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Na última quinta-feira (25), no Facebook, o presidente Jair Bolsonaro voltou a falar da possível extinção da Agência Nacional do Cinema (Ancine). As falas polêmicas de Bolsonaro, que chegou a declarar que é inadmissível o Brasil ter nos cinemas filmes como o de "Bruna Surfistinha", chamou a atenção de alguns artistas.

Em uma publicação no Instagram, nesta terça-feira (30), a atriz Gloria Pires se manifestou sobre o assunto. Compartilhando uma foto ao lado de Tony Ramos, seu parceiro na comédia nacional "Se Eu Fosse Você", Gloria afirmou que as mudanças envolvendo a Ancine é como uma forma de controle e censura, além de ser um ataque à liberdade de expressão.

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"O audiovisual brasileiro gera mais de 300 mil empregos, envolve mais de 13 mil empresas e injeta mais de 25 bilhões de reais na nossa economia. Somos um setor maior que o do turismo e que gera mais empregos que o automobilístico. Além da clara importância econômica, o audiovisual brasileiro tem relevante função social e cultural", escreveu a atriz.

"É inaceitável e incoerente que, em um país com 13 milhões de desempregados, uma indústria como a do audiovisual esteja sob ameaça. Diante de tantos absurdos, não nos calemos", finalizou. Na postagem, diversos internautas concordaram com o raciocínio de Gloria. "É um absurdo o que esse governo vem fazendo", comentou um dos usuários da rede social.

Confira o desabafo na íntegra:

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Em meio às polêmicas envolvendo a Agência Nacional do Cinema (Ancine), o presidente Jair Bolsonaro perguntou a pessoas que o aguardavam neste sábado em frente ao Palácio da Alvorada se ele iria fechar ou não a agência. "Vamos fechar a Ancine ou não vamos?", questiona o presidente. As pessoas ao redor respondem: "vamos".

O presidente, porém, não respondeu se irá de fato fechar a agência quando foi questionado por jornalistas.

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Ontem, ele afirmou que pretende transformar a Ancine em uma secretaria vinculada a algum dos ministérios do governo e disse que ela terá "filtros culturais" para a seleção do que será fomentado pelo órgão. Ele também confirmou ontem que a diretoria da agência será transferida do Rio de Janeiro para Brasília.

Bolsonaro aproveitou a tarde deste sábado para ir ao Brasília Capital Moto Week 2019. No local, ele foi recebido por participantes do evento e saiu carregado nos braços de algumas pessoas.

Mais cedo, ele saiu do Palácio da Alvorada para levar a filha mais nova, Laura, para uma aula de equitação. Na volta à residência oficial, Bolsonaro parou para cumprimentar pessoas que o aguardavam.

O presidente Jair Bolsonaro considera transferir a Agência Nacional do Cinema (Ancine) do Rio de Janeiro para Brasília. Ele criticou o suposto "ativismo" na produção de filmes brasileiros, citando como exemplo o filme "Bruna Surfistinha", que narra a história de uma ex-garota de programa. Bolsonaro falou sobre o assunto durante evento de comemoração pelos 200 dias de governo.

"Agora há pouco, o Osmar Terra (Cidadania) e eu fomos para um canto e nos acertamos. Não posso admitir que, com dinheiro público, se façam filmes como o da Bruna Surfistinha. Não dá. Ele apresentou propostas sobre a Ancine, para trazer para Brasília. Não somos contra essa ou aquela opção, mas o ativismo não podemos permitir, em respeito às famílias, uma coisa que mudou com a chegada do governo", disse o presidente.

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Nesta quinta-feira, 18, Bolsonaro assinou a transferência do Conselho Superior de Cinema, responsável pela política nacional de audiovisual, do Ministério da Cidadania para a Casa Civil. O objetivo é que o Palácio do Planalto tenha mais influência sobre o órgão. Oficialmente, o intuito é "fortalecer a articulação e fomentar políticas públicas necessárias à implantação de empreendimentos estratégicos para a área".

No evento, o presidente focou mais em questões ideológicas e deixou de lado medidas econômicas. Ele voltou a falar da suspensão do vestibular que reservava 120 vagas para transgêneros e pessoas não-binárias, o que, para ele, é algo que não pode acontecer. Ele disse que por ser um vestibular "exclusivo" significa que "não tem espaço para quem for heterossexual".

Bolsonaro também disse que não sabia o que era "não-binário," foi pesquisar, mas não ia comentar em respeito aos presentes. A categoria de pessoas que não se definem exclusivamente como homem ou mulher é contemplada em glossário da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Não podemos preservar um concurso público que tem esse comportamento. Tenho que levar avante as bandeiras que fizeram o povo acreditar em mim", afirmou Bolsonaro.

Insatisfeito com a atual política de fomento ao cinema no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) deve transferir o Conselho Superior do Cinema do Ministério da Cidadania para a Casa Civil.

O Conselho é responsável pela formulação da política nacional de audiovisual e a possível mudança faz parte de decreto do Palácio do Planalto e a expectativa é que seja assinado nesta quinta-feira (18).

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A assinatura acontece durante uma cerimônia comemorativa dos 200 dias do atual governo. Além dessa transferência, Bolsonaro avalia extinguir a Agência Nacional do Cinema (Ancine), que atualmente passa por uma crise.

No final de 2018, o ex-presidente Michel Temer (MDB) já havia feito alterações no colegiado de cinema, diminuiu o espaço de cineastas e aumentou o de representantes das telecomunicações.

No último dia útil do mês de junho, essa sexta (28), ainda não se tem certeza sobre quando e como será publicado o edital do Funcultura Audiovisual 2018/2019. Após a prorrogação e adiamento estabelecidos pela Fundarpe e Secretaria de Cultura de Pernambuco, estima-se que que a publicação seja feita nos primeiros dias de julho; no entanto, o total do aporte da linha de financiamento deste exercício ainda é uma incógnita em razão da parceria do governo local com a Agência Nacional de Cinema - Ancine.  

O Funcultura Audiovisual trabalha com duas fontes de dinheiro. Parte do valor destinado ao edital vem de um fundo próprio, representando cerca 35% do total, o restante é originado do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), vinculado à Ancine. Na 11ª edição do edital, em 2018, dos R$ 25.440 milhões repassados aos projetos contemplados, R$ 10.440 saíram do Funcultura e R$ 15 milhões do FSA. 

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O problema dos proponentes do edital este ano começou quando a Ancine viu seus trâmites para liberação de verbas públicas suspensas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A possibilidade de concorrer ao Funcultura sem o aporte da agência desanimou boa parte dos produtores pernambucanos. Passado o prazo determinado pelo TCU, o FSA já opera normalmente. Tanto é que no último dia 19, o estado do Espírito Santo teve publicados 14 editais de Seleção de Projetos de Audiovisual que somam R$ 11,9 milhões. Parte desse dinheiro vindo do Fundo Setorial (FSA) da agência.

No entanto, ainda não se sabe como será o procedimento em relação ao Funcultura Audiovisual de Pernambuco. Procurada pelo LeiaJá, a Ancine disse tratar-se de procedimento sigiloso: "Não podemos expor detalhes do processo. A Diretoria Colegiada solicitou informações sobre os editais de coinvestimentos anteriores. A decisão sobre o edital de 2019 depende desta avaliação".

Na outra ponta do edital, a Secult e Fundarpe, também procuradas pelo LeiaJá, estimam a divulgação do edital na primeira semana do mês de julho. Sobre os valores do aporte, eles também não deixaram claro sobre como será feito nesse exercício. "O  aporte dos recursos do FSA no edital do Funcultura Audiovisual de Pernambuco depende da decisão da Diretoria Colegiada da Ancine.Conforme acordado com o Conselho Consultivo do Audiovisual, o edital deverá ser lançado na próxima semana, após novo pronunciamento da Diretoria Colegiada da Ancine, que tem enviado várias diligências à Secult/Fundarpe".

A Ancine divulgou que o Conselho Superior de Cinema (CSC) vai começar a cobrar um novo tributo sobre os serviços de streaming, incluindo a gigante Netflix. O sistema de tributação se chama Condecine VoD e prevê duas formas de cobrança: proporcional ao número de obras no catálogo brasileiro dos serviços ou taxa única por assinante, batizada de "Condecine por Assinatura" ou "Condecine Transação".

De acordo com o número de obras nacionais incluída no serviço de streaming haverá desconto na taxa.

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O projeto exclui da taxação serviços semelhantes pertencentes à redes de televisão e operadoras como Globo Play e Net Now. Segundo a Ancine, essas prestadoras oferecem um conceito diferente, chamado de TV Everywhere, em que o público acessa o conteúdo da televisão de qualquer lugar, e não um Vídeo Sob Demanda (VOD).

No dia 28 de agosto será realizada a reunião para transformar a resolução da Ancine em projeto de lei.

A Agência Nacional do Cinema (Ancine) decidiu incluir na programação da série Produção em Tela uma homenagem às mulheres, com a apresentação, neste mês de março, de filmes brasileiros dirigidos por cineastas do sexo feminino. A iniciativa partiu do especialista em Regulação na Área do Audiovisual da Ancine, Alexandre Muniz, que selecionou os filmes que serão apresentados durante o Mês da Mulher.

A série Produção em Tela começou em 2017. “Era uma vontade grande e antiga de ter uma sala de projeção, um espaço onde a gente pudesse assistir o resultado do nosso trabalho, que é o filme pronto”, disse Muniz. Nos últimos três anos, foi equipada uma sala de projeção na própria agência, com o objetivo de utilizar o espaço e aproximar a realidade da produção audiovisual do corpo técnico da Ancine.

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O conceito do projeto Produção em Tela é mostrar filmes, de preferência que estejam estreando no circuito ou sejam inéditos, para dar uma visão do que está acontecendo no mercado. A série especial, que será exibida a partir de hoje (1º), inclui novos filmes dirigidos por mulheres. O evento acabou ganhando uma dimensão maior, com exibições abertas ao público, que poderá participar também dos debates. “Só para você ter uma ideia, no ano passado projetei cinco filmes e só neste mês [de março] vou projetar cinco. Serão cinco semanas, com cinco diretoras diferentes e cinco filmes incríveis, com debates maravilhosos”.

Sessões

As mostras eram restritas anteriormente aos funcionários da Ancine. Devido à realização de obras no sistema de ar condicionado do auditório da agência, a série especial será levada pela primeira vez para a Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM), situada no Parque do Flamengo, e aberta ao público em geral, com entrada gratuita. As sessões estão programadas para as 15h. Serão distribuídas senhas uma hora antes do evento.

Somente duas sessões serão fechadas ao público, nos dias 8 e 15 de março, por exigência das distribuidoras, porque os filmes ainda são inéditos no Brasil. A mudança para o MAM vai beneficiar o público, segundo Alexandre Muniz, uma vez que a capacidade do auditório da Ancine é para 90 pessoas e a da Cinemateca tem maior abrangência, na medida em que abriga 180 pessoas.

A série Produção em Tela Especial Mulher põe em debate temas variados, com a mulher em foco em várias perspectivas. O primeiro filme a ser exibido hoje (1º), abrindo a mostra, é Legítima Defesa, de Susanna Lira. “A gente está levando a discussão sobre a violência na relação de gênero”. O objetivo, disse Muniz, é debater a importância da produção audiovisual como temática condutora de questões na sociedade.

Liderança

No dia 8 de março, em sessão exclusiva para servidores da Ancine, será exibido o filme Mormaço, de Marina Meliande, que destaca a liderança feminina. A obra retrata a cidade do Rio de Janeiro no período pré-Olimpíada e teve o envolvimento da diretora com as comunidades locais, que resistiram ao despejo de suas casas para as obras esportivas. A líder comunitária da Vila Autódromo, Sandra Teixeira, atriz do filme, participará do debate.

Na terceira semana da mostra, também fechada ao público, a meta é mostrar a visibilidade trans, o preconceito contra pessoas transexuais na sociedade e as dificuldades de inserção e atuação na área audiovisual. Duas atrizes trans participarão do debate, após a exibição do filme inédito Bixa Travesty, da cineasta Cláudia Priscilla e Kiko Goifman, que coloca em foco a carreira da cantora transexual negra Linn da Quebrada.

No dia 22, o filme em debate é Animal Cordial, de Gabriela Amaral Almeida, que fala sobre a ocupação dos corpos femininos na frente e atrás das câmeras como uma quebra de paradigma. Entre as debatedoras, está Marina Tedesco, diretora de fotografia e integrante do Coletivo das Diretoras de Fotografia do Brasil (DAFB), função ainda não reconhecida no país e no mundo. Alexandre Muniz destacou que este ano foi a primeira vez que uma mulher foi indicada ao Oscar como diretora de fotografia. Ela é Rachel Morrison, de Mudbound: Lágrimas sobre o Mississippi.

Encerrando a série especial, o filme exibido será Café Com Canela, dirigido pela cineasta negra Glenda Nicácio em codireção com seu marido, Ary Rosa. “A gente não tem direção de mulheres negras”, disse Muniz. Para ele, será uma oportunidade de discutir a implementação de ações afirmativas em prol da inclusão e da representatividade de grupos variados nas políticas públicas para o setor audiovisual, bem como a descentralização de financiamento.

Participam também da série documentários dirigidos por mulheres, que foram selecionados pela Ancine. “A composição é só de mulheres na mesa, só mulheres falando e acho que vai ter muito pano pra manga, para a gente entrar na discussão com uma série de assuntos. Essa é a proposta”.

A população brasileira tem 51% de mulheres e 54% de negros, mas os homens brancos dirigiram 75,4% dos longas-metragens nacionais lançados comercialmente em 2016, um total de 142 filmes. Na outra ponta da tabela, as mulheres negras não assinaram a direção, o roteiro ou a produção executiva de nenhum filme nacional naquele ano.

Os dados foram apresentados hoje (25) pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) e fazem parte do estudo Diversidade de Gênero e Raça nos lançamentos brasileiros de 2016.

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A pesquisa levantou 1.326 profissionais – atuando na direção, produção e como atores - envolvidos nos 142 longas lançados comercialmente em 2016. No recorte de gênero, 62% eram homens e 38%, mulheres. Já em relação à raça, 71% foram identificados como brancos, 5% como pretos e 3% como pardos, segundo a terminologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nenhum indígena foi contabilizado essas produções, e não foi possível determinar a raça de 21% dos profissionais.

A definição da cor da pele dos profissionais foi feita por dois analistas, que, quando entravam em divergência, submetiam a classificação a uma comissão de sete pessoas.

O estudo concluiu que 75,4% dos diretores desses longas são homens brancos e 19,7%, mulheres brancas. Os homens negros, por outro lado, dirigiram 2,1%, e as mulheres  negras não assinaram a direção de nenhum dos 142 filmes. 

O roteiro desses filmes também foi escrito principalmente por homens brancos (59,9%), mulheres brancas (16,2%) e parcerias entre homens brancos e mulheres brancas (16,9%).  Os homens negros foram roteiristas em 2,1% dos filmes e estiveram em parcerias com homens brancos em 3,5%. Os longas-metragens brasileiros lançados em 2016 também não tiveram nenhuma mulher negra como roteirista, segundo a pesquisa. 

Na produção executiva dos filmes, as mulheres brancas (36,9%) ficaram à frente dos homens brancos (26,2%). Parcerias entre mulheres e homens brancos realizaram mais 26,2% dos filmes. Os homens negros permaneceram no percentual de 2,1% nesta função, e as mulheres negras, mais uma vez, foram totalmente excluídas.

Defensora das mulheres negras no Brasil pela ONU Mulheres, a atriz, roteirista e diretora negra Kenia Maria destaca que é preciso abrir espaço para que novas narrativas transformem o imaginário da população sobre o negro no Brasil. "Têm milhares de histórias que não estão sendo contadas. E o mais graves é que, na maioria das vezes, quando elas são contadas, elas são contadas por brancos", diz ela. “Se a gente respeita a diversidade do Brasil, são mais de 110 milhões de habitantes [negros], e a gente precisa ser ouvido, a gente tem história bonita pra contar”.

Desigualdade nos elencos

A desigualdade racial apontada nas funções de realização no cinema brasileiro continua quando observado o elenco principal dos filmes. Segundo a Ancine, apenas 13,3% do elenco dos 142 filmes eram formados por pretos e pardos.

De acordo com a pesquisa, 42% dos filmes lançados no Brasil em 2016 não tiveram ator ou atriz negro ou negra no elenco principal, e 33% dos longas foram filmados com apenas 1% a 20% de negros. Somente 9% dos filmes têm ao menos 41% dos papéis principais ocupados por negros, que representam 54% da população do país.

Financiamento público

A cineasta Sabrina Fidalgo acompanhou a apresentação dos dados e pediu a palavra para lembrar que muitos desses filmes recebem recursos públicos, pagos também pela população negra que fica de fora deles.

"Esses filmes são, em sua maioria, financiados pela Ancine com dinheiro público, e, sendo a população negra a maioria no país, a conclusão que se chega é que pessoas negras patrocinam filmes em que elas não são representadas. A população negra é mecenas de filmes de realizadores brancos, filmes excludentes racialmente ou por questões de gênero".

Segundo a pesquisa, 61,3% dos filmes analisados tiveram recursos de incentivo, sejam eles diretos ou indiretos. Apesar de a presença de mulheres ser maior entre esses filmes, a de negros fica ainda menor.

Os dados mostram que 100% dos filmes incentivados foram dirigidos por brancos e 98% também foram roteirizados por brancos. Entre os filmes não incentivados, 94% dos diretores são brancos, e 93% dos roteiristas também.

A presença de negros na direção dos filmes, segundo a Ancine, aumenta as chances de haver mais atores e atrizes negras em 65,8%. Quando o roteirista é um homem ou uma mulher negra, as chances aumentam em 52,5%.

Corrigindo diferenças

Para o cineasta mineiro Joel Zito, é preciso adotar uma medida semelhante a que foi tomada para reduzir as desigualdades entre os incentivos à produção audiovisual do Sudeste e das outras regiões do país. A agência já trabalha com indutores regionais que determinam a participação de projetos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste em editais, respeitando exigências técnicas.

“A Ancine já tem experiência em corrigir desigualdades, e o que estou pleiteando é que essa experiência seja aplicada pra corrigir essa desigualdade de gênero e raça”, argumentou o cineasta, que considera inadmissível o nível de desigualdade entre negros e brancos no cinema brasileiro. "Não se trata de criar políticas para minorias. Se trata de criar políticas para a maioria. A maioria está excluída".

O secretário do audiovisual do Ministério da Cultura, João Batista Silva, também assistiu à apresentação e reconheceu que “há uma dívida histórica com a população negra, e uma dívida cultural com a questão de gênero”. Ele afirmou que o assunto será discutido na próxima reunião do Conselho Superior de Cinema, em 6 de fevereiro, e que o próximo edital da Secretaria de Audiovisual trará ações nesse sentido já em 7 de fevereiro.

"Estamos finalizando um grande programa de fomento da Secretaria de Audiovisual que será lançado nos próximos dias. Esse programa terá, sim, resposta para essas questões. Terá ali um tratamento bastante significativo e realista para essa questão", prometeu.

O governo federal publicou o decreto que estabelece o número mínimo de salas de cinema que deverão ser reservadas para exibição de conteúdo nacional. De acordo com a Agência Nacional do Cinema (Ancine) a chamada Cota de Tela estabelece que as empresas que administram salas de cinema no Brasil utilizem 28 dias do ano para veicular conteúdo produzido no país, com 24 títulos diferentes para estabelecimentos com mais de 15 salas.

A fiscalização sobre o cumprimento da Medida Provisória emitida em 2001 é feita pela Ancine com base em um decreto publicado todo ano no Diário Oficial. O mecanismo utilizado para verificar se os cinemas estão cumprindo a norma é o Sistema de Controle de Bilheteria, que mantem um cadastro de todos os filmes exibidos em todas as salas do país. O decreto de 2018 se manteve igual ao de 2017 em quantidade de horas de exibição de produções nacionais.

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A Cota de Tela foi criada em 1990 para tentar equilibrar a presença de conteúdo estrangeiro e fortalecer a indústria cinematográfica nacional. Esse artifício é adotado em diversos países e o Brasil já teve uma lei parecida editada em 1930 para ajudar a indústria nacional a se equiparar com Hollywood, de acordo com informações da própria Ancine.

Há muito tempo que o cenário audiovisual paraense não tinha tantos destaques como hoje. Seja com Jorane Castro, com o longa-metragem “Para ter onde ir”, ou com Ismael Machado, com o curta “Soldados do Araguaia”, a produção audiovisual na região está em alta. Esse crescimento em produções pode ser explicado pelo aumento de editais da Ancine (Agencia Nacional de Cinema), que prevê em cada um deles uma porcentagem obrigatória de produções das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Segundo o jornalista e produtor Ismael Machado, a descentralização favoreceu bastante o audiovisual amazônico. “Antes, basicamente, era Rio e São Paulo, porque, você sabe, é onde o dinheiro circula. A não ser em determinadas situações como Pernambuco, que criou um polo cultural que é política de Estado, mas, basicamente, quem faz é Rio e São Paulo. Só que aí, com essa questão da descentralização da regionalização, tu tens obrigatoriamente que ter produções do Norte, Nordeste e tal. É por isso que a gente está conseguindo fazer”, explica.

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Ismael, que atualmente se dedica à carreira de roteirista, trabalhou durante mais de duas décadas como jornalista. A transição de áreas começou em 2012, quando elaborou dois roteiros para o Cine Amazônia. No entanto, a mudança mesmo só ocorreu depois, quando foi convidado a fazer uma consultoria no roteiro de uma produtora do Rio de Janeiro, cuja série se passava na Amazônia. Lá também sugeriu possíveis ideias para outros documentários, baseadas em reportagens premiadas que já havia feito. Assim, aliando essa série de fatores a um convite que recebeu do cineasta Fernando Segtowick para a criação de um núcleo criativo, e também por causa de uma crise no jornal em que trabalhava na época, Ismael decidiu dedicar-se inteiramente ao audiovisual. No momento, ele está se dedicando a duas produções: “Soldados do Araguaia”, que será lançado em agosto pelo Cine Brasil TV, e “Marcadas para morrer”, que iniciará as gravações ainda no segundo semestre de 2017.

Quem também está em fase de finalização e lançamento é a equipe do “A Besta Pop”. O longa é produzido por alunos do curso de cinema da UFPA (Universidade Federal do Pará). Tamires Cecim, produtora executiva do filme e estudante de cinema, conta como surgiu a ideia do filme. “O 'Besta Pop' surgiu da minha vontade e da do João - que é outro produtor executivo – de produzir  um longa. Apesar de sermos estudantes, sabíamos que ia ter muita dificuldade, mas queríamos fazer isso antes de terminar o curso.  A gente envolveu a universidade e outros amigos, pra que fosse um projeto da universidade como um todo. Tanto para os professores quanto para os alunos.  E para facilitar um pouco colocar como TCC”, conta Tamires

Em relação às dificuldades enfrentadas pelos produtores de audiovisual do Estado, Tamires destaca a dependência de editais, mas também salienta a importância do curso de cinema da UFPA e dos festivais universitários. “O curso de cinema é muito bom, porque dá mais credibilidade, tem agora uma base pra gente poder transformar as pessoas em profissionais. Está todo mundo se formando, experimentando, fazendo curtas aqui. Tem o festival do OSGA, o Festival Toró, tem o Fab (Festival Audiovisual de Belém), que está aí sempre batalhando pra todo ano ter uma edição. São as pessoas que são mesmo apaixonadas", diz a estudante e produtora.

Fernando Segtowick, diretor, roteirista, membro da Associação dos Críticos de Cinema do Pará e sócio da produtora Marahu, trabalha com o audiovisual desde 1999 e explica que a relação dependente com os editais vem desde muito tempo. Antigamente, os editais eram muito raros, o que comprometia significativamente as produções, que são bastante caras. Hoje em dia, com o crescimento de editais, o mercado aqueceu e aumentou a busca por capacitações. “De uns tempos pra cá a gente tem tido umas linhas de financiamento federal, principalmente através da Ancine e algumas parcerias da Ancine com algumas instituições locais. O mercado audiovisual no Brasil passou a ficar bem mais aquecido, com produções muito mais profissionais. O roteirista, por exemplo, a gente tinha bem pouco. Hoje você tem produtoras independentes produzindo pro Netflix, pra Fox... Enfim, você tem canais com várias produções brasileiras dentro dessas plataformas”, conta ele.

Segtowick também frisa a importância de analisar o audiovisual não apenas como arte, mas também como indústria. “O audiovisual é uma indústria. Ele é uma parte arte, mas é uma parte indústria. Precisa ter profissionais que estejam trabalhando no mercado o tempo todo e que possam viver daquilo. E a gente precisa também transformar esse material em produto e que possa vender para as televisões, plataformas, enfim, gerar realmente  uma indústria, um negócio que possa sustentá-lo também”, ressalta o diretor.

Sobre esse ponto de vista, tanto Fernando quanto Tamires concordam. Para ela, é necessário saber que apesar do foco nas artes, o audiovisual também envolve publicidade e conhecimentos de indústria. “Pra cinema as pessoas tendem a fechar os o olhos que é uma indústria, então tem que ser prático. Talvez essa parte de ficar se perdendo muito na arte as vezes prejudique. A arte é muito importante, mas também tem que entender que é uma indústria. Tem que aprender a parte prática, de projetos, de orçamento”, fala a produtora do “A Besta Pop”, que também complementa dizendo que, apesar das dificuldades, ainda é possível produzir. “É difícil produzir aqui, mas eu acho que é difícil produzir em qualquer lugar. Cada lugar vai ter sua dificuldade. A gente tem problemas em todas as fases. Se cria pouco, é difícil produzir, é difícil exibir, mas se for pensar isso, a gente nunca faz”, completa a jovem.

Por Karolina Cunha. Com o apoio de Renan Tavares e Hellen Lopes.

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O ano de 2016 foi considerado excelente para os mercados de distribuição e exibição cinematográficas, pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). Além do recorde de público de 184,3 milhões de espectadores e renda bruta de R$ 2,6 bilhões, dados da agência revelam também que 99,6% das salas de exibição no país já contavam com tecnologia digital de projeção no ano passado.

As informações constam dos informes anuais publicados no site da Ancine e confirmam grande parte dos dados antecipados em janeiro por informe preliminar mostrando que em 2016 houve crescimento no número de bilhetes vendidos, recorde de lançamentos nacionais e conclusão do processo de digitalização das salas.

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De acordo com o Informe de Mercado de Distribuição em Salas de Exibição, os 142 filmes brasileiros lançados nos cinemas renderam o maior patamar de ingressos vendidos desde a década de 90, levando 30,4 milhões de pessoas às salas e representando 16,5% do total de bilhetes vendidos.

Também foi relevante o aumento na participação das distribuidoras nacionais na renda auferida com a exibição de obras brasileiras, que chegou a 95,8%. O documento apresenta ainda rankings com as maiores bilheterias do ano, informações e análises sobre a ocupação das salas pelos filmes brasileiros e estrangeiros nas estreias e sobre o desempenho das empresas distribuidoras no mercado.

Salas de exibição

Já o Informe de Mercado do Segmento de Salas de Exibição tem como destaque a conclusão do processo de digitalização do parque exibidor brasileiro. O relatório mostra que quase todas (99,6%) as salas de cinema do país já contam com a tecnologia digital de projeção. O número de salas de exibição no país continuou crescendo, fechando o ano com 3.160 salas em funcionamento, próximo ao recorde observado na década de 70, quando o país chegou a ter 3.276 salas.

Outro dado que consta do informe da Ancine é a queda no número de habitantes por sala de cinema no Brasil, que caiu de 88,6 mil em 2010 para 65 mil em 2016. Essa redução decorre do ritmo de crescimento do número de salas nos últimos seis anos, sempre superior ao aumento populacional e é mais intensa nas regiões Norte e no Nordeste.

O jornalista e atual diretor da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Sérgio Sá Leitão, aceitou o convite do presidente Michel Temer e será o novo ministro da Cultura, informou a Presidência nesta quinta-feira (20).

"Com ampla e reconhecida experiência na área cultural, o Senhor Sergio Sá Leitão tem uma trajetória profissional que inclui, além de ser diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine), ter ocupado a posição de Chefe de Gabinete do Ministério da Cultura durante a gestão do ex-ministro Gilberto Gil e ter sido Secretário Municipal de Cultura do Rio de Janeiro", informou em nota o governo.

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Leitão tem 49 anos e sua posse ainda não tem data marcada. Ele assumirá um Ministério que teve vida conturbada durante o governo Temer. Assim que assumiu o cargo de presidente, o peemedebista tirou o status de Ministério da pasta e depois recuou.

Além disso, após uma série de pedidos rejeitados, o cargo de ministro foi aceito pelo diplomata Marcelo Calero, que renunciou ao posto após denunciar que o então ministro Geddel Viera Lima fazia pressão sobre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para liberar a construção de um prédio em Salvador.

Lima foi preso no início de julho pela Polícia Federal por tentar obstruir uma investigação da Lava Jato e atualmente está em regime domiciliar na Bahia. 

O edital do programa Cinema da Cidade da Agência Nacional do Cinema (Ancine) prevê o aporte de R$ 8,3 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) para a construção de salas de cinema pelos estados, que devem repassar uma contrapartida de pelo menos R$ 2 milhões pelos estados. O período de inscrição vai até 7 de julho.

“É fundamental para o desenvolvimento do audiovisual brasileiro a ampliação das parcerias e dos investimentos de governos locais. Ampliar o parque exibidor significa mais brasileiros tendo acesso a entretenimento, à cultura, e maior circulação da produção nacional. Convidamos os estados brasileiros para essa ação conjunta”, diz a diretora-presidente em exercício da Ancine, Debora Ivanov. 

Apesar do crescimento expressivo do parque exibidor e da gradual interiorização, quase 60 milhões de brasileiros ainda vivem em municípios com mais de 20 mil habitantes sem nenhuma sala de cinema. Metade deles em cidades com mais de 50 mil habitantes, estrutura demográfica que seria favorável à sustentação de ao menos um complexo.

Sala e bombonière

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O foco dos investimentos serão os 1.402 municípios com mais de 20 mil habitantes sem salas de cinema em operação, nem projeto anunciado para implantação. Também poderão ser apresentadas propostas para digitalização de cinemas públicos em operação ou reforma de cinema sob risco de fechamento, quando for o único complexo localizado naquelas cidades.

Como padrão, os complexos terão duas salas de cinema, além de espaços administrativos e bombonière. Conforme o espaço disponível e a necessidade de cada município, poderão ser acrescentados sala multiuso e boxes comerciais. Para além das atividades de oferta de exibição de filmes, as salas poderão ser utilizadas para prestação de serviços que envolvam o audiovisual, tais como ensino à distância, videoconferência, e outras atividades que promovam o desenvolvimento da cultura.

Os recursos previstos para o ano de 2017 serão destinados à implantação de cinemas em pelo menos três municípios de cada estado proponente. Poderão manifestar interesse em parceria com o FSA os órgãos da administração pública direta estadual, assim como as fundações, autarquias e empresas públicas a ela vinculadas.

Programa Cinema Perto de Você:

O Programa Cinema Perto de Você, instituído pela Lei 12.599/2012, foi criado com o objetivo de ampliar o mercado interno de cinema e acelerar a implantação de salas em todo o Brasil. Ele é gerenciado pela Ancine em parceria com o BNDES, agente financeiro das linhas de crédito e financiamento.

O objetivo é fortalecer as empresas do setor, apoiando a expansão do parque exibidor e sua atualização tecnológica, e, assim, facilitar o acesso da população às obras audiovisuais por meio da abertura de salas em cidades de porte médio e bairros populares das grandes cidades.

Estão abertas até o dia 23 deste mês as inscrições para a 22ª edição do programa Encontros com o Cinema Brasileiro, iniciativa da Agência Nacional do Cinema (Ancine) em parceria com o Ministério das Relações Exteriores para aumentar a visibilidade do cinema brasileiro no mercado internacional.

Este ano, o programa vai possibilitar que novas produções cinematográficas nacionais sejam vistas pelos curadores dos festivais de Veneza, na Itália; de San Sebastián, na Espanha; e de Locarno, na Suíça.

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O programa aceita inscrições de filmes brasileiros de longa-metragem já finalizados e ainda inéditos fora do território nacional, ou obras em fase de finalização que já possuam corte provisório de som e imagem. Os interessados devem preencher o formulário de inscrição online no portal da Ancine (www.ancine.gov.br) e disponibilizar um link onde esteja disponível para visualização um teaser/trailer com duração entre 2 e 5 minutos, legendado em inglês.

As informações das inscrições e os respectivos links serão repassados aos responsáveis pelos comitês dos festivais que selecionarão de dez a 12 filmes. As curadoras Andrea Stavenhagen, delegada para América Latina do Festival de San Sebastian, e Violeta Bava, delegada para América Latina do Festival de Veneza, virão ao Rio de Janeiro entre os dias 6 e 9 de junho para assistir aos longas-metragens em sessões exclusivas. O Festival de Veneza ocorre de 30 de agosto a 9 de setembro e o de San Sebastián, de 22 a 30 de setembro.

Nesta edição, excepcionalmente, a equipe do Festival de Locarno verá os filmes à distância. As produções selecionadas pela curadoria ganham isenção na taxa de inscrição no festival suíço, que será realizado de 2 a 12 de agosto.

De acordo com a Ancine, o planejamento do programa Encontros com o Cinema Brasileiro leva em conta o calendário de realização dos festivais para aumentar as chances de participação dos filmes brasileiros. Em edições anteriores, já vieram ao Brasil curadores de festivais internacionais de cinema como os de Cannes, Sundance, Toronto, Roterdã, Berlim, BAFICI (Buenos Aires), Havana e Roma.

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A Agência Nacional do Cinema (Ancine) reconheceu a baixa participação de mulheres no audiovisual e estuda ações para equilibrar a concessão de financiamento público. Segundo levantamento inédito da própria Ancine, das 2.583 obras audiovisuais registradas ano passado na agência apenas 17% foram dirigidas e 21% roteirizadas por mulheres, embora mais da metade da população brasileira seja feminina. 

A pesquisa foi feita apenas em obras comerciais do chamado conteúdo de espaço qualificado, que exclui produções jornalísticas, esportivas e publicidade, por exemplo. Assim como no cinema ou na TV, predomina o olhar masculino, afirmou a agência.

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"[Os dados] nos levam a entender que a construção das narrativas, que vêm dos roteiristas e dos diretores, por mais que os produtores participem, é dos homens. O olhar que vai construir o imaginário de nossa sociedade e novas gerações, é masculino”, acrescentou a diretora da Ancine, Debora Ivanov, durante a apresentação do estudo, no Seminário Internacional Mulheres no Audiovisual.

Índices

O evento foi realizado na quinta-feira (30), no Rio de Janeiro, e contou com a apresentação de experiências do Canadá e da Suécia para promover a paridade.

De acordo com o levantamento, as mulheres têm uma presença maior entre os produtores (41%) e diretores de arte (58%). Entre os diretores de fotografia, chegam apenas a 8%.

Em vez de mostrar uma evolução natural da presença feminina no audiovisual, a Ancine surpreendeu ao revelar queda. Em 2015, mulheres dirigiram e roteirizaram 19% e 23% das obras de espaço qualificado, números que diminuíram para 17% e 21% em 2016. Nos últimos oito anos, conforme o balanço, os índices flutuaram. Mulheres dirigiram 10% dos filmes em 2014, sem nunca ultrapassar 24% de todas as produções, recorde observado em 2012.

Paridade

A agência também constatou que, quanto mais cara a produção, menor o número de mulheres. “Observamos mais mulheres quando é um curta ou média-metragem, porque são mais baratos. Nossa presença é maior no documentário que na ficção, o que corrobora a visão de que em obras de custo menor temos mais oportunidades”, lembrou Debora.

Para mudar o cenário, a diretora informou que a agência adotou a paridade de gênero nas comissões de avaliação dos filmes que concorrem ao Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), com a presença de pelo menos uma pessoa negra. Outro passo para facilitar o acompanhamento é a obrigatoriedade de autores autodeclararem o gênero ao registrarem as obras. O monitoramento da identidade étnico-racial não foi confirmado dessa vez.

Mulheres negras

O levantamento da Ancine não soou como novidade no setor. Pelo menos desde 2014 pesquisas revelam a ausência de mulheres e de negros no cinema nacional. 

Dados atualizados do Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (Gemaa), vinculado ao Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj),  que acompanha o tema, mostram que mulheres negras não dirigiram ou roteirizaram um filme sequer entre os de maior bilheteria no período de 1995 a 2016. O percentual de homens negros nas duas categorias não passou de 2% na direção e 3% no roteiro, enquanto homens brancos dirigiram 85% e roteirizaram 75% das principais produções nacionais.

Realizadoras negras reforçaram no seminário a necessidade de se criar medidas específicas para garantir pluralidade de falas e olhares.

“A gente tem urgência de transformação e as políticas públicas não caminham nessa velocidade. Estamos incomodadas. A gente não pode ser 24% da população (mulheres negras) e não estar representada”, disse a diretora do Fórum Itinerante do Cinema Negro e doutora em História, Janaína Oliveira. 

“Existem dados [sobre mulheres negras no audiovisual], precisamos desses dados. Precisamos avançar. Se formos esperar  o formulário da Ancine incluir raça, terão se passado 15 anos”, criticou.

Coletivo

Segundo Janaína, apesar disso, mulheres negras estão produzindo, especialmente curtas e webséries. Ela destacou a participação da realizadora negra Yasmin Thayná no festival de cinema de Rotterdam, um dos mais importantes do mundo, ao lado do ganhador do Oscar, Jerry Benkins, e que quase não repercutiu no Brasil.

O Coletivo Vermelha, criado em 2014, após divulgações das primeiras pesquisas sobre ausência de mulheres no audiovisual, avaliou que as disparidades são reflexo da sociedade e propuseram uma lista de ações para enfrentá-las

“Por que a classe cinematográfica aceita a regionalização e tem tanta resistência à paridade de gênero?”, questionou Caru Alves de Souza. “As narrativas e imagens ajudam a construir identidades, formar valores e comportamentos. Existe uma responsabilidade de quem cria, financia, repercute e de quem escolhe“, completou Manoela Ziggiatit. Elas leram um manifesto durante o seminário.

Outra realizadora de cinema e TV, Renata Martins, aproveitou o evento, ao lado da diretora de Bicho de Sete Cabeças, Laís Bodanzky, para apelar aos colegas do setor e cobrar diversidade nos sets. “Chamo as mulheres brancas, especialmente. Dos homens brancos, não espero muito. Esse convite é para a gente pensar nossa equipe, nossa sala de criação, com quem estamos fazendo nossas trocas [profissionais].” Renata é pós-graduada em linguagens e artes pela Universidade de São Paulo e idealizadora da websérie de sucesso Empoderadas.                                                           

Elenco

Apresentada pela cientista política Marcia Rangel Candido, a pesquisa do Gemaa,  com os filmes de maior bilheteria e que dominam o mercado, também avaliou a participação de mulheres nos elencos. O resultado é que a cada 37 homens brancos, uma mulher negra aparece, mas não em posição de prestígio.  “A representação de mulheres negras quando estão protaganizando,  é estereotipada, hiperssexualizada”, afirmou a cientista.

A Ancine respondeu que está atenta “à interseccionalidade” e vem fazendo avanços. “Conseguimos incluir no planejamento para os próximos 4 anos o compromisso de se dedicar a questões de gênero e raça em todas ações de fomento”, disse Debora Ivanov.

O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, também pretende lançar, em abril,  a 2ª edição do edital Carmem Santos, que dará bônus a propostas de curtas-metragens apresentadas por mulheres. Devem ser distribuídos R$ 60 mil para 15 projetos.

Brasil e Irlanda do Norte firmaram, nesta quinta-feira (30), acordo de cooperação cinematográfica por meio do Decreto nº 9014. Os termos do acordo foram negociados entre a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e o British Film Institute, responsável pela condução da política audiovisual britânica.

O diretor-presidente da Ancine, Manoel Rangel, destacou as oportunidades oferecidas com a entrada em vigor do novo acordo: "O Reino Unido tem uma das maiores e mais desenvolvidas indústrias audiovisuais do mundo e esperamos que este acordo proporcione um novo patamar de aproximação com a indústria brasileira."

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O documento inclui também no escopo as produções voltadas para televisão e tem potencial para aumentar o volume de negócios entre empresas brasileiras e britânicas do setor audiovisual, já que o reconhecimento do status oficial de coprodução permite o acesso às ferramentas de fomento de todos os países envolvidos.

Regras

Para que uma obra seja considerada coprodução oficial entre Brasil e Reino Unido, é necessário ao menos um coprodutor britânico e um brasileiro no projeto, e também que cada país envolvido aporte, no mínimo, 20% da verba de produção e, no máximo, 80%. Caso outros países estejam envolvidos, o aporte do coprodutor majoritário deve representar, no máximo, 70% dos custos de produção.

Os termos do acordo estabelecem ainda que os direitos, receitas e prêmios advindos da coprodução devem ser compartilhados pelos coprodutores de forma proporcional aos aportes financeiros. As obras que obtiverem reconhecimento definitivo de coprodução passam a receber tratamento idêntico para a concessão de qualquer dos benefícios disponíveis às produções nacionais.

A Agência Nacional do Cinema (Ancine) lançou no último dia 28 de março, o Programa de Apoio à Distribuição de Conteúdo Acessível no Segmento de Exibição Cinematográfica 2017. A iniciativa visa garantir que os lançamentos de pequeno porte contem com recursos de acessibilidade para deficientes visuais e auditivos.

A acessibilidade para deficientes visuais e auditivos nas salas de cinema está prevista na Lei 13.146/2015, que criou o Estatuto da Pessoa com Deficiência. A lei fixou um prazo máximo de quatro anos, a partir de 1º de janeiro de 2016, para que as salas de cinema brasileiras ofereçam, em todas as sessões, recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência.

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Após um período de consulta pública, a Ancine editou uma instrução normativa que dispõe sobre os critérios básicos de acessibilidade visual e auditiva a serem observados pelos distribuidores e exibidores cinematográficos. As salas de cinema deverão dispor dos recursos de legendagem, legendagem descritiva, audiodescrição e Língua Brasileira de Sinais (Libras). Os recursos deverão ser providos na modalidade que permita o acesso individual ao conteúdo especial, sem interferir na fruição dos demais espectadores.

“O programa de apoio à distribuição de conteúdo acessível foi pensado para que todos os filmes, mesmo aqueles lançados em poucos cinemas, cheguem aos brasileiros que necessitam de tecnologia assistiva”, explicou o diretor-presidente da Ancine, Manoel Rangel. Segundo ele, a obrigação de acessibilidade “é uma questão civilizatória”.

O programa lançado nesta terça-feira vai contemplar com até R$ 15 mil as empresas distribuidoras de filmes nacionais ou estrangeiros com ocupação máxima de até 20 salas de cinema. Os apoios serão destinados às obras, nacionais ou estrangeiras, a serem exibidas comercialmente até 30 de junho de 2018.

Os recursos terão que ser utilizados exclusivamente para a execução de serviços de legendagem, legendagem descritiva, Libras e audiodescrição. Os pedidos deverão ser feitos em nome das distribuidoras, ou da empresa produtora que esteja distribuindo diretamente a obra, com a exigência de que estejam com o cadastro regularizado na Ancine.

O presidente Michel Temer encaminhou ao Senado Federal, para apreciação, o nome de Sérgio Henrique Sá Leitão Filho para exercer o cargo de diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine), na vaga decorrente do término do mandato de Rosana dos Santos Alcântara, e o nome de Fernando Mendes Garcia Neto para ser reconduzido ao cargo de diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As mensagens com as duas indicações estão publicadas na edição desta quarta-feira (15) do Diário Oficial da União (DOU).

Depois de anunciar que considera cobrar um novo tipo de imposto sobre jogos eletrônicos no Brasil, o governo resolveu se pronunciar, garantindo que a medida visa baixar os valores cobrados pelo setor. Em nota, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) afirma que considera a carga tributária atual excessiva. Desta forma, o estudo recomenda a redução destas taxas.

"Quanto à tributação, o estudo faz uma análise da carga tributária sobre jogos e consoles. A conclusão é de que a carga tributária hoje é excessiva e pode inibir o desenvolvimento do setor. Desta forma, o estudo recomenda a redução da carga tributária atual", informa a Ancine, em comunicado oficial compartilhado em sua página oficial no Facebook.

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A sugestão para o problema, segundo a entidade, é substituir parte dos impostos cobrados atualmente, por uma contribuição específica a ser destinada ao Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), com a finalidade de financiar a produção de jogos eletrônicos nacionais, de modo a não aumentar a carga tributária atual.

A Ancine colocou em consulta pública até esta segunda-feira (6) uma análise de impacto regulatório sobre o setor de jogos eletrônicos no país. O objetivo é reunir sugestões e percepções dos diversos agentes econômicos sobre o cenário, e testar hipóteses de ação para o poder público.

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Na próxima segunda-feira (6) termina a consulta pública da Agência Nacional do Cinema (Ancine) para determinar a cobrança da Contribuição para Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica (Condecine), taxa que já é aplicada para serviços de streaming de filmes e música, sobre os jogos de videogames.

Segundo a Ancine, os jogos são um produto audiovisual, como filmes. Portanto, para o governo, o setor também estaria sujeito a cobrança. Ainda não há estimativa da porcentagem ou valor que seria cobrado. Como consequência, os preços dos produtos devem subir no Brasil.

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Já havia sido divulgado nesta semana que o governo pretende arrecadar com o mesmo imposto R$ 300 milhões só da Netflix até 2022. Emissoras e operadoras de TV já pagam o Condecine por todos os filmes, estrangeiros ou brasileiros, que exibem em território nacional.

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