eles adotaram a menina em 2015, quando ela tinha só dois anos e havia sido abandonada em um abrigo por maus-tratos. No mesmo ano, a avó biológica pediu a guarda da menina, mas o direito só foi concedido em segunda instância, no fim de 2020. Com apoio de parte da classe jurídica e da ministra Damares Alves, a família adotiva promoveu atos de mobilização e criou um abaixo-assinado com mais 350 mil cadastros, mas o recurso impetrado foi negado na sessão.

Nesta quinta-feira (25), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) negou o recurso apresentado pela família adotiva da pequena Vivi, de 9 anos, que hoje vive em Belo Horizonte. Após essa decisão, a criança pode ser entregue à avó biológica a qualquer momento.

Vivi foi retirada de sua família biológica aos dois anos de idade por maus-tratos. Ela viveu em um abrigo por um ano, até ser adotada pelo casal Carolina e Manuel. 

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No dia 20 de novembro, o TJMG já havia decidido, em segunda instância, que a criança fosse entregue à avó paterna. Os pais adotivos entraram com recurso - que foi negado na tarde desta quinta-feira (25). 

"A mesma Justiça que me filtrou várias vezes, que me fez várias entrevistas, que eu tive que contar para ela coisas da minha intimidade, pode me conceder legalmente a criança e depois, lá para frente, depois de anos, de ter entranhado os afetos, essa mesma Justiça parece que tem um lapso de memória, um Alzheimer, e resolve tomar, é isso?", havia questionado Carolina antes da negação do recurso.

Retirada da família biológica por maus-tratos aos dois anos de idade e abandonada em um abrigo por um ano, Vivi só teve seu amor correspondido ao escolher o casal Carolina e Manuel. Aos nove anos recém-completados, os últimos seis foram de convívio acolhedor ao lado dos pais adotivos. Nesta quinta-feira (25), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) julga se a criança deve voltar para a casa da avó biológica. A inconsistência da eventual decisão é caracterizada pelo apoio da ministra Damares Alves e o abaixo-assinado #FicaVivi, que possui mais de 300 mil assinaturas.

Nessa quarta (24), uma carreata atravessou as ruas de Belo Horizonte com destino à sede do Tribunal, para mobilizar tanto a Justiça, quanto a sociedade civil sobre o drama de perder a única filha. O que ainda é mais grave pelo fato do casal ter atravessado toda a burocracia do processo de guarda. "É uma pancada muito forte. Não é uma pancada numa criança ou em uma família. Ela é uma pancada no 'universo da adoção', especialmente sobre aqueles que ainda estão ansiosos pelos seus filhos", afirmou a mãe adotiva Carolina. Ela acrescentou que todo sistema de adoção foi impactado pela instabilidade gerada com o caso da filha.

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A postura da Justiça fragiliza até mesmo as determinações do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que preza pelo melhor interesse do menor e garante sua capacidade legal de defesa. "A mensagem é de total insegurança jurídica. A mensagem deixada é de que a adoção é frágil. Ela não acontece por causa do fator sanguíneo apenas [...] quer se privilegiar o biologismo em detrimento ao melhor para a criança", considera o pai Manuel.

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Enquanto esteve em um abrigo, Vivi chegou a ser oferecida à avó, que recusou a guarda. O pai biológico cumpre pena domiciliar por envolvimento na morte do próprio pai e a mãe fugiu. "Quando nossa filha veio e o processo deu sentença na questão da destituição do poder familiar, aí começou de uma maneira mais vibrante a procura dessa avó", lembra o pai, que pontuou sobre a Ação de Destituição do Poder Familiar (ADP), proposta em 2014, e a decisão provisória contrária aos interesses da família adotiva, em novembro de 2020.

"A mesma Justiça que me filtrou várias vezes, que me fez várias entrevistas, que eu tive que contar para ela coisas da minha intimidade, pode me conceder legalmente a criança e depois, lá para frente, depois de anos, de ter entranhado os afetos, essa mesma Justiça parece que tem um lapso de memória, um Alzheimer, e resolve tomar, é isso?", questiona Carolina.

Com o apoio de mais de 343.200 pessoas, a luta da família Bella foi levada à Câmara Federal e defendida pelo procurador de Justiça do Rio de Janeiro, Sávio Bitencourt, e pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. "Conte com o poder Executivo, conte com nosso apoio e que a gente caminhe deixando esse legado para o Brasil. Recebam meu abraço, e a todos os pais: 'não desista'. Nós vamos ter a garantia e a segurança jurídica do processo de adoção", reforçou a representante do Governo Federal.

"Os laços biológicos não são suficientes para garantir as relações afetivas e sociais", pontua a docente em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Karina Moutinho. Mesmo com a incógnita sobre a reação de Vivi caso haja a ruptura, a professora sugere que ela precisa ser ouvida e apresente sua vontade ao longo de todo processo. "Esse caso é mais complexo porque ela vinha na plenitude do desenvolvimento por ter sido acolhida por essa família. Toda a referência estava ali com ela", complementou.

Para a ex-presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad) e mestra em psicologia, Suzana Schettini, Vivi e os pais adotivos vão sofrer graves consequências caso a separação seja oficializada. "Erros judiciais à parte não podem trazer outro erro humanitário grave, que seria arrancar a menina da sua família [...] tirá-la abruptamente e enviá-la para uma família estranha seria horrível. Poderia trazer sequelas psicológicas incomensuráveis e até gerar a morte psíquica dela. Não sei como ela se recuperaria de um choque desses", avalia.

O ator Reynaldo Gianecchini, que atualmente pode ser visto na reprise da novela Laços de Família, contou uma novidade aos seguidores do Instagram. O galã da Globo disse aos internautas que adotou uma cachorra. Ele batizou a cadelinha de Sara. "A família cresceu! Conheçam a Sara, que chegou doce, elegante e tão tímida, que escondeu a cabeça atrás do pé da mesa, mas agora já está se sentindo a dona da casa", escreveu.

"Já vinha pensando um tempo nisso e quando soube através da OMS que hoje no Brasil existem mais de 4 milhões de animais morando em abrigos a espera de um lar não tive dúvidas", completou. Gianecchini também explicou que o animal foi abandonado e encontrado em situação de risco junto da mãe e dos irmãos ainda filhotes.

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Resgatada por uma instituição que cuida de animais abandonados, a cachorra já chegou na casa de Reynaldo Gianecchini castrada. "Agora ela tem uma família. A minha família!", declarou.

Veja:

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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de animais abandonados ultrapassa a marca de 30 milhões, sendo 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Em cidades grandes, para cada cinco habitantes existe um cachorro; já nos pequenos municípios, o número de abandono chega a ser de 1/4 da população.

Diante dessa realidade, algumas pessoas se comovem com a situação e, sempre que possível, resgatam os animais abandonados na tentativa de dar-lhes um lar. A autônoma Tayanne Torres, 28 anos, do Rio de Janeiro, resgata animais desde a infância e, durante os socorros, já contou com o auxílio da polícia, de bombeiros e desconhecidos. O último resgate feito por Tayanne foi no ano passado, quando salvou o cão Sereno, de 3 meses. "Ele estava repleto de sarnas, sem um pelo no corpo, anêmico, com carrapato e verminose. Estava abandonado numa comunidade na Penha [RJ] para morrer. E, mesmo em um local movimentado, ele ficou dias na rua até ser resgatado por mim", relata Tayanne.

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A autônoma Tayanne Torres com a cachorra Serena | Foto: Arquivo Pessoal

Para a autônoma, animais abandonados são um problema de saúde pública, de responsabilidade do Estado e dos cidadãos. Quando os resgata, ela sente que fez a parte dela. "Cada história com final feliz é a sensação de missão cumprida e de estar contribuindo para um mundo melhor", conta Tayanne.

Sempre que encontra um novo lar para os animais abandonados, Tayanne busca conhecer a família que se responsabilizará pelo pet. "Também redijo um termo de posse responsável e faço acompanhamento pós-adoção, onde recebo fotos e notícias do animal por toda sua vida. Sempre repito aos adotantes que o novo membro da família é 'guarda compartilhada' comigo pra sempre, pois sempre estarei presente na vida deles", comenta.

A servidora estadual Ana Paula Dantas, 48 anos, do Rio de Janeiro, já resgatou mais de 100 animais. Ela lembra com muito carinho do gatinho Toffe, que encontrou em 1998, enquanto procurava um apartamento para alugar. O animalzinho já não abria mais os olhos e tinha o rosto, as orelhas e a cabeça tomados por sarnas. "Na época, eu não sabia o que era e comecei a chorar pensando que tinham feito alguma maldade com ele. Não pensei duas vezes, o peguei no colo e fui para uma clínica", recorda.

A servidora estadual Ana Paula Dantas com cão Hulk | Foto: Arquivo Pessoal

Segundo Ana Paula, mudar o destino de um animal é uma experiência que não pode ser descrita em palavras. "Todos nós temos esse poder. Infelizmente, a maioria das pessoas prefere empurrar a responsabilidade para outras. Falta atitude e interesse em ajudar", destaca a servidora estadual.

Para escolher a nova família dos animais resgatados, Ana Paula analisa com muito cuidado os futuros tutores e só autoriza a adoção para aqueles com quem ela conviveria. "Na maioria das vezes, crio um vínculo com a família de maneira natural. Outras vezes, são adotados por famílias que já são amigas minhas", afirma.

Se por um lado diversos segmentos econômicos tentam superar as perdas acumuladas durante a pandemia, crise não é sinônimo de complicação para o mercado dos animais de estimação. De acordo com o Instituto Pet Brasil, o setor deve movimentar cerca de R$ 37,5 bilhões na economia do país até o fim de 2020. O número representa alta de 6% na comparação com o total de 2019.

A elevação do mercado se dá tanto pela abertura de estabelecimentos direcionados aos pets, como pela alta demanda das adoções de bichos de estimação durante a pandemia. Segundo o censo do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), as instituições que atuam no intermédio do processo de adoção de animais abandonados apresentaram aumento de 260% nos acolhimentos entre março e setembro de 2020.

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A adoção de um animal de estimação foi o presente antecipado de Dia das Crianças da assistente financeira Camila Escani, 39 anos, para o filho Miguel. Além de fazer a alegria do menino, a família também acabou com o sofrimento do cão. Caramelo foi resgatado depois de sofrer maus-tratos, ganhou uma casa e carinho. "Achamos a foto do Caramelo em um grupo de adoções do Facebook. Ele sofreu violência e estava em uma casa acolhedora. Falamos com a responsável, respondi algumas perguntas e fomos buscá-lo", conta Camila.

Miguel ganhou a companhia do cão Caramelo durante a pandemia | Foto: Arquivo Pessoal / Camila Escani

Embora Caramelo ainda sobra com os traumas da violência, Camila afirma que a felicidade na relação entre o cachorro e Miguel contagiou a casa toda. "Trouxe mais alegria. Ele espalha brinquedos pela casa toda, é muito carinhoso, o companheiro de todos", exalta a assistente financeira. Ela também destaca o preparo da família para receber o novo morador. O orçamento precisou subir para investir no conforto do animal com comida, acessórios, banhos, passeios e muita diversão. "A partir do momento que adotamos um pet, temos que pensar no bem estar dele", complementa.

Desejo antigo

Já no novo lar de Rafaela Lima, 29 anos, a vontade antiga de ter um bicho de estimação tornou-se realidade há cerca de um mês. Ela decidiu adotar a Milk depois de deixar a casa dos pais e ir morar com o marido, Elcinho, e a filha, Isabella. "Meus pais sentiram muita dor quando perderam o [cão] deles e não queriam passar por isso de novo. Então, eu e meu marido decidimos que quando tivéssemos nossa casa iríamos adotar um cachorrinho", lembra.

Segundo Rafaela, o processo para adoção demorou cerca de 30 dias, e a cadela, enfim, conquistou o coração dos novos tutores. "Fiquei meses seguindo um abrigo de cães de Mairiporã [região metropolitana de São Paulo] na internet, namorava todas as fotos que eles publicavam. Depois que decidimos solicitar a adoção, aguardamos ser aprovados e, quando fomos visitá-los, vimos a Milk. Foi amor à primeira vista", conta.

Rafaela Lima, com o marido e a filha, alegres pela adoção da pet Milk | Foto: Arquivo Pessoal

Segundo Rafaela, que está desempregada, a família despendeu de valores altos na primeira semana pós-adoção. "Gastamos bastante, pois tivemos que comprar casinha, ração, brinquedos, potes de alimentação, shampoo. Ela tomou uma medicação de alergia, vacina. É uma despesa a mais na casa", relata. O financeiro, no entanto, fica em último plano, pois, para a Rafaela, não há dinheiro que pague o que Milk trouxe para a casa. "A energia da casa mudou, ficamos mais felizes, menos estressados e, quando estamos meio para baixo, é só ir até o quintal que todo baixo-astral vai embora", comenta.

Segundo dados do Sindan, tutores gastam, em média, R$ 224 mensais para manter o conforto dos cães. 

Análise do mercado

Para Leonardo Brandão, coordenador da Comissão de Animais de Companhia do Sindan, um dos fatores preponderantes para o crescimento do mercado pet é a relação de cuidado dos tutores com os animais, que mudou nos últimos 20 anos. "Temos o segundo mercado pet do mundo, e a tendência é que isso siga dessa forma nos próximos anos", comenta o especialista. "Para o mercado de medicamentos para animais de companhia, nossa expectativa é de um crescimento de 6%. Isso é inferior à média histórica, mas ainda assim é considerada uma perspectiva boa, quando entendemos os desafios que tivemos ao longo do ano", explica.

Ainda segundo Brandão, outra vantagem é que os animais de estimação estão presentes tanto em casas de bairros de elite quanto nos mais pobres. Seja qual for a classe social, os cuidados com os animais são os mesmos. "De modo geral, há pouca diferença na penetração dos pets nos lares em relação às classes sociais. Podemos dizer que os pets já conquistaram os lares de famílias de todas as classes de forma muito parecida", declara.

O censo nacional da Comissão de Animais de Companhia do Sindan, em 2019, apontou que 53% das famílias brasileiras tinha, ao menos, um cachorro ou um gato. Segundo o levantamento, são 54 milhões de cães e 30 milhões de gatos domésticos em todo o Brasil.

Ter, em casa, a companhia de um animal doméstico pode representar, para muitos, uma forma de espantar a solidão que afeta boa parte da população em meio à pandemia e ao isolamento social dela decorrente. Essa tendência tem sido percebida nos últimos meses, segundo especialistas consultados pela Agência Brasil.

A adoção de um pet, no entanto, requer alguns cuidados. Principalmente para evitar uma outra tendência também percebida desde a chegada da covid-19: o aumento do número de animais abandonados – algo que poderia ser evitado caso a pessoa tivesse consciência das responsabilidades que existem por trás da adoção de um animal doméstico.

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A influência da pandemia na relação das pessoas com seus pets foi percebida pelo Centro de Zoonoses do Distrito Federal, segundo o gerente de Vigilância Ambiental de Zoonoses, Rodrigo Menna Barreto. De acordo com o médico veterinário, entre janeiro e setembro de 2020 o número de adoções de animais registrados pela Gerência de Vigilância Ambiental e Zoonoses (Gvaz) foi maior do que o dobro do registrado em todo o ano anterior, quando a pandemia não havia ainda chegado ao país.

“Observamos que aumentou o número de pessoas que adotaram cães e gatos,  341 no período de janeiro a setembro de 2020 em relação a 168 animais doados em todo o ano de 2019”, disse referindo-se ao trabalho de doação que é feito em parceria com ONGs, Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e voluntárias da zoonoses do DF.

Menna Barreto acrescenta que, em 2019, 669 cães e gatos passaram por observação no canil da Gvaz. “Só no período de janeiro a setembro de 2020, já observamos 660 animais, número que aumentará pois ainda faltam três meses para o fim do ano”, disse ao ressaltar que a Gvaz não recolhe animais com proprietários, a não ser que haja alguma suspeita de que ele seja portador de alguma doença como raiva ou leishmaniose, de forma a oferecer risco à saúde pública. A Gvaz pode atuar também em casos onde, comprovadamente, os animais tenham agredido alguém.

O gerente do Centro de Zoonoses explica que muitas das aquisições, recolhimento e adoções de cães e gatos ocorrem por impulso, comoção ou até mesmo modismo. “Alguns dos que adotaram para companhia no período de isolamento acabaram chegando à conclusão que não querem pets, após perceberem que esses animais precisam de atenção, carinho e cuidados veterinários, o que gera um custo às vezes inviável para quem tem orçamento apertado. Diante dessa situação, muitos acabam optando por abandonar o animal”, disse.

Lado bom e lado ruim

Médica veterinária especializada em felinos e cirurgia, Natássia Miranda identificou mudanças “tanto para o lado bom como ruim” na relação das pessoas com seus pets após a pandemia ter chegado ao país. “Animais que viviam muito sozinhos, principalmente os cães, se mostraram muito mais felizes com a presença dos donos em situação de teletrabalho. Afinal, cães vivem em matilhas e se sentem melhores com companhia”, explica.

“Porém, alguns gatos se mostraram nitidamente incomodados devido à mudança na sua rotina. E, se tem uma coisa que o gato não gosta, é de mudança na rotina. Isso acaba influenciando na alimentação, ingestão hídrica e até mesmo na eliminação de urina e fezes, trazendo problemas importantes de saúde”, acrescentou.

Na avaliação de Natássia, o aumento no número de animais abandonados é explicado, em parte, pelos problemas econômicos pelos quais o país vem passando, acentuados com a chegada da covid-19. “Com a pandemia, aumentou o problema de desemprego e muitas pessoas tiveram dificuldade financeira para manter seus animais e, infelizmente, optaram pelo abandono. Tivemos vários casos de animais largados no meio da rua ainda com coleira no pescoço; gatas recém paridas com os filhotes abandonados em parada de ônibus; cão amarrado em poste com casinha e potes de água e comida ao lado”.

Cães de rua

Atuando há 3 anos com resgate, acolhimento, tratamento, castração e encaminhamento de cães de rua a famílias em condições de adotar um animal doméstico, a ONG Toca Segura acompanha de perto esses animais em suas novas vidas, com novas famílias, de forma a evitar que corram riscos de serem maltratados ou abandonados.

De acordo com a relações públicas da ONG, a advogada Danielle Mansur, muitas pessoas têm usado a pandemia como desculpa para abandonar seus pets quando, na verdade, a motivação para essa “atitude criminosa” é apenas a constatação posterior de que ter um animal doméstico é algo que dá trabalho e requer muita atenção.

“O que temos visto é que a solidão ficou mais aflorada. E nesse cenário de pandemia, a companhia de um pet ameniza a dor e a solidão do isolamento social. Vimos que quem já tinha um pet buscou o segundo. Ou seja, quem já tinha uma boa relação com os animais passou a valorizar ainda mais esse tipo de companhia, evidenciando ainda mais o amor que sente por animais”, disse.

“Mas houve também aumento no número de abandonos, uma vez que é grande o número de filhotes encontrados sem mãe. Particularmente, acho que a pessoa que abandona já tinha essa intenção, e usou a pandemia ou o desemprego dela decorrente apenas como desculpa”, acrescentou.

Adoção

Para garantir que o trabalho da Toca Segura seja, de fato, positivo, e resulte em uma “adoção bacana para os animais”, a ONG só conclui o processo de adoção após entrevistas e visitas – inclusive surpresas – aos candidatos a papais e mamães de pets.

“Nosso projeto de vida é fazer com que as pessoas entendam as consequências de suas ações com relação aos pets, para que tenham responsabilidade com os animais e para que reflitam sobre a presença deles em suas vidas”, explica Danielle Mansur.

“Queremos que [os pretendentes à adoção de um animal doméstico] entendam que cachorro não é remédio para depressão nem para pé na bunda ou coração partido. Cachorro também não é remédio para criança malcriada. Quando você traz um cão para a sua vida, não é para curar as suas próprias feridas, mas para oferecer a ele mais do que ele oferece a você. Se você está com problemas psicológicos, busque ajuda profissional. Não um animal de estimação”, argumenta a relações públicas da ONG.

Recomendações

Entre as recomendações de Menna Barreto àqueles que pretendem adotar um animal de estimação está a de, antes, amadurecer bem a ideia e levar em consideração o fato de que terá uma companhia pelos próximos 10 anos. “É um planejamento a longo prazo e uma responsabilidade muito grande com um animal que, assim como as pessoas, necessita de cuidados especiais nos primeiros meses de vida; de visitas regulares ao médico veterinário; de vacinas e vermífugos, entre outras coisas”.

A médica veterinária Natássia Miranda ressalta que “criar um animal não se baseia apenas em ter amor”, referindo-se aos riscos que enxergar o animal apenas como uma fonte de afeto podem implicar. “Há que se levar em consideração o fato de que essa decisão abrange questões que vão muito além de tudo isso”.

“Eles precisam de cuidados tanto quanto precisam de amor. Uma alimentação adequada é muito importante, uma vez que restos de comida podem prejudicar os animais com o tempo, pela falta de nutrientes necessários e desbalanceamento nutricional. Além disso, filhotes tendem a estragar coisas em casa; a fazer xixi e cocô em local inapropriado. É preciso ter paciência e ensinar a forma correta as coisas a eles. E, para isso, não há a menor necessidade de bater ou praticar maus tratos”, disse.

Solidão

Ator e professor de literatura, André Aires, 36, procurou, na adoção de um novo cachorro, ajuda para lidar com o vazio causado pela morte de Ralph, um cão da raça cocker que morreu em julho deste ano, aos 15 anos.

“O motivo da adoção não era, a princípio, a solidão que eu sentia [por conta da perda de um animal querido]. Mas a coisa toda acabou se configurando nesse sentido porque havíamos perdido um cão muito amado, que deixou um buraco enorme na nossa casa e na nossa rotina. Acabou sim deixando uma solidão enorme que, em tempos de pandemia, ficou ainda mais forte”, disse.

No caso de Aires e de Romeu – nome dado ao vira-lata recém-adquirido – as duas partes têm sido beneficiadas, e o amor recíproco está cada vez mais evidente. “Romeu deu outra luz para a casa. Trouxe humor e energia, em meio às bagunças e aos tênis, meias e plantas mastigadas”, disse o ator que tinha até mudado os móveis de lugar em sua casa, na tentativa de diminuir a tristeza decorrente do luto pela morte do cãozinho Ralph.

A adoção de Romeu contou com a ajuda da equipe do Toca Segura. Mas, para conseguir o “novo amigo”, Aires teve de responder um questionário e de enviar um vídeo de sua casa, para que a ONG o autorizasse a adotar Romeu. “Tive inclusive, a pedido deles, de adaptar a sacada da minha varanda, de forma a evitar riscos de queda para o animal”.

Dois meses após a morte do Ralph, chegou Romeu, “um vira-lata de quatro meses que havia sido resgatado depois de ser atropelado e abandonado para sangrar até a morte”, lembra Aires. Devido ao acidente, Romeu perdeu parte de uma pata.

“Mas nós o salvamos e temos o privilégio de acompanhar seu desenvolvimento após a adoção. Ele é agora um cachorro feliz e alegre. Basta vê-lo nas fotos. Nossa rotina agora é a de cuidar dele e de esperar a pandemia passar”, disse o ator e professor que, após acompanhar o trabalho desenvolvido pela ONG, se diz uma pessoa mais sensibilizada sobre a situação dos cachorros de rua.

Lei para maus-tratos

A fim de combater o mau trato a cães e gatos, o governo federal sancionou, no final de setembro, a lei que prevê, inclusive, prisão de dois a cinco anos, além de multa e proibição da guarda, àqueles que cometerem tal prática. Até então, a pena era apenas a detenção de três meses a um ano, além de multa.

Na avaliação da advogada Danielle Mansur, “essa lei encheu os protetores de muita ilusão, de que haverá prisão para maus-tratos, quando, na execução, a gente sabe que a coisa não é bem assim”, disse.

“Não sei se essa lei corrigirá comportamentos que na verdade são psicopáticos. Mas acho que ela servirá para fazer muitas pessoas pensarem duas vezes antes de maltratar, abandonar ou torturar um animal de estimação. Será um apoio a mais para nós protetores que tão pouco apoio temos de órgãos públicos ou da sociedade. Assim sendo, qualquer migalha que nos é dada pode ser celebrada”, acrescentou.

Segundo Natássia Miranda, a sanção da lei “foi um dos melhores acontecimentos do ano”. “Antes, a pessoa que maltratava um animal ia apenas na delegacia assinar um papel e era liberada. Hoje, estamos vendo a justiça sendo feita, com os infratores sendo, realmente, presos. Infelizmente, essa lei só abrange cães e gatos. Mas já é um grande avanço para minimizar a quantidade exagerada de casos que vemos diariamente. É uma vitória no âmbito da proteção animal”, comemora a médica veterinária.

Menna Barreto acrescenta que é muito importante a divulgação dessa nova lei, para que as pessoas tomem conhecimento, de forma a dar melhores condições ao poder público para fazer com que os transgressores sejam devidamente penalizados.

“Com certeza ela deve diminuir essa prática criminosa. Sabemos que é um tema complexo que deve envolver, além de animais domésticos, animais silvestres e animais de tração, bem como os animais utilizados na alimentação humana. Entendemos que esses animais estão ligados direta ou indiretamente ao cotidiano das pessoas e, como seres vivos, merecem respeito em vida nas suas mais variadas funções que prestam ao ser humano. Seja como companhia, seja para o trabalho, ou mesmo para a alimentação”, complementa o gerente de Vigilância Ambiental.

O Projeto de Lei 4796/20 inclui, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), medidas para impedir a discriminação de crianças e adolescentes e ainda dos adotantes no processo de adoção. A proposta é das deputadas do PSOL Luiza Erundina (SP) e Fernanda Melchionna (RS) e tramita na Câmara dos Deputados.

O texto proíbe juízes, desembargadores, promotores, procuradores de Justiça e assistentes sociais de discriminar crianças e adolescentes em razão de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas.

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Adotantes

No caso dos adotantes, a vedação se aplica à discriminação em função de religião ou crença, origem, deficiência, idade, sexo, orientação sexual, raça, etnia ou cor, composição familiar, estado civil, condição econômica, região e local de moradia.

“A adoção é uma experiência delicada. Dificultar o processo, em função de discriminação das próprias características das crianças, dos adolescentes e dos pretendentes, significa impor mais uma barreira para o alcance do melhor interesse da criança e do adolescente: o de finalmente integrar uma família”, escrevem as deputadas no texto que acompanha o projeto.

Elas lembram que o próprio ECA já proíbe as discriminações, mas acreditam que é necessário reforçar a cláusula no que diz respeito à adoção.

Pretendentes

No caso dos pretendentes a adotantes, Erundina e Melchionna afirmam que a discriminação baseada em características como raça ou deficiência desqualifica indivíduos que atenderiam a todos os critérios para cuidar de um filho e constituir uma família.

“Prever expressamente a vedação a esses preconceitos contribuiria para reduzir a taxa de desistência de pretendentes, por vezes submetidos a humilhações, desgastes psicológicos e custos processuais adicionais”, argumentam as parlamentares no texto em que pedem a aprovação do projeto.

*Da Agência Câmara de Notícias

O Brasil tem 30.967 crianças acolhidas em unidades como abrigos e 5.154 aptas para serem adotadas. Os dados são do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) do Conselho Nacional de Justiça.

Amanhã (12) é comemorado o Dia da Criança, data em que são destacados temas relacionados a essa faixa etária. Meninos e meninas em acolhimento se encontram em condição delicada. Essa medida é aplicada pela Justiça quando há situações de abandono, maus-tratos, negligência ou risco.

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Contudo, esse apoio é temporário e tem o prazo máximo de 18 meses. A criança pode ter a solução da situação com reintegração familiar ou a adoção. Há 4.533 unidades de acolhimento no Brasil.

Números

Do total de meninos e meninas acolhidos, 7.997 possuem 0 a 6 anos. A maioria dos abrigados é de adolescentes: são 5.886 com 12 a 15 anos e 8.634 com mais de 15 anos. A distribuição por gênero é similar, com 50,7% de meninos e 49,3% de meninas.

Conforme o painel de informações do SNA, a lista dos estados com mais crianças aptas para adoção começa por São Paulo (1.075), seguida de Minas Gerais (677), Rio Grande do Sul (648), Paraná (519) e Rio de Janeiro (493).  Ainda de acordo com o sistema do CNJ, há 3.702 crianças em processo de adoção e 36.155 pretendentes disponíveis. 

Processo de adoção

Em fevereiro, a Agência Brasil publicou uma matéria explicativa mostrando como são os procedimentos para adoção no Brasil. Há uma série de requisitos estabelecidos pela legislação para que pessoas e ou casais se candidatem ao processo.

O primeiro passo para quem quer adotar é procurar a Vara de Infância e Juventude (VIJ) da sua região. Lá, a pessoa obterá informações específicas sobre o processo e receberá uma lista de documentos pessoais a serem apresentados – como cópia do CPF, identidade, certidão de casamento ou união estável (se for o caso) – comprovante de residência, comprovante de bons antecedentes criminais e atestado de saúde física e mental.

Após protocolar a inscrição, a pessoa – ou casal – deve participar de um curso de preparação psicossocial e jurídica voltada para adoção. Nesse curso, os candidatos a adotantes adquirem uma noção mais ampla da importância da preparação emocional de toda a família e de todas as mudanças que virão com a chegada de um novo integrante.

Por ter adotado um menino branco, Peter Mutabazi, que é um homem negro nascido em Uganda, país localizado na África Ocidental, relata episódios de racismo por conta do seu filho adotivo. Durante uma refeição em um restaurante da Carolina do Norte, Estados Unidos, uma mulher se aproximou do homem e de seu filho de sete anos e perguntou pela mãe do garoto. "Eu sou o pai dele", respondeu Peter.

"Olá, polícia, por favor. É um homem negro, acho que ele está sequestrando um garotinho branco", denunciou a mulher. 

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Depois de sair da África e conseguir se estabilizar financeiramente nos Estados Unidos, Peter relata à BBC que decidiu adotar uma criança ao perceber que existia também quem precisasse de um lar além dos pequenos que vivem no continente africano. 

“Havia apenas um outro homem solteiro que se inscreveu para ser pai adotivo no Estado da Carolina do Norte na época”, aponta Peter. Ele lembra que, aos preencher o formulário, pensou que seria automaticamente associado a crianças afro-americanas, mas ficou surpreso ao saber que o seu filho do coração era um menino branco de cinco anos.

"Foi quando percebi que todas as crianças precisavam de um lar, e a cor não deveria ser um fator para mim", salienta.

A BBC mostra que ao longo de três anos, Peter foi guardião de nove crianças por vários meses, usando sua casa como uma espécie de porto seguro antes que esses menores fossem devolvidos às suas famílias biológicas. 

Em uma dessas guaritas, Peter conheceu Anthony, um rapaz de 11 anos, também branco. O menor tinha sido colocado para adoção aos dois anos de idade e adotado por uma família aos quatro anos de vida. Sete anos depois, ele foi abandonado pelos pais adotivos do lado de fora de um hospital.

Diante disso, Peter resolveu adotar Anthony. Mas, como era de se esperar, o racismo se manifesta nesses casos. O homem negro lembra que, em um feriado americano, a segurança do aeroporto parou o menor e perguntou onde estavam os seus pais. "Este é o meu pai", respondeu Anthony, apontando para Peter.

Mas a mulher não acreditou e foi verificar os antecedentes criminais do homem. "As pessoas que se parecem comigo nem sempre são bem tratadas. Seu trabalho é não ficar com raiva das pessoas que tratam assim, seu trabalho é garantir que você trate as pessoas que se parecem comigo com honra", pontua Peter.

Juntos há mais de 20 anos, Luiz Fernando Guimarães e Adriano Medeiros, que se casaram no final de 2019, entraram em um processo de adoção para aumentar a família. Segundo informações do Extra, a advogada do casal, Silvana do Monte Moreira, que é especialista em adoção e presidente da Comissão Nacional de Adoção do Instituto Brasileiro do Direito de Família, confirmou a informação.

"Luiz Fernando Guimarães e Adriano estão se habilitando à adoção nos termos 197A do Estatuto da Criança e do Adolescente. Isso é um processo que existe de fato. Quanto a qualquer possibilidade de procedimento de adoção, esse, se existir, é absolutamente sigiloso, preservando as crianças, se existirem, e qualquer divulgação nesse sentido estará sujeito a um processo penal".

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Em maio desse ano, em vídeo para o Instituto Brasileiro do Direito de Família, ambos haviam demonstrado a vontade de adotar filhos. "Olha que coisa linda, adotar uma criança. Nós pretendemos, né?", diz o ator na gravação.

O marido de Luiz Fernando, então, completa: "Nós vamos adotar uma criança, completa o marido. Ou duas, ou três, o tempo dirá. Vamos ver, conhecer, nos adaptar, nos envolver, e vice versa. E amar como pais, cuidar, proteger. É que nós queremos".

As pessoas que seguem Giovanna Antonelli nas redes sociais ficaram encantadas com uma postagem dela. A atriz informou aos internautas que tinha adotado uma cachorra. Ela se derretou no post ao fazer uma declaraçãopara o animal. "Entrou mais uma para nossa família!", escreveu.

"Coisa linda! Só que dessa vez adotei essa cadelinha, que deve ter uns 5 meses, não tenho certeza, mas ela ganhou meu coração. Aliás, tanto dog abandonado, né, gente?", completou. Depois da novidade, seguidores exaltaram a atitude de Giovanna. "Exatamente, adoção sempre. Parabéns pelo lindo gesto, Giovanna querida", elogiou uma internauta.

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Confira:

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Um casal foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) por devolver uma criança após a adoção. Eles devem pagar R$ 150 mil por danos morais ao garoto, hoje com 11 anos. As informações são da BBC Brasil.

A ação foi movida pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), alegando que a desistência da adoção, após criança passar um ano e nove meses com a família, gerou danos psicológicos.

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O casal disse à Justiça que a convivência ficou insustentável, pois o garoto era rebelde e tinha comportamento "agressivo, desafiador e temerário." Na primeira instância, o casal foi condenado a pagar R$ 150 mil ao garoto. A decisão foi mantida pelo Tribunal de Justiça. A família pretende recorrer da decisão. 

O pai adotivo é policial militar, enquanto a companheira é médica. Eles foram incluídos no Cadastro Nacional de Adoção em maio de 2013. Em 2015, a criança, na época com seis anos, começou a convivência na casa da família adotiva. No mesmo ano, a Justiça concedeu a guarda do menino ao casal ao entender que haviam sido criados laços afetivos. Em junho de 2016, o processo de adoção foi oficialmente concretizado.

Um ano depois, em junho de 2017, o policial e a médica decidiram devolver o menino. Segundo os autos do processo, o casal argumentou que o menor "chegou à casa com pânico de chuva, dormia mal, com hábitos pouco educados, sem fazer seu asseio pessoal, além de ser descuidado com seus objetos pessoais, desinteressado nas tarefas escolares, com dificuldade para aceitar regras, bem como com hábito de mentir para conseguir seus objetivos e evitar punições." 

O menino foi levado por uma guardiã, pessoa considerada apta pela Justiça para cuidar dele. Ele tem recebido acompanhamento psicológico. 

O MPSP acusa o casal de tratar de forma diferente o filho adotivo do filho biológico. O primeiro perdeu atividades extracurriculares, como futebol, tênis e natação sob o argumento de que apresentava maus comportamentos. Ele também foi transferido de uma escola bilíngue para uma municipal no meio do ano letivo. O filho biológico permaneceu na escola particular.

Segundo os autos, os pais viajaram para a Disney com o filho biológico, enquanto o adotivo ficou com a cuidadora no Brasil. A defesa disse que foi uma repreensão pela rebeldia do menino. Caso a decisão seja mantida, o jovem terá direito à indenização ao completar 18 anos.

Caso o Projeto de Lei do Senado (PLS) 134/2018 já valesse como norma, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) não teria tido maiores problemas em obter, para seu esposo, o reconhecimento de paternidade do filho adotado em junho de 2017. O parlamentar se casou em novembro daquele ano.

É que a matéria propõe a instituição do Estatuto da Diversidade Sexual e de Gênero e confere a pessoas de qualquer orientação no campo da sexualidade o mesmo tratamento dispensado hoje aos heterossexuais pela legislação em geral e pelo direito de família. O que implica o mesmo acolhimento por parte do poder público em todas as suas instâncias.

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Na semana em que se comemorou o Dia Nacional da Adoção (25 de maio), o parlamentar participou de uma sessão virtual do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) para acompanhar um processo movido por ele e o marido contra o promotor de Justiça do Espírito Santo Clóvis José Barbosa Figueira, que deu parecer contrário à dupla paternidade em ação movida na 1ª Vara de Infância e Juventude de Vila Velha (ES).

Figueira não considerou válida para o caso a certidão de casamento de Contarato. E observou que não havia "autorização legal para que um ser humano venha a ter dois pais como pretendido, ou, pior ainda, duas mães". No entender do promotor, o "conceito constitucional de família não é outro senão entre homem e mulher". Ao ter seu ponto de vista rejeitado, Figueira recorreu ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo, que também negou razão aos argumentos do integrante do Ministério Público.

Mesmo com sua demanda assegurada, o senador acionou o conselho e pediu para falar na sessão do dia 26 de maio. Segundo ele, para que a atitude do promotor não volte a se repetir no âmbito de um órgão que é, com base na Constituição, o guardião da lei e do Estado de direito e um defensor de minorias. Contarato mencionou em sua intervenção o princípio constitucional de que todos são iguais perante a lei, e que ninguém pode ser discriminado por motivo algum, inclusive por causa de sexo e gênero.

Com base em voto do conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, representante do Senado, o CNMP decidiu dar curso ao processo disciplinar contra Figueira. O relator da matéria, Rinaldo Reis, corregedor nacional do MP, propôs que se apurasse a conduta do promotor com base em indícios de que ele falhou com a suas obrigações, ignorou a legislação e as decisões dos tribunais, além das normas orgânicas do órgão para o qual trabalha.

Conforme Reis, Figueira “não observou um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, consistente na promoção do bem de todos, sobretudo da família, tenha ela qualquer dos seus arranjos, sem preconceito de sexo ou qualquer outra forma de discriminação”. O corregedor sugeriu como sanção a pena de advertência.

Para Bandeira de Mello, faltou “zelo e presteza” ao promotor, que não poderia “confundir as questões jurídicas com as questões morais e religiosas, sob pena de ofensa ao Estado democrático de direito”. O conselheiro assinalou também que, mesmo investido de independência funcional, um integrante do MP pode ter seus atos revistos caso firam, por exemplo, os direitos fundamentais garantidos na Constituição federal”. 

Ao contestar o direito ao vínculo homoparental, Figueira mostrou-se em oposição à jurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF), esta ainda em 2011, quando julgou a Ação de Declaração de Inconstitucionalidade (ADI) 4.277/DF e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132/RJ, e reconheceu a união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar.

Ao negar na prática a validade da certidão de casamento homoafetivo, Figueira, conforme Bandeira de Mello, desrespeitou a Resolução nº 175/13, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que veda às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo. A contestação acabou, na opinião do conselheiro, atrasando o processo da adoção e violando o princípio de que, nessas situações, deve prevalecer os interesses do adotando.

Na avaliação de Contarato (assista aqui a participação dele na sessão do Conselho), o Poder Legislativo também é responsável pelas lacunas jurídicas que acabam por dar espaço ao tratamento desigual para homossexuais e outros cidadãos situados em pontos diversos do arco-íris sexual, quando deixa de legislar sobre o tema. “Todas as conquistas da comunidade LGBT+ têm a digital do Ministério Público e não a do Congresso", disse o senador, que lembrou do próprio reconhecimento da união homoafetiva estável, da adoção por gays, da vinculação previdenciária entre os cônjuges do mesmo sexo, da utilização de nome social e da equiparação da homofobia ao crime de racismo.

Essa última decisão, de junho do ano passado, gerou polêmica no Senado onde há projetos estabelecendo punições para a homofobia apresentados, entre outros, pela senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) e pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO), sendo que este é também autor de um projeto de decreto legislativo que susta os efeitos da decisão proferida pelo STF, no entendimento de que a matéria é de exclusiva competência do Legislativo.

No CNMP, Contarato atribuiu ao machismo que impera no Congresso a recusa em consagrar na legislação vedações a manifestações preconceituosas e homofóbicas presentes em todas as esferas da sociedade — da família ao mercado de trabalho — e nas instituições do poder público. 

“Pessoas me perguntam se minha família me aceita. Primeiro eu não preciso do aceite de ninguém”, assinalou o parlamentar.

Propostas

Essa é justamente uma das situações previstas na proposta de Estatuto da Diversidade Sexual, encaminhada à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) pela Comissão Especial da Diversidade Sexual e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil e movimentos sociais: a orientação e o comportamento sexual, assim como a identidade de gênero, seriam assuntos da esfera do indivíduo, não cabendo interferência nem da família, de empregadores ou de lojistas, caso o indivíduo discriminado ou tolhido seja um candidato a trabalho ou consumidor. Daí que, transformado em lei, os pais não poderiam tentar guiar o comportamento dos filhos quanto à sexualidade ou até impor-lhes atitudes, valores ou padrões.

Ninguém pode ser privado de viver a plenitude de suas relações afetivas e sexuais, vedada qualquer ingerência de ordem estatal, social, religiosa ou familiar”, afirma o texto do projeto, que veda do mesmo modo “quaisquer formas de coerção” para que um indivíduo “revele, renuncie ou modifique sua orientação sexual ou identidade de gênero”.

Quanto à questão da família, a proposta de estatuto garante os direitos  à convivência comunitária e familiar; à liberdade de constituição de família; à liberdade de constituição de vínculos parentais; e o respeito à intimidade, à privacidade e à autodeterminação; além, é claro, da adoção e da utilização de métodos de reprodução assistida.

O projeto fala ainda em “direito fundamental à felicidade, vedada qualquer prática que impeça a pessoa de reger sua vida conforme a orientação sexual ou identidade de gênero auto-atribuída, real ou presumida.”

Em contraponto, o Projeto de Lei (PL) 3.032/2019,  de Marcos Rogério, agrava as penas para crimes motivados por preconceito ou aversão a valores ou comportamentos sexuais, mas não tipifica como crime “o ato de externar visão crítica em relação a comportamento sexual, decorrente de convicção ética, moral, filosófica ou crença religiosa”. Não constituiria igualmente crime a “referência, no exercício da liberdade de expressão e atividade artística, das preferências sexuais de indivíduo. ”

*Da Agência Senado

 

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